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Centro Universitário de Excelência

Curso de Graduação em Direito.

Ingrid Vitória Ferreira Andrade

Resumo do livro: Direito Constitucional Esquematizado - 25ª Edição 2021


(Páginas: 492 a 523)
Ingrid Vitória Ferreira Andrade

Resumo do livro: Direito Constitucional Esquematizado - 25ª Edição 2021


(Páginas: 492 a 523)

Trabalho da Disciplina Direito Constitucional II do


Curso de Graduação em Direito da UNEX
(Universidade de Excelência)
Docente: Lindomar José Matos Teixeira

Feira de Santana, Ba. /2022


COMPETECÊNCIAS DA UNIÃO E COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

RESUMO

Em relação as competências a divisão dos entes federados, gera


repartições de competências, e essa repartição proporciona certa autonomia
entre uns e os outros. Desse modo cada um dos entes, União, Estados e
Municípios possui sua autonomia e repartições deferidas e conferidas, com o
poder de se organizar e normatizar suas ações, numa só espécie de organismo
alto complexo. A competência não legislativa, como o próprio nome ajuda a
compreender, de termina um campo de atuação político-administrativa, tanto é
que são também denominadas competências administrativas ou materiais, pois
não se trata de atividade legiferante.
Comum art. 23 trata-se de competência não legislativa comum aos quatro
entes federativos, quais sejam, a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre os
entes federativos, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
em âmbito nacional. Como se trata de competência igual a todos os entes
federativos poderem atuar juntamente e evitar conflitos, e dispersão de recurso,
como por exemplo normas para a cooperação entre a união, os estados, o
Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas.
Mediante ao que observam Mendes, Coelho e Branco:
“ Mesmo não havendo hierarquia entre os entes que compõe a Federação, pode
se falar em hierarquias interesses, em que os mais amplos (União?devem
preferir aos mais restritos (dos Estados).”
A Constituição Federal de 1988 veio para restaurar o Estado Federal
brasileiro, após um longo período de ditadura, onde o presidencialismo
autoritário praticamente desfigurou o federalismo do país. A Carta Magna de
1988, no entanto, estruturou um federalismo de equilíbrio, conferindo autonomia
aos Estados federados. Competência legislativa: é a capacidade de editar leis e
atos normativos primários. Havendo opção política e discricionária, referida
delegação não poderá ser direcionada a um único Estado determinado, mas
deverá ser para todos os Estados e o DF.
Trata-se de autonomia e não de soberania, uma vez em que a soberania é
um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Entretanto os entes
federativos são autônomos, nos limites de suas competências delimitadas e
asseguradas.
A Constituição Federal estabeleceu expressamente algumas competências
aos Estados-membros, como a criação, a fusão, a incorporação e o
desmembramento de municípios no Estado (artigo 18, §4º, da Constituição
Federal), a instituição das regiões metropolitanas, aglomerados urbanos e
microrregiões (artigo 25, §3º, da Constituição Federal), e a exploração direta, ou
mediante concessão, dos serviços locais de gás canalizado (artigo 25, §2º, da
Constituição Federal).
De acordo com o art. 218, caput, o Estado promoverá e incentivará o
desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e
a inovação (cf. item 19.6). Nesse sentido, a Constituição prescreve que o
Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação será organizado em regime
de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a
promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação.
Assim, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais sobre
o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Por sua vez, a
competência dos Estados e do DF, existindo a norma geral federal, destinar-se-
á para complementar referida norma. A competência dos Municípios, por outro
lado, limitar-se-á a suplementar a legislação federal e a estadual existentes no
que couber e sempre à luz do interesse local.
Nos termos do art. 24, §§ 2.° e 4.0, a competência da União para legislar
sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados e do
DF. Isso por que, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados e o DF
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades,
lembrando que a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual e/ou da lei distrital, no que lhe for contrário.
A principal competência legislativa dos municípios é a capacidade de auto-
organização através da edição da sua Lei Orgânica. Essa competência está
prevista no artigo 29 da Constituição Federal, consoante se observa pelo seu
caput, abaixo:
“ Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado.”
Muito embora quando se fala de “legislação concorrente” entendemos que os
Municípios não poderão extrapolar os limites explícitos do art. 30, I e II. Em
outras palavras, estão autorizados apenas a suplementar as leis federal ou
estaduais que já existem, não podendo invadir a competência de um desses
entes federativos na hipótese de inexistência das referidas leis (na medida em
que a regra da competência concorrente - art. 24 - não foi introduzida para os
Municípios). No âmbito da legislação concorrente, a competência da União será
limitada a estabelecer normas gerais. Os Estados e o DF terão competência
suplementar. No caso de ausência de lei federal, a competência legislativa dos
Estados e do DF será plena.Havendo inércia, o parâmetro será sempre o
interesse local (art. 30, I). Além da competência para a edição da sua lei
orgânica, as competências legislativas do município se caracterizam pelo
princípio da predominância do interesse local. Esse interesse local, vale
salientar, diz respeito às peculiaridades e às necessidades ínsitas à localidade
ou, por outros termos, refere-se àqueles interesses mais diretamente ligados às
necessidades imediatas do município, ainda que repercutam regional ou
nacionalmente.
Definição da competência normativa, no caso, está estabelecida como de.
Competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal (art. 24,
VI). Conforme expusemos, não há previsão de aplicação das regras de
competência concorrente (art. 24, §§ 1.° a 4.0) para os Municípios cuja
competência foi estabelecida apenas para legislar sobre assuntos de interesse
local (art. 30, 1), podendo suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber (art. 30, II).
No precedente em análise, contudo, de maneira inovadora, o STF, por
unanimidade, "firmou a tese de que o Município é competente para legislar sobre
o meio ambiente com a União e Estado, no limite do seu interesse local e desde
que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais
entes federados (art. 24, inciso VI, c/c 30, incisos I e II, da Constituição Federal)"
(RE 586.224, Rel. Min. Luiz Fux, j. 05.03.2015, Plenário, DJE de 08.05.2015).

No caso, como já existe legislação federal prevendo a eliminação planejada e


gradual da queima da palha da cana-de-açúcar (art. 40 da Lei n. 12.651/2012-
C6 digo Florestal), não poderia a lei municipal ter fixado a proibição total e
imediata, especialmente por não se enquadrar a matéria como de interesse local
específico daquele município.
Estamos diante de importante precedente que inova, em nosso entender, a
leitura sobre o tema da competência entre os entes federativos, procurando
harmonizar as regras de competência concorrente (art. 24) com aquelas de
interesse local e suplementar dos Municípios (art. 30, I e II). A Corte reafirmou
que o município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle
da poluição, quando se tratar de assuntos de interesse estrita mente local e,
naturalmente, não violar as legislações federal e estadual, por se tratar de
matéria de competência concorrente.
O art. 43, caput, da CF estabelece que, para efeitos administrativos, a União
poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social,
visando ao seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
Os Estados federados são autônomos, em decorrência da capacidade de
auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. Trata-se de
autonomia, e não de soberania, na medida em que a soberania é um dos
fundamentos da Re pública Federativa do Brasil. Internamente, os entes
federativos são autônomos, nos limites de suas competências,
constitucionalmente definidas, delimitadas e asseguradas. Constituem pessoas
jurídicas de direito público interno, autônomos, nos seguintes termos:
"Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para
se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar."
 Aprovação pelo Congresso Nacional: após a manifestação das
Assembleias Legislativas, passa-se à fase de aprovação do projeto de lei
complementar, proposto no Congresso Nacional, através do quorum de
aprovação pela maioria absoluta, de acordo com o art. 69 da CF/88.
 Plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por
proposta de 1/3, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
 É de observar que a competência para autorizar referendo e convocar
plebiscito, de acordo com o art. 49, XV, da CF/88, é exclusiva do
Congresso Nacional, materializada por decreto legislativo.
Conforme sinalizado anteriormente, se o povo responder que não é a favor da
separação para formação de novos Estados (desmembramento formação), o
procedimento não seguirá, ou seja, a vontade negativa do povo vincula, não
podendo, assim, jamais, o Parlamento aprovar eventual projeto de lei
complementar criando os novos Estados contra a vontade negativa manifestada
no plebiscito. Portanto, parece-nos possível concluir que a democracia direta
prevalece sobre a democracia representativa.
 Plebiscito: por meio de plebiscito, a população interessada deverá aprovar
a formação do novo Estado. Não havendo aprovação, nem se passará à
próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição prévia, essencial
e prejudicial à fase seguinte;
 Propositura do projeto de lei complementar: o art. 4.º, § 1.º, da Lei n.
9.709/98 estabelece que, em sendo favorável o resultado da consulta
prévia ao povo mediante plebiscito, será proposto projeto de lei perante
qualquer das Casas do Congresso Nacional;
 Audiência das Assembleias Legislativas: à Casa perante a qual tenha sido
apresentado o projeto de lei complementar referido no item anterior
compete proceder a audiência das respectivas Assembleias Legislativas
(art. 4.º, § 2.º, da Lei n. 9.709/98, regulamentando o art. 48, VI, da CF/88).
Observe-se que o parecer das Assembleias Legislativas dos Estados não
é vinculativo, ou seja, mesmo que desfavorável, poderá dar-se
continuidade ao processo de formação de novos Estados (ao contrário da
consulta plebiscitária, como vimos acima!);
Em relação ao resto do Brasil, podemos afirmar que a consulta acabará sendo
realizada, segundo anotado no julgamento da ADI 2.650, indiretamente, por meio
dos seus representantes eleitos, na medida em que, relembramos, o Congresso
Nacional terá discricionariedade para aprovar ou não o projeto de LC, mesmo
diante de plebiscito favorável.
Entretanto se o povo autorizar a criação do novo Estado, o projeto de lei
complementar for aprovado pelo Congresso Nacional e o Presidente da
República sancioná-lo, promulgando e determinando a publicação da nova lei,
que efetivamente tratará do novo desenho do território nacional
Nesse caso, de acordo com o art. 235 da CF/88, nos 10 primeiros anos
da referida criação, serão observadas as seguintes regras básicas:

 A Assembleia Legislativa será composta de 17 Deputados, se a


população do Estado for inferior a 600.000 habitantes, e de 24, se igual
ou superior a esse número, até 1.500.000;
 O Governo terá no máximo 10 Secretarias;

O Tribunal de Contas terá 3 membros, nomeados pelo Governador eleito,


dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber; ☐o Tribunal de
Justiça terá 7 Desembargadores;
 Os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito,
escolhidos na forma do art. 235, V, "a" e "b"; ☐no caso de Estado
proveniente de Território Federal, os 5 primeiros Desembargadores
poderão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do País;

Em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça


e o primeiro Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após
concurso público de provas e títulos;

 Até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela


Procuradoria -Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do
Estado advogados de notório saber, com 35 anos de idade, no mínimo,
nomeados pelo Governador eleito e demissíveis ad nutum;
 Transformação de Território Federal, a transferência de encargos
financeiros da União para pagamento dos servidores optantes que
pertenciam à Administração Federal ocorrerá de acordo com o art. 235,
IX, "a" e "b";
 Se o novo Estado for resultado de as nomeações que se seguirem às
primeiras, para os cargos mencionados, serão disciplinadas na
Constituição Estadual;
 As despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar 50%
da receita do Estado.
O art. 18, § 3.º, determina que os Estados poderão incorporar-se entre si.
Trata-se do instituto da fusão, na medida em que dois ou mais Estados se unem
geograficamente, formando um terceiro e novo Estado ou Território Federal,
distinto dos Estados anteriores, os quais, por sua vez, perderão a personalidade
primitiva. Ou seja, os Estados que se incorporarem entre si não mais existirão; o
Estado ou Território Federal que será formado considera-se inexistente antes do
processo de fusão.
Nesse caso, por população diretamente interessada, a ser consultada me
diante plebiscito, deve-se entender a população de cada um dos Estados que de
sejam fundir-se.
Cisão ocorre quando um Estado que já existe subdivide-se, formando dois
ou mais Estados-Membros novos (que não existiam), com personalidades
distintas, ou Territórios Federais. O Estado originário que se subdividiu
desaparece, deixando de existir politicamente. Como anota José Afonso da
Silva, subdivisão". Significa separar um todo em várias partes, formando cada
qual uma unidade independente das demais". Por população diretamente
interessada a ser consultada, mediante plebiscito, sobre a subdivisão do Estado
deve-se entender a população do referido Estado vai partir-se.

 Ao estabelecer o art. 18, § 3.0°, que os Estados podem desmembrar-


se, fixou-se a possibilidade de um ou mais Estados cederem parte de
seu território geográfico para formar um novo Estado ou Território
Federal que não existia ou se anexar (a parte desmembrada) a um
outro Estado que já existia.
Como regra, o Estado originário não desaparece. Foi o que aconteceu com
o Estado de Goiás em relação ao do Tocantins (art. 13 do ADCT) e com o de
Mato Grosso em relação a Mato Grosso do Sul, este criado pela LC n. 31/77.
Reforçando, nos dois casos o Estado originário não desaparecerá, não
desaparecerá ocorrendo a perda de sua identidade. Apenas perderá parte de
seu território e da população. No tocante ao plebiscito, por população
diretamente interessada deve ser entendida tanto a do território que se pretende
desmembrar como a que receberá o acréscimo, na hipótese de
desmembramento anexação.
Isso significa que é necessária uma constituição escrita, garantidora última
do pacto federativo, definidora das principais regras sobre competências,
poderes e entrelaçamento entre os entes federativos e protetora dos direitos da
minoria, do ponto de vista territorial. É a Constituição que estabelece a forma de
Estado, assim como o sistema e a forma de governo. Ela garante a estabilidade
do Estado. Carmo, Dasso Júnior e Hitner (2014, p. 39) ressaltam a importância
de uma Constituição Federal rígida com base jurídica (responsável por garantir
a estabilidade institucional, pois a definição de um Estado Federal no texto
constitucional é uma típica cláusula pétrea). Essa característica é importante,
pois a repartição de competência, estabelecida na Constituição Federal, serve
para manter o equilíbrio da federação. Dessa forma, evita-se o risco de grandes
perdas ou reduções de autonomias, que poderiam gerar até o rompimento da
federação, criando, assim, um Estado Unitário. Trata-se da representação
política dos entes federativos subnacionais no centro por meio do bicameralismo
e de certa desproporção na distribuição das cadeiras por território na câmara
baixa. Em resumo, é necessário que haja a presença de poder constituinte
próprio nos Estados - Membros.

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