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APOSTILA DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
Focada no concurso para o
CEFET – 2024
Sumário
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: (...)
Com base na leitura desse artigo, é possível conhecermos a nossa forma de governo
(República) assim como a nossa forma de estado (Federação). Quanto à Federação, o art. 60,
§4º, da Constituição, a coloca como uma cláusula pétrea, ou seja, ela não pode ser abolida por
emenda constitucional. Já a República, não é colocada como cláusula pétrea, podendo ser
alterada tal forma de Governo através de emenda constitucional, se a sociedade assim o
decidir.
Dessa forma, pode-se resumir as características iniciais da República Federativa do
Brasil da seguinte forma:
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1.1.1 República
República é uma palavra que vem do latim res publica e significa coisa pública. Trata-se
de forma de governo por meio da qual o governante, escolhido pelo povo, chega ao poder por
meio de eleições periódicas, exerce um mandato temporário e tem o dever de prestar contas
(responsabilidade) por seus atos de governo, tendo em vista que é um gestor da coisa pública.
A República se opõe à Monarquia, outra forma de governo. Veja, a seguir, as
características que diferenciam uma da outra.
REPÚBLICA MONARQUIA
eletividade hereditariedade
temporariedade vitaliciedade
responsabilidade irresponsabilidade
1.1.2 Federação
A Federação opõe-se ao Estado Unitário, uma vez que esse último possui um comando
central único, ainda que descentralizado administrativa e / ou politicamente.
Vale ressaltar que a Federação é considerada cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I), não sendo
possível qualquer proposta de Emenda à Constituição tendente a aboli-la.
Ademais, a previsão do princípio da indissolubilidade da Federação, expresso no art. 1º
da CRFB/88, veda o direito de secessão, ou seja, o direito de separação do território brasileiro.
Apesar de cada Estado federativo apresentar características peculiares, inerentes às
suas realidades locais, há pontos em comum que podem ser sistematizados. Assim, segue uma
tabela com as principais características da Federação:
E por último, mas não menos importante, é importante destacar que os Territórios não
são entes federados, não são entes políticos dotados de autonomia. Com efeito, os Territórios
são meras divisões territoriais pertencentes à União. Ainda assim, eles podem ser divididos em
Municípios e possuem Câmara Territorial, com membros eleitos e competência deliberativa
própria, conforme previsto na Constituição no art. 33, §§ 1º e 3º.
Fique atento (a), pois a Selecon pode colocar os Territórios Federais como integrantes
da Federação e, acabamos de explicar, eles NÃO são considerados entes políticos, mas sim,
descentralizações administrativas pertencentes à União.
1.1.3 Democracia
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
FUNDAMENTOS DA
REPÚBLICA SO CI DI VA PLU
Art. 1º, I ao V, CRFB/88
VAlores sociais
DIgnidade da PLUralismo
SOberania CIdadania do trabalho e da
pessoa humana político
livre iniciativa
Essa é a base principiológica sobre a qual será construído o país. Assim, eles são
considerados metaprincípios, dos quais decorrerão todos os outros princípios e regras
constitucionais. Vamos explicar, de forma objetiva, cada um deles, na medida em que há a
possibilidade de a Selecon explorar esses conceitos de forma isolada.
a) Soberania
soberano não está limitado por nenhum outro na ordem interna nem na ordem externa, pois não
precisa seguir regras que não sejam voluntariamente aceitas.
b) Cidadania
Há uma visão estrita e uma visão ampla de cidadania. Na visão estrita, cidadania é a
possibilidade de os indivíduos interferirem nas decisões políticas do Estado. Dessa forma,
cidadãos seriam aqueles detentores de direitos políticos (capacidade de votar e de ser votado;
participação em plebiscitos e referendos). Por sua vez, na visão ampla de cidadania, esta
corresponde à titularidade de direitos fundamentais, bem como de deveres perante os
semelhantes.
É princípio de valor supremo em nosso Estado com influência e eficácia sobre todo o
ordenamento jurídico. Ele atrai para si o conteúdo de todos os direitos fundamentais, impondo
ao Estado o respeito à dignidade da pessoa em todos os seus aspectos, ou seja, há um dever
de abstenção (dever de não-interferência ou de não-intromissão) por parte do Estado e
também um dever de atuação positiva (dever de prestação), que se materializa com a
efetivação de direitos sociais, econômicos e culturais que promovam a liberdade e a igualdade
materiais.
Visa a criar uma relação de harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho. Com
efeito, no mesmo dispositivo, foi mantida a ponderação entre os valores sociais do trabalho (e a
necessidade de proteção constitucional dos direitos dos trabalhadores) e a importância da
livre iniciativa, da iniciativa privada, do capitalismo. Dessa forma, entende-se que um não pode
sobrepor-se ao outro, tendo como principal objetivo alcançar a justiça social.
e) Pluralismo político
Decorre do princípio democrático e impõe a opção por uma sociedade plural. É garantia
da liberdade de convicção filosófica e política e, também, a possibilidade de organização e
participação em partidos políticos. Ressalte-se, todavia, que pluralismo político não se
confunde com pluripartidarismo (pluralismo de partidos), que é apenas uma das espécies de
sua manifestação. Com isso, um sistema plural é aquele que aceita, reconhece e tolera a
existência de diferentes ideias e cultura de costumes.
Fique atento (a) porque esses assuntos podem aparecer em prova de duas formas: pode
ser cobrada a simples “decoreba”, ou seja, a Selecon pode explorar apenas a literalidade dos
incisos, ou ela pode elaborar uma questão envolvendo o conceito de algum desses
fundamentos.
O objetivo dessa separação é evitar que o poder se concentre nas mãos de uma única
pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que
todo o poder se concentrava nas mãos do rei.
E, além disso, a independência entre os Poderes é limitada pelo sistema de freios e
contrapesos (checks and balances). Esse sistema prevê a interferência legítima de um Poder
sobre o outro, nos limites estabelecidos pela Constituição. É o que acontece, por exemplo,
quando o Congresso Nacional fiscaliza os atos do Poder Executivo ou o judiciário declara a
inconstitucionalidade de alguma lei.
Vale ressaltar também que a independência entre os Poderes não significa
exclusividade no exercício das funções que lhe são atribuídas, mas, sim, predominância no seu
desempenho. Assim, ainda que determinadas funções sejam exercidas, predominantemente,
pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (funções típicas), elas também podem ser
desempenhadas pelos outros Poderes de modo subsidiário (funções atípicas), com vistas a
garantir a sua própria autonomia e independência.
Vamos agora tecer breves comentários sobre cada um desses poderes e de suas
funções típicas e atípicas, pois esses assuntos vêm caindo muito em prova e já foram cobrados
pela Selecon.
Observe o quadro a seguir:
CON GA ER RE PRO
(todos verbos)
O art. 4º, reservado aos princípios que regem as relações internacionais, é uma
inovação da Constituição de 1988. Este artigo dispõe que:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Nessa etapa final do estudo dos Princípios Fundamentais (arts. 1º ao 4º), é bom salientar
como esses assuntos costumam cair nas provas. Em se tratando da Selecon, além de cobrar
situações hipotéticas com os temas abordados, o examinador também tenta confundir os
fundamentos (So Ci Di Va Plu), previstos no art. 1º, com os objetivos (Con Gar Er Re Pro),
previstos no artigo 3º, e também os misturando com os princípios que regem as relações
internacionais, expressos no art. 4º da Constituição, os quais acabamos de estudar.
HORA DE PRATICAR
GABARITO
1. A
2. B
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Historicidade
Universalidade
direitos fundamentais
Características dos
Limitabilidade
(relatividade)
Concorrência
Inalienabilidade
Imprescritibilidade
Vedação ao
retrocesso
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O art. 5º, caput, da Constituição Federal começa afirmando que “todos são iguais
perante à lei”. Trata-se do chamado princípio da igualdade ou da isonomia, que é um princípio
jurídico informador de toda a ordem constitucional. Ele pode ser analisado sob alguns
aspectos, segundo jurisprudência do próprio STF:
a) da igualdade na lei
A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui
exigência destinada ao legislador que, no processo de elaboração das leis, nelas não poderá
incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica.
c) da igualdade material
Denominada por alguns de igualdade real ou substancial, a igualdade material tem por
finalidade igualar os indivíduos, que essencialmente são desiguais.
Sabe-se que as pessoas apresentam diversidades que, muitas vezes, não são superadas
quando submetidas ao império de uma mesma lei, o que aumenta ainda mais a desigualdade
existente no plano fático. Nesse sentido, faz-se necessário que o legislador, atentando para
essa realidade, leve em consideração os aspectos diferenciadores existentes na sociedade,
adequando o direito às peculiaridades dos indivíduos.
Diante do que acabamos de discutir, a igualdade a ser buscada pelo Estado, prevista no
art. 5º, caput, da CRFB/88, é a igualdade material, cuja origem teórica remonta a Aristóteles.
Assim, a igualdade material consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual, na medida
da sua desigualdade. No Brasil, um dos primeiros a pregar esse tipo de igualdade foi Ruy
Barbosa, num discurso proferido na capital paulista, intitulado “Oração aos Moços”: “a regra
da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais na medida em que
se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se
acha a verdadeira lei da igualdade”.
Ainda com relação ao caput do art. 5º, é preciso atentar para o fato de que apesar da
referência apenas a “brasileiros e estrangeiros residentes no país”, há consenso na doutrina e
na jurisprudência do STF de que eles alcançam também qualquer pessoa física que se
encontre em território nacional, mesmo que seja estrangeira e residente no exterior.
Por fim, vale lembrar também, que a pessoa jurídica (nacional ou estrangeira) também
é titular de direitos e garantias naquilo que couber, segundo o entendimento dominante.
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Depois de estudarmos o caput do art. 5º, vamos, a partir de agora, discorrer sobre os
seus incisos:
Art. 5º (...)
I. homens e mulheres são iguais nos termos desta Constituição;
Assim, esse inciso reforça o princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei sem
distinção de qualquer natureza, mas dessa vez com ênfase na igualdade entre os sexos,
afastando assim qualquer forma de discriminação entre homens e mulheres. Contudo há que
se destacar que homens e mulheres não têm tratamento idêntico por parte do Estado, que
poderá dar tratamento diferenciado, na medida em que os gêneros se desigualam.
Segundo a jurisprudência do STF (RE 227.114/SP, 2012), o foro especial para a mulher
nas ações de separação judicial não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres
ou da igualdade entre os cônjuges. Isso porque não se trata de um privilégio estabelecido em
favor das mulheres, mas de uma norma que visa a estabelecer um tratamento menos gravoso à
parte que, em regra, se encontrava e, ainda se encontra, em situação menos favorável
econômica e financeiramente.
Princípio da legalidade
Art. 5º (...)
II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
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É preciso atentar para o fato de que o princípio da legalidade tem uma aplicação
diferenciada para o Estado e para os indivíduos em geral.
De fato, o Estado tem o dever de fazer o que a lei impõe (art. 37 da CRFB/88). Podemos
citar como exemplo a licitação feita pelo poder público. Neste caso, o princípio da legalidade
possui caráter absolutamente vinculado, reduzindo ao mínimo a liberdade do administrador.
Por sua vez, o princípio da legalidade para o particular tem aplicação diversa: o
particular pode fazer o que a lei não proíbe. A título de ilustração, os estabelecimentos
comerciais podem se recusar a aceitar cheques. A conduta não é proibida por lei, que só exige
como forma de pagamento o dinheiro em moeda corrente.
Proibição da tortura
Art. 5º (...)
III. ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Com base nesse inciso, o STF editou a súmula vinculante nº 11, muito cobrada em
concursos públicos:
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Súmula Vinculante 11
Sem sombra de dúvidas, um dos direitos fundamentais mais importantes está previsto
no art. 5º, IV, da CRFB/88:
Art. 5º (...)
IV. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
Direito de resposta
Art. 5º (...)
V. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
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Art. 5º (...)
VI. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas
liturgias;
VII. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva.
Escusa de consciência
Art. 5º (...)
VIII. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei.
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Esse inciso traz como regra que ninguém será privado de direitos por motivo de crença
ou de convicção política ou filosófica, mas, poderá sim, ser privada de direitos (como exceção)
se fizer a chamada “dupla recusa”, ou seja, se recusar a exercer uma obrigação a todos
impostas e também se recusar a cumprir prestação alternativa, fixada em Lei.
Art. 5º (...)
IX. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença.
Art. 5º (...)
X. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
relativa, uma vez que estes devem prestar contas à sociedade da atuação desenvolvida. Vale
ressaltar que não há que se falar em violação da vida íntima ou privada quando na realização
de suas funções.
Inviolabilidade do domicílio
Art. 5º (...)
XI. a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
De acordo com esse inciso, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador…”. Pode-se então formular a seguinte pergunta: o
que se entende por casa?
Para o STF, o conceito de casa deve ser entendido de forma mais ampla,
compreendendo qualquer compartimento habitado ou qualquer aposento coletivo, tais como:
quartos de hotel, pensão, motel e hospedaria ou, ainda, qualquer outro local privado não
aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, e até mesmo o barco ou o
automóvel (incluindo trailers, motor-homes ou a boleia de um caminhão), caso sirvam de
morada.
Aos analisarmos o conceito de casa é importante destacar que a casa é asilo inviolável,
contudo existem exceções a essa inviolabilidade:
Art. 5º (...)
XII. é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal;
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Esse inciso prevê quatro formas de comunicação, tidas como invioláveis, a saber:
a) correspondência;
b) comunicações telegráficas;
c) dados;
d) comunicações telefônicas.
Contudo, é sempre bom lembrar que não existem direitos absolutos. Dessa forma,
admite-se, também, a interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e
de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de
ilícitos. Isso porque, segundo o próprio entendimento do STF: “a Constituição não pode servir
como manto protetor para a pratica de ilicitudes”.
Nesse sentido, entende o STF, no julgamento do HC 70.814 que: “a administração
penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de
preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a
norma inscrita no art. 41, da Lei 7.210/84(Lei de execuções Penais), proceder à interceptação
da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade
do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas .”
Liberdade de profissão
Art. 5º (...)
XIII. é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
Todavia, de acordo com o texto, percebe-se que a Constituição, neste inciso, estabelece
uma restrição ao princípio da liberdade profissional (trata-se de uma norma de eficácia
contida), quando estabelece o atendimento de certas qualificações profissionais, para
condicionar o indivíduo ao regular exercício de determinado trabalho, ofício ou profissão.
Diante do exposto, vale ressaltar que essas restrições não poderão ser utilizadas de
maneira arbitrária ou desproporcional, devendo se levar em conta o tipo de trabalho que está
sendo desempenhado, conforme a própria jurisprudência do STF, abaixo relatada:
“Há profissões cujo exercício diz, diretamente, com a vida, a saúde, a liberdade, a honra e
a segurança do cidadão e, por isso, a lei cerca seu exercício de determinadas condições
de capacidade. Fora deste terreno, não podemos admitir exceções, porque estaríamos
mutilando o regime democrático da Constituição (...), dando à lei ordinária uma força que
não deve e não pode ter” (RE 511.961/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES)
O inciso XIV do art. 5º da CRFB/88 traz um direito fundamental não apenas ligado à
dignidade da pessoa humana, mas também umbilicalmente relacionado ao Estado Democrático
de Direito e à República: a liberdade de informação e o sigilo da fonte. Com efeito, esse inciso
dispõe que:
Art. 5º (...)
XIV. é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;
Esse inciso deve ser analisado sob dois aspectos: o primeiro é sobre a garantia ao
direito de conhecer as informações de interesse público ou privado, através da liberdade de
acesso à informação. E o segundo, que é o mais importante, possibilita que jornalistas
obtenham informações sem terem que revelar sua fonte, até mesmo no que diz respeito a
questões judiciais. Consoante o entendimento do Professor Flávio Martins:
É importante destacar que, caso alguém se sinta prejudicado pela informação, o jornalista
que responderá por isso.
Liberdade de locomoção
Art. 5º (...)
XV. é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Art. 5º (...)
LXVIII. conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder;
O habeas corpus é uma garantia fundamental utilizada sempre que alguém sofrer
(habeas corpus repressivo) ou se achar ameaçado de sofrer (habeas corpus preventivo)
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Ele é considerado uma ação de natureza penal, e não é necessário ter capacidade
postulatória para impetrá-lo (ou seja, o indivíduo não precisa de advogado para a impetração).
Ademais, ele pode ser proposto por qualquer pessoa (física ou jurídica), brasileiro ou
estrangeiro, além de ser gratuito, conforme o inciso LXXVII:
Art. 5º (...)
LXXVII. são gratuitas as ações de habeas-corpus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.
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Direito de reunião
Art. 5º (...)
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
Então, tenha cuidado, pois o direito de reunião independe de autorização, mas depende
de prévio aviso. Ademais, caso o poder público, de forma arbitrária, impeça o exercício desse
direito, o remédio constitucional a ser utilizado será o mandado de segurança, e não o habeas
corpus. Fique ligado (a), pois a banca pode explorar esse tipo de questão.
Direito de associação
Art. 5º (...)
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
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As associações são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que se
formam pela reunião de pessoas em prol de um objetivo comum, e diferenciam-se da reunião
por ter caráter permanente (a reunião, prevista no inciso XVI, tem caráter transitório).
No que diz respeito aos incisos que tratam do direito de associação (direitos coletivos), é
importante se preocupar com a sua literalidade, porque é o que costuma aparecer em provas.
Dê atenção especial para o inciso XIX, que é o mais cobrado.
O direito de propriedade está previsto num conjunto de incisos do art. 5º (XXII a XXVI):
Art. 5º (...)
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
É importante perceber que, além de um direito (inciso XXII), a propriedade também tem
um dever a cumprir (inciso XXIII): atender a sua função social.
Caso fique comprovado o não cumprimento da função social, segundo a própria
Constituição, a propriedade poderá ser desapropriada (a doutrina chama de desapropriação-
sanção
, essa modalidade), mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida pública (art.
182, § 4º, III e art. 184).
Como vimos anteriormente, a Constituição prevê em seu artigo 5º que a propriedade
será inviolável, mas como bem sabemos, não existem direitos absolutos, assim, pode o poder
público intervir na propriedade privada, utilizando-se do princípio da supremacia do interesse
público sobre o particular, para a satisfação do interesse de toda a coletividade e para que seja
possível o equilíbrio social.
Aqui estamos diante de duas formas distintas de intervenção na propriedade: a
desapropriação (inciso XXIV) e a requisição administrativa (inciso XXV). Cuidado para não
confundir a desapropriação com a desapropriação-sanção.
A primeira (desapropriação), como observado, ocorrerá em caso de necessidade,
utilidade pública ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ocasionando assim uma transferência compulsória da propriedade do indivíduo para o Estado.
Já a segunda (requisição administrativa), será uma espécie de utilização compulsória
(“pegar emprestado”) pelo Estado e será efetivada em caso de iminente perigo público e
somente ocorrerá pagamento de indenização, se, após a utilização, for constatado algum dano
à propriedade.
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Desapropriação Requisição
Art. 5º, XXIV Art. 5º, XXV
Definitiva Temporária
Necessidade, utilidade pública e interesse social Iminente perigo público
Prévia e justa indenização em dinheiro (em regra). Indenização se houver dano
Exceções: art. 182, § 4º, III, 184, caput e 243, CF.
Propriedade intelectual
Art. 5º (...)
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e
voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Com relação ao direito do autor, vale frisar que enquanto estiver vivo, ele usufruirá de
sua criação plenamente. Contudo, no que diz respeito à transferência dos direitos autorais da
obra aos herdeiros após a sua morte, esta poderá sofrer uma restrição, podendo a lei
estabelecer um prazo máximo de proteção das criações, findo o qual a obra cai em domínio
público.
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No caso do Brasil, via de regra, as obras são protegidas até 70 anos após a morte do
autor. No entanto, há algumas particularidades específicas, como no caso de obra audiovisual,
caso em que a proteção é de setenta anos após a sua divulgação. Findo o prazo de proteção, a
obra pode ser livremente divulgada e reproduzida, ressalvados os direitos morais, que são
perpétuos.
Quanto ao inciso XXIX, a Constituição determina que a propriedade industrial e a sua
utilização por seus autores serão temporárias. Perceba que existe uma diferença em relação
ao direito autoral previsto no inciso XXVII, pois, nos inventos industriais, os inventores terão
apenas o privilégio temporário (enquanto vivos), contados a partir da sua criação, e não
necessariamente após a sua morte, pois o que prevalece nesse caso é o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do país.
Direito de Herança
O Direito de Herança está previsto nos incisos XXX e XXXI do art. 5º:
Art. 5º (...)
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável
a lei pessoal do "de cujus";
Destaque-se aqui que, no caso de sucessão de bens que estão dentro do território
brasileiro, em regra, aplica-se a lei brasileira, contudo, se a lei pessoal do “de cujus” for mais
favorável, esta será aplicada, mesmo sendo lei de outro país.
Defesa do consumidor
Art. 5º (...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Quanto a sua classificação (no tocante à Eficácia das Normas Constitucionais), o inciso
XXXII é considerado uma norma de eficácia limitada, pois depende de lei posterior para
produzir plenamente seus efeitos. Vale ressaltar que a defesa do consumidor já está
regulamentada pela Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
Acesso à informação
informação), que dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelos órgãos dos
poderes públicos, com o fim de garantir o acesso a informações de interesse coletivo ou geral.
Segundo nos informa o inciso XXXIII:
Art. 5º (...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;
O art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, da Constituição Federal prevê o direito de petição e, da
mesma forma, o art. 5º, inciso XXXIV, alínea “b”, prevê o direito de certidão:
Art. 5º (...)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Art. 5º (...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
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Por meio desse princípio, a Constituição garante a todos o direito de buscar a Justiça
sempre que houver uma ameaça ou uma violação ao seu direito. Assim, o Poder Judiciário, no
exercício da sua função, deverá solucionar o conflito aplicando o direito ao caso em concreto.
Importante ressaltar que tal direito não está condicionado ao esgotamento das
instâncias administrativas, podendo, a qualquer tempo, o interessado ingressar com a ação
competente, exceção feita à Justiça Desportiva no que se refere à disciplina e às competições
esportivas, hipóteses em que a Constituição, em seu artigo 217, §1º, determina expressamente
que o Judiciário só admitirá ações a elas referentes após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva.
Outro destaque encontra-se no fato de que o princípio da inafastabilidade não assegura
o chamado “duplo grau de jurisdição”, pois inexiste obrigatoriedade de duplo grau de
jurisdição, uma vez que a Constituição menciona a existência de juízes e tribunais, prevê a
existência de recursos, mas não prevê essa obrigatoriedade. Isso porque existem
competências originárias em que não há o duplo grau de jurisdição, como por exemplo,
naqueles casos em que a competência originária é dos Tribunais.
Art. 5º (...)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
O direito adquirido (aquele que cumpriu todos os requisitos exigidos por lei para sua
formação), o ato jurídico perfeito (a consequência do exercício efetivo de um direito adquirido)
e a coisa julgada (decisão judicial da qual não cabe mais recurso) são considerados
instrumentos de segurança jurídica, impedindo que as leis retroajam para prejudicar situações
jurídicas consolidadas.
O princípio do juiz natural pode ser encontrado em dois incisos do art. 5º da Constituição
Federal. O primeiro deles é o art. 5º, XXXVII. O outro é o art. 5º, LIII:
Art. 5º (...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
Esses dois incisos garantem ao indivíduo que suas ações judiciais serão apreciadas por
um juiz imparcial e independente. O inciso XXXVII repudia a existência de juízos ou tribunais de
exceção, seja qual for a circunstância. Isso significa que qualquer ação será submetida,
sempre, aos Tribunais existentes, criados e previstos na própria Constituição, que a julgará
dentro das leis existentes à época do fato.
31
Já no inciso LIII, o legislador constituinte buscou impedir que o indivíduo venha a sofrer
consequências de um processo ou de uma sentença eventualmente proferida por um juiz ou um
Tribunal incompetente para apreciá-lo, pois apenas os órgãos jurisdicionais que tiveram suas
competências estabelecidas pela Constituição e por leis infraconstitucionais poderão exercer
a função jurisdicional, cada um na esfera de suas competências, seja territorial ou material.
Tribunal do Júri
Art. 5º (...)
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Art. 5º (...)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Art. 5º (...)
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
É o princípio segundo o qual uma lei apenas pode retroagir se for para beneficiar o réu.
Assim, se alguém comete hoje um ato que a lei não imputa como crime e amanhã esse ato, por
força de determinação legal, for transformado em um ato ilegal, a lei não poderá ser aplicada
de forma retroativa.
Contudo, se ocorrer o contrário, a lei poderá retroagir em benefício do réu, seja
diminuindo penas, trazendo benefícios penais quanto à execução da pena ou até mesmo
transformando a conduta em fato atípico.
Práticas discriminatórias
Art. 5º (...)
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
A CRFB/88 estabelece quais são os dois crimes imprescritíveis, nos incisos XLII e XLIV
do artigo 5º.
Por sua vez, o inciso XLIII do mesmo artigo, apresenta-nos os crimes hediondos e
equiparados, quais sejam:
33
Art. 5º (...)
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
ATENÇÃO!
Insuscetível de graça ou anistia = os autores do crime não
poderão gozar dos benefícios da graça nem da anistia.
Art. 5º (...)
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
A parte inicial deste inciso determina que a pena não poderá ser transmitida para
familiares do condenado ou terceiros, extinguindo-se com a morte do agente.
Contudo, em relação aos aspectos patrimoniais envolvidos nessa questão, o tratamento
dado será diferente. Com efeito, será transferida para os sucessores a obrigação de reparar o
dano ou mesmo a possibilidade do perdimento de bens, mas é claro, há uma limitação ao
patrimônio deixado em herança, tratando-se assim de um caso de transmissibilidade do dever
de indenizar em decorrência da transmissão do patrimônio do responsável pelo dano.
34
Art. 5º (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Com relação às penas admitidas, vale destacar que o seu rol não é exaustivo, podendo a
lei criar outras formas de penalidade, desde que estas não estejam no rol das penas proibidas
(inciso XLVII).
Já no que diz respeito às penas proibidas, é preciso dar atenção à pena de morte, pois
em regra ela é vedada, mas uma única possibilidade é admitida, a saber, nos crimes praticados
durante a guerra.
Art. 5º (...)
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
Art. 5º (...)
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
O inciso XLIX garante a integridade física e moral do preso. A mesma regra também está
descrita no art. 38 do Código Penal.
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se
a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Dessa forma, o sujeito passivo desta norma é o presidiário, ao passo que o Estado é o
responsável pela sua integridade física e moral enquanto o presidiário se encontrar sob sua
custódia. Note que o Estado pode ser condenado ao pagamento de indenizações por danos
morais, conforme decisão recente do STF no Recurso Extraordinário nº 580252:
Hipóteses de extradição
Extradição é o envio de uma pessoa para outro país, para que ela seja processada ou
para que cumpra pena. Segundo o inciso LI do art.5º da CRFB/88,
Art. 5º (...)
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
36
a) a passiva, que está prevista na Constituição e ocorre quando outras nações soberanas
requerem ao Brasil a extradição de um indivíduo (nesse caso somente o naturalizado poderá
ser extraditado); e
b) a ativa, quando o Brasil solicita a extradição de um indivíduo a outros países soberanos e,
nesse caso, o Brasil poderá solicitar a extradição de brasileiro nato, pelo simples fato de que
ele voltará para o Brasil.
Com relação ao inciso LII, vale destacar que ninguém será extraditado por crime político
ou de opinião, nem mesmo o estrangeiro.
Não existe uma definição legal de qual conduta tipifique esse crime de caráter político,
ficando então, a cargo do Supremo Tribunal Federal, determinar seu enquadramento ou não.
Após esse enquadramento, a competência para o julgamento do crime político será do juiz
federal, conforme o artigo 109, inciso IV, da Constituição.
Art. 5º (...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
O princípio do contraditório e da ampla defesa, que tem íntima relação com o princípio
do devido processo legal, o qual acabamos de comentar, está expresso no inciso LV do art. 5º
da CRFB/88:
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Art. 5º (...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 5º (...)
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
As provas obtidas por meios ilícitos não são admitidas no ordenamento jurídico
brasileiro. Assim, elas devem ser retiradas do processo e, se da prova ilícita resultarem outras
provas, elas também deverão ser retiradas do processo, pois foram contaminadas pela
ilicitude. É o que preconiza a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, já pacífica na doutrina e
na jurisprudência.
Provas ilícitas são aquelas consideradas inadequadas para serem utilizadas no
processo, geralmente por vícios em sua obtenção ou por vícios materiais em si. São exemplos
de provas obtidas por meio ilícito a confissão mediante tortura, o furto de um documento
essencial para provação em juízo, o “grampo” sem autorização judicial. Já documentos
falsificados ideologicamente ou materialmente são provas ilícitas.
Entretanto, tendo em vista que nenhuma liberdade pública é absoluta, a jurisprudência
do STF permite a possibilidade excepcional da sua utilização em caso de defesa. Com efeito, há
situações em que se observa que o direito a ser tutelado – por exemplo, o direito à ampla
defesa – é mais importante do que o direito à intimidade, ao segredo, à liberdade de
comunicação, etc.
De qualquer modo, a regra geral ainda é a da inadmissibilidade das provas ilícitas, que
só excepcionalmente poderão ser admitidas em juízo, em respeito às liberdades públicas e ao
princípio da dignidade humana na colheita de provas e na própria persecução penal do Estado.
Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
Para que haja condenação, é necessário que o juízo esteja realmente convencido da
culpabilidade do autor, caso contrário, infirma-se a presunção da inocência. Dessa forma, o
nome do acusado somente pode ser lançado no rol dos culpados após o trânsito em julgado da
sentença condenatória, vale dizer, quando da sentença não cabe mais nenhum recurso.
Vale destacar que esse princípio, em regra, veda a prisão do réu antes que sua
condenação transite em julgado, mas, como exceção, é possível a prisão preventiva
processual, obedecidos os requisitos estabelecidos em Lei.
Art. 5º (...)
LVIII - o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei;
Todo aquele registrado civilmente, ou seja, que possua RG, por exemplo, não poderá ser
identificado criminalmente. Isso porque, uma vez que o Poder Público já dispõe da
identificação da pessoa, a identificação criminal se constituiria em uma medida vexatória
imposta ao cidadão indiciado, presumivelmente inocente.
Contudo, como o próprio dispositivo determina, a lei poderá prever, excepcionalmente,
hipóteses de identificação criminal mesmo quando o indivíduo já foi identificado civilmente. É o
caso da Lei nº 9034/1995 (Lei de combate ao crime organizado), por exemplo.
A previsão da ação penal privada subsidiária da pública encontra-se no inciso LIX do art.
5º da CRFB/88:
Art. 5º (...)
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal;
O processo criminal, em nosso Estado, somente pode ser promovido por meio de
denúncia ou de queixa, sendo a ação penal pública privativa do Ministério Público. Entretanto,
em alguns casos, o particular poderá exercer essa prerrogativa, de maneira excepcional,
quando a ação penal pública não for intentada no prazo legal. Por esse motivo, essa ação é
chamada de ação penal privada subsidiária da pública.
39
Art. 5º (...)
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;
Percebe-se que, via de regra, os atos processuais são públicos, contudo, esse direito
não é absoluto. Observe que o legislador constituinte excepcionou, no próprio comando
constitucional, as hipóteses da defesa da intimidade e o interesse social.
Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
Obs.: Cuidado! As bancas costumam trocar autoridade judiciária por autoridade policial.
Vale ressaltar que a prisão em flagrante pode ser realizada por qualquer pessoa.
Observe que o dispositivo legal foi enfático no sentido de que “qualquer do povo poderá”
enquanto “as autoridades policiais e seus agentes deverão”, expressando que a faculdade do
cidadão seria o dever da polícia.
As transgressões militares e os crimes militares, definidos em lei própria, dão ensejo à
prisão em flagrante, pela autoridade competente, independentemente de ordem judicial.
Nos incisos LXII a LXVI do art. 5º da CRFB/88, encontram-se outras regras sobre a
prisão, a saber:
40
Art. 5º (...)
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
Aqui, é recomendada uma leitura simples, mas atenta, desses incisos, pois a sua
literalidade é o que geralmente é cobrado em provas.
É preciso destacar que o legislador visou a assegurar ao preso todas as condições
possíveis de auxílio, como por exemplo: o direito à assistência da família para assegurar-lhe
conforto material e moral, bem como para contratar defensor que possa elaborar a sua defesa.
Art. 5º (...)
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Com a leitura deste inciso, pode-se concluir que, em regra, não há prisão civil por dívida,
admitindo a Constituição de forma expressa apenas duas exceções: a prisão do devedor da
pensão alimentícia e a do depositário infiel.
Contudo, o STF entende que o depositário infiel não pode mais ser levado à prisão, pois
o Brasil é signatário do Pacto de San José, (Tratado internacional sobre direitos humanos
firmado pelo Brasil em 1992), o qual permite apenas a prisão civil por não pagamento de
obrigação alimentícia. Dessa forma, o STF suspendeu a eficácia da legislação a ele contrária,
editando inclusive a súmula vinculante nº 25.
Súmula vinculante nº 25
É ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Remédios constitucionais
Art. 5º (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
a) Mandado de segurança
b) Mandado de injunção
O mandado de injunção, por sua vez, consiste em uma ação constitucional de caráter
civil e de procedimento especial, que visa a suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de
viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição
Federal.
Ele possui um papel relevante em nosso ordenamento jurídico, tendo em vista que vários
dispositivos constitucionais precisam de regulamentação para produzirem plenamente seus
efeitos. Dessa forma, o mandado de injunção torna-se um instrumento para combater a
omissão do legislador infraconstitucional. Ele é também aceito na modalidade coletiva, tendo
como legitimados os mesmos que podem impetrar mandado de segurança coletivo.
Julgado importante e muito cobrado em prova foi o do Mandado de Injunção nº 712/PA,
em que o STF adotou a posição concretista, ao analisar mandados de injunção referentes à
falta de norma regulamentadora do direito de greve dos servidores públicos civis (art. 37, VII,
CF). Nessa decisão, o STF não só declarou a omissão do legislador, como também determinou
a aplicação ao servidor público, no que couber, a lei de greve do setor privado (Lei nº
7.783/1989) até que sobrevenha norma específica regulamentadora.
Por fim, vale ressaltar que o sujeito passivo do mandado de injunção será somente o
Poder Público. Assim, se a omissão for legislativa federal, o mandado de injunção deve ser
proposto contra o Congresso Nacional, salvo se a iniciativa da lei for privativa do Presidente da
República, hipótese em que o mandado de injunção deverá ser proposto contra ele.
c) Habeas data
d) Ação popular
A ação popular é uma das formas de exercício da soberania popular, por intermédio da
qual permite-se a qualquer cidadão (eleitor) a função fiscalizadora do Poder Público, com base
no princípio da legalidade dos atos administrativos e do respeito ao patrimônio coletivo.
Quanto ao seu cabimento, o entendimento do STF é de que não cabe ação popular
contra ato de conteúdo jurisdicional, praticado por membro do Poder Judiciário no
desempenho de sua função típica (decisões judiciais). Isso porque a ação popular só incide
sobre a atuação administrativa do Poder Público.
43
Ademais, como determina o inciso, o autor em regra ficará isento de custas, mesmo não
confirmando a sua pretensão diante dos órgãos judiciais. Contudo, se for comprovada a sua
litigância de má-fé, ele arcará com essas custas e também com o “preço da derrota” (ônus de
sucumbência).
Vale destacar por último que a ação popular, por ser uma expressão do exercício da
soberania e de fiscalização do poder público, poderá ser proposta no juízo de primeiro grau de
jurisdição, mesmo se o ato lesivo for praticado por autoridade que possua prerrogativa de foro.
Assistência gratuita
Art. 5º (...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
Art. 5º (...)
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença;
Art. 5º (...)
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Art. 5º (...)
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
O objetivo deste princípio é garantir aos cidadãos o direito de verem julgados seus
processos em um prazo razoável. Ele é aplicável tanto aos processos administrativos quanto
aos judiciais.
Art. 5º (...)
LXXIX – é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive
nos meios digitais.
Esse inciso foi inserido na CRFB/88 pela Emenda Constitucional por meio da Emenda
Constitucional nº 115 de 2022 e é muito importante para a sua prova.
Vale ressaltar que a Lei nº 13.709 de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados) é a lei que
regulamenta esse inciso. Essa lei já havia inserido a proteção dos dados pessoais como sendo
um direito fundamental. Todavia, no texto constitucional, esse direito estava implícito. O papel
da EC nº 115 foi o de explicitar esse direito que já estava regulamentado pela lei
infraconstitucional.
45
Para finalizar o artigo 5º, vamos, a partir de agora, comentar seus quatro parágrafos,
que costumam ser muito cobrados em prova.
Art. 5º (...)
§1º As normas definidoras dos direito e garantias individuais têm aplicação imediata.
Art. 5º (...)
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela dotados, ou dos tratados internacionais em que a
República federativa do Brasil seja parte.
Por meio desse parágrafo, a Constituição abre o rol dos direitos fundamentais (rol
exemplificativo) ao prever que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Art. 5º (...)
convenções
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Por meio desse inciso, a Constituição determina que alguns tratados e convenções
internacionais têm força de emenda constitucional. Contudo, para que isso aconteça, dois
requisitos deverão ser observados:
46
Art. 5º (...)
§4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional à cuja criação tenha
manifestado adesão.
Os direitos sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições
materiais consideradas imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos fundamentais, por
isso tendem a exigir do Estado intervenções na ordem social, segundo critérios de justiça
distributiva.
Assim, diferentemente dos direitos liberais ou negativos (1ª geração), eles se realizam
por meio de uma atuação positiva estatal, com a finalidade de diminuir as desigualdades
sociais. A título de exemplo, no que diz respeito ao direito à vida, o Estado teria o dever de não
tirar a vida das pessoas, ao passo que, no que toca o direito à saúde, o Estado teria uma série
de deveres destinados a implementar esse direito social. Segundo nos ensina José Afonso da
Silva, os direitos sociais:
Reserva do Possível
Antes de começarmos o estudo literal dos artigos 6º ao 11, vale destacar mais dois
conceitos ligados aos direitos sociais, frequentemente cobrados em prova. São eles: O Mínimo
Existencial e o Princípio da Vedação do Retrocesso:
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O Mínimo Existencial
Da leitura do art. 6º, percebe-se um rol de direitos sociais básicos: educação, saúde,
alimentação, trabalho, moradia, transporte, segurança, lazer, previdência social, proteção à
maternidade e à infância e assistência aos desamparados. É importante ressaltar que esse rol
vem sendo ampliado sistematicamente em virtude do disposto no §2º do art. 5º da CRFB/88 (§2º
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.).
Observe o esquema a seguir:
49
O artigo 7º trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
Os direitos sociais contidos neste artigo 7º são exemplificativos, vale dizer, não são
taxativos (ou numerus clausus), pois não esgotam os direitos constitucionais dos
trabalhadores, que se encontram previstos na própria Constituição Federal. Alguns desses
direitos são aplicados aos servidores públicos (artigo 39, §3º, da Constituição):
Art. 39, §3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
50
Vale destacar a parte final do artigo 39, § 3º, que já foi alvo de debates no STF, gerando
uma súmula muito cobrada em prova:
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º,
XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido.
Outro destaque importante é o inciso XXXIV, que trouxe a igualdade entre o trabalhador
com vínculo empregatício e o trabalhador avulso.
Art. 7º (...)
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo permanente e o trabalhador
avulso.
O trabalhador avulso é aquele que presta serviço para diversas empresas, sem vínculo
empregatício com essas empresas, mas por intermédio de um órgão de gestão de mão-de-
obra ou de um sindicato.
Com relação aos demais direitos dos trabalhadores previstos no texto constitucional,
que veremos a seguir, alguns têm aplicabilidade imediata (eficácia plena ou contida), outros
dependem de lei para sua efetiva aplicação (eficácia limitada), devendo o Estado assegurá-los
materialmente, já que o direito do trabalho é regulamentado por leis específicas.
Para facilitar o seu estudo, vamos dividir os direitos dos trabalhadores por categorias,
conforme divisão da doutrina majoritária. Frise-se que é muito importante a leitura e a
memorização desses assuntos, porque o que costuma ser cobrado em provas de concurso é
a literalidade desses incisos.
Art. 7º (...)
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
Vale destacar que os direitos dos trabalhadores previstos no art. 7º serão (em regra)
regulados por Lei (Lei Ordinária), com exceção de apenas um desses direitos que será
regulamentado por Lei Complementar, que é o caso do inciso I do artigo 7°.
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Art. 7º (...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos
da lei;
Art. 7º (...)
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e
vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXIV - aposentadoria;
Art. 10, § 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o
prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.
52
Direito à proteção
Art. 7º (...)
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;
Deve-se ter atenção especial ao inciso XXXIII, muito cobrado em prova. Cuidado para
não confundir as idades!!!
Art. 7º (...)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva;
Atenção para não confundir a jornada de trabalho do servidor público federal prevista
na Lei nº 8112/90 (Estatuto Federal), que é de 40 horas semanais, com a jornada do
trabalhador/empregado que é regido pela CLT, como mostra o inciso XIII (acima citado) da
Constituição, que é de 44 semanais.
53
Lei 8112/90 - Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das
atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho
semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito
horas diárias, respectivamente.
Art. 7º (...)
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à
do normal;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos
de idade em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho;
Art. 7º (...)
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
como a sua integração à previdência social.
Por fim, vale destacar que a Emenda Constitucional nº 72, de 2013, ampliou os direitos
dos trabalhadores domésticos, exigindo, para algum desses direitos, uma regulamentação
específica, como mostra a parte final do parágrafo único.
Art. 8º (...)
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;
Art. 8º (...)
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
área de um Município;
O inciso II, acima descrito, traz o respeito ao Princípio da unicidade sindical. Assim, não
podem coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional (trabalhadores) ou
econômica (empregadores), dentro de uma mesma base territorial.
Art. 8º (...)
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
Segundo o entendimento do STF, com base no inciso acima, o sindicato pode atuar na
defesa de todos os direitos individuais dos integrantes da categoria que representa, contudo, é
necessário que o membro do sindicato autorize essa ação, através de uma procuração, como
trata o artigo 5º, inciso XXI.
Art. 8º (...)
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,
será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação
sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
Súmula Vinculante 40
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível
dos filiados ao sindicato respectivo.
Art. 8º (...)
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
É importante ressaltar a estabilidade provisória prevista no inciso VIII do artigo 8º, que
se dá a partir do registro da candidatura e, caso o empregado seja eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave.
Por último, as disposições do artigo 8º aplicam-se também à organização de sindicatos
rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Direito de greve
Após o estudo dos direitos sociais (artigos 6º ao 11), iniciaremos a parte que trata dos
Direitos da Nacionalidade, que estão previstos no artigo 12 da Constituição Federal.
Na alínea “b”, adota-se o critério do sangue, mas com uma condição adicional: o fato de
qualquer um dos pais (ou ambos) estarem a serviço oficial do Brasil, o que significa qualquer
serviço prestado por órgão ou entidade da Administração Direta ou Indireta.
Por último, a alínea “c”, nos traz a existência de duas formas diferentes de aquisição de
nacionalidade originária (nato) daquele que tem pai ou mãe brasileira, que no momento do
nascimento (no exterior) não estavam a serviço do Brasil. Vejamos:
1ª forma: filho de brasileiro (pai ou mãe), somado ao registro em repartição brasileira
competente;
2ª forma: filho de brasileiro (pai ou mãe) somado com a residência no território brasileiro e a
opção confirmativa, depois de adquirida a maioridade. É a chamada nacionalidade potestativa,
pois depende da vontade da pessoa.
Resumindo:
Naturalização Ordinária
Perceba, na alínea “a”, que no caso dos estrangeiros originários de países de língua
portuguesa, a naturalização é mais simples, sendo apenas exigidos dois requisitos:
Naturalização Extraordinária
Equiparação
Atenção! Não há, no art. 12, § 1º, uma hipótese de naturalização, e sim de equiparação,
ou seja, o português residente no Brasil continuará sendo português, mas agora na condição
de equiparado ao brasileiro.
E por que isso acontece? Porque serão estendidos aos portugueses equiparados os
mesmos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado, mas é claro que se atendidas às
condições previstas no, §1º do art. 12:
A Constituição determina que a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos na própria Constituição.
Vamos analisar cada uma das diferenças previstas na Constituição da República. São elas:
Vale aqui destacar que a Constituição não exige que todos os membros do Conselho da
República sejam brasileiros natos, mas apenas os seis cidadãos escolhidos.
Casos de extradição
Art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Por fim, é feita uma distinção entre brasileiros natos e naturalizados, no tocante à
propriedade de empresas jornalísticas, de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
Sendo assim, o naturalizado para ser proprietário dessas empresas, deverá ter, no mínimo, dez
anos de naturalização.
A perda da nacionalidade tem caráter personalíssimo. Isso significa que ela não se
estende aos descendentes, limitando-se apenas à pessoa em questão. Ela ocorrerá com a
concretização de uma das hipóteses previstas no § 4º, do artigo 12 da Constituição Federal, a
saber:
Nesta hipótese, fica claro que apenas o brasileiro naturalizado poderá sofrer a perda da
nacionalidade, pois se trata do cancelamento da naturalização, mas para que isso ocorra é
necessária uma decisão judicial com trânsito em julgado. Ademais, conforme entendimento
jurisprudencial do STF, o cancelamento da naturalização não pode ser declarado por decisão
administrativa, pois se configura como cláusula de reserva jurisdicional.
Outro detalhe importante é que, com o cancelamento da naturalização pela justiça, o
indivíduo volta à condição de estrangeiro. Contudo, ele pode tentar readquirir a nacionalidade
brasileira através de uma ação rescisória (remédio jurídico utilizado para impugnar sentença
transitada em julgado).
Cabe aqui ressaltar que nas hipóteses do inciso II, alíneas “a” e “b”, tanto o brasileiro
nato, quanto o naturalizado poderão perder a nacionalidade brasileira.
Sendo assim, conforme o disposto, o brasileiro (nato ou naturalizado) perderá a sua
nacionalidade quando voluntariamente adquirir outra nacionalidade, e não se enquadrar em
nenhuma das exceções previstas na Constituição (alíneas “a” e “b”).
Dito de outra forma, a nacionalidade brasileira não será perdida se for reconhecida a
nacionalidade originária pela lei estrangeira ou se a naturalização for condição imposta pela lei
estrangeira para que o brasileiro possa permanecer no território estrangeiro ou lá exercer
direitos civis. Nessas situações excepcionais, o indivíduo terá dupla nacionalidade: a brasileira
e a estrangeira.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
Características do voto
Art. 60 (...)
Depreende-se do artigo 60, §4º, então, que é clausula pétrea apenas o voto direto,
secreto, universal e periódico (e com valor igual para todos, conforme entendimento do STF), e
não a sua obrigatoriedade.
A Constituição Federal brasileira traz, no seu artigo 14, a previsão de três instrumentos
de democracia participativa, a saber: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
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Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
A Lei nº 9.709 de 1998 regulamenta a execução do disposto nos incisos I, II e III do art.
14, trazendo o conceito de Plebiscito e Referendo, que são espécies de consultas formuladas
aos eleitores.
Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre
matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
§1º O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
§2º O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
Plebiscito
Referendo
Iniciativa Popular
Art. 61 (...)
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles.
Art. 14 (...)
Art. 14 (...)
Art. 14 (...)
Observe, então, que o militar alistável pode ser eleito, mas para isso precisa afastar-se
da atividade, se tiver menos de dez anos de serviço. Caso tenha mais do que esse tempo de
serviço, será afastado (agregado) pela autoridade superior, conservando-se ativo até a
diplomação, momento em que passará automaticamente para a inatividade.
Art. 14 (...)
Inelegibilidades
Art. 14 (...)
Veja que o analfabeto, apesar de poder votar facultativamente, não pode ser votado. E
que, entre os inalistáveis, temos os estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço
militar obrigatório. E segundo a doutrina os inalistáveis e os analfabetos se enquadram na
chamada inelegibilidade absoluta, onde não podem concorrer a nenhum cargo eletivo.
Vamos esquematizar o que estudamos sobre condições de inelegibilidade até agora:
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Os chefes do Poder Executivo são inelegíveis para mais de uma reeleição subsequente.
Art. 14 (...)
Quem está como Chefe do Executivo dentro dos seis meses anteriores ao pleito eleitoral
fica inelegível para outros cargos.
Art. 14 (...)
Inelegibilidade Reflexa
Art. 14 (...)
Com base nesse parágrafo, o STF editou súmula para coibir práticas que eram utilizadas
principalmente nas eleições para prefeito.
Súmula vinculante nº 18
Art. 14 (...)
A AIME é uma ação de natureza constitucional destinada a coibir práticas abusivas por
um candidato e impugnar seu mandato. Seu fundamento encontra-se na redação do artigo 14, §
10, da Constituição Federal de 1988:
Art. 14 (...)
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude.
Encontra-se na plenitude do gozo dos direitos políticos aquele que não incorrer em
nenhuma das hipóteses de perda ou suspensão desses direitos, elencadas na legislação em
vigor.
No art. 15, a Constituição traz as hipóteses de privação dos direitos políticos. Esta pode
dar-se de maneira definitiva (perda) ou temporária (suspensão). É importante ressaltar que a
Constituição, em resposta à ditadura que a precedeu, não permite, em nenhuma hipótese, a
cassação dos direitos políticos.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Vale destacar que a Constituição veda a cassação (arbitrária, sem direito de defesa) dos
direitos políticos. Todavia, permite que eles sejam perdidos ou suspensos, desde que seja
observado o devido processo legal.
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HORA DE PRATICAR
GABARITO
1. B
2. A
E aqui, meu querido aluno / minha querida aluna do Focado no Edital chegamos ao fim dessa
etapa, com o encerramento da parte de Direito Constitucional proposta para o material
conforme o seu edital. Espero que tenha gostado da abordagem realizada em nossas aulas e
não se esqueça: estude que a vida muda!!!
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