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FILOSOFIA

Prof. Rafael Prata.


Módulo I (Março-Abril de 2019)

S ejam bem vindos ao módulo I do curso de Filosofia. Inicialmente, refletiremos


sobre as origens da Filosofia, apresentando os seus propósitos e as suas
principais problemáticas. Logo em seguida, trataremos de algumas de suas mais
importantes escolas filosóficas e o conjunto das ideias defendidas pelos proeminentes
filósofos.

(I) Introdução a Filosofia:


Os seres humanos sempre se sentiram impelidos a explicarem as origens das
coisas, dos fenômenos da natureza, e de tantas outras inquietações que naturalmente
emergiam nos redutos mais profundos de seus pensamentos. Em um primeiro momento,
foram às narrativas conhecidas como “Mitos” que continuaram preencheram este espaço
de questionamento-resposta na historia das civilizações da Antiguidade.
Oriunda da palavra grega Mythos, o Mito era considerado uma narrativa de
natureza sagrada que havia sido transmitida oralmente, em tempos imemoriais, pelos
próprios deuses aos seres humanos. Para além apenas das explicações em torno da
origem do mundo e de seus fenômenos, as narrativas mitológicas também ofereciam
uma gama de lições morais aos homens.
Contudo, a partir do século VII a.C, esse tipo de narrativa mitológica passa a não
mais atender por completo aos anseios dos homens da Antiguidade Clássica. Surge
então uma nova forma de pensamento e de explicação humana para a natureza do
mundo: a Filosofia.
Calcada na investigação através do uso da Razão, priorizando muito mais as
motivações de ordem racional do que aquelas de natureza sobrenatural, a Filosofia
acaba nascendo então na Grécia, por volta do século VI a.C., no seio das antigas polis
(cidades) gregas, tendo sido, supostamente, o seu grande “criador”, o pensador Tales de
Mileto (624 a.C – 558 a.C)
Por conseguinte, a palavra Filosofia tem sua origem, portanto, no termo de
origem grega: Philosophia.

1
Philia (amor)
+
Sophia (sabedoria)

A Filosofia surge então como um campo do conhecimento humano destinado a


cultuar o “amor à sabedoria” através do uso constante da razão. Para fins didáticos, o
pensamento filosófico costuma ser dividido em quatro períodos:
a) Filosofia Antiga (VI a.C – VI d.C): composta pela escola pré-socrática (de Tales de
Mileto a Empédocles), pelos filósofos chamados “clássicos” (Sócrates, Platão e os
Sofistas), pelo período sistematizador representado por Aristóteles e, por fim, pelos
helênicos (epicuristas, estoicas, céticas, cínicas).
b) Filosofia Cristã (I d.C – XIV d.C): composta pela Patrística (que abrange desde os
primeiros pensamentos cristãos até o pensamento de Agostinho de Hipona) e a
Escolástica (cujo principal representante foi Tomás de Aquino).
c) Filosofia Moderna (XIV d.C – XIX d.C): iniciada pelos filósofos do Renascimento
como René Descartes e consolidada pelos pensadores do Iluminismo, como Immanuel
Kant.
d) Filosofia Contemporânea (a partir do séc. XIX d.C até os nossos dias):
caracterizada pelas reflexões filosóficas de pensadores como Karl Marx, Friedrich
Nietzsche, dentre outros.

QUESTIONÁRIO
1. (UEG-2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz
afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e
de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático.
Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano
começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades,

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questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se
afirmar que a filosofia:

a) É algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos
sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças
e opiniões.
b) Existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica
para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é
também filosófica e exige o trabalho da razão.
c) Inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos
são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como
cidadão.
d) Surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que
validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da
verdade revelada pela codificação mítica.

2. (UFU-2013) A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. VI a.C.


está substancialmente ancorada num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] não
é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso
quer dizer uma atividade regrada a partir de um comportamento epistêmico de tipo
próprio: empírico e racional”.
SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-socráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32.

Sobre a passagem da atividade mítica para a filosófica, na Grécia, assinale a alternativa


correta.

a) A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo,


próprio de sociedades selvagens.
b) A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base de sua especulação teórica e
adotando sua metodologia.
c) A narrativa mítico-religiosa representa um meio de difusão e manutenção de um saber
prático fundamental para a vida cotidiana.
d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade
filosófica elaborada, critica e radical, baseada no Logos.

3. (UPE-2013) Sobre o conhecimento filosófico, atente ao texto que se segue:


“O conhecimento filosófico é, diversamente do conhecimento científico, um
conhecimento crítico, no sentido de que põe sempre em problema o conhecimento
obtido pelos processos da Ciência.”
MARTINS, José Salgado. Preparação à Filosofia, 1969, p.9.
Tomando como base o conhecimento filosófico, coloque V nas afirmativas verdadeiras
e F nas falsas.

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( ) A filosofia é um tipo de saber, que não diz tudo o que sabe e uma norma que não
enuncia tudo aquilo que postula. O saber filosófico, portanto, é profundo, mesmo
quando parece mais claro e transparente.
( ) A filosofia deve ser estudada e ensinada com base nos problemas que suscita e não
apenas em virtude das respostas que proporciona a esses mesmos problemas.
( ) A filosofia se faz presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos do
conhecimento e da ação, por isso mesmo distinta da ciência pelo modo de abordagem
do seu objeto que, no caso desta, é particular e, no caso da filosofia, é universal.
( ) O percurso da filosofia é caracterizado pela exigência de clareza e de livre crítica.
( ) O conhecimento filosófico apresenta-se como a ciência dos fundamentos. Sua
dimensão de profundidade e radicalidade o distingue do conhecimento científico.

4. (UEL-2003) Ainda sobre o mesmo tema, é correto afirmar que a filosofia:


a) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em
oposição aos mitos gregos.
b) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses
lógico-argumentativas.
c) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de
alguma força divina.
d) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia
cultural dos gregos.
e) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da
tradição.

5. (UEL-2004) “Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos
primeiros filósofos é fundamental perceber a guinada de atitude que representam. A
proliferação de óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da tradição
ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as propriedades
que definem a filosoficidade” (OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Présocráticos: a
invenção da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24).
Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido
promovida pelos primeiros filósofos.
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos
naturais.
b) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser modificadas ou
reformuladas.
c) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse substituir a verdade
imposta pela religião.
d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o
conhecimento. e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de
óticas” conflitantes entre si.

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6. (INSAF - 2005) Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu
as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência,
ética, política, técnica, arte (Marilena Chauí, Convite à Filosofia). Com base nessa
afirmação, podemos afirmar, exceto:
a) Através dos mitos, os gregos antigos procuravam explicar a origem do mundo e dos
fenômenos naturais. Aos poucos, estas explicações foram sendo substituídas por
categorias lógicas e racionais.
b) Os primeiros filósofos gregos procuravam respostas para as questões sobre a origem
ou o fundamento do mundo. Estes fazem parte da primeira fase da filosofia grega,
conhecida como pré-socrática ou cosmológica.
c) No final do século V a.C. teve início a segunda fase da filosofia grega, conhecida
como socrática ou antropológica. Nesse período, os filósofos passaram a se preocupar
também com os problemas relacionados ao indivíduo e à organização da humanidade.
d) Sócrates foi um dos filósofos mais procurados na Grécia Antiga, por ajudar as
pessoas a resolverem seus problemas, levando-as a encontrarem suas próprias respostas.
Por incentivar o raciocínio, foi perseguido pelas autoridades atenienses, julgado e
condenado à morte.
e) A filosofia grega tem em Heráclito de Éfeso o principal representante do que se
configurou chamar de período sistemático, situado no século IV a.C.

(II) Os Sofistas:
Na Grécia Antiga, um seleto grupo de indivíduos, reconhecidos por suas
capacidades de oratória e de discurso, atuava como profissionais do ensino, cobrando
altas quantias financeiras pelos serviços prestados aos jovens de elite que nutriam o
interesse em penetrarem na carreira política. Tratavam-se dos chamados Sofistas.
Há de se mencionar que tudo o que sabemos destes mestres da retorica e do
convencimento foram legados não por seus escritos, mas, sobretudo pelo que outros
filósofos escreveram sobre aqueles. Especialmente, as considerações negativas
efetuadas por Platão e Aristóteles. Para Aristóteles, por exemplo, a Escola Sofista se
caracterizava por apresentar uma “sabedoria aparente, mas não real”.
Estes Sofistas eram, assim, acidamente criticados por serem tidos como
indivíduos que mais ensinavam aos seus jovens alunos a complexa arte da persuasão
do que necessariamente os fundamentos filosóficos que os levariam a busca pela
verdade.
A Escola Sofista se caracterizava pela defesa do Relativismo e do
Convencionalismo como atributos inerentes ao discurso da Retorica:
- Relativismo: Perspectiva que sustenta que várias perspectivas a cerca da verdade são
relativas à sua época e local de produção.
- Convencionalismo: Perspectiva que defende a ideia de que os valores, os costumes e a
verdade são frutos de um acordo coletivo.

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Entre os sofistas mais famosos, se destacaram Protagóras de Abdera (481 a.C –
420 a.C) e Górgias de Leontinos (483 a.C – 376 a.C).
Certamente foram os escritos de Platão que tornaram o sofista Protágoras de
Abdera o mais aclamado de sua época. Apesar de não concordam com os métodos de
Protágoras, Platão fez questão de destacar um célebre pensamento do sofista: “O
homem é a medida de todas as coisas, das que são que elas são, das que não são que
elas não são”. Esta máxima quer indicar que, se uma pessoa acredita que algo é
verdade, tal coisa será verdade para ela. Logo, a verdade será sempre subjetiva e
relativa, não objetiva e absoluta.
Quanto ao pensamento de Górgias de Leontinos, se tornou celebre pelo seu
“Tratado do Não Ser” e “Elogio de Helena”. Segundo este sofista, “A persuasão aliada
às palavras modela a mente dos homens como quiser”.

QUESTIONÁRIO
1. (UNIMONTES – 2010) “Via de regra, os sofistas eram homens que tinham feito
longas viagens e, por isso mesmo, tinham conhecido diferentes sistemas de governo.
Usos, costumes e leis das cidades-estados podiam variar enormemente. Sob esse pano
de fundo, os sofistas iniciaram em Atenas uma discussão sobre o que seria natural e o
que seria criado pela sociedade.” (GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995).
Sobre os Sofistas, é incorreto afirmar:
a) Eles tiveram papel fundamental nas transformações culturais de Atenas.
b) Eles se dedicaram a questão do homem e de seu lugar na sociedade.
c) Eles eram mercenários e só visavam o lucro na arte de ensinar.
d) Eles foram os primeiros a compreender que o “homem é a medida de todas as
coisas”.

2. (UNICENTRO – 2011) Segundo os Sofistas, a persuasão:


a) É um instrumento por excelência do cidadão na sociedade democrática.
b) Tem por efeito apresentar a verdade, em si, ao seu interlocutor.
c) Deve servir para capacitar o estilo da escritura.
d) É uma prática que corrompe o exercício da cidadania.
e) Ensina a mentir de uma forma convincente.

3. (UNICENTRO – 2013) Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as


corretas.
I. Assim como os sofistas, Sócrates dizia que a verdade existe e podemos conhecê-la.
Eis porque suas preleções eram aulas onde essa verdade era ensinada. Tais preleções
eram solilóquios, isto é, apenas Sócrates falava enquanto os outros o escutavam.

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II. Tanto para Sócrates quanto para os sofistas, o conhecimento não é um estado (o
estado da sabedoria), mas um processo, uma busca, uma procura da verdade. Isso não
significa que a verdade não exista, e sim que deve ser procurada e que sempre será
maior do que nós.

III. Como os sofistas, Sócrates se interessa pela virtude. Todavia, os sofistas, mantendo-
se no plano dos costumes estabelecidos, falavam da virtude no plural, isto é, falavam de
virtudes (coragem, temperança, amizade, justiça, piedade, prudência), mas Sócrates fala
no singular: a virtude.

IV. Diferentemente dos sofistas, Sócrates mantém a separação entre aparência e


realidade, entre percepção sensorial e pensamento. Por isso, sua busca visa alcançar
algo muito preciso: passar da multiplicidade das aparências opostas, da multiplicidade
das percepções divergentes, à unidade da ideia (que é a definição universal e necessária
da coisa procurada).

a) Apenas I e III.
b) Apenas II e III.
c) Apenas IV.
d) Apenas III e V.
e) Apenas II, III e IV.

4. (UEG - 2011) No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. Nesse
mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez
mais a atenção. Outro aspecto importante da civilização grega da época eram os
discursos proferidos na ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses
pronunciamentos deveriam conter argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns
cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso favoreceu o
surgimento de um grupo de filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos
vinham de diferentes cidades e ensinavam sua arte em troca de pagamento. Eles foram
duramente criticados por Sócrates e são conhecidos como
a) maniqueístas.
b) hedonistas.
c) epicuristas.
d) sofistas.

(III) O Pensamento de Sócrates (470-399 a.C):


Diferentemente dos grandes filósofos que lhe seguiram, Sócrates não chegara a
fundar uma escola ou a escrever em obras o conjunto de seus pensamentos. Tratava-se
de um filósofo itinerante que ensinava em locais públicos. Seus pensamentos chegaram
aos nossos dias, através dos escritos de seus seguidores, sobretudo, Platão que acabou
nos transmitindo os ensinamentos de seu mestre.

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Em suas reflexões, Sócrates refletira acerca de inúmeras problemáticas relativas
à natureza humana, dentre as quais:
- O Autoconhecimento Humano:
“Conhece-te a Ti mesmo”. Este grande aforismo inscrito na entrada do Templo de
Delfos serviria como o eterno guia de Sócrates na construção de seu pensamento
filosófico. Tratava-se do chamado “cuidado de si”. Para Sócrates, a filosofia deveria
atuar sempre como um mecanismo de incessante exame de si e dos outros, alçando o
Homem e os seus problemas ao centro de seu pensamento.
- A Essência do Homem:
A essência humana é formada por corpo e alma, sendo que o homem se apresenta como
a sua própria alma, e esta alma seria então a razão. Por conseguinte, a alma do homem
será sempre a sua consciência, conferindo-lhe então a sua personalidade e a sua moral.
Portanto, a filosofia agiria ao orientar os homens a cuidarem mais de si, da sua alma, do
que necessariamente dos seus corpos.
- A Virtude:
Os homens deveriam concentrar os seus esforços para ampliarem as suas virtudes em
proveito da comunidade, da polis. O mecanismo para esta ampliação seria justamente o
constante desenvolvimento e aperfeiçoamento da razão e do conhecimento, em
detrimento de uma vida voltada aos ganhos materiais, posto que estes desviariam os
homens do caminho puro das virtudes.
- A Maiêutica:
Tratava-se de um método dialógico e dialético sustentado por Sócrates a fim de fazer
com que seus interlocutores percebessem as suas inconsistências e, por conseguinte, se
autocorrigisse. Esta prática deveria ser feita de maneira organizada e que direcionasse
ao autoconhecimento. Tal mecanismo buscava “parir”, “dar a luz” nos homens o
conhecimento verdadeiro, originário da compreensão das próprias contradições, erros.
- O Pensamento Político:
Contrário à democracia ateniense, o filosofo grego defendia a instauração de uma
Republica governada por filósofos, pois, estes seriam os únicos a possuírem a
capacidade de entenderem profundamente os mais diversos e complexos assuntos
governamentais.
- O Pensamento Religioso:
Acreditava em uma divindade em particular, Daímon, uma voz divina interior que lhe
indicava não como pensar e agir, mas, sobretudo para convencê-lo a não realizar
determinadas questões.

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QUESTIONÁRIO
1. (UNCISAL – 2011) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar
os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado
assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada,
levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates
acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer
às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando essas
informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi
transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia:

a) Transmitia conhecimentos de natureza cientifica.


b) baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
c) Transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população
ateniense.
d) Ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo
Platão.
e) Procurava transmitir as pessoas conhecimentos de natureza mitológica.

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2. (ENEM – 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de
Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção
uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que
encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam
essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E, sobretudo a esses
jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.
BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na:

a) Contemplação da Tradição Mítica.


b) Sustentação do método dialético.
c) Relativização do Saber Verdadeiro.
d) Valorização da argumentação retórica.
e) Investigação dos Fundamentos da Natureza.

3. (IFRS – 2010) Sócrates inaugura o período clássico da filosofia grega, também


chamado de período antropológico. O problema do conhecimento passou a ser uma
problemática central na filosofia socrática, pois "a briga" de Sócrates com os sofistas
tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade.
Nesse contexto, Sócrates inaugura seu método que se fundamenta em dois princípios
básicos:

a) A indução e dedução das verdades lógicas;


b) A doxa e o lógos convergindo para o conceito racional.
c) A ironia e a Maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do
autoconhecimento (conhecer-te a ti mesmo).
d) O diálogo e a dúvida dialética.
e) A amizade e a justiça social.

4. (IFRS – 2010) Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins na obra
"Filosofando: introdução à Filosofia" desenvolvem um paralelo entre Sócrates e a
própria filosofia, de onde advém as seguintes conclusões possíveis, exceto:

A) A filosofia de Sócrates não ocorre em um "gabinete" e sim na praça pública, de onde


se pode deduzir que a vocação da filosofia é política, pois pública.
B) Sócrates é "subversivo" porque "desnorteia", perturba a "ordem" do conhecer e do
fazer e, portanto, deve morrer. A filosofia pode ser assim "morta" quando tornada
discurso do poder.
C) Sócrates guia-se pelo princípio de que nada sabe e, desta perplexidade primeira,
inicia a interrogação e o questionamento do que é familiar retirando o caráter dogmático
que destrói a filosofia.
D) Sócrates desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um "farol" que
ilumina; o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela

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busca criativa das soluções em que a filosofia apresenta-se como atitude diante de
situações plurais.
E) O conhecimento de Sócrates não é livresco, mas sim vivo e em processo de se fazer;
o conteúdo é a experiência cotidiana. À filosofia cabe o papel dogmático.

(IV) O Pensamento de Platão (437 a.C. – 347


a.C):
Platão foi o mais aclamado discípulo de Sócrates, a quem havia considerado
como o “mais sábio e o mais justo dos homens”. Muito importante para a história da
filosofia, Platão foi responsável por termos acesso ao pensamento de diversos filósofos
da Grécia antiga, como Sócrates, Heráclito, Parmênides e Pitágoras.
Durante os seus anos iniciais de reflexão, Platão alçou o seu mestre Sócrates ao
papel de protagonista de seus pensamentos ao desenvolver as suas teorias principais:
a) A Teoria das Ideias ou Formas: defende a tese da existência de dois mundos
distintos, o sensível e o inteligível.
O mundo sensível se caracterizaria por trazer aos indivíduos um conhecimento
aproximado ou imperfeito dos fenômenos, pois, estas reflexões decorreriam
precisamente dos sentidos humanos. Trata-se então do Mundo Material que tocamos
constantemente. Quanto ao mundo inteligível, este se caracterizaria por ser o reduto do
plano das ideias, as quais são sempre perfeitas, imateriais, eternas, imutáveis,
imóveis, invisíveis aos sentidos e perceptíveis somente pela inteligência, pela razão.

Para sustentar com mais eficácia a sua Teoria das Idéias, Platão constrói em sua obra A
República o chamado Mito da Caverna. Nesta metáfora, Platão descreve uma caverna
onde uma gama de homens acorrentados desde a infância, de tal forma que não podem
se voltar para a entrada e apenas enxergam uma parede ao fundo. Ali são projetadas
sombras das coisas que se passam às suas costas, onde há uma fogueira. Platão afirma

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que se um dos homens conseguisse se libertar e contemplar a luz do dia, os verdadeiros
objetos, ao voltar à caverna e contar as descobertas aos companheiros seria dado como
louco. No mito podemos associar os homens presos à população e o homem liberto a
um filósofo. Os homens presos conhecem apenas o mundo sensível, já o liberto
conheceu a verdadeira essência das coisas, conheceu o mundo inteligível.
Conforme Platão, as Ideias contidas neste mundo inteligível seriam formadas por duas
propriedades básicas:
- A espiritualidade: que são de ordem inteligível, portanto, invisíveis aos olhos
humanos e apreendidas pela inteligência, razão.
- A realidade: as Ideias não são conceitos abstratos do espírito, nem pensamentos do
Espírito divino, mas são realidades subsistentes e individuais, sendo objeto da
contemplação científica e fonte das realidades da terra.
Da realidade, derivam-se duas propriedades:
- A imutabilidade: que exclui toda a mudança, pois são eternas;
- A pureza: pois realiza a essência plenamente e sem mistura, e cada uma na sua ordem
é perfeita.
Para Platão, o conhecimento deste mundo das Ideias acontece sempre por meio da
Dialética, posto que esta guiaria o espirito através dos degraus sucessivos do mundo
inteligível.

b) A Teoria da Linha Dividida: defende uma hierarquia entre as diferentes formas de


conhecimento.

c) A Teoria da Reminiscência da Alma: sustenta a educação como um processo de


relembramento, posto que enquanto almas havíamos contemplado todas as ideias
existentes, mas que foram esquecidas no ato da encarnação. No decorrer de nossas
existências, apenas lembramo-nos das coisas que antes sabíamos. O que os homens se
acostumaram a chamar de aprender, na verdade seria apenas o ato de lembrar.

d) A Teoria da Tripartição da Alma: nesta teoria, Platão divide a alma em três partes.
O lado racional está localizado na cabeça, seu objetivo é controlar os dois outros lados,
posto que com este adquirimos a sabedoria e a prudência. O lado irascível está
localizado no coração, seu objetivo é fazer prevalecer os sentimentos e a impetuosidade,
com ele adquirimos a coragem. Por último, temos o lado concupiscente que está
localizado no baixo-ventre, seu objetivo é satisfazer os desejos e apetites sexuais, com
ele adquirimos a moderação ou a temperança. No Mito do Cocheiro, no diálogo
“Fedro”, Platão compara a alma a uma carruagem puxada por dois cavalos, um branco
(irascível) e um negro (concupiscível). O corpo humano é a carruagem, e o cocheiro
(Razão) conduz através das rédeas (pensamentos) os cavalos (sentimentos). Cabe ao
homem através de seus pensamentos saber conduzir seus sentimentos, pois somente
assim ele poderá se guiar no caminho do bem e da verdade.
e) A Teoria da Existência de Deus:

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- Prova baseada na existência do mundo: Deus é o Demiurgo. Platão reconheceu que
para uma obra ter origem, é necessário que haja um artífice, e expõe o seu Demiurgo em
linguagem mítica. Ele, depois de ter contemplado o mundo Ideal, decidiu fazer o
universo à sua imagem.
- Prova baseada no movimento: Deus é a alma real. Platão verifica que o mundo está
sujeito a um movimento ordenado, como o movimento circular das esferas celestes, que
é pela sua estabilidade, a própria imagem da inteligência. Para que exista o movimento,
é necessário um motor. Platão sugere dois motores: um corpóreo e a alma. O corpo é
inerte e é sempre movido por outro antes de se mover, e a alma é o motor que tem em si
o princípio de seu movimento, e pode comunicá-lo sem receber antes.

QUESTIONARIO
1. (ENEM – 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o
objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso
estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a
Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o
fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da


Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?
A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.

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B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
2. (ENEM-2014) No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o
alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o
homem descobre a:

a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.


b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

3. (UEPA – 2015) Leia o texto para responder à questão.


Platão:

“A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de


seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios;
confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor
rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo
opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem
o seu caráter insuficiente’.
(Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997,
p. 17).

Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:

a) Oligarquia
b) República

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c) Democracia
d) Monarquia
e) Plutocracia

4. (ENEM – 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o
objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso
estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente,
a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012
(adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da


Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.


b) Privilegiando os sentidos e subordinando os conhecimentos a eles.
c) Atendo-se a posição de Parmênides de que a razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior a razão.

5. (UNCISAL – 2011) Um dos textos mais consagrados da história da filosofia é a


alegoria da caverna, escrito por Platão. Sobre esse texto, pode-se afirmar que:
a) se trata de uma obra religiosa que narra o encontro do filósofo com Deus.
b) se trata de um texto que apresenta dimensões pedagógicas, filosóficas e políticas.
c) seu percurso narra o aprisionamento do filósofo, que perde a liberdade de que
desfrutava e passa a viver solitário em uma caverna.
d) o texto exalta a importância dos sofistas para o pensamento filosófico.
e) o texto pressupõe a identificação do conhecimento filosófico com o senso comum.

6. (ENEM – 2016) Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No


entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária.
Depois decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é
como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta
forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua
metade tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro,
desejando formar um único ser. (PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural,
1987).

No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o:


a) bem supremo como fim do mundo.
b) prazer perene como fundamento da felicidade.

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c) ideal inteligível como transcendência desejada.
d) amor como falta constituinte do ser humano.
e) autoconhecimento como caminho da verdade.

(V) O Pensamento de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C):


Discípulo e amigo de Platão, Aristóteles se tornaria um dos mais proeminentes
filósofos da Antiguidade, tendo sido, inclusive, um dos educadores de Alexandre
Magno, o Rei da Macedônia. Em toda a sua contribuição filosófica, Aristóteles procurou
discutir especialmente acerca de duas grandes questões humanas: a Ética e a Política.
Para este filosofo grego, a base da Ética se encontraria na eterna busca pela
delimitação do Bem e dos significados produzidos para o Homem. Conhecendo o
“Bem”, os indivíduos poderiam encontrar assim a tão almejada felicidade que não seria
“algo passageiro”, mas sim, sempre perpetuo.
Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles sustenta então a existência de dois
princípios básicos:

1) Todas as coisas tendem ao bem, o que significa que o bem é a finalidade de todas as
coisas.
2) chega-se ao bem por dois caminhos: pelas atividades práticas, isto é, aquelas que
contêm seus próprios fins (ética e política); pelas atividades produtivas (artes ou
técnicas).

Estas questões o levam a considerar que a natureza do Bem levaria cada indivíduo a
viver em felicidade com os demais. Por consequência, esta ética calcada na reprodução
do Bem Comum, prepararia então o terreno específico da Política. Posto que a Política
seria justamente o campo onde, coletivamente, se construiria o Bem de todos os
Homens.
Este bem comum a ser criado para todos os homens seria então a Felicidade. Porém,
não um sentimento rápido, passageiro, mas algo perpetuo, fixo. Como atingi-la? Através
do uso da Razão!
Platão enumera assim uma gama de Virtudes que deveriam ser amplificadas e
procuradas através do uso da Razão para que os homens atingissem esse nível de
excelência na Felicidade por meio da Política. Caberia aos homens se distanciarem de
suas paixões mais intimas, pois estas seriam contrárias às virtudes. Alguém sob o
domínio da paixão pode inclinar-se ao vício, que é o excesso ou a falta da paixão. A
virtude é encontrar, pelo uso da razão, o meio-termo entre esses extremos, que
Aristóteles chamou de justo meio.
Alguém plenamente dominado pelo prazer (que para Aristóteles é uma paixão). Esse
alguém pode ser libertino (um dos extremos do prazer em excesso) ou insensível (o
extremo oposto: falta de prazer), O justo meio, aqui, é a temperança, à qual se chega
pelo uso da razão.

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A virtude, assim, está ligada à razão. E, como todo homem é dotado de razão, pode
alcançar a virtude. Basta identificar a paixão que o domina, reconhecer seus extremos e
procurar, racionalmente, seu justo meio.
Por conseguinte, para Aristóteles, certamente a maior e a mais importantes de todas as
virtudes seria a Justiça. Sua força sobre as demais consiste em sua perfeição, porque
quem é justo projeta-se mais para o outro do que para si mesmo. Em outras palavras,
tudo que protege o conjunto dos indivíduos (a sociedade) é mais importante do que
aquilo que protege somente um dos membros dessa sociedade, Por isso, dos males, a
injustiça é o maior, pois destrói o tecido social e político.
Por conta de todas estas questões envolvendo a Ética e as Virtudes, Aristóteles passou
então a discutir com mais profundidade a Política. Para este, cada um dos regimes
políticos - monarquia, aristocracia ou república – poderia potencialmente degenerar: a
monarquia, em tirania; a aristocracia, em oligarquia; a democracia, em anarquia.
O melhor dos regimes possíveis resultaria na combinação entre o que há de melhor em
cada um deles. O melhor da república é a liberdade e a igualdade; da monarquia, a
capacidade de criar riquezas; e da aristocracia, sua excelência, capacidade e qualidades
intelectuais,
Entretanto, Aristóteles também procurou discutir outras questões filosóficas, como as
bases da Metafísica em sua Teoria das Causas. Ao investigar o “ser enquanto ser”,
Aristóteles procurou compreender que tornava as coisas o que elas são. Nesse sentido,
as características das coisas apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem
ou determinam o que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas
existirem, aquilo que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Com este propósito, Aristóteles compôs a sua Teoria das Causas, a qual apresenta os
seguintes princípios básicos:

Causa material: de que a coisa é feita?


No exemplo da casa, de tijolos.

Causa eficiente: o que fez a coisa?


A construção.

Causa formal: o que lhe dá a forma?


A própria casa.

Causa final: o que lhe deu a forma?


A intenção do construtor.

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QUESTIONÁRIO
1. (ENEM – 2009) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e
naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida
de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e
incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os
aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades
morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana
na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a


cidadania:
a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os
políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos
cidadãos tem de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de
uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos
deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que
tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

2. (ENEM – 2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível


coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde;
porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais
excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010.

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Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a
identifica como:
A) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
B) plenitude espiritual e ascese pessoal.
C) finalidade das ações e condutas humanas.
D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
E) expressão do sucesso individual e reconhecimento público

3. (UNB – 2013) “O que é a justiça e a quem ela se aplica? Ela deve ser igual para
pessoas iguais, mas ainda resta uma dúvida: igual em quê, e desigual em quê? Eis
uma dificuldade que requer o auxílio da filosofia política. Alguém talvez possa
dizer que as funções mais importantes da cidade deveriam ser distribuídas
desigualmente, segundo a superioridade dos indicados em cada qualidade, mesmo
que não houvesse quaisquer outras diferenças entre os pretendentes, mas todos
fossem aparentemente idênticos, pois homens diferentes têm direitos e méritos
diferentes”.
No que concerne a conceitos mencionados no texto, assinale a opção correta:

a) Segundo o conceito aristotélico de justiça, devem ser adotados critérios iguais em


situações diferentes.
b) O conceito aristotélico de igualdade implica a consideração de condições desiguais
para o reconhecimento da alteridade como igual.
c) Justiça e Igualdade são conceitos relacionados às condições de vida em sociedade, as
interações sociais e à disputa nas assembleias da Ágora.
d) Justiça e Igualdade são conceitos fundamentais do medievalismo estoico.

4. (UEAP – 2013) Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, "felicidade [...] é uma


atividade virtuosa da alma, de certa espécie".

Com base nesta afirmação, assinale a alternativa que não corresponde a definição
aristotélica de Felicidade:

a) Felicidade só é possível mediante uma capacidade racional, própria do homem.


b) Ter Felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos que
agem retamente.
c) Felicidade é uma ilusão que o homem criou para si mesmo.
d) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não
podem participar de tal atividade,
e) A finalidade das ações humanas, o bem maior do homem, é a felicidade.

5. (IFRS – 2010) A filosofia de Aristóteles caracterizava-se pela aliança de dois


métodos: a capacidade de síntese e de organização de ideias, que se completava com a

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análise rigorosa e a definição de terminologia. Pela sua originalidade e relevância
Aristóteles foi um dos grandes mestres da Filosofia, pelo que se pode dizer:
a) Na Idade Média o aristotelismo foi uma das principais fontes de inspiração e
orientação da Escolástica, particularmente de Tomás de Aquino.
b) O pensamento de seu mestre Platão foi esquecido pela posteridade, pois foi
totalmente absorvido nas doutrinas aristotélicas.
c) O aristotelismo, em seu conjunto, foi à filosofia dominante em todo o Ocidente até
Kant.
d) Apenas a Lógica de Aristóteles perdurou até hoje, sendo seus outros escritos perdidos
ou esquecidos.
e) Embora influente durante séculos Aristóteles não é mais estudado e sua obra é apenas
um nome e um capítulo das Histórias da Filosofia.

6. (IFRS – 2010) Em sua constatação de que "o homem é um animal político",


Aristóteles cria paralelos para que possa ser melhor compreendido. Sobre tais analogias,
observe com atenção as afirmações abaixo e, logo após, marque a alternativa que
aprecia corretamente as ideias do referido filósofo.

I. "aquele que é naturalmente um marginal ama a guerra e pode ser comparado a uma
peça fora do jogo"
II. "o homem é o único entre os animais a ter linguagem"
III. "trata-se de uma característica do homem ser ele o único que tem o senso do bom e
do mau, do justo e do injusto, bem como de outras noções deste tipo".
A) somente I e II estão corretas;
B) somente I, II e III estão corretas;
C) I e III estão incorretas.
D) II e III estão incorretas;
E) I, II e III estão incorretas;

(VI) O Pensamento de Confúcio (551-479 d.C).


Nascido na pequena cidade de Tsou, na China, Confúcio se apresenta como o
principal filosofo da Antiguidade Oriental. Suas reflexões giravam em torno das
relações humanas, apresentando uma série de preceitos destinados a ordenarem a
moralidade pessoal e governamental. Entretanto, Confúcio não deixou nenhuma obra
escrita. Seus pensamentos chegaram aos nossos dias por conta de seus discípulos que
deram continuidade ao seu legado.
Este filósofo chinês não acreditava na definição de um papel social, e sim que
cada pessoa deveria cumprir seus deveres de forma correta, sob qualquer circunstância.
Esses pensamentos posicionaram os pensamentos do filósofo em um patamar
extremamente humanista, mas também realista. Sua principal característica era o

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caráter irrefutável e um comportamento exemplar, valorizando sua doutrina através dos
seus atos.
Todos estes preceitos acabaram dando corpo ao chamado Confucionismo. Nas
bases deste pensamento, se encontrava a ideia de que se deveria buscar a essência do
Tao, o equilíbrio entre a vida e os preceitos celestes. Para atingir o “caminho
superior”, os seres humanos precisam conviver em harmonia, não apenas no lar, mas
com governantes, seu povo, idosos e crianças. Os valores mais importantes dessa
relação são os morais, além da disciplina, consciência política e trabalho. Para
Confúcio, os seres humanos seriam então compostos por quatro elementos básicos:

– O céu
- A natureza
- A comunidade
- O Eu

Eles também precisam buscar e seguir cinco virtudes essenciais:

- O amor ao próximo
- A justiça
-Um comportamento adequado aos valores morais
- O cultivo à sabedoria
- Consciência adequada das vontades dos céus

Por conseguinte, a doutrina do Confucionismo foi sintetizada em seis princípios que,


para Confúcio, estavam em falta na sociedade:

-Ren, ou o altruísmo
-Li, ou cortesia ritual
- Yi, também chamado de justiça, retidão e honraria
- Zhing, ou fidelidade
- Xin, ou integridade
- Zhi, ou sabedoria moral
Para além destes preceitos, as práticas confucionistas também são caracterizadas por:

- Adoração aos ancestrais: os antepassados devem ser adorados tanto pelas famílias
reais como pela plebe. Para isso, foram construídos templos para os mortos e eram
ofertados alimentos, armas e utensílios úteis, para que eles tivessem conforto e estrutura
parecida de como eram vivos. Esses rituais aconteciam, pois havia uma crença de que os
mortos poderiam influenciar no êxito dos negócios, família e personalidade.

- Geomancia: prática de observação de tudo que se referia aos céus, como pássaros,
relâmpagos, trovões, dentre outros.

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- Deus: acreditava que existia uma força divina no mundo, apesar de se basear apenas
na busca pelo Tao.

- Piedade: prática de lealdade e devoção dos membros mais novos de uma família aos
membros mais velhos. Todo filho deve ser leal e piedoso, e cuidar do reverenciamento
na vida e após a sua morte.

FIM

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