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Direito Constitucional

Categorias e descrição da política por Aristóteles, 20/09/23.

A política de Aristóteles- primeiro instante da linguagem política


Política: pólis, organização da pólis, quem governa a pólis

Aristóteles vai tentar sistematizar a linguagem usada no seu tempo:


-Classificação das constituições e dos regimes políticos

Diferentes cidades têm diferentes modos de organização, descritos de maneiras


diferentes:
 Monarquias (um só), aristocracias (poucos e excelentes ),
politeias/republica(muitos e livres)- regimes puros

 Tiranias (um só), oligarquias(poucos), democracias/demagógicos (muitos)-


regimes desviados/impuros

Justiça absoluta: exercício do governo no interesse de todos e no respeito pelas leis


dos Homens e dos deuses, critério herdado da cultura homérica (justiça dos deuses
que se encontra disseminada na dimensão grega)

Justiça relativa:

Virtude e dducação cívica: bom cidadão é aquele que se integra no conceito de justiça
da comunidade

Estes mesmos regimes (puros) são sempre justos na perspetiva relativa dos Homens, a
cada regime existe um ponto de vista interno entre governadores e governados que o
leva a aceitar o regime.
A cada regime está presente um critério de justiça aceito por governantes e
governados, e também um ponto de vista.

Numa democracia os livres (não escravos) pensam que são iguais, embora não tenham
qualquer qualidade para o efeito da política.

Elemento externo: quem governa (poucos, muitos ou bastantes)


Elemento interno: critério de justiça aceite por governantes e governados, critério
próprio da pólis e essencial ao Homem

Os seres humanos vão ditar o seu comportamento e sentido de orientação na política,


onde age segundo aquilo que considera bom e justo.
A cada pólis existe um critério de justiça. A justiça é sempre igualdade porque trata de
maneira igual o que é igual e desigual o que é desigual. O critério de justiça vai-nos dar
o critério de igualdade e desigualdade.

Reflexão da Républica Romana- Cícero

Politeia- Républica (tradução romana), o governo dos muitos é um governo


institucionalizado (acompanhado de instituições), um governo de muitos limitado por
instituições.
Roma é uma república, governada pelo povo, mas uma instituição, o Senado,
representa a população.
SPQR- Senado e Povo de Roma (de 510 a.C ao séc.I a.C)

 Senado (muitos- aristocratas)


 Assembleias Populares (bastantes-população)
 Cônsules (poucos-“monarcas”)

Conceito de Juris, de Cícero, designado nas instituições de Roma. Segundo Cícero, se a


virtude (virílis: ser-se bom cidadão de Roma, no sentido cívico e militar) dos romanos
desaparecer, a república morre.

Não há política sem justiça.

22/09/23.
Segunda grande teoria dos regimes políticos: Montesquieu- Modernidade (séc. XVIII)

A teoria de Montesquieu é um segmento da de Aristóteles


Os regimes também se desdobram
Natureza-externo
Princípio de ação-elemento interno
Os seres humanos são determinados pela honra, virtude, medo, ambição, etc.
A natureza humana varia no contexto em que o homem se desenvolve, podendo assim
determinar-se por várias determinantes. A cada regime político vais corresponder um
princípio de ação.
Repúblicas: governo de muitos acompanhados pelos poucos- princípio de ação é a
virtude
Monarquias: governo de um só acompanhado por corpos intermédios: honra
Despotismo: medo

Repúblicas da antiguidade: de pequena escala


Na modernidade não pode ser restaurada uma república igual as antigas
Razoes:
 As antigas são de pequena escala, enquanto agora seriam de grande, pois o
princípio seria a virtude/o amor à cidade. Seria de ser compatível com unidades
de pequena escala, e não de larga escala.
 Relação entre religião e política. Em Roma não havia cisão entre religião e
política, respeitar os deuses era um dever cívico. Já o cristianismo vê uma cisão
entre a política e a religião. O bom cristão não tem devoção pela república
como os antigos. A cisão permite construir uma critica, permite questionar
através da religião as ações políticas, já se estado e religião estivessem unidos,
as ações políticas seriam religiosas e vice-versa, não levando a crítica e
ponderação.

República: a virtude seria o amor à cidade


Monarquias: a honra na monarquia seria um amor próprio preso a posições de
estatuto numa sociedade hierarquizada. Porém a honra modera, porque à honra está
ligado o comprimento de deveres, caso não cumpridos leva à desonra.

Despotismo: assente no medo, não havendo moderação

Inglaterra é uma república segundo Montesquieu, com várias instituições: como o


parlamento. Ainda que acompanhado por elementos monárquicos e elementos
aristocráticos. Esta república corresponde a uma república moderna. O que a distingue
uma antiga de uma moderna é que o princípio de ação dos ingleses não é a virtude,
mas a ambição. O que permitiria ela não colapsar na ambição seria as instituições,
colocando ambições contra ambições (poderes contra poderes), fazendo com que certa
ambição não ultrapasse outra.

“O poder limita o poder para que a liberdade seja preservada.”

Montesquieu é acompanhado de David Hume e depois por James Madison (Revolução


Americana)
Hume diz-nos quanto maior a unidade política mais provável é a instituição de uma
república moderna.

Os americanos são guiados pelo interesse e não virtude, levando à criação de grupos
impolíticos (segundo Madison). Então é necessário criar instituições para as ambições
controlarem as ambições: Congresso, Presidente e o seu gabinete, Tribunais.
O que garante a moderação de um governo são as instituições.
27/09/23

Nova linguagem política do estado: Direito político/ Direito do Estado


Tem por objetivo o poder do estado, distinguindo se da linguagem de Aristóteles
através do termo política, já não e uma reverencia a uma linguagem de justiça, mas sim
o poder. O termo político passa a ser um termo qualificativo de um poder do estado.

Linguagem política situada no poder do estado, desenvolvida nos séculos XVI e XVII. A
nova linguagem é prescritiva, diferente de Aristóteles que é descritiva.
Esta linguagem é uma criação intelectual que se tornou estruturante do mundo
ocidental.
Tudo começa com O Príncipe de Maquiavel. Antes a palavra estado era diretamente
associado a posse. Maquiavel usa-a para falar de poder. É príncipe aquele que saiba
ganhar e manter esse poder. Antes o estado era uma derivação do governante, um
estatuto patrimonial, agora o príncipe passa a ser uma extensão do estado, um poder
impessoal e publico. O poder do estado corresponde agora a um poder publico. Quem
quer ser príncipe tem de cumprir esse papel. Alguém e transformado de privado a
príncipe, quando cumpre o papel (Maquiavel, capítulo VI de O Príncipe).
Os homens são mortais, mas o estado/o poder é imortal. O poder é soberano e define
o papel que aquele que e investido na soberania, deve exercer. Para alem de perpétuo,
é absoluto, seja, supremo. Não derivando, também, de outro poder.
Hobbes diz que este poder equivale a uma pessoa artificial que representa um povo.
No sentido aristotélico, um regime era uma estrutura de organização de poder com
uma conceção de justiça. O regime político agora é uma forma de poder. Este poder
pode ser detido titular por um só, poucos ou muitos. O estado é uma realidade
abstrata que se define pelo seu poder.
A racionalidade do estado tem haver com a utilidade, uma racionalidade instrumental.
Uma racionalidade é uma logica de ação, uma lógica interiorizada que leva a tomar
decisões. A logica de ação já não é uma de justiça (Aristóteles), a logica vais ser de
utilidade, age bem aquele que age segundo os bens de utilidade.
Guerra civil determinada por motivos religiosos.

Lei soberana: deve ser geral


29/09/23

Linguagem política Hobbesiana (Hobbes)

Constitucionalismo que sucede à linguagem Hobbesiana.


Ao estado corresponde uma pessoa artificial, um soberano que representa um povo.
Garante assim as suas utilidades- relação de proteção entre o soberano e de
obediência do governado.

Se em Hobbes o estado corresponde a uma pessoa artificial, agora essa pessoa é mais
complexa, uma abstração pura, que se desdobra nos poderes previstos na constituição.
Cada vez que os poderes agem, o representante do estado age e assim também o
povo. Em Hobbes a pessoa artificial representa o povo, agora a pessoa jurídica
representa uma nação (corpo de cidadãos com direitos), pessoa que se desdobra em
órgãos de ação previstos na constituição, para haver a desejada separação de poderes.
A isto chamamos Linguagem Constitucionalista.
Surgimento a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), fazendo surgir a
nova linguagem constitucionalista: artigo 2º, 3º, 16º
3º-A nação é soberana, mas ninguém tem a soberania da nação.
A nação soberana é uma associação política que existe na linguagem constitucionalista,
que visa preservar os direitos dos cidadãos, ganhando existência quando esta
linguagem e internalizada pelas pessoas, onde se entendem como cidadãos desta
nação soberana.
A nação existe na linguagem, como princípio, não em mais lado nenhum. Nenhum
individuo se poderá dizer soberano.
O estado deve deixar a sociedade funcionar segundo a sua dinâmica própria.
Constitucionalismo liberal e Liberalismo Económico
O constitucionalismo é um seguimento da linguagem Hobbesiana, estruturando se em
logica contratualista. Absorve também os pressupostos do liberalismo económico.
Mantem também a racionalidade instrumental do discurso Hobbesiano.
A legitimidade do poder é uma qualidade que o torna aceitável, um conceito relacional
em que o poder é concebido como uma relação aos quais se dirige, conformando-se no
âmbito dessa relação.
Max Vember(problema da legitimidade):
Legitimidade carismática
Legitimidade tradicional: o poder e legitimo porque e exercido como sempre foi-
racionalidade valorativa, traduz valores que se encontram aceites na comunidade
política correspondente
Legitimidade legal racional: poder é legitimado por ser exercido nas normas da
constituição.

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