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REGULAÇÃO DAS POLITICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO

Origem das politicas públicas

Segundo Souza (2002), a política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica
nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição europeia de estudos e
pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise sobre o Estado e suas
instituições do que propriamente na produção dos governos.

Ainda Souza (2002) aponta que na Europa, a área de política pública vai surgir como um
desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o Estado e sobre o papel de
uma das mais importantes instituições do Estado, ou seja, o governo, produtor, por excelência, de
políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico sem estabelecer
relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase nos estudos
sobre a ação dos governos. A base da área nos EUA é a de que, em democracias estáveis, aquilo
que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser a) formulado cientificamente e b) analisado
por pesquisadores independentes.

A área contou com quatro grandes “pais” fundadores: H. Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D.
Easton.

Laswell (1936) introduz a expressão policy analysis (análise de política pública), ainda nos anos
30, como forma de conciliar conhecimento científico/acadêmico com a produção empírica dos
governos e também como forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de
interesse e governo.

Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos decisores públicos (policy
makers), argumentando, todavia, que a limitação da racionalidade poderia ser minimizada pelo
conhecimento racional. Para Simon, a racionalidade dos decisores públicos é sempre limitada por
vários problemas, tais como informação incompleta ou imperfeita, tempo para a tomada de
decisão, auto-interesse dos decisores etc., mas a racionalidade, segundo Simon, pode ser
maximizada até um ponto satisfatório pela criação de estruturas (conjunto de regras e incentivos)
que enquadre o comportamento dos atores e modele esse comportamento na direção dos
resultados visados, impedindo, inclusive, a busca de maximização de interesses próprios.
Lindblom (1959) questionou a ênfase no racionalismo de Laswell e Simon e propôs a
incorporação de outras variáveis à formulação e análise de políticas públicas, tais como as
relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório, o qual não teria
necessariamente um fim ou um princípio. Daí porque as políticas públicas precisariam incorporar
outros elementos à sua formulação e à sua análise além das questões de racionalidade, tais como
o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e dos grupos de interesse.

Easton (1965) contribuiu para a área ao defini-la como um sistema, ou seja, como uma relação
entre formulação, resultados e o ambiente. Segundo Easton, as políticas públicas recebem inputs
dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse, que influenciam seus resultados e efeitos.

Conceito de políticas públicas

Segundo Mead (1995), “políticas públicas são um campo dentro do estudo da política que analisa
o governo à luz de grandes questões públicas”.

Para Lynn (1980), “políticas públicas é um conjunto específico de ações do governo que irão
produzir efeitos específicos”.

“Política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de
delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos” (Peters, 1986).

Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não
fazer”.

Em torno das perspetivas acima referidas, consideramos por políticas públicas como sendo um
conjunto de mecanismos ou actividades impostas pelo governo para resolver os vários problemas
que apoquenta o povo.

Regulação Das Politicas Educativas Em Moçambique

Freiras (2001) refere que qualquer mudança no âmbito da educação só pode ser feita “com” os
professores, mas, para isso, eles têm que ser informados, formados, e, corroborando Costa
(2007), “avaliação”, na perspetiva do incentivo de boas práticas e de partilha de experiências,
(apud Faria & Pacala, 2020).

Desta forma, o que diferencia a política de educação de outras politicas é o conjunto dos seus
objectivos e a população alvo dessas politicas para as quais foram direcionadas, o seu foco.
As políticas educativas, de forma dialética e consensual, podem construir, junto com os
protagonistas da comunidade escolar, a descentralizar e a autonomia das escolas. As imposições
por decretos, circulares e outras formas de comunicar normas e regras de modelo de cima para
baixo não ajudam a escola a desenvolver as suas reais capacidades de gestão e formação.

Segundo Uaciquete (2010),


A historia da educação em Moçambique pode ser descrita em dois grandes períodos: a educação
colonial e a educação pós-independência. Cada um desses períodos é dividido em momentos
marcados por transformações sociais, económicas, politicas e ideológicas significativas que se
caracterizam por um lado, pela imposição de uma ordem social e cultural hegemônica e negação
das estruturais tradicionalmente existentes e por outro, pela luta, roupas, superação e implantação
de uma nova sociedade.

No período antes da independência destacam-se, como marcos importantes, o facto de ter


havido a educação colonial e a educação no governo de transição. Este período foi caracterizado
por uma educação discriminatória, devido ao regime colonial. Os curricula defendiam as
finalidades da Metrópole. Mas, com a fundação da FRELIMO, surgiram as zonas libertadas,
constituindo a primeira fase de integração e valorização da educação moçambicana.

O período pós-independência tem como marcos: o antes e o depois do surgimento do SNE (Lei
4/83); o surgimento da Lei nº 6/92 e da Lei 18/2018. Resumo do tema 41 – FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO.

A independência trouxe uma nova dinâmica na educação em Moçambique, a qual se refletiu na


garantia, pelo Estado, da educação para todos, expansão da rede escolar; sistematização da
experiência de educação nas zonas libertadas, formação de professores e revisão curricular
contínua.

Nesta forma as politicas centradas na educação em Moçambique de estar centradas para


responder aos problemas ligadas ao ensino, deve implementar politicas adequadas

A formulação das politica públicas de educação em Moçambique

A formulação das politicas publicas de educação em Moçambique partiram da elaboração de


propostas de politicas públicas e de acção governamental, que envolve uma série de etapas. De
acordo com a teoria do ciclo da politica pública, o caminho seguido começa com a elaboração de
uma agenda, onde interesses e propostas são colocadas na mesa de negociações, definindo-se
preferências que são adaptadas ao projecto politico governamental. Seguem-se as etapas de
formulação de propostas, escolha de alternativas e implementação das politicas públicas, através
da operacionalização em programas e projectos pelas áreas competentes.

Segundo PPE (2012-2016, apud Faria & Pacala, 2020),


A elaboração das politicas é construída a partir da analise e avaliação dos progressos observados e
dos desafios identificados durante a implementação do Plano Estratégico de Educação anterior,
com o objectivo de melhorar o desempenho no sector dos próximos anos. Depois de toda essas
amplas consultam, todas as sugestões são harmonização pelo Ministério de Educação e
Desenvolvimento Humano, que elabora o Plano Estratégico de Educação, que depois de aprovado
pelo Conselho de Ministros, vai para Assembleia da República para a sua aprovação e posterior
homologação pelo Presidente da República. Envolve, pois, uma ampla discussão nacional, varias
reflexões e consultas internas e externas, nos diversos níveis do sector (p.3).
Bibliografia

Easton, D. (1965). A Framework for Political Analysis. Englewood Cliffs: Prentice Hall.
Dye, Thomas D. (1984). Understanding Public Policy. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall.
Faria, C. F. & Pacala, F. L. B. (2020). Politicas Públicas de Educação: Programa de Ensino
Secundário a Distância (PESD) em Moçambique. Disponível em
<www.africaeafricanidades.com.br>. Acesso no dia 12 de Fevereiro de 2024.
Freitas, A. L. (2001). Fundamentos, dilemas e desafios da avaliação na organização curricular por
ciclos de formação. São Paulo, Brasil: Cortez.
Laswell, H.D. (1936). Politics: Who Gets What, When, How. Cleveland, Meridian Books.
Lindblom, Charles E. (1959). The Science of Muddling Through. Public Administration Review.
Lynn, L. E. (1980). Designing Public Policy: A Casebook on the Role of Policy Analysis.
Santa Monica, California: Goodyear.
Mead, L. M. (1995). Public Policy: Vision, Potential, Limits, Policy Currents.
Peters, B. G. (1986). American Public Policy. Chatham, N.J.: Chatham House.
Simon, H. (1957). Comportamento Administrativo. Rio de Janeiro, Brasil: USAID.
Souza, C. (2002). Políticas Públicas: Conceitos, Tipologias e Sub-Áreas. Disponível em
<https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3843/material/001-
%20A-%20POLITICAS%20PUBLICAS.pdf >. Acesso no dia 12 de Fevereiro de 2023.
Uaciquete, A. S. (2010). Modelos de administração da educação em Moçambique (1983-2009).
Dissertação (Mestrado) em Administração e Politicas Educativas. – Universidade de Aveiro.

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