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POLÍTICAS PÚBLICAS
EDITAL
CONHECIMENTOS GERAIS
1 POLÍTICAS PÚBLICAS
1.1 Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias.
1.2 Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos
de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas;
monitoramento e avaliação.
1.3 Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como
políticas de Estado.
1.4 Federalismo e descentralização de políticas públicas no
Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas
nacionais.
OBJETIVO DO SEGUNDO TÓPICO:
Apresentar diferentes:
UM PASSO ATRÁS
Origens
● A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica nasce nos EUA,
rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição européia de estudos que se
concentravam mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos
governos;
● Surge no mundo acadêmico passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos
governos, como terceiro grande caminho trilhado pela ciência política norte-americana no que
se refere ao estudo do mundo público;
● O primeiro, seguindo a tradição de Madison, focalizava o estudo das instituições, consideradas
fundamentais para limitar a tirania e as paixões inerentes à natureza humana; e o segundo
caminho seguiu a tradição de Paine e Tocqueville, que viam, nas organizações locais, a virtude
cívica para promover o “bom” governo.
(CELINA SOUZA, 2006)
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Origens
● Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública como ferramenta das
decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da tecnocracia como forma de
enfrentar suas conseqüências;
● Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a criação, em 1948, da
RAND Corporation, organização não-governamental, financiada por recursos públicos e
considerada a precursora dos think tanks;
● O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema, engenheiros,
sociólogos etc., influenciados pela teoria dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma
guerra poderia ser conduzida como um jogo racional;
● A proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e às decisões do governo sobre
problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção governamental,
inclusive para a política social.
(CELINA SOUZA, 2006)
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Origens
● Considera-se que a área de políticas públicas, enquanto disciplina, contou com quatro grandes
“pais” fundadores: H. Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton.
● Laswell (1936) introduz a expressão policy analysis (análise de política pública) como forma de
conciliar conhecimento científico/acadêmico com a produção empírica dos governos e também
como forma de estabelecer o diálogo entre cientistas sociais, grupos de interesse e governo;
● Simon (1957) introduziu o conceito de racionalidade limitada dos decisores públicos (policy
makers) por falta de informação, tempo, auto-interesse dos decisores, etc., argumentando,
todavia, que a limitação da racionalidade poderia ser minimizada pelo conhecimento racional.
Origens
● Lindblom (1959; 1979) questionou a ênfase no racionalismo de Laswell e Simon e propôs a
incorporação de outras variáveis à formulação e à análise de políticas públicas, tais como as
relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório o que não teria
necessariamente um fim ou um princípio, o papel das eleições, das burocracias, dos partidos e
dos grupos de interesse, etc.;
● Easton (1965) contribuiu para a área ao definir a política pública como um sistema, ou seja,
como uma relação entre formulação, resultados e o ambiente. Segundo Easton, políticas
públicas recebem inputs dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse, que influenciam seus
resultados e efeitos.
Síntese 1
● Pode-se, então, resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo
tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor
mudanças no rumo ou curso dessas ações;
● Território de várias disciplinas, teorias e modelos analíticos, como economia, psicologia,
sociologia, história e dos estudos das organizações;
● Após desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de
dados ou sistema de informação e pesquisas;
● Quando postas em ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas de
acompanhamento e avaliação.
Síntese 3
A análise das políticas públicas, enquanto ciência social, beneficiou no seu desenvolvimento de
quadros teóricos e de conceitos de outras disciplinas, sendo vasto o seu património teórico
sistematizado em obras de referência, como por exemplo Parsons (1995), Hill (2009), Knoepfel
et al. (2011), Sabatier (2007) e Fischer (2003).
Existem quatro modelos considerados por vários autores como sendo os quadros analíticos mais
promissores, dadas as suas características. São eles: (1) o modelo sequencial ou do ciclo
político, (2) o modelo dos fluxos múltiplos, (3) o modelo do equilíbrio interrompido e (4) o
quadro teórico das coligações de causa ou de interesse.
Então, ele vai propor o “Multiple Streams Framework”, que procura responder às seguintes
questões: (i) Porque é que os decisores políticos prestam atenção a um determinado assunto em
detrimento de outros? (ii) Como e porquê se alteram as agendas políticas ao longo do tempo? (iii)
Como é que os decisores políticos selecionam soluções para os problemas, de entre um vasto
conjunto de alternativas?
Janela de oportunidade política, que se abre quando convergem três fluxos de variáveis:
a) percepção pública dos problemas (fluxo dos problemas, condicionada por mecanismos como
indicadores, eventos, crises, símbolos e feedback da ação política);
b) o conhecimento de soluções políticas e técnicas adequadas aos valores dominantes (fluxo das
políticas ou “soluções”, composto pelo conjunto de alternativas e soluções disponíveis, geradas
no interior das comunidades políticas);
c) e as condições de governação (fluxo da política, com variáveis como “sentimento nacional” da
população, “forças políticas organizadas” dos partidos e grupos de interesse, e “mudanças
governamentais” nas chefias dos poderes).
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Cada um dos conjuntos dispõe de recursos distintos: os atores visíveis dispõem de uma
autoridade formal e de prerrogativas legais, que lhes são concedidas pelo seu próprio estatuto,
enquanto os atores invisíveis detêm um maior controle sobre as alternativas e soluções
disponíveis.
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Imagem Política - são ideias que permitem a compreensão dos problemas e das soluções e
que podem ser comunicadas de forma simples e partilhadas por uma comunidade. Ou seja, são
retratos dos problemas, incluindo as narrativas sobre as suas causas e as soluções para os
resolver. Quando uma imagem é largamente partilhada e aceite constitui-se como monopólio
político, que mantêm o equilíbrio e a estabilidade dos sistemas. Quando há divergências em
relação a uma imagem os defensores de ideias diferentes podem conseguir desestabilizar o
monopólio. Ex.: Aborto.
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Eles recorrem a vários conceitos, tais como: sistema de crenças,subsistema político, coligação de
causas e mediadores políticos.
Sistema de crenças: envolve ideias, valores ontológicos e normas, percepções sobre as causas dos
problemas e os efeitos e a eficácia das soluções políticas, das instituições e dos recursos
mobilizados, sendo partilhados por atores envolvidos em determinada política (substitui o conceito
de “imagem política”.
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Coligação ou Coalizão de Defesa: ocorre quando estes atores, que partilham de um mesmo sistema
de crenças, agem de forma concertada para atingir determinados objetivos políticos.
Os subsistemas integram uma diversidade de coligações que competem entre si para influenciar a
tomada de decisão política. Os mediadores políticos (policy brokers), atores que tentam gerar
compromissos entre as posições das diferentes coligações, com o objetivo de apresentar propostas de
mudança política viáveis e influenciar a posição dos decisores políticos e das instituições
governamentais.
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Síntese final
Todos os modelos apresentados possuem ainda outros conceitos menores e variáveis. Mas, para
efeito de síntese, ficaremos com esta explicação. Caso queira aprofundar, leia Araujo e Rodrigues
(2017). Quero retomar 2 conceitos que ficaram soltos na primeira aula:
● AÇÃO PÚBLICA - são dispositivos técnico-sociais que orientam as relações entre a administração
estatal e a sociedade civil. Essas relações são aquilo que tem caracterizado as políticas públicas
na contemporaneidade de maneira que, conforme Farah (2011), o público é ampliado para além
das fronteiras do Estado, incluindo as organizações da sociedade civil no seu processo de
formulação, implementação e controle. Para saber mais, ler ANDRADE e VALADÃO, 2017.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Jackeline Amantino de.; VALADÃO, José de Arimatéia Dias. Análise da instrumentação da
ação pública a partir da teoria do ator-rede: tecnologia social e a educação no campo em Rondônia, Rev.
Adm. Pública 51 (3) • May-Jun 2017, https://doi.org/10.1590/0034-7612153318
ARAÚJO, Luisa.; RODRIGUES, Maria de Lurdes Rodrigues. Modelos de análise das políticas públicas, Sociologia,
Problemas e Práticas [Online], 83 | 2017, posto online no dia 06 fevereiro 2017. URL:
http://journals.openedition.org/spp/2662
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos, 2ª ED. São Paulo: Cengage
Learning, 2014.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura.Sociologias , Porto Alegre, n. 16, p. 20 a 45 de dezembro
de 2006. Disponível em . Acesso em 30 de setembro de 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222006000200003.