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Constitucional

 Aula teórica (21/11)

Matrizes ideológicas; Modelos politico constitucionais de estado; Governo;

 Matrizes ideológicas subjacentes ao estado ocidental:


1) Liberalismo;
2) Conservadorismo;
3) Socialismo;

1) Liberalismo:
Tudo aquilo que impede ou limita a liberdade individual deve ser suprimido,
porque a liberdade é a condição natural do ser humano. Base do
constitucionalismo britânico, o constitucionalismo britânico vai basear-se na
ideia de que toda a limitação do poder é a melhor garantia da liberdade. O
liberalismo está também na herança histórica da revolução francesa, esta é no
séc. XIX, a concessão defendida pela burguesia. Esta na base do pensamento
oitocentista do séc. XIX, é a liberdade não só pessoal, mas também a liberdade
económica (adam Smith).

Caraterísticas do liberalismo:
-Individualismo;
-Importância do valor do mercado;
-Minimização do estado;
-Importância da propriedade privada.

O liberalismo do séc. XX, é um liberalismo que tem 2 momentos: O primeiro


momento é aquele que vai até a grande depressão (1929) e que continua o
liberalismo do séc. anterior; O segundo momento que é posterior a grande
depressão vai levar à defesa do intervencionismo do estado, revelando a
importância que tem o estado no restabelecimento da economia- este é também
um período da descrença do liberalismo;
Depois deste período da grande depressão, vai nos anos 70 existir um reafirmar
das ideias liberalistas através do neo-liberalismo.
O Neo- Liberalismo: Redução do peso e presença do estado (reprivatização);
Desregulação, o estado saí da intervenção emanando normas, e começa a existir
uma auto-regulação por parte dos privados; Difusão do livre comercio
internacional, abolição das barreiras alfandegarias.

2) Conservadorismo
Herdeiro do pensamento pré-liberal e contrarrevolucionarias, reage contra as
alterações provocadas pela revolução francesa;
Vai recusar a sociedade igualitária e prefere a legitimidade monárquica a
legitimidade governamental.
Resistência a mudança e a inovação.
Dogmas do pensamento conservador:
. Importância da história e da tradição, importância do passado em torno da
família e em torno da pátria;
. Importância da autoridade e do poder;
. Relevância da segurança e da ordem publica;
. Alicerce na ordem de valores judaico-cristã;
. Preferência pela liberdade em detrimento da igualdade;
. Relevância da propriedade privada.

Tipos de conservadorismo:
- Conservadorismo contra- revolucionários; (expressão em Portugal pelos
adeptos de D.Miguel pós revolução)
- Conservadorismo restauracionista, ligada a carta constitucional francesa (1814)
e portuguesa (1826). Importância do rei.
- Conservadorismo nacionalista, base dos movimentos totalitários e anti-
comunistas;
- Conservadorismo neo-liberal, é o que está na base do ressuscitar do neo-
liberalismo com reagen ou tatcher;
- Conservadorismo protecionista, casamento entre a visão conservadora e da
visão nacionalista, ideia que está na base do presidente Trump.

3) Socialismo
Surge historicamente para combater o liberalismo tal como o conservadorismo.
É de esquerda enquanto o conservadorismo é de direita.

- Prefere a igualdade a liberdade, herdeiro de rossau;


- Prefere a propriedade coletiva a propriedade privada;
- Prefere a intervenção do estado ao abstencionismo do estado;
- Prefere uma economia assente na direção central relativamente a uma
economia baseada no mercado.

O socialismo é sempre uma concessão ideológica que prefere a intervenção do


estado.

Modalidade históricas do socialismo:


1) Socialismo marxista-leninista, aquele do qual provém o comunismo, sendo que a
sociedade comunista tinha como passo final a abolição do estado mas até lá
vigorava a ditadura do proletariado;
2) Socialismo maiosta, num primeiro momento é um socialismo de conciliação,
mas que nos anos 60 leva a designada revolução cultural, e que nos anos 70 e 80
é um socialismo especial onde vigora uma economia de mercado mas ainda com
um partido único. Modelo económico de mercado (capitalista) e um modelo
politico de ditadura (socialismo). Concilia uma vertente liberal e uma vertente
socialista.
3) Socialismo democrático, é aquele que mais interessa em particular, pois é o que
domina na Europa ocidental. Aceita o capitalismo; Aceita o pluralismo; Tem
uma preocupação social que é traduzida na clausula de bem estar social,
intervenção do estado (Compreendemos aqui como o socialismo democrático
acaba por se render ao neo-liberalismo).
Existe um possível 4 modelo ainda em duvida:

4) Socialismo populista, aquele que vai criticar o socialismo democrático, e que se


opõe a liberdade e desregulação económica. Ex. Venezuela; Espanha (Podemos).
O presente resume-se nestas duas ideias:
-Prevalência do modelo neo-liberal em termos económico;
-Critica ao modelo neo-liberal, pela esquerda e pela direita.

Modelos politico constitucionais de estado


a) Modelo pluralista
b) Modelo não pluralista

a. Modelo pluralista:
- Reconhecimento do papel fundamental do estado no reconhecimento das
liberdades e garantias dos direitos;
- Os principais titulares ativos do poder politico são designados por eleição, ou
seja, sufrágio universal direto;
- O papel relevante confiado aos partidos políticos- estado de partidos- onde os
partidos políticos são o eixo central da vida politica;
. Os partidos políticos expressam as grandes correntes ideológicas;
. O eleitorado escolhe os seus representantes através dos partidos políticos;
. Os partidos políticos têm um papel fundamental no controlo do poder,
porque obedecem a 2 logicas, reconhecem a oposição e esta pode controlar o
partido que está no poder.
. São fiscalizadores políticos;
. Hierarquia das normas jurídicas e a força do principio da legalidade, significa
no fundo que o poder está subordinado ao direito, ou seja, existe um estado de
direto.
. Todo o agir do poder está sujeito a controlo pelos tribunais, os tribunais
controlam a atuação do poder.
É também importante sublinhar a democracia representativa que faz a separação
entre a titularidade do poder que pertence ao povo, e a atuação do poder que é
feita pelos representantes do povo que são escolhidos através de sufrágio.
Para além da democracia representativa, existe também democracia direta, na
qual o povo exerce diretamente o poder, sem representates. Isto é possível em
algumas comunidades pequenas. Ex. As freguesias com menos de 200 de
eleitores ainda tem plenário dos eleitores.

Como é que se pode reforçar a democracia representativa:


1) Através de uma democracia semi-direta, através da figura de um referendo;
Os representantes do povo tendem a não gostar do referendo porque o
referendo ultrapassa as escolhas dos cidadão.
1.1) Iniciativa legislativa dos cidadãos, um grupo de cidadãos pode
apresentar junto do parlamento, uma proposta de lei;
2) Democracia participativa, é o apelo, a que, grupos organizados da sociedade
possam ser chamados a participar para a decisão politica final. Ex.
Sindicatos.

 Aula teórica ( 27/11/2017)

Sistemas de governo

Sistema parlamentar: Origem no reino unido, assente em 3 caraterísticas:


- Existência de um governo enquanto órgão autónomo, tanto em relação ao chefe
de estado como ao parlamento;
- Governo formado com base na composição politica do parlamento; Entrada em
função e permanência em funções do governo depende sempre da confiança
politica do parlamento. O governo não se mantem em funções se tem contra si a
desconfiança politica do parlamento;
- O governo é responsável politicamente perante o parlamente, o que significa
que se o parlamento retira a confiança politica ao governo, o governo está
demitido. (Traço sem o qual, não há sistema parlamentar);
Nasceu na Grã-Bretanha, sendo o governo a ponte entre o rei e o parlamento.
Para evitar a responsabilidade criminal do primeiro ministro e dos ministros, ou
seja, para evitar que fossem julgados por crimes no exercício das suas funções,
decidiu-se retirar a confiança politica ao governo.

Tipos de parlamentarismo:
- Parlamentarismo monista: no parlamentarismo monista, o governo é apenas
politicamente responsável, perante o parlamento, única e exclusivamente.
- Parlamentarismo dualista: O governo é responsável não apenas pelo
parlamento, mas também perante o chefe de estado. Simultaneamente
responsável politicamente pelo chefe de estado e pelo parlamente. Neste caso
basta que um deles retire a confiança politica, para que o governo se veja
demitido.

Modelo monista: Modelo típico britânico. Três modalidades dentro deste:


- Sistema parlamentar de gabinete; Sistema parlamentar de assembleia; Sistema
parlamente racionalizado.
- Sistema parlamentar de gabinete: O típico do reino unido. Prevalência politica
do gabinete sobre o parlamente, dentro do parlamente britânico: a) prevalece a
camâra dos comuns face a camara dos lordes; b) dentro da camara dos comuns
prevalece a maioria; c) dentro da maioria prevalece a vontade politica do
primeiro ministro, que é simultaneamente chefe do governo, e líder da maioria
parlamentar; Papel único que o primeiro ministro tem, para controlar o governo,
mas também a maioria parlamentar.
O primeiro ministro britânico é o eixo da vida politica do reino unido.
Há no caso britânico um sistema bipartidário (o eleitorado tende a esgotar-se em
2 grandes partidos: conservador e trabalhista), a regra é que um dos dois grandes
partidos tenha maioria absoluta. Os partidos britânicos são fortemente
disciplinados, fazendo aquilo que o seu líder quer que se faça. Na pratica, há
uma eficácia da noção de censura em relação ao governo. Uma noção de
censura, pode levar a que se dissolva o parlamento, até 2015, esta era uma arma
do primeiro ministro, a partir de 2015, só é possível a dissolução quando seja
aprovado uma noção de censura, ou quando por 2/3 a camara dos comuns decida
dissolver o parlamento, pedindo eleições adiantadas.
Há um estatuto privilegiado da oposição, que acaba por formar um governo
sombra;

- Sistema parlamentar de assembleia: Tem a sua origem em frança, na terceira


republica, que surge em 1875, e na quarta republica.
Supremacia do parlamento sobre o governo. O parlamente comanda a atuação go
executivo.
Há um multipartidarismo, desorganizado, mal disciplinado, e não há por via de
regra maiorias absolutas, tendo como consequência a fragilidade dos governos,
que estão sempre dependentes do parlamento, pois não há uma maioria solida, o
que deixa o governo à merce dos outros partidos.
O poder de dissolução do parlamento, não é usado para dar força ao governo,
mas sim para tentar alterar as forças das vidas politicas. Durante o período de
uma legislatura há normalmente varias governos, durante a mesma legislatura.

- Sistema parlamentar racionalizado: Razões para este sistema:


. O mau funcionamento do sistema parlamentar de assembleia, leva a que se
procure corrigir o sistema parlamentar de assembleia, introduzindo mecanismo
jurídicos que tornem o sistema parlamentar de assembleia mais estável.
. Este sistema surge com um forte influencia do sistema alemã, baseado na
constituição de 1949, que procurava evitar as designadas maiorias negativas- são
maiores que se formaram na Alemanha, em 1919, e que conduz ao modelo nazi.
Essa constituição funcionou numa progressiva instabilidade, pois os governos
eram minoritários, com a particularidade, dos partidos políticos, não se
entenderem para formar uma maioria que conseguisse formar um governo, mas
entendiam-se para conseguir derrogar os governos, ou seja uma maioria pronta a
derrubar os governos.
Mecanismos que vão racionalizar este sistema:
- Noção de censura construtiva: significa no fundo, que a oposição pode
apresentar uma noção de censura, mas para que isto seja feito, tem
simultaneamente indicar o nome, de quem sendo aprovada a censura,
imediatamente se considere investido na qualidade de primeiro ministro ou
chanceler. Têm então de apresentar uma alternativa ao primeiro ministro. Os
partidos que se entendem para derrubar, também têm de se entender para
constituir uma alternativa.
- Existência de um intervalo de tempo entre a apresentação da noção de censura
e a sua votação. Para que os parlamentares, não votem de “cabeça quente”, ou
seja, para que possam pensar numa outra hipótese, que não seja derrubar o
governo.
- Limitação ao numero de deputados para que seja desencadeada uma noção de
censura. Existência de um numero mínimo de deputados, para que se possa
apresentar uma noção de censura.
- Não se exigir para um governo entrar em funções, um voto de confiança, um
governo para entrar em funções não precisa de ter a seu favor a maioria do
parlamento. Não pode é ter contra si a desconfiança da maioria. Um governo
minoritário pode governar por esta razão.
- Para aprovar uma noção de censura, requeresse uma maioria absoluta. Noção
vigente no direito português. Para que se rejeite o programa do governo ou para
o derrubar, é necessário que acha maioria. O governo em Portugal, não precisa
de ser aprovado pelo parlamento, ou votado pelo menos, só não pode é ser
rejeitado. Um governo em Portugal, não precisa então de ter a confiança da
maioria parlamentar.

Modelo de parlamente dualista:


- Modelos monárquicos- Sistema Orleanista;
- Modelos Republicanos;

- Modelo monárquico- Sistema Orleanista.


Tem como base a carta constitucional francesa de 1830, que tem como base um
pacto entre o rei e o governo. O governo é assim responsável perante o
parlamento e o chefe de estado.
Dupla legitimidade politica- O governo é legitimado pelo parlamento e pelo
chefe de estado;
Assenta no fundo, numa génese compromissória. A monarquia orleanista, é uma
monarquia de transição entre a monarquia limitada (o rei tem de conviver com o
parlamento, e perante a constituição, mas o governo só responde ao rei), da carta
constitucional francesa de 1814, e a monarquia parlamentar (o governo na
monarquia parlamentar só é responsável perante o parlamento, não é responsável
perante o rei). O governo orleanista é então um meio termo, em que o governo é
responsável perante ambos o rei, e o parlamento.

- Modelo republicano- Semi- presidencialismo.


No sistema presidencial o governo tem de ser duplamente responsável, perante
ambos os órgãos do parlamente o presidente da republica. O semi-
presidencialismo é separado do sistema orleanista, pois no sistema orleanista
existam 2 legitimidades diferentes. No sistema semi presidêncial, há uma dupla
legitimidade democrática, não existindo legitimidade monárquica. O presidente
da republica, tem poderes de intervenção politica- veto politico; poder de
dissolução parlamentar; poder de demitir o primeiro ministro.
(O sistema francês de governo não é semi presidencial mas sim Hiper
presidencial).

Sistema de governo presidencial:


- O presidente da republica, é simultaneamente chefe de estado e chefe de
governo;
- O governo não é um órgão autónomo, servindo para executar a vontade politica
do presidente;
- Há no sistema presidencial puro, um casamento sem divorcia, entre o
congresso e o presidente. Sendo que nenhum destes órgão pode dissolver o
outro. (sistema norte-americano, com bases no sistema politico da Grã-Bertanha.
A constituição norte americana, retrata o presidencialismo, num sistema de
freios e contra-pessos).

Três grandes modelos presidenciais:


- Presidencialismo puro;
- Presidencialismo adulterado (modelo russo; modelo brasileiro);
- Modelo de Hiper presidencialismo Francês.
Modelo Americano: Forte influência de Montesquiu, assenta na ideia de um
poder de estatuir, e um poder de impedir. O poder de estatuir está no congresso,
no presidente e nos tribunais. O poder de impedir, está no poder de veto do
presidente, e no poder de impedir dos tribunais em relação ao congresso através
da fiscalização da constitucionalidade das leis. O congresso tem o poder de
fazer as leis, podendo ultrapassar por maioria de 2/3 o veto politico do
presidente. O Senado tem também o poder de impedir as nomeações do
presidente para os altos cargos, podendo em ultimo caso servir-se o
impetchement. Os tribunais têm por sua vez o poder de fiscalizar a legalidade.

Modelo híper presidencial (5ª Republica francesa- 1958-atualidade)


. 1º 1958-1862: Durante este período o presidente era eleito por sufrágio
indireto;
. 2º A partir de 1962: O presidente passa a ser eleito por sufrágio direto dos
eleitores;
- Há ou não sintonia entre a maioria que elege o presidente e maioria politica do
presidente?
. Se há sintonia entre estas duas maiorias, então verifica-se em frança,
algo que em Portugal nunca aconteceu, o líder da maioria parlamenter é o
Presidente e não o primeiro ministro. Situação em que há conjugação
entre a maioria presidencial e a maioria parlamentar.
. Casos de coabitação, casos em que têm de conviver 2 maiorias, a
maioria que elegeu o presidente da republica, e a maioria que está no
parlamento. Nestes casos o líder da maioria parlamentar é agora o
primeiro ministro e não o P.R.
Em regra, no modelo francês existe sintonia entre as maiorias. Caso no qual o
presidente é quem controla a maioria. Ou seja, o presidente reúne em si, as
vantagens do presidente norte-americano, e as vantagens do primeiro ministro
britânico.
Neste primeiro cenário de híper presidencialismo, o P.R, é chefe do parlamente e
da republica, e ainda tem o poder de nomear o primeiro ministro, sendo que
como líder do partido politico a que pertence o primeiro ministro, tem também
poder para destituir o primeiro ministro. Nestes casos, o primeiro ministro, acaba
por ser o lugar tenente do presidente da republica. O líder do partido maioritário,
indica ao presidente da republica qual é o nome que o partido quer para o
primeiro ministro, mas como o líder do partido também é o P.R, este acaba por
ter todo o poder. Neste modelo, quando tudo corre bem, o mérito é do
presidente, mas quando corre mal quem é responsabilizado é o primeiro
ministro.
O P.R. domina então a vida politica;
- O P.R francês tem direitos de veto sobre os diplomas do parlamento e do
governo;
- O P.R francês preside ao conselho de ministros, tanto quando existe
coabitação, como quando o primeiro ministro é escolhido por ele;
- O P.R instrumentaliza, os ministros e o primeiro ministro, tal como o P.R
Americano faz com os secretários de estado;
- Tal como o primeiro ministro britânico, o P.R francês é o líder da maioria
parlamentar, logo pode controlar o que o governo decide, mas também o que o
parlamento aprova ou rejeita.
- O Presidente francês, pode dissolver o parlamento francês a qualquer hora.
Sendo que o parlamente reeleito tende a ser afeto as escolhas politicas do
presidente francês. (o presidente francês pode fazer aquilo que o Norte-
Americano não pode fazer);
- Por outro lado, face ao modelo britânico, o P.R francês tem mais uma
particularidade, pois o P.R francês pode recorrer ao referendo, parando o que o
parlamento está a decidir, para ouvir o que os cidadãos querem. O P.R francês
pode então fazer imperar a vontade popular;
- O presidente francês, vai também ter um papel direito na redação da
constituição;
- O primeiro ministro Inglês, pode até ter maioria no parlamento, mas o partido
politico pode tirar a sua confiança ao primeiro ministro, em frança nada disto
acontece, mesmo que o partido do presidente não queria o presidente, este
mantém-se na presidência por ter sido eleito por sufrágio.
- O P.R. francês pode ainda exercer poderes excecionais, por exemplo. No caso
de um atentado terrorista, o presidente pode fazer uso dos seus poderes extra-
ordinairos.

Tipos de sistema de governo:


Sistema diretorial:
- Baseado numa concepção rígida da separação de poder, casamento sem
divorcio entre o poder executivo e administrativo;
- Sistema muito próximo do sistema presidencial, a única diferença é que o
órgão executivo é colegial, não tendo apenas um titular. Este órgão colegial tem
o poder sobre o governo;

Sistema convencional ou de assembleia:


- Forte influencia do pensamento de rosseau, modelo inspirado em rosseau com
três caraterísticas:
. Rejeita a separação de poderes, concentrando os poderes numa
assembleia ou convenção;
. Essa assembleia exerce todos os poderes por delegação do povo. Mas
apesar de ser a assembleia a concentrar todos os poderes do povo, essa
assembleia vai por sua vez conceber órgãos colegiais a quem delega o
poder.
. Os órgãos colegiais, são totalmente responsáveis em termos políticos
perante a assembleia. Podendo a assembleia retirar as competências a um
órgão colegial;

O modelo convencional, tem expressão no constitucionalismo francês de 1793,


que nunca vigorou (sistema jacobino );
Sistema soviético, que está presente nas constituições de 1924; 1936; 1977;
Assentes na ideia de que há um órgão que assenta todos os poderes e depois há
sucessivas delegações de poder.

Sistema de governo de raiz pré-liberal:


. Sistemas de governo que são modelos herdados do estado anterior a revolução
francesa, e por isso são modelos de forte componente anti parlamentar. Estes
modelos são:
. A monarquia limitada;
. Cessarismo;
. Governo de chanceler.
Monarquia limitada: tem na sua base o pensamento francês e a carta
constitucional francesa de 1814, o grande pensador desta monarquia é o
benjamim constam. Caraterísticas:
A fonte do poder constituinte, está no rei, o rei é o titular do poder constituinte.
O principio monárquico, legitima o constitucionalismo na monarquia limitada:
- O rei tem o poder constituinte;
- A constituição é uma auto-limitação do rei, que num ato de graça, resolve
limitar-se a si próprio. Sempre que a constituição não atribui expressamente a
competência a outro órgão, entende-se que essa competência é do rei;
- O governo é responsável, exclusivamente perante o rei;
- A lei, é proveniente do parlamento, mas a lei só é lei, se a vontade do
parlamento tiver a concordância do rei, a discordância do rei, tem natureza
absoluta; O parlamento não pode obrigar o rei a aceitar o que ele não quer, ou
não gosta; A vontade politica do estado, é a do rei, e os próprios tribunais
administram em nome do rei.
A constituição de 1814, é a constituição da restauração dos bourbons.
Em 1830, surge a revolução burguesa, que coloca no poder a monarquia
orleanista, que conjuda o principio monárquico e republicano.

Cessarismo:
- Versão francesa, do final do sec. XVIII, da concentração do poderes numa só
pessoa. Napoleão Bonaparte, e Napoleão III. É o que está subjacente a
constituição do consulado, e nas seguintes constituições que elevam Bonaparte
de cônsul a imperador.
- Recurso ao plebiscito, apelo a vontade popular, para legitimar quem exerce o
poder.
- Este modelo tem a particularidade se concentrar os poderes, e de legitimação
democrática.

Napoleão III: Eleito em 1848, na sequencia da revolução em frança, Luis


Napoleão, é eleito por sufrágio direito. Sucede, que napoleão, rapidamente, em
1852, proclama-se imperador dos franceses, com o titulo de Napoleão III. Mais
uma vez temos a concentração de poderes. Modelo vigente até 1870, quando se
desencadeia a guerra franco-prussiana.

Sistema de chanceler:
Surge na Alemanha, na constituição de 1871, que simboliza a unidade alemã. O
sistema de chanceler, tem estas caraterísticas:
- Concentração do poder executivo no monarca;
- O imperador encarrega um ministro da exerção do poder executivo, esse
ministro especial é o Chanceler, é aquele a quem o imperador delega o exercício
do poder;
- O chanceler, é apenas responsável politicamente perante o imperador, não pelo
parlamento, compete ao chanceler, indicar os nomes dos restantes membros do
governo. Com a particularidade destes membros do governo, só serem
responsáveis perante o chanceler.
- O sistema de chanceler que surge na Alemanha, pode também funcionar em
sistemas de governo republicanos, quando por e simplesmente a concentração
dos poderes se faz no P.R. mas quem os exerce é o chefe de governo, que é da
confiança exclusiva do Presidente. Quando o modelo é presidencial pode falar-se
do presidencialismo bicéfalo, o presidente da republica e o presidente do
governo.

 Aula teórica (4/12/2017)

Benjamim constam- Poder moderador. Poder que pertence ao rei, sendo o


poder mais importante, aquele que coloca o rei como o arbitro quando há
conflitos entre outros poderes.

Parlamentarismo racionalizado - Limitar o derrube dos governos por parte dos


parlamentos. Noção de censura construtiva (quando o parlamento quer derrubar
o governo, tem de apresentar outra pessoa que possa ocupar esse cargo).

Sistema diretorial- Sistema vigente na Suíça; separação rígida de poderes; o


executivo é um órgão colegial;
Governo sombra Inglês- Há uma estrutura bi partidária, normalmente os
eleitores tendem a esgotarem-se em 2 partidos (trabalhista e conservador), o
partido que não forma governo, vai formar uma estrutura de pessoas da oposição
que vai acompanhar os ministros que estão no poder que vão ter uma posição de
“critica” e de “aconselhamento”. O normal é que os ministros do governo
sombra que acompanhavam o governo “normal”, são aqueles que vão tomar
posse das funções do governo, se a oposição subir ao poder.

Sistema presidencial/ sistema semi presidencial: Só existe sistema semi


presidencial, se existir uma dupla responsabilidade do presidente perante o
governo e o parlamento. (há um presidente mas também há um primeiro
ministro). O sistema semi presidencial, confere ao presidente poderes de
intervenção extra ordinários, que não são de gestão corrente, pois a politica do
pais é definida pelo governo, que é liderado pelo primeiro ministro.
No sistema presidencial, o presidente é chefe de estado e simultaneamente o
líder do executivo.

Sistema maioritário a 1 volta e a 2 voltas: No sistema a uma volta, ganha


quem tiver maioria simples, ou seja, mesmo que alguém não tenha maioria
absoluta, pode ser o único a ter representação no poder. No sistema a 2 voltas, só
eleito na primeira volta quem tiver maioria absoluta, na segunda volta vão
normalmente os dois mais votados, caso na primeira volta não tenha havido
maioria absoluta. Na segunda volta, já se aplica a maioria simples.

O sistema diretorial, é parecido ao presidencial, mas tem natureza colegial no


órgão executivo.

Hegel acredita que cada um de nós é um ser que deve ser visto como realidade
única, e irrepetível, o ser humano é uma realidade abstrata e individual. Porém
este autor é também um dos quais, vai divinizar o estado.

Sufrágio plurinominal:
Sistema misto: conjuga normalmente 2 modelos, um sistema proporcional e um
sistema maioritário, a pessoa tem sempre 2 boletins de voto, um vai escolher
apenas um deputado (aplicação do sistema maioritário), no outro boletim já há o
sistema proporcional.

Neo- intervencionismo: O séc. XIX. Conduziu por influencia do modelo liberal


a que o estado deixasse de ter um papel ativo no plano financeiro, pois existia
crença na mão invisível do mercado. Porém, depois da grande depressão surge o
modelo kainessiano, que domina a economia, e se baseia na intervenção
estadual. O neo liberalismo, ressurge nos anos 70, pelas mãos da escola de
Chicago, que vai reprivatizar e privatizar de novo.

Função jurisdicional: está a cargo dos tribunais, que se caraterizam pela


independência;
Função administrativa: Compete prosseguir todas as outras funções do estado,
excepto a justiça. Enquanto os tribunais são neutros e imparciais na resolução
dos litígios, a administração tem sempre interesse em prosseguir o interessa.
 Aula teórica (11/12)
3ª parte da matéria
Constituição:
Acessões de constituição:
- A constituição como o documento, o texto que se designa como constituição, a
lei correspondente publicada no jornal oficial. A constituição como texto em
sentido material;
- A constituição em sentido formal- obedece a uma: intencionalidade de
formalização e elaboração; Ideia de que a constituição é a norma superior, que
serve de parâmetro e padrão de todas as restantes normas;
- Constituição em sentido material: Matérias sobre as quais versa o texto da
constituição; Organização do poder politico e direitos fundamentais das pessoas.
A lei que trata quer da organização do poder politico, quer dos direitos
fundamentais;
- Constituição em sentido histórico, em sentido institucional, ideia de que não
existe estado sem constituição; A constituição em sentido histórico, é tão velha
quanto é a existência do estado, pois não há estado sem um mínimo de regras
que digam respeito a sua organização e funcionamento; Antes de haver mesmo
um texto escrito, sempre existiram normas que fizessem a regência das
organizações do estado; O modelo britânico, tem a particularidade de assentar
numa constituição em sentido histórico, e não formal, a constituição britânica é
flexível e não é instrumental, é uma síntese entre leis provenientes do
parlamento e costumes.

O poder da constituição dentro do sistema politico:


- Conceção tradicional: fundamentalmente, esta conceção assenta em 3 ideias:
. Ideia da unidade- a constituição expressa a unidade do poder, e da
vontade do estado. A constituição é 1 só documento;
Ideia da força prevalecente da constituição, a constituição ocupa o topo
da pirâmide das normas de um determinado país.
A constituição é o parâmetro de todas as demais normas. A constituição
não se deixa alterar por leis ordinárias contrarias a constituição, ou seja,
força prevalecente da constituição, como parâmetro das demais normas, e
ideia de que a constituição resiste a modificação por parte de uma lei
ordinária contraria, sendo esta lei ordinária contraria inconstitucional;
Ideia de que existe um monopólio decisório, pois o estado é o único que
pode fazer e rever a constituição.

Argumentos que colocam em causa o modelo tradicional:


1º- Constitucionalismo Britânico: Porém, esta ideia não funciona em
total, um exemplo disso, é o constitucionalismo britânico, em que a
constituição não resulta de uma ou varias leis, mas sim de costumes. Para
além disso a própria sociedade está presente na feitura da constituição, e
os órgãos que funcionam fora do estado. (ação dos tribunais p.e.).

2º- Complexidade da ordem de valores da constituição: A conceção


tradicional diz-nos que a constituição nos permite identificar uma ordem
de valores. Porém as constituições, são cada vez mais compromissórias,
que obedeceram, no fundo, a pactos entre os vários partidos políticos que
têm ideologias diferentes e interesses diferentes. Ou seja, por vezes
interpretar uma norma constitucional, nem sempre é fácil, porque por
vezes não resultam de uma ideia fixa. (p.e. A interpretação das normas
sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo; A interpretação das
normas sobre o aborto). A interpretação da constituição, pode então ser
uma tarefa de grande complexidade, o que coloca em causa o mito da
unidade absoluta e inquestionável da constituição.

3º- Ideia de que, ao lado da constituição oficial, e escrita que foi


aprovada por uma assembleia constituinte, é sempre possível o
desenvolvimento de uma normatividade não oficial, ou seja, não escrita,
as normas constitucionais são passivas de serem invertidas ou subvertidas
através de uma pratica reiterada, que adquira força de obrigatoriedade.
Formam-se normas que podem ser de acordo com a constituição
(secundo legem), para além da constituição (prater legem), e contra a
constituição (contra legem).
(Ex. a constituição de 1976, tinha ideias socialistas para o futuro
português na sua base, mas em 1977 Portugal vai fazer um pedida de
entrada as nações europeus, o que ia contra as ideias socialistas marcadas
na constituição.) Em conclusão, podemos ter uma constituição oficial e
uma constituição real, a constituição real é nos dada pelo costumes que
estão verdadeiramente em vigor.

4º- Fragmentação da força normativa da constituição: Relativização da


forma absoluta da constituição. Primeiro, porque há normas da
constituição que perderam efetividade, podem estar na constituição
formalizadas, mas não são aplicadas. Em segundo lugar, temos o
exemplo da constituição que está subordinada ela própria a normas
superiores à própria constituição. (P.E. Carta dos direitos do homem;
Artigo 16 da C.R.P). A questão que se coloca é: A DUDH, está acima da
constituição por vontade da própria? Há quem entenda que sim, que a
constituição se auto subordina a DUDH, e há quem entenda que não que
a própria DUDH, se impõe a constituição.

 Aula teórica (12/12)

Os aplicadores da constituição. Quem são os destinatários das normas


constitucionais?
1º São destinatários das normas constitucionais, todos aqueles que exercem
funções do estado, todos em todas as funções do estado devem aplicar a
constituição. Mas há formas diferentes de aplicação:
- Os juízes têm um poder de fiscalizar a constitucionalidade das normas-
fiscalização difusa da fiscalidade; (sistema que surge nos estados unidos,
primeiramente); Os juízes, são os últimos garantes da constituição,
aplicam-na sempre que rejeitam uma norma que lhe seja contraria;
- A administração tem uma posição diferente, por via de regra estes
órgãos devem aplicar normas inconstitucionais, porque: Em primeiro
lugar, os tribunais é que têm o poder de fiscalizar a constitucionalidade;
Em segundo lugar, se o administrativo, não aceita-se uma norma sempre
que acha que é inconstitucional, isso traria anarquia; Em três casos o
administrativo pode recusar aplicar normas inconstitucionais:
- Quando estamos perante normas chocantes, que violem a justiça, as
quais não se devem obediência;
- Quando a própria constituição, define que aquela norma
inconstitucional é inexistente;
- Quando a norma viola direitos liberdades e garantias dotados de
aplicabilidade direta (art. 18 nº1 da C.R.P);

São aplicadores da constituição todos os órgãos que têm funções do estado, e os


privados que exercem funções publicas (ex. concessionários). Os particulares
que não exercem funções publicas, também estão vinculados a constituição?
Sim, mas esta vinculação tem particularidades:
- A vinculação dos privados, não é perante todas as normas;
- Mesmo normas a que os privados estão vinculados, esta vinculação é exercida
de forma diferente;
- A vinculação das entidades publicas, é sempre mais rígida do que as dos
privados, as entidades publicas têm um grau mais intenso de vinculação as
normas fundamentais;

Ex. da menor vinculação das entidades privadas aos direitos fundamentais: Não
é possível, existirem discriminações em relação a religião na entrada para a
função publica, algo que pode acontecer no caso dos privados; A validade ou
invalidade das leis, tem a ver com a adequação de que se dá as normas. O que a
constituição proíbe é uma discriminação infundada. Há uma margem maior de
liberdade das entidades privadas que das entidades publicas.

É possível, a aplicação externa da constituição? Sim, por exemplo:


- As normas sobre direitos fundamentais, são normas de estatuto fundamentais
que seguem a pessoa. Ou seja, no estrangeiro, as pessoas de um país continuam
vinculadas a certas normas da constituição, caso estas normas sejam compatíveis
com as normas de outro país. A aplicação externa da constituição, depende
sempre da territorialidade.
- No caso, por exemplo, de um divorcio entre franceses, se dar em Portugal, a
norma que se aplica deve ser a francesa, ou seja, segundo o C.C francês. O
tribunal Português, neste caso teria um hipotético poder para fiscalizar a
constituição, contudo é preciso ver como funciona o sistema judicial do país
estrangeiro, pois apenas podem fiscalizar a constitucionalidade caso no país
estrangeiro os tribunais também tivessem esse poder.
- Há normas, que regulam a negociação e a celebração de tratados internacionais,
isto é, de acordos internacionais, a regra é: um estado não pode invocar a
violação de uma norma sua, para deixar de cumprir um tratado internacional-
ratificações imperfeitas- exceto no caso de violar uma norma fundamental do
estado.
- O tratado da união europeia, e a carta dos direitos fundamentais da união
europeia, falam da tradição constitucional comum aos estados membros da união
europeia. No fundo, há denominadores comuns aos estados membros da união
europeia, e são fonte e princípios gerais de direito da união europeia. Estes
princípios gerais orientam o direito consagrado na UE. A constituição dos
estados membros da união europeia, são tidos como tendo todos princípios
gerais, que vinculam o direito da união europeia.

Defesa da constituição:
-Medidas de proteção da constituição:
1º Aplicação da constituição; Importa referir que não é possível o abuso de
constituição, ou seja, utilizar a constituição para colocar em causa a própria
constituição.
2º Há mecanismos de defesa interna e externa: Mecanismos de defesa interna,
são aqueles que existem dento da própria constituição e no território do estado;
Os mecanismos de defesa externa são os que existem fora do território do
estado;
Mecanismos de defesa interna:
1º - Mecanismo de defesa da identidade axiológica da constituição- através dos
limites materiais- a constituição faz um elenco de matérias que não podem ser
livremente objeto de revisão constitucional, pois caso fossem objeto de revisão
constitucional, descaraterizariam a própria constituição.
2º - Garantia da força normativa da constituição- envolve a existência de um
mecanismo de fiscalização da constitucionalidade- não aplicar as normas de
direito ordinário, contrarias a constituição. A fiscalização da constitucionalidade
pressupõe que esta é: rígida e que se sobrepõe ao direito ordinário.
3º - Existência da necessidade constitucional. (art 19 da C.R.P), prevê que
perante atentados a constituição, esta tem mecanismos que permitam que a
constituição resiste perante estes cenários de exceção não morra. Ex. Estado sitio
ou de emergência, que fazem com que a constituição preveja, formas diferentes
das habituais, do funcionamento e aplicação das normas da constituição, a
constituição neste caso transforma-se numa situação de exceção.
Existe então uma constituição que vigora normalmente, e uma constituição que
vigora durante os casos de exceção. Garantindo a constituição pois: é a própria
constituição que prevê os casos em que se declara esta emergência; e a um
segundo mecanismo, que é o dever que impõe em todos nós de refazer o
constitucionalismo regular;
4º - Direito penal politico – mecanismo que permite tratar com condutas
criminosas, os atentados feitos contra a constituição. Visa, sancionar
criminalmente, as condutas atentatórias da constituição. Ex. Na Catalunha estão
a ser perseguidos aqueles que foram contra a constituição.
5º - Garantia da constituição quando todas as outras falham- Mecanismo de
autotutela privada. Tem uma natureza excecional, sendo que se utiliza quando
todos os outros mecanismos de defesa da constituição falham. Garantia
individual, e direito fundamental de todos nós. (art 21 da C.R.P.)

Mecanismos externos de defesa da constituição:


1º Mecanismo previsto no tratado da UE, que prevê que em caso de emergência
se possa suspender. Se um estado membro da UE, viola regras do estado de
direitos humanos, a união europeia pode vir a suspender a participação desse
país na união europeia.

 Aula teórica (18/12)

1º Cessação de vigência da constituição


2ºDissolução da constituição

1º Cessação da vigência da constituição


. A cessação pode ser: Parcial ou Total; Pode apenas cessar a vigência de algumas
normas, mantendo-se a constituição em vigor, e em contrapartida pode toda a
constituição cessar a sua vigência.
. A constituição pode cessar vigência por: processos regulados pela constituição
(cessação mediante processos regulados pela constituição); processos marginais a
constituição (a constitucionais/inconstitucionais):
Processos de cessação de vigência de acordo com a constituição:
o Revisão constitucional: Alteração da constituição, mantendo-se
em
vigor a mesma constituição- cessação parcial da constituição;

o Transição constitucional: Mudança da constituição, cessação da


identidade da constituição, a constituição A dá origem a
constituição B, respeitando as regras da constituição A.
Modificação radical da constituição em vigor, respeitando as suas
normas.
Processos de cessação de vigência a margem da constituição:
o Processos de rotura constitucional de forma revolucionaria.
Exemplo: A constituição Portuguesa de 1976, surge devido a uma
revolução.

o Processos a constitucionais, sem natureza revolucionaria, não há


revolução, mas há uma modificação das normas constitucionais,
para cessar a vigência de uma constituição. Exemplo: Revisão da
constituição de 1911, em 1917 por sidónio pais, feita em
contrariedade com as normas da constituição de 1911.

2º Dissolução da constituição
. Perda de relevância da constituição nacional, que significa que a constituição
nacional, não é hoje a ultima palavra em matéria constitucional, e não o é, por
duas razões:
- A criação de um ius commune constitucional, que trata matérias imperativas
para todos os estados, o que significa, que a constituição nacional, não pode
contrariar estas normas de natureza imperativa para todos os estados.
- Existe um ius commune constitucional, de matriz europeia, que vigora à escala
dos estados membros da união europeia.

Análise das normas constitucionais

1º Que tipos de normas constitucionais existem:


o Normas regra;
o Normas permissivas;
Esta distinção tem a ver com o grau de abstração das normas.
As regras são normas de certeza. Uma norma regra dita um ponto de
certeza. (ex. só se pode candidatara a P.R. quem tenha mais de 35 anos,
ou seja, ou tem 35 anos ou não tem 35 anos.)
As normas permissivas, não têm um grau de determinação à priori, ou
seja, são regras que concertam conceitos vagos. As soluções nas normas
princípios são soluções plurais. Que admitem ponderação, e analise,
adaptando cada caso concreto a uma certa norma. (ex. art. 127 nº1 B do
C.C; Normas que tratam o principio da boa-fé). Os princípios exigem
conciliação, não obedecem a logica do tudo ou nada, podem existir
princípios com natureza conflituante, que tenham um grau de mera
convivência entre si.

Há dois tipos de princípios na aplicação das normas:


o Principio de concorrência coexistência, em que ambos têm de
conviver;
o Principio da concorrência alternativa, em que ou vigora um
principio ou outro.

Os tipos de normas constitucionais, dependem do modelo de


constituição:
- O tipo de constituição condiciona o tipo de normas, nas constituições
liberais, as normas são tipicamente orgânicas e funcionais; Normas
orgânicas têm a ver com a estrutura dos órgãos, e normas funcionais têm
a ver com o funcionamento dos órgãos;
- Existem também normas relacionais, que remetem para uma relação
entre o poder e os cidadãos ou os cidadãos e o poder. Dentro das normas
relacionais, podem ser: Percetivas (normas que produzem de imediato os
seus efeitos) ou Programáticas (definem fins, e carecem de posterior
intervenção legislativa, dizem-se por isso normas não exequíveis por si
mesmas).
Pode regular-se a inconstitucionalidade das normas por: Acão ou por
omissão.
Os direitos sociais, são tendencialmente, normas não exequíveis por si
mesmas. Os direitos liberdades e garantias, são ao invés associados a
normas exiquiveis por si mesmos.

2º Problema da interpretação da norma:


- Interpretar, é revelar o sentido da norma.
o Todas as normas carecem de interpretação, os elementos que nos
permitem interpretar uma norma são:
-Elemento literal, o enunciado linguístico; Toda a
interpretação parte da letra da lei, neste caso da
constituição. Todas as interpretações têm de ter um
mínimo de correspondência da letra do preceito. A letra é
o principio e o fim aferidor da interpretação. Contudo, a
interpretação não se cinge à letra da lei.

-Elemento histórico: sobre a génese do preceito; E sobre a


evolução do conceito.

- Elemento sistemático: A interpretação de uma alínea, não


passa apenas pela interpretação da mesma, mas sim ter-se
em consideração a lei na sua globalidade. Não é possível
interpretar uma norma, sem ter em conta toda a sua
globalidade. A interpretação sistemática, atende a
coerência do sistema jurídico.

- Elemento teológico: Refere-se ao fim da lei, e ao


propósito que a lei tem.

Quais os sujeitos que podem interpretar a constituição:


- Principio da abertura interpretativa da constituição, ou o principio da
pluralidade de interpretes da constituição, não há um só mas há vários interpretes da
constituição, quem são os interpretes da constituição:
1º Interpretação autentica da constituição: Assembleia da Republica, que pode
fazer as revisões constitucionais. Pode fazer esta interpretação por via, de leis
interpretativas, que surgem através de um processo legislativo especial- Revisão
constitucional. As leis interpretativas, retroagem à data do inicio de vigência da norma
interpretada, é sempre uma lei retroativa.

2º Interpretação judicial da constituição: Feita pelos tribunais, porque em


Portugal ao abrigo do art. 204 da C.R.P, todos os tribunais têm o poder e o dever de
fiscalizar a constitucionalidade das normas que aplicam.

Notas: Há um principio da interpretação conforme à constituição, significa que,


quando uma norma tem 2 sentidos possíveis, mas só 1 deles é compatível com a
constituição, o interprete tem uma obrigação, de preferir a interpretação de acordo com
a constituição. Se há 2 sentidos possíveis, então tem de se verificar que se salva a
vigência da norma.
Pode existir conflito entre a interpretação do tribunal constitucional, e a
interpretação autentica da assembleia da republica. Neste caso, a assembleia da
republica, tem sempre a ultima palavra nesta matéria. Num caso de conflito, entre a
interpretação autentica da assembleia, e a interpretação do TC, a AR tem sempre a
ultima palavra.

3º Interpretação politica: O PR, é por exemplo, o único interprete de saber


quando o governo está a por em causa a estabilidade politica;

4º Interpretação administrativa: dos órgãos que aplicam a constituição;

5º Interpretação doutrinal

 Aula teórica (19/12)


- Interpretação da constituição
- Interpretação intra constitucional- Neste caso a interpretação das normas
abaixo da constituição, deve ser feita conforme com a constituição.
Interpretação da constituição:
1º Principio da unidade- interpretar uma norma da constituição, tem de ter em
conta toda a constituição; Principio da natureza sistemática do direito;
2º Principio do efeito integrador- A constituição, não vive isolada da dimensão
social, nem vive isolada da constituição politica. Todas as normas da constituição, têm
relevância dentro de uma realidade;
3º Máxima efetividade das normas constitucionais: Este sentido dita que
devemos sempre procurar a máxima efetividade das normas constitucionais;
O principio da máxima efetividade, dá-nos a solução que amplia sempre a
proteção dos principio que estão consagrados na constituição.
4º Principio da concordância pratica: Por vezes as normas da constituição, têm
soluções antagónicas, que são no fundo conflituantes. Devemos sempre proceder a uma
ponderação, ou seja, um equilíbrio entre as normas em conflito, de modo a que uma
norma não possa “devorar” a outra norma.
5º Principio da forma normativa da constituição: Nós devemos interpretar, as
normas da constituição, garantido que a constituição é verdadeiramente uma lei viva, ou
seja, uma lei com verdadeira força jurídica. Não é possível “matar” normas da
constituição.

Integração da constituição

Dentro do plano do regulador, podem existir situações que não tenham


disciplina jurídica constitucional, ou seja, casos de lacuna constitucional. O
problema, encontra-se, em como encontrar a solução para integrar a lacuna na
malha jurídica. Como encontrar a solução para os casos omissos de disciplina
normativa?

1º- Recurso ao costume: Não havendo norma escrita, mas havendo costume, este
resolve a situação;
2º- Recurso a analogia: Se a matéria não tiver costume, então é útil recorrer ao
C.C, procurando tratar a situação de forma analógica (utilização de uma norma
próxima, para solucionar um problema idêntico, aquele que a norma trata); Deve
começar por procurar-se se há uma norma na constituição, que possa ser
aplicada por analogia ao caso; Do mesmo modo, pode recorrer-se à analogia, em
casos internacionais. (ex. utilização de normas comuns aos estados membros da
UE, para resolver um problema, que não está consagrado no direito português);
3º Criação de uma norma por parte do interprete: O interprete cria uma norma,
para resolver um caso concreto, como se do legislador se tratasse;
4º Eficácia das normas constitucionais: Em regra as normas constitucionais, têm
aplicação dentro das fronteiras do próprio estado. Exceto aquelas que tratam
direitos fundamentais.

Eficácia temporal das normas constitucionais:


- As normas constitucionais produzem efeitos para o presente e para o futuro;
- Podem contudo existir normas que têm retroatividade; A questão que se coloca
é: A salvaguarda da vigência do direito ordinário anterior a constituição; O
direito ordinário anterior a constituição, não desaparece da ordem jurídica, ele
mantem-se em vigor, desde que seja materialmente conforme com a ordem de
valores da constituição. Isto é, o direito ordinário anterior, que foi elaborado
noutras constituições, fica em vigor, se for conforme com a nova constituição.

A inconstitucionalidade do ato, pode ser feita de dois modos: Por omissão, ou


pelo conteúdo material da norma.

Inconstitucionalidade pretérita: Desconformidade de uma norma de direito


ordinário, face a um texto constitucional, que já não está em vigor. O fim da
vigência de um texto constitucional, não significa que ele não posso ter uma pós
eficácia.
Pós eficácia: Produção de efeitos no presente, de um texto constitucional que já
não está em vigor.

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