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1. As formas de governo.......................................................................................................2
2. Os regimes políticos.........................................................................................................3
Tipos de governo..................................................................................................................3
Vantagens e inconvenientes.................................................................................................4
3. Os sistemas de governo....................................................................................................5
V - REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS ELEITORAIS.........................12
1. A representação política.................................................................................................12
2. Sistemas eleitorais..........................................................................................................14
3. Partidos políticos................................................................................................................24
1. As formas de governo
Formas de governo são uma categoria ou pouco abrangente ou excessivamente abrangente.
Atualmente, não nos diz muito, é uma leitura que diz respeito à instituição do Chefe de Estado
e assenta na contraposição entre monarquias e repúblicas.
Jorge Miranda olha para as organizações políticas a partir de alguns critérios: legitimidade,
representação, participação política, separação de poderes e pluralismo. Vitalino Canas
acrescenta o critério da ideologia.
Com base nos critérios, analisamos a forma como as comunidades políticas estão
organizadas. Há tipologias de formas de governo mais complexas, e sobrepõe-se à classificação
dos regimes políticos, variedade de formas de organização política.
Governo tipo Cesarista - forma de governo inspirada por Napoleão, que introduziu - inspirado
em Júlio César. Assenta na soberania popular, legitimidade democrática. Há concentração de
poderes no imperador, apesar de formalmente não se rejeitar a separação de poderes, na
prática há concentração. Limitação de liberdades pessoais. Ideia de representação mitigada
porque as decisões são submetidas a consultas populares que são uma forma de garantir a
legitimidade do Chefe de Estado, do Imperador - são utilizadas para que as pessoas
manifestem o seu apoio ao governante que mostra a lógica unilateral do poder (ex.: uma
constituição é feita e proposta e o povo só aceita).
Governo Leninista - modelo russo instaurado com a revolução de 1917 e que se difundiu.
Legitimidade, o poder pertence ao povo, à classe trabalhadora. Não há deia de representação.
Há concentração de poderes, formalmente nos sovietes mas, na realidade o Partido Comunista
que é o dinamizador da vida política, governa o país. Centralismo democrático: há órgãos
eleitos, mas na verdade temos um sistema fortemente centralizado que não permite
pluralismo e onde vigora uma concentração de poderes e uma rejeição do pluralismo político
2. Os regimes políticos
Um regime político é um tipo de forma política. Uns afirmam que traduz a ideia de direito
existente numa comunidade; outros dizem que tentam compreender qual a fonte de
legitimidade. Os tipos de governo estudam-se na CP, e são uma forma de relacionar
governantes e governados. Ao longo das HIP, foram dadas várias classificações.
Tipos de governo
A forma de governo pode ser dividida em duas acessões: institucional ou complexa.
Vantagens e inconvenientes
O chefe de estado em monarquia permite a estabilidade. Contudo, pode ser uma
desvantagem – as vantagens da monarquia podem ser vistas como os inconvenientes da
república. O povo não pode escolher os governantes na monarquia.
No entanto, no Estado Novo, tínhamos uma república que não era democracia.
O princípio do Estado laico é o princípio no qual as repúblicas são sistemas em que o Estado é
laico.
No art.º 288º, verificamos que é a forma republicana de governo a do nosso país. Não se usa,
na constituição, a denominação de “chefe de Estado”, mas “presidente da república”. Quem
pertenceu a uma família que reinou não pode ser chefe de Estado (algo que estava presente
na constituição de 1911, mas na de 76 não há nada semelhante, por causa do princípio da
igualdade). As pessoas não devem eternizar-se no poder (art.º 118) – separação temporal de
poderes (o poder não deve estar sempre concentrado na mesma pessoa, evitando que o poder
se concentre e que os titulares “abusem”, é uma técnica de limitação do poder). A única
exceção são os antigos presidentes da república no conselho de Estado.
Há quem entenda que continua a fazer sentido utilizar as formas de governo, mas de uma
forma mais complexa. Por exemplo, o prof. Jorge Miranda entende que, para classificarmos
uma forma de governo, temos de utilizar critérios já conhecidos: legitimidade, existência ou
não de separação de poderes e pluralismo e a representação política (perceber se as pessoas
participam no poder e estão representadas no poder). Atualmente, predominam formas de
legitimidade democrática. O poder pertence ao povo de forma a traduzir o que entende que
deve ser o governo: limitado e respeitando os direitos fundamentais. Durante muito tempo, a
conceção foi a de que o monarca era absoluto e devia governar porque era ele que sabia o que
era melhor para o povo.
Há entendimentos diferentes quanto à liberdade política e ao pluralismo. Há regimes que
reconhecem expressamente pluralismo e outros que não o reconhecem, como regimes
comunistas. Sabe-se que, em regimes totalitários e autoritários, há compressão do pluralismo.
O reconhecimento constitucional mostra esta ideia de alternância (quem, num determinado
momento, é maioria, pode não ser no momento seguinte – art.º 114/2). A própria constituição
dá direitos às minorias parlamentares importantes no funcionamento do parlamento.
3. Os sistemas de governo
SISTEMAS DE GOVERNO
Classificação restrita interna: deixamos de parte a função judicia e olhamos para os órgãos que
exercem o poder: Assembleias, Parlamentos; Governos; Chefes de Estado - em relações
diferentes entre si.
Vemos as relações entre os órgãos da função política, olhando quer as normas que definem
os seus poderes quer à realidade política (dimensão jurídica – as normas), mas também a
realidade política (o que cada órgão efetivamente faz, e como a dinâmica da vida política
influência o funcionamento do sistema). As normas são as mesmas mas a forma como a
realidade política se desenvolve pode variar. Análise jurídico-constitucional e Ciência Política
JORGE MIRANDA - estabelecer os modelos e tentar concretizar nos países-tipo tendo em conta
que a realidade é muito mais rica.
Sistema parlamentar
Ex.: França Napoleónica em que o Imperador era Chefe de Estado. Legitimidade democrática
mas há concentração de poderes no Chefe de Estado
Pode ter legitimidade democrática em que o poder pertence ao povo porque ele está
representado na Assembleia. Concentração de poderes compatíveis com legitimidade
democrática- França - não há partido único - Convenção em França. Sistema de governo
soviético - o poder formalmente está concentrado em Assembleias, mas na realidade está
concentrado no partido. Sistemas de concentração de poderes em Assembleias e não há
propriamente deputados porque não há representação política - os membros da Assembleia
não são representantes do povo.
As leis que o governo faz são enviadas ao PR, que pode vetar ou aceitar. A promulgação está
contemplada no artigo 136, e no 278 fala-se em enviar a lei ao TC. Em relação ao PR, o
governo pode submeter alguns dos seus atos a referenda. O presidente tem mais poder em
relação ao governo do que vice-versa.
Para estar plenamente em poderes, o governo tem de ser aceite pela AR (art.º 188). Antes da
aprovação do programa, o governo limita-se ao estritamente necessário, não estando em
plenitude de funções, mas em gestão (governo de gestão, contemplado no 186/5). Só se o
programa for aprovado é que o governo fica em plenitude de funções.
A AR certifica a tomada de posse; não é igual, mas é o paralelo no nosso sistema perante o
“impeachment”.
Nos parlamentos arena, são importantes as reformas legislativas. Os partidos têm tendência
a serem os atores principais, e o papel do deputado apaga-se. O partido passa a ser mais
importante do que o deputado. Diz-se que os parlamentos funcionam mais como órgãos de
partidos do que de deputados, dando origem à “partidocracia” (o poder pertence ao partido),
diferentemente de democracia (onde poder pertence ao povo). Para alguns autores, o
parlamento português é essencialmente um partido arena.
Podemos pensar, com base nesta situação, se faria sentido revitalizar o papel do parlamento.
Também há variáveis ligadas à postura do presidente que afetam o governo. Há autores que
dizem que, durante o período da pandemia, o PR assumiu maior protagonismo, e o sistema
passou a ter uma prática mais presidencialista, e isto tem a ver com circunstâncias e
características do PR, pessoais, e não jurídicas.
Entre o partido e o presidente, o último não se assume como líder do partido, como
acontece, por exemplo, em França.
Estudamos as normas, mas o sistema pode funcionar de formas diferentes consoante fatores:
por exemplo, o governo tem ou não maioria absoluta de apoio no parlamento? Como é vista a
figura do PM? Qual a relação entre o PR e os partidos?
Alguns autores, pegando nestes elementos, identificam vários períodos pós 25 de abril:
períodos de coabitação vs. coincidência de maiorias. A coabitação é um período em que a
maioria de apoio ao governo e ao PR não são a mesma. O PR pode ser de tipo antagonista ou
cooperante. Vitalino Canas, sobre sistemas de governo, ler: p
Para alguns autores, não faz sentido falar de coabitação em Portugal, pois só faz sentido
quando o PR se assume como líder da maioria partidária. No entanto, podemos continuar a
olhar para o sistema de governo e perceber se a maioria de apoio ao presidente é a mesma do
governo. Ao longo da história constitucional, tivemos os dois (governos de António Guterres
que coincidiam com Presidentes ou a experiência atual).
Quando o governo tem maioria absoluta, tende a governar o parlamento com estabilidade, e
o papel do PR tende a reduzir-se. Quando isto não acontece, há maior instabilidade, e o papel
do PR é maior. Se não há uma maioria absoluta clara em eleições, o PR pode nomear quem
quiser para haver estabilidade. O mesmo acontece em relação ao veto: se o presidente vetar,
devolve o diploma ao parlamento.
Os autores dizem que, quando não há maiorias absolutas, a componente do presidente
torna-se mais forte, e vice-versa. Há uma governamentalização, e o sistema tende a funcionar
como um sistema semipresidencialista de PM: sistema semipresidencialista de chanceler (na
Alemanha, o chanceler é o primeiro-ministro). A ideia é mostrar que, esses momentos, quem
lidera é a figura do PM.
No dia a dia da vida democrática, há maior pendor para o governo. Na CP, faz-se muito a
distinção entre dois tipos de sistemas semipresidenciais. É uma distinção de Shugart e Carey,
que falam dos sistemas (i) “semipresidencialistas premier presidenciais” e (ii)
“semipresidencialistas presidenciais parlamentares”.
Nem todos os sistemas são iguais, e funcionam de formas diferentes. Podemos ver que
poderes o parlamento tem, consoante estão previstos e são exercidos.
(i) Sistemas de PM: avulta a sua figura, e o chefe de estado tem menos poderes que o governo;
o presidente nomeia o primeiro-ministro, que nomeia o governo, e o parlamento pode
destituir o governo e primeiro-ministro. É o parlamento que tem o poder de destituir o
governo, com moções de censura ou confiança.
(ii) Sistema de CE: o chefe de estado tem mais poderes (nomeação e demissão do governo) e
efetivamente o governo pode ser demitido quer pelo parlamento quer pelo chefe de estado. O
presidente e o parlamento podem demitir o governo.
Na versão inicial da constituição, o sistema nosso era o segundo, e o governo era duplamente
responsável; depois da revisão de 82, os poderes presidenciais foram atenuados: o presidente
continua a poder demitir o governo, mas em situações excecionais (184/2). Na verdade, quem
tem o poder de fazer cair o governo, verdadeiramente, é o parlamento.
Do ponto de vista jurídico, o governo pode ser demitido pelos dois. Do ponto de vista
político, o parlamento tem um poder forte de demissão do governo, ao passo que o presidente
só pode fazer cair o governo em circunstâncias excecionais. É por isso que muitos autores
dizem que temos o segundo sistema de governo. Esta é uma leitura que não corresponde à
realidade do que é dito na CRP.
(i) Mandato imperativo: que tipo de vínculo se estabelece entre os eleitores e eleitos? Se se é
eleito, tem se de fazer exatamente o que o eleitor pede e, se não o fizer, é destituído. Esta
figura é inspirada na conceção de Rousseau. A soberania não se representa, é do povo e
continua a ser do povo.
(ii) quando alguém escolhe um representante, têm de agir em nome do interesse público
mas podem afastar-se dos interesses particulares de quem os elegeu. A partir do momento em
que é eleito, tem de encontrar a melhor solução para o interesse público e vida institucional.
Este é o princípio que a constituição adota (152/2). A representação é essencialmente feita
através de partidos, mas alguns autores dizem que a representação foi capturada pelos
partidos e são eles que têm o poder. As pessoas participam no poder com o direito de sufrágio,
direito de petição direito de informação, ação popular, iniciativa legislativa, liberdade de
expressão e associação, etc., que são direitos muito importantes para a participação ativa das
pessoas na vida política.
O direito que se destaca mais é o direito de sufrágio. O sufrágio é uma escolha de pessoas
(titulares de órgãos; eleição), de ideias (referendo).
Eleição e referendo são duas modalidades de sufrágio. Alguns autores dizem que “o sufrágio
é o direito político máximo”. Por sua vez, as eleições são essenciais para um regime ser
democrático. Contudo, não basta haver eleições. É preciso que elas sejam livres, competitivas
(diversas propostas em confronto), com prazos e eleição com voto democrático (livre,
democrático, direto).
Uma das restrições feita ao sufrágio era o género (as mulheres não tinham direito de voto e,
quando começaram a tê-lo, só a título excecional). A idade (entende-se por causa da
maturidade, não é uma discriminação, mas uma limitação; se o limite de idade fosse 30 anos,
não faria sentido). A universalização do sufrágio fez com que mais pessoas votassem, e surgem
assim os partidos de massas.
O sufrágio pode ser único, múltiplo ou plural. É único se cada eleitor tem um voto (também
chamado de simples). É múltiplo se a mesma pessoa vota várias vezes na mesma eleição (tem
tantos votos quanto as qualidades que a permitem votar: por exemplo, votam os cidadãos, os
titulares de determinado cargo, os estudantes e idosos, etc.; chegou a vigorar na Grã-
Bretanha). No plural, a mesma pessoa tem vários votos a seu cargo (alguém que vota em seu
nome e em nome dos seus filhos; chegou a existir na Bélgica). Se todos os eleitores têm um
voto igual, é o voto igualitário. O voto das pessoas, quando não vale o mesmo, é o voto
desigualitário.
Quanto ao exercício, o sufrágio pode ser obrigatório (com sanção caso não votem) ou
facultativo. A questão tem implicações jurídicas: a obrigação de votar é uma restrição do
direito de voto. Mas não parece ser essa a leitura da CRP, que consagra o direito de voto como
se fosse uma liberdade, um dever que não está associado a uma sanção. Há quem discuta se
devíamos ter sistemas de voto obrigatório.
Pode também ser corporativo (se é atribuído a um grupo e exercido por esse grupo), como
uma família. Não é o voto dado a cada pessoa, é um voto dado a uma pessoa porque ela
representa o seu grupo.
Pode ser uninominal ou plurinominal: o primeiro acontece se, quando votamos, votarmos
numa pessoa (num nome). Em cada círculo eleitoral, escolhemos uma pessoa. No entanto, os
círculos eleitorais em que vamos votar podem ter vários candidatos, e aí é o voto plurinominal,
que se pode exercer sem lista. Os candidatos podem ser apresentados pelo partido e o mais
votado elege os lugares, ou os deputados vão sendo eleitos na proporção de votos que tiver.
Se o partido A tiver metade dos votos, tem metade dos lugares. Aqui, os deputados são
apresentados a título individual, designados consoante o voto que o seu partido obtiver.
Assim, podem ser apresentados em lista fechada ou sem ser em lista. Neste caso, elegemos
deputado a deputado.
Esta classificação está relacionada com a das divisões eleitorais. O território está dividido em
zonas: divisões eleitorais. Círculo uninominal: elege-se um deputado para todas as zonas;
círculo plurinominal: elege-se vários deputados para cada zona.
Em Portugal, temos muitas normas de direito eleitoral. 48, 49 (sufrágio), 13, 113 (dedicado
ao direito), 288. Sabemos que a CRP adota um modelo de sufrágio universal, direto, periódico.
Também temos variadas leis em matéria eleitoral, a legislação eleitoral.
Capacidade eleitoral
Estas regras podem resultar da CRP (123º), mas, em regra, resultam da legislação, variando
consoante as leis eleitorais. Um caso muito específico é a limitação de mandatos: nalguns
órgãos, como o PR, não pode ser indefinitivamente reeleito. Desde a revisão de 2004, art.º
118, a lei pode determinar limites à sucessão de cargos e dos mandatos. A lei 46/2005 de 29
de agosto estabelece limites à renovação de mandatos consecutivos aos presidente da Câmara
e Junta. Isto é uma manifestação do princípio da manifestação e da separação pessoal de
poderes.
O art.º 113/2 explica regras sobre o recenseamento eleitoral. É importante por uma questão
de segurança jurídica, assim como em termos de transparência. O recenseamento eleitoral é
oficioso, mas as operações de recenseamento estão mais atualizadas.
Quem não tem capacidade eleitoral: no art.º 2, pessoas que notoriamente apresentem
alteração grave de funções mentais. Isto está presente na Lei Eleitoral para a AR.
Inelegibilidades: o PR é inelegível para a AR; diretores e chefes de repartição e ministros de
religião (?).
Encontramos regulado o sistema de eleição na lei (art.º 16), e como se faz a conversão de
votos em mandatos. O sufrágio nas legislativas (art.º 79). Não se confunda a possibilidade de
votar antecipadamente para quem está mobilizado (art.º 79/A/B).
2. Sistemas eleitorais
Um sistema eleitoral é um conjunto de regras e de procedimentos que governam a eleição
num determinado país. No sentido restrito, “a vontade dos eleitores traduz-se no resultado” e,
neste sentido, é também a vontade eleitoral.
Quem vota? Como está dividido o território em questão de voto? Quantos deputados vamos
eleger? Em listas abertas ou fechadas?
Há muitas alternativas, os resultados a que levam também são diferentes. P.e., como é que
os votos se traduzem em lugares? Nalguns sistemas, é o princípio maioritário (quem tem mais
votos fica com tudo). Há o princípio proporcional (os lugares são distribuídos de acordo com os
votos). Os sistemas também podem distinguir-se de acordo com os círculos eleitorais. Há
muitas possibilidades.
A primeira distinção é aos círculos eleitorais: todo o país funciona como um círculo eleitoral
ou estar dividido territorialmente em círculos eleitorais (parciais) ou os dois. Os círculos
eleitorais podem ser uninominais (um mandato) ou plurinominais (vários mandatos). O tipo de
círculo eleitoral pode condicionar o sistema eleitoral que adotamos. Por outro lado, se
tivermos um círculo único e o princípio da proporcionalidade, há maior facilidade. Quanto
maior o número de deputados que possam ser escolhidos, melhor é a proporcionalidade. A
forma como os círculos eleitorais estão desenhados não é indiferente.
A forma com que os círculos são feitos influencia as minorias. Este desenho ficou conhecido
como “gerrymander”. Simplificando, os círculos distinguem-se em círculos maioritários,
proporcionais e mistos. Os proporcionais visam que no parlamento as várias tendências sociais
e políticas estejam representadas da forma mais ampla possível. A maioritária pretende
estabilidade, conseguindo a formação de maiorias estáveis, tipicamente maiorias absolutas no
parlamento. Isto leva os autores a falar nas democracias maioritária ou consensuais, adotam
sistemas proporcionais. No maioritário, é eleito o que tem mais número de votos. Se ganhar a
maioria simples, é um sistema maioritário de uma volta (“first pass the post” ou “the winner
takes it all”). Às vezes, na primeira volta, tem de se conseguir a maioria absoluta e, se ninguém
conseguir, tem de haver uma segunda volta (sistema maioritário a duas voltas). Passam à
segunda volta os mais votados e, na segunda volta, ganha a eleição quem tiver mais votos. O
objetivo de exigir esta segunda volta é garantir estabilidade e, se reduzirmos o número de
pessoas que passam à segunda volta, impedimos a fragmentação. Este sistema funciona
normalmente com círculos uninominais, mas não tem de funcionar (nos plurinominais, a lista
que tiver mais votos leva os cinco).
Lijphart diz que podemos saber quem pode governar. Num sistema maioritário, adota-se se
uma maioria. Se a representação for o mais plural possível, é o minoritário. As democracias
maioritárias com maioria absoluta são chamadas democracias maioritárias. As democracias
consensuais ou consociativistas (???) compartilha, dispersa e limita o poder e caracteriza-se
pela abrangência, negociação e concessão.
Nos maioritários, consideramos eleito quem tem maior número de voto expresso. A distinção
importante é se exigimos uma maioria simples (quem levar a maioria dos votos leva a maioria
dos lugares) – “plurality” – ou se exigimos maioria absoluta (se nenhum tiver maioria absoluta,
segue-se para uma volta) – sistema maioritário a duas voltas, “majority”. Podem continuar,
apesar de serem normalmente a duas voltas. Só passam tipicamente à segunda volta os
candidatos mais votados ou que atingirem determinado plafond de votos, para evitar a
fragmentação, induzindo, por exemplo, a coligações.
VOTO MAIORITÁRIO
Funcionam tipicamente com círculos uninominais, mas não há impedimento para que
funcione com círculos a mais para mais de um deputado.
Esta não é a única forma de eleger deputados. Por exemplo, ainda dentro (…) o voto
alternativo ou preferencial: o eleitor ordena os candidatos, ou seja, tem o boletim de voto e
estabelece a sua ordem de preferências, assinalando a primeira preferência, ou ordenando
todos os candidatos, podendo haver mudança entre os candidatos. Estas preferências vão ser
levadas em conta: para cada candidato, quantas preferências teve?
Mas o sistema maioritário também pode funcionar com círculos plurinominais. P.e.,
elegemos 5 deputados em lista bloqueada (o que lhes é apresentado é uma lista bloqueada, ou
seja, o eleitor não vai interferir no conteúdo das listas, a única coisa que vai fazer é escolher
uma lista ou outro). A lista com mais volta ganha. Pode ser preciso ir à segunda volta.
A lista ainda pode estar completa e não ser composta: o “Panachage”. Neste caso, cada
eleitor vai compor a sua própria lista. A grande vantagem deste sistema é tentar personalizar o
voto, pois o problema é que as listas fechadas condicionam.
São sistemas em que os eleitores são chamados a pronunciar-se pode ser uma situação de
voto bloqueado, em que temos tantos votos quanto os mandatos a atribuir, mas cada pessoa
só pode dar um voto a candidatos diferentes.
Nos sistemas cumulativos, a pessoa pode dar todos os seus votos a um candidato, o que faz
com que um candidato maioritário consiga ter votos suficientes para ser eleita.
Em regras, estes sistemas estão associados a círculos plurinominais ou listas. Pode funcionar
num círculo eleitoral nacional, num círculo eleitoral regional, onde várias circunscrições têm
listas diferentes.
Os sistemas eleitorais proporcionais com listas têm de utilizar um mecanismo para atribuir os
mandatos correspondentes aos votos expressos. Estes mecanismos podem ser: sistemas do
quociente eleitoral e método do divisor comum (método de Hondt), usado em PT.
QUOCIENTE ELEITORAL
Temos 20k votos, 20 mandatos, como distribuir? Neste sistema, apuramos o quociente
eleitoral dividindo o total dos votos expressos pelo nº de mandatos. Depois, vamos aos votos
que cada partido teve e quantas vezes o quociente eleitoral cabe nesses votos.
CE com 5 listas
D:
O total é 90 000 votos. O quociente é dividido pelo nº de lugares a atribuir, 4. Isto dá 22500
No método de Hondt, dividimos os votos que cada partido teve por 1, 2, 3, 4, etc.
Há outro método, como (colocar o nome do método), que divide por 1, 3, 5, 7, etc.
CE 4 mandatos
85 000 votos
5 lugares no sistema proporcional com o quociente eleitoral (determinado número deve ser
atingido, imaginemos que é 5+1), e os votos que tiver a mais são distribuídos para os outros
candidatos de acordo com as preferências que os eleitores manifestarem. Os votos já não
necessários para eleger ninguém são redistribuídos para outros candidatos. Na prática, é
proporcional, mas para cada pessoa é um escrutínio uninominal, sendo mais um sistema misto
do que proporcional.
Começamos a falar de sistemas proporcionais que, de alguma forma, têm uma espécie de
corretivos: alguns autores chamam-nos de sistemas mistos. É o caso do sistema alemão:
sistema misto/sistema proporcional corrigido.
Neste sistema, existe a cláusula barreira: fixação de um mínimo que os partidos têm de ter
para participar nas eleições. Evita a fragmentação, mas limita a possibilidade de os pequenos
partidos se apresentarem em eleições. O caso alemão é paradigmático: só têm representação
parlamentar os partidos que tiverem pelo menos 5% dos votos ou 3 candidatos nas
circunscrições, para evitar a dispersão de partidos no parlamento.
Se o partido teve mais votos no 1 do que no 2, o partido fica com os deputados que elegeu
através do voto 1, mas os outros partidos não podem ser prejudicados, pelo que o número de
lugares no parlamento seja aumentado para conseguir a proporcionalidade global. Tem 598
deputados, mas pode ter mais. Em 2021, chegou a mais de 700. Por isso, a proporcionalidade é
um corretivo. Não há limites para o número de deputados. Ele ainda é proporcional porque o é
de forma global. Nenhum partido perde deputados se obtiver mais num do que noutro, mas há
partidos que podem ter mais deputados para garantir a proporcionalidade global.
Estamos a eleger pessoas por círculos uninominais, então a ligação entre o eleitor e a política
é maior, vantagem dos círculos uninominais; também se garante uma proporcionalidade dos
lugares.
A verdade é que as pessoas votam mais por partido do que pessoa e, na prática, tem gerado
maiorias relativas e governos que precisam de coligações. Este sistema é proporcional, mas
alguns autores dizem que é um sistema misto (representação maioritária e proporcional), e
normalmente prevalece o lado proporcional ou o maioritário.
No Japão, havia um sistema misto com prevalência do sistema maioritário a uma volta. 3/5
dos deputados passam e os 2/5 são atribuídos em circunscrições com sufrágio de lista a
funcionar de forma proporcional.
Os sistemas também tentam encontrar formas de ajudar as minorias: listas incompletas (as
listas que os partidos apresentam estão incompletas, e é a pessoa que escolhe. Mas a lista que
ganhar só leva 4 deputados, e o sistema diz para quem vai este 1 voto; voto cumulativo: cada
eleitor tem tantos votos quantos mandatos o círculo elege, mas pode concentrar todos num
único candidato, e pode concentrar-se num candidato minoritário para que possa ser eleito.
Por exemplo, a nossa lei eleitoral diz que o mandato, em caso de empate, vai para a lista com
menos mandatos, tentando corrigir o sistema maioritário e proporcional.
Por outro lado, nos semipresidencialismos, a eleição direta do PR e a forma como está
pensada também influencia o sistema. No sistema francês, o presidente tem uma ligação
partidária, ao contrário do caso português. Contudo, também é eleito por causa dos poderes
que tem e como forma de os legitimar. O tipo de sistema eleitoral também se reflete nas
condições de governabilidade (capacidade de governação). Como vantagem, o maioritário
evita a fragmentação partidária. Os pequenos partidos raramente têm participação, e o
sistema tende para o bipartidarismo. Isto acontece nos sistemas de matriz britânica, que
adotam muitas vezes sistemas maioritários que favorecem bipartidarismos, e isto é visto como
algo positivo. Apesar de ser uma redução do pluralismo, é uma maior estruturação do sistema.
Os maioritários, como tendem a favorecer maiorias parlamentares, os sistemas têm apoio nos
parlamentos, sobretudo nos de maioria simples, que acabam por favorecer os grandes
partidos. É muito difícil que partidos pequenos fiquem com muitas opções. É uma vantagem,
porque os proporcionais favorecem uma dispersão de partido nos parlamentos. Pode ser visto
como um problema, mas também como uma vantagem, pois o governo tem bases de apoio
mais transversais.
O caso português tem um sistema de apoio proporcional mas já gerou maiorias absolutas.
Muitos sistemas que não conseguem maiorias absolutas conseguem coligações que viabilizam
grandes reformas propostas pelo governo. Outra vantagem dos sistemas maioritários é que
promovem a moderação política, entende-se que os maioritários tendem a conquistar as faixas
centrais do eleitorado, porque não permitem representar partidos maioritários mais
extremistas ou nas pontas do espectro político.
Há mecanismos que permitem lidar com esta instabilidade: cláusula barreira (para se
conseguir ter um deputado no parlamento, é preciso uma representatividade mínima; ao fazer
isto, distorcemos a proporcionalidade; a CRP não permite cláusulas barreira, 152/1: a lei não
pode estabelecer limites à conversão de votos em mandatos). Na prática, há círculos eleitorais
em que os mais pequenos não conseguem eleger um deputado, relacionado com a dimensão
dos círculos eleitorais. Uma forma de controlarmos a fragmentação é ter círculos eleitorais
mais pequenos: há uma relação clara entre os partidos, o número de mandatos e a
representação e círculos eleitorais.
LEIS DE DUVERGER
Duverger diz que o sistema eleitoral que se adota e influencia o sistema de partidos. Ele
tentou perceber como funciona isso, estabelecendo leis. Os sistemas eleitorais favorecem os
grandes partidos e reduzem o número de partidos que estão presentes. Mas Duverger
trabalhou esta relação de uma forma amais profunda. Em 51, em “Les Partis Politiques”;
formula as leis de Duverger.
São leis sociológicas que dizem que a representação maioritária a uma volta origina um
bipartidarismo perfeito rígido, dois partidos independentes que alternam no poder.
Representação maioritária a duas voltas leva a multipartidarismo flexível, temperado por
alianças eleitorais, os partidos tendem a fazer coligações.
Estas leis foram muito discutidas e criticadas, mas podemos entendê-las não como leis mas
como tendências. Basta olhar para a experiência portuguesa para perceber que podemos ter
representação proporcional em que há dois grandes partidos que acabam por se destacar.
Estas leis têm de ser adaptadas às circunstâncias concretas de cada situação.
Um fator que influencia muito é o sistema partidário: influencia o sistema eleitoral. Desde
que não olhemos para as leis de forma determinista, podemos continuar a utilizá-las para
identificar tendências nos sistemas eleitorais e de partidos.
--
SARTORI
Criticou as leis, e diz que, para que um sistema maioritário a uma volta dê lugar a
bipartidarismo, é preciso que o sistema de partidos esteja bem estruturado e que não haja
partidos com potencial de coligação. Por isso, o que diz é que temos de levar em conta a
estrutura do sistema de partidos. É preciso que os eleitores tenham um padrão de voto
semelhante. Se num círculo eleitoral houver um círculo mais pequeno com uma base de apoio,
pode ser eleito, e se acontecer em vários círculos eleitorais podemos ter uma força política
nova.
Chega mesmo a apresentar uma proposta de leis, mas também foi muito criticada.
O próprio Duverger ressalgou que a sua lei não se refere a sistemas eleitorais em que só dois
candidatos passam, pois este sistema não favorece nenhum formato partidário específico, o
que favorece é coligações.
DOUGLAS REA
NOHLEN
Diz que os sistemas eleitorais são apenas um dos fatores que podem influenciar os sistemas
de partidos. Podemos apenas falar em tendências e não em leis. A tendência é que os sistemas
maioritários reduzam o número de partidos e os proporcionais representem vários partidos.
Por outro lado, por exemplo, a ideia da fragmentação partidária também depende do tipo de
ideologias, das circunstâncias culturais, religiosas e políticas de determinado estado. Isto
reflete-se no tipo de forças políticas e na forma como a representação se vai fazer. É um
elemento a ter em conta, mas não o último. Podemos usar as leis de Duverger não como leis
mas como tendências.
Princípios Eleitorais do Sistema Português
Não existe um código eleitoral, o que torna muito complicado compreender as normas
existentes que se aplicam às eleições. Grande parte estão previstas na constituição e outras
em leis avulsas. Há dois artigos muito importantes na CRP para compreendermos: o art.º 10 e
o art.º 113. Este retoma os princípios aplicáveis ao sufrágio, estabelece regras sobre o
recenseamento, princípios aplicáveis à campanha eleitoral, o dever dos cidadãos de colaborar,
regra geral de converter os votos em mandatos de acordo com a representação proporcional,
no ato de dissolução de órgãos colegiais que são eleitos têm de ser marcadas novas eleições
(princípio da estabilidade eleitoral), e o princípio do controlo jurisdicional.
Estes princípios acabam por se aplicar, em geral, a todos os atos eleitorais. Para alem destes
artigos, também temos o 118 (princípio da renovação), 288/h (limites materiais de revisão da
constituição, não podemos alterar o sistema de sufrágio), 49 (direito de sufrágio) e 50 (direito
a acesso a cargos públicos).
No 115, temos previsto o sufrágio do referendo. Estas matérias estão reguladas nas leis
eleitorais, aprovadas pela AR. No art.º 164, vemos que são matéria de reserva absoluta (o
governo não pode legislar, a AR não pode sequer autorizá-lo a legislar). Estas leis têm ainda
especificidades. As leis orgânicas revestem estas leis, ou seja (166/2), têm valor reforçado
(respeitadas por outras leis) e há uma série de especificidades no seu procedimento.
(Lei 13/99)
Esta possibilidade de votar no estrangeiro levanta alguns problemas: todos somos cidadãos,
mas uns estão cá e outros não, e quem não está não deve participar na nomeação dos órgãos
políticos.
O que se entende é que as pessoas podem estar fora e manter o interesse. Se estão fora, não
sabem o que se passa”: atualmente, com tanta informação e articulação nos órgãos das
comunidades portuguesas, a informação passa, e as pessoas podem ter interesse em participar
na designação dos órgãos.
A opção portuguesa foi sempre a de reconhecer o voto externo: temos grande níveis de
emigração. Na versa original, esta possibilidade não era permitida para nas eleições
presidenciais. Ainda assim, o que acontece é que temos o voto externo nas legislativas e
presidenciais mas não o temos nas autárquicas ou regionais, e continua a haver uma diferença.
Como é que as pessoas votam? Por regra, é presencial. No entanto, para quem está fora,
votar presencialmente pode implicar andar quilómetros até poder votar. Tem-se discutido a
forma como as pessoas votam, permitindo outras formas de voto.
VOTO ELETRÓNICO
Muitas vezes, a rede diplomática é muito má (poucos postos onde se pode votar), só se
admite o presidencial. E o voto postal funciona com muitas dificuldades (é admitido com
muitas reservas). Para garantir o exercício do voto, não faria sentido falar no voto eletrónico à
distância através de uma aplicação?
Para a AR, temos previsto o sistema eleitoral proporcional (art.º 149): círculos eleitorais
geograficamente estabelecidos na lei, assegurando a representação proporcional e o método
da média mais alta em Hondt. O número de deputados é proporcional ao número de cidadãos
e eleitores nele inscritos. As candidaturas são apresentadas em partidos políticos, e as listas
podem apresentar independentes. Os residentes no estrangeiro podem optar por votar por
correspondência ou presencialmente. Segredo de voto também está contemplado.
Lei da Paridade
A participação política é uma forma de garantir que as pessoas são ouvidas. No art.º 109, a
lei deve promover, mandando o legislador tomar medidas na ação positiva. Este artigo autoriza
e até impõe estas medidas. A lei que temos é a lei da paridade. As listas são compostas de
modo a assegurar a representação equilibrada. Foi alterada em 2019: as listas de candidaturas
são compostas de modo a assegurar a paridade (40% de cada um dos géneros). Se isto não for
cumprido, a lista é rejeitada.
Ao usarmos a palavra “paridade”, estamos a respeitar a liberdade formal, e dizemos que tem
de haver uma composição equilibrada, e visa afastar a ideia do privilégio. Em termos práticos,
sabemos que o objetivo é promover a participação política das mulheres.
Esta lei é uma restrição para os partidos, que também têm direitos fundamentais, por isso,
esta lei também é uma opção que o legislador tomou para promover a participação política.
A CRP estabelece, no art.º 9, que é tarefa fundamental do Estado (c e f), mas no art.º 109,
estabelece que a participação ativa (ler o artigo).
3. Partidos políticos
O partido alimenta o sistema, escolhe e propõe candidatos, mas não faz só isto. Tem também
uma função de dinamização política, pedagógica, dinamização da função política, etc. a sua
função não se esgota quando alimentam o sistema.
Estávamos a ver a evolução histórica dos partidos. Os primeiros partidos eram de elites, de
notáveis (partidos de quadros), ligados à atividade dos parlamentos. Mais tarde, nos finais do
séc. XIX, surgem os grandes partidos (de massas ou de militantes), que representam atores
tipicamente afastados da política, como se surgissem fora do sistema – origem externa. São
grandes, precisam de uma organização estável e uma disciplina interna mais estruturada. Os
militantes são muito importantes para este tipo de partidos, que coincidem com o fenómeno
do alargamento do sufrágio.
Anos 60: espécie de evolução dos partidos anteriores, os partidos de eleitores (ou partidos
eleitorais de massas). O foco destes partidos são os eleitores, e este é um eleitorado muito
diversificado, o que faz com que os partidos adotem programas genéricos para chegarem ao
máximo de grupos possível, que diz alguma coisa a várias partes do eleitorado. Este partidos
tamb são muitas vezes chamados uma variação dos “catch all parties” (partidos que tentam
agarrar todos, e tem de ter programas tao vastos que qualquer pessoa tenha algum interesse
nestes). Podemos distingui-los, porque não são tao ideologicamente ténues. Atuam muito em
momentos eleitorais e pré-eleitorais, ligados a valores fortes, conservadores; um ex. é o
partido republicano dos EUA.
Há outras tipologias: partidos “media”, partidos que, como o próprio nome indica, são
partidos que vivem nos meios de comunicação social, apostam tudo na projeção mediática do
seu líder (que quando se afasta o seu líder não sobrevivem muito).
Partidos pós materialistas de esquerda, ligados às causas. Partidos industriais (?) que se
aproximam de partidos existentes em regimes autoritários (como por exemplo Vitalino Canas
diz…)
Há mais terminologias. Podemos olhar para os partidos numa perspetiva dinâmica, estática.
Podemos encontrar sistemas de classificação muito diferentes, baseado na ideologia, nos
eleitores, etc.. o mesmo acontece com os sistemas de partidos.
Sistemas de partidos são uma tentativa de arrumação da realidade partidária dos partidos
que existem num determinado sistema político, como se relacionam entre si, etc. vamos
encontrar diferentes sistemas partidários. O mais difuso foi o critério quantitativo (quantos
partidos existem?). foi Duverger que começou a tratar este critério. Um partido só, o sistema é
monopartidário. Se for em dois, bipartidário. Se for vários, é multipartidário. Dentro destes
monopartidários, podemos ter sistema de partido único (só existe um partido) ou liderante
(até pode existir mais do que um, mas há um partido que se destaca). Para Duverger, a
existência de um sistema bipartidário estava relacionado com o sistema eleitoral adotado, que
influenciava o resultado, o númer de partidos que estavam nos casos políticos.
Entre nós, MRS juntou este critério quantitativo, o critério da dimensão eleitoral e a forma
como se expressam no sistema político e disse
Sistema de partido único: só existe um partido e ele é que tem o poder (URSS)
Sistema de partido liderante: existe mais do que um partido, mas só um deles é que
realmente exerce o poder.
Sistemas bipartidários: não temos necessariamente de ter dois partidos, mas dois partidos
que se destacam dos demais, por causa da dimensão eleitoral. Normalmente o que importa
para este efeito é o parlamento.
Mas o critério quantitativo sozinho não chega. Mesmo nesta proposta, não está exatamente
sozinho, ligamo-lo ao fator capacidade de coligação.
A distinção que faz é entre sistemas concorrenciais (ou competitivos) ou não concorrenciais
(não competitivos). Nos primeiros, há eleições periódicas (sabemos quando há eleições, que os
órgãos tem um mandato limitado e que haverá renovação, e determinam quem chega ao
poder). Nos dois, as eleições ou não existem ou, quando existem, não são verdadeiramente
elas que dizem quem vai para o poder. Nestes, encontramos, com o critério quantitativo, os
sistemas monopartidários e os sistemas hegemónicos. (i) existe um só partido; (ii) até pode
existir mais do que um, mas há efetivamente um partido liderante que não é substituído por
nenhum outo.
Nos concorrenciais, temos muitas possibilidades. (i) sistema de partido predominante, que
funciona de forma competitiva mas há um que se destaca, obtém maiorias sucessivamente,
consegue governar sozinho; (ii) sistemas bipartidários, onde alguns parecem multi mas
funcionam como bi. São bi se dois partidos e sempre os mesmos estão em condições de
concorrer a maiorias absolutas. Há um deles que normalmente consegue essa maioria e há
uma certa lógica de alternância no funcionamento do sistema (ora está um, ora outro). O
sistema pode ser multipartidário pq há vários partidos, mas funcionar numa logica bipartidária.
O que percebemos é que estas perspetivas são mais dinâmicas, tentam perceber como o
sistema funciona. (iii) sistemas multipartidários: (1) altamente pulverizados, são tantos que
nenhum consegue uma percentagem de votos consistente para governar; (2) multipartidários
limitados (?), três a cinco partidos que conseguem governar; (3) multipartidarismo extremo
(mais de 5 relevantes, muito polarizados, o sistema é tao polarizado que não conseguimos
perceber uma lógica de alternância).
Todos estes aspetos, dizem alguns autores, como Bacelar Gouveia, influenciam o
funcionamento do sistema de partidos.
Então, os partidos são de alguma forma uma realidade regulada pelo direito ou não? Sim,
mas nem sempre foi assim. Atualmente vivemos no estado de partidos, o estado democrático
reconhece o papel dos partidos e enquadra-o normativamente. Isto com base no pressuposto
de que os partidos contribuem de forma decisiva para o funcionamento do sistema político.
São reconhecidos e regulados pelo direito. No fundo, desempenham uma função pública,
dinamizam o sistema constitucional. São pessoas coletivas jurídicas, com um estatut próprio,
que resulta de ll constitucionais.
No início, porem, as associações políticas não eram reguladas, nem reconhecidas. No reino
unido, reconhecia-se 2 desde o séc. XVII, mas em geral não existia esse reconhecimento. Os
primeiros partidos vão ganhando reconhecimento, mas as constituições não os reconhecem.
Começam de facto a ser reconhecidos na lei nas constituições com o estado de direito. Na
segunda metade do sec. XX, este reconhecimento torna-se muito alargado. Um autor, Triepel
(?), mostra esta evolução.
IMPORTANTE: A Partir da 2ª metade do séc. XX, temos uma incorporação dos partidos nas
normas jurídicas. Temos normas constitucionais e legais que acolhem os partidos. A nossa
constituição é um bom exemplo disto, reconhece os partidos políticos no seu texto
constitucional, de várias formas.
Nas disposições iniciais, temos o art.º 2 (ideia do pluralismo, organização política, remete
para uma ideia de pluralismo partidário). Art.º 10/2 (reconhecimento dos partidos). Associado
ao direito de sufrágio. Encontramos também os partidos protegidas na parte dos direitos
fundamentais, dentro dos DLG (pessoas, políticos e dos trabalhadores). Nos políticos, temos o
art.º 48 e seguintes, encontramos o 41, associações e partidos políticos, é um direito especial
(já temos liberdade de associações, já caíam no 46), mas a CRP achou por bem criar um art.º
específico para o efeito, o art.º 51. No art.º 46, temos uma limitação mt importante à
liberdade de associação: não há associações armadas, etc. este limite aplica-se a todas as
associações e organizações. Estes princípios do estado de direito limitam o pluralismo que, à
partida, existiria sem estes limites. Estas normas explicam-se para salvaguardar alguns valores
fundamentais da CRP e a nossa herança histórica.
Art.º 51: liberdade de associação, prevista em termos genéricos no 46, compreende (o resto
do artigo); 1, 2: proibião de discriminação, 2 temos o princípio importante, da proibiçã de
dupla filiação. 3, 4, 5, 6. O art.º 51 é muito importante para compreendermos a organização e
regulação dos partidos políticos. há outros artigos, como o art.º 40, estabelece que os artidos
políticos t~e, direito a tempos de antena, 2 e 3.
(art.º 51) Princípio da democracia interna (os partidos, como são associações, tem liberdade
para se organizar, mas esta liberdade tem limites, e o 51/5 há os limites. É verdade que têm
liberdade de se organizar, mas têm de respeitar estes princípios constitucionais). A
democraticidade tamnem entra nos partidos.
Temos alguns outros aspetos importantes. Art.º 164, compete à AR legislar sobre associações
e partidos políticos. (164/h). é importante também ter em conta o art.º 114, 1; 2 (a oposição
está protegida na CRP, relacionado com direitos fundamentais como liberdade de expressão e
de ter opiniões diferentes em matéria política). A oposição tem direito de informação e a ser
informada (114/3), para influenciar a ordem do dia, etc. a oposição tem um estatuto específico
regulado por lei.
Na lei do TC, há uma parte dedicada à fiscalização dos partidos (Subcapítulo VI, título V). art.º
103 e seguintes. Encontramos os poderes que o TC tem para apreciar algumas questões
relativas a partidos. A extinção de partidos políticos. O TC tem poderes muito importantes na
fiscalização dos partidos. É feita pelo TC, essencialmente.
Nod ireito pt, temos a crp e duas leis: lei dos partidos polítios e lei do financiamento dos
partidos políticos.
Entre nós, os partidos políticos também estão regulados na lei. Atualmente, é a lei orgânica
2/2003. Tem um procedimento especial de aprovação. Fins dos partidos políticos (art.º 2),
PASSAR DEPOIS. Art.º 3: personalidade jurídica, são constituídos por tempo indeterminado.
Art.º 4, a constituição de partidos é livre e sem dependência de autorização, mas há requisitos
a cumprir (encontramo-los sobretudo nos art.º 14 e seguintes). Depende da inscrição no TC
(art.º 14). O reconhecimento é feito perante registo existente no TC, controla de alguma
forma o nascimento dos partidos políticos. Tem de ser adquirida por pelo menos 7500
cidadãos eleitores. Da mesma forma, também controla a sua extinção. Pode ocorrer por
dissolução (art.º 17) ou judicial (art.º 18).
Esta lei também se articula com a crp. Temos o princípio democrático (art.º 5). No art.º 6
temos o princípio da transparência. No 46/4 temos o mesmo do art.º 8. Caráter nacional, art.º
12. Princípio da liberdade de filiação (art.º 19). Estabelece os órgãos que devem estar previstos
(art.º 25).
Dada a importância dos partidos, a lei estabelece algumas regras que devem ser observadas.
Como já vimos, as eleições partidárias estão previstas (art.º 33?). o TC fiscaliza a atuação dos
partidos (art.º 34).
Esta figura dos partidos em Portugal qualifica-se… são associações de direito privado, mas
não conseguem ser apenas isso, têm de ser…?
Modelos de financiamento
É uma questão relacionada com a vida dos partidos e especificamente com as campanhas
eleitorais, ligada ao tipo de eleições e ao seu caráter competitivo. É preciso que o sistema faça
com que os aprtidos tenham igual oportunidade de aceder às campanhas.
Que financiamento, que quantidade eve estar disponível e como para que a eleição possa ser
uma luta não desigual? Inicialmente viviam de financiamento privado, militantes e etc.
Podemos simplificar e dizer que temos três possibilidades: financiamento público (os
partidos têm uma função pública, por isso faz sentido que haja financiamento não só às
campanhas mas à própria estrutura), financiamento privado (pode ter riscos, porque pdemos
ter os partidos reféns dos interesses privados, que os financiam, e pode criar grandes
desigualdades, porque uns podem conseguir atrair vários financiamentos e outros não), e
financiamentos mistos (públicos e privados, e estabelecem algumas restrições, regulam a
forma como o dinheiro pode ser obtdo e gasto, em geral e nas campanhas eleitorais).
Em Portugal, temos legisçação para este efeito. A lei 19/2003, que já teve algumas
alterações, é a lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais. O art.º 2
estabeçece qie compreendem receitas próprias e financiamento privado e público. Art.º 3 e 4
explica o que é; o art.º 4 e 5 explica subvenções. O art.º 5 explica como é que elas funcionam.
É o chamado financiamento direto (a cada partido é concedida uma subvenção anual). Art.º 7.
Art.º 7, angariação de fundos, art.º 8 financiamento proibidos (anónimos, etc.).
Está também prevista a possibilidade de benefícios fiscais: os partidos não pagam IRC. Isso é
também uma forma de financiamento para os partidos. Devem pssuir contabilidade
organizada (12), órgãos de fiscalização interna (14?9.
Nos art.º 15 e seguintes, a lei regula o financiamento das campanhas. São receitas de
campanha donativos, subvenções estatais, etc (art.º 16). O que é importante perceber é que
há limites para estas despesas (art.º 20). O TC tem poderes de apreciação e fiscalização destas
contas. Está prevista nos art.º 23 e seguintes, cabe ao TC e à entidade das contas e
financiamentos políticos.
O sistema de partidos
Sobre a evolução
O regime criou uma associação cívica de apoio (?) e a açao nacional popular. para alguns
autores, ano era um partido político, não tinha consistência política, não tinha uma estrutura
interna de natureza partidária, naot inha propriamente a função de combater ppelo exercício
do poder ou intervir ativamente na vida política. Outros entendem que podemos ter um
partido de sistema liderante. Os candidatos que chegaram a ser propostos foram patrocinados
por este partido liderante. O partido acabava por ter uma função de indicação de candidatos.
Alguns autores debruçaram-se sobre este tema e chegaram a 2 perspetivas: estática e como
evolui. Muitos dizem que o nosso sistema se estabilizou após o 25 de abril. A hipótese de
congelamento dos partidos (porque o sistema estabiliza a seguir ao 25 de abril e manteve-se
idêntico). Após 2015, qnd o BE e o PCP puderam articular-se com o PS na governação. Para
alguns autores, aqui muda o sistema de partidos. Mas outros dizem que não mudou nada,
porque o bipartidarismo continuou. Foi um momento importante, mas não mudou a natureza
do sistema.
Outros fatores: alguns partidos vao perdendo apoio (PP ou PCP), novos partidos que elegem
deputados e reconfiguração da Direita em Portugal. Depois, a forma como o sistema evolui
não é clara. Temos variáveis que ainda interferem. Em Portugal, temos círculos eleitorais
relativamente pequenos. Isto limita a possibilidade de serem eleitos pequenos partidos. O
próprio tipo de sistema dificulta esta situação. O sistema de partido continua a orientar-se em
torno dos grandes partidos. Apesar de o sistema ser proporcional, por vezes conseguem obter
maiorias absolutas. Temos aqui que levar em conta o sistema eleitoral que temos.
Olhando do lado da procura, ou seja, o que as pessoas procuram. Há questões que em outros
partidos têm dividido os eleitorados e aqui não: questões pós-materiais. Como o PIB é baixo,
as pessoas procuram respostas relacionadas com os problemas do dia a dia, do que com
grande clivagens como fim de vida, menos radicalizadas quanto à questão da UE, movimentos
migratórios, etc. por isso, o sistema tem-se mantido relativamente estável.
O sistema pode estar a mudar. É preciso perceber como se vai evoluir e se a polarização se
vai acentuar. É preciso discutir a crise dos partidos ou a reforma dos partidos. A questão é que
é preciso olhar para a realidade dos partidos e olhar para ela à luz das mudanças sociais, como
a menor participação política (abstenção). Mitos partidos existem há muitos anos e podem
eventualmente causar algum cansaço, dificuldade de captar novos militantes. Será que os
partidos conseguem captar as ideologias da sociedade? Os sindicatos também passam por esta
questão. Crítica à partidocracia – a representação pode estar capturada pelos partidos, ou seja,
alguns mais radicais dizem que já não representamos, mas escolhemos partidos, não temos
representação política mas partidária, condicionando a atuação dos deputados. Uma
orienteção mais moderada entende que há espaço para as duas coisas (representação
mediatizada pelos partidos mas que não diminua completamente a voz dos deputados.
Há outras questões relativas ao próprio funcionamento interno dos partidos, relação entre os
militantes e os partidos, se os partidos devem ter eleições abertas para não militantes
poderem tomar opções, etc. há uitos movimentos no sentido de abrir os partidos para a
sociedade.
Os partidos são mt importante nos sistema pluralista, têm muitas funções de dinamização do
sistema político. Pode haver novas eprspetivsa de análise do sistema partidário (reforçar o
controlo da atividade partidária, monopólio de candidaturas, as pessoas podem apresentar
candidatuas mas tem de estar apresentadas em listas, etc). temos também de pensar na forma
como os partidos funcionam internamente.
Outro aspeto é vermos o papel dos partidos num contexto ais amplo (há outras formas de
participação democrática), também se acentua a democracia participativa (possibilidade de
nos envolvermos ativamente nas decisões políticas), e isso influencia a vida política.
FIM :D