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REPARTIÇÃO DE

COMPETÊNCIAS – PARTE I
Prof. Moab Saldanha Jr.
 Repartição de competências é a técnica que a
Constituição utiliza para partilhar entre os entes
federados as diferentes atividades do Estado
federal.
Espécies de competências
 As competências são classificadas em competências
administrativas, legislativas e tributárias.

 As competências administrativas especificam o


campo de atuação político-administrativa do ente
federado.

 São competências para a atuação efetiva, para


executar tarefas, para a realização de atividades
concernentes às matérias nelas consignadas.
 As competências legislativas, como própria
denominação indica, estabelecem o poder para
normatizar, estabelecer normas sobre as
respectivas matérias.

 A competência tributária diz respeito ao poder de


instituir tributos, que é outorgado a todos os
entes federativos, como uma das formas de
assegurar sua autonomia.
Técnica adotada pela Constituição de
1988
 Na CF/88, o legislador constituinte adotou como
critério ou fundamento para a repartição de
competências entre os diferentes entes federativos o
denominado princípio da predominância do interesse.

 Há assuntos que, por sua natureza, devem,


essencialmente, ser tratados de maneira uniforme em
todo o País e outros em que, no mais das vezes é
possível ou mesmo desejável a diversidade de
regulação e atuação do Poder Público, ou em âmbito
regional, ou em âmbito local.
 ATENÇÃO!

 Ao DF, em razão da vedação a sua divisão em


Municípios, foram outorgadas, em regra, as
competências legislativas, tributárias e
administrativas dos Estados e dos Municípios.
 Norteado pelo princípio da predominância do
interesse, o legislador constituinte repartiu as
competências entre os entes federados da seguinte
forma:

 1. Enumerou taxativamente e expressamente as


competências da União – competência
enumerada expressa (arts. 21 e 22,
principalmente);
 2. Enumerou taxativamente as competências dos
Municípios (art. 30 principalmente), mediante
arrolamento de competências expressas e
indicação de um critério de determinação das
demais, qual seja, o interesse local (legislar sobre
assuntos de interesse local; organizar e prestar os
serviços públicos de interesse local – art. 30, I e V);
 3. Outorgou ao DF, em regra, as competências dos
Estados e dos Municípios (art. 32, § 1°);

 4. Não enumerou expressamente as competências


dos Estados-membros, reservando a estes as
competências que não lhes forem vedadas na
Constituição – competência remanescente, não
enumerada ou residual (art. 25, § 1º).

 OBS.: em matéria tributária, porém, é a União que


dispõe de competência residual, para a instituição de
novos impostos.
 5. Fixou uma competência administrativa comum
– em que todos os entes federados poderão atuar
paralelamente, em situação de igualdade;

 6. Fixou uma competência legislativa concorrente


– estabelecendo uma concorrência vertical
legislativa entre a União, os Estados e o DF.
 CUIDADO!

 Esse modelo de partilha constitui a regra para a divisão das


chamadas competências materiais entre os entes federados.
Não deve, porém, ser entendido como inflexível, absoluto.

 Assim, embora a regra seja a outorga da competência sobre as


matérias de interesse local aos Municípios, não se pode afirmar
que todos os assuntos de interesse local tenham sido outorgados
a esses entes federativos.

 Ex.: A exploração de gás canalizado constitui matéria de


interesse local, mas foi outorgada aos Estados.
 A competência dos Estados não foi expressamente
enumerada no texto da CF, sendo-lhes atribuída a
competência residual, reservada ou remanescente.

 Ex.: explorar gás canalizado; criação, mediante


LC, de regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões.

 O Estado brasileiro tem por marca uma forte


centralização de competências na União.
7.3. Competências da União
 O art. 21 da CF estabelece a denominada
competência EXCLUSIVA da União. (Leitura
obrigatória)

 Cabe destacar que a principal característica da


competência exclusiva é a INDELEGABILIDADE.

 Os demais entes federativos não poderão, tampouco,


atuar no âmbito das respectivas matérias no caso de
omissão da União.
 O art. 22 da CF estabelece a competência
PRIVATIVA da UNIÃO, ao dispor que compete
privativamente a União LEGISLAR sobre as
matérias ali previstas (Leitura obrigatória)
 Cuidado com o §único do art. 22 da CF

 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar


os Estados a legislar sobre questões específicas das
matérias relacionadas neste artigo.

 Assim, é possível que os Estados e o DF venham a


legislar sobre questões específicas das matérias
enumeradas no art. 22 da CF, desde que a União
delegue competência, por meio de lei complementar.
 Para a União delegar aos Estados e ao DF a
competência para legislar sobre as matérias de sua
competência privativa, é necessário:

 Delegação por LC, editada pelo CN.


 A delegação deverá se restringir a questões
específicas.
 A delegação deverá contemplar todos os Estados e o
DF, sob pena de ofensa a proibição de preferência
entre os Estados.
 A delegação deverá, obrigatoriamente, contemplar o
DF.
 ATENÇÃO!

 Mesmo diante da omissão da União na expedição de


normas sobre as matérias de sua competência
privativa, os demais entes federativos não podem
editar leis visando a suprir a inércia legislativa federal.

 Somente nos casos do art. 24 da CF é que em caso de


inércia da União, os Estados terão competência
legislativa plena para legislar sobre o assunto.
 IMPORTANTE!

 Com efeito, quando a competência privativa


conferida a União é restrita a instituição de “normas
gerais”, os demais entes federados, a toda evidência,
podem, independentemente de delegação formal,
legislar sobre normas específicas acerca das
respectivas matérias.

 Ex.: Art. 22, XXVII, legislar sobre normas gerais de


licitação e contrato.
 Ao contrário da competência administrativa
exclusiva, a marca da competência legislativa
privativa da União, é a sua DELEGABILIDADE
(por LC) aos Estados e ao DF.
 O art. 23 da CF enumera as matérias integrantes
da COMPETÊNCIA COMUM (paralela ou
cumulativa), dispondo que é competência comum
da União, dos Estados, do DF e dos Municípios.
(Leitura obrigatória)
 A competência comum é uma competência
administrativa, consubstanciada na outorga a
União, aos Estados, DF e Municípios de poder
para atuar, paralelamente, sobre as respectivas
matérias.

 Todos os entes federativos exercem-na em


condições de igualdade, sem nenhuma relação de
subordinação (atuação paralela).
 Competência legislativa concorrente:

 O art. 24 da CF estabelece a competência


legislativa concorrente (Leitura obrigatória)

 Tem-se aqui REPARTIÇÃO VERTICAL de


competência legislativa.
 CUIDADO!

 Cabe destacar que os MUNICÍPIOS NÃO foram


contemplados com a possibilidade de legislar
concorrentemente com os demais entes federativos
na regulação das matérias enumeradas no art. 24
da Constituição.
 No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.

 A atuação da União, fixando normas gerais, não


exclui a atuação suplementar dos Estados e do DF
(cabem a estes complementar a legislação federal
de acordo com suas particularidades locais –
competência suplementar dos Estados).
 A competência suplementar dos Estados não pode
contrariar as normas gerais editadas pela União.

 Na hipótese de a União estabelecer normas


específicas que pretenda ver aplicada aos Estados
e ao DF, sua atuação será inconstitucional, por
invasão de competência desses entes federativos.
Nesse caso, prevalecerão as normas específicas
editadas pelo Estado.
 Entretanto, isso não significa que a União não
possa, em relação aos seus próprios órgãos e
entidades, estabelecer, além das normas gerais, as
correspondentes normas especificas.
 IMPORTANTE!

 A atuação dos Estados e do DF não é dependente da


expedição das normas gerais pela União.

 Caso a União não edite suas leis de normas gerais, os


Estados e o DF exercerão COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
PLENA (tanto normas gerais quanto normas específicas),
para atender suas peculiaridades.

 A omissão da União implica outorga tácita de


competência legislativa plena aos Estados e ao DF.
 Nesse caso, a aquisição de competência plena pelos
Estados e DF dá-se de maneira automática, sem
necessidade de delegação por parte da União.

 Determina a CF que a superveniência de lei federal


sobre normas gerais SUSPENDE A EFICÁCIA de lei
estadual, no que esta for contrária aquela. A
competência plena adquirida pelo Estado é
temporária, porque não exclui a possibilidade de a
União vir a exercer a sua competência para
estabelecer normas gerais em momento futuro.
 Somente haverá a SUSPENSÃO DA EFICÁCIA dos
dispositivos de normas gerais que contrariarem a
superveniente lei de normas gerais da União (não
necessariamente toda a lei).

 LEMBRAR!
 Somente as normas gerais da União prevalecerão
sobra as normas estaduais e distritais, não as
normas específicas. Estas últimas seriam
inconstitucionais.
 MUITO CUIDADO!

 Os Municípios não são contemplados com a


competência legislativa concorrente.

 Os Municípios possuem, sim, uma competência


constitucional genérica para suplementar a
legislação federal e estadual no que couber (art.
30, II, CF).
 Podem, também, legislar sobre assunto de interesse
local (art. 30, I, CF) nesse caso, independentemente
de estarem suplementando outras normas.

 Essa atuação legislativa dos Municípios, porém, não


significa concorrência com a União e os Estados. Se não
existir lei federal de normas gerais, nem lei estadual,
os Municípios não adquirem uma competência
legislativa plena que lhes possibilite editar normas
gerais e normas específicas.
 Por fim, Não há previsão de que a legislação
federal ou estadual suspenda a eficácia da
legislação municipal editada quando ausentes leis
federais e estaduais.

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