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ESCOLA DE DIREITO

DIREITO CONSTITUCIONAL

WAGNER WANDERLEY DO NASCIMENTO (matricula 202113693)

SEPARAÇÃO DOS TRÊS PODERES

PROFESSOR: FRANCISCO RANGEL

JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE


2022
WAGNER WANDERLEY DO NASCIMENTO

SEPARAÇÃO DOS TRÊS PODERES

Trabalho apresentado ao Centro Universitário dos


Guararapes (UniFG) como requisito para obtenção de
nota extra da disciplina Direito constitucional, seguindo
as diretrizes em vigor da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), sob a Orientação do
Professor Francisco Rangel.

JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE


2022.
Separação dos três poderes

O presente trabalho tem com objetivo principal em esboçar um breve histórico sobre a separação
de poderes estatais para, em seguida, analisar as funções típicas e atípicas dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. Estabelecidas as funções dos poderes estatais, passase à
análise do sistema de freios e contrapesos, fundamental para impedir que um Poder usurpe as
funções de outro.
A análise do princípio da Separação dos Poderes no presente trabalho se fará importante no
momento em que a proposta aqui será estudá-lo frente á forma que está disposto o Poder
Executivo no Brasil, em relação aos outros poderes da República. Questiona-se, portanto, o
grande poder de ingerência que exerce tal poder frente ao Poder Legislativo e ao Poder
Judiciário.
A separação dos poderes é prevista pela atual Constituição em seu art. 2°, no qual são previstos
os três poderes: o Executivo, o Legislativo, e o Judiciário. O modelo de sistematização do poder
que se aplica no Brasil fora o idealizado por Montesquieu, compreendendo a separação das
funções estatais em três esferas, correspondendo aos poderes já citados. É também, a separação
de poderes, no ordenamento jurídico pátrio, previsto constitucionalmente como cláusula pétrea,
não podendo, em nenhuma hipótese, ter a sua aplicabilidade afastada.
O princípio da separação dos Poderes atribuído a Montesquieu não significa separação dos
Poderes em compartimentos estanques, incomunicáveis. No Brasil esse princípio está expresso
no art. 2º da Constituição Federal nos seguintes termos:
São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
O princípio é de independência e harmonia no sentido de que cada Poder tem a sua esfera de
atuação preponderante, sem que possa ingressar na esfera de atuação preponderante de outro
Poder.
Desta forma cabe ao Poder Legislativo preponderantemente exercer atividades legislativas; cabe
ao Executivo preponderantemente exercer atividades executivas que implica execução de leis; e
cabe ao Judiciário preponderantemente exercer a atividade jurisdicional, isto é, julgar. Porém,
esses três Poderes exercem atividades atípicas que se inserem no âmbito de competência
preponderante de outro Poder.
Dessa forma, o Poder Legislativo exerce também a função judicante, quando julga o Presidente
da República nos crimes de responsabilidade, quando julga administrativamente as infrações
cometidas por seus servidores, bem como, promove licitações para compra de materiais. O Poder
Executivo, igualmente, exerce função judicante no bojo do processo administrativo tributário, ou
nos autos do processo administrativo disciplinar, e edita decretos autônomos nas hipóteses das
letras a e b, do inciso VI, do art. 84 da CF. O Poder Judiciário também realiza atos de nomeação
de seus servidores, promove licitações para aquisição de bens e contratação de serviços.
O que não é admissível é um Poder ingressar na área de atuação preponderante de outro Poder,
normalmente de competência privativa de outro Poder. Cada Poder tem a esfera de sua
competência exclusiva ou privativa delimitada expressamente na Constituição Federal.
O princípio de independência e harmonia não pode ser confundido com independência e
autonomia que não existe no nosso ordenamento jurídico, porque isso transformaria em Estado
cada um desses Poderes. O Estado Federal Brasileiro é uno e indivisível. Os três Poderes são
funções do Estado Federal.
Contudo, ultimamente, a ingerência de um Poder sobre as atribuições típicas de outro Poder está
crescendo assustadoramente gerando uma grande insegurança jurídica. O princípio de freios e
contrapesos parece ter sido esquecido pelas autoridades constituídas. O art. 52, II da CF que
confere poderes ao Senado Federal para julgar processar e julgar os Ministros do STF em crime
de responsabilidade é uma letra morta.
O Legislativo não vem apreciando, a tempo, as medidas provisórias, ainda que urgentes e
relevantes para esse período de pandemia, preferindo trabalhar sobre as pautas legislativas
próprias, bem distantes daquelas objetivadas pelo Executivo, voltadas para a implementação do
plano de ação governamental. Tanto é que duas propostas de reforma tributária estão sendo
discutidas: a PEC 45/19 na Câmara Federal por iniciativa do Deputado Baleia, e outro no
Senado, a PEC 11019 de autoria do ex Deputado Luiz Carlos Hauly. Para não tumultuar ainda
mais com uma terceira proposta, o governo até hoje não apresentou o seu projeto de reforma.
Tem-se a impressão que estamos em um sistema parlamentar de governo, e não no sistema
presidencialista.
No Poder Judiciário essa ação atípica vem crescendo, de um lado, em virtude de lacunas
deixadas pelo legislador infraconstitucional que não regulamentou diversas matérias reservadas à
lei complementar, e outras à lei ordinária. De outro lado, os Ministros da Alta Corte de Justiça
do País vem concedendo medidas liminares para sustar atos de privativa competência do
Executivo, bem como interferindo nas políticas públicas examinando o mérito delas, tornando-se
sócia do governante legitimamente eleito para gerir a coisa pública.
Talvez, uma forma de atenuar os efeitos do ativismo judicial seria uma alteração do Regimento
Interno do STF, a fim de coibir decisões monocráticas para sustar atos praticados por Chefes de
outros Poderes.
No formato atual não vigora no STF o princípio da colegialidade. O Plenário da Corte decide
uma coisa em determinado sentido, e no dia seguinte um Ministro decide monocraticamente em
sentido oposto. Assim foi no caso de prisão em segunda instância. O Plenário teve que rejulgar o
caso, fixando neste novo julgamento posição contrária à prisão antes do trânsito em julgado
formal da decisão condenatória.
Cumpre esclarecer que determinadas decisões do Executivo são tomadas com base em
informações sigilosas fornecidas pelo seu órgão de informação, a ABIN, que sucedeu o antigo
Serviço Nacional de Informações, bastante conhecido pela sua atuação no Regime Militar.
Nenhum outro Poder dispõe de serviços de informações e contra informações nos moldes da
CIA americana.
Não apenas a competência entre os Poderes está sendo exercida de forma anormal, como
também, a competência entre as três esferas políticas, que são autônomas e independentes (art.
18 da CF), está ficando cada vez mais nebulosa gerando medidas contraditórias.
A exemplo da competência dos Poderes da República, a competência dos entes federados estão
disciplinada na Constituição. Ao Estado cabe legislar sobre tudo que não for da competência da
União discriminada no art. 22, ressalvados ainda os assuntos de peculiar interesse que são de
competência legislativa municipal (art. 30 da CF). Ocorre que, não só é bem ampla a
competência privativa da União, enumeradas nos XXIX incisos do art. 22, como também,
extensas as suas atribuições previstas nos incisos I a XXV, do art. 21 da CF. Isso faz com que a
alegada competência ampla dos Estados sofra restrições profundas. É o federalismo centralizado.
O art. 23 prevê ainda a competência comum das entidades políticas para zelar, cuidar, proteger,
impedir, preservar etc. em relação às matérias discriminadas nos seus incisos I a XII. Essa
competência não se confunde com a competência legislativa.
Finalmente, o art. 24 prevê a competência concorrente para legislar sobre assuntos previstos nos
incisos I a XVI, do art. 24 da CF. No âmbito da competência concorrente cabe à União traçar
normas gerais, sem adentrar em pormenores. Os Estados e Municípios ficam com a competência
supletiva, porém, exercendo competência plena em não havendo normas gerais de União.
Sobrevindo as normas gerais da União, as normas da lei estadual ficam com a eficácia suspensa
naquilo que lhe for contrário (§§ 1º, 2º e 3º).
Nessa época de pandemia Estados e Municípios estão legislando por decretos e portarias, sem
respeitar as normas da Lei nº 13.979/20 que rege as atividades de combate ao coronavírus, nesta
época de calamidade pública. Essa Lei tem seu fundamento no art. 21, inciso XVIII da CF que
confere à União a faculdade de planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e as inundações.
Governadores e prefeitos estão impondo restrições que vão muito além daquelas autorizadas pela
lei de regência da matéria, atentando contra a inviolabilidade do sigilo de comunicações, o
direito de ir e vir, o direito de propriedade etc. Em recente julgamento o STF declarou a
inconstitucionalidade da Medida Provisória que autorizava a quebra de sigilo nas comunicações
a favor do IBGE.
O Prefeito de São Paulo baixou medida prevendo a prisão de comerciante que abrir o seu
estabelecimento, mediante o uso indevido da Guarda Civil Metropolitano, que não tem,
constitucionalmente, a atribuição própria de polícia de segurança pública.
Recentemente determinou, repentinamente, o bloqueio das principais avenidas e ruas da cidade,
causando um congestionamento monstro que prejudicou a circulação de ambulâncias e
locomoção de médicos, enfermeiros e paramédicos que chegaram às respectivas unidades de
trabalho com quatro ou cinco horas de atraso. O dano causado é irreversível. O tumulto
verificado resultou na revogação dessa medida, logo substituída por rodízio baseado nas placas
par/impar, a vigorar por 24 horas do dia. Quem não conseguir retornar ao local de origem antes
da meia noite somente poderá fazê-lo no dia seguinte ao seguinte. O Ministério Público Estadual
abriu uma investigação sobre o bloqueio de vias públicas, para saber se o ato decretado foi
precedido de estudos técnicos.
Na verdade, esse bloqueio e alteração do critério de rodízio nada tem a ver com a melhoria do
fluxo de trânsito na Capital. Pelo contrário, visa exatamente dificultar o trânsito para obter
adesão forçada ao isolamento social. Trata-se, portanto, de um verdadeiro desvio de finalidade
que caracteriza ato de improbidade administrativa (art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429/92)
Se o Prefeito quer aprisionar as pessoas de baixa renda em suas residências, impedindo a sua
saída em busca do pão de cada dia, deveria ao menos pensar em um programa social que atenue
a fome das pessoas necessitadas, ao invés de ficar divulgando abertura de 13.000 covas e
fabricação de igual número de caixões, uma informação de muito mau gosto. Pode até abrir a
covas de reserva, mas não é preciso dar publicidade a isso, pois, gera medo e pânico.
As autoridades municipais e estaduais devem se preocupar com a sobrevivência econômica das
pessoas. Não podem desenvolver uma política que leve a grande parcela da população ao
desespero por falta de alimentos básicos, deixando para o governo federal consertar o estrago,
mediante distribuição de recursos financeiros que um dia vão acabar. Afastar as doenças e matar
as pessoas de fome não me parece ser uma solução razoável. Não fora a ação do governo federal
milhares já teriam morrido de fome. É bom lembrar que a assistência social tanto quanto
assistência à saúde é de competência comum das três entidades políticas componentes da
Federação Brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONAVIDES, Paulo. Jurisdição constitucional e legitimidade. Disponível em <
www.scielo.br/pdf/ea/v18n51/a07v1851.pdf > Acesso em 26 abri 2007
BRECHO; BRAICK, História das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 1997.
COLLAÇO, Rodrigo. Quem unge os ministros do Supremo? Revista Consulex, p. 30. ano X, n/
218. 5 fev. 2006
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil : Ensaio sobre a Origem, os Limites e os
fins Verdadeiros do Governo Civil. Trad.: Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa, Petrópolis :
Vozes, 1994.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das Leis. Trad.: Pedro Vieira Mota, São
Paulo: Saraiva, 1987.

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