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João Bilhim
Resumo
Introdução
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Lasswell , H. 1971. A Pre-View of Policy Sciences. NY: American Elsevier.
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Orações de Sapiência
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Hogwood, Brian. 1995. “Public Policy”. Public Administration. Vol. 73, n.º 1.
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Nelson, Barbara. Public Policy and Administration: Na Overview. In Robert E. Goodin e
Hans-Dieter Klingemannn, eds . 1998. A New Handbook of Political Science, Oxford.
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Hogwood, Brian. 1995. “Public Policy”. Public Administration, Vol. 73, n. 1.
5
Rocha, José Oliveira. 1995. Teoria do Processo Político e Políticas Públicas. Braga: Uni-
versidade do Minho.
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Easton, David. 1975. Understanding Public Policy, 2.ª ed. Englewood New York: Pren-
tice-Hall.
7
Nagel , Stuart. 1980. “The Policy Studies Perspective”. Public Administration Review, Vol.
??? 391-396.
8
Anderson, James. 1984. Public Policy Making, 3.ª ed. New York: Holt Rinehart and
Winston.
9
Sabatier, Paul. 1991. “Political Science and Public Policy”. Political Science & Politics,
June, 143-6.
10
Nelissen, Nico, et al. 1999. Renewing Government. Ultrecht: International Books.
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Maltez, Adelino. 1996. Princípios de Ciência Política. Lisboa: ISCSP.
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Maltez, Adelino. 1996. Introdução à Ciência Política. Lisboa: ISCSP.
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Rocha, José Oliveira. 1995. Teoria do Processo Político e Políticas Públicas. Braga: Uni-
versidade do Minho.
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Que problemas chegam às mãos dos políticos para decisão? Como cha-
mam tais problemas a atenção dos políticos e motivam uma proposta po-
lítica destinada à sua resolução? Por que razão determinados problemas
entram na agenda política e outros não? Em que momento se constrói a
agenda política em definitivo? O ciclo de políticas públicas é iniciado com
a agenda e filtrado com a formulação?
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Cobb Roger ; Elder, Charles. 1983. Participation in American Politics: the dynamics of
agenda-building. Baltimore: The Johns Hopkins University Press.
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Kelman, Steven. 1987. Making Public Policy. Basic Books.
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Esta sequência descrita por Kelman afasta-se das posições dos insti-
tucionalistas mais tradicionais, que apenas dividiam o processo de formu-
lação das políticas públicas através da divisão dos poderes em legislativo,
executivo e jurisdicional, e aproxima-se do conceito de cidadania de Aris-
tóteles.
Na perspetiva institucionalista tradicional, o estudo da política legisla-
tiva da iniciativa do parlamento ou do governo era suficiente para entender
a génese e desenvolvimento das políticas públicas.
As consequências desta perspetiva podem ainda ser identificadas na
velha dicotomia entre políticos eleitos e administradores públicos no-
meados, protagonizada Frank Goodnow e Woodrow Wilson, para quem
os políticos eleitos deveriam tomar as decisões políticas e os burocratas,
mantendo-se fora deste processo, deveriam apenas implementá-las.
Woodrow Wilson, que foi um dos primeiros presidentes da Associação
Americana de Ciência Política, nos anos oitenta do século XIX, Professor
em Princeton e posteriormente Presidente dos EUA, no seu famoso ensaio
de 1887 sobre burocracia, expressa bem uma das bases do velho institucio-
nalismo: o holismo. A investigação, mesmo que descritiva ao tempo, estava
centrada na análise legal e formal das instituições enquanto burocracias.
As instituições moldavam o comportamento dos indivíduos e nessa medida
a iniciativa da política pública cabia inteiramente ao poder político 16.
A teoria da Escolha Pública 17 (Public Choice), acentuando a optimiza-
ção das escolhas pelo agente económico individual ou grupal (agregação
de vontades), problematizou profundamente o movimento que vai da ins-
tituição política para o cidadão. A teoria da Escolha Pública, também co-
nhecida por Escolha Racional, coloca a ênfase exatamente no ponto oposto:
é o indivíduo na busca da máxima satisfação do seu interesse egoísta quem
vai influenciar a decisão política.
Para a Escolha Pública surgem diversas propostas racionais apresenta-
das pelos agentes económicos para resolver problemas públicos, e os polí-
ticos, bem como os administradores públicos, apontam soluções tendo em
conta os respetivos interesses egoístas. Para todos os problemas públicos
há soluções racionais. Todavia os políticos, cujo objectivo é a permanência
16
Bilhim, João. 2014. “Política e administração”. Sociologia, Revista da Faculdade de Le-
tras da Universidade do Porto, Vol. XXVIII, 2014, pág. 11-31.
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Stiglitz, Joseph. 1988. Economics of the Public Sector. London: W. W. Norton & Company.
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Downs, Anthony. 1957. An Economic Theory of Democracy. New York: Harper &Row.
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Burnham, James. 1972. The Managerial Revolution. London: Greenwood Press.
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Caiden, N. “Public Budgeting Amidst Uncertainty and Instability”. In Shafritz, J. M.;
Hyde A. C. ed. – Classics of Public Administration. Pacific Grove, CA: Brooks/Cole.
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Lindblom, C. 1959. “The Science of Muddling Through”. Public Administration Review
v. 19, n.º 2, p. 79-88.
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Implementação
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Hale, Mary; Franklin, Aimee. 1997. “Re-evaluation Methods of Establishing Priorities
for Governmental Services”. Public Productivity & Management Review, Vol. 20, n.º 4: 384-396.
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Bilhim, João. 1999. “Metodologias e Técnicas de Avaliação”. In Avaliação na Administra-
ção Pública. Lisboa: INA.
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Avaliação
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Lewin, Kurt. 1951. Teoria de Campo em Ciências Sociais. São Paulo: editora Pioneira.
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ainda é pior. Tudo isto conduz a que não haja uma cultura de avaliação na
Administração em Portugal. Há auditorias, há fiscalização, mas não há
avaliação de políticas públicas, nem formação neste domínio.
A consequência imediata desta postura é não se aprender com o erro,
é a falta de melhoria contínua e de informação retroativa ou feedback para
a ação sobre o que correu bem e o que correu mal e por que razão. Na
sua ausência perpetuam-se os erros e reproduzem-se recorrentemente os
mesmo gestos, persistindo no percurso de um caminho que não conduz ao
sucesso.
Assim, a avaliação de políticas públicas raramente é utilizada e,
quando realizada, é determinada por exigências processuais ou considera-
ções de tática político-partidária, não contribuindo para a contínua apren-
dizagem em políticas públicas. Muitos governos e organismos públicos re-
correntemente impedem o acesso à informação, privando os avaliadores,
nomeadamente universitários, da oportunidade ou do “laboratório” para
exercitarem a avaliação e depois drenarem por todo o tecido as aprendiza-
gem obtidas através de formação especializada.
A avaliação ajuda o processo de criação de políticas públicas, pelas
seguintes razões: resume o conhecimento do problema e a solução pro-
posta de política pública ou programa; desmitifica o saber convencional ou
o conhecimento popular acerca do problema ou das soluções; aumenta a
informação disponível sobre a eficácia do programa ou da política pública;
explica aos principais atores os efeitos das novas informações obtidas por
intermédio da avaliação 25.
Dado que a avaliação facilmente pode descambar para problemas de-
licados de natureza política, em especial com efeitos no resultado eleitoral
e nas carreiras dos dirigentes da Administração, sugere-se que em todos
os Ministérios haja um departamento de estudos encarregado sobretudo
de solicitar ao exterior estas avaliações, fornecendo-lhes os dados indis-
pensáveis. Importa, pois, criar sistemas de avaliação independentes em
cada ministério e que os dirigentes compreendam a natureza política da
avaliação, não deixando igualmente de melhorar a objetividade das avalia-
ções administrativas. Para tal, será indispensável a criação de estruturas
de acompanhamento e de avaliação antes do início da implementação des-
tinada à produção de boa avaliação de impacto, envolvendo os principais
stakeholders.
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Wu, Xun; Ramesh, M.; Howlett, Michael; Fritzen, Scott. 2003. Studying Public Policy:
Policy Cycles and Policy Subsystems. Oxford: Oxford University Press.
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O futuro da disciplina
De acordo com o que atrás ficou dito, parece claro que há muito dobra-
ram os sinos a assinalar o funeral de abordagens legalistas, para as quais
o estudo da política pública se esgota no estudo da lei e o parlamento é o
único autor da política pública. O formalismo jurídico, transformado em
ritualismo ou, melhor, em feiticismo do regulamento, enraizado em cada
funcionário, dominado pela ideia de que ele representa o Estado, portanto
a lei aos olhos do cidadão, não convive bem com a cultura de cidadania
ativa. A racionalidade jurídico-formal tende a ser substituída pela racio-
nalidade gestionária da eficiência, eficácia e economia, isto é, dos meios-
-resultados.
Perspetivas teóricas como as comportamentalistas, a escolha racional
e mesmo o novo institucionalismo 27 olham para a política pública como
sendo fruto de um processo onde intervêm, individual e coletivamente,
cidadãos com vontade de ver resolvidos os problemas públicos. Contudo,
por outro lado, não deixa de reconhecer-se que o comportamento indivi-
dual, quer seja explicado de um ponto de vista económico, quer sociológico
ou psicológico, não é suficiente para explicar as políticas públicas – sua
génese, formulação, decisão, produção legislativa, sua implementação e
avaliação.
Nem o simples estudo das instituições políticas, nem o mero estudo
das leis parecem revestir um carácter exclusivo na compreensão e explica-
ção das políticas públicas. Reduzida a importância do paradigma legalista
como instrumento de formulação e implementação das políticas públicas,
as leis assumem o papel de meros instrumentos.
É do conhecimento público que o simples facto de existir uma política
pública, mesmo já consagrada em lei, independentemente de estar ou não
contida no programa do Governo, não significa que a mesma seja imple-
mentada e, consequentemente, seja objecto desta disciplina. É que esta
Peters, Guy. 2000. Institutional Theory in Political Science: the new institutionalism.
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London: Continuum.
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Cardim, Maria. 2007. Implementação de Políticas Públicas. Lisboa: ISCSP, (tese de
doutoramento).
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Pollitt, C. 1993. Managerialism and the Public Services, 2.ª ed. Oxford: Blackwell.
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Kickert, W. “Expansion and Diversification of Public Administration in the Post-war
Welfare State”. Public Administration Review, Vol. 56, 1, pp 88-94.
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