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COLÉGIO ESTADUAL DUQUE DE CAXIAS

FILOSOFIA – 1º ANO TÉCNICO – LOGÍSTICA/INFORMÁTICA


PROFESSORA: VALÉRIA ALVES BATISTA DE OLIVEIRA
UNIDADE I - ANO 2023

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
“Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se
dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz”. (EPICURO, Carta a Meneceu.)

O QUE É FILOSOFIA?
A etimologia da palavra filosofia (do grego: Philosophía) nos dá o significado de “amizade à sabedoria”,
mas isso não diz tudo. A filosofia é uma área do saber que investiga o significado do ser, do mundo e de
suas múltiplas representações. Nas palavras do filósofo brasileiro Paulo Ghiraldelli é a “desbanalização do
banal”. É uma atitude de reconstruir os discursos sobre o mundo e enxergar o que geralmente não se
enxerga por trás de nossas ideias e de nossas ações corriqueiras. Há muitas outras definições que foram
dadas ao longo dos 25 séculos de existência da filosofia.

PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?


Luc Ferry, filósofo francês, afirma que a filosofia para os nossos tempos pode ser apresentada com três
tarefas principais: Teoria, Ética e Sabedoria. Primeiramente, ela diz respeito ao conhecimento do mundo,
do homem e da realidade. Depois, pensa as relações humanas a partir do que é bem e do que é mal.
E depois, busca o sentido da vida e das realizações do ser humano. Portanto, a filosofia busca o
autoconhecimento para o homem, a compreensão das relações com o outro e a investigação sobre a
realidade e o significado do mundo. Ela ensina a viver bem. Enfim, tudo que diz respeito à vida do homem
interessa à investigação filosófica: Cultura, ciência, educação, política, sociedade, moral, religião,
economia, marketing, estética.

A FILOSOFIA É ABSTRATA?
É falsa a ideia de que filosofia é coisa abstrata. A filosofia possui aplicações práticas. Ela incomoda e pede
a transformação da realidade. Pelo marxismo podemos ver isso: O mundo precisa ser transformado.
Contemporaneamente, o filósofo Peter Singer defende que a filosofia deve provocar uma mudança de
comportamento de todos sobre a pobreza extrema no mundo. As ideias filosóficas já mudaram costumes,
provocaram revoluções. Em filosofia, pensamos sobre a realidade e não sobre fantasias.

O QUE FAZ UM FILÓSOFO?


Existem atualmente as seguintes áreas de atuação de um graduado em filosofia: A) Professor de filosofia:
Dá aulas no Ensino Médio e no Ensino Superior. B) Filósofo: Pesquisa em áreas de pós graduação,
escreve, analisa problemas, presta consultorias, dá palestras sobre filosofia. B) Filósofo organizacional:
Atua em empresas em orientação e definição de princípios e de metas. C) Filósofo clínico: Atua como
terapeuta procurando orientar a vida das pessoas por meio dos conhecimentos filosóficos.

FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO PARA QUÊ?


A inserção da filosofia no Ensino Médio tem por objetivo conferir uma formação humana e ética aos
alunos. Além de melhor a capacidade de interpretação, argumentação, crítica e análise dos fenômenos
sociais e culturais. Toda educação completa não pode preocupar em formar apenas formar tecnicamente o
homem, mas também deve formá-lo eticamente.

COMO ESTUDAR FILOSOFIA?


Estudar filosofia depende de três habilidades básicas:
a) Leitura atenta.
B) Interpretação minuciosa.
C) Argumentação lógica.

O aprofundamento dos estudos em filosofia passa por boas leituras, não precisa ser longas leituras. O
aluno pode aproveitar filmes, poemas, romances e várias maneiras de estudar, e principalmente, participar
de debates para aprimorar sua capacidade de produção de ideias e de argumentação. O romance de
Jostein Gaarder “O Mundo de Sofia”, por exemplo, conta a história da filosofia através de narrativas.

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS E ÁREAS DA FILOSOFIA


Nem todo aluno vai se identificar com todas as áreas da filosofia. Mas pode se interessar por algumas
delas. Cada uma estuda um determinado campo do saber. Por isso, é bom conhecê-las. A filosofia se
divide em: Lógica (estuda o raciocínio correto), Metafísica (estuda as causas primeiras da realidade),
Epistemologia (estuda os métodos e a validade da ciência), Ética (estuda os valores – bem / mal), Estética
(estuda as noções de beleza e de feiura), Filosofia da Linguagem (estuda a estrutura da linguagem),
Filosofia Política (estuda a política e o Estado), Filosofia da Mente (estuda os processos mentais) e outros.

AS ORIGENS DA FILOSOFIA
Foram os gregos antigos que deram origem à filosofia entre os séculos VII e VI antes de Cristo. Os gregos
tiveram contato com os conhecimentos matemáticos dos egípcios e dos de astronomia dos babilônios,
porém, abriram um caminho bem diferente em relação ao saber. As condições socioeconômicas e
culturais daquela época favoreceram o surgimento da reflexão filosófica. A poesia grega antecipou o gosto
pelas explicações, a religião não tinha dogmas fixos e a vida política permitia liberdade para discussões.
A atividade filosófica surge nas colônias gregas da Ásia Menor (em Mileto), lá o comércio mais intenso. A
nova condição econômica trazia liberdade aos cidadãos. A pólis, a constituição das Cidades Estado,
reorganizou a vida dos gregos. A filosofia nasce dentro deste contexto.
Segundo Aristóteles, “Por natureza todos os homens aspiram ao saber”. Então, os homens começam a
filosofar movidos pelo maravilhamento diante da realidade. Este sentimento levou os primeiros filósofos a
se perguntarem sobre a origem do universo. A filosofia começa uma busca pela verdade desinteressada,
mas também traz uma contribuição para a democracia grega, isto é, as reflexões sobre política e ética.
Platão, em seu livro “República”, conta uma pequena história que representa o estado do homem que
começa a filosofar:
Imaginemos todos os muros bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma
fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que
nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede
do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa
uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os
prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse
modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do
muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo
não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente
enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado
até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomarão por louco e inventor de mentiras.
(WIKIPÉDIA, 2014).

ATIVIDADE 1
1. Que condições contribuíram para o surgimento da filosofia na Grécia Antiga?
2. O que motiva os homens a filosofar?
3. Segundo Platão, a verdadeira realidade está dentro ou fora da caverna? Justifique sua resposta.
4. Para Platão, quem atinge a luz da razão deve se contentar apenas contemplando o que descobriu?
5. Qual deve ser então o papel do filósofo?
6. O que representa a caverna na história (alegoria) de Platão?
7. Explique e identifique como vivemos no mundo da caverna hoje? 8. O prisioneiro que se liberta
representa:
a) O ignorante.
b) O filósofo.
c) O próprio Platão.
d) O rebelde.
AS TAREFAS DA FILOSOFIA
A filosofia tem sua origem na Grécia no século VI a. C. Tales de Mileto (623-556 a. C.) foi o primeiro
filósofo. Quando os homens deixaram de explicar o mundo através do mito e recorreram à razão para
explicar a realidade, tomamos este marco como o surgimento da filosofia.
A Grécia antiga teve três grandes filósofos que marcaram toda a história do pensamento: Sócrates (469-
399 a. C.), Platão (428-348 a. C) e Aristóteles (384-322 a. C.). Eles inauguram uma filosofia que se
preocupou com os problemas do homem, do conhecimento e da moral.
Afinal, com que trabalha a filosofia? A investigação filosófica se debruça em cima de problemas. Os
iniciadores da filosofia, os chamados filósofos pré-socráticos, quiseram saber qual seria a realidade
primeira que deu origem a tudo que existe na natureza. A ação de filosofar se faz por meio de perguntas.
Os filósofos antigos explicavam que é o espanto (Platão) e a admiração (Aristóteles) do homem diante do
mundo que o faz perguntar e começar a filosofar.
Segundo Luc Ferry, filósofo francês, a filosofia pode ser dividida em três áreas: Teoria, Ética e Sabedoria.
Na teoria, estudam-se os problemas da realidade, do conhecimento e do mundo. Na ética, o problema dos
valores, das relações sociais, da justiça e do Estado. Na sabedoria, trata-se do problema da existência, da
consciência e do sentido da vida.

ATIVIDADE 2
1. O que significa filosofia e qual é o seu objeto de estudo?
2. Qual é a distinção entre mito e razão?
3. Pesquise sobre Tales de Mito. Qual foi a sua contribuição para o início da filosofia?

FELICIDADE: UMA PREOCUPAÇÃO DOS FILÓSOFOS


A consciência da mortalidade
A vida é repleta de incertezas, de condições que amedrontam o ser humano. Muita gente nunca parou
para se perguntar metodicamente a respeito do sentido do sofrimento e da morte, mas todos já se
sentiram angustiados diante da possibilidade de uma doença longa, dolorosa e terminal.
Além dos males físicos, as pessoas temem a perda da motivação de viver. Diante das preocupações que
mais atormentam as pessoas, podemos buscar na antiguidade a perspectiva de filósofos que se ocuparam
do problema da felicidade.
Epicuro identificou os quatros maiores medos do homem e seus antídotos. A lista ficou conhecida como
tetrafármaco (quatro remédios). Os quatros remédios de Epicuro são: 1º - Não há razão para temer os
deuses; 2º - Não há porque se preocupar com a morte; 3º - O bem é coisa fácil de conseguir e 4º - O
sofrimento é fácil de suportar (PESCE, 1981).
Os gregos antigos acreditavam numa infinidade de deuses e viviam atormentados pelo medo de
desagradar os deuses ou serem punidos por eles. Epicuro aconselha que não deve se temer os deus
porque eles não intervêm no mundo. Era pensamento comum que os deuses tinham uma constituição
psicológica semelhante ao ser humano.
Epicuro afirmava: “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo
mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações Se o temor de sofrer está
nas nossas sensações e emoções, a morte pelo menos é o fim desta possibilidade de sofrer. E, além
disso, nós nunca seremos simultâneos à morte. Não há que temer aquele evento que quando acontece
anula qualquer sofrimento.
O prazer é identificado na filosofia de Epicuro como o fim da vida feliz. Portanto, a busca do bem passa
por se livrar das perturbações e dos males. O prazer deve ser escolhido entre aqueles naturais e
necessários. A fama, o sucesso e o enriquecimento são tidos como bens não-necessários.
Não há que temer o sofrimento por que o ele é leve, passageiro, portanto, suportável; ou é intenso,
insuportável, levando à morte. De qualquer não há sofrimento perene. Ele é suportável Na “Carta sobre a
Felicidade”, Epicuro conclui que quem enfrenta estes medos, vive como um imortal.

A filosofia de Epicuro sobre a Felicidade


As principais ideias da “Carta sobre a Felicidade” são:
1º - A filosofia é identificada com a busca da felicidade.
2º - As pessoas têm uma imagem falsa dos deuses, atribuem a eles ações incompatíveis com suas
condições de felicidade e imortalidade.
3º - Não há razões para temer a morte porque ela é aniquilação de toda sensação. A consciência clara de
que a morte não é uma ameaça proporciona a fruição da vida efêmera sem o desejo de imortalidade.
4º - O futuro é incerto e não devemos desesperar por causa de sua vinda, pois não sabemos com certeza
de seus acontecimentos.
5º - Existem desejos necessários e desejos inúteis. Vida, saúde e felicidade são necessários e naturais.
6º - Praticamos nossas ações para nos afastarmos da dor e do medo.
7º - O prazer é o bem primeiro e inerente ao ser humano. O critério de nossas escolhas é a distinção entre
prazer e dor.
8º - Selecionamos os prazeres segundo seus efeitos se são agradáveis ou desagradáveis.
9º - A autossuficiência nos ajuda a contentar com pouco quando não podemos ter o muito.
10º - Por prazer Epicuro entende a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.
11º - Não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça.
12º - A sorte não distribui para alguns benefícios e para outros malefícios, dela por vir grandes bens e
grandes males.
SUGESTÃO DE LEITURA: “Carta sobre a Felicidade”, de Epicuro.

A LINGUAGEM
A construção de sentidos e de realidades
A linguagem é um conjunto de sinais (signos) que nos remete a algo distinto dele, ou seja ao significado
que eles representam.
Existem vários tipos de linguagem: verbal, gestual, musical. Alguns passos importantes no registro da
linguagem nos possibilitaram conhecer o passado e somar experiências:
 A invenção da escrita: Favoreceu a rápida expansão das ideias.
 Criação do alfabeto: Antes toda a comunicação era transmitida oralmente.
 Linguagem tecnológica: Os novos meios de comunicação possibilitaram a globalização das ideias,
principalmente a internet.
Portanto, a socialização das ideias no espaço e no tempo depende da linguagem.

1. Relação palavras e coisas


As palavras são meras representações das coisas ou são parte da natureza das coisas? Há duas
respostas clássicas: O convencionalismo e o naturalismo. A primeira opção entende a linguagem como
mera convenção, um acordo entre os membros da comunidade sobre o significado das palavras. A
perspectiva naturalista já compreende a linguagem como parte essencial das coisas. Esta discussão ficou
conhecida como “Questão dos Universais”. Na Idade Média, este assunto ocupou o centro das discussões
filosóficas. Os filósofos se dividiram entre realistas (que defendiam a linguagem como natureza das coisas)
e nominalistas (que defendiam que ela era mera convenção).
No século XX, Ludwig Wittgenstein (1889-1951) explicou que a linguagem é como jogos que são definidos
pelo seu uso social.

2. O poder da linguagem
Por meio da linguagem construímos o mundo que está à nossa volta. Ela constitui um instrumento natural
poderoso que filtra e confere sentido às nossas experiências.
Nós, como seres linguísticos, perguntamos sobre a existência e definimos conceitos para a nossa espécie,
que organizam o todo da vida.
Por exemplo, as religiões que possuem escrituras dirigem todo o sentido da vida de seus seguidores
através da palavra.
A linguagem classifica as pessoas, cria categorias para a realidade, cria domínios, determina o que somos
capazes de entender sobre a realidade.
A história da humanidade poderia ter sido diferente se determinadas palavras fossem ditas ou silenciadas.

3. A importância do diálogo
Filosofar é fundamentalmente conversar. O processo filosófico se faz através do confronto de ideias, da
escuta das objeções. A compreensão das coisas se completa após muitos questionamentos.
A clareza e a precisão são necessárias para a boa compreensão. O filósofo Descartes desenvolveu um
método de investigação que focava a simplicidade, a clareza e a distinção de ideias.
A linguagem é o principal instrumento da filosofia. O melhor domínio deste instrumento corresponde a um
conhecimento mais claro e profundo.
Se nós construímos a cultura pela linguagem, é por meio de sua expressão, o diálogo, que travamos
sólidas relações sociais.

ATIVIDADE 3
1. Justifique: “O ser humano é um ser fundamental linguístico”.
2. As mídias eletrônicas estão causando impacto na vida das pessoas. Quais dela você utiliza? Elas estão
transformando sua maneira de relacionar-se com o mundo?
3. Em que sentido a linguagem cria e recria constantemente o ser humano?
4. Em um mundo em que a maioria quer falar e poucos ouvir, comente sobre o papel da escuta na
comunicação.
5. Comente: “Não há lugar fora da linguagem a partir do qual possamos observar nossa experiência”
(ECHERRÍA).
5. Enumere e indique a definição dos termos abaixo:
1) Convencionalismo.
2) Naturalismo.
3) Questão dos Universais.
4) Ludwig Wittgenstein.
( ) É a discussão sobre se a linguagem é mera convenção ou se faz parte da natureza das coisas.
( ) O filósofo definiu a linguagem como jogos.
( ) A linguagem é entendida como parte constituinte da essência das coisas.
( ) A linguagem entendida como mera convenção.

DIÁLOGO COMO MÉTODO DE CONHECIMENTO


O pensamento grego antigo possui três grandes referências: Sócrates, Platão e Aristóteles.
Estudemos, portanto, o método que Sócrates (470-399 a. C.) desenvolveu dentro da filosofia. Este
pensador inaugura um período de amadurecimento da filosofia que ainda estava nascendo. Enquanto, os
filósofos anteriores (os pré-socráticos) se preocuparam com a natureza e a realidade, Sócrates pensa
sobre o que é o homem.

Estilo de vida
Sócrates adotou um modo de vida muito próprio, ensinava nos mercados de Atenas, discutia sobre
filosofia em praça pública. Ele ensinava principalmente aos jovens. Seus maiores opositores eram
chamados de sofistas. Estes filósofos não estavam preocupados em chegar a verdades, mas apenas a
ensinar como usar o discurso para atingir fins particulares. Sócrates foi condenado à morte justamente por
ensinar os jovens a praticarem seus pensamentos.

Método de Sócrates
O método da filosofia de Sócrates chamado de dialética pode ser apresentado da seguinte forma: 1º
Momento: Refutação ou ironia - Sócrates fazia perguntas para as pessoas e analisava suas respostas
identificando as contradições. A sua intenção era observar se essas ideias eram p precisas e se poderiam
tirar consequências válidas delas.
2º Momento: Maiêutica - Sócrates propunha uma série de perguntas em cima das contradições para ajudar
seus discípulos a reconstruir suas ideias. Este método foi chamado de maiêutica, “arte de trazer à luz”, em
grego.
Os temas mais comuns de Sócrates eram assuntos morais como justiça, bondade, verdade, amizade.

A questão sobre o homem


Além de um método de produção de ideias, Sócrates se debruçou sobre o problema do homem. A sua
investigação parte da pergunta: “O que é o homem?” O filósofo responde que o homem é a sua alma. É
esta qualidade que o distingue dos outros seres vivos. Por alma se entende a nossa razão, inteligência,
consciência. A principal tarefa do homem seria cuidar de sua alma. O imperativo “conhece-te a ti mesmo”
resume esta ideia. O homem sábio deve procurar viver bem, viver segundo a razão.
DESCARTES E A DÚVIDA COMO MÉTODO
René Descartes (1596-1650) propõe um método de investigação cujo princípio é a dúvida. Para conhecer
a verdade é preciso colocar todos os conhecimentos em dúvida e questionar de modo criterioso se existe
algum conhecimento certo da realidade.
A única verdade isenta de dúvida era a existência, pois se alguém pensa é porque existe (“Penso logo
existo”). Esta se ideia se tornou o ponto de partida na reflexão filosófica de Descartes.
O método de Descartes possui quatro regras básicas:
1ª – EVIDÊNCIA: Jamais aceitar como exata coisa alguma que não se conheça à evidência como tal,
evitando a precipitação e a precaução, só fazendo o espírito aceitar aquilo, claro e distinto, sobre o que
não pairam dúvidas.
2ª – ANÁLISE: Dividir cada dificuldade a ser examinada em quantas partes for possível e necessária para
resolvê-la.

3ª – SÍNTESE: Pôr em ordem os pensamentos, começando pelos mais simples e mais fáceis de serem
conhecidos, para atingir, aos poucos, os mais complexos.
4ª – ENUMERAÇÃO: Fazer, para cada caso, uma enumeração tão exata e uma revisão tão ampla e geral
para ter-se a certeza de não ter esquecido ou omitido algo.
A principal obra de Descartes é o “Discurso do Método” (1637). Nesta obra, o pensador francês apresenta
as regras de seu método de pesquisa.

ATIVIDADE 4:
1. Qual é o propósito da dúvida metódica?
2. Quais regras Descartes propõe para a busca da verdade? Explique-as.
3. Demonstre como Descartes descobre que o pensamento é a verdade primeira.
4. Pesquise no dicionário e anote em seu caderno o significado de EVIDÊNCIA, ANÁLISE, SÍNTESE e de
ENUMERAÇÃO.
5. Comente a sua compreensão da frase: “Penso logo existo” (Descartes).

FREUD E O INCONSCIENTE
Sigmund Freud (1856-1939) desenvolveu a Psicanálise, uma teoria da mente que revolucionou a história.
Segundo esta teoria parte de nossa mente contém informações que não percebemos, e que são
determinantes na nossa personalidade: O inconsciente.
O aparelho psíquico estaria estruturado em 3 instâncias: Id, ego, superego.
ID – É a instância onde estão os impulsos corporais e os desejos inconscientes. É regido pelo princípio do
prazer.
SUPEREGO – É a parte que censura e controla os impulsos do id. Funciona como a consciência moral.
EGO – É a parte consciente da mente que interage com o mundo externo. Ele sofre as pressões do id e do
superego e equilibra esta tensão interna.
Portanto, a saúde mental do indivíduo depende da harmonia entre estas três instâncias.

Mecanismos de defesa
O inconsciente se manifesta através de conflitos mal resolvidos entre id e superego na vida da pessoa. Os
mecanismos de defesa são formas utilizadas pelo ego para não enfrentar totalmente esses conflitos.
RECALQUE – É a repressão pelo superego de alguma demanda do id, mas que reaparece na vida das
pessoas.
PROJEÇÃO – Quando a pessoa encontra no outro o impulso seu reprimido pelo superego.
RACIONALIZAÇÃO – Quando a pessoa busca explicações lógicas para negar um conteúdo reprimido.
SUBLIMAÇÃO – Quando a pessoa expressa o conteúdo recalcado de maneira criativa ou coletiva.

ATIVIDADE 5:
1. Defina o que é inconsciente na teoria de Freud.
2. Como é a relação entre o inconsciente e o eu consciente?
3. Pesquise sobre a vida e a obra de Freud.
A FILOSOFIA E AS FORMAS DE CONHECIMENTO
A filosofia inaugurou um novo tipo de conhecimento, o conhecimento racional. É um tipo de conhecimento
em contraposição ao conhecimento mitológico. A partir daí basicamente duas correntes filosóficas
dominaram a história: O racionalismo e o empirismo. A questão por trás desta dualidade é a seguinte: O
conhecimento verdadeiro vem pela razão ou pela sensação?
Racionalismo: É a doutrina sobre o conhecimento que atribui confiança exclusiva à razão como
instrumento para conhecer a verdade. Há princípios lógicos na mente independente da experiência que
julga a realidade e auxilia na aquisição do conhecimento verdadeiro.
Empirismo: Segundo este, as nossas ideias são provenientes da experiência e dos sentidos. “Nada vem à
mente sem ter passado antes pelos sentidos”, dizia John Locke.
Portanto, pertence à filosofia a crítica sobre a origem do conhecimento e sua validade. O conhecimento
digno de confiança precisa ser avaliado, passar por critérios para apurar a sua validade.

.ATIVIDADE 5
1. O que é mito? O que é razão?
2. Qual a diferença entre uma verdade científica e uma verdade religiosa?
3. É possível chegar à verdade?
4. Por que existem tantas verdades que se excluem?

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