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Autoria: Aline Regina Santos, José Francisco Salm, Maria Ester Menegasso
Resumo
O contexto brasileiro da administração pública é marcado por práticas que envolvem pouca ou
nenhuma participação direta dos cidadãos na construção e implementação de políticas públicas.
No entanto, uma recente teoria da área aponta a participação direta dos cidadãos como uma
alternativa para se desenvolver uma sociedade genuinamente democrática. O novo modelo,
intitulado New Public Service (Novo Serviço Público), acredita que, via atividades de co-
produção entre comunidades, órgãos públicos, privados e não governamentais, é possível
desenvolver maior participação, cidadania e accountability na sociedade. Tendo por base tal
modelo, identificou-se uma organização comunitária de bairro na região da grande Florianópolis,
com a finalidade de comparar se os objetivos e as atividades por ela desenvolvidas poderiam ser
enquadrados na teoria estudada. Busca-se, com tal comparação, levantar alguns questionamentos
sobre as políticas públicas envolvidas no caso estudado e apontar alguns direcionamentos para o
fomento de atividades participativas em comunidades de bairro.
1. Introdução
A palavra democracia tem origem grega e deriva dos termos “demo”, que significa povo,
e “kratos”, que significa poder, autoridade. O sentido contido no termo é, pois, “poder do povo”.
No sistema político brasileiro, o poder do povo é expresso principalmente por meio do voto
obrigatório, quando a população elege os indivíduos que irão tomar o poder em seu nome. No
entanto, não são poucos os casos denunciados em mídia sobre a corrupção existente no governo,
casos em que políticos eleitos e administradores públicos – cuja função primordial é servir ao
interesse público – apoderam-se dos recursos públicos em prol do bem privado, usando de
maneira ilícita o poder que lhes foi concedido para governar.
Considerando o contexto político atual, o objetivo do presente artigo é refletir sobre novas
formas de servir ao público, desenvolver a cidadania e, principalmente, conferir à palavra
democracia seu sentido original. O questionamento que se apresenta, bem como a busca por
novas alternativas, emerge de uma teoria sobre administração pública desenvolvida por Denhardt
e Denhardt (2003), chamada de Novo Serviço Público. A base de tal teoria está centrada em
valores de cidadania e de participação e na crença de que o cidadão saberá tomar as decisões
corretas, se, para isso, for-lhe dada oportunidade. Assim, o cidadão é visto como um indivíduo
que anseia não apenas pela satisfação de suas necessidades e de seus interesses privados, mas que
busca também a construção de um bem comum (DENHARDT e DENHARDT, 2003). E é
justamente nessa busca coletiva que o indivíduo reflete e atua politicamente, deixando aflorar sua
condição humana de ser ativo, com poder de ação, ao invés de ser apenas reativo, comportando-
se de acordo com os estímulos que recebe (Arendt, 2004). Essa visão de ser humano é
compartilhada por Ramos (1989), que afirma ser o homem multidimensional, possuindo não
apenas dimensões biológicas (consumo, necessidades básicas) e sociais (convívio social), mas
também dimensões políticas (auto-determinação, reflexão).
É nessa perspectiva que se realiza o Novo Serviço Público, tendo o governo um papel em
que atua muito mais no sentido de servir ao cidadão do que no sentido de controlar e dirigir a
população. A estratégia que Denhardt e Denhardt (2003) apresentam para a concretização deste
modelo está calcada em atividades colaborativas que envolvem tanto cidadãos, como governo e
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órgãos privados e não governamentais. Tal estratégia, chamada de co-produção, parte do
princípio de que a participação conjunta gera maior responsabilidade (accountability) entre os co-
produtores e permite que o cidadão também exerça poder na construção e implementação de
políticas públicas.
Na tentativa de comparar tal modelo com uma organização inserida no contexto brasileiro,
identificou-se um conselho comunitário de bairro da grande Florianópolis, Santa Catarina, como
uma organização que atua em co-produção e apresenta alguns elementos em comum com a teoria
do Novo Serviço Público. Feita a identificação da organização, buscou-se verificar se o modelo
do Novo Serviço Público de Denhardt e Denhardt (2003) poderia ser observado na organização
comunitária. Os dados permitiram uma reflexão sobre as políticas públicas envolvidas no caso
estudado e sobre direcionamentos necessários para fomentar a participação no cenário em que se
situa a organização, apontados na conclusão da pesquisa.
2. Referencial Teórico
O presente estudo traz a teoria do Novo Serviço Público, desenvolvida por Denhardt e
Denhardt (2003), com o objetivo de mostrar novas alternativas para a administração pública,
visando a fomentar a participação direta do cidadão. Juntamente com tal modelo, apresenta-se a
visão de Arendt (2004), que resgata o conceito grego de polis, e a Teoria da Delimitação dos
Sistemas Sociais, desenvolvida por Ramos (1989), no intuito de corroborar com o modelo do
Novo Serviço Público. Cabe salientar também a visão que se tem de indivíduo, concebido como
cidadão. Assim, o próprio conceito de cidadania é revisado, significando mais do que o gozo dos
direitos estabelecidos pela constituição. Entre os autores que defendem tal argumento estão
Roberts (2004) e Denhardt e Denhardt (2003). Como alternativa para que se alcance a
participação direta dos cidadãos, é apresentado o conceito de co-produção, destacando-se
Whitaker (1980) e Brudney e England (2003).
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Mecanismos de Programas Criação de mecanismos e Criação de coalizão entre
alcance dos administrativos de estruturas de incentivo órgãos públicos, privados
objetivos políticos executados por meio de para alcançar objetivos e organizações sem fim
órgãos do governo. políticos por meio da lucrativo para satisfazer
atuação de órgãos necessidades mutuamente
privados e organizações existentes.
sem fins lucrativos.
Abordagem da Hierárquica: Orientada para o Multifacetada: servidores
accountability Administradores públicos Mercado: o acúmulo dos públicos devem respeitar
respondem aos políticos interesses pessoais irá a lei, os valores da
eleitos democraticamente. resultar nos resultados comunidade, as normas
desejados por um grupo políticas, os padrões
de cidadãos (ou profissionais, e os
consumidores). interesses dos cidadãos.
Discrição Disrição limitada Ampla discrição para Discrição necessária,
administrativa permitida por oficiais permitir alcance dos porém restrita e
administrativos. objetivos responsável.
empreendedores.
Suposta estrutura Organizações Organizações públicas Estruturas colaborativas
organizacional burocráticas marcadas descentralizadas com com lideranças
pela autoridade top-down. controle primário de compartilhadas interna e
determinados órgãos externamente.
públicos.
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interesses públicos sobre os privados, apresentando-a como ineficiente e politicamente ingênua,
irreal, devido à complexidade da sociedade moderna, problemática (destrói o equilíbrio da
sociedade) e perigosa.
Em meio a tal ambigüidade, Roberts (2004) afirma que a participação direta dos cidadãos
é possível e aponta alguns passos a seguir na construção de um processo participativo. O primeiro
deles estaria na investigação de estudos na área e no levantamento de questões práticas que
possam ser solucionadas em conjunto. O segundo caminho estaria na construção de teorias mais
refinadas a respeito da participação direta, especialmente no campo da administração pública.
Entre as perspectivas práticas que podem ser observadas no artigo, a autora cita o uso da
tecnologia e da tecnologia da informação como meio promotor da participação, o que, combinado
à educação dos cidadãos, venha a promover maior engajamento cívico no processo de tomada de
decisão e construção de políticas públicas. Para a autora, faz-se necessário perceber o indivíduo
enquanto cidadão, porém não apenas o cidadão nos termos legais (constituição), mas sob a
perspectiva que envolve a combinação da virtude coletiva à individual, com base em propósitos
morais. Sob esse prisma, o sentido de cidadania é mais amplo do que o alcançado pelos aspectos
legais e se estende não somente à atuação do governo formal, mas também às organizações
voluntárias e ao envolvimento comunitário (ROBERTS, 2004).
Co-produção é o nome dado à estratégia que busca produzir o bem público, via
envolvimento do cidadão, órgãos públicos, privados e sem fins lucrativos. Para Whitaker (1980,
p.240), o conceito de co-produção “diz respeito ao envolvimento dos cidadãos, de modo
participativo, no processo de recebimento de um serviço público – especialmente nos casos que
objetivem mais uma mudança de comportamento do indivíduo do que modificação no ambiente
físico”. Nessa perspectiva, o autor apresenta três tipos de co-produção: o primeiro tipo está
relacionado com o ato de o cidadão solicitar determinado serviço ou auxílio; o segundo seria
aquele em que os indivíduos ajudam os servidores públicos na realização dos objetivos
estabelecidos; o terceiro e último tipo de co-produção diz respeito ao ajuste mútuo, ou seja, à
mudança mútua, resultante da troca entre cidadãos e servidores públicos. Neste sentido, tanto os
servidores como os cidadãos devem ansiar pela mudança que está sendo implementada,
utilizando o diálogo e a escuta como meios de compreensão e respeito ao outro. Tal
transformação recíproca, segundo o autor, faz com que os objetivos propostos sejam alcançados
com maior efetividade.
Uma tipologia complementar à apresentada por Whitaker (1980) encontra-se no trabalho
de Brudney e England (2003). Para os autores, o modelo de co-produção é definido pelo grau de
sobreposição das atividades realizadas pelos provedores de serviço (no caso, os servidores ou
administradores públicos) e os consumidores (no caso, os cidadãos). De acordo com os autores, a
co-produção pode ser realizada em três níveis: individualmente, em grupo ou coletivamente -
variando em complexidade de um grau mais baixo (co-produção individual) ao mais alto (co-
produção coletiva).
3. Procedimentos Metodológicos
4. Apresentação do caso
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pudessem fazer mais reivindicações para a solução dos problemas que
enfrentavam no dia-dia. (Jornal do CCPAN, 2004:07).
De acordo com a matéria, a partir da sua legalidade, a organização passa a buscar, cada
vez mais, a participação dos moradores no encaminhamento de ações que promovam a melhoria
das condições de vida da comunidade. Tal articulação comunitária, de acordo com a mesma
fonte, foi influenciada pelo estabelecimento de duas grandes instituições próximas ao bairro: a
sede da Eletrosul em Florianópolis, inaugurada em 1977, situada no mesmo bairro da
organização, e a Universidade Federal de Santa Catarina, fundada em 1960, instalada nas
proximidades.
A influência das organizações mencionadas para o desenvolvimento do bairro também foi
tema de estudo na pesquisa de Toledo e Dal Santo (2002). Segundo os autores, tais organizações
fomentaram o processo de urbanização, que, no período anterior à década de 60, contava com
pouca infra-estrutura, sendo a área bastante utilizada para criação de gado e plantio. A instalação
de tais organizações promoveu modificações no bairro, gerando uma valorização econômica. Tal
valorização deu-se em decorrência de um aumento na procura por moradia na região, alterando os
aspectos econômicos e sócio-culturais anteriormente existentes.
Em meio a esse cenário de transformações é que emerge a articulação comunitária. A
organização surge com o objetivo de “integrar e dinamizar as ações da comunidade,
aprimorando-as, como agente de seu próprio desenvolvimento”, conforme dados extraídos do
website Portal Social. Esse objetivo, de acordo com o Sr. João, foi estabelecido no Estatuto Social
da organização e permanece nos dias atuais, servindo de base para sua estrutura, a realização das
atividades e a articulação da comunidade – tópicos relatados a seguir.
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Comunidade do
bairro
Assembléia Geral
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educação de uma maneira diferente, dentro da linguagem que o grupo possa entender. Por
exemplo, apresenta-se o Estatuto do Idoso dentro de uma linguagem mais compreensível,
trabalhando com dinâmicas, mostrando os direitos do idoso (que muitos não conhecem).
Trabalha-se também a questão da valorização da auto-estima do idoso, “ensinando que ele é
importante, que não é uma ‘peça velha’, que eles precisam ter cuidado com o corpo, com a
saúde, que é legal uma senhora passar um batom, usar um brinco...” (Srta. Maria). A realização
desse projeto envolve participação tanto da prefeitura, com a disponibilização de profissionais,
como da organização de bairro, na coordenação e disponibilização de espaço físico para as
reuniões e as atividades voluntárias de profissionais da assistência social, pedagogia e psicologia.
Além disso, o projeto pode envolver ainda profissionais de outras áreas, quando os idosos
solicitam palestras de temas diversos.
Além dos projetos sociais anteriormente descritos, outros também são desenvolvidos em
paralelo, numa atividade colaborativa entre comunidade, organização de bairro, prefeitura e
voluntariado. Esses projetos são desenvolvidos da seguinte forma, como explica a srta. Maria:
Pessoas da comunidade vêm até nós para saber quais atividades estamos
fornecendo e para pedir alguma atividade em especial. Com o pedido deles,
buscamos maneiras de suprir as necessidades. Podemos, então, acionar o
voluntariado, a prefeitura ou os dois. Temos professores que atuam
voluntariamente, como os alunos de Educação Física que dão aula de futebol
para as crianças do bairro, de diversas classes sociais. Outras atividades que
temos similares são: oficina de dança, oficina de música e capoeira, por
exemplo.
Por exemplo, um problema em uma rua, em que um buraco está com vazamento,
ou com a necessidade de uma faixa de segurança, as pessoas nos procuram e
encaminhamos o problema ao órgão competente. No caso de um problema
maior, a gente reúne a comunidade e faz uma assembléia.
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b) Formalização
Como toda organização, a estudada também apresenta algumas normas e procedimentos
para a realização de suas atividades. São, porém, bastante flexíveis, de acordo com o depoimento
dos entrevistados. Uma das principais normas formalizadas levantada é a avaliação dos
profissionais disponibilizados pela prefeitura. De acordo com os entrevistados, a solicitação é
feita pela prefeitura para manutenção da parceira. Além disso, a organização conta com um
Estatuto Social, documento que dispõe, basicamente, sobre as finalidades, o patrimônio, a
Assembléia Geral, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal e disposições gerais. Além disso, o
documento também regulamenta algumas normas para a convocação de Assembléias Gerais e o
processo de eleição da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal. No entanto, segundo os
entrevistados, não existem normas rígidas para a realização das atividades diárias. A solicitação
de atividades e projetos emana, em sua grande maioria, da própria comunidade, e, a partir do
levantamento das solicitações, a organização busca envolver os parceiros para suprir as demandas
identificadas.
c) Centralização
De acordo com o depoimento dos entrevistados, há uma certa centralização de poder na
pessoa do Sr. João, dentro da organização, uma vez que os funcionários respondem a ele. Com
relação à resolução de problemas e tomada de decisões, detectou-se nas entrevistas e nos dados
secundários que, quando problemas de gravidade e relacionados unicamente com a organização
de bairro são detectados, o poder de decisão é atribuído à pessoa do Sr. João.
No entanto, quando problemas de gravidade média-baixa afligem a organização, os
funcionários têm liberdade e autonomia para resolvê-los. Assim, na execução das atividades
diárias, ambos os entrevistados relataram que o relacionamento entre integrantes da organização
acontece “de igual para igual”, ou seja, indicando baixo nível de centralização de poder. Quando
são detectados problemas na comunidade, o maior poder de decisão é atribuído à própria
comunidade, via Assembléia Geral.
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No entanto, uma grande dificuldade é observada na realização das Assembléias: o declínio
da participação, em virtude da falta de comprometimento e desconsideração com as decisões
deliberadas em Assembléia por parte dos órgãos públicos, quando a participação destes é
necessária para a execução das políticas públicas.
Isso acontece porque nem tudo que se decide em Assembléia é aceito pelo poder público,
como explica mais adiante o Sr. João:
A gente decidiu aqui e formou uma comissão, então fomos na câmara municipal
para chegar num acordo, de não fazer com 30 metros porque era muita coisa.
Um vereador em particular nos falou para batalharmos para fazer com 24
metros. Dois partidos políticos aceitaram batalhar por isso, só que três pessoas
da nossa comissão (da comunidade) não aceitaram de jeito nenhum: queriam 20
metros. Mesmo com esta articulação, a prefeitura tomou a decisão final,
mantendo os 30 metros iniciais, que era de sua vontade. Isso foi muito
desmotivador, porque a gente se articula, discute – só para este assunto foram
sete assembléias – toma uma decisão em consenso, mas, no final, quem decide é
o poder público. Gastamos um dinheirão com carro de som, mobilizamos o
pessoal, para chegar nesta situação.
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5. A organização de bairro e o Novo Serviço Público: uma comparação
De acordo com o que se viu, a comparação com as teorias apresentadas por Denhardt e
Denhardt (2003), com enfoque no Novo Serviço Público, pode ser observada no Quadro
“Comparação de Perspectivas: Antiga Administração Pública, Nova Gestão Pública e Novo
Serviço Público”.
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Papel do governo X
Mecanismos de alcance dos objetivos X
políticos
Abordagem de accountability: X X
Suposta estrutura organizacional X
Supostas bases de motivação dos X
servidores públicos
Quadro 02: Síntese da Comparação Teórico - Prática
Fonte: Os autores.
6. Conclusão
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seus valores, entender o significado da palavra democracia e, principalmente, aceitar que seu
papel é o de servir ao cidadão.
Como sugestão a futuros trabalhos na área, seria interessante uma pesquisa com os órgãos
públicos e as organizações privadas que atuam em conjunto com a comunidade, para identificar a
base de valores existente ao se desenvolver uma atividade de co-produção. Tal pesquisa, quando
focada na administração pública e comparada aos modelos apresentados por Denhardt e Denhardt
(2003), também colaborariam para o campo de estudo em questão.
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