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ESTADO, POLÍTICA E DIREITO

AULA 02 – FILOSOFIA E TEORIA DO ESTADO


Prof. Matheus Lins Rocha
matheus.rocha@animaeducacao.com.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6471458198722451
LEGALIDADE, LEGITIMIDADE E
JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO
• (1) a legalidade (aspecto jurídico), que consiste na aceitação do poder do
Estado como decorrente de uma ordem jurídica, o que denota um dever de
obediência às estruturas jurídicas postas, nos conduzindo à ideia da simples
legalidade do poder, ou, ainda, à legitimação normativa do Estado. Essa
perspectiva refere-se a uma visão formalista acerca do problema da justificação
do Estado; (2) a legitimidade (aspecto sociológico), referente à aceitação fática
– possibilidade de obediência efetiva – de um poder específico, relacionada,
portanto, ao aspecto empírico do problema da justificação; e, por fim, (3) a
justificação (aspecto ético-filosófico), noção de teor abstrato, referente a
teorias e doutrinas que buscam apontar o Estado como justo. Essa última
dimensão alinha-se ao estudo da filosofia política. (GAMBA, 2023).
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Aristóteles – A Política
• “É para a mútua conservação que a natureza deu a um o comando e
impôs a submissão ao outro”. Diante dessa visão natural acerca da
submissão, o pensador irá pontar a família como a principal sociedade
natural, sendo formada pela “dupla reunião do homem e da mulher, do
senhor e do escravo”. (família – aldeia – cidade)
• Organicismo - contexto orgânico de desenvolvimento para o bem viver.
O Estado deve proteger.
• Justiça para Aristóteles
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Média
• Deus concedia o poder ao Rei.
• Santo Agostinho e São Tomás de Aquino
• “De toda sorte, as justificações teológico-religiosas fundamentaram a
existência do Estado no medievo e no início da era moderna – não
ignorando que ainda hoje fundamentem o poder político em algumas
remanescentes monarquias absolutistas –, revestindo os governos com
a respectiva divindade.” (GAMBA, 2023).
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Moderna
• Modelo contratualista
• Thomas Hobbes
• John Locke
• Jean-Jacques Rousseau
• Immanuel Kant – “A constituição teórica do Estado advém de um contrato
primitivo, segundo o qual todos se desprendem da liberdade natural para
adquirir a liberdade civil, controlada pela lei estatal.” (GAMBA, 2023)
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Contemporânea
• Georg Hegel
• Dialética e modificação do Estado
• Espírito Subjetivo (Consciência individual); Espírito Objetivo (Consciência que vivemos em
sociedade); Espírito Absoluto (Relacionamento controlado pelo Estado).
• Estado  Ápice da consciência humana na construção social.
• A manifestação do Absoluto aparece, para Hegel, na figura do Estado moderno, posto que
esse concretiza a liberdade individual numa sociedade organizada racionalmente; isto é,
trata-se – o Estado – da forma alcançada racionalmente pelo homem para organizar a
sociedade de indivíduos livres que veem na lei que os rege a manifestação de sua própria
liberdade. Nesse sentido vai a famosa frase de Hegel: “É o Estado a realidade da liberdade
concreta” (GAMBA, 2023)
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Contemporânea
• John Rawls
• Como construir uma sociedade justa?
• Leis justas para todos;
• Véu da ignorância  Neocontratualismo;
• Aí consta uma ideia central para a compreensão da justificação do Estado no âmbito das
sociedades complexas do século XX, em que há a coexistência de doutrinas conflitantes, cuja
harmonização depende, na visão de Rawls, de um consenso acerca daquilo que é essencial na
concepção de justiça publicamente adotada, bem como da pouca aceitação das perspectivas
drasticamente contrárias a ela; ocasionando, a partir do método neocontratualista visto aqui
(cuja estrutura básica consiste em posição original, véu de ignorância e estabelecimento dos
princípios de justiça), um consenso suficiente sobre os fundamentos e as instituições básicas
da sociedade. (GAMBA, 2023)
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Contemporânea
• Jürgen Habermas - Nesse tocante, Habermas apresentará sua crença no
reconhecimento racionalmente motivado e questionável a qualquer tempo das
normas, de modo a direcionar sua argumentação para uma lógica fundada no
consenso obtivo por meio da referida prática argumentativa. O direito, nesse
cenário, desempenhará o papel de transformar o poder comunicativo,
alcançado dessa maneira, em poder administrativo, devendo, para tanto,
traduzir os anseios comunicativos periféricos nos termos técnicos reconhecidos
pela ciência jurídica. Nesse sentido, exalta o poder do direito positivo como
única forma possível dos cidadãos exercerem a prática da autolegislação, isto é,
participarem da produção de leis. (GAMBA, 2023)
PERSPECTIVA HISTÓRICA
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Contemporânea
• Karl Marx (1818-1883)
• Materialismo histórico
• Classes Sociais
• Estrutura da Sociedade: Forças Produtivas e Relações de
produção
• Mais-valia
• Direito  Desigualdade
• Direito e Estado como mecanismos de dominação de classes
• Crime como resultado da brutalização das relações sociais pelo
capitalismo industrial.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
• Idade Contemporânea
• Teorias Anarquistas:
• Bakunin se apresentava como defensor fanático da liberdade, porém “não esta liberdade formal,
outorgada e regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa apenas o
privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos”111. Apresentava, então, a ideia de que o
Estado opera uma forma de dominação injusta e que viola a ideia de liberdade natural dos
indivíduos. Adicionalmente, compreende Bakunin que o Estado nasce historicamente a partir da
violência, notadamente da guerra e da conquista; assim sendo, o Estado figura como aquele que
consagra a força bruta112.
• Proudhon, por sua vez, irá dizer que “o governo do homem pelo homem, sob qualquer nome
que se disfarce, é opressão; a mais alta perfeição da sociedade se encontra na união da ordem e
da anarquia”113. De forma mais clara, dirá: “Nem monarquia, nem aristocracia, nem mesmo
democracia, pois que este terceiro termo implicaria um governo qualquer, agindo em nome do
povo, e dizendo-se povo. Nada de autoridade, nada de governo, mesmo popular: eis a
revolução”114. (GAMBA, 2023)
FORMAS DE ESTADO

ESTADO UNITÁRIO - CENTRALISMO


• Poder central. É exercido sobre todo o território sem as
limitações impostas por outra fonte de poder;
• Só existe 1 poder central: executivo, legislativo e
judiciário com sede na capital. Não impede a
descentralização administrativa.
Ex. França
ESTADO COMPOSTO – federação e confederação
• Formado por mais de um poder agindo sobre o mesmo
território;
CONFEDERAÇÕES
• Formação mediante pacto entre os Estados. União
permanente de estados soberanos que não perde a sua
soberania.
• Assembleia constituída por representantes dos Estados
que a compõe → as decisões só são válidas quando
ratificadas pelos Estados confederados. Direito de
separação.
O Estado brasileiro: que país é este?

O Brasil é uma República federativa (e presidencialista);

Forma de estado caracterizado pela


existência de um poder soberano e
diversas forças políticas autônomas que
são unidas por uma constituição.

Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA


 Indissolubilidade do vínculo federalista;
Apenas uma soberania;
Entes são autônomos;
Modelo de repartição de competências: comuns,
concorrentes, exclusivas, privativas.
CARACTERISTICAS DO FEDERALISMO

• Divisão do Estado em províncias politicamente


autônomas, possuindo duas ou mais fontes paralelas
do direito público (nacional e provincial) –
descentralização política;

• Repartição da receita tributaria – estabilidade dos


entes;
• Distribuição do poder do governo em dois planos
harmônicos (provincial e federal) com
competências exclusivas – auto-organização dos
estados membros;

• Sistema judicialista: maior amplitude e


competência. Um órgão de equilíbrio federativo e
ordem constitucional;
• Composição bicameral do poder legislativo:
representação nacional e dos estados membros;

• Constância dos princípios fundamentais da


federação e da república – garantia de imutabilidade
destes princípios, da rigidez constitucional.
Constituição rígida.
• Relaciona-se ao poder executivo. É a
forma como este poder participa no
Governo e como se dá a escolha do
governante.
FORMAS DE
GOVERNO
• Tipo:
MONARQUIA
REPÚBLICA
MONARQUIA
• Conhecido como governo de um só. Tem três
características importantes:
Hereditariedade: situação passada de pai pra filho;
Vitaliciedade: não existe prazo preestabelecido. Para
toda vida;
Irresponsabilidade do Chefe de Estado: ele não pode
ser responsabilizado politicamente.
REPÚBLICA
• Diretamente ligado as democracias, uma vez que
existe a escolha do seu governante pelo povo (em
regra). Caracteristicas:
• Eletividade: o representante é eleito;
• Temporalidade: o exercício do cargo tem data para
acabar;
• Responsabilidade: pode responder por seus atos
políticos.
• Avaliado de acordo com o grau de
relacionamento entre os poderes
executivo e legislativo.
• Tipos:
SISTEMAS DE Presidencialismo
GOVERNO Parlamentarismo
PRESIDENCIALISMO
• Chefia de Estado e Chefia de Governo em uma única
pessoa;
• O Presidente é eleito pelo povo;
• Existe participação do executivo na feitura das leis.
Através de sanção/veto de lei ou documentos
legislativos emitidos pelo Presidente (ex. medidas
provisórias)
PARLAMENTARISMO
• O Poder Executivo e o Poder Legislativo são
interdependentes;
• Chefe do Estado (relações externas): Rei/Imperador;
• Chefe do Governo (Administração Pública – relações
internas): 1º Ministro (escolhido pelo Parlamento – é
integrante deste);
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
Constituição da II - a cidadania;
República III - a dignidade da pessoa humana;
Federativa do IV - os valores sociais do trabalho e da livre
Brasil
iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
SEPARAÇÃO DO EXERCÍCIO DO PODER

Art. 2º São Poderes da União,


independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.

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Aristóteles compreendia que a separação de poderes era meio
de alcançar a felicidade;
John Locke, muitos creditam a ele a teoria original de
separação de poderes, compreendia este como forma de
combater o absolutismo e sustentar as liberdades individuais;
Charles Montesquieu é o mais conhecido nos estudos sobre a
separação dos poderes no seu livro “L’espirit des lois” (1748).
Destacava que os homens investidos de poder tinham
tendência natural a abusar dele.
 Ideia do poder limitado (oposição ao poder absoluto que
existia na idade moderna);
 Na verdade é separação não é de poder, e sim de funções,
principalmente numa sociedade democrática;
 Sistema de Freios e Contrapesos: controle recíproco entre os
três poderes. contenção de poderes. Usado quando
expresso. Envolve as funções típicas e atípicas;

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