Você está na página 1de 77

Filosofia

Aula 1 – O que é filosofia?


Introdução a Filosofia

Antes de respondermos a essa pergunta, vamos partir para outro questionamento: o


que é filosofar? De maneira geral, pode-se dizer que, por sermos pessoas racionais e
sensíveis, procuramos sempre atribuir sentido às coisas. A esse filosofar espontâneo
de todos nós poderíamos chamar filosofia de vida.
Introdução a Filosofia

As questões filosóficas fazem parte do nosso cotidiano? Fazem sim.

Quando decidimos votar no candidato de um partido político e não de outro;


quando deixarmos o emprego bem pago por outro não tão bem remunerado,
se bem mais atraente; quando alternando a jornada de trabalho com a
prática de esporte ou com a decisão de ficar em casa assistindo à tv, e
critérios por diante. E preciso reconhecer que existem critérios bem diferentes
fundamentando tais decisões.
Todo homem é filósofo?

Junção das palavras gregas – filo (amor) e sofia (sabedoria) – amigo do saber ou
ter amor pela sabedoria.

Pitágoras (Século VI a.C.), um dos mais antigos pensadores gregos, teria usado
pela primeira vez a palavra filosofia (philo-sophia), que significa amor a
sabedoria. Por essa razão, a filosofia não é pura realidade, mas a procura
amorosa da verdade.
Todo homem é filósofo?

O homem pode ser naturalmente identificado como filósofo. Sua postura


questionadora quer entender a realidade das coisas especialmente o da sua
própria vida.

Algumas pessoas vivem indiferentemente aos questionamentos, não buscam um


significado para sua vida e não enfrentam os problemas.
Todo homem é filósofo?

A propósito desse assunto, o filosofo italiano Antonio Gramsci diz: “não se


pode pensar em nenhum homem que não seja também filosofo, que mão
pense, precisamente porque pensar é próprio do homem como tal”.
O que pensam os filósofos

Edmund Husserl:

“O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo das minha
elaborações, sei-o, naturalmente. E contudo não o sei... Qual o pensador para
quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma? ... Só os
pensadores secundários que, na verdade, não se podem chamar filósofos, estão
contentes com as suas definições”.
O que pensam os filósofos

O que Husserl quer dizer?

Que a pergunta “o que é filosofia?” desencadeia por si mesma uma questão


filosófica. Ainda assim, os pensadores arriscam dar respostas, sabendo que são
sempre provisórias, porque se aproximam do conceito de filosofia de modo tateante
para examinar suas características.
O que pensam os filósofos

Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) afirmou que a filosofia é o estudo da causa última
das coisas.

Cícero (106 a.C – 43 a.C) conceituou como um estudo das causas humanas e
divinas das coisas.

René Descartes (1596 – 1650) “ensina o bem relacionar”

Georg Hegel (1770 – 1831) “Saber absoluto”

Immanuel Kant (1724 – 1804) “ é o pensar por si, é formar uma opinião própria)
O que pensam os filósofos

A primeira vista, entendemos a filosofia como algo enigmático, profundamente


abstrato e distante da realidade.

Essa visão da filosofia decorre dos complexo trabalhos de pensadores que, ao longo
da história, refletiram e buscaram diferente respostas sobre questões que
continuamente fazemos ao longo de nossa existência. Indagações sobre o
conhecimento, sobre os valores, sobre a natureza, sobre a beleza, sobre o homem.
O que pensam os filósofos

Essas inquietações decorrem da necessidade que todo ser humano tem de


compreender o significado do mundo e de si mesmo. Na busca dessa compreensão
criamos novos significados, questionando e tecendo uma teia de relações cada vez
mais abrangentes que nos indiquem respostas, mesmo que provisórias.
O que pensam os filósofos

Dessa forma o primeiro passo para filosofia é a inquietação que conduz ao


questionamento. O objeto da filosofia é a reflexão, o movimento do pensamento
que nos distanciarmos dos fatos aparentemente banais para buscarmos seus
fundamentos.
A reflexão filosófica

Reflectere (latim) da qual deriva refletir, tem o significado de “fazer retroceder” ou


“voltar atrás”, isto é, pensar o que já foi pensado, colocando em questão o que já
foi posto.

Racional: a razão. Confere lógica e inteligência ao conhecimento.


Moderada: Rejeita qualquer tipo de radicalismo, seu processo envolve avanços e
retrocessos, possui um juízo ponderado, não despreza o que parece inexplicável.
Aberta: se baseia na aceitação de novas ideias, na superação de preconceitos
arraigados.
A reflexão filosófica

PORQUE PENSAMOS? – Motivos


O QUE PENSAMOS? – Conteúdo
PARA QUE PENSAMOS – Finalidade

(são perguntas que devem ser respondidas pela “ciência sistemática = pesquisa
metodologia” e não apenas pelo senso comum)

Ou seja

A RESPOSTA tem que ser:


COERENTE, LOGICA e ter RELAÇÃO COM AS IDEIAS.
A reflexão filosófica

A filosofia pressupõe constante disponibilidade para a indagação. Por isso, segundo


Platão, “a primeira virtude do filosofo é admirar-se, ser capaz de surpreender com o
óbvio e questionar o que já existe como verdade”. Essa é a condição para
problematizar, o que marca a filosofia não como posse da verdade, e sim como
busca.
A reflexão filosófica

Kant, filósofo alemão do século XVII, assim se refere ao filosofar:

“(...) não é possível aprender qualquer filosofia; só é possível aprender a filosofar,


ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais
em certas tentativas filosófica já existentes, mas sempre reservando à razão o
direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os
ou rejeitando-os”.
A reflexão filosófica

Podemos dizer então que filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente.
É uma experiencia diferente de um olhar sobre o mundo, no sentido de sempre
questionar o já sabido.
Características do pensamento filosófico

O filosofo brasileiro Dermeval Saviani (no livro Educação brasileira: estrutura e


sistema), na tentativa de se aproximar de uma definição possível, conceitua a
filosofia como uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que
a realidade apresenta.
Características do pensamento filosófico

REFLEXÃO RADICAL

Em latim, radix, radicis significa raiz e, em sentido figurado, quer dizer fundamento,
base. A filosofia é, pois, radical, não no sentido corriqueiro de inflexível (nesse caso
seria a antifilosofia).

Por exemplo, a filosofia das ciências examina os pressupostos do saber cientifico: é


ela que define o que é ciência, como a ciência se distingue da filosofia e de outros
tipos de saber.
Características do pensamento filosófico

RIGOROSA

São inúmeros os métodos filosóficos em que se apoiam os pensadores para


desenvolver um pensamento rigoroso, justificado por argumentos, coerente em suas
diversas partes e sistemático, O filosofo usa de linguagem rigorosa para evitar as
ambiguidades das expressores cotidianas, o que lhe permite discutir com outros
filósofos a partir de conceitos claramente definidos.
Características do pensamento filosófico

DE CONJUNTO

A filosofia é de conjunto, globalizante, porque examina os problemas relacionando


os diversos aspectos entre si. Nesse sentido, a filosofia visa ao todo, à totalidade.
Mais ainda, o objeto da filosofia é tudo, porque nada escapa a seu interesse.
Características do pensamento filosófico

DE CONJUNTO

Por exemplo, o filosofo se debruça sobre assuntos tão diferentes como a moral, a
política, a ciência, o mito, a religião, o cômico, a arte, a técnica, a educação e
tantos outro.

Daí seu caráter transdisciplinar, por ser capaz de estabelecer o elo entre as diversas
expressões do saber e do agir.
Características do pensamento filosófico
**

REFLITA

Você já ouviu falar em ética aplicada?

É um ramo contemporâneo da filosofia que discute problemas de natureza prática


que, por sua vez, exigem justificação racional. É o caso da nossa responsabilidade
pera preservação da natureza discutida na ética ambiental.
Para que serve a filosofia?

Há quem zombe da filosofia por considerá-la um saber inútil. Afinal, ela é ou não
útil?

Vivemos num mundo que valoriza pragmaticamente as aplicações imediatistas do


conhecimento.

Não é raro que o estudante se pergunte “para que estudar filosofia se não vou
precisar dela na minha profissão?”
Para que serve a filosofia?

Filósofos possuem a ATITUDE FILOSOFICA

ATITUDE FILOSOFICA
ATITUDE CRITICA
Perguntas = “o que? Como?
CONHECIMENTO é algo em
Porque?
CONSTRUÇÃO e pode ser
Pensamento se interroga =
MODIFICADO e CRITICADO
REFLEXÃO
A necessidade da filosofia

De acordo com essa linha de pensamento, a filosofia seria realmente “inútil”, já que
não serve para nenhuma alteração imediata de ordem prática. Sob aspecto, ela é
semelhante à arte. Se perguntarmos qual a finalidade de uma obra de arte,
veremos que ela tem um fim em si mesma.

Entretanto, não ter utilidade imediata não significa ser desnecessário. E tanto a
arte como a filosofia são necessárias.
A necessidade da filosofia

Onde está a necessidade da filosofia?

Está no fato de que, por meio da reflexão (aquele desdobrar-se, lembra-se?), a


filosofia nos permite ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir
imediato no qual o indivíduo prático se encontra mergulhado.

E assim se torna capaz de superar a situação dada e de “pensar o pensamento”. A


filosofia recupera o que foi perdido no imobilismo das coisas feitas e, portanto,
mortas, porque já ultrapassadas. A filosofia impede a estagnação.
As fases da filosofia

FILOSOFIA GREGO ROMANA (sec VI a.c. – VI d.c)


FILOSOFIA PATRISTICA (sec I - VII)
FILOSOFIA MEDIEVAL (sec XIII – XIV)
FILOSOFIA DA RENASCENÇA (sec XV – XVI)
FILOSOFIA MODERNA (sec XVII – XVIII)
FILOSOFIA DO ILUMINISMO (sec XVIII – XIX)
FILOSOFIA CONTEMPORANEA (sec XIX – ate hoje)
As fases da filosofia

Os 4 principais períodos da filosofia grego-romana:


Filosofia Patrística

Esforço para relacionar as filosofia grego-romana ao pensamento da Igreja

PATRISTICO GREGO PATRISTICO ROMANO

(Ligado à igreja de Bizancio) (Ligado a Igreja de Roma

Conciliação entre FÉ e RAZÃO


DOGMAS = verdades reveladas por DEUS
RAZÃO = verdades reveladas pelo homem
Filosofia Medieval

Filosofia cristã – relação entre Deus e o homem (fé e razão / alma e corpo)

Influência do pensamento neoplatônico e das leituras árabes do pensamento de


Aristóteles

METODO : DISPUTA

Seria considerado “verdade” o argumento com mais força e qualidade


Filosofia da Renascença

Descobre-se novos trabalhos de filósofos antigos (greco-romanos como Platão,


Aristóteles e outros autores)
Filosofia Moderna

Racionalismo Clássico
Muito marcada pela RAZÃO
Com a razão seria possível conhecer as causas, efeitos da paixão humana e
controla-las
Determinar regimes políticos para manter as sociedades racionais.
Filosofia Contemporânea

PERCEBER A PLURALIDADE DAS SOCIEDADES


A alteração do objeto de estudo

Desde Aristóteles, a Filosofia teve como objeto de estudo toda a realidade, ou seja,
a totalidade.

O Filósofo estudava o universo e uma parte do todo, sempre com um olhar curioso.
Com o tempo a Filosofia perdeu muitos campos de investigação e se restringiu a
estudos ontológicos e morais. Os demais campos passou ao domínio das ciências
modernas.

Por isso a Filosofia é considerada a mãe de todas as ciências.


A alteração do objeto de estudo

Lógica: Investiga a exatidão do


Ontologia: ramo da Filosofia que
raciocínio. Define as formas e as
estuda a respeito do sentido
regras gerais do pensamento
abrangente do ser, como aquilo
correto e verdadeiro
que torna possível as múltiplas
independentemente dos conteúdos
existências.
pensados.

Teoria do conhecimento: estuda o


valor das ciências, sua natureza,
etapas e limites. Distingue o
conhecimento cientifico do
filosófico.
A alteração do objeto de estudo

Metafísica: sua temática é a Cosmologia: volta-se para a


preocupação com o fundamento essência, origem e o devenir do
último da existência e da verdade. mundo material.
Divisões da Filosofia

Filosofia Moral
Filosofia da Ciência
Filosofia da Arte
Filosofia Política
Filosofia da Linguagem

O surgimento de outras ciências a partir da Filosofia ocorreu no século XVIII,


após a crítica do Filosofo alemão Immanuel Kant, que afirmou ser irrealizável
a pretensão filósofica de abarcar todo o conhecimento humano.
Campos da filosofia

Está presente em diversas áreas e se dividiu para melhor atende-las


Conhecimento

Está presente a todo momento.

É a relação objeto e observador (consciência da pessoa).

Relação com o mundo gera conhecimento e envolve valores anteriores.


Formas de conhecer

SENSO COMUM – espontâneo, derivado das experiencias cotidianas

Etapa de construção do saber

Deve ser substituída por uma abordagem critica


Formas de conhecer

CIENCIA – pensamento / conhecimento critico

Existem 3 formas de conceber a ciência (durante os séculos)

1º Hipotético-dedutivo
2º Hipotético-indutivo
1º Hipotético-dedutivo

É uma das concepções racionalistas

Define-se o OBJETO e dele procura deduzir os efeitos e propriedades do fenômeno


estudado
2º Hipotético-indutivo

É a concepção impírica relacionada à Aristoteles

Cria suposições e depois as testam


3º Concepção construtivista

Relaciona o impiritismo e o racionalismo

Procura-se explicar a realidade (levando em consideração que esta é mutável)


Antigamente x Hoje

A técnica (e tecnologia)

ANTIGAMENTE: era vista como inferior, auxiliava só no dia a dia

HOJE: a técnica e a ciência andam juntas (saber teórico)


Referencias

Aranha, maria Lúcia de Arruda. Introdução à Filosofia, São Paulo: Moderna, 2008.
“Não permita que talentos que não
são da equipe venham concorrer com
os de dentro.”

48
Filosofia
Aula 2 – Primórdios da Filosofia
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

Como os gregos definiam filosofia?

Uma forma de conhecimento capaz de explicar as diversas mudanças e maravilhas


que ocorriam na natureza.
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

Como nasceu a Filosofia?

A filosofia possui um conteúdo ao nascer: é uma cosmologia (cosmos = mundo


ordenado e organizado; logia = pensamento racional, discurso racional,
conhecimento). Assim, a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do
mundo ou da natureza.
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

O pensamento filosófico, em sua origem, tinha como traços principais:

Tendência à racionalidade, insto é, à razão e somente a razão, com seus princípios


e regras; é o e critério da explicação de alguma coisa.

Tendencia a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto é, diante de um


problema, sua solução é submetida à analise, à crítica, à discussão e à
demonstração; numa é aceito como verdade algo, se não for provado
racionalmente que é verdadeiro.
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

O pensamento filosófico, em sua origem, tinha como traços principais:

Existência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o


filósofo é aquele que justifica suas ideias provando que segue regras universais do
pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição
indica erro ou falsidade. Uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela
deve ser considerada falsa.
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

O pensamento filosófico, em sua origem, tinha como traços principais:

Recusa de explicações pré-estabelecidas e, portanto, exigência de que, cada


problema, seja investigado e encontrada uma solução exigida para ele.

Tendencia à generalização, isto é, mostra-se que uma explicação tem validade


para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de
nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades.
Gregos: Primeiros filósofos da humanidade

A filosofia nasceu fortalecida por fatos históricos que, ao acontecerem,


contribuíram para esclarecer diversas modificações ocorridas.
Fatos históricos que marcaram o
nascimento da Filosofia

Viagens marítimas;
Invenção do calendário;
Invenção da moda;
Surgimento da vida urbana;
Invenção da escrita alfabética;
Invenção da política.
Fatos históricos que marcaram o
nascimento da Filosofia

A invenção da política introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento


da filosofia.

A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide
por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. Isso
servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado
do mundo como um mundo racional.
Fatos históricos que marcaram o
nascimento da Filosofia

A invenção da política introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento


da filosofia.

O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tripo de discurso,


diferente daquele que era proferido pelo mito. A política, valorizando o humano, o
pensamento, a discussão a persuasão e a decisão racional, passou a valorizar
também o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso
filosófico.
Fatos históricos que marcaram o
nascimento da Filosofia

A invenção da política introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento


da filosofia.

A política estimula um discurso que procura ser público, ensinado, transmitido,


comunicado e discutido. A ideia de um pensamento que todos podem compreender
e discutir, que todos põem comunicar e transmitir é fundamental para a filosofia.

A filosofia terá, no correr dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e


interesses que lhe vieram de seu conhecimento na Grécia.
Exercício

Como os gregos definiam Filosofia?


Como nasceu a Filosofia?
Quais os principais traços do pensamento filosófico em seu surgimento?
Que fatos históricos marcaram o surgimento da Filosofia?
Explique a importância da política para o surgimento da Filosofia.
Filosofia
Aula 3 – Filosofia Católica: Santo Agostinho e São
Tomaz
Santo Agostinho de Hipona

Considerações importantes sobre Agostinho:

Agostinho, embora incorporado à Filosofia Medieval, pertence ao quarto e último


período da Filosofia Antiga, conhecido ético, helenístico ou cosmopolita, que vai do
séc. III a.C. ao séc. VI d.C.

Agostinho é o principal representante da Filosofia greco-romano-cristã, que teve


início no séc. II d.C., e ficou conhecida como patrística.
Santo Agostinho de Hipona

Considerações importantes sobre Agostinho:

Existem duas patrísticas: a grega e a romana/latina. A primeira busca conciliar fé e


razão e a segunda colocar a fé acima da razão. Agostinho pertence a segunda.

Patrística é o nome dado aos primeiros conceitos cristãos elaborados pelos padres
da Igreja Católica.
Santo Agostinho de Hipona

Principais objetivos:

A filosofia de Agostinho destaca-se pelo esforço de...

Converter os pagãos;
Combater heresias (doutrinas opostas aos dogmas da Igreja Católica)
Justificar a fé cristã.
O caminho Intelectual de Agostinho

1ª Parte: Agostinho nasceu em Tagaste, norte da África, e teve uma formação


humanística, nas áreas de Gramática e Retórica.

2ª Parte: Tempos depois, já com 19 anos, foi para Catargo onde viveu por
aproximadamente 10 anos e se tornou adepto e defensor da doutrina maniqueísta.
Para sobreviver nesta cidade Agostinho dava aulas de retórica.
O caminho Intelectual de Agostinho

3ª Parte: Na tentativa de melhorar de vida, Agostinho foi ser professor em Roma,


onde permaneceu por apenas 1 ano, mas tempo suficiente para abandonar o
maniqueísmo e adotar o ceticismo como concepçao filosófica. Neste mesmo ano ele
recebeu uma proposta para ser professor de Retórica em Milão a convite de
Símaco.

4ª Parte: Em milão, Agostinho abandona o ceticismo e adota o neoplatonismo de


Plotino, e também o pensamento cristão. Este último por influência do bispo
Ambrósio de Hipona, que lhe apresentou as leituras de São Paulo.
O caminho Intelectual de Agostinho

Portanto, pode-se concluir que Agostinho é neoplatônico e cristão, pois utilizou,


principalmente, as teorias de Platão para fundar as bases intelectuais do
cristianismo no Ocidente.

Pensamento de Platão: Pensamento de Agostinho:


Mundo das Ideias Cidade de Deus
Mundo das Sombras Cidade dos Homens
Ideias O pensamento de Deus
Cópias Criações de Deus
Alma Sopro Divino
Demiurgo Deus ou Luz
Teoria do Conhecimento Agostiniana

Agostinho coloca dois problemas para essa teoria:

1º É possível conhecer a verdade?


2º Se for possível conhecer a verdade, como é possível conhecê-la?
Teoria do Conhecimento Agostiniana

Agostinho coloca dois problemas para essa teoria:

A primeira questão Agostinho responde fazendo uma crítica ao ceticismo absoluto


de Górgias de Leontini e ao ceticismo da terceira academia platônica, cujo
pensamento é fundado por Pírron de Élis. Para tanto, ele demonstra que é sim
possível conhecer com certeza algumas verdade, como por exemplo:

O princípio da não-contradição;
A própria existência;
Axiomas do tipo: o todo é maior do que as partes.
Teoria do Conhecimento Agostiniana

Homem = corpo + alma + nous

Corpo: ao contrário da filosofia greco-monana, em Agostinho, o corpo não adquire


nenhum tipo de conhecimento, servindo apenas como mediador da alma com as
coisas perceptíveis de modo indutivo;

Alma: Representa em Agostinho os sentidos. Ou seja, refere-se às sensações como


uma atividade exclusiva da alma, que através do corpo recebe a impressão de
outros corpos.

Nous: Representa a razão natrural/inferior/humana, que possui a capacidade de


interpretar, por abstração/dedução, as leis que regem a natureza.
Teoria do Conhecimento Agostiniana

Para responder a segunda questão, Agostinho distingue...

1º três operações da mente humana:


Razão Superior, Razão Inferior e Sentidos

2º três grupos de objetos conhecidos:


Verdade Eternas, Leis Naturais e Qualidade dos Corpos

3º três tipos possíveis de conhecimento:


Divino/Sacro, Científico/Episteme e Sensível/Opinião
Teoria do Conhecimento Agostiniana

Operações da Mente Grupos de Objetos Tipos de Conhecimento

Sentidos Qualidade dos Corpos Conhec. Sensível: Opinião


Razão Inferior/Natural Leis da Natureza Conhec. Cientifico: Epistemologia
Razão Superior Verdades Eternas Conhec. Divino
Tipologias Cognitivas Agostiniana

O conhecimento sensível é obtido pelos sentidos (raciocínio indutivo), que possuem


como objetivo de estudo a qualidade dos corpos (cores, sons cheiro, tato e
paladar). Esse conhecimento é acessível a todos os homens salutares, pois se
encontra no plano material/corpoóreo (concreto).

O conhecimento cientifico é obtido pela razão inferior/comum/natural ou


intelectual humano (raciocínio dedutivo), que possui como objeto de estudo as leis
naturais. Essa conhecimento é acessível a todos os homens salutares, pois se
encontra no plano material/corpóreo (abstrato).
Tipologias Cognitivas Agostiniana

O conhecimento divino é obtido pela razão superior (razão inferior e iluminação


divina), que possui como objeto de estudo as Verdades Eternas. Esse conhecimento
espiritual/imaterial/incorpóreo, é acessível somente a alguns homens, pois poucos
são os escolhidos – Iluminados.
Teorias da Reminiscência

Teoria da Reminiscência Platônica: a recordação das ideias inatas


(matemática/ciência e filosofia) ocorre em todos os homens através da
metempsicose.

Teoria da Reminiscência Agostiniana: A recordação das ideias inatas (verdades


Eternas – Deus) ocorre em poucos homens através da Iluminação Dívida.
Importantes Considerações em Agostinho

Máxima:

“Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que
compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”.

Para Agostinho a razão tenta explicar o que a fé antecipou. Logo, a razão conhece,
mas é a fé, Iluminação Divina, que permite dizer se tal conhecimento é verdadeiro.
Neste sentido, a Iluminação é uma Luz especial e incorpórea que permite aos
predestinados chegarem até Deus.
Ética pagã vs Ética cristã

Nos moldes de Agostinho

Ética pagã: ação determinada pela razão. Conceito negado por Agostinho.

Ética cristã: ação determinada pela vontade. Conceito proposto por Agostinho.
Nela há dois tipos de ações possíveis da vontade, são elas:

Vontade de Deus: Que representa o bem, submissão, o espírito e a liberdade,


Caminho da Salvação, mas só para alguns escolhidos de Deus.

Vontade do homem: Que representa o mal, a autonomia, o corpo e a escravidão.


Caminho do pecado.

Você também pode gostar