Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
180
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Introdução
Determinado a rapidamente suprimir mais uma daquelas rebeliões
aristocráticas orquestradas nos confins do reino castelhano-leonês, o monarca
Fernando III marchara com as suas hostes em direção ao sul de Castela, onde se
encontravam os focos senhoriais de onde emanavam os conflitos encabeçados por
dom Gonçalo Pérez, o senhor de Molina.1 Em sua companhia se encontravam, além
dos mais poderosos aristocratas, que habitualmente engendravam as fileiras
militares das hostes régias, a princesa Beatriz da Suábia (1219-1235) e a rainha
Berenguela (1180-1246).2
Entretanto, esta imperativa marcha bélica fora subitamente interrompida
mediante a emergência de um episódio de enorme magnitude na órbita do reino: o
nascimento do primogênito régio. Ao entrar na cidade imperial de Toledo, o
monarca Fernando III postergara decisivamente o passo da expedição bélica para
que a sua esposa, a princesa Beatriz da Suábia, que se encontrava diante das
contrações do iminente parto, encontrasse o ambiente favorável para trazer à luz
dos súditos do reino castelhano-leonês, o primeiro dos herdeiros de Fernando III.
O infante Alfonso nascerá no dia 23 de novembro de 1221, em meio às
festividades do dia de São Clemente. Seu nome fora concedido por sua avó, a rainha
1 PCG 1035: “El capítulo de la rebeldia de unos grandes omnes de Castiella, et de la muerte del
conde dom Gonçaluo: Et despues de cabo, pasado un anno, Gonçalo Perez, sennor de Molina, por
conseio del contra el rey dom Fernando commo non deuie; et la parte del reyno de Castiella que era
vezina et frontera de Molina corriegela et robauagela et parauagela mal. Et enbio dezir el rey
sobresto a Gonçaluo Perez de Molina que se dexa se daquellos fechos tales et se castigase, et
emendase los males que auie fechos; et el non quiso fazer. E el rey dom Fernando saco su hueste
sobrel.”. ALFONSO X. PRIMERA CRÓNICA GENERAL DE ESPAÑA QUE MANDÓ COMPONER ALFONSO X
EL SABIO Y SE CONTINUABA BAJO SANCHO IV EN 1289. Ed. Ramón Menéndez Pidal. Tomo II.
Madrid: Bailly-Bailliere é Hijos, 1906, p.719.
2 A princesa Beatriz da Suábia (1219-1235) “era hija del duque de Suabia y rey de Alemania, Felipe,
que había disputado sin éxito el título imperial a Otón IV de Brunswick, y nieta, por tanto, del gran
Federico I Barbarroja. Su madre Irene era hermana del emperador bizantino Alejo IV. Nacida
probablemente en 1198, Beatriz era tres años mayor que Femando III”. GONZÁLEZ JIMÉNEZ,
Manuel. Alfonso X el Sabio. Barcelona: Ariel, 2004, p.15; A rainha Berenguela (1180-1246) era “filha
de Alfonso VIII (1155-1214, rei de Castela desde 1158) e de Leonor Plantageneta (1162-1214,
rainha consorte de Castela desde 1176) além de infanta, regente e posteriormente rainha de
Castela, Berenguela foi também rainha consorte de Leão em função do seu casamento com o rei
Alfonso IX (1171-1230, rei de Leão desde 1188)”. RUI, Adailson José. Berenguela: de instrumento
de aliança e paz a rainha e articuladora política dos interesses do reino de Castela. Revista Diálogos
Mediterrânicos, n. 10, p.174-188, 2016, p.175. Disponível em:
<http://www.dialogosmediterranicos.com.br/index.php/RevistaDM/article/view/196/207>.
Acesso em: 05 jun. 2020.
181
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
182
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
5 O próprio monarca Alfonso X, ao conceber uma gama de isenções a população de Celada del
Camino em 1255, recordaria com grande satisfação e agradecimento os anos de sua infância que
passara sob os cuidados de seu ayo Dom García Fernández de Villamayor, e a sua esposa, Mayor
Arias, ao mencionar que concedera todas aquelas isenções “porque dom García Fernandez e su
muger domna Mayor Arias me criaron e me fizieron muchos seruicios e sennaladamiente porque
me criaron en Villaldemiro e en Celada”. MARTÍNEZ DÍEZ, G. Y GONZÁLEZ SÁNCHEZ, V. Monasterio
cisterciense de Santa María la Real, Villamayor de los Montes: colección diplomática. Burgos:
Monasterio de Santa María la Real de Villamayor de los Montes, 2000, documento 65.
6 Tratavam-se das dignidades aristocráticas nomeadas pela casa monárquica para administrarem
“las rentas pertenecientes a los derechos reales; a ellos debían rendir cuentas tanto de los oficiales de
Casa del Rey como los otros del reino (adviértase que su función trascendía el ámbito puramente
doméstico)”. VÁZQUEZ CAMPOS, Braulio. “A los grandes debe poner en los grandes ofícios”:
Nobleza, Administración y Política en el reinado de Alfonso X. Alcanate: Revista de Estudios
Alfonsíes, 9, 211-259, 2014/2015, p. 223. Disponível em:
<https://idus.us.es/handle/11441/81970;jsessionid=F7049854AB5F6482A09276BDD8714864?>.
Acesso em: 05 jun. 2020.
7 SALVADOR MARTÍNEZ, H. Alfonso X, el Sabio: una biografía. Madrid: Ediciones Polifemo, 2003, p.
27.
8 Dom Manuel, sobrinho de Alfonso X, mencionaria este costume praticado pelos monarcas
castelhano-leoneses em relação à educação dos herdeiros em seu Libro de las Armas. Conforme
este: “Et porque estonce non era costumbre de criar los fijos de los reyes con tan grand locura nin
con tand ufañia como agora, toviendo que las grandes costas que las debian poner en servicio de
Dios et en acrecentamiento de la santa fe et del regno, et que lo que se podia excusar de la costa que
lo debian guardar para esto, criaban sus fijos guardando la salud de sus cuerpos lo mas
simplemente que podian; así que, luego que los podian sacar de aquel logar que nascian, luego los
daban á alguno que los criase en su casa”. DOM JUAN MANUEL apud BLECUA. Pedagogos cristianos
y sus escritos sobre educación. In: BARTOLOMÉ MARTÍNEZ, Bernabé (Dir.). Historia de la acción
educadora de la Iglesia en España.I: Edades Antigua, Media y Moderna. Madrid: BAC, 1995, p.77.
183
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
9 JOSEPH, Miriam. O Trivium: as artes liberais da lógica, gramática e retórica: entendendo a natureza
e a função da linguagem. São Paulo: É realizações, 2008, p.27.
184
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
apontada como a obra que possivelmente estabelecera à expressão “espelho de príncipes”. SOARES,
Nair de Nazaré Castro. O príncipe ideal no século XVI e a obra de D. Jerónimo Osório. Coimbra:
Instituto Nacional de Investigação Científica, 1994, p.33.
13 HAHN, Fábio André. Espelhos de Príncipes: considerações sobre o gênero. História e- História, v.
185
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
14 CASSIRER, Ernst. O mito do Estado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1976, p.168.
15 LOPES, Marcos Antônio. Os espelhos de príncipes: um velho gênero para uma nova História das
Idéias. Cadernos de História. v. 4. n. 5. Belo Horizonte: Puc/Minas, dez.1999, p.21-30, p.23.
16 Conceito de difícil caracterização, o termo Reconquista será utilizado a fim de definir “a un
proceso clave en la Edad Media peninsular, como la expansión militar a costa del Islam occidental,
que estuvo revestido e impulsado por una ideología militante basada en los principios de guerra
santa y de guerra justa, y que además tuvo una incidencia decisiva en la conformación de unas
sociedades de frontera.” In: GARCÍA FITZ, Francisco. La Reconquista: un estado de la cuestión. Clio &
Crimen, Revista del Centro de História del Crimen de Durango, n.6, 2009, p.142-215, p.201.
Disponível para consulta em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3158663>.
Acesso em: 05 jun. 2020. Um interessante e sucinto trabalho de síntese sobre as querelas
historiográficas acerca do conceito de Reconquista pode ser encontrado em: ÁLVARO, Bruno
Gonçalves; PRATA, Rafael Costa. Guerras rendilhadas da erudição: um breve panorama dos
combates e debates em torno do conceito de Reconquista. Signum: Revista da Associação Brasileira
de Estudos Medievais, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, p. 104-126, 2014. Disponível para consulta em:
<http://www.abrem.org.br/revistas/index.php/signum/article/view/144/132>. Acesso em: 05
jun. 2020.
17 Com o chamado “rompimento do colar” do Califado Cordobês ocorrido em 1031, verificou-se a
composição de uma série de pequenos Reinos Taifas independentes na Andaluzia, que passaram a
ser sistematicamente corroidos pelos monarcas castelhanos-leoneses no prosseguimento da
Reconquista. Nesta nova conjuntura, o poder monárquico encaminhara um processo de expansão
político-militar diante da “fraqueza” dos Reinos Taifas. GARCÍA FITZ, Francisco. Relaciones políticas
186
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Nesse sentido, contemplamos então que “la guerra o las recompensas a los
vasallos son una pieza esencial del discurso”18 engendrado neste specula
principium destinado ao príncipe Alfonso X, em suma, àquele que ocuparia tão
prontamente a morte do monarca castelhano-leonês Fernando III (1217-1252) o
trono do reino e, consequentemente, os encargos de manutenção e consolidação
dos territórios conquistados e igualmente a política de conquistas que engendrava
a Reconquista.
Tendo em conta estas questões, em nosso sucinto artigo, efetuaremos uma
acurada problematização dos conteúdos discursivos dispostos nos
aconselhamentos político-militares e bélicos, a fim de observarmos como estes se
apresentavam como efetivos modelos de compoartamentos legados ao futuro
monarca para que fossem devidamente empregados em meio as constantes
guerras travadas frente as diversificadas sociedades de fronteira 19 que integravam
a paisagem geopolítica ibérica, sejam estas, os reinos cristãos penínsulares (norte e
centro) ou os reinos taifas da Andaluzia.20
o processo de Reconquista remonta a apreciação oferecida, em 1966, por Elena Lourie em seu
clássico artigo, publicado na Past and Present Society, intitulado A Society organized for war:
Medieval Spain, onde a autora apresenta uma série de argumentos a fim de justificar a concepção de
que os reinos cristãos peninsulares, especialmente o reino castelhano-leonês, foram moldando as
suas estruturas politicas, econômicas, sociais, militares, religiosas, etc, tendo sempre no horizonte a
presença da guerra. LORIE, Elena. A Society organized for war: Medieval Spain. Past and Present, 35,
1966, p.54-76. Esta ideia foi reforçada por outros autores, como: POWERS, James. A Society
Organized for War: The Iberian Municipal Militias in the Central Middle Ages, 1000-1284. Berkeley-
Los Ángeles – Londres: University of California Press, 1988; RUCQUOI, Adeline. História Medieval da
Península Ibérica. Lisboa: Estampa, 1995, p.216-217.
20 Como destacara González Jiménez: “Tras la conquista de las principales ciudades del valle del
Guadalquivir por Fernando III, todo el territorio conquistado comenzó a llamarse, tanto en el lenguaje
vulgar como en el de la cancillería, Andalucía.” GONZÁLEZ JIMÉNEZ, Manuel. Qué es Andalucía? Una
revisión histórica desde el medievalismo. Historia de Andalucía. Granada: Universidad de Granada,
2010, p. 13-33, p. 17. Disponível em: <http://institucional.us.es/revistas/rasbl/38/art_1.pdf>.
Acesso em: 05 jun. 2020.
187
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
De fato:
21 REIS, Jaime Estevão dos. A construção da figura heroica de Fernando III no Libro de los Doze
Sabios. In: ZIERER, Adriana; VIEIRA, Ana Lívia B.; ABRANTES, Elizabeth Souza. (Org.). História
Antiga e medieval. Sonhos, Mitos e Heróis: Memória e identidades. 1.ed. São Luís: EDUEMA, 2015, v.5,
p. 125-136. p.125.
22 WALSH apud REIS, Op.Cit, p.197.
23 FORONDA, François. Sociedad Política, Propaganda Monárquica y Regimen en la Castilla del Siglo
XIII. En torno ao Libro de los Doze Sabios. Edad Media. Revista de Historia, v. 7, (2005-2006) p. 13-
36. p. 17-18.
24 REIS, Op. Cit, p.198.
188
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
189
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Em seguida, a sentença XII (Que el rey debe ser largo a los nobles e hidalgos
y de buen linaje, y a los otros que bien obran) se dedica então a uma virtude
essencial na manutenção das boas relações entre o poder monárquico e os demais
poderes do corpo político do reino: a prodigalidade, em suma, a faculdade de
conceder dons, em troca, da recepção de contradons, em suma, de empreender o
regime de interdependência calcada no servicium – beneficium. Nesta, se orienta a
necessidade do monarca se comportar permanentemente de maneira justa, pois,
caberia a este recompensar os indivíduos que lhe servissem satisfatoriamente em
tempos de paz e, sobretudo, em períodos de guerra:
190
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
recebidos; ela supõe dois outros igualmente importantes: obrigação de os dar, por um lado,
obrigação de os receber, por outro”. MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. Com introdução à obra
de Marcel Mauss por Claude Lévi-Strauss. Lisboa: Edições 70, 1988. p. 67.
191
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
29 Ibidem, p. 69.
30 Ibidem, p. 125.
192
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Foi através deste esquema das concessões de dádivas que o amplo quadro
das relações senhoriais, inclusive, aquelas de natureza militar, foram travadas
entre os agentes políticos durante a Idade Média. Nas sociedades medievais, as
concessões senhoriais operadas pelo poder monárquico se encontravam
inteiramente norteadas pelo regime de dom-contradom, pela sempre imperativa
dinâmica do serviço-benefício.
A medievalista Maria Filomena Coelho, ao destacar o paradigma
descentralizador e corporativo que permeava as sociedades medievais, salientara
precisamente que estas foram plenamente moldadas em torno de uma:
31 XAVIER, Ângela Barreto; HESPANHA, António Manuel. As redes clientelares. In: MATTOSO, José
(Dir). História de Portugal: o Antigo Regime. Lisboa: editorial Estampa, s/d. p. 381-393. p. 381.
32 Ibidem, p.382.
33 COELHO, Maria Filomena. A “longa Idade Média”: reflexões e problemas. Atas da VII Semana de
Estudos Medievais. Por uma longa duração: perspectivas dos estudos medievais no Brasil.
PEM/Universidade de Brasília, 2010, p. 57-73. p. 71.
193
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
34FILOMENA COELHO, Maria. Serviço e benefício: Relações e redes sociais na tradição Ibérica. In:
MACEDO, José Rivair. (Org.). A Idade Média Portuguesa e o Brasil: Reminiscências, transformações,
ressignificações. Porto Alegre: Vidráguas, 2011. p. 145-156. p. 147-148.
194
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Huir della, como sea la más vil cosa, y en menos tenida de toda las
del mundo (...) Pero no deje de ser codicioso de hacer buenos
hechos y grandes hazañas y conquistas, y de los bienes y de las
virtudes que viere en otros haber, codicia de las haber, y de hacer
otras cosas semejantes”.36
35 GONZÁLEZ JIMÉNEZ, Manuel (Ed.). Diplomatario andaluz de Alfonso X. Sevilha: El Monte. Caja de
Huelva e Sevilha, 1991, doc. 179.
36 WALSH apud El libro de los doce sabios. Disponível em:
<http://www.filosofia.org/aut/001/12sabios.htm>. Acesso: 05 jun. 2020.
195
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Esta questão se torna evidente a partir do capítulo XXVI (De como el rey
debe primeramente conquistar y ordenar lo suyo y aseñorearse dello), onde se
sublinha que:
37 Ibidem.
196
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
El rey debe tener para sus guerras: antes de la guerra busca y ten
aparejado bastimiento de pan, y de vino, y de carne, y de las otras
38 Ibidem.
39 SOUZA JÚNIOR, Op. Cit, p.112.
197
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
198
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
tienes tantos y sábelos buscar, que no dudo que con cinco mil
dellos no dieses batalla a todo el mundo en un día. Y sin duda
vencerías siendo pagado de ti, y teniéndolos a tu voluntad.41
41 Ibidem.
42 Ibidem.
199
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
hallares.43
43 Ibidem.
44 Ibidem.
45 MENEGHELO, Raimundo. Milicias Concejiles en la Plena Edad Media Hispana. El caso de Castilla y
León en los siglos XII y XIII. Historias del Orbis Terrarum, n. 3, 2009, p.92-102, p. 96. Disponível em:
<https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3622254>. Acesso: 05 jun. 2020.
200
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
O próprio monarca Alfonso X teria que lidar com uma série de problemas
militares e bélicos gerados pelo difícil relacionamento travado frente a estes
segmentos militares formados por guerreiros oriundos dos conselhos urbanos. Em
um testemunho contido na Crónica de Alfonso X, se contempla os entraves
encontrados por Alfonso X a hora de efetuar o recrutamento destas milícias
concejiles:
E leyendo este rey don Alfonso esta guerra que tenía comenzada
con los moros en que se gastaban muchos caballos, é otrosí
commo muchos de las villas se excusaban de lo servir por el
llamamiento que les facia de cada año para la frontera, é en que
aquel tiempo iva cada uno á servir tres meses por lo que avia.47
46 Crónicas de los Reyes de Castilla desde Don Alfonso el sabio hasta los Católicos Don Fernando y
Doña Isabel, tomo I, colección ordenada por C. Rosell, Biblioteca de Autores Españoles. Tomo LXVI.
Ediciones Atlas. Madrid, 1953. p.10.
47 CRÓNICA DE ALFONSO X. (Ed.). Manuel González Jiménez. Murcia: Real Academia Alfonso X el
201
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
Considerações finais
Apesar de toda a sua importância enquanto um singular specula principum
produzido em solo castelhano-leonês no calor do processo de Reconquista, o Libro
de Los Doce Sabios continua sendo pouco abordado pela Medievalística, a qual,
continua a se debrucar nos espelhos de príncipes mais conhecidos, sobretudo, os
produzidos nas cortes francesas e inglesas. Desta forma, cabe-nos constatar que:
202
Revista Signum, 2019, vol. 20, n. 1.
para alargar os estudos acerca deste singular espelho de príncipes produzido com
o propósito de ser entregue ao príncipe Alfonso X, o qual, tão prontamente se
tornaria o monarca Alfonso X (1252-1284), um dos monarcas mais representativos
do Ocidente Medieval em meio ao século XIII. Caracterizado a partir do epíteto o
Sábio, por conta de seu mecenato frente a uma vastíssima e diversificada produção
cultural, a qual resultara em uma gama de obras de natureza jurídica, histórica,
artística e literária,50 este monarca castelhano-leonês se apresentara igualmente
como um enérgico monarca guerreiro.
203