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ORGANIZAÇÃO POLITICA

DO ESTADO
Prof. Moab Saldanha Jr.
FEDERAÇÃO

 Conceito – é um modelo de descentralização política, a


partir das repartições constitucionais de competências
entre as entidades federadas autônomas que a integram.
Pode-se dizer que o federalismo é um fenômeno da
divisão do poder por isso é objeto de estudo tanto da
ciência política como do direito constitucional.

 Há de se destacar que existem 3 formas de Estado:

 Estado unitário
 Confederação
 Federação.
Federação brasileira: peculiaridades

 A Forma federativa foi adotada no Brasil desde a


proclamação da República e é cláusula pétrea.

 A federação brasileira não é um típico Estado


federado, porque nas federações clássicas só há um
poder político central (União) e os centros regionais de
poder (Estados).

 A República Federativa do Brasil é composta de quatro


espécies de entes federados dotados de autonomia,
duas delas de entes federados típicos (União e
Estados) e duas de entes federados atípicos ou
anômalos (Distrito Federal e Municípios).
 IMPORTANTE:

 Não há menção aos territórios no art. 18 da CF.


Isso porque eles não são entendidos como entes
federativos, mas sim autarquias territoriais que
integram a União, como mera divisão administrativo
territorial, sem autonomia política.
Federalismo de segundo grau ou de terceiro grau?

 Segundo Marcelo Novelino, o primeiro, de segundo


grau (ou bidimencional), é típico nessa forma de
Estado que, para se constituir, somente precisa de
uma ordem jurídica central (primeiro grau) e das
ordens jurídicas regionais (segundo grau).

 Criado nos Estados Unidos da América, pátria do


conceito de federação, é adotado na maioria das
federações mundo afora.
 Entende o mesmo autor que, no Brasil, a partir da
CF/88, os municípios foram alçados à categoria de
entes federados, o que fez com que fosse somada às
duas ordens já existentes (central - representada pela
União; e regional - representada pelos Estados-
membros) uma terceira: a local, instituída pelos
Municípios, recém integrados à estrutura federativa.

 Nesse contexto, nosso federalismo é de terceiro grau


(ou atípico, ou tridimensional). (NOVELINO)
Posição contrária na doutrina:

 Manoel Gonçalves Ferreira Filho entende, todavia,


que nossa federação detém três ordens jurídicas (ou
esferas) distintas: a central (União), as regionais
(Estados-membros) e as locais (Municípios).

 Isso não a qualifica, na percepção do autor, como


uma federação de terceiro grau, mas sim de segundo
grau, pois teríamos um primeiro grau da União para os
Estados-membros e um segundo grau destes para os
Municípios.

 Pedro Lenza segue o professo Manoel Gonçalves.


Federação por agregação ou por desagregação:

 A Federação é formada por AGREGAÇÃO quando


antigos Estados independentes ou soberanos abrem mão
de sua soberania e se unem para a formação de um único
Estado Federado, indissolúvel, no qual gozarão, apenas, de
autonomia. Ocorre um movimento centrípeto, de fora para
dentro. Ex.: Estados Unidos.

 A Federação é formada por DESAGREGAÇÃO quando


um Estado unitário se descentraliza, instituindo uma
repartição de competências entre entidades federadas
autônomas, criadas para exercê-las. Ocorre um
monumento centrífugo, de dentro para fora. Ex.: Brasil.
Classificação da Federação quanto ao modo de separação
de competência entre os entes componentes

 DUAL: rígida separação de competências entre a


entidade central (União) e os demais entes
federados. Ex.: Estados Unidos.

 COOPERATIVO: divisão não rígida de


competências entre a entidade central e os
demais entes federados, vale dizer, há uma
proximidade maior entre os entes federativos, que
deverão atuar em conjunto, de modo comum
concorrente. Ex.: Brasil.
Federalismo simétrico x assimétrico:

 Simétrico: homogeneidade cultural, de grau de


desenvolvimento e também de língua entre os
entes integrantes da Federação. Ex.: Estados
Unidos.

 Assimétrico: diversidade de cultura e língua. Ex.:


Canadá.
Autonomia x intervenção:

 Embora a regra seja a autonomia do ente


federado, há situações em que uma entidade
federada poderá intervir em outra,
afastando temporariamente sua autonomia.

 A União poderá intervir nos Estados, no DF


e nos municípios localizados em seus
territórios, e os Estados poderão intervir nos
municípios localizados em seus territórios.
No Brasil, todos os entes federados participam da
formação da vontade nacional?

 NÃO. Os estados-membros e o DF tem efetiva


participação, por meio de seus representantes no
Senado e da possibilidade de proposta de ECs.

 Os municípios NÃO atuam de nenhum modo na


formação da ordem jurídica nacional.
O que é federação de equilíbrio?

 O Brasil enquadra-se no tipo federação de equilíbrio, o


que significa que está fundada no equilíbrio entre as
competências e a autonomia conferidas aos entes
federados pela CF.

 Esse equilíbrio está consubstanciado, também, nas


regras constitucionais de criação de regiões de
desenvolvimento entre os Estados e de regiões
metropolitanas entre os municípios, de concessão de
benefícios fiscais e da repartição de receitas
tributárias.
Mecanismos que visam a estabelecer proteção ao pacto
federativo:

 Repartição de competências;
 Rigidez da CF;

 Controle de constitucionalidade;

 Processo de intervenção;

 Imunidade recíproca de impostos; e

 Repartição das receitas tributárias.


Síntese dos principais elementos presentes na
nossa federação:
 Descentralização política;
 Formação por desagregação;
 Autonomia dos entes federados;
 Soberania do Estado federal;
 Formalização e repartição das competências em uma
Constituição do tipo rígida;
 Inexistência do direito de secessão;
 Representação dos Estados e do DF no legislativo
federal;
 Fiscalização da autonomia federativa por meio do
controle de constitucionalidade.
 IMPORTANTE!
 Como visto, a CF/88 somente gravou como
cláusula pétrea a forma federativa de Estado, não
fazendo o mesmo com a forma de governo
(República) e ao sistema de governo
(Presidencialismo).

 Contudo, a forma de governo republicana constitui


princípio sensível, autorizando a intervenção
federal no ente que a desrespeitar.
1. Federalismo na Constituição de 1988

 Estabelece a Constituição Federal de 1988 em seu


artigo 18 que: A organização político-administrativa
da República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
todos AUTÔNOMOS, nos termos desta Constituição.

 Um ponto que se extrai da norma constitucional é a


patente autonomia política desses entes, o que não
se pode confundir com soberania.
 O Estado Federado compõe-se de diferentes
entidades políticas autônomas que, em um vínculo
indissolúvel, formam uma unidade, diversa das
unidades componentes, que é o Estado soberano.
 É possível o direito de secessão?

 NÃO. Inexiste o direito de secessão, pois não


poderão dissolver a unidade imprescindível para a
mantença do próprio Estado soberano. É a
representação do caráter indissolúvel do vínculo
federativo.
 Há subordinação hierárquica entre as entidades
políticas que compõem o Estado Federado?

 NÃO. Todas elas encontram-se no mesmo patamar


hierárquico, para o exercício autônomo das
competências que lhes são atribuídas pela CF.
 IMPORTANTE!

 A forma federativa de estado trata-se de uma


cláusula pétrea no Brasil, não podendo, por
conseguinte, ser abolida por emendas
constitucionais.

 Ver CF, Art. 60, (...) 4º


 Outras características:

 A representação das unidades federativas no Poder


Legislativo Central. No caso do Brasil temos o
Congresso Nacional.
 A existência de um tribunal constitucional. No Brasil
temos o STF.
 A possibilidade de intervenção para manutenção
da Federação. Em nossa Constituição, está encartada
no art. 34.
 Autonomia dos entes federativos.
 Poder conferido, aos diversos entes federativos da
Federação, que lhes permite graus variáveis de
auto-organização, autogoverno, autoadministração
e também de arrecadação de receitas próprias,
nos termos e limites fixados pela Constituição
federal.

 Existência de Constituições locais.

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