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Introdução à Filosofia

Introdução à Filosofia
Ao longo da história da humanidade (em sua
evolução histórica), o homem sempre representou o
anseio pela verdade. O “amor pela sabedoria” foi
sempre mais busca do que posse.

A filosofia se constitui
como esforço de
discussão racional com
os mitos (hoje, com as
ideologias), com as
religiões, com as artes,
com as ciências naturais,
com a vida e política.
Introdução à Filosofia
A Filosofia surge quando os seres humanos
começam a exigir provas e justificações
racionais para...

...validação das
nossas crenças
cotidianas

OU
...invalidação
das nossas
crenças cotidianas
Introdução à Filosofia
E por que tais provas e justificações precisam ser
racionais? Por três motivos:

1º) Porque racional significa ser


argumentado, debatido e compreendido;

2º) Porque, ao argumentar e debater,


queremos saber as condições e os
pressupostos do nosso pensamento e
dos outros;

3º) Porque racional significa respeitar


certas regras de coerência do
pensamento para algo tenha um sentido
lógico.
1. Para que Filosofia?
Para que Filosofia?
Essa é a pergunta que todo mundo na escola:
“Afinal, para que filosofia?”

E normalmente essa pergunta


costuma receber uma resposta
irônica conhecida:

“A filosofia é uma ciência com a


qual e sem a qual o mundo
permanece tal e qual”.
Uma atitude preconceituosa

No entanto, não ouvimos ninguém perguntar, por


exemplo, “Para que matemática ou física?”; “Para
que biologia ou psicologia?” etc.

E mesmo assim, todos


acham muito natural
perguntar: “Para que
Filosofia?”.

O que se percebe, portanto, é uma atitude


preconceituosa com relação à filosofia.
Uma atitude preconceituosa
Sem falar em alguns “rótulos”: costumam chamar de
“filósofo” aquela pessoa distraída, que vive com a
cabeça no “mundo da lua”, pensando e dizendo
coisas que ninguém entende.
Uma atitude preconceituosa

Costumam também
falar que o “filósofo” é
aquela pessoa
ociosa, que não tem
nada o que fazer ou
que se ocupa de
coisas completamente
inúteis.
Uma atitude preconceituosa
No entanto, essa pergunta “Para que Filosofia?”, tem
sua razão de ser:

Em nossa sociedade
costumamos considerar
que alguma coisa só tem
importância se tiver
alguma finalidade
prática (útil e rentável).

“Qual é a “Para que serve “Que vantagem


utilidade disto?” isso?” posso tirar disso?”
Utilitarismo e tecnologia

É por isso que ninguém pergunta


“Para que as ciências?”, pois as
pessoas imaginam ver a utilidade
das ciências nos produtos da
tecnologia.
Utilitarismo e tecnologia

É justamente por este motivo


que ninguém consegue ver a
utilidade da filosofia:
“O que realmente eu ganho
com a filosofia?”

Nesse sentido, um
download passa a
ser mais importante!
2. Para que serve a
Filosofia?
Utilidade da Filosofia

Há pelo menos duas utilidades para a Filosofia:

1ª) A filosofia não inventará um


novo aparelho tecnológico, mas
servirá para nos tornarmos pessoas
críticas, lógicas e autônomas
para pensar e agir.

2ª) A filosofia não criará teorias


científicas revolucionárias, mas
auxiliará a própria ciência em sua
metodologia científica.
O aspecto crítica da Filosofia

A Filosofia ensina a
sermos críticos o
suficiente para não
darmos nossa aceitação
imediata às coisas ou
situações, sem antes
passar pelo
questionamento
racional.

Portanto, o objetivo central da Filosofia é ensinar


que cada um pense por si mesmo.
A Filosofia por trás da ciência

Parece que o senso comum não enxerga algo que os


cientistas sabem muito bem: por trás da ciência
existem os procedimentos da filosofia.

Perguntas como: “O que é a


ciência?”; “Qual o trabalho da
ciência?”; “Qual a metodologia
da ciência?”; “O que é uma
hipótese ou uma teoria?”;
“Quais os limites éticos da
ciência?” etc., são questões
tipicamente filosóficos que a
ciência utiliza.
A Filosofia por trás da ciência

O cientista utiliza-se de tais atividades como


questões já respondidas. No entanto, é a
Filosofia que formula e busca respostas para tais
questionamentos.
O trabalho das ciências pressupõe,
como condição, o trabalho da
Filosofia, mesmo que o cientista
não seja filósofo.

Portanto, é impossível a ciência


progredir sem a contribuição dos
questionamentos filosóficos.
3. Características da
Filosofia
Características da Filosofia

A filosofia é uma reflexão que possui pelo menos


quatro características básicas:

1ª) Reflexão Crítica

2ª) Reflexão Radical

3ª) Reflexão Sistemática

4ª) Reflexão de Conjunto


1ª) Uma Reflexão Crítica

A filosofia é crítica não porque desenvolve um


pensamento pessimista, mas porque tenta
estabelecer critérios que possibilitam examinar
detalhadamente as coisas ao seu redor, sem fazer
uso dos preconceitos e prejulgamentos existentes.

Portanto, a filosofia é
crítica porque tenta
ultrapassar as noções
óbvias e inquestionáveis
que as nossas crenças
cotidianas impõem.
2ª) Uma Reflexão Radical

A filosofia é radical, não porque é inflexível, mas


porque busca investigar até a “raiz” do fato,
tentando identificar aqueles conceitos básicos
usados em todos os campos do pensar e do agir.

Portanto, a filosofia é
radical porque não se
contenta em dar
explicações superficiais
e sem a devida
investigação dos fatos e
das intenções humanas.
3ª) Uma Reflexão Rigorosa
(ou Sistemática)
A filosofia é rigorosa ou sistemática porque
desenvolve um pensamento organizado, justificado
por argumentos lógicos e coerentes em suas
diversas partes.

O uso de linguagem
rigorosa, por exemplo,
evita as ambiguidades das
expressões cotidianas e
levam o indivíduo a
conhecer a realidade de
modo mais seguro.
4ª) Uma Reflexão de Conjunto

A filosofia é um tipo de reflexão de conjunto porque


examina os problemas relacionando os diversos
aspectos entre si, sem promover cortes no real
Mais ainda, o objeto da filosofia é tudo, porque nada
escapa a seu interesse.

Portanto, a Filosofia está


interessada na reflexão sobre
a totalidade e a abrangência
de suas questões que
transcendem o científico, o
popular e o religioso.
Filosofia, Religião e Ciência

A filosofia não deve ser confundida nem com a


Religião, nem com a Ciência.

As religiões oferecem dogmas As ciências pretendem explicar


inquestionáveis e doutrinas “como” as coisas funcionam
reveladas, que são aceitas só (teorias), por meio do teste
por meio da fé. e da experiência.
Filosofia, Religião e Ciência

Ou seja, a Filosofia não é uma Religião, como


também não é uma Ciência. Ela é um tipo
conhecimento próprio e independente.

A filosofia é um exercício
reflexivo e sistemático,
isto é, um questionamento
permanente sobre o
significado e as
implicações destes
conhecimentos, bem como
sobre suas limitações. Uma das telas do artista Pawel
Kuczynski
4. Natureza do
questionamento filosófico
A indagação filosófica

A filosofia é uma indagação contínua: ela não está


interessada em saber respostas prontas, mas em
questionar a realidade.
“Filosofia significa estar a
caminho. As interrogações
são mais importantes do
que as respostas e cada
uma destas transforma-se
em nova interrogação”
(Karl Jaspers, 1883-1969).

É a pergunta que move o mundo


1ª Pergunta: “O que é?”

A Filosofia pergunta qual é a realidade e a


significação de algo, não importando qual.
2ª Pergunta: “Como é?”

A Filosofia pergunta como é a estrutura ou o


sistema de relações que constitui a realidade de
algo.
3ª Pergunta: “Por que é?”

A Filosofia pergunta por que algo existe, qual é a


origem ou a causa de uma coisa, de uma ideia, de
um valor ou comportamento.
5. Em busca de uma
definição de Filosofia
Definição da Filosofia

Quando estudamos filosofia, somos


logo levados a buscar o que ela é.

A primeira surpresa que surge é que


não há apenas uma definição de
Filosofia, mas várias.

E a segunda surpresa é que, além de várias, as


definições não parecem ser reunidas numa só
definição mais ampla (ou seja, elas são
incompletas e superficiais).
Definição da Filosofia
1ª) Como “Visão de Mundo”

A filosofia pode ser definida


como a visão de mundo de
uma cultura, ou seja, um
conjunto de ideias, valores e
práticas pelos quais uma
sociedade apreende e
compreende o mundo.

O problema desta definição é que, por um lado, ela se se


torna relativista (isto é, a “minha filosofia”) e, por outro
lado, apresenta uma definição muito genérica e ampla.
2ª) Como “Sabedoria de Vida”

Nesta definição, a filosofia é


identificada com a atividade de
algumas pessoas que pensam sobre
a vida moral, dedicando-se à
contemplação, ao controle dos seus
impulsos e ao ensino de tais virtudes
aos outros, de modo a dirigirem suas
vidas de modo ético e sábio.

O problema desta definição é que ela nos diz o que se


espera da Filosofia (enquanto sabedoria interior), mas
não nos diz o que ela é e o que ela faz.
3ª) Como “conhecimento extraordinário”

Nesta definição, atribui-se à


filosofia a capacidade de conhecer
a realidade inteira ou o
universo em sua totalidade,
estruturado pelas relações de
causa e efeito, compreensíveis
ao intelecto humano.

O problema desta definição é que a Filosofia não admite


ser possível que um único sistema de pensamento
ofereça uma explicação para toda a realidade, como
se fosse com conhecimento mágico.
4ª) Como “análise teórica e crítica
dos conhecimentos e das práticas”
Nesta definição, a filosofia se volta para o estudo de
duas coisas:

a) das várias modalidades de conhecimento


(percepção, imaginação, memória, linguagem,
inteligência, experiência, reflexão etc.);

b) e dos vários tipos de atividades interiores


e comportamentos exteriores (expressões
da vontade, do desejo e das paixões);

...com o objetivo de descrever as suas formas e


conteúdos, e a maneira como o indivíduo se relaciona
consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
4ª) Como “análise teórica e crítica
dos conhecimentos e das práticas”
E para fazer o seu trabalho, a Filosofia investiga e
interpreta o significado de ideias gerais, como
por exemplo, “mundo”, “natureza”, “cultura”,
“história”, “tempo”, “religião”, “política” etc.

Portanto, esta é a definição


mais adequada da Filosofia.
Conclusão
A atividade filosófica é, portanto, uma análise,
uma reflexão e uma crítica.

Estas três atividades


são orientadas pela
elaboração filosófica de
ideias gerais sobre a
realidade e os seres
humanos.

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