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Filosofia

1- Significado do termo Filosofia:

DICIONÁRIO: amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria
ignorância [Segundo autores clássicos, sentido original do termo, atribuído ao filósofo grego Pitágoras (VI
a.C.).].

ETIMOLOGIA DA PALAVRA FILOSOFIA: Filos, que significa amor, amizade, e Sofia, que traduzimos como
sabedoria ou conhecimento.

SEGUNDO PLATÃO: no platonismo, investigação da dimensão essencial e ontológica do mundo real,


ultrapassando a opinião irrefletida do senso comum que se mantém cativa da realidade empírica e das
aparências sensíveis. "A palavra Filosofia é composta de duas outras palavras de origem grega: Filos, que
significa amor, amizade, e Sofia, que traduzimos como sabedoria ou conhecimento. É a Pitágoras de Samos
(571 a.C. – 496 a.C. Pitágoras nasceu na ilha grega de Samos, na costa jônica, em 570 a.C. Estudou
matemática, astronomia, música, literatura e filosofia na sua cidade natal. Foi orientado na cidade grega de
Mileto por um dos maiores filósofos pré-socráticos: Tales de Mileto.) que se atribui a invenção da palavra.
Este, quando solicitado por um rei a demonstrar seu saber, disse-lhe que não era sábio, mas Filósofo, ou seja,
amigo da sabedoria. Ainda na Grécia Antiga, e tentando definir melhor o sentido da Filosofia, Platão (428 a.C.
– 347 a.C.) mostra que o amor (Filos) é carência, desejo de algo que não se tem. Logo, a Filosofia é carência,
mas também recursos para buscar o que se precisa, e o filósofo não é aquele que possui o saber, mas sim
quem busca conhecer continuamente.
Já no período Medieval, a Filosofia tornou-se investigação racional posta a serviço da fé. Isso porque com o
advento do cristianismo e sua adoção pelo Império Romano, bem como com o surgimento da Igreja Católica,
desenvolveu-se um modelo de saber em que a razão discursiva justificaria a compreensão dos textos
sagrados. No período Clássico (Renascença e Modernidade), a Filosofia se confundiu com o estudo da
sabedoria entendida como um perfeito conhecimento de tudo o que o homem pode saber para conduzir sua
vida (moral), para conservar sua saúde (medicina) e criar todas as artes (mecânica). Hoje, no período que
chamamos de contemporâneo ou pós-moderno, a Filosofia recebe várias acepções, dentre as quais estão:
- Uma correspondência do ser na linguagem;
- Análise crítica dos métodos utilizados nas ciências;
- Instrumento de crítica às formas dominantes de poder, bem como da tomada de conscientização do homem
inserido no mundo do trabalho.
Vista dessa maneira, a Filosofia não pode ser confundida nem com o mito, nem com a ciência. Isso porque
ao mesmo tempo em que exige análise, crítica, clareza, rigor, objetividade (como a ciência) percebe-se que
os discursos em busca do conhecimento do todo são construídos na história segundo modelos de
racionalidade que vão sendo revisados e substituídos com o tempo (o que a aproxima do mito). Ela
permanece numa busca constante da sabedoria."

2- O MITO E O LOGOS:

Sugestão de vídeo aula: https://www.youtube.com/watch?v=VaHVqwYPwDw.


https://youtu.be/QbqpW3MIG -U
https://www.youtube.com/watch?v=0iBabW_Crj4

"Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma
(re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que
surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua
Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o
proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.
Assim, Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são considerados os
educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os rapsodos (uma espécie de
ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo,
das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas obras daqueles autores."
"Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a
criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo
mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a
confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com
validade universal.

Mythos ao Logos, Passagem do

A passagem do Mythos ao Logos representa o nascimento da filosofia grega, e dá em um movimento que vai
do ensamento mitológico (narrativa) ao pensamento filosófico (discurso) e marca o que conhecemos como
nascimento da Filosofia. É uma leitura eurocêntrica e fundamenta a Grécia como local desse nascimento.
quando falamos em Grécia nesse período é importante destacar que tratamos das pólis gregas.
Todo o processo é lento e gradual, além de carregado de influências históricas, culturas e epistêmicas
advindas principalmente da África*. Portanto, o que vamos apresentar aqui e uma leitura sobre a relação
dos gregos com a construção da Filosofia.
Um dos modos mais simples e menos polêmicos de se caracterizar a filosofia é através de sua história
apresentada como nascente na Grécia antiga, por volta do sec. VI a. C.; podemos considerar que Aristóteles,
no livro I da metafísica, tenha sido o ponto de partida dessa concepção, chegando mesmo a definir Tales de
Mileto como o primeiro filósofo. No entanto, não podemos afirmar que não havia pensamento antes de
Tales, mas que, com ele, há a inauguração de algo novo, o pensamento filosófico.
Diferentes povos da Antiguidade tiveram visões próprias sobre a natureza e maneiras diversas de explicar os
fenômenos naturais, porém, “somente os gregos identificaram o princípio do pensamento filosófico-
científico”. Este princípio contrasta-se com o conhecimento mítico que lhe antecede e que pode ser
identificado como uma narrativa que trata da origem de algo. Ex: origem dos astros, do universo, dos
homens, do bem e do mal, da guerra, do amor etc.
As primeiras visões de mundo ou noções de gênese partiam de testemunhos míticos, há aí uma primeira
análise do real onde natural e sobrenatural explicam-se um pelo outro até dar a tudo um sentido plausível,
e se possível, tranquilizador. O pensamento mítico, como o denomina autores como Claude Lévi-Strauss e
Jean Pierre Vernant, é uma forma de compreender e explicar situações da realidade social e natural,
diferente das formas que conhecemos hoje. No mito, todas as perguntas dos homens são respondidas
através das explicações passadas de geração a geração. Os poetas, cuja existência talvez seja lendária, eram
escolhidos pelos deuses para essa missão e possuíam uma superioridade religiosa que os tornava
responsáveis pela transmissão dos valores dentro da cultura grega. É fundamental ressaltar que a função
primordial do mito não estava em trazer uma compreensão, uma explicação da realidade, mas sim em
acomodar e tranquilizar o homem em um mundo assustador. É nesse sentido que o discurso se estende por
todas as dependências da realidade vivida, e não apenas no campo do sagrado. O mito assim, surge como
verdade, mas não como verdade que se dá a partir de explicações racionais em que a coerência lógica é
garantida pelo rigor das argumentações e da exigência de provas. A verdade do mito é intuída, isto é,
percebido de maneira espontânea, sem exigência de comprovações.
Podemos afirmar que o pensamento filosófico, por sua vez, surge da insatisfação com o tipo de explicação
do real que encontramos no pensamento mítico. De fato, tal pensamento se caracteriza, até certo ponto, de
forma paradoxal, porque se pretende como explicação da realidade, mas recorre ao mistério e ao
sobrenatural, ou seja, exatamente àquilo que não se pode explicar. A justificativa dada pelo pensamento
mítico esbarra assim no inexplicável, na impossibilidade do conhecimento. É nesse sentido que a tentativa
dos primeiros filósofos da escola jônica estava em buscar uma explicação do mundo natural (a physis)
baseada essencialmente em causas naturais, o que consistirá no assim chamado naturalismo.
A chave da explicação do mundo de nossa experiência estaria então, para esses pensadores, no próprio
mundo e não fora dele. O mundo se abre, assim, ao conhecimento, à possibilidade total de explicação. No
entanto, a ruptura com o pensamento mítico não é radical, ou seja, o surgimento desse novo tipo de
explicação não significa o desaparecimento por completo do mito. Ele sobrevive, ainda que vá
progressivamente mudando de função, passando a ser parte da tradição cultural do povo grego. A mudança
do papel do mito grego corresponde a um longo período que se inicia na decadência da civilização micênica-
cretense, por volta do séc. XII a. C. Ao longo desse período há um aumento da participação política dos
cidadãos e uma progressiva secularização da sociedade.
Em termos práticos, podemos considerar que a principal contribuição dos primeiros pensadores ao
desenvolvimento do pensamento filosófico encontra-se em um conjunto de noções que tentam explicar a
realidade e que constituirão em grande parte alguns conceitos básicos das teorias sobre a natureza que se
desenvolverão a partir de então. Dentre tais conceitos, podemos considerar a physis, motivo pelo qual
Aristóteles chamará os Pré-Socráticos de physiólogos, ou seja, estudiosos da natureza. A investigação deles
se dá sobre o mundo natural em uma busca pela compreensão da realidade nela própria e não fora de sua
estrutura. Dentro do estudo do mundo natural há também um apelo à noção de causalidade, onde o
estabelecimento de um conexão causal entre fenômenos naturais constitui a forma básica da explicação
científica. É a existência desse nexo que torna a realidade inteligível e nos permite considerá-la como tal.
Além disso, por possuir um caráter regressivo, o nexo causal acaba por justificar a possibilidade de se buscar
uma causa sempre anterior, básica, até o infinito. Porém, surge a necessidade de se estabelecer uma causa
primeira, um primeiro princípio, ou conjunto de princípios que sirva de ponto de partida para todo o processo
racional. É aí que encontramos a noção de arché. Este representa o elemento primordial que serviria de
ponto de partida para todo o mundo natural. A noção de arché está exatamente na tentativa de apresentar
uma explicação da realidade em um sentido mais profundo, estabelecendo um princípio básico que permeia
toda realidade e que, de certa forma, a unifica. Tal princípio daria o caráter geral a esse tipo de explicação.
Outra noção desenvolvida pelos primeiros pensadores é a de cosmo. Afirma Stephen Bertman, que “na
língua grega, a palavra kósmos significa tanto ‘ordem’ como ‘beleza’. Beleza e ordem, então, eram
consideradas sinônimos: o que era belo tinha de ser ordenado e o que era ordenado precisava ser belo.”
Cosmo é assim, o mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com
certos princípios racionais. A cosmologia passa então a explica os processos e fenômenos naturais e serve
como teoria geral sobre a natureza e o funcionamento do universo.
Entretanto, antes de qualquer explicação faz-se necessário um discurso próprio, para isso os pensadores se
utilizam do logos. O termo logos, que significa discurso, difere de mythos, que significa narrativa de caráter
poético que recorre aos deuses e ao mistério na descrição do real. Logos, portanto, significa o discurso
racional, argumentativo, em que as explicações são justificadas logicamente e imbuídas de minúcias do
raciocínio diferentemente do que se via na narrativa mitologia. Ao mesmo tempo estavam sujeitas à crítica
e à discussão, já que o processo do conhecimento se dava longe das verdades intuídas e inquestionáveis.
Assim, as teorias aí formuladas não o eram de forma dogmática, mas passíveis de serem discutidas, de
suscitarem divergências e discordâncias. Como se trata de construções do pensamento e não de verdades
reveladas, estão sempre abertas à discussão, à reformulação e correções. Os processos dialógicos eram
frequentes, a análise e a reformulação de hipóteses, frequentes. Escolas filosóficas, como a escola jônica,
por exemplo, não eram embasadas em respostas definitivas dadas pelos mestres, mas um celeiro de debates
e novas hipóteses. Estas eram estimuladas com a única exigência de que as ideias divergentes pudessem ser
justificadas, explicadas e fundamentadas por seus autores, e que pudessem, também, ser submetidas à
crítica. Construía-se uma forma de pensar, que a partir da possibilidade da dúvida e da crítica, buscava
sempre o novo não a partir da disputa, mas do diálogo.

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