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Direito Constitucional

Conceito de constituição (Lei Fundamental de um Estado):

O triunfo do constitucionalismo vem das revoluções liberais francesas e


americanas. Esta tenta resolver os seguintes problemas:

1. Limitação do território e da população:


● Estado soberano que não depende de outros para existir;
● Princípio da nacionalidade (artº4 CRP) identifica quem faz parte-
soberania reside na Nação;
2. Limitação do poder:
● Quem tem legitimidade de exercer o poder político;
3. Reconhecimento de uma identidade própria:
● Princípios e valores que cimentam uma comunidade política
organizada;

Nota: Existência de um Estado não depende da Constituição. O que dela depende,


é tão somente a forma que, por força de decisão do poder constituinte, o Estado
adquire.

Constituição

Material: deriva das tradições, Formal: documento escrito com autor e data.
essencialmente descritiva: delimita o poder, Surge no séc. XVIII, na sequência das revoluções
território e o povo sem existir um liberais, coloca num texto escrito as respostas as
manuscrito. problemáticas internas. Só há em comunidades
politicamente organizadas.

Sentido Amplo;
Sentido restrito

Constituição:

o Normativa: enunciados que influenciam o exercício do poder político, temos


mecanismos que garantem a ordem;
o Semântica: texto que não tem forma de se impor na prática a quem exerce
o poder;

Constitucionalismo: movimento social, político e jurídico e ideológico que leva a que


surge uma Constituição para todas as comunidades politicamente organizadas.
Assim, o constitucionalismo limita a prática do governo de modo a respeitar a
autonomia e liberdade dos indivíduos.

Estado
O Estado é, portanto, anterior à Constituição, é um pressuposto da Constituição.
Os elementos constitutivos do Estado são 3:

Poder Político Artº 3- Soberania e legalidade: soberania, una e indivisível,


reside no povo, que a exerce segundos as formas previstas na Constituição;
Cidadãos Nacionais (povo) Artº 4- Cidadania portuguesa (lei da
nacionalidade): são cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam
considerados pela lei ou por convenção internacional;
Território Artº 5;
Ordem fundamental tem de responder a 3 questões:

Quem detêm o poder;


Quem pert5ence a comunidade;

O conceito de soberania era indissociável do Estado. Agora o termo utilizado no


Artº 1- República Portuguesa: Portugal é uma República soberana, na dignidade da
pessoa humana e na vontade popular. A palavra tem dupla função:

● “Portugal é uma República soberana” – Estado é autodirigido, é


independente dos outros Estados e de poderes que lhe sejam exteriores
● “A soberania reside no povo” – titular último do poder que exerce no seio do
Estado;

Constitucionalismo-Caso americano:

● Colónias viram-se contra a Metrópole, através de Atos de Independência. Na


conferencia de Filadelfia criam uma Constituição;

Aspetos da constituição:

Federalismo:
1. Poder Constituinte de cada Estado;
2. Vontade política resulta da agregação dos poderes políticos dos Estados
Federados
3. Senado: igual representação dos Estados: 2 senadores por Estado
4. Aditamentos à Constituição têm de ser aprovados por 2/3 dos membros
das 2 Câmaras e ratificados por ¾ dos Estados.

Direitos Fundamentais:
5. Liberdade de culto, de palavra e de imprensa,
6. Direitos de reunião e de petição
7. Direito ao uso e porte de arma
Projeto constitucional
8. Inviolabilidade do domicílio
agrega catálogo de
5,6,7 e 8: Garantias do processo penal
direitos fundamentais e
13. Proíbe a escravatura
forma um poder político
organizado;
15. Garante o direito de voto independente da raça;

Separação de poderes
✔ Poder executivo cabe ao Presidente;
✔ Poder legislativo cabe às 2 Câmaras do Congresso;
✔ Mútua fiscalização entre os poderes executivo e legislativo:
o Presidente pode vetar leis e dirigir mensagens ao Congresso;
o Alguns atos do Presidente dependem de autorização do
Congresso;

Constitucionalismo-Caso francês:

Rutura com o Antigo Regime ,resulta da Revolução de 1789, que propõe


destruir as instituições e formas administrativas antigas;
Constituição: lei escrita ao serviço dos direitos e das liberdades e do
princípio da separação de poderes;
Poder legislativo: exercido pelas assembleias soberanas e é expressão da
vontade geral;
Poder executivo está subordinado à lei.
Direitos fundamentais: Liberdade, propriedade e segurança;
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 1789: 1º documento
constitucional formal, onde a condição de cidadão é inerente a todos e se
estabelecem direitos e deveres face ao poder político.

Constitucionalismo-Português:

Rutura com o absolutismo monárquico. 3 períodos:

1. Constitucionalismo liberal (1820-1926);


● Constituição de 1822: surge na sequência da revolução de 1820;
o Inspiração francesa das Constituições e da Constituição espanhola de
1812 (fonte direta e principal);
Organização:
– Direitos e deveres individuais estavam nos primeiros artigos;
– Monarquia constitucional;
– Separação de poderes com supremacia das Cortes;

● Carta Constitucional de 1826: mais conservadora e outorgada pelo rei;


Organização:
- Monarquia constitucional: rei, tem o poder executivo, “Poder
moderador é a chave de toda a organização política” pode dissolver
as Cortes;
-Direitos e deveres fundamentais no último artigo;
● Constituição 1838: surge na sequência da Revolução Setembrista.
o É feita pelo Rei, mas revista pelas cortes;
o Desenvolve os Direitos Fundamentais
o Regressa á tripartição dos poderes;

● Constituição 1911: após a implementação da República;


o Poder legislativo: Congresso da República
o Poder executivo: Presidente e ministros (existindo ainda um
Presidente do Ministério).
o Grande importância aos direitos fundamentais dos cidadãos
o Laicidade do Estado

1926-1933-período de ditadura com latência constitucional;

2. “Constitucionalismo” autoritário (1926-1974);


o Constituição semântica;
o Apagamento das liberdades de expressão, de imprensa, de
associação, e reunião;
o Domínio da vida política pelo Presidente do Conselho
o Redução do Presidente a uma magistratura representativa

3. Constitucionalismo democrático (1974- presente);


o Constituição 1976 sequencia 25 abril;
o Eleição por sufrágio universal, direto e secreto de uma Assembleia
Constituinte;
o Constituição vasta e complexa;
o Assenta na democracia representativa e na liberdade política;
o Admite um órgãos de soberania composto por militares – o Conselho
da Revolução
o Direitos fundamentais muito desenvolvidos ;

Revisões Constitucionais:

1º 1982: Revisão extensa e profunda


o Redução das marcas ideológicas de referência ao socialismo;
o Extinção do Conselho da Revolução;
o Criação do Tribunal Constitucional;

2º 1989: Promovida pela AR eleita em 1987

o Centrada na organização económica;


o Supressão quase completa das menções ideológicas ao socialismo
o Supressão da regra da irreversibilidade das nacionalizações
posteriores a 1974;
o Introdução do referendo político a nível nacional
3º 1992:

o Tratado de Maastricht
o Revisão extraordinária,
o Revisão cirúrgica da Constituição – Artigo 7º/6
o Possibilidade de cidadãos europeus votarem em Portugal;

4º 1997:
o Desconstitucionalização de vários aspetos da organização política;
o Reforço de mecanismos de participação dos cidadãos;

5º2001:

o Processo extraordinário de revisão


o Outras pequenas alterações (ex: estatuto de igualdade dos
estrangeiros, no artigo 15º/3)

6º2004:

o Integração europeia e a autonomia regional;

7º2005:

o Processo extraordinário de revisão;


o Inclusão do artigo 295º na CRP;

Tradição constitucional portuguesa é marcada por ruturas constitucionais, que


pode ser por um lado de:

● Continuidade: ordem jurídica constitucional que sucede a outra se reconduz


juridicamente e politicamente a que a antecedia;
● Descontinuidade: nova ordem implica uma rutura com aquela que existia;

Ex:

a) Nível formal: atende a forma do texto constitucional: Constituição de 1838


rompeu com o prosseguimento de revisão da carta de 1826;
b) Nível Material: há continuidade ou descontinuidade do que legitima o
poder.

Maria Lúcia Amaral diz que a Constituição deve limitar o exercício do poder
político para que este respeite a autonomia e a liberdade dos indivíduos- Sentido
Material.

Constituições integram 2 elementos estruturantes:

●Parte Subjetiva: assegura a garantia dos direitos das pessoas;


●Parte Orgânica: regula o modo de exercício do poder: separação de poderes;
Segundo Maria Amaral o Constitucionalismo tem 9 postulados:

1. Fundamento do poder: poder político provém da vontade dos membros da


comunidade e não de uma realidade divina
2. Forma da Constituição: A ordem fundamental da comunidade deve constar
Numa Constituição escrita, traduzindo um pacto entre os membros;
3. Legitimidade do exercício do poder: Exercício do poder tem de respeitar
a Constituição;
4. Pertença à comunidade política: Condição de “cidadão” é igual para todos;
5. Valores fundamentais: Os Direitos do Homem têm primado sobre qualquer
outro valor e o poder político deve respeitá-los:
6. Separação entre o poder religioso e o poder político;
7. Separação entre os poderes políticos: Poderes não devem estar
concentrados num único órgão;
8. Supremacia da lei: O mais importante dos poderes é o legislativo, a cargo
do Parlamento que representa a vontade do povo
9. Princípio da maioria: Decisões políticas devem corresponder à vontade da
maioria;

Poder Constituinte:

poder de criar uma Constituição, que fixa normas de carácter vinculativo


que tem validade e se impõem numa comunidade política como lei
fundamental.

Escrever constituição de raiz-


poder constituinte originário; Poder Constituinte Derivado;

Constituinte-cria normas, acrescenta


Revisão Constitucional: poder
constituinte, pois cria normas e enunciados ao poder constituinte
constituído, pois esta limitado por originário
normas pré-existentes;

Artº 288- estabelece limites ao poder constituinte permitindo, assim


salvaguardar direitos básicos defendidos no preâmbulo, ou seja, o núcleo da
Constituição não é alterável.

Constituição deve ser interpretada num quadro de globalização. Esta está rodeada
por um conjunto de normas que têm relevância constitucional apesar de não
estarem formalmente na Constituição, esta inserida numa rede de regulações
constitucionais: Inter-Constitucionalismo e Constitucionalismo multinível.

Ex: Artº 16 faz alusão a Declaração dos Direitos do Homem: apesar de não estar
formalmente na Constituição continua a ter relevância Constitucional.
Lei da Nacionalidade- Artº 3,4, 5 : 2 modos de adquirir:

a) Aquisição originária:
Artº122- só cidadãos portugueses de origem podem se candidatar a
presidente da República- única que os distingue;
b) Aquisição não originaria:
Local onde nascem e descendência define a nacionalidade.
Para Portugal sempre foi mais importante “Iús sol” (onde nascemos), mas
atualmente combina com “Iús sangunis” -ascendência portuguesa.

Elementos interpretativos:

a) Literal: como esta escrito (artº103, mostra que não é suficiente);


b) Sistemático: preceitos da Constituição estão interligados. A uma relação
de interdependência pode ser:
o Total: reconhecemos um círculo hermenêutico de interpretação de
iluminação recíproca- todas as leis da CRP tem a mesma dignidade,
nenhuma se sobrepõem. Estas devem ser interpretada tendo em luz a
própria constituição; Assim, a forma como interpretamos um artigo vai
influenciar a interpretação dos outros.
o Parcial: relação entre preceitos;
c) Histórico: perceber o paradigma que levou a formação das normas;
d) Teológico/finalístico: intenção do legislador constituinte;
o Proteger a intenção é defender bens jurídicos fundamentais.

Valor tido como relevante pela comunidade.

Constituição: Divide-se em 5 partes:

1. Preambulo: nunca foi revista, não tem caracter normativo


2. Direitos e deveres fundamentais;
3. Organização económica;
4. Organização do poder político;
5. Garantia e revisão constitucional;

Constituição é pragmática, estabelece um projeto único que resulta da junção de


diferentes ideologias sendo longa e abrangente. Para que a sua unitextualidade não
fique em causa, o Artº271/1 obriga a que todas as alterações constem na
Constituição.

Ferdinand Lauselle: “Constituição é um mero pedaço de papel”

Constituição: sistema normativo complexo dotado de um conjunto de normas. Tem


um corpo de órgãos que garante a sua coercibilidade .

Proposições de dever-se, ou seja, podem ser


violadas- Carácter normativo.
Constituição é composta por:

Princípios Regras

Grau de Abstração Princípios tem maior Seu alcance esgota-se no


abstração. Ex: seu conteúdo.
Princípio da
Dignidade.
Determinabilidade Precisam de ser
Mais concretas e
densificadas para as
determinadas de uma forma
percebermos direta. De mais fácil
entendimento, ou se cumpre
ou não: prescrevem
imperativamente uma
exigência.
C a r a c t e r Alicerces para a R e g u l a m na sua
Fundamentalista v i d a e m c o m u m generalidade;
tocam em aspetos
mais fundamentais.

N a t u r e z a P o d e d a r r a i z a Limitam-se a si mesmas;
Normogenetica outros princípios.

Princípio da dignidade humana institui um direito fundamental

Princípio do mínimo da existência condigna

Regras: Normas com comandos concretos, diretamente aplicáveis , como estas são
abstratas o seu sentido apreende-se quando aplicado a um caso.

Princípios: comandos dirigidos para os poderes públicos , exigindo a sua adoção


para estes otimizarem a vida humana- Comandos de otimização. Princípios podem
de certa forma se “conciliar”.

Princípio do Estado de Direito:

“Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e


na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e
solidária.”
Podemos tirar os
seguintes princípios:

Princípio da
Num Estado de Direito há primazia do Direito sobre o Estado, proibindo o uso
arbitrário do poder. Este garante as liberdades Fundamentais e a separação de
poderes. Deste modo, quem exerce autoridade está obrigado a exercer o poder
nos estritos limites das normas jurídicas existentes, de modo que os cidadãos
possam antever as consequências jurídicas das suas ações. Para tal os poderes
públicos tem de estar vinculados a uns princípios materiais;

No Estado de Direito há subprincípios concretizadores:

a) Princípio da legalidade da administração;


b) Princípio da segurança jurídica e da proteção dos cidadãos;
c) Princípio da proibição do excesso;
d) Princípio da proteção jurídica e das garantias processuais;

● Estabelece-se a distinção entre:

Elementos formais: diz respeito à organização do poder:

● Separação (e interdependência) de poderes;


● Constitucionalidade das leis;
● Legalidade da administração;
● Independência do poder judicial.

Elementos materiais: valores com os quais o Estado de Direito se compromete;

● Dignidade da pessoa humana;


● Liberdade;
● Justiça;
● Segurança.

Elementos materiais:

1. Princípio da Dignidade Humana:


Estado garante este princípio;
Este princípio leva ao estabelecimento do princípio

Mínimo de existência condigna

Natureza normogénetica dos princípios;

Função do princípio da dignidade humana- multifuncional:

a) Função normogenetica: permite enriquecer o catálogo de DF;


b) Iluminador de outros princípios fundamentais (auxilia na interpretação);
Princípio muitas vezes associado a inviolabilidade da vida humana.
Consagrado no Artº1 da CRP, vista como fundamento e fim do Estado.
Segundo Kant pessoa surge como um fim de si mesma, e não como um
meio para atingir
um fim.
Formula-objeto: objetificação da pessoa humana. Problema:
cada um delimita quando é “objetificado”. Quando isto acontece
sem consenso a dignidade é violada

2. Princípio da segurança jurídica e de proteção de confiança dos


cidadãos:

O Estado de Direito garante a proteção dos direitos, liberdades e garantias dos


cidadãos. Nomeadamente, salvaguarda o princípio da segurança jurídica que se
trata de um pressuposto da liberdade.

Este princípio é apresentado também sob o nome do princípio proteção da


confiança. Todos os poderes públicos têm de agir para com os cidadãos de uma
forma que proteja a sua segurança jurídica e permita que estes confiem no poder
vigente. As pessoas devem poder planear as suas vidas e gozar das suas liberdades
conseguindo antecipar quais serão as consequências dos seus atos.

Este princípio decorre de ouros elementos materiais- era impossível afirmar que a
dignidade humana e autonomia individual constituem princípios da República se não
garantissem antivissibilidade.

Estado de Direito:

Aceção material: índole organizativa e procedimental- ex:


Separação de poderes;
2.1. Índole
Segurança do Poder legislativo:
substancial: vinculam as tarefas do Estado para a
Exige boas práticas normativas:
● Normas jurídicas devem ser claras, precisas e determinadas
(imperativo de otimização);
● Redação das normas deve trazer um sentido imediato a intenção
do legislador (não deve trazer contradições com as anteriores).
Devem ser tão densas quanto possíveis e compreensíveis-
Princípio de clareza razoável- implícito no artº2.
● Publicidade das leis estaduais: artº119
Actos devem ser publicados no Diário da República, aqueles que
não forem publicados são juridicamente ineficazes, pois se a
atuação do Estado não for conhecida não é confiável.
Quando as normas entram em vigor?

● Período de tempo entre a publicação e a entrada em vigor ad norma


denomina-se: Vacatio Legis;
● A norma entra em vigor na data fixada pelo legislador no diploma, de acordo
com o Artº 5º CC, ou seja, ela só reproduz efeitos na data definida.
● Caso nenhuma data seja fixada, recorremos ao disposto na lei especial
74/98-lei formularia: só entra em vigor no 5ºdia após a publicação.

Boas práticas normativas:

● Proibição de pré-Efeitos:

Norma só pode ser aplicada quando entra em vigor;

● Proibição da Retroatividade:

Normas devem produzir efeitos para o futuro- ex nune- contudo o Direito pode
também afetar situações jurídicas que se constituíram no passado- efeito ex tunt-
ação de modificar o que já foi realizado, por isso ela se torna uma exceção. (EX: A
e B casam-se em 2000 podem aplicar leis de 2022 relativamente ao divórcio).

Contudo a retroatividade é proibida nas seguintes matérias:

● Liberdades e garantias (18º/3); Todavia, esta proibição não é absoluta,


● Matéria fiscal(103º/3); mas apenas tendencial, pois quando a
● Matéria penal (29º/1); nova lei beneficia os cidadãos ou serve
bens maiores, é permitido.

Em suma:

Artº29 nº4, permite a retroatividade em casos em que a nova lei se mostre


mais favorável aos cidadãos, pois assim não quebra o princípio da proteção
da confiança.
Retroatividade, não é completamente proibida pois a impressibilidade da
vida pode obrigar o legislador a atribuir efeitos retroativos as decisões de
modo a proteger os interesses públicos e de cada cidadão.

●Proibição da retrospetividade (retroatividade impura)

Quando uma norma produz efeitos para o futuro em situações que constituíram no
passado. Retrospetividade pode ser gravosa para os destinatários. Assim, com o
intuito de os proteger evocamos o princípio da proteção da confiança.

Pode-se apelar a este princípio (para uma norma que sofra de inconstitucionalidade
por retroativa ou retrospetiva), quando:

1. Estado tenha tomado decisões suscetíveis de gerar nos cidadãos


expetativas de continuidade;
2. Cidadãos terem feito planos de vida com base nessa continuidade;
3. Tais expetativas serem legitimas;
4. Não deve haver um interesse público que se sobreponha aos interesses dos
destinatários(individuais)

Acórdão 287/90 TC

Para concretizar o princípio da segurança jurídica deve se verificar:

● Previsibilidade: garante maior proteção;


● Mensurabilidade: proibição do excesso:

Princípio da proporcionalidade:

● Deve haver um equilíbrio entre a decisão estadual e o fim que ela prossegue.
As vantagens obtidas por todos através da medida estadual devem ser
proporcionais as desvantagens que tal medida tenha causado. Atuação dos
poderes públicos devem ser equilibrados, respeitando a justa medida.
Art 18º/2
Art 19º/4 Tribunais num Estado de Direito podem sancionar
Art 266º/2 o Estado , quando este atua de uma forma
Art 272º/2 excessiva, desproporcionalmente.

Como se faz para perceber se este princípio esta a ser respeitado?

Adequação: Meio é apto para a prossecução do fim;


Necessidade ou exigibilidade: existe outro meio menos oneroso;
Proporcionalidade em sentido estrito ou equilíbrio: vantagens da decisão
superam as desvantagens;

2.2. Segurança e Poder judicial

Obrigatoriedade de formação de situação litigiosa: trânsito em julgado de


sentenças- decisão judicial já não é passível de recurso, torna-se definitiva.
Caso julgado- estabilização da decisão na ordem jurídica. Tendencial
intangibilidade do caso julgado.

2.3. Segurança e Poder executivo

Proteção da estabilidade da vida das pessoas. Os poderes públicos abstêm-se


em algumas ações e há uma limitação tendencial da irrevogabilidade dos atos
constitutivos de direitos por parte da Administração Pública.

3. Princípio da Igualdade:
o Comprometido com a justiça e intimamente ligado ao princípio da dignidade
da pessoa humana.
o Consagrado no Art. 13º pressupõem por um lado:
a) Igualdade formal: Lei é igual para todos, todos são iguais perante a
lei. Mas, isto pode gerar injustiças.
b) Igualdade material: devemos tratar por igual os iguais, e de forma
desigual os desiguais, na medida da diferença.

Contudo, são proibidas as diferenciações consideradas ilegítimas, que podem


eventualmente levar a descriminação, no Artº13 nº2 são elencados fatores de
descriminação- as consideradas “categorias suspeitas”, que historicamente no
passado levaram tratamentos discriminatórios.

Elementos formais:

1. Princípio da Separação dos Poderes:


Enunciado no Art.2º e concretizado no 111º e 288º/J. Além da separação
a Constituição consagra também a interdependência de poderes. Isto é, o
controlo do poder não se faz apenas separando poderes, mas também ao
estabelecer controlos mútuos entre os diversos órgãos de soberania.

Este princípio tem 2 dimensões:

Negativa: prevenção da concentração e abuso do poder, através da divisão


orgânica e controlo mútuo do poder;
Positiva: funções do Estado devem atribuir ao órgão mais competente;

Poder deve estar separado para


garantir que não é exercido de
forma arbitrária

Poderes:

a) Legislativo: criar normas exige um órgão plural e aberto. Competência:


o Assembleia da República- Artº161/c e Artº164º;
o Governo- 198º
o Assembleias Legislativas Regionais- 227º/1/a
NOTA:

Normas jurídicas: Normas emanadas por órgãos com competência para o efeito;

Lei: contra o sentido jurídico (sentido material);

Ato Normativo: ato legislativo da Assembleia da República;

b) Poder administrativo: um órgão hierarquizado, coerente e neutro perante


os conflitos:
o Governo 182º
o Autarquias locais 235º (alínea 2 pressupõem o Princípio de Persuasão
de interesses)
o Outras entendidas definidas por lei;

c) Poder judicial: exige órgãos independentes-artº202 nº2 e juízes são


imparciais- artº216
o Tarefa dos Tribunais;

Alem dos poderes se encontrarem separados, ainda se verifica um controlo


recíproco dos poderes estaduais respeitando o Princípio de Adequação funcional.

Ex: relação de recíproco controlo entre o poder legislativo e judicial;

Poder do Presidente da República: artº136º

Pode vetar ou recusar a promulgação doa atos legislativos


quer da Assembleia ou Governo.

✔ De acordo com o Artº279/1 o Tribunal Constitucional pode


fazer uma apreciação de inconstitucionalidade de uma norma (
que ainda não entrou em vigor- Fiscalização abstrata
preventiva Ex: Lei da Eutanásia). Caso seja inconstitucional, o
Presidente da República veta, e a norma volta ao órgão que a
tiver aprovado.

Tribunal constitucional é um legislador Negativo, não cria normas, mas tira estas
do ordenamento ou evita que sejam decretadas normas que pareçam de
inconstitucionalidade.

Artº140: Atos do Presidente necessitam de referenda do Governo;


Artº169: Assembleia da República pode submeter os decretos-lei
do Governo a apreciação:;
Artº195 C/d: Assembleia da República pode demitir o Governo,
através de uma moção de censura ou moção de confiança.

Ex: submissão do executivo ao legislativo

Administração tem de estar de acordo com a lei e esta com a


Constituição- Artº276nº2
Atividade administrativa subordinada a lei.

Prevalência da lei sob o ato administrativo. Apenas pode incorporar


tarefas Legislativas com a autorização da Assembleia da República-
Outros Princípios da Constituição:

⊗ Princípio Republicano: Artº1


● Estrutura estadual que rejeita a atribuição de títulos de forma
hereditária (rejeição da monarquia);
● Para a concretização deste, há no exercício de encargos públicos a
igualdade de oportunidades (ligação com o princípio da Igualdade);
● Princípio republicano nota-se na limitação de mandatos, tal consta no:
princípio da renovação-artº118

Proíbe que se exerça qualquer cargo político a


título vitalício, determinando limites de
renovação sucessiva de mandatos

Ex: Presidente da República-artº128

● Contudo, no artº142 f) estabelece que o Conselho de Estado (órgão


consultivo do Presidente da República) é constituído, entre outros
elementos, por antigos presidentes da república a título vitalício
pondo em causa o princípio republicano.

⊗ Princípio Democrático:
✔ Relação muito estreita entre o Estado de Direito e democracia.
✔ Constituído por 2 formulas
o Marxista: do povo, pelo povo e para o povo.

Estado de Direito é legitimo, pois o poder resulta de uma escolha do povo, titular
do poder soberano- Artº3/1nº1 - Os direitos fundamentais só se realizam
cabalmente em democracia.

o Minimalista: afastar do poder do tirano sem ser


necessário o derrame de sangue, assim assegura-se a
democracia;
✔ Regimes democráticos funcionam como uma Democracia
Representativa (regra da maioria) através de representantes eleitos
pelo povo- artº10/1, 113 e 114- assim garantem a
representatividade das minorias.
✔ Nosso sistema é essencialmente de democracia representativa-
escolhemos quem ira exercer a soberania em nosso nome. Apesar
disso, a nossa Constituição institui alguns mecanismos de democracia
semidirecta:
o como o previsto no Artº115: cidadãos podem ser chamados a
pronunciar diretamente através de um Referendo
o iniciativa legislativa popular- Artº 167.
Cria-se maior proximidade entre os cidadãos e os processos de
tomada de decisões.

✔ Tem uma manifestação da democracia direta: Art.º245/2: todos os


fregueses que reúnem para tomar as decisões;

⊗ Princípio da Sociabilidade:
Artº2:Estado Social (democracia económica, social e cultural)

Objeto fundamental a prosseguir pelos poderes públicos.

Estado deve procurar atenuar as diferenças reais entre as pessoas- igualdade


material- não deixando os cidadãos desprotegidos- promover igualdade de
oportunidades (Justiça social).

Ligação da dimensão social com o princípio da dignidade da pessoa humana:


● fundamento constitucional dos direitos fundamentais.
● Fez derivar o direito a um mínimo para existência condigna.
⊗ Princípio da Integração Europeia e abertura Internacional:

Integração Europeia: -Artº7/5/6 concerne à questão política


-Art.º 8/4 ordenamento jurídico.
Em consequência da transferência de competências do Estado para as
instituições europeias algumas das normas produzidas pela UE vigoram em
Portugal sem necessidade de um ato específico de aceitação. As diretivas
limitam-se a definir os fins, sendo deixada margem aos estados-membros
para definir os meios. O primado do Direito da EU não é absoluto, estando
balizado pela não colisão com princípios fundamentais do Estado de Direito.
Abertura ao Direito Internacional: Artº7º, 8º e 16º.

Controlo da Constituição:

● Constituição- Lei Fundamental:


o Impõe limites aos que governo, limita a acumulação de mandatos, regula o
exercício da representação democrática.
o Regula os procedimentos a seguir para a aprovação de todas as outras
leis, identifica os órgãos para as fazer e aprovar e punir a sua violação.
o Séc. XIX a Constituição era vista como apenas uma folha, atualmente
têm um lugar cimeiro- artº3/3

1. Norte Americana- fiscalização difusa:


América desde o caso Marbury vs. Madison que reconhece o controlo
judicial da constitucionalidade das leis aos juízes que podem recusar aplicar
leis inconstitucionais- modelo difuso.
<
Caso recusem aplicar uma norma por inconstitucionalidade há recurso para o
tribunal de instância superior- só produz efeitos interpares, só no caso em
concreto.
2. Modelo Austríaco- Fiscalização concentrada:
Fiscalização concentrada, compete apenas aoTribunal Constitucional. Produz
efeitos erga omnes, eliminando a norma do ordenamento jurídico.
Kelsen: confia a fiscalização ao parlamento, deve ser independente do
Estado para cumprir esta função.

Portugal modelo Híbrido: junção destes 2 sistemas:

● Artº204- difuso na base: todos os tribunais exercem controlo da


constitucionalidade. Podem rejeitar aplicar leis que considerem
inconstitucionais - Artº3/3
● Artº221- concentardo no topo: Tribunal Constitucional tem a última
palavra em matéria de constitucionalidade.

Tribunal constitucional:

13 juizes:10 escolhidos pela AR (maioria de 2/3) e os outros 3


escolhidos pelos representantes
Competências- Artº223
1. Controlo normativo:
a) Presidente da República (a,b,d);
b) Contencioso eleitoral (c,h)
c) Contencioso dos partidos (e,h)
2. Controlar a legitimidade e constitucionalidade dos referendos;

Atuação do tribunal Constitucional sobre a constitucionalidade:

o Subtrai do ordenamento jurídico as normas que forem inconstitucionais (só


na fiscalização abstrata Artº279/2);

Atuação negativa: 281nº1/a- objeto qualquer norma- não tem efeitos


preclusivos.
Decisão positiva de inconstitucionalidade: declara inconstitucionalidade
com força obrigatória:

Efeitos:
● Invalidatório;
● Retroativos: apagar os efeitos produzidos pela norma;
● Repristinatórias: recuperar uma norma do sistema jurídico que a lei
que foi
considerada
Casos em que essa norma era mais favorável, não se volta a
inconstitucional
rever art.282nº4. Ou quando há uma acumulação destes
tinha
efeitos leva oTC afastar as consequências;
“substituído”-
vigora a norma
inicial;

Mecanismos de controlo de fiscalização:

Fiscalização concreta (difusa ou concentrada)


Fiscalização abstrata (preventiva ou sucessiva)
Fiscalização da inconstitucionalidade por omissão

1. Fiscalização por ação:


a) Fiscalização Abstrata: aproxima-se do modelo austríaco- Kelsen;
Preventiva: Normas imperfeitas, não estão acabadas exige uma
fiscalização abstrata e concentrada;
o Antes da entrada em vigor do diploma. Artº278

Quem pode pedir a fiscalização:

o Presidente da República relativamente a normas emanadas pelo


Governo, AR ou tratados internacionais que é chamado a retificar
- Artº278/1;

Antes do Presidente promulgar o ato legislativo envia para o TC num


prazo de 8 dias (Artº278/3), devendo este fazer um juízo
antecipado à entrada da norma em vigor relativamente a sua
inconstitucionalidade num prazo de 25 dias (Artº278/8 pode ser
encurtado em caso de urgência);

Efeitos da Fiscalização:

● Efeito negativo: o resultado é o diploma voltar ao Presidente da República,


que pode promulgar ou vetar politicamente. Até pode ser objeto de
fiscalização no futuro;
● Efeito positivo: o Presidente da República é obrigado a vetar o diploma por
inconstitucionalidade. Após o veto, o diploma é devolvido ao órgão que o
aprovou. Artº 279. A AR tem 4 opções:
o Desistir do procedimento legislativo
o Artº279 nº2: retirar a parte que sofre de inconstitucionalidade e
subsistiu o resto do diploma;
o Reformula o diploma (Artº279 nº3): novo procedimento legislativo
o Confirmar o diploma por maioria de 2/3 dos deputados Artº 279/ 2.

O Governo tem 3 possibilidades:

✔ Desistir;
✔ Expurgar;
✔ Reformular

Sucessiva-Artº281
o Após a entrada em vigor do diploma (norma perfeita).
o Qualquer norma pode ser objeto desta fiscalização;

Quem pode pedir a fiscalização com força obrigatória?

o Entidades elencadas no Artº281 Nº2.

Efeito da fiscalização: Artº282

o Se TC declarar a norma inconstitucional, esta é retirada do ordenamento


jurídico com força obrigatória geral. Tem:
Efeito anulatório/ Invalidatório
Efeito retroativo: norma é inválida desde o momento da sua entrada
em vigor. Há uma destruição de todos os efeitos produzidos desde a sua
entrada em vigor.
Efeito repristinatório;
Exceção aos efeitos:
Artº282/3- quando a norma for mais favorável ao arguido;
Artº282/2- aplica-se a uma norma cuja inconstitucionalidade só surgiu a
uma determinada altura.

b) Fiscalização concreta:
o Em casos concretos;
o Aproxima-se do modelo norte-americano;
1º é Difusa:Artº204. Pode ser:
● Concreta sucessiva difusa:
Qualquer Tribunal executa um processo de fiscalização concreta.
Quando num caso é aplicado uma norma que suscite duvidas de
constitucionalidade. Tribunais não recorrem para o TC, pois eles próprios
fazem a fiscalização:
▪ Aplicam a norma;
▪ Desaplicam a norma;
Caso aplique a norma considerando que a inconstitucionalidade não é
relevante ao caso, vai a recurso ao tribunal na instância superior, caso se
mantenha a aplicação desta pode ir ao TC-280 nº1/B. Caso não aplique a
norma devido a inconstitucionalidade, vai de imediato ao TC.

Quem pode remeter ao TC-Artº280/3:

o Ministério Público;
o A parte a que haja suscitado inconstitucionalidade;

Recurso ao TC:

Altera a decisão do Tribunal recorrido. Após


Confirma a decisão do
os ajustes regressa ao tribunal recorrido para
Tribunal recorrido;
ser julgado em conformidade com as
alterações

Efeito Erna Omnes- só em casos concretos- Norma continua em vigor só não é


apicada naquele caso em concreto.

Artº281/3: Se em 3 casos o TC considerar a mesma norma inconstitucional ao 4º


vai mudar a natureza do processo: Fiscalização abstrata sucessiva e não como
recurso. Terá efeitos gerais:

▪ Força invalidadora com força geral;


▪ Continua em vigor se não for considerada inconstitucional;

c) Fiscalização por omissão:


o Inconstitucionalidade resulta do silêncio do legislador (ex: se não
atualizar o salário mínimo)
o TC pode ser chamado a apreciar o silencio. Este apenas verifica a
existência de omissão e comunica ao órgão legislativo competente.
o Artº283/2

REVISÃO CONSTITUCIONAL

Nossa Constituição é rígida tendo limites que limitam o poder de revisão de


gerações futuras no texto fundamental.

● Fiscalização e Revisão Constitucional estão na IV parte: Assim, a


Constituição se garante a si própria.

Limites ao poder de revisão constitucional


Limites temporais: 5 anos entre revisões constitucionais ordinárias
(Artº284 n/1). Contudo, admite-se um processo de revisão constitucional
extraordinário, ou seja, antes de passados estes 5 anos através de uma
maioria parlamentar de 4/5 - Limites procedimentais.
Limites formais: limita o poder de revisão constitucional. No caso a AR.
Delibera de acordo uma maioria parlamentar de 2/3 para alterar á
Constituição (Artº286/3:PR não pode vetar a promulgação de uma
alteração constitucional)
Limites circunstanciais: Constituição proíbe alterações á lei fundamental
acrescentando anexos (Artº286/2) sendo reunidas numa única lei de
revisão (Artº287). Em Estado de emergência, é proibida a revisão
Constitucional. Se esta já se tinha iniciado fica suspenso até ao fim do
Estado de exceção (Artº289)
Limites materiais: leis de revisão tem de respeitar as matérias (Artº288).
Limites absolutos.

DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA

● Na nossa constituição os Direitos e Deveres Fundamentais têm um grande


relevo, situando-se na I parte. A sua positivação é marcada pela distinção
entre (conceção bipartida dos direitos fundamentais):
Direitos económicos, sociais e culturais (direitos civis que exigem a
prestação positiva do Estado – saúde, segurança social- Tútulo II);
Direitos, Liberdades e Garantias (DLGS- direitos de defesa das
pessoas face ao Estado Título III);

A diferenças entre estes 2 tipos de direitos:

a) Razões estruturais:
DLG: direitos de conteúdo constitucionalmente determinável.
DESC: direitos a prestações sujeitas a determinação política.

b) Razões ideológicas

Os Direitos e Deveres Fundamentais na CRP:

⊗ dispõe um vasto catálogo de direitos fundamentais (Artº24 a 79)


⊗ consagra uma cláusula aberta ou princípio da abertura

reconhecem outros direitos, fora do catálogo, que constem em lei ordinária/


internacional, fora dos títulos II e III da Parte I da CRP em matéria de
DF- art.16. Ou seja, aceitam direitos de natureza análoga (art.17) de
direitos e liberdades e garantias de diplomas internacionais.

Direitos fundamentais do catálogo:


Direitos fundamentais de liberdades e garantias ou direitos no sentido
formal são aqueles que constam no catálogo no Título II da Parte I;
Há outros fundamentais que estão fora do catálogo, Artº16 abre porta, em
sentido material: são direitos fundamentais dispersos na CRP: Direitos
Fundamentais extra-constitucionais:
o De fonte legal;
o De fonte internacional

Regime específico dos DLG e os que tem natureza análoga:

o Visa proteger com especial intensidade estes direitos: regime material,


formal, orgânico e de limite material de revisão.
o Regime específico previsto Artº 18º, 19º, 164º, 165º e 288º;

Há 3 domínios deste regime:

1. Restrição legislativa de direitos:


o Relação entre os cidadãos e o Estado, para ser mais eficaz tem de se
conciliar com outros interesses (ex: Direito á Greve: é preciso assegurar
serviços mínimos, conciliar os seus interesses com os gerias). Não se
tratam de direitos absolutos, mas restringíveis para assegurar uma boa
convivência entre os interesses individuais e gerias- Artº57/3.
2. Estados de exceção constitucional:
o Em situações muitos graves (estado de emergência devendo este
respeitar o princípio da proporcionalidade) pode suspender o exercício de
direitos, liberdades e garantias, por um tempo determinado de modo a
voltar a normalidade constitucional- Artº19
3. Limites materiais de revisão: Artº288
O Direito pode ser chamado a limitar os DF para proteger os DF de outras
pessoas ou ainda a garantir bens jurídicos de relevo especial

Leis restritivas de DLG

o Sujeitas a exigências particularmente intensas. Artº 18º, nº2 e 3:


● Respeito pelo princípio da proporcionalidade: dever de moderação e
proibição do excesso.
● Proibição expressa de leis retroativas
● Respeito pelo conteúdo essencial dos DF
● Regime Orgânico: Artº165 nº1/b- Apenas a Lei Parlamentar pode
restringir os DLG
● Ponto de Vista Formal: Artº287
● Ponto de Vista Material: Limites iminentes: Salvaguardar outro
direito ou interesse constitucionalmente protegido. Há muitos
preceitos constitucionais que não preveem expressamente restrições
legislativas (Artº24 a 26, 43, 44, 45):
● Carácter geral e abstrato das leis restritivas
Sistematização dos direitos fundamentais:

Os direitos, liberdade e garantias, não apenas os que constam no Título II da Parte


I da CRP, mas todos os direitos de natureza análoga a DLG, beneficiam de um
regime específico que conta nos Artº18,165/b e 288/d.

Critérios distintivos dos direitos, liberdades e garantias:

Os DLG e os de Natureza análoga são aqueles que:

a) Pressupõem a abstenção do poder público;


b) Determinabilidade do conteúdo dos direitos, liberdades e garantias
decorrendo a sua interpretação de uma forma integral da norma;

Ex: Direito a propriedade Privada Artº62: esta na parte de Direitos económicos, mas tem
natureza análoga com DLG, pois pressupõem a não interferência do Estado, caso interfira
h
(coletivização para o bem comum) tem de dar uma compensação

Regime geral aplicável a todos os direitos fundamentais

● Princípio da universalidade (Artº12): DF são posições jurídicas universais


todos são titulares destes direitos. As pessoas coletivas podem ser
titulares de DF desde que sejam compatíveis com a sua natureza e no
estrito respeito pelo princípio da especialidade;
● Princípio da igualdade (Artº13): igualdade material e igual participação aos
cidadãos no gozo dos direitos fundamentais;
● Princípio da equiparação entre estrangeiros e nacionais (Artº15):
exceções – Artº15/2, exceções às exceções– Artº15/3

Regime específico dos DLG do catálogo e aos de sua natureza análoga:

● Aplicabilidade direta: não é necessária legislação sobre estes DF para que


sejam exercidos e exigíveis nos tribunais (para que sejam justificáveis);
● Vinculação das entidades públicas: o legislador, a Administração e os
tribunais estão obrigados a respeitar estes direitos dos cidadãos;
● Vinculação das entidades privadas: também nas relações horizontais se
aplicam as normas de direitos fundamentais;

Regime orgânico dos Direitos, Liberdades e Garantias

Só pode legislar a AR (Artº165/1/ b) as matérias relativas a DLG (Artº 164 alíneas


a, b, c, e, h, i, j, l, m, o);

limite material de revisão constitucional (Artº288)

Suspensão de Direitos:
Em caso de Estado de Sítio ou Estado de Emergência (Artº19), declarados
na forma prevista na Constituição.
A declaração de Estado de Sítio é da competência do PR, que tem, de ouvir
previamente o Governo e de ser autorizado pela AR, carecendo ainda de
posterior referenda ministerial;

Regime específico dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais

● Regime material específico: são direitos sob reserva do possível e estão


dependentes da lei. Ao contrário dos DLG, os DESC não são diretamente
aplicáveis. Mas em todo o caso vinculam e a sua força jurídica manifesta-se
em vários aspetos
● Regime orgânico: Matéria concorrencial: toda aquela que não se encontre
prevista nos Artº164, 165 e 198. Integram a reserva relativa: as bases do
sistema de segurança social e do serviço nacional de saúde; o regime geral,
etc. São exceções o art.o164 alínea i, 165 alínea f, g e h
● Limite material de revisão: apenas os direitos dos trabalhadores que se
inserem nos DESC (art.o288 alínea e)
● Remédios como meios de reação a situações de violação de DF:
o Formais e informais
o Jurisdicionais:
▪ Papel do TC na defesa dos DF;
▪ Papel dos restantes tribunais na defesa dos DF;
o Não jurisdicionais;
▪ Direito de resistência (Artº21)
▪ Direito de petição (Artº52/1 e 2 e Artº23)

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