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FIB – FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU

CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

LEONARDO RIBEIRO TELES DE SOUZA

BASES FILOSÓFICAS DO PSICOLOGIA

FICHAMENTO TEXTUAL DA INTRODUÇÃO E UNIDADE 1 DO LIVRO “CONVITE


À FILOSOFIA”

BAURU – SÃO PAULO

2023
INTRODUÇÃO
As nossas crenças estão sendo constantemente formadas, testadas e
confirmadas ou reformuladas diante novas experiências. Acreditamos que é possível
compreender a realidade, assim, diferenciamos verdades e mentiras, o que é real ou
não. Acreditamos em conceitos como o tempo, o espaço, causa e consequência,
qualidades e quantidades, o certo e o errado, a moral e a ética, enfim, uma série de
outros conceitos que vemos como algo natural.
Porém, quando tomamos a ousada atitude de questionarmos tudo aquilo que
percebemos, inclusive nossa própria percepção e pensamento, estamos realizando
a atitude filosófica. O primeiro passo a ser tomado é a crítica negativa, ou seja, sair
do senso comum e negar os conceitos já estabelecidos, para então passarmos ao
passo da crítica positiva, o questionamento do que é, como é e por quê é
determinado conceito e, buscar esses esclarecimentos, a essência e origem de tudo.
Para formar o esclarecimento, a filosofia age de forma sistemática e lógica,
desde a concepção do questionamento até a formulação de uma possível resposta.
Ou seja, tanto as perguntas precisam ser bem-feitas quanto as respostas devem ser
coerentes, seguindo uma linha de pensamento estruturada.
Portanto, a filosofia pode ser entendida pela análise e reflexão crítica dos
conceitos e significados, do próprio saber e da ciência. Ela é útil por permitir as
pessoas a saírem do senso comum e de qualquer imposição normativa, em busca
de formar um significado próprio e coerente, não negando aquilo já existe, mas
entendendo o porquê e como existe.
CAPÍTULO 1: A ORIGEM DA FILOSOFIA
A filosofia surge na Grécia, podendo ser traduzido como “amizade, amor ou
respeito pelo saber”. Ela se mostra como um modo de pensar e se expressar do
povo grego, assim como outros povos também tinham suas culturas e saberes.
Porém, o que diferiu a filosofia grega dos demais conhecimentos da época foi a
forma de se pensar e explicar o mundo e a realidade. Entre os elementos criados
pelos gregos que muito influenciaram a Europa Ocidental, e consequentemente o
mundo inteiro, está a racionalidade do pensamento, a política, a ética, suas técnicas
e suas artes.
Além disso, quando falamos especificamente, sobre a influência da filosofia
grega nas demais sociedades, podemos citar a ideia de que a natureza opera
obedecendo a leis e princípios universais; essas leis podem ser compreendidas pelo
pensamento humano; os pensamentos também seguem uma lógica de
funcionamento, de forma que podemos diferenciar a situação de uma lei natural com
a de uma situação acidental ou induzida; que nossas decisões e aspirações vem da
formação de valores feitos por nós mesmos, entre outras ideias. De forma geral, a
filosofia surge da vontade daqueles insatisfeitos com as explicações míticas e
tradicionais. Queriam eles questionar e buscar respostas lógicas que permitisse a
discussão, o desenvolvimento e a transmissão dessas ideias a todos.
CAPÍTULO 2: O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
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Segundo historiadores, por volta do século VII e início do século VI antes de
Cristo, na região da cidade de Mileto, surge a filosofia e o primeiro filósofo, Tales de
Mileto. Este primeiro período é chamado de Cosmologia, época em que os filósofos
se concentravam na compreensão racional do mundo e da natureza, em contraparte
com as explicações vindas pelos mitos e crendices.
Atualmente, acredita-se que a filosofia surgiu a partir das percepções sobre as
contradições do mito. Enquanto o mito focava no passado, a filosofia, preocupou-se
em explicar o passado, o presente e o futuro. O mito narrava a origem através de
genealogias e rivalidades entre deuses, a filosofia explicou a produção das coisas
por elementos e causas naturais e impessoais. O mito, não se importava com
contradições, com o fabuloso e o incompreensível, visto que o narrador não era
questionado. A filosofia, ao contrário, exigiu que a explicação seja coerente, lógica e
racional e, o filósofo, não tem a autoridade em si, mas na explicação bem
embasada.
Já a influência de outros povos, principalmente os orientais como os egípcios,
caldeus e babilônicos, para o surgimento da filosofia, também tem sido discutida por
muito tempo. Para Platão e Aristóteles, a filosofia teria sim sido influenciada pelo
oriente, já que os gregos, um povo comerciante, absorveram conhecimentos de
diversas culturas durante suas viagens. Essa visão orientalista, inclusive, seria
defendida por pensadores judaicos e Padres da Igreja, durante o Império Romano,
para mostrar a semelhança dos ensinamentos de Cristo com a apreciada filosofia
grega. No entanto, muitas pessoas, principalmente durante o século XIX,
argumentaram a favor de um "milagre grego", defendendo que a filosofia surgiu
espontaneamente na Grécia sem influência de outras culturas. Durante o final do
século XIX e do século XX, diferentes estudiosos debateram ambas as posições até
chegarem a uma conclusão mista entre elas. Dessa forma, é compreensível as
influencias orientais na formação da filosofia, assim como, as mudanças que os
gregos fizeram nos elementos de outros povos para a construção de sua própria
cultura e sociedade.
Por fim, é importante falarmos sobre as condições que permitiram o surgimento
da filosofia, como as viagens marítimas, que ajudaram aos gregos a romper com os
mitos, a invenção do calendário, que auxiliou na percepção do tempo como algo
natural, a invenção da moeda e da escrita alfabética, que influenciou tanto o
comercio quanto a capacidade de abstração e comunicação, o surgimento da vida
urbana, que trouxe mudanças no poder social e cultura tradicional da vida rural,
assim como a formação dos comerciantes e, ainda mais importante, a invenção da
política, trazendo as ideias de leis para expressar a vontade do coletivo, a primeira
forma de cidade, a polis, os espaços públicos que facilitavam o diálogo e a
discussão e entre outros.
CAPÍTULO 3: OS PERIODOS DA FILOSOFIA GREGA
Os quatro grandes períodos da Filosofia grega são: o período pré-socrático ou
cosmológico, indo do século VII ao século V a.C. O período socrático ou
antropológico, indo do final do séc. V a todo séc. IV a.C. O período sistemático, indo

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do final do séc. IV ao final do séc. III a.C. E por fim, o período helenístico ou greco-
romano, indo do final do século III a.C. Até o século VI d.C.
Os principais filósofos pré-socráticos foram: os filósofos da Escola Jônica,
como Tales, Anaxímenes e Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso. Os filósofos
da Escola Itálica, como Pitágoras, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento. Os
filósofos da Escola Eleata, como Parmenidês e Zenão de Eléia. E os filósofos da
Escola da Pluralidade, como Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena,
Leucipo e Demócrito de Abdera.
As principais características da cosmologia são: A explicação racional e
sistemática da natureza e, consequentemente, do homem; A negação de que o
mundo tenha surgido do nada, por isso “nada vem do nada e nada volta ao nada”; O
“fundo eterno” onde tudo nasce e volta, é apenas visível aos pensamentos. Esse
fundo eterno chama-se physis (“fazer nascer”) e o elemento primordial da natureza,
arche; O physis dá origem a todos os seres, mas esses, não são imortais como ele;
Além da mortalidade, os seres são mutáveis, mudando de qualidade (por exemplo, o
saudável adoece e o contrário, etc), mudando de quantidade (por exemplo, um rio
aumenta na chuva, diminui na seca). A mudança se chama movimento, o
movimento constante do mundo se chama devir, o devir é a passagem contínua e
ordenada das coisas. Essa ordem é definida pelo princípio fundamental do mundo
(arche). Cada filósofo definiu um elemento que considerava principal, para Tales era
a água, para Anaximandro era o ilimitado indefinido, para Heráclito era o fogo e
outros tiveram outras definições.
Durante o período antropológico, Atenas tornou-se o centro político e cultural
da Grécia. Foi uma época de florescer para a democracia e de igualdade para os
cidadãos (não eram considerados cidadãos: mulheres, crianças, velhos, escravos e
estrangeiros). Assim, o ideal educativo se torna a formação do cidadão. Para
ministrar essa educação surgem os sofistas, como Protágoras de Abdera. Eles
afirmavam que os cosmologistas estavam errados e eram inúteis a vida da polis e,
ensinavam a oratória, a retorica, a arte da persuasão e da argumentação.
Indo contra os sofistas, Sócrates acreditava que estes faziam o erro e a mentira
valer tanto quanto a verdade. Para Sócrates, o homem deveria conhecer a si mesmo
antes de conhecer a natureza, dando início ao período antropológico. Ele
questionava as ideias e os valores dos gregos e buscava a essência desses
conceitos, algo atemporal, não se contentando com as opiniões, que eram instáveis
e mutáveis. Sua filosofia fazia todos refletirem sobre si mesmos, os outros e sobre a
polis, por isso, ele representou um perigo para os poderosos de Atenas e foi
condenado a suicidar-se com o veneno cicuta. Ele aceitou para não fugir de seus
ideais e da filosofia. Sócrates não deixou registros escritos, suas ideias foram
preservadas através dos escritos de seus discípulos, especialmente Platão. O
período socrático se caracterizou pela preocupação com questões humanas, como a
moral e a política, a reflexão e o autoconhecimento, a busca pela verdade através de
métodos, a valorização das virtudes do cidadão e a separação entre opinião e ideia
real, só alcançada pelo pensamento puro.

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Adiante, o período sistemático tem como principal filósofo, Aristóteles de
Estagira, discípulo de Platão. Aristóteles utilizou a filosofia para estudar todo o saber
produzido pelos gregos até então, considerando que a filosofia é uma forma de
conhecer todas as coisas. Cada campo do conhecimento é uma ciência (“episteme”)
com seu próprio objeto, procedimentos e formas de explicação. Ele firmou
necessário conhecer as leis gerais que governam o pensamento, ou seja, a lógica,
que Aristóteles viu como o instrumento do conhecimento em qualquer campo do
saber.
Aristóteles dividiu os campos do conhecimento filosófico em ciências
produtivas, práticas e teoréticas (ou contemplativas). A primeira, voltada para
práticas de produção, como a arquitetura, economia e medicina. A segunda, em que
as ações são em si o próprio fim, como a política e a ética. Já a terceira, estuda
pontos que independem do homem, como a natureza e o divino. As ciências
teoréticas ainda, são classificadas pelo grau de superioridade, assim: ciência das
coisas naturais submetidas à mudança ou ao devir (física, biologia e psicologia);
ciência das coisas naturais que não se submetem ao devir (matemática e a
astronomia); ciência da realidade pura (metafísica) e a ciência teórica das coisas
divinas (teologia). Esses campos de investigação foram reformulados no século XIX.
A partir da divisão aristotélica, os três campos de investigação filosófica são:
ontologia (estudo dos seres), conhecimento das ações humanas (ética, política,
valores morais) e conhecimento da capacidade humana de conhecer, a
epistemologia (leis gerais e específicas em cada ciência).
Por fim, o período Helenístico é o último da filosofia antiga. Sob o domínio do
Império Romano, a polis grega deixou de ser o centro do conhecimento. Esse
período é chamado de cosmopolita e os filósofos diziam que o mundo agora era sua
polis. Nesse ponto, a filosofia se preocupava com as questões éticas e das relações
entre o homem, a natureza e Deus. Disso, quatro sistemas influentes foram criados,
o epicurismo, o ceticismo, o estoicismo e o neoplatonismo, além do pensamento
cristão que começa a se formar. Por fim, dá para se dizer sobre a orientalização da
filosofia com aspectos místicos, religiosos e culturais, devido à influência romana no
oriente.
CAPÍTULO 4: PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA
A filosofia pode ser dividida em sete grandes períodos, são eles: a Filosofia
antiga, já mencionada anteriormente; a Filosofia patrística, que vai do séc. I e
termina no séc. VII; a Filosofia medieval, que vai do séc. VIII até o séc. XIV; a
Filosofia da Renascença, que vai do séc. XIV ao séc. XVI; a Filosofia moderna, que
vai do séc. XVII a meados do séc. XVIII; o Iluminismo, que vai de meados do séc.
XVIII ao começo do séc. XIX e a Filosofia contemporânea, que vai de meados do
séc. XIX e chega até os dias atuais.
A filosofia patrística foi um movimento intelectual cristão, tendo como objetivo
juntar o cristianismo com a filosofia dos gregos e romanos, afim de legitimar sua fé e
trazer novos adeptos. Assim, o desafio da filosofia patrística era a relação entre fé e
razão, havendo três pensamentos: aqueles que julgavam a fé superior à razão, os

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que subordinavam a razão à fé, e os que afirmavam que cada uma tinha seu campo
de atuação próprio e não se misturavam. Já a filosofia medieval, teve grande
influência da igreja romana e de filósofos como Platão e Aristóteles. Durante esse
período, surgiu a filosofia cristã, que buscava a prova racional da existência de Deus
e da alma humana imortal. Também foi marcada pela razão subordinada a fé e por
argumentos de autoridade (como a bíblia, Platão, Aristóteles e padres). Alguns dos
principais teólogos medievais foram São Tomás de Aquino, Santo Anselmo e
Avicena.
A filosofia da Renascença foi marcada pela redescoberta de obras clássicas,
especialmente de Platão e Aristóteles. Nesse período, surgiram três linhas de
pensamento: O neoplatonismo, que destacava a ideia de que a natureza era um
grande ser vivo e o homem fazia parte dessa natureza podendo agir sobre ela (mais
mística); os ideais republicanos dos filósofos florentinos, que desafiavam o poder
dos papas e dos imperadores, defendiam a república e a política; e, por fim, o ideal
do homem como criador de seu próprio destino, utilizando-se do conhecimento, das
técnicas e da política. Alguns dos principais nomes da filosofia renascentista são
Dante, Maquiavel, Campanella, Jean Bodin e Kepler. A filosofia moderna é
conhecida como o grande racionalismo clássico e foi marcada pela ideia de que a
razão humana era a base do conhecimento. A primeira fase foi marcada pela
reflexão sobre a capacidade do sujeito de conhecer as coisas. A segunda fase foi
marcada pela formulação de ideias racionais sobre as algo, como a natureza, a
política e a vida social. A terceira fase focou em conceitos matemático e físicos para
explicar as coisas e o homem poderia dominar tecnicamente a natureza e a
sociedade. Alguns dos principais pensadores foram Francis Bacon, Descartes,
Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Malebranche, Locke e Newton.
A corrente filosófica do Iluminismo acreditava no poder da razão e na
possibilidade de o homem conquistar a liberdade social e política através dela. Além
disso, o Iluminismo defendia que o ser humano poderia se libertar dos preconceitos,
alcançando a evolução e o progresso. Esse aperfeiçoamento se daria através do
progresso das civilizações, e o interesse pela evolução passou a ter um enfoque
biológico. Nesse período, surgiram duas linhas de pensamento econômico: os
fisiocratas, que defendiam a agricultura como fonte principal de riqueza, e os
mercantilistas, que acreditavam que o comércio era a principal fonte de riqueza.
Entre os principais pensadores do Iluminismo estão Hume, Voltaire, Rousseau e
Kant.
CAPÍTULO 5: ASPESCTOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
No começo da filosofia contemporânea, houve o otimismo com o progresso e
com o desenvolvimento científico, acreditando que o futuro seria ainda melhor. Isso
serviu inclusive para legitimar as ações colonialistas na Europa. No entanto, no
século XX, com os acontecimentos sociais que abalaram a humanidade, a filosofia
passou a desconfiar deste otimismo, surgindo novas concepções, como a Teoria
Crítica da escola de filosofia de Frankfurt, que divide a razão em: Razão
instrumental, que entende que as ciências e técnicas são usadas como meio de

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controle e, a Razão crítica, que afirma que o conhecimento científico deve ter como
finalidade a emancipação do ser humano.
No século XX, a filosofia afirmou a pluralidade cultural e questionou a ideia de
uma grande cultura nacional, bem como, a suposta ideia de que a filosofia
desapareceria com o avanço das ciências. Ao invés disso, a filosofia continuou o seu
papel de questionar a tudo, a ciência, a ideia de ápice da razão, com pensadores
como Marx e Freud, mostrando pontos como a inexistência da liberdade e o controle
da consciência. E, ainda, o existencialismo surgiu com a morte como um novo
sentido para a existência. Durante 25 séculos, vários campos do conhecimento
filosófico foram feitos, como a filosofia metafísica, lógica, epistemologia, política e
entre outras.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000. p. 05-67
(Introdução E Unidade 1) - PDF

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