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Ciência Política

O tipo histórico do Estado Português face à CRP

O Estado Português é, como tipo histórico de Estado, um Estado Social e


Democrático de Direito (artigos 2º e 9º, b), CRP). Possui uma
Constituição escrita à qual se subordina o Estado e os seus órgãos,
elaborada por uma Assembleia Constituinte eleita democraticamente
em 25 de Abril de 1975.

Consagra um capítulo dedicado aos direitos fundamentais (Parte I), em


que é possível encontrar:

· direitos negativos, sob o título Direitos, liberdades e garantias


(artigos 24º a 57º e 9º, b), CRP);

· direitos positivos, sob o título Direitos e deveres económicos,


sociais e culturais (artigos 58º a 79º e 9º, d), da CRP);

· direitos contra outrem, outros particulares, fundamentalmente o


direito de petição e o direito à greve (artigos 52º e 57º, da CRP);

· o sufrágio universal (artigos 49º e 113º, nº1, da CRP);

· o direito de participação na vida pública (artigo 48º da CRP).

É ainda possível encontrar uma parte relativa à Organização económica


(Parte II), que não existia nas constituições dos tempos do liberalismo,
onde o Estado não intervia na economia. (artigos 80º a 107º da CRP).

Consagra o princípio da separação de poderes, com interdependência


entre os órgãos de soberania (artigos 110º, nº1, e 111º, nº1, da CRP).
A Assembleia da República é o órgão legislativo por excelência (artigo
161º, c), da CRP).

O Governo partilha a função legislativa, além de exercer a função


administrativa (artigos 198º e 199º, da CRP).

O Presidente da República tem a função de promulgar os atos


legislativos, embora referendado pelo Governo (artigos 134º, b), e 140º,
nº1, da CRP).

Consagra ainda formas de limitação do poder político, tais como:

· fiscalização da constitucionalidade, mecanismos que também não


existiam no liberalismo, pois no século XIX acreditava-se que da lei
nada havia a recear (artigos 277º a 283º, da CRP);

· princípio da Legalidade da Administração (artigos 266º e 268º,


nº3,4 e 5. da CRP);

· direito de oposição (artigo 114º, nº2, da CRP);

· princípio da renovação (artigo 118º, da CRP);

· responsabilidade dos titulares de cargos políticos (artigo 117º, da


CRP);

· autonomia das Autarquias e Regiões Autónomas (artigos 235º,


225º e 6º, da CRP).

Regimes políticos

Trata-se de um conceito que procura identificar cada uma das formas


de exercício do poder político, tendo em conta a relação entre
governantes e governados e o grau de participação dos cidadãos no
exercício do poder, no Estado Moderno.

É constituído pelo conjunto coordenado das instituições políticas


constituíndo um subsistema político de um sistema social.

· Categorização de Aristóteles, de acordo com as Constituições de


várias cidades gregas:

Constituições:

Sãs:

- Monarquia;
- Aristocracia;

- República.

Perversas:

-Tirania;

-Oligarquia;

-Demagogia.

Sãs:

As constituições sãs traduziam formas de exercício do poder conformes


com o interesse geral.

Dentro destas existem a monarquia (exercício do poder cabe a um só


homem); aristocracia (exercício do poder cabe a um grupo restrito de
homens) e a república (exercício do poder cabe à coletividade,
integrando os cidadãos ativos).

Perversas:
As constituições perversas traduziam formas de organização política do
Estado degeneradas ou degradadas.

Dentro destas existem a tirania (exercício do poder cabe só a um


homem, mas no seu exclusivo interesse); a oligarquia (exercício do
poder cabe a um grupo restrito de homens, que tinham como interesse
a sua riqueza) e a demagogia (exercício do poder cabe à coletividade,
onde sobressaem os interesses dos mais explorados e só vê o interesse
dos pobres.

· Categorização de Maquiavel:

Maquiavel distinguiu pela primeira vez monarquia e república,


atendendo a três critérios essenciais, adotados em vários momentos
históricos:

Monarquia:

· Poder supremo exercido por um só titular;

· O exercício do poder soberano caberia a um só indivíduo por


direito próprio, resultante de investidura derivada, da alienação
inicial pela coletividade ou apropriação do poder pela violência,
mas subsequentemente legitimada;

· O Chefe de Estado seria hereditário.

República:

· Poder supremo do Estado pertence a um colégio de indivíduos, de


maior ou menor extensão, podendo tratar-se de um colégio
eleitoral formado por todos os cidadãos ativos;

· A soberania caberia ao povo ou à nação, só podendo ser exercida


em nome e por delegação da coletividade e através de titulares
eleitos, submetidos à lei geral;

· Inexistência de Chefe de Estado, ou pelo menos não hereditário.

Outras categorizações:

· Regime político liberal VS Regime político ditatorial.

Sistemas de governo

O sistema de governo é a forma política através da qual se procuram


expressar as diferentes modalidades de relacionamento entre os órgãos
encarregados do exercício do poder político. Existem dois sistemas de
governo:

Ditatorial:

· Monocráticos (monárquicos, cesaristas);

· Autocráticos.

Democrático:

· Direto;

· Semidireto;

· Representativo (Concentração de poderes; Separação de poderes-


Parlamentarismo (Puro,Mitigado), Presidencialismo,
Semipresidencialismo).

· Sistema de governo ditatorial:

- No sistema de governo ditatorial, o poder político é exercido em nome


próprio ou de um grupo.

Monocrático: poder político exercido apenas por um homem.

Cesarista- não há legitimidade democrática ou vontade do povo;

Monárquico- há uma monarquia absoluta, com legitimidade.

Autocrático: poder político exercido por um setor político, económico


ou social fechado, correspondendo aos regimes políticos ditatoriais (ex:
Estados da Europa de Leste).

· Sistema de governo democrático:

- No sistema de governo democrático, o poder político pertence


obrigatoriamente a toda a coletividade, ao povo, e a sua tipologia é
mais complexa.

Direto:

- Exercício do poder político por todos os cidadãos ativos;

- Reúnem-se numa assembleia plenária;

- Tem dificuldades óbvias de funcionamento e morosidade da reunião


para tratar de assuntos correntes;

- Em alguns Estados existem certas práticas que se ligam à democracia


direta, tais como o referendo e o direito de iniciativa popular.

Semidireto:

- Combina o exercício do poder político pelos cidadãos ativos com o


exercício pelos seus representantes;

- Coexistem elementos dos outros dois subsistemas (coexistem


mecanismos próprios da democracia representativa e mecanismos de
democracia direta);

- Certas decisões só possíveis através da manifestação da vontade de


um número elevado de cidadãos.

Representativo:

- Os sistemas de governo democráticos representativos são os mais


frequentes nas democracias políticas modernas e contemporâneas;

- O poder político pertence à coletividade, mas é exercido por órgãos


em seu nome e por titulares por eles escolhidos;

- O conceito de representação política pode ter dois significados, pode


ser de concentração de poderes ou de divisão de poderes.

Concentração de poderes:

- Os cidadãos elegem um Chefe de Estado singular ou os titulares de


uma Assembleia Política, exercendo qualquer deles a plenitude dos
poderes do Estado, daí a designação de concentração de poderes
constituídos;

- A delegação dos poderes concentrados em outros órgãos seria


possível a título temporário, pois os seus titulares poderiam reassumi-
los a todo o instante.

Separação de poderes:

- Abrange subtipos: o parlamenar, o presidencialista e o


semipresidencialista, todos com a consagração de uma relativa divisão
de poderes, limitando-se os órgãos do poder político mutuamente, de
forma a evitar excessos de poder ou desvios inconstitucionais.
Parlamentar:

O sistema de governo parlamentar toma como referência o exemplo do


Reino Unido, em que o governo parlamentar é exercido por um
gabinete, formado de acordo com as indicações do Parlamento e foi
historicamente a primeira modalidade a surgir.

O Governo:

- é formado com a composição do Parlamento e traduz a distribuição


numérica das forças políticas nele existentes. O Governo forma-se de
acordo com os resultados das eleições parlamentares;

- depende exclusivamente da confiança do Parlamento e responde


politicamente apenas perante ele.

O Chefe de Estado:
- sem poder político significativo;

- nomeia e exonera os ministros, seguindo as indicações do Parlamento;

- não responde politicamente perante o Parlamento;

- não pode exercer atos políticos sem referenda ministerial.

O Parlamentarismo pode ser Puro e Mitigdo.

Puro:

- Revela a prevalência absoluta do Parlamento sobre o Governo, pela


ausência de uma maioria sólida de uma força política no Parlamento,
onde reside a hegemonia política;

- O Parlamento é o centro da vida política;

- O Governo é instável;
- O Chefe de Estado é eleito e destituído pelo Governo;

- O Chefe de Estado sem poder de dissolução do Parlamento.

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