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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
“Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se
dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz”. (EPICURO, Carta a Meneceu.)
O QUE É FILOSOFIA?
A etimologia da palavra filosofia (do grego: Philosophía) nos dá o significado de “amizade à sabedoria”,
mas isso não diz tudo. A filosofia é uma área do saber que investiga o significado do ser, do mundo e de
suas múltiplas representações. Nas palavras do filósofo brasileiro Paulo Ghiraldelli é a “desbanalização do
banal”. É uma atitude de reconstruir os discursos sobre o mundo e enxergar o que geralmente não se
enxerga por trás de nossas ideias e de nossas ações corriqueiras. Há muitas outras definições que foram
dadas ao longo dos 25 séculos de existência da filosofia.
A FILOSOFIA É ABSTRATA?
É falsa a ideia de que filosofia é coisa abstrata. A filosofia possui aplicações práticas. Ela incomoda e pede
a transformação da realidade. Pelo marxismo podemos ver isso: O mundo precisa ser transformado.
Contemporaneamente, o filósofo Peter Singer defende que a filosofia deve provocar uma mudança de
comportamento de todos sobre a pobreza extrema no mundo. As ideias filosóficas já mudaram costumes,
provocaram revoluções. Em filosofia, pensamos sobre a realidade e não sobre fantasias.
O aprofundamento dos estudos em filosofia passa por boas leituras, não precisa ser longas leituras. O
aluno pode aproveitar filmes, poemas, romances e várias maneiras de estudar, e principalmente, participar
de debates para aprimorar sua capacidade de produção de ideias e de argumentação. O romance de
Jostein Gaarder “O Mundo de Sofia”, por exemplo, conta a história da filosofia através de narrativas.
AS ORIGENS DA FILOSOFIA
Foram os gregos antigos que deram origem à filosofia entre os séculos VII e VI antes de Cristo. Os gregos
tiveram contato com os conhecimentos matemáticos dos egípcios e dos de astronomia dos babilônios,
porém, abriram um caminho bem diferente em relação ao saber. As condições socioeconômicas e
culturais daquela época favoreceram o surgimento da reflexão filosófica. A poesia grega antecipou o gosto
pelas explicações, a religião não tinha dogmas fixos e a vida política permitia liberdade para discussões.
A atividade filosófica surge nas colônias gregas da Ásia Menor (em Mileto), lá o comércio mais intenso. A
nova condição econômica trazia liberdade aos cidadãos. A pólis, a constituição das Cidades Estado,
reorganizou a vida dos gregos. A filosofia nasce dentro deste contexto.
Segundo Aristóteles, “Por natureza todos os homens aspiram ao saber”. Então, os homens começam a
filosofar movidos pelo maravilhamento diante da realidade. Este sentimento levou os primeiros filósofos a
se perguntarem sobre a origem do universo. A filosofia começa uma busca pela verdade desinteressada,
mas também traz uma contribuição para a democracia grega, isto é, as reflexões sobre política e ética.
Platão, em seu livro “República”, conta uma pequena história que representa o estado do homem que
começa a filosofar:
Imaginemos todos os muros bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma
fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que
nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede
do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa
uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os
prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse
modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do
muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo
não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente
enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado
até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomarão por louco e inventor de mentiras.
(WIKIPÉDIA, 2014).
ATIVIDADE 1
1. Que condições contribuíram para o surgimento da filosofia na Grécia Antiga?
2. O que motiva os homens a filosofar?
3. Segundo Platão, a verdadeira realidade está dentro ou fora da caverna? Justifique sua resposta.
4. Para Platão, quem atinge a luz da razão deve se contentar apenas contemplando o que descobriu?
5. Qual deve ser então o papel do filósofo?
6. O que representa a caverna na história (alegoria) de Platão?
7. Explique e identifique como vivemos no mundo da caverna hoje? 8. O prisioneiro que se liberta
representa:
a) O ignorante.
b) O filósofo.
c) O próprio Platão.
d) O rebelde.
AS TAREFAS DA FILOSOFIA
A filosofia tem sua origem na Grécia no século VI a. C. Tales de Mileto (623-556 a. C.) foi o primeiro
filósofo. Quando os homens deixaram de explicar o mundo através do mito e recorreram à razão para
explicar a realidade, tomamos este marco como o surgimento da filosofia.
A Grécia antiga teve três grandes filósofos que marcaram toda a história do pensamento: Sócrates (469-
399 a. C.), Platão (428-348 a. C) e Aristóteles (384-322 a. C.). Eles inauguram uma filosofia que se
preocupou com os problemas do homem, do conhecimento e da moral.
Afinal, com que trabalha a filosofia? A investigação filosófica se debruça em cima de problemas. Os
iniciadores da filosofia, os chamados filósofos pré-socráticos, quiseram saber qual seria a realidade
primeira que deu origem a tudo que existe na natureza. A ação de filosofar se faz por meio de perguntas.
Os filósofos antigos explicavam que é o espanto (Platão) e a admiração (Aristóteles) do homem diante do
mundo que o faz perguntar e começar a filosofar.
Segundo Luc Ferry, filósofo francês, a filosofia pode ser dividida em três áreas: Teoria, Ética e Sabedoria.
Na teoria, estudam-se os problemas da realidade, do conhecimento e do mundo. Na ética, o problema dos
valores, das relações sociais, da justiça e do Estado. Na sabedoria, trata-se do problema da existência, da
consciência e do sentido da vida.
ATIVIDADE 2
1. O que significa filosofia e qual é o seu objeto de estudo?
2. Qual é a distinção entre mito e razão?
3. Pesquise sobre Tales de Mito. Qual foi a sua contribuição para o início da filosofia?
A LINGUAGEM
A construção de sentidos e de realidades
A linguagem é um conjunto de sinais (signos) que nos remete a algo distinto dele, ou seja ao significado
que eles representam.
Existem vários tipos de linguagem: verbal, gestual, musical. Alguns passos importantes no registro da
linguagem nos possibilitaram conhecer o passado e somar experiências:
A invenção da escrita: Favoreceu a rápida expansão das ideias.
Criação do alfabeto: Antes toda a comunicação era transmitida oralmente.
Linguagem tecnológica: Os novos meios de comunicação possibilitaram a globalização das ideias,
principalmente a internet.
Portanto, a socialização das ideias no espaço e no tempo depende da linguagem.
2. O poder da linguagem
Por meio da linguagem construímos o mundo que está à nossa volta. Ela constitui um instrumento natural
poderoso que filtra e confere sentido às nossas experiências.
Nós, como seres linguísticos, perguntamos sobre a existência e definimos conceitos para a nossa espécie,
que organizam o todo da vida.
Por exemplo, as religiões que possuem escrituras dirigem todo o sentido da vida de seus seguidores
através da palavra.
A linguagem classifica as pessoas, cria categorias para a realidade, cria domínios, determina o que somos
capazes de entender sobre a realidade.
A história da humanidade poderia ter sido diferente se determinadas palavras fossem ditas ou silenciadas.
3. A importância do diálogo
Filosofar é fundamentalmente conversar. O processo filosófico se faz através do confronto de ideias, da
escuta das objeções. A compreensão das coisas se completa após muitos questionamentos.
A clareza e a precisão são necessárias para a boa compreensão. O filósofo Descartes desenvolveu um
método de investigação que focava a simplicidade, a clareza e a distinção de ideias.
A linguagem é o principal instrumento da filosofia. O melhor domínio deste instrumento corresponde a um
conhecimento mais claro e profundo.
Se nós construímos a cultura pela linguagem, é por meio de sua expressão, o diálogo, que travamos
sólidas relações sociais.
ATIVIDADE 3
1. Justifique: “O ser humano é um ser fundamental linguístico”.
2. As mídias eletrônicas estão causando impacto na vida das pessoas. Quais dela você utiliza? Elas estão
transformando sua maneira de relacionar-se com o mundo?
3. Em que sentido a linguagem cria e recria constantemente o ser humano?
4. Em um mundo em que a maioria quer falar e poucos ouvir, comente sobre o papel da escuta na
comunicação.
5. Comente: “Não há lugar fora da linguagem a partir do qual possamos observar nossa experiência”
(ECHERRÍA).
5. Enumere e indique a definição dos termos abaixo:
1) Convencionalismo.
2) Naturalismo.
3) Questão dos Universais.
4) Ludwig Wittgenstein.
( ) É a discussão sobre se a linguagem é mera convenção ou se faz parte da natureza das coisas.
( ) O filósofo definiu a linguagem como jogos.
( ) A linguagem é entendida como parte constituinte da essência das coisas.
( ) A linguagem entendida como mera convenção.
Estilo de vida
Sócrates adotou um modo de vida muito próprio, ensinava nos mercados de Atenas, discutia sobre
filosofia em praça pública. Ele ensinava principalmente aos jovens. Seus maiores opositores eram
chamados de sofistas. Estes filósofos não estavam preocupados em chegar a verdades, mas apenas a
ensinar como usar o discurso para atingir fins particulares. Sócrates foi condenado à morte justamente por
ensinar os jovens a praticarem seus pensamentos.
Método de Sócrates
O método da filosofia de Sócrates chamado de dialética pode ser apresentado da seguinte forma: 1º
Momento: Refutação ou ironia - Sócrates fazia perguntas para as pessoas e analisava suas respostas
identificando as contradições. A sua intenção era observar se essas ideias eram p precisas e se poderiam
tirar consequências válidas delas.
2º Momento: Maiêutica - Sócrates propunha uma série de perguntas em cima das contradições para ajudar
seus discípulos a reconstruir suas ideias. Este método foi chamado de maiêutica, “arte de trazer à luz”, em
grego.
Os temas mais comuns de Sócrates eram assuntos morais como justiça, bondade, verdade, amizade.
3ª – SÍNTESE: Pôr em ordem os pensamentos, começando pelos mais simples e mais fáceis de serem
conhecidos, para atingir, aos poucos, os mais complexos.
4ª – ENUMERAÇÃO: Fazer, para cada caso, uma enumeração tão exata e uma revisão tão ampla e geral
para ter-se a certeza de não ter esquecido ou omitido algo.
A principal obra de Descartes é o “Discurso do Método” (1637). Nesta obra, o pensador francês apresenta
as regras de seu método de pesquisa.
ATIVIDADE 4:
1. Qual é o propósito da dúvida metódica?
2. Quais regras Descartes propõe para a busca da verdade? Explique-as.
3. Demonstre como Descartes descobre que o pensamento é a verdade primeira.
4. Pesquise no dicionário e anote em seu caderno o significado de EVIDÊNCIA, ANÁLISE, SÍNTESE e de
ENUMERAÇÃO.
5. Comente a sua compreensão da frase: “Penso logo existo” (Descartes).
FREUD E O INCONSCIENTE
Sigmund Freud (1856-1939) desenvolveu a Psicanálise, uma teoria da mente que revolucionou a história.
Segundo esta teoria parte de nossa mente contém informações que não percebemos, e que são
determinantes na nossa personalidade: O inconsciente.
O aparelho psíquico estaria estruturado em 3 instâncias: Id, ego, superego.
ID – É a instância onde estão os impulsos corporais e os desejos inconscientes. É regido pelo princípio do
prazer.
SUPEREGO – É a parte que censura e controla os impulsos do id. Funciona como a consciência moral.
EGO – É a parte consciente da mente que interage com o mundo externo. Ele sofre as pressões do id e do
superego e equilibra esta tensão interna.
Portanto, a saúde mental do indivíduo depende da harmonia entre estas três instâncias.
Mecanismos de defesa
O inconsciente se manifesta através de conflitos mal resolvidos entre id e superego na vida da pessoa. Os
mecanismos de defesa são formas utilizadas pelo ego para não enfrentar totalmente esses conflitos.
RECALQUE – É a repressão pelo superego de alguma demanda do id, mas que reaparece na vida das
pessoas.
PROJEÇÃO – Quando a pessoa encontra no outro o impulso seu reprimido pelo superego.
RACIONALIZAÇÃO – Quando a pessoa busca explicações lógicas para negar um conteúdo reprimido.
SUBLIMAÇÃO – Quando a pessoa expressa o conteúdo recalcado de maneira criativa ou coletiva.
ATIVIDADE 5:
1. Defina o que é inconsciente na teoria de Freud.
2. Como é a relação entre o inconsciente e o eu consciente?
3. Pesquise sobre a vida e a obra de Freud.
A FILOSOFIA E AS FORMAS DE CONHECIMENTO
A filosofia inaugurou um novo tipo de conhecimento, o conhecimento racional. É um tipo de conhecimento
em contraposição ao conhecimento mitológico. A partir daí basicamente duas correntes filosóficas
dominaram a história: O racionalismo e o empirismo. A questão por trás desta dualidade é a seguinte: O
conhecimento verdadeiro vem pela razão ou pela sensação?
Racionalismo: É a doutrina sobre o conhecimento que atribui confiança exclusiva à razão como
instrumento para conhecer a verdade. Há princípios lógicos na mente independente da experiência que
julga a realidade e auxilia na aquisição do conhecimento verdadeiro.
Empirismo: Segundo este, as nossas ideias são provenientes da experiência e dos sentidos. “Nada vem à
mente sem ter passado antes pelos sentidos”, dizia John Locke.
Portanto, pertence à filosofia a crítica sobre a origem do conhecimento e sua validade. O conhecimento
digno de confiança precisa ser avaliado, passar por critérios para apurar a sua validade.
.ATIVIDADE 5
1. O que é mito? O que é razão?
2. Qual a diferença entre uma verdade científica e uma verdade religiosa?
3. É possível chegar à verdade?
4. Por que existem tantas verdades que se excluem?