A busca pelo conhecimento e a compreensão do mundo têm sido constantes
preocupações ao longo da história da humanidade. Nessa busca, diferentes formas de compreensão e abordagens surgiram, incluindo a Filosofia, o Mito, a Ciência e o Senso Comum, cada um representando uma abordagem distinta para entender a realidade. O Mito é uma das formas mais antigas de explicação do mundo e da existência. As sociedades antigas recorriam aos mitos para explicar fenômenos naturais, a origem do universo, a criação do homem e a existência de divindades. Os mitos transcendem o domínio do racional e são carregados de simbolismos e significados profundos para as culturas que os criaram. O Senso Comum é a sabedoria prática acumulada ao longo do tempo pelas experiências cotidianas. É o conhecimento do senso comum que guia as ações diárias das pessoas, sendo muitas vezes transmitido oralmente de geração em geração. Embora seja uma fonte valiosa de sabedoria, o senso comum pode estar sujeito a equívocos e não ser baseado em evidências sólidas ou raciocínio rigoroso. A Ciência, por sua vez, é uma abordagem sistemática e racional para a aquisição de conhecimento sobre o mundo. Baseia-se em metodologias rigorosas, observações empíricas e experimentação controlada para testar hipóteses e teorias. A Ciência busca entender os fenômenos naturais e as leis que regem o universo de maneira objetiva e desapaixonada, buscando sempre aprimorar e corrigir o conhecimento conforme novas evidências surgem. A Filosofia, por sua vez, é uma disciplina que se ocupa de questionar os fundamentos do conhecimento, da realidade, da moral, da mente e da existência. Ela busca compreender o significado da vida, a natureza da verdade e a busca por sabedoria. A Filosofia frequentemente utiliza a razão e o pensamento lógico para explorar conceitos fundamentais e propor teorias sobre a natureza do mundo e da existência humana. O Renascimento: Filosofia, paradigmas e rupturas O Renascimento foi um movimento cultural, artístico e intelectual que emergiu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Foi caracterizado por um ressurgimento do interesse pelas artes, ciências e filosofia da antiguidade clássica greco- romana. O período renascentista foi marcado por uma mudança de paradigma, onde a autoridade da Igreja e dos dogmas medievais começou a ser questionada. Nesse contexto, a Filosofia renascentista desempenhou um papel fundamental na promoção do pensamento livre e racional. Filósofos como Nicolau Maquiavel e Erasmo de Roterdã defendiam a ideia de que o ser humano poderia moldar seu destino através da razão e da ação política, ao invés de depender exclusivamente da vontade divina. O Empirismo (Locke) e o Racionalismo (Descartes): Pensamento e Rupturas Dois filósofos que tiveram um impacto significativo no período renascentista foram John Locke e René Descartes, representantes do Empirismo e do Racionalismo, respectivamente. John Locke foi um importante filósofo empirista inglês, cujas obras influenciaram profundamente a filosofia política e a teoria do conhecimento. Para Locke, a mente humana nasce como uma "tábula rasa", ou seja, uma folha em branco, e é através da experiência sensorial que adquirimos conhecimento sobre o mundo. Ele acreditava que todas as nossas ideias são formadas a partir das impressões sensoriais e que a razão é fundamental para organizar essas ideias e chegar ao conhecimento verdadeiro. Por outro lado, René Descartes foi um destacado filósofo e matemático francês e um dos principais expoentes do Racionalismo. Ele acreditava que o caminho para alcançar o conhecimento verdadeiro era através da razão pura e do pensamento lógico. Sua famosa frase "Penso, logo existo" reflete sua busca pela certeza absoluta e indubitável através do método cartesiano de dúvida sistemática. Enquanto Locke valorizava a experiência sensorial como fonte de conhecimento, Descartes priorizava a razão como meio para atingir a verdade. Essas duas abordagens filosóficas representaram rupturas significativas com os paradigmas medievais, enfatizando a importância do pensamento crítico, da investigação racional e da observação empírica. Em suma, o Renascimento foi um período de renovação cultural e intelectual que permitiu o florescimento da Filosofia, trazendo consigo mudanças de paradigmas e o surgimento de correntes filosóficas distintas, como o Empirismo e o Racionalismo, que influenciaram profundamente o desenvolvimento do pensamento humano.