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Estudos em Filosofia

Gabriele dos Santos Tomé, 306, 3° ano

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1. As análises abordadas abaixo foram feitas com base na interpretação subjetiva da
aluna, considerando, ainda, o embasamento bibliográfico.
2. Diante de tal relevância, selecionou-se o texto sobre o autor escolhido, com o intuito
de sintetizar dados sobre o assunto.

Atividade 1
A frase escolhida foi “A liberdade de consciência traz mais perigos do que a autoridade e o
despotismo”, de Michel Foucault.

Atividades 2 e 3
Parafraseando o estudo de Sampaio (2011), intitulado “A liberdade como condição das
relações de poder em Michel Foucault”, o referido filósofo discorre que:

Foucault torna complexa sua análise das relações de poder em seu livro “O Sujeito e o
Poder”. Para ele, a liberdade é vista como contexto essencial para a efetivação do poder. É
preciso que haja liberdade para que o poder seja exercido, e é ainda a base permanente do
poder. No entanto, a liberdade é também vista como aquilo que pode se antagonizar a um
exercício de poder que busca defini-la completamente. Se a liberdade fosse inteiramente
retirada do poder que se exerce sobre ela, ela desapareceria e seria substituída pela coerção
pura e simples da violência.
Então, podemos notar que a liberdade está em constante confronto com as dinâmicas
de poder. Como podemos identificá-la nesse contexto? O que torna a liberdade capaz de se
movimentar dentro das relações de poder? Como ela é capaz de desestabilizá-las, interrompê-
las e provocar mudanças?
No artigo publicado no jornal Le Monde em 1979, Foucault debate acerca do Irã e
declara que:

[...] todas as formas de liberdades, adquiridas ou reivindicadas, todos


os direitos que se fazem valer, mesmo a propósito das coisas
aparentemente menos importantes, têm sem dúvida um último
ponto de ancoragem mais sólido e mais próximo que os ‘direitos
naturais’. Se as sociedades se mantêm e vivem, ou seja, se os poderes
não são ‘absolutamente absolutos’, é que por trás de todos os
consentimentos e coerções, para além das ameaças, das violências e
das persuasões, há a possibilidade desse momento em que a vida não
mais se troca, em que os poderes não podem mais nada e em que,
diante os gibets e as metralhadoras, os homens se revoltam
(FOUCAUT, 1994, p. 791).

Foucault analisa a questão da liberdade de modo não uniforme e não possui uma
teoria específica sobre o assunto. No entanto, a temática é discutida em várias formas, como
entrevistas, artigos e textos sobre diferentes temas, como o cuidado de si, asilo político,
criminosos e indivíduos perigosos, o regimento do louco, liberdade de orientação sexual, e o
vínculo entre filosofia e poder. Em resumo, a análise sobre o assunto é ampla e abrange uma
variedade de tópicos.
Sempre houve muita controvérsia em torno da questão do “sujeito” no trabalho de
Foucault. Este autor rejeita a acepção de um sujeito universal que possui uma essência
atemporal e é vítima das relações de poder.
Em vez disso, ele expõe um indivíduo que se forma tanto por meio dos modos de
sujeição quanto mediante escolhas éticas e políticas, em um movimento de afirmação de suas
predileções, não apenas de defesa.
Foucault propõe um sujeito como uma força criadora totalmente histórica, afastando-
se de uma perspectiva natural do sujeito ou de uma consolidação do eu, e em vez disso,
rejeitando um sujeito soberano. Ele contrasta a legitimidade e o anseio à universalidade com
uma afirmação firme da historicidade: um sujeito incógnito e indefinido.
Neste percurso, Foucault determina um elo intrínseco entre ética e liberdade, onde “a
liberdade é o estado ontológico da ética. A ética é a expressão reflexiva da liberdade, ou
melhor, é a liberdade praticada de maneira reproduzida: a ética como a manifestação da
liberdade em ação.
Na antiguidade grecorromana, a atenção à própria pessoa era considerada a forma
pela qual a liberdade individual – ou a liberdade cívica, em certa medida – se manifestava
como uma ética. Entretanto, Foucault não está sugerindo um regresso aos gregos, como pode
parecer à primeira vista.
Nos tempos atuais, é comum escutar que o direito de alguém inicia onde termina o do
outro, e que a liberdade começa onde a política termina (dada a prevalência excessiva do
poder político em várias experiências). Nesse contexto, as palavras de Foucault se mostram
bastante encorajadoras para refletir sobre a eficácia da democracia.
O autor nos chama a refletir sobre um direito ilimitado, a viver em uma sociedade onde
o direito de um inicia quando o direito do outro também inivia ou é exercido: um direito que
constitui direitos compartilhados. Um direito que limita ao máximo o poder de dominar ou
comandar.
Essa proposta confronta diretamente a ideia de uma cultura que associa liberdade
política à segurança, como se o Estado fosse o guardião da liberdade, proporcionando as
circunstâncias para o seu crescimento, porém de forma secundária, uma vez que sua principal
preocupação seria a preservação da vida. Nesse sentido liberal, liberdade não é vista como
pleno exercício, mas sim como um limite.

Referência
SAMPAIO, Simone Sobral. A liberdade como condição das relações de poder em Michel
Foucault. R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 222-229, jul./dez. 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rk/a/zbXgsnThxTjjVQMdyDPq64q/?format=pdf&lang=pt. Acesso em:
14 nov. às 23h54.

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