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Bases Filosóficas da

Tipos de conhecimento, linhas e escolas do conhecimento filosófico - origem da filosofia

Apresentação
Na imagem abaixo, temos a obra de Salvador Dalí, intitulada “criança geopolítica observando o
nascimento do novo homem”, de 1943. Diferente do significado que esta obra refletiu durante a
2ª Guerra Mundial, ela está aqui para simbolizar a origem da filosofia no ocidente e de um novo
modo de pensar. Assim, nessa semana, vamos construir o conhecimento sobre o nascimento
da filosofia e a passagem do pensamento mítico para o filosófico.

Figura 1 – Criança geopolítica observando o nascimento do novo homem

Disponível em:
https://www.universia.net/br/actualidad/vida-universitaria/conheca-crianca-geopolitica-assistindo-ao-nascimento-do-novo-
homem-salvador-dali-985726.html. Acesso em: 08 de outubro de 2021.

Objetivo:
● Listar as linhas filosóficas que serão estudadas e localizar a origem da filosofia.
Conteúdo
Tipos de conhecimento, linhas e escolas do conhecimento filosófico - origem da
filosofia.

Tipos de conhecimento

Há diversos tipos de conhecimento, isto é, diferentes maneiras de conhecer e interpretar o


mundo. Cada uma delas têm características específicas, distintas das demais. As diferentes
áreas produtoras de conhecimento podem ser descritas da seguinte forma: a mitologia, o senso
comum, as religiões, a filosofia e a ciência. Todas elas possuem algo em comum, no que diz
respeito à finalidade: organizar informações que possam explicar ou dar sentido ao mundo, à
vida e às relações humanas. Elas diferem, no entanto, no modo como o conhecimento é
adquirido e transmitido. O mito tem como base de conhecimento a crença, a forma como se
adquire esse conhecimento é através das narrativas míticas, e a tradição oral valida esse
conhecimento. Já o conhecimento religioso tem seu embasamento na fé, quanto às revelações
divinas e nas escrituras sagradas. Com base na fé, a teologia visa estruturar sistemas de
conhecimento baseados em verdades não-demonstráveis e indubitáveis, chamados de
dogmas. O senso comum, algumas vezes chamado de conhecimento empírico, é baseado na
generalização de eventos ou interpretações particulares, tomadas como regra. É um saber
básico e superficial das coisas, sem provas nem demonstração. É um conhecimento
transmitido de pessoa para pessoa que, ao final, constrói todo um sistema de crenças. Já a
ciência é, em si mesma, uma área focada na construção do conhecimento. O que caracteriza e
distingue o conhecimento científico dos demais é o método. O método científico visa a
reprodução e a aplicação dos saberes. A partir do controle de todas as etapas da investigação,
espera-se que os resultados possam ser repetidos e demonstrados diversas vezes, sempre
que respeitadas as suas condições. O conhecimento filosófico mudou a forma de compreensão
de si mesmo ao longo do tempo. Desde os filósofos pré-socráticos, na Grécia antiga, até a
filosofia produzida atualmente, muitas alterações ocorreram, como o modo de conceber o
mundo. A filosofia e a ciência caminham juntas no rigor, na necessidade lógica e no uso da
razão. Entretanto, o método científico, apesar de ter sido produzido filosoficamente, não se
aplica integralmente à produção de conhecimento filosófico. A atividade filosófica é uma
reflexão crítica sobre as bases que tornam todas as formas de conhecimento possíveis. E, para
além disso, volta-se também para a reflexão crítica sobre sua própria atividade e construção.

O pensamento mitológico

A seguir, vamos conhecer de modo aprofundado a passagem do mito para o pensamento


filosófico, pois este evento foi importante para o nascimento da filosofia.

Aranha e Martins (2016) apontam que o mito é a forma mais remota de crença, por meio da
qual os povos se relacionam com o sobrenatural, a fim de afastar os medos diante dos perigos
e cuja existência não necessita de comprovação. Do grego mythos, significa “palavra
expressa”, “narrativa”. A consciência mítica é predominante em culturas de tradição oral, que
transmitem o conhecimento verbalmente. Racionalmente, os mitos não passam de histórias
fantasiosas, mas, para os gregos antigos ou povos tradicionais, trata-se de uma representação,
ao qual responde às questões sobre a vida e a morte. Na Grécia antiga, os mitos eram
recitados em praça pública pelos cantores ambulantes e poetas, como Homero e Hesíodo.
Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos
passados e permitem a descoberta da origem de todos os seres e de todas as coisas. O mito
fez parte da vida humana desde seus primórdios, e está presente no nosso cotidiano, através
de crenças, temores e desejos. Um exemplo dos mitos, atualmente, são as histórias de lutas
entre o bem e o mal, nos filmes, novelas ou contos de fadas; quando o mal é vencido, os
temores humanos se apaziguam. Nosso comportamento tem componentes míticos quando
realizamos rituais de passagem como comemoração de aniversário, entrada do ano novo,
casamento etc., pois expressam os nossos desejos e afetos. Ou seja, o mito não é verdade,
nem mentira, não é invenção e nem fato, é um modo de representação e transmissão de um
conhecimento humano, ao qual carrega significado e visão de mundo para determinada cultura.
Assim como para a Grécia antiga os deuses não eram seres mágicos inventados, da mesma
forma, o culto aos santos católicos também não são meras invenções para quem compartilha
dessa crença.

Nascimento da Filosofia no Ocidente

Quando a mitologia já não era suficiente para explicar tudo o que acontecia no mundo, eis que
surge a filosofia. Aranha e Martins (2016) pontuam que a passagem do pensamento mítico
para o filosófico ocorreu a partir de um longo processo de transformações políticas, sociais e
econômicas. A filosofia nasce de um problema, de uma indagação nova, que procura ir além do
já sabido. Por isso, existe uma ruptura entre mito e filosofia, porque o mito é uma narrativa cujo
conteúdo não se questiona, enquanto a filosofia problematiza e convida à discussão. A filosofia
rejeita explicações baseadas no sobrenatural. Mais ainda, busca a coerência interna e a
definição rigorosa dos conceitos, organizando-se em um pensamento abstrato. Os primeiros
sábios gregos surgiram no século VI a.C., foram: Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e
Heráclito de Éfeso. Embora reconheçamos a importância de outros sábios que viveram no
Oriente durante o mesmo período, suas doutrinas ainda não eram propriamente filosóficas. Ou
seja, os orientais focaram seus conhecimentos em questões práticas do comportamento
humano, como a boa conduta para manter a harmonia, também não se desvincularam do
aspecto mítico-religioso. Já os primeiros filósofos gregos problematizam a realidade de modo
teórico, buscavam explicitar o princípio constituinte das coisas: qual é o ser de todas as coisas?
As respostas dadas a essa questão baseavam-se na razão (logos); havia essa primazia do
racional. Portanto, toda teoria precisava ser fundamentada com argumentos, por isso, a Grécia
foi o berço da filosofia. A nova visão de mundo resultou de inúmeros fatores, como: a
redescoberta da escrita, a moeda, a lei escrita, o cidadão da pólis, a consolidação da
democracia.

Linhas e escolas do conhecimento filosófico

Da Grécia até a contemporaneidade, a filosofia é dividida em escolas filosóficas, organizadas


de acordo com o período histórico, e as principais características de pensamento. Os
Pré-Socráticos (séc. VII ao séc. V a.C) são considerados como a primeira escola de
pensamento filosófico; eles têm esse nome pois são filósofos que viveram antes de Sócrates
(essa divisão ocorre pela grande influência de Sócrates na filosofia grega). Os pré-socráticos
se preocupavam em explicar o universo e a natureza a partir de explicações racionais e pela
observação dos elementos naturais. Essa escola divide-se nas seguintes linhas de
pensamento: Escola Jônica, Escola de Eléia, Escola Sofista e Escola Atomista. Em seguida,
temos o Período Socrático ou Clássico (séc. V a IV a.C.), marcado pelo desenvolvimento e
estruturação da filosofia, bem como as primeiras definições de ética e política. Nesse período,
três filósofos são fundamentais: Sócrates, Platão e Aristóteles. Já o Período Pós-Socrático ou
Helenístico (séc. IV a.C. a VI d.C.) é marcado por temas relacionados à natureza e ao homem,
a ênfase é dada pelas diferentes formas de busca pela felicidade. As linhas de pensamento
desse período são: Epicurismo, Ceticismo, Estoicismo e Cinismo. Durante a Idade Média, foi
desenvolvida a Filosofia Medieval (séc. V a XV), marcada pela expansão e consolidação do
Cristianismo na Europa Ocidental. Esse pensamento tentou conciliar a religião com a filosofia,
a consciência cristã com a razão filosófica. As linhas de pensamento desta época são divididas
em: Filosofia dos Padres Apostólicos, Filosofia dos Padres Apologistas, Patrística e
Escolástica. Em seguida, temos a Filosofia Moderna (séc. XV a XVIII). Com o Renascimento
Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar
sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser
religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entra
em cena o antropocentrismo (homem no centro do Universo). Alguns filósofos importantes
deste período são: René Descartes, Francis Bacon, Nicolau Maquiavel, John Locke, Thomas
Hobbes, David Hume, Immanuel Kant, Karl Marx, Auguste Comte e Georg Wilhelm Friedrich
Hegel. Por fim, temos a Filosofia Contemporânea (a partir de meados do séc. XIX).

Você Sabia?
Você sabia que o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe de três principais
maneiras?
1. Encontrando o pai e a mãe de todas as coisas, isto é, tudo o que existe decorre de
relações sexuais entre forças divinas.
2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa
no mundo.
3. Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou
a quem os obedece.

Quer saber mais sobre os mitos? Acesse a obra: CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Editora
Ática: São Paulo, 2000. p. 31-36. Disponível em:
https://home.ufam.edu.br/andersonlfc/Economia_Etica/Convite%20%20Filosofia%20-%20Marile
na%20Chaui.pdf. Acesso em: 05 de outubro de 2021.

Sintetizando
O conhecimento é uma forma de apreensão da realidade. Existem diferentes formas de
conhecer o mundo: através do senso comum, da mitologia, das religiões, da filosofia e da
ciência. Esses conhecimentos têm a mesma finalidade, que é a de dar sentido às coisas da
vida, porém, diferem no modo como o conhecimento é adquirido e transmitido. O mito é
sustentado pela crença em narrativas míticas, que são transmitidas através da tradição oral. O
conhecimento religioso se baseia na fé em revelações divinas e nas escrituras sagradas. O
senso comum é baseado na generalização de eventos ou interpretações particulares, tomadas
como regra. É um saber básico e superficial das coisas, sem provas nem demonstração. A
ciência se utiliza do método científico, que visa a reprodução e a aplicação dos saberes, a partir
de condições estabelecidas. O conhecimento filosófico mudou a forma de compreensão de si
mesmo ao longo do tempo. Desde os filósofos pré-socráticos na Grécia antiga até a filosofia
produzida atualmente, muitas alterações ocorreram, como o modo de conceber o mundo. A
passagem do pensamento mítico para o filosófico ocorreu a partir de um longo processo de
transformações políticas, sociais e econômicas. Essa passagem marca o nascimento da
filosofia no ocidente. A ruptura entre mito e filosofia ocorre porque o mito já não era suficiente
para explicar os acontecimentos daquela sociedade específica. Fatores como a redescoberta
da escrita, estimularam o pensamento crítico e o rigor pela busca de explicações,
características que são fundamentais para a filosofia, justificando seu nascimento nesse
contexto. Os primeiros sábios gregos surgiram no século VI a.C.; eles foram: Tales de Mileto,
Pitágoras de Samos e Heráclito de Éfeso. Da Grécia até a contemporaneidade, a filosofia é
dividida em escolas filosóficas, organizadas de acordo com o período histórico e as principais
características de pensamento; são elas: pré-socrática, socrática, pós-socrática, filosofia
medieval, filosofia moderna e filosofia contemporânea. Cada uma dessas escolas e linhas de
pensamento serão estudadas ao longo de todo o conteúdo.

Atividade
Utilizando todo o conhecimento adquirido na semana 2, referente ao nascimento da filosofia e a
passagem da consciência mítica para a filosófica, apresente um mito grego que você conhece
e, logo abaixo, comente sobre o nascimento da filosofia. Use a criatividade! Você pode
desenhar, usar imagens, charges, ou fazer através de um texto escrito.

Sugestão de leituras: MITOLOGIA GREGA. Só História. Virtuous Tecnologia da Informação,


2009-2021. Disponível em http://www.sohistoria.com.br/ef2/mitologiagrega/. Acesso em: 05 de
outubro de 2021.

CABRAL, João Francisco Pereira. Nascimento da Filosofia. Brasil Escola, 2021. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/nascimento-filosofia.htm. Acesso em: 05 de outubro de
2021.

Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à
filosofia. 6ª ed. São Paulo: Moderna, 2016.

CABRAL, João Francisco Pereira. Nascimento da Filosofia. Brasil Escola, 2021. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/nascimento-filosofia.htm. Acesso em: 05 de outubro de
2021.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Editora Ática: São Paulo, 2000. p. 31-36. Disponível
em:
https://home.ufam.edu.br/andersonlfc/Economia_Etica/Convite%20%20Filosofia%20-%20Mar
ilena%20Chaui.pdf. Acesso em: 05 de outubro de 2021.

MITOLOGIA GREGA. Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2021. Disponível


em http://www.sohistoria.com.br/ef2/mitologiagrega/. Acesso em: 05 de outubro de 2021.

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