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Entender a origem e a ontologia de uma área é importante para melhor compreender seus

desdobramentos, sua trajetória e suas perspectivas. A política pública enquanto área de

conhecimento e disciplina acadêmica nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas

seguidas pela tradição européia de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam,

então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que propriamente na produção

dos governos. Assim, na Europa, a área de política pública vai surgir como um

desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o Estado e sobre o

papel de uma das mais importantes instituições do Estado, ou seja, o governo, produtor, por

excelência, de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico

sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto

para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos. A base da área nos EUA é a de que,

em democracias estáveis, aquilo que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser a)

formulado cientificamente e b) analisado por pesquisadores independentes.

Conceitos de Políticas Públicas

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do
tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em caso
de ataque inimigo.

Entretanto, com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se


diversificaram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bemestar da
sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes
áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente.

Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam
das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: “(...) Políticas Públicas são um
conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade
(...).”

Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos
(nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse
público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões)
selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da
sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto
ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral.

Como e por que surgiu a área de políticas públicas?

Entender a origem e a ontologia de uma área é importante para melhor compreender seus
desdobramentos, sua trajetória e suas perspectivas. A política pública enquanto área de conhecimento e
disciplina acadêmica nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição européia de
estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise sobre o Estado e suas
instituições do que propriamente na produção dos governos. Assim, na Europa, a área de política
pública vai surgir como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o
Estado e sobre o papel de uma das mais importantes instituições do Estado, ou seja, o governo,
produtor, por excelência, de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico
sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase
nos estudos sobre a ação dos governos. A base da área nos EUA é a de que, em democracias estáveis,
aquilo que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser a) formulado cientificamente e b) analisado
por pesquisadores independentes. Assim, a trajetória da disciplina, que nasce no interior da ciência
política, abre o terceiro grande caminho trilhado pela ciência política norte-americana no que se refere
ao estudo do mundo público. O primeiro, seguindo a tradição de Madison, cético da natureza humana,
focalizava o estudo das instituições, consideradas fundamentais para limitar a tirania e as paixões
inerentes à natureza humana. O segundo caminho seguiu a tradição de Paine e Tocqueville, que via
nasorganizações locais a virtude cívica para promover o bom governo. O terceiro caminho aberto foi o
das políticas públicas como um ramo da ciência política capaz de orientar os governos nas suas decisões
e entender como e por que os governos optam por determinadas ações. Na área do governo
propriamente dito, a introdução da política pública como ferramenta das decisões do governo é produto
da Guerra Fria e da valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas conseqüências. Seu
introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara, que estimulou a criação, em 1948, da RAND
Corporation, organização não-governamental financiada por recursos públicos e considerada a
precursora dos think tanks.

O que são políticas públicas

Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública. Mead

(1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de

grandes questões públicas. Lynn (1980) a define como um conjunto específico de ações do

governo que irão produzir efeitos específicos. Peters (1986) segue o mesmo veio: política
pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que
influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o
governo escolhe fazer ou não fazer”.

A definição mais conhecida continua sendo a de Laswell, ou seja, decisões e análises sobre política
pública implicam em responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz.

Outras definições enfatizam o papel da política pública na solução de problemas.

Hierarquia das políticas públicas

As políticas públicas tem uma determinada hierarquia, o que quer dizer que, há políticas de nível
mundial, como os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), políticas de nível continental como
a Nova Parceria para o Desenvolvimento de Africa (NEPAD), até políticas de nível distrital, como o Plano
Estratégico de Desenvolvimento do Distrito (PDD).

-Mundial Objectivos de Desenvolvimento do Milénio;

-Regional (continente) NEPAD;

-Nacional Agenda 2025; PQG; PARPA; Cenário Fiscal de Médio Prazo;

-Transversais PROAGRI; PEN; Política Nacional do Ambiente;

-Sectorial Política Nacional de Saúde; Política Nacional de Educação; SISTAFE;

-Provincial Planos Estratégicos Provinciais;

-Distrital Planos de Desenvolvimento dos Distritos;

Desenvolvimento Rural

O conceito de desenvolvimento rural não é entendido como modernização agrícola, nem como

industrialização ou urbanização do campo. O desenvolvimento está associado à ideia de criação de


capacidades - humanas, políticas, culturais, técnicas etc.- que permitam às populações rurais agir para
transformar e melhorar suas condições de vida, por meio de mudanças em suas relações com as esferas
do Estado, do mercado e da sociedade civil. Para tanto, é indispensável que essas populações ampliem
seu acesso a recursos materiais e simbólicos - terra, crédito, conhecimento e informações, organização
etc, a bens e serviços - públicos e privados - e a oportunidades - de emprego, geração de renda, saúde,
educação etc. originadas principalmente nas políticas públicas, mas também em mercados. Ademais,
esse processo de ampliação de capacidades e de acessos que caracteriza o desenvolvimento deve
também criar condições para que as populaçõespossam precaver-se contra o aumento dos riscos -
sociais, ambientais, econômicos, entre outros -normalmente associados a processos complexos de
mudança social implícitos na consideração do desenvolvimento.

O conceito de rural ou de ruralidade não está associado exclusivamente à dimensão agrícola, nem é
concebido como um resíduo atrasado do urbano. Pelo contrário, a visão de rural e de ruralidade
afirmada desde a 1ª CNDRSS destaca positivamente que a diversidade e a multifuncionalidade são
marcas específicas dos espaços rurais e que o rural tem um papel importante a desempenhar no
desenvolvimento do país. Kageyama (2004) relata que existem várias definições, mas que há
certo consenso sobre as seguintes: enxergar o rural não como sinônimo de agrícola e nem
como exclusividade sobre este; a natureza multifuncional (funções produtiva, ambiental,
ecológica e social) e multissetorial (pluriatividade) do rural; a inexistência de um isolamento
absoluto em áreas rurais e áreas urbanas; e a densidade populacional relativamente baixa.
Abramovay (2000) enfatiza que o que deve ser levado em conta ao definir o meio rural são suas
características gerais: o contato mais imediato com a natureza, a baixa densidade populacional
e a inserção em dinâmicas urbanas. ...

... Além disso, os aspectos demográficos e ambientais também possuem importante relação
com o meio rural. Segundo Kageyama (2004), quanto maior a densidade demográfica, menor o
isolamento das áreas rurais e maiores as oportunidades de estabelecimento de redes sociais, e
quanto maior a população rural e seu crescimento, maior a capacidade da área rural de reter
população.

Enquanto o desenvolvimento agrícola trata das condições da produção agrícola e suas características,
no sentido estritamente produtivo, o desenvolvimento agrário abrange condições de produção mais
amplas, tanto agrícolas como pecuárias e florestais, incluindo as relações sociais em torno do uso da
terra, relações de trabalho e mercados, entre outros. O termo desenvolvimento rural diferencia-se dos
dois anteriores pelo facto de abranger uma acção premeditada de indução de mudanças num
determinado ambiente rural. Neste âmbito, para além do Estado agir como o agente fundamental, o
móbil principal das transformações preconizadas é a melhoria do bem-estar das populações rurais.

Desenvolvimento rural significa transformação da composição e da estrutura social, económica,


política, cultural e ambiental das áreas rurais. Isto implica actuar sobre os estrangulamentos da
economia e das instituições da sociedade rural, nomeadamente sobre as variáveis simultaneamente
importantes e onde a zona rural é mais débil ou fraca. É transformação do importante, do fraco em
fortedo improdutivo em produtivo, com vista a gerar progresso, crescimento e expansão da economia
rural.
Nesta perspectiva, o desenvolvimento rural não é uma etapa decurto prazo, nem um mero somatório de
objectivos e intenções, ou simples acumulação de recursos e capacidades no campo. É um processo de
mudança a longo prazo, cheio de variados conflitos, compromissos e opções, muitos dos quais
mutuamente exclusivos, que requerem decisões selectivas.

De forma simples, desenvolvimento rural é entendido na EDR como o processo de melhoria das
condições de vida, trabalho, lazer e bem-estar das pessoas que habitam nas áreas rurais.

Políticas públicas de desenvolvimento rural e a agricultura familiar são partes de um mesmo corpo ,
que representam os interesses vitais de uma comunidade ou território . Em outros são atribuições
exclusivas das administrações do político , nas quais nem sempre as famílias se vêm associados ou
reconhecidos .

O tema políticas públicas, que para DELGADO & ROMANO ( 1999), "... compreendem tanto as
intervenções realizadas pelo governo ( em nível estadual ou municipal ) como também pelas ONG'S e
entidades do sector privado desde que destinadas a atender objectivos que sejam públicos.

Instância política de decisão para o desenvolvimento rural sustentável municipal

O estudo do desenvolvimento rural implica em um significado e complexo número de relações entre a


agricultura e a sociedade. Contudo, nem sempre esse conjunto de relações favorece os agricultores
familiares e , indica que a complexidade institucional inerente ao assunto o torna um processo
multidimensional .

PLOEG Et Al . (2000), diz que existe uma reduzida participação das instituições e da população, no
cotidiano das politicas públicas para o desenvolvimento rural, em razão dos interesses económicos
majoritarios não a fomentar em e as autoridades locais não priorizar em a execução do plano e
programas específicos de desenvolvimento rural.

- miguel@.cnpma.embrapa.br

-SOUZA CELINA, Políticas Públicas : Conceitos, Tipologias e Sub - Áreas.

- BELONI, Isaura,Magalhães, Heitor de é Sousa,Luísa (2001) Metodologia de Avaliação em Políticas


Públicas. São Paulo : Corte.

- Quadro de Referência Teórica, Revista Fundação João Pinheiro : 108- 129


-De CARVALHO,MATHEUS COTTA, Políticas Públicas, Conceitos e Práticas, Série Políticas Públicas ,
Volume 7.

- MUZZI DÉBORA, Tipologia de políticas públicas : Uma proposta de extensão do modelo de Lowi,
Lisboa, 2014.

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