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A atividade humana não depende apenas da interação livre e espontânea dos indivíduos e dos
grupos, mas igualmente de uma intervenção concertada, a cargo de um conjunto de estruturas, de
organizações e de procedimentos.
(ubi societas, ubi ius): apenas na medida em que é necessário regular as relações intersubjetivas se justifica a
pertinência de uma estrutura de poder político.
ARISTÓTELES
A conceção aristotélica apoia-se em dois pilares fundamentais: “...a conceção de Homem como “animal
político”, visto ser a sociabilidade o seu fim natural, só plenamente realizável no Estado; e a ideia de que o
fim do Estado só pode ser a realização do bem em sua alta plenitude.”
2. ORIGEM TEOLÓGICA, segundo a qual o poder político, como todos os outros poderes, deriva de
Deus, diretamente ou por níveis de intermediação, sendo Deus a causa final de tudo e de todos, bem
como da criação em geral. A ORIGEM TEOLÓGICA do poder político identifica Deus como sua fonte,
mas atua, na relação com os governantes, em consonância com diferentes prismas, podendo
conceber-se outras tantas modalidades, conforme a maior ou menor pertinência do fator religioso:
As teorias teocráticas, normalmente monárquicas, que divinizam os reis, sendo-
lhes por vezes até prestado culto, como sucedeu com alguns regimes do Estado Oriental;
As teorias do direito divino sobrenatural, que implicam que os governantes
sejam diretamente escolhidos por Deus, exercendo-se um poder que é dom divino, o que se
demostra pela ajuda na realização de feitos históricos.
As teorias do direito divino providencial, em que os governantes são designados,
não já diretamente por Deus, mas através de uma ordem constitucional estabelecida, assim
como sucede, em geral, com a organização da comunidade política em que se verifica do
mesmo modo o consentimento de Deus, no pressuposto de que é a causa final de todas as
coisas, chegando o poder aos governantes através do povo – omnis potestas a Deo per
populum. (Santo Agostinho e São Tomás de Aquino).
3. ORIGEM VOLUNTARISTA, através da qual se afirma que o poder está na vontade dos titulares do
poder político, que em cada momento encarnam a fonte desse mesmo poder, a qual pode depois
desdobra-se em múltiplas modalidades. Sublinha que o poder político é uma expressão de vontade
dos cidadãos – um pacto ou contrato social – em que este mesmo se ancora, abrindo- se as portas à
respetiva origem democrática, hodiernamente seguida.
Correntes Divinas
As teorias de origem voluntária e minoritária do poder político são bem mais heterogéneas,
unificando-se sob o diapasão comum de defenderem a atribuição a apenas um grupo restrito de
cidadãos da possibilidade de escolha do poder político:
Despotismo esclarecido, na passagem, dentro do Estado Absoluto da Idade Moderna, ao
Polizeistaat, em que o poder político se fundou na iluminação do rei, coadjuvado por uma
elite bem-pensante e com o repúdio da sua origem divina;
Doutrina marxista-leninista, que preconizou a ditadura do proletariado, posta em prática nos
Estados de inspiração soviética, num totalitarismo de esquerda, afastando do exercício do
poder político a generalidade dos grupos sociais e, em contrapartida, somente o fazendo
assentar numa conceção económica de pertença a determinada classe social: o proletariado e
afins.
Totalitarismos de direita, nos regimes fascistas e fascizantes que, negando a democracia,
proclamam a origem do poder político na interpretação do interesse da nação e da
organização corporativa, em razão da conceção organicista e belicista da sociedade.
Se o poder político repousa na possibilidade de a estrutura que o detém impor comandos e fazer-se
obedecer aos mesmos, incluindo o uso da força, tal não significa que a observação da realidade não
possa demonstrar a existência de outros poderes, por vezes bem mais efetivos do que o poder
político.
Nas suas relações sociais, as pessoas e os grupos recebem e inserem-se em complexos e até
inextricáveis conjuntos de influências que não têm necessariamente uma explicação ao nível do
poder político estabelecido.
As pessoas e os grupos nas suas relações intersubjetivas são igualmente movidos por outros poderes
que não são dotados da característica principal do poder político: a da coercibilidade.
O poder político determina o cumprimento dos seus comandos à força se necessário; ora, isso já não
é o que sucede com os outros poderes, de natureza fáctica, que assentam numa lógica de persuasão,
não tanto num fenómeno de coação material.
O PODER SOCIAL que se resume à circunstância de a vida em sociedade estar submetida a tradições
comuns e a normas de comportamento, em conformidade com certos padrões de etiqueta social,
traduzindo a inserção de cada pessoa num ambiente social específico.
O Poder Religioso
Expressa a vontade das organizações religiosas no estabelecimento de um conjunto de normas
disciplinadoras da atitude, externa e interna, dos respetivos crentes.
Este conjunto de comandos pode ser paralelamente considerado na sua vertente normativa, desta
feita de natureza religiosa. Trata-se da Ordem Religiosa, que disciplina um dever-se vertical e
horizontal: verticalmente, entre os crentes e Deus; horizontalmente, só entre os crentes.
OUTROS PODERES
O poder económico: representa a capacidade de influência que é atribuída aos agentes económicos
na produção de bens e serviços – tendência que se consolida e agrava no contexto da globalização.
O poder militar: traduz-se na influência que o meio militar protagoniza enquanto instituição social,
que forma uma escola de pessoas e que é capaz de orientar opiniões.
O poder cultural: expressa-se na atividade inerente à realização cultural, nos seus mais variados
campos, sendo frequentes as ruturas sociais e de mentalidade que tiveram na sua origem a
persuasão da Cultura.
O poder desportivo: exprime a capacidade atrativa do fenómeno desportivo em geral.
O poder científico: significa a importância da Ciência e da Técnica.
As entidades pré-estaduais
As entidades pré-estaduais são formas incipientes de poder político, antes da conceção e
desenvolvimento do Estado, como tipo histórico fundamental.
As entidades pré-estaduais mais representativas confundem-se com os primeiros assomos de
organização da coletividade, em que a titularidade do poder político era cometida a certas pessoas ou
entidades, numa preocupação geral pela manutenção da segurança e da convivência coletiva, limitado
ao nível de comunidades tradicionais e no plano de uma restrita zona territorial.
Com a sofisticação trazida pela organização estadual, estas entidades deixariam de subsistir ou, no caso
de ainda persistirem, foram remetidas para o domínio da clandestinidade.
As entidades infraestaduais
As entidades infraestaduais, inserindo-se no âmbito territorial do Estado, ao mesmo circunscrevendo o
seu raio de ação, apresentam-se com autonomia organizacional e funcional, não se misturando com a
realidade estadual, de acordo com um fenómeno de descentralização de aspetos parcelares do poder
político estadual.
O caráter infraestadual radica essencialmente no facto de a sua configuração estar na dependência de
uma indicação estadual, enquanto expressão máxima da organização do poder político, o qual pode
decidir livremente sobre a sua criação e permanência.
As entidades interestaduais
As entidades interestaduais representam a possibilidade de duas ou mais realidades estaduais se
associarem, dessa junção resultando uma nova realidade por eles composta, abrindo-se a possibilidade
de, por seu turno, terem ou não, natureza estadual.
Exemplo:
- Os Estados compostos - Os Estados Federais
- Uniões Reais.
- Associações confederativas
As entidades paraestaduais
As entidades paraestaduais são estruturas que, se bem que se aproximando da realidade estadual, não
tem esse teor, com razões diferenciadas para tal suceder:
Os beligerantes e os insurretos – entidades que não são Estados, mas que são marcadas pela
intemporalidade da sua existência, com base na promessa de virem a exercer o poder político dentro do
Estado onde atuam.
As minorias nacionais ou os governos de libertação nacional – entidades que ainda não são Estado, mas
que agem no fito da sua criação futura.
O Estado subordinado ao Estado de Direito
O Estado como principal organização política e social, é uma organização que satisfaz os interesses dos
cidadãos.
Definição conceptual: o Estado é a estrutura juridicamente personalizada, que num dado território
exerce um poder político soberano, em nome de uma comunidade de cidadãos que ao mesmo se
vincula.
As características do Estado:
1. A Complexidade organizatória e funcional: o Estado pressupõe um mínimo de complexidade
organizacional e funcional, uma pluralidade de organismos, de tarefas, de atividades, de
competências para levar a cabo os seus objetivos.
2. A institucionalização dos objetivos e das atividades: o Estado assenta na dissociação da sua realidade
estrutural por contraposição aos interesses particulares e pessoais daqueles que nele desempenham
funções, criando-se um quadro próprio de referência, nisso consistindo a ideia de personalidade
jurídica.
3. A autonomia dos fins: o Estado separa os fins que prossegue dos interesses pretendidos pelos seus
membros individualmente considerados e com os mesmos não se confundindo, nem sequer sendo o
seu somatório e avultando, assim, a ideia de bem comum.
4. A originalidade do poder: o Estado expressa-se em função da qualidade do poder político de que é
detentor, no caso e necessariamente um poder originário.
5. A sedentariedade do exercício do poder do poder: o Estado carece de uma localização geográfico-
espacial, uma vez que a sua atividade inelutavelmente se lança num dado território, não havendo
Estados virtuais, nem Estados nómadas.
6. A coercibilidade dos meios: o Estado é o depositário supremo das estruturas de coerção, que podem
aplicar a força física para fazer respeitar o Direito e a ordem político-social que mantém.
Os fins do Estado
1. A segurança:
A segurança externa contra as entidades agressoras, no plano territorial, no plano das pessoas e no
plano do poder;
A segurança interna na manutenção da ordem pública, da segurança de pessoas e bens, e na
prevenção e repressão de danos de bens sociais, para além da própria aplicação geral do Direito.
2. A justiça:
A justiça comutativa, quando se impõe estabelecer relações de igualdade, abolindo as situações de
privilégio, com uniformes critérios de decisão;
A justiça distributiva, no sentido de dar a cada um o que lhe pertence pelo mérito ou pela situação
real.
3. O bem-estar:
O bem-estar-económico pela provisão de bens que o mercado não pode fornecer ou não pode
fornecer satisfatoriamente;
O bem-estar social pela prestação de servições sociais e culturais, a cargo do Estado.
Perspetivas terminológica
Foi na obra de Nicolau Maquiavel que essa nomenclatura se instalou
definitivamente na doutrina político-constitucional: statu e stato.
A conveniência da palavra Estado radica na sua adequação para referir uma das suas características,
que é a permanência e a intensidade do respetivo poder político.
Os elementos do Estado
Humano – O Povo
O elemento humano do Estado é o conjunto de pessoas que, relativamente a determinada estrutura
estadual apresentam com a mesma um laço de vinculação jurídico-política, que tem o nome de
cidadania, conjunto de cidadãos de um Estado que toma, por isso o substantivo coletivo de POVO.
A importância do substrato humano do Estado, é visível em diversos domínios, aparecendo como o
mais relevante de todos o facto de ser em favor dessas pessoas que são definidos os seus objetivos e
desenvolvidas as respetivas atividades.
2. Como direito traduz o percurso trilhado no sentido de se obter aquele estatuto, mediante o
respeito por algumas regras fundamentais, assim favorecendo a ligação da pessoa a determinada
estrutura estadual.
A Soberania
O elemento funcional do Estado expressa a organização de meios que se destinam a operacionalizar
a atividade estadual em ordem a alcançar os respetivos fins.
A soberania na ordem interna representa a supremacia sobre qualquer outro centro de poder
político, que lhe deve obediência e cujas existência e amplitude são forçosamente definidas pelo
próprio Estado.
A soberania na ordem externa significa a igualdade e a independência nas relações com outras
entidades políticas, maxime dos outros Estados, nela se reconhecendo diversos poderes, com o
de celebrar tratados (ius tractuum), o direito de estabelecer relações diplomáticas e consulares
(ius legationis), o direito de apresentar queixa, o direito de exercer a legítima defesa e o direito
de participar na segurança da comunidade internacional (ius belli).
Categorias do Estado
Estados semissoberanos
Estados que não se apresentam com uma soberania plena na esfera das relações internacionais.
Estados confederados;
Estados vassalos;
Estados protegidos;
Estados exíguos;
Estados neutralizados;
Estados federados;
Estados membros de organizações supranacionais.
O Território
O elemento espacial do Estado consiste no domínio geográfico em que o poder do Estado faz sentido,
o que se denomina por território estadual, ou seja, uma parcela de espaço físico que submete ao
respetivo poder político soberano, que também pode tomar o nome de senhorio territorial ou de
domínio eminente.
Isto implica que a atividade do Estado não pode desprender-se de um suporte físico, que é o seu
território.
No seu espaço soberano, o Estado organiza a competência, segundo três características fundamentais:
A permanência: o poder do Estado é tido por duradouro e não consubstancia qualquer situação de
vigência limitada;
A plenitude: o poder do Estado é exercido na máxima potencialidade que se conhece, não se
concebendo outra modalidade mais ampla;
A exclusividade: o poder do Estado não é partilhável com mais ninguém ao seu nível de soberania,
sendo exercido somente pelo Estado nesse domínio territorial.
Modalidades
Já não é hoje possível alcançar uma total uniformidade na medida dos poderes
soberanos de que os Estados dispõem sobre cada uma destas modalidades.
Não raras vezes são reconhecidos limites específicos à soberania territorial que sobre eles se projeta.
O espaço terrestre corresponde à massa de terra seca, continental ou insular, onde o Estado, os
seus órgãos e respetivos cidadãos desenvolvem a sua atividade, espaço que, não obstante aquela
caracterização, física pode ainda incluir massas líquidas, assim globalmente distribuídas (terra
seca, cursos fluviais, lagos e lagoas).
O espaço marítimo abrange a porção de água salgada que circunda o território terrestre, nalguns
casos podendo abranger ainda o solo e o subsolo marítimos.
O espaço aéreo abrange a camada de ar sobrejacente aos espaços terrestres e marítimos
submetidos à soberania estadual até a um limite superior a partir do qual se considera existir o
espaço exterior, aí vigorando um regime internacional, e não já de soberania interna.
Casos em que existem poderes menos intensos, que não são de soberania:
A zona contígua (espaço marítimo delimitado entre as 12 e 24 milhas, a seguir ao mar territorial em
que o Estado costeiro pode exercer poderes de fiscalização com vista a evitar ou reprimir violações às
suas leis e regulamentos internos)
A zona económica exclusiva (espaço marítimo delimitado entre as 12 e as 200 milhas, a seguir ao mar
territorial, nela o Estado exercendo direitos preferenciais de aproveitamento dos recursos vivos aí
existentes, além de poderes de jurisdição e de fiscalização)
Esta dimensão da limitação formal do Estado pelo Direito, mostrava-se bastante insuficiente e sobretudo
muito empobrecedora se vistas as potencialidades materiais que depois e extrairiam desse mesmo princípio.
Daí que tenha caminhado rumo à consagração de uma dimensão material do princípio do Estado de Direito,
pela qual se coloca igualmente em relevo um conjunto de limitações que internamente contêm o poder do
Estado.
Assim se abriria o princípio de Estado de Direito ao Estado-Sociedade, para além das sua aplicação
óbvia ao domínio do Estado-Poder: a proteção dos direitos fundamentais, como as diversas limitações
no modo de atuação do poder na sua relação com os cidadãos.
À dimensão material do princípio do Estado de Direito ainda se juntaria uma dimensão normativa,
transparecendo o objetivo de enquadrar o poder público no seio das novas exigências impostas pelo
Constitucionalismo na construção do sistema jurídico em geral.
A experiência do Estado Constitucional não foi imune à existência de Estados e Ordens Constitucionais
que, formalmente se reivindicando de alguns postulados do Constitucionalismo, não podem
reconduzir-se a manifestações de Estado de Direito porque subverteram a sua essência.
São aparências de Estados de Direito, devendo ser antes designados de Estados de Legalidade, nos
quais o Direito mais não é do que uma simplificação, ténue e até mesmo inexistente limitação ao
poder estadual.
ESTADOS DE LEGALIDADE: o Direito e, em especial, a Constituição deixam de ser limites materiais,
externos e superiores ao poder público, maxime estadual, para servirem de disfarce ao seu exercício
arbitrário, ainda que na forma exterior todos os procedimentos decorressem dentro da mais rigorosa,
estrita e lapidar correção imposta pela legalidade meramente burocrática.
o Direito não é o fundamento nem a medida da racionalidade do poder público, nem serve de
parâmetro da sua validade material: o Direito torna-se vazio, sendo substancialmente
preenchido ao sabor dos caprichos do poder instituído.
Caracterização da monarquia
MONARQUIA ROMANA: modelo vigente no primeiro período do Estado Romano, em que a sucessão
do rex surgia determinada por um critério eletivo, este governando em conjunto com os outros
poderes, legislativos e judiciais.
MONARQUIA FEUDAL: modelo que viveu na Idade Média, em que o rei governava no contexto de
outros poderes, mas jamais com poderes amplos, sendo hereditária e situando-se na lógica do
sistema político do feudalismo.
MONARQUIA LIMITADA: modelo que prevaleceu no período estamental do Estado Moderno, em
que o rei se contrapunha às ordens sociais, com assentos nos parlamentos, e de que foi grande
exemplo a monarquia britânica no lento processo de afirmação dos diversos textos constitucionais
que progressivamente lhe limitariam a atividade jurídico-pública.
MONARQUIA ABSOLUTA: modelo da Idade Moderna tardia, em que se verificou o crescimento dos
poderes régios de intervenção, ao mesmo tempo que se apagariam os
outros poderes, no contexto do Estado Absoluto.
MONARQUIA CESARISTA: modelo especificamente vivido no tempo do constitucionalismo
napoleónico, em que a posição jurídico-constitucional do “imperador dos franceses” se reivindicava
de uma legitimidade popular, de tipo plebiscitário, não hereditária ou religiosa.
MONARQUIA CONSTITUCIONAL: modelo que permitiu a conciliação entre a antiga monarquia
absoluta e o novo regime constitucional, sendo o texto da Constituição outorgado pelo rei, que assim
aceita a limitação em que aquele sempre consiste, ai fixar as competências da instituição régia.
MONARQUIA PARLAMENTAR: modelo que, numa fase mais amadurecida do Liberalismo e em que a
monarquia passou a conhecer os primeiros declínios, traduziu o compromisso entre a manutenção da
instituição monárquica cada vez mais contestada, e a sua crescente limitação procedimental e
material em aplicação da teoria da separação dos poderes, realçando-se a posição do parlamentar
como órgão representativo, por excelência, dos cidadãos.
MONARQUIA SIMBÓLICA (OU DEMOCRÁTICA): modelo que atualmente predomina nos sistemas
constitucionais democráticos, não possuindo o rei quaisquer poderes efetivos de intervenção política,
remetendo-se a um estatuto simbólico, sobretudo preponderante em estado com profundos
problemas de identidade nacional.
Um poder amplo na relação entre o poder político e os cidadãos, sem possibilidade de estes se
protegerem com direitos fundamentais dotados de efetividade.
Um poder amplo na duração e por vezes perpetuação dos cargos públicos exercidos, com duração
indefinida e sobretudo não renovada pela legitimidade democrática desses mesmos cargos-.
CAUSAS
A ausência de mecanismos de escolha dos governantes por parte dos governados.
A ausência de instrumentos de limitação do exercício dos poderes governativos
A ausência de instrumentos de controlo da atividade exercida pelos governantes
A INSPIRAÇÃO DAS DITADURAS pode ser variável em decorrência da doutrina que as justifica, para além do
setor populacional que exerce o poder:
Bolchevismo – radica na conceção marxista-leninista de esquerda, implantado pelo Estado Socialista
da ex-URSS.
Fascismo – radica na conceção totalitária de direita, dominante nos Estados fascistas e fascizantes.
Caudilhismo – radica na conceção totalitária de direita, de inspiração militarista, comum nos
Estados da América Latina até aos anos setenta do séc. XX,
A democracia significa que o poder público postula uma relação de confiança com a comunidade política,
em que o respetivo exercício se submete a diversos controlos, jurídicos e políticos.
A operacionalização da democracia depende da regra da maioria, segundo a qual a decisão
corresponde à vontade popular se determinada por um conjunto de cidadãos em número superior
ao daqueles que têm uma opinião contrária, regra da maioria que se fundamenta na igualdade da
intervenção de cada cidadão.
O fundamento da democracia com base na regra da maioria não pode querer dizer que as minorias se
consideram excluídas do sistema político ou se limitam a esperar a oportunidade de passarem a maioria
política.
A democracia é deferente para com as minorias políticas, na medida em que são partes integrantes
do sistema político, numa lógica heracliteana, em que só pela dialética discursiva e pelo
contraditório político-ideológico se pode verdadeiramente legitimar a decisão política.
Nas democracias regista-se a efetiva presença dos governados no estatuto e no desempenho dos
governantes:
a intervenção na escolha dos governantes, através de um esquema em que, direta ou
indiretamente, a sua vontade é decisiva na seleção daqueles.
a intervenção da atividade levada a cabo pelos governantes, na medida em que esta se apresenta
limitada na distribuição de poderes entre os órgãos (separação de poderes) e no respeito por um
espaço de proteção dos cidadãos (direitos fundamentais).
a intervenção na fiscalização dos atos dos governados, através da sua efetiva submissão a uma
atividade de controlo judicial e de natureza política.
a intervenção na possibilidade da não redesignação dos governantes, com mandatos limitados no
tempo, e sempre com uma ponderação do mérito do trabalho desenvolvido.