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estado corporativo:

Consubstancia-se numa forma de transição entre o Estado Medieval e o Estado Moderno.


As organizações humanas, i.e., os estamentos (povo, clero e nobreza) e o rei têm uma relação
de interdependência, na qual este e os demais devem ter em conta os seus interesses
recíprocos. Essas relações proporcionam-se e desenvolvem-se através da Corte.
À medida que o poder real vai ganhando força, são, de forma progressiva, diminuídas as
garantias individuais.
Estado Moderno
Corresponde ao tipo estadual da Idade Moderna e da Idade Contemporânea.
Num primeiro momento, o que marca este tipo estadual assenta na concentração dos poderes
no Estado e os poderes deste no monarca, o que se consubstancia na expressão imediata do
absolutismo na definição precisa dos limites do território e no controle do território pelos
orgãos estaduais, na afirmação do Estado-Nação e no surgimento do conceito de soberania
como poder supremo na ordem interna e poder independente na ordem internacional (veja-
se, a título de exemplo, a célebre expressão de Luís XIV: L’Etat C’est Moi – O Estado é meu).
O aperfeiçoamento das garantias do indivíduo face aos poderes públicos surge mais tarde,
aquando das revoluções americana e francesa e da consequente afirmação do
constitucionalismo
Estado Absoluto
Aqui observamos a diminuição substancial da força dos estamentos com isso emergindo uma
nova classe social, a burguesia, e a centralização total dos poderes públicos no monarca.
Expressão mediática e histórica deste tipo de Estado (repetimo-la) é a de Luís XIV: L’Etat C’Est
Moi – O Estado é meu.
No absolutismo, a lei é um produto da vontade do rei (apenas limitado pelo direito divino), i.e.,
o rei ordena e compila o direito.
Podemos delimitar o absolutismo em dois períodos: num primeiro, aquele em que o monarca
se afirma por direito divino,e num segundo, o do despotismo esclarecido/iluminado, no qual o
rei deve ter a autoridade suprema a fim de prosseguir o interesse público.
O limite das fronteiras ganham maior visibilidade, como expressão da autoridade do rei.
Estado Liberal/Constitucional
É o tipo de Estado contemporâneo das revoluções liberais americana e francesa, de finais do
século XVIII.Uma das principais novidades do constitucionalismo, foi a limitação do poder
político e a separação de poderes. Com isto, veio o reconhecimento de direitos naturais
inerentes à condição de pessoa humana, como hodiernamente os conhecemos (v.g. catálogo
de direitos fundamentais da nossa Constituição e sua conformação ordinária) e da igualdade,
não só formal, como material de todos os homens (v.g. art. 13º CRP). No séc. XX, com
constatação da insuficiência do Estado Liberal, a fim de colmatar as necessidades da
coletividade, tem lugar um novo modelo de Estado de Direito (O Estado de Direito, figura
representativa da subordinação do Estado ao Direito, é uma pedra ângular do Estado
Constitucional), o Estado Social de Direito, que se traduz numa rigorosa afirmação dos
recentes direitos económicos, sociais e culturais (v.g. garantias no trabalho, segurança social,
etc.). O Estado Social teve (e tem) um papel decisivo, no que tange à correção, ou no mínimo
mitigação, das desigualdades de partida. Outras das características elementares do Estado
Constitucional arvoram-se na afirmação do Estado-Naçao, na ideia de soberania nacional e
popular, no reforço das garantias individuais, na emergência dos partidos políticos e da
democracia representativa e na afirmação da ideia de liberdade (claro está, sempre articulada
com a tutela dos interesses sociais).
Círculo da Cidadania Portuguesa – Apenas um conjunto estrito de direitos está reservado aos
cidadãos portugueses (certos direitos políticos e o exercício de certas funções públicas; reserva
de acesso aos cargos de Presidente da República, Presidente da Assembleia da República,
Primeiro-Ministro, Presidentes dos tribunais supremos e do serviço nas Forças Armadas e na
carreira diplomática) (art. 15º/2/3 CRP);
Círculo da Cidadania Europeia – Formado pelo conjunto de direitos transversais aos cidadãos
portugueses e aos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal e que sejam nacionais de um
Estado-Membro da União Europeia (o direito de esses cidadãos elegerem e serem eleitos
Deputados ao Parlamento Europeu e nas eleições locais) (art. 15º/5/6 CRP); A chamada
"cidadania europeia" implica não somente a liberdade de circulação e de residência em
qualquer parte do território da União, mas também o direito de voto e de candidatura eleitoral
dos nacionais depaíses da UE residentes noutros Estados-membros, tanto nas eleições locais.
Os partidos políticos são organizações duradouras de pessoaspoliticamente motivadas, na
base de interesses, convicções e objetivos comuns, com o escopo de participar nos processos
eleitorais e outros processos políticos e de intervir nos órgãos de poder politico. Um partido
político exige a conjunção de quatro requisitos:- Uma organização duradoura;- Uma
organização complexa; -A vontade deliberada dos dirigentes da organização de tomar e
exercer o poder; -A preocupação de conquistar um apoio popular, especialmente, mas não só,
por via eleitoral. A criação formal e o início das actividades dos partidos políticos dependem de
inscrição no Tribunal Constitucional, a qual deve ser requerida por um mínimo de 7500
cidadãos eleitores. O requerimento é feito por escrito, acompanhado do projecto de estatutos,
da declaração de princípios ou programa político e da denominação, da sigla e do símbolo do
partido.
Sufrágio Universal – Todos os cidadãos maiores e capazes devem ter acesso ao voto (art.1o)
Sufrágio restrito: denominação dada às restrições ao direito de votar, em oposição ao
denominado sufrágio universal, o sufrágio é restrito quando a prerrogativa de um cidadão
participar da administração pública sofre certos tipos de restrição.
Sufrágio censitário: o requisito é a riqueza, exigindo certos tributos que devem ser pagos ao
Estado; Sufrágio capacitário: exige determinado nível de instrução, selecionando os mais
"capacitados" intelectualmente partindo do pressuposto de que os "incapacitados" causariam
a ingerência política, por não terem discernimento e capacitação reflexiva necessária; Sufrágio
racial: importa a origem da pessoa, é principalmente voltada ao veto para os negros e outros
não-brancos. Sufrágio partidário: somente filiados a determinado partido político determinam
assuntos referentes ao partido. Sufrágio masculino: apenas os indivíduos de sexo masculino
podem votar.
Orgãos de Soberania – Aqueles que são criados imediatamente pela Constituição, possuem
poder de auto-organização e não podem ser modificados ou extintos por lei ordinária (v.g. PR;
AR; Governo); Orgãos Simples e Orgãos Complexos – Os primeiros decidem e deliberam por si
só. Os segundos desdobram-se ou multiplicam-se, para certos efeitos, em dois ou mais
orgãos; Orgãos Singulares e Orgãos Colegiais – Os primeiros têm um só titular. Os segundos
têm uma pluralidade de titulares. Dentro destes, podemos destacar os orgãos deliberativos, ou
de tipo assembleia, que são aqueles que emitem decisões ou deliberações, mediante um
processo de votação.
Diarquia institucional do poder executivo, o poder executivo é formado pelo Chefe de Estado
e pelo Governo, conquanto que o Chefe de Estado se reduza a uma função simbólica,
exercendo funções honoríficas de representação nacional e alguns (poucos) poderes arbitrais.
Exemplos de formas modernas são os governos de São Marino, Andorra e da Irlanda do Norte.

Sistema de Governo Parlamentar: É caracterizado, em primeiro lugar, por uma separação


flexível de poderes, i.e., pela colaboração dos poderes públicos entre si e pela limitação
recíproca dos orgãos do poder político. Neste sistema, o Governo depende do parlamento,
porquanto dele emana, através de uma nomeação, de uma investidura, com base nos partidos
políticos representados no parlamento. O Governo é exclusivamente responsável perante o
parlamento, não podendo exercer funções sem a confiança deste. O povo elege o parlamento;
este, por seu turno, através de um voto de confiança, nomeia o Governo, investindo-o do
poder executivo; este é politicamente responsável perante o parlamento, podendo, maxime,
ser dissolvido por este. o Governo tem de prestar contas da sua atuação perante uma
assembleia. A responsabilidade política tem que ver, pois, com as relações de confiança ou
desconfiança do Governo perante o parlamento, e nesse sentido, com a continuação ou não
do Governo em exercício de funções (v.g. através da aprovação de uma moção de censura).
Num contexto de separação flexível de poderes, a coexistência da função política entre três
orgãos (nomeadamente os dois últimos): Chefe de Estado, Parlamento e Governo;
Responsabilidade do Governo perante o parlamento, carecendo da confiança deste para o
exercício das suas funções.

O sistema de governo presidencial, Caracteriza-se, em primeiro lugar, pela separação rígida de


poderes, i.e., pela ausência de relações inter-institucionais entre os orgãos do poder político.
Os poderes legislativo, executivo e judicial são rigorosamente independentes. O poder
executivo é atribuído a um Presidente, o poder legislativo é orgânicamente atribuído a um
Congresso, o Congresso dos Estados Unidos, formado por um Senado e por uma Câmara dos
Representantes. Cada um dos orgãos atua, portanto, de forma livre e sem a intervenção de
outros orgãos. O Presidente é, concomitantemente, Chefe de Estado e Chefe do Governo,
sendo auxiliado na função executiva pelos Secretários de Estado e pelo Vice-Presidente.
Constitutem traços fundamentais do sistema de governo presidencial: -Irresponsabilidade
política do Presidente, porquanto, sendo eleito pelo povo, não tem de ganhar ou perder a
confiança do Congresso; O Presidente governa sempre, independentemente das maiorias
conjunturais do Congresso; Inamovibilidade dos juízes; Possibilidade de o Presidente se opor
às leis do Congresso, através do direito de veto (suspensivo e de bolso); Aprovação do
orçamento pelo poder legislativo; Aprovação, pelo Senado, das nomeações do Presidente.

O Presidente é eleito por um colégio de eleitores em número igual ao de Senadores e


representantes, o que lhe confere uma legitimidade democrática quase direta. Com este
sistema, há a possibilidade de um Presidente ser eleito com mais mandatos eleitorais, mas
sem a maioria de votos populares. O processo de impeachement é um mecanismo de
responsabilidade, não política, mas sim jurídica, suscitado contra o Presidente, por qualquer
infração penal de natureza grave que este tenha cometido no exercício das suas funções
institucionais. É necessária a acusação pela Câmara dos Representantes (ante o Senado) e uma
maioria de dois terços dos Senadores presentes para que a condenação possa ser por este
pronunciada.
As Funções do Estado na Constituição da República Portuguesa
A função constituinte de revisão à Constituição está reservada exclusivamente à Assembleia da
República (arts. 284 e ss. CRP). A função política está repartida por vários orgãos do Estado,
que se propõem praticar atos de natureza política, a fim de definir as opções essenciais da
coletividade (arts. 133º e ss.; 163 als d e e; 200º CRP). A função legislativa está
constitucionalmente atribuída à Assembleia da República, Assembleias Legislativas Regionais e
ao Governo (através de uma lei de autorização), sendo que os atos legislativos que emanam
desses orgãos se designam, respetivamente, por lei, decreto legislativo regional e decreto-lei.
A função administrativa está atribuída ao Governo (art.s 182º e 199º CRP), sendo este o orgão
superior da administração pública, e aos orgãos das Regiões Autónomas, do poder local (v.g.
autarquias) e às pessoas coletivas da Administração Pública. A função jurisdicional está
confiada aos tribunais, orgãos que “administram a justiça em nome do povo”, i.e., dirimem
conflitos de interesses, aplicando e interpretando o direito ao caso concreto.

O quarto modelo corresponde ao regime diretorial. O governo é teoricamente um


coletivo sem chefe, os membros do governo são eleitos pela assembleia de entre os
seus membros, não podendo ser demitidos. A estrutura do governo torna-se mais
complexa com o aumento do número de ministros. No século XIX os governos eram
constituídos por meia dúzia de ministros, hoje têm varias dezenas de membros. Os
problemas que surgem são os que resultam da delimitação das áreas de
competência entre o chefe de governo.

Cidadania ou Nacionalidade
Simbioticamente ligado ao conceito (jurídico-constitucional) de povo está o de cidadania, no
qual o indivíduo é encarado na qualidade de cidadão. A cidadania consubstancia-se no vínculo
jurídico-político que traduz a pertença de um indivíduo a um Estado e o investe num conjunto
de direitos e obrigações. Por conseguinte, Nacionalidade, como o próprio nome indica, traduz
a situação de pertença do indivíduo à Nação (e não necessariamente ao Estado). A cidadania é
hoje elevada a qualidade de direito fundamental; assim o postula o artigo 26º da CRP (“a todos
são reconhecidos os direitos ... à cidadania...), não podendo ninguém ser dela privado por
motivos políticos (nº 4), só podendo essa privação efetuar- se nos termos previstos na lei (a lei
fundamental relega para o legislador ordinário o regime de perda da cidadania).
Encontramos, outrossim, em diplomas internacionais, que entram diretamente no nosso
ordenamento jurídico, alguns preceitos concernentes à cidadania. Veja-se o artigo 15º/1/2 da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, que estatui que todo o indivíduo tem direito a
uma nacionalidade e que ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem
do direito de mudar de nacionalidade. Atente-se que o povo português é constituído pelo
conjunto de cidadãos portugueses, encontrem-se ou não em território nacional.
O estabelecimento do regime de aquisição de cidadania é uma tarefa exclusiva dos Estados
(não obstante o caráter não despiciendo que isso tem para o direito internacional,
essencialmente no âmbito do exercício de direitos nessa esfera). A apatrídia (situação de
desintegração de um indivíduo em qualquer Estado) deve ser a todo o custo evitada. A
cidadania pode ser originária ou derivada. É originária quando é atribuída ao indivíduo pelo
nascimento. É derivada, se a sua aquisição se fizer em momento ulterior (v.g. naturalização).
Dentro da aquisição originária, há dois critérios que determinam a sua atribuição: o critério do
ius sanguinis, que atende à nacionalidade dos progenitores (tem que ver com os laços de
sangue estabelecidos entre o concebido e seus progenitores, cidadãos de determinado
Estado), e o critério do ius soli, que concerne ao local do nascimento (é o local de nascimento
que determina a nacionalidade). A título de exemplo, se um indivíduo nascer em França, mas
se os seus pais forem portugueses, o indivíduo pode vir a ter nacionalidade portuguesa ou
francesa, consoante o critério de atribuição da cidadania seja o do ius sanguinis ou o do ius
soli. A aquisição derivada ocorre, na maior parte das vezes, por uma manifestação de vontade
do indivíduo, contanto que certos requisitos estejam preenchidos casamento de um
estrangeiro com um nacional pode permitir ao estrangeiro adquirir a nacionalidade do seu
cônjuge). Na mesma medida em que é adquirida, a cidadania portuguesa pode perder-se. Essa
perda pode realizar-se através da renúncia (expressa manifestação da vontade do indivíduo
nesse sentido) e pela privação (ato, através do qual o Estado retira a cidadania a um nacional
seu v.g. por este ter cometido atos gravemente lesivos de valores fundamentais da sociedade).

Em que medida o que é legal pode ser ilegítimo e o que é legitimo pode ser ilegal? A
legalidade revela apenas se é compatível, ou não, com a lei. Aquilo que viola a lei
denominamos como ilegal. A legitimidade serve para avaliar se uma determinada ação está de
acordo com as normas e vontades da sociedade. Uma ação pode ser legal mas ir contra as
normas ou vontades de determinada sociedade, da mesma forma que para uma sociedade
determinada acao pode valer, mesmo indo contra a lei.

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