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Administração Pública
DOUTORAMENTO EM ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
1.º Semestre – 2019/2020
Aula temática:
[3. Modelos de governação]
3.1. Burocracia
• Modelos de governação:
– Tipologias de caracterização do modo como se concretiza a gestão das
organizações públicas
– Estudados preponderantemente no âmbito das reformas administrativas
– Ausência de total consenso quanto às tipologias e características de cada
modelo
• Contextualização:
– Itinerário teórico da Ciência da Administração
– Paradigmas administrativos
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Contextualização:
Itinerário teórico da Ciência da Administração
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Contextualização:
Paradigmas administrativos/ Culturas administrativas
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Modelos de governação
• Hierarquias
• Mercados
• Redes
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Modelos de governação
Tipologias
Bovaird & Loeffler (2016, p. 44):
Forma de organização Hierarquia Mercados Redes
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Modelos de governação
Tipologias
Pollitt & Bouckaert (2011, p. 22): NGP; Estado Neo Weberiano; Redes; Governança
Modelo Principal reivindicação Mecanismo de coordenação Fontes
Nova Gestão Pública (NGP) Governo mais eficiente e mais responsivo ao Tipo-mercado e quase-mercados; Hood, 1991; Lane, 2000;
consumidor por via da introdução de métodos de indicadores de desempenho; Osborne & Gaebler, 1992;
gestão (negócio) objetivos; contratos competitivos Pollitt, 1990
Estado Neo Weberiano Modernizar o aparelho estatal tradicional para que ele Autoridade exercida através de uma Dreschler & Kattel, 2008; Lynn,
se torne mais profissional, mais eficiente e mais hierarquia disciplinada de 2008; capítulo 4 da obra.
sensível aos cidadãos. Métodos comerciais podem ter funcionários imparciais
um papel subsidiário, mas o estado continua a ser um
ator distintivo com as suas próprias regras, métodos e
cultura
Redes Tornar o governo melhor informado, mais flexível e Redes de participantes interessados Agranoff, 2007; Castells, 2010;
menos exclusivo trabalhando através de redes auto- (stakeholders) interdependentes Klijn, 2005
organizadas, em vez de hierarquias e/ou mecanismos entre si
de mercado
Governança (identifica o Tornar o governo mais eficaz e legítimo, incluindo uma Redes e parcerias entre os Pierre & Peters, 2000;
New Public Governance gama mais ampla de atores sociais tanto na participantes interessados Frederickson, 2005; Kaufmann
como uma variante) formulação como na implementação de políticas. (stakeholders) et al., 2009; Bellamy &
Algumas variantes de governança residem Palumbo, 2010; Osborne, 2010
explicitamente numa "abordagem de rede", e a
maioria privilegia a "horizontalidade" em detrimento
dos controles verticais
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Modelos de governação
Síntese
• À parte de tipologias específicas, e visando enquadrar quer o itinerário
teórico próprio da Ciência da Administração, quer as tradições
administrativas, podemos “organizar” os modelos de governação pública
da seguinte forma:
– Modelos tradicionais:
• Modelo profissional Weberiano (Burocracia)
– Modelos gestionários:
• Reinventing Government
• New Public Management (ou Nova Gestão Pública – NGP)
– Modelos pós-gestionários:
• New Public Service (ou Novo Serviço Público)
• Modelos Governança (de redes e democrática)
• Neo-weberian State (ou Estado Neo Weberiano)
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Modelos de governação
Uma possível síntese comparativa e parcelar
Fonte: Adaptado de Denhardt, R. & Denhardt, J. (2000). The New Public Service: Serving Rather than Steering. Public Administration Review 60(6), 554-559.
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3.1. Burocracia
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Intróitos
Estado
Patrimonial Burocrático Gestionário
(Administração)
Mercantil - Capitalista -
Sociedade Pós-industrial
Senhorial Industrial
Estado
Oligárquico Autoritário Democrático
(Política)
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Maximilian Karl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de
1864 — Munique, 14 de Junho de 1920):
• Intelectual alemão, jurista, economista e
considerado um dos fundadores da Sociologia.
• Grande parte de seu trabalho como pensador e
estudioso foi reservado para o chamado processo
de racionalização e desencantamento que
provém da sociedade moderna e capitalista.
• A presença do pensamento de Weber nos estudos
organizacionais através do método compreensivo
e da análise da realidade a partir de tipos ideais,
proporcionou uma contribuição substancial para o
pensamento administrativo e sociológico. Muitos
desses conceitos permanecem como referência
até os dias de hoje.
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• É com o aparecimento da Sociologia que se começam a
abordar as temáticas das reformas e da revolução, centradas
nos campos:
– económico (industrialização e desenvolvimento do capitalismo)
– social (desarticulação da sociedade tradicional)
– político (ocorrência, por exemplo, das Revoluções Americana de 1776
e Francesa de 1789).
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• Marx, Durhheim, Weber relação dogmática entre modernidade e
organização.
– Partilham do pressuposto de que a modernidade foi alcançável através das
organizações.
• Pré-modernidade:
– Decorreu enquanto a agricultura foi mais importante do que a indústria.
• Modernidade:
– Iniciou-se com a maior relevância da indústria face à agricultura.
– Após a II GM, a tese de Weber ganha notoriedade e aceitação por fazer
procurar equivaler racionalidade a eficiência.
• Pós-modernidade ...
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• É na transição para a Modernidade do século XX que surgem
diferentes conceptualizações sobre a modernização do
mundo que tendem a configurar modelos globais,
caracterizáveis sob os pontos de vista económico, político,
organizacional e pessoal.
– No campo económico, porque se dá início à separação entre a família e o
trabalho e se procura o aumento da produtividade, pela concentração racional
da produção em massa no sistema fabril.
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– Organizacionalmente, pelas burocracias enormes e, muitas vezes inábeis que a
modernidade gerou, na procura da gestão de uma complexidade crescente.
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• A burocracia, enquanto modelo de organização, tem razões históricas:
– Superioridade técnica: as ineficiências podem existir e ser denunciadas como
consequência de normas que as sancionam;
– Calculabilidade do capital: decorrente da necessidade de prever de maneira
racional e unívoca os custos e benefícios de todos os atos económicos
relevantes;
– Aparecimento da democracia de massas: a qual se pressupõe ser capaz de
garantir a todos os cidadãos tratamentos iguais, imparciais e previsíveis,
segundo as normas vigentes.
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• É pacífico afirmar que a importância da “organização” decorre do facto de
esta estar subjacente à mudança social [para a modernidade] (Clegg,
1998, p. 31).
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As caraterísticas do modelo burocrático
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• A racionalidade burocrática desenvolveu-se, assim, a partir de dois
grandes tipos de ação:
– Ações racionais comparativamente com os valores;
– Ações racionais relativamente aos fins – Weber privilegiava este tipo de ação,
subordinando a dimensão humana ao funcionamento (técnico) da burocracia.
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As caraterísticas do modelo burocrático
Poder e autoridade
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As caraterísticas do modelo burocrático
Modelo ideal de organização
1. Descontinuidade das tarefas, pela 6. Associação entre posições na hierarquia com 11. As relações não são exclusivamente
especialização funcional credenciais estratificadas diferenciadamente, hierárquicas; a centralidade da referida
(especialização) pressupondo uma estrutura de carreira repartição promove o desenvolvimento da
(carreirização) comunicação, da coordenação e do controlo,
que passam necessariamente por este centro
(centralização)
2. Separação funcional das tarefas, com níveis 7. Remuneração diferenciada das várias 12. A ação legítima passa por uma nítida
de autoridade e de poder de sanção posições hierárquicas (estratificação das diferenciação entre ação burocrática e ação
proporcionais aos deveres (tendência para a organizações) particular dos indivíduos (legitimação da ação
legitimação da atividade organizacional) organizacional)
3. Necessidade de existência de relação de 8. A hierarquia consubstanciada nos direitos de 13. O poder pertence ao cargo e não à função
hierarquia entre os poderes, o que pressupõe a controlo, específico dos superiores, e no poder do titular desse cargo (oficialização)
tendência para a hierarquização de resistência a tentativas impróprias de
controlo, próprias dos subordinados
(configuração específica da autoridade)
4. Delegação de poderes consubstanciada em 9. A separação funcional, a descontinuidade das 14. Como os poderes são exercidos em nome do
contratos de trabalho pormenorizados (deveres, tarefas e as relações hierárquicas levam a que a cargo e não da pessoa, há uma tendência para a
direitos, obrigações e responsabilidades realização e o controlo sejam alvo de definição despersonalização da ação organizacional
(contratualização das relações organizacionais) normativa formal, em termos técnicos ou legais,
por forma a que as normas possam ser seguidas
independentemente das pessoas (tendência
para a formalização das normas)
5. Tendência para a especificação das 10. A formalização das normas exige que a 15. Esta despersonalização ocorre de acordo
qualificações, medidas por diplomas formais gestão se baseie em documentos escritos, com sistemas disciplinares desenvolvidos na
(credencialização) adquirindo a ação organizacional uma forma organização ou importados do exterior
estandardizada (estandardização) (disciplinarização da ação organizacional).
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Burocracia mecanicista
Configuração do desenho organizacional (Mintzberg)
• Mecanismo de coordenação:
– Estandardização de processos
• Parâmetros de conceção:
– Formalização do
comportamento
– Especialização horizontal e TECNOESTRUTURA
vertical
– Agrupamento funcional
– Centralização vertical e
descentralização horizontal
limitada
• Fatores contingentes:
– Sistema técnico velho
– Ambientes simples e estáveis
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Burocracia mecanicista
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Burocracia profissional
Configuração do desenho organizacional (Mintzberg)
• Mecanismo de coordenação:
– Estandardização de qualificações (maior
profissionalização)
• Parâmetros de conceção:
– Formação
– Especialização horizontal do trabalho
– Descentralização vertical e horizontal
• Fatores contingentes:
– Ambientes estáveis e complexos
– Sistema técnico não regulador e não
sofisticado
CENTRO OPERACIONAL
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Burocracia profissional
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Disfunções da Burocracia
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Qual o papel da Burocracia?
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Qual o papel da Burocracia?
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Qual o papel da Burocracia?
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Por que nos preocupar com burocracia, burocratas,
burocratização e teoria burocrática?
• O cenário que enfatiza a burocracia como indesejável e inviável, e anuncia a
mudança paradigmática inevitável e irreversível em direção à organização do
mercado ou da rede, é errado ou insuficiente.
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O que significa, então, “redescobrir” a Burocracia?
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Que desafios se colocam aos estudantes de AP,
inclinados a acompanhar o programa de pesquisa de
Weber e, nomeadamente, da Burocracia?
• Um desafio teórico será reconciliar lógicas de ação e ajustá-las numa única
estrutura que forneça uma melhor compreensão:
– das condições sob as quais os administradores serão motivados e capazes de obedecer
às ordens políticas, a seguir códigos éticos ou profissionais de comportamento, ou a agir
de forma interessada ou como porta-vozes de causas ou grupos específicos.
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