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ASSOMBRAÇÃO DA HISTÓRIA: REFLEXÕES


SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E
HISTÓRIA EM ESPAÇOS E TEMPOS PÓS-
COLONIAIS AFRICANOS
HAUNT OF THE HISTORY: REFLECTIONS ON
THE RELATIONS BETWEEN LITERATURE AND
HISTORY IN THE AFRICAN POST-COLONIAL
SPACES AND TIMES.
José Dércio Braúna

Resumo Aviso à porta de entrada

Tomando como ponto de partida as “É importante começarmos por


reflexões de Raymond Williams sobre
desenhar uma baliza e iniciarmos
questões culturais, este texto busca
empreender algumas reflexões sobre as diálogos fundados nas mesmas
problemáticas propostas pelos Estudos definições, com igual entendimento das
culturais, mais especificamente sobre as palavras e dos conceitos.” (COUTO,
discussões colocadas pelas teorias pós- 2005, p. 85). Estas palavras bem podiam
coloniais, com ênfase nas relações entre ser um conselho, um aviso afixado à
história e literatura africanas. porta de entrada (assim digamos) de
Palavras-chave: Pós-colonialismo. alguma qualquer discussão: estarmos de
Literatura africana. Mia Couto. acordo acerca do que quer dizer a
palavra usada para nomear uma idéia ou
Abstract conceito. Decerto que isto pouparia aos
debatedores equívocos e descaminhos
Taking as its starting point the ideas of
desnecessários, preciosas energias
Raymond Williams on cultural issues,
this text seeks to undertake some desperdiçadas dando-se voltas e voltas
reflections on the problems suggested by em torno de um mesmo nome que,
cultural studies, specifically on the contudo, muitas vezes, está agarrado a
discussions raised by postcolonial coisas (e quem diz coisas quer dizer
theories, with emphasis on relations práticas, experiências, processos) diferentes. E
between history and literature of Africa. este aviso à porta de entrada, se de
Keywords: Post-colonialism. African validade para qualquer discussão, que se
literature. Mia Couto. dirá para aquelas que se dão nos
domínios da história; que se dirá para
aquelas que se dão nos domínios de algo
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tão comumente pronunciado sem cultura”, para sua inextrincável relação


preocupação de definição e que, com a sociedade, com os sujeitos
contudo, abarca sentidos muitos – (CEVASCO, 2007, p. 10-14). Não é de
processos de desenvolvimento, modos somenos importância lermos às páginas
de vida específicos, trabalhos intelectuais de um trabalho desse estudioso que sua
e artísticos (CEVASCO, 2001, p. 46) –, investigação acerca da historicidade das
como é o caso dos domínios da cultura? palavras (e do que elas, complexamente,
Mas, como é sabido – “para grande nomeiam) “se iniciara com a tentativa de
desespero dos historiadores” – “os entender diversos problemas
homens não têm o hábito, a cada vez contemporâneos urgentes – literalmente
que mudam de costumes, de mudar de problemas que tinham que ver com a
vocabulário” (BLOCH, 2001, p. 59), o compreensão do meu mundo imediato
que, por outras palavras, é dizer que: (...).” (WILLIAMS, 2007, p. 30). Como
As palavras e os conceitos são vivos, se pode ler, a “consciência das palavras
escapam escorregadios como peixes
entre as mãos do pensamento. E
como partes dos problemas” adveio da
como peixes movem-se ao longo do própria experiência do sujeito, de sua
rio da História. Há quem pense que necessidade de compreender seu
pode pescar e congelar os conceitos.
Essa pessoa será quanto muito um mundo. Não é acaso, pois, que a
coleccionador de ideias mortas. originalidade de sua contribuição seja
(COUTO, 2005, p. 85) apontada justamente nesses domínios,
qual seja a cultura entendida como
Cultura: “termo consciência prática, como cultura vivida.
excepcionalmente complexo” Raymond Williams, o estudioso
(WILLIAMS, 1992, p. 10), que “funde e que refiro, por seu próprio percurso,
confunde”, que abarca variações e demonstra o quão indissociável está o
contradições (WILLIAMS, 1979, p. 17), entendimento da sociedade e as questões
não há dúvidas, é um desses peixes que de sua cultura (não como abstração, mas
se movem ao longo do rio da história, como materialidade). Seu trabalho, seu
que escapam escorregadios por entre as cuidado para com a história dos
mãos do pensamento. Quem o diz é um “conceitos mais básicos” – os dos quais
estudioso que teve por empenho o de, se parte, em geral concebidos como se
historicamente, buscar uma “consciência portos seguros fossem –, buscando dar a
do próprio conceito” (WILLIAMS, ver a cultura como constituinte do social
1979, p. 17) – não apenas deste, mas de e não como seu reflexo, não como
uma série de outros termos crucias para mediação entre dois domínios estanques:
o pensamento das questões culturais –, a arte e a sociedade; com seu afazer,
numa clara percepção de que o “trajeto pois, Williams faz-nos atentar para as
do significado conta uma história” e que separações, “tão fatídica[s]”, que o
essa história aponta para algo pensamento racionalista operou:
fundamental: “a função social da arte/ciência,
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experiência/experimentação, constituinte, é possível lidar, fazer uso


individual/social, linguagem/realidade da moldura sem deformar o retrato,
(WILLIAMS, 1979, p. 31-36). Chama- entendendo, deste modo, que é o retrato
nos a atenção o fato de que o processo (aquilo que está na vida, que se quer
de significar o mundo é complexo, não analisar, que se quer dar dizibilidade de
podendo ser reduzido a domínios um modo compreensível, que se quer
absolutos, intocáveis entre si capturar, mas que só existe em
(econômico, político, cultural, etc.)1. movimento) a desenhar a moldura.
Assim, como também, ao tomar a Doutro modo, seremos não mais que
literatura como objeto de suas colecionadores de ideias mortas. E cultura é
investigações, Williams retirou-a do uma ideia bem viva, bem sabemos.
domínio do etéreo, da abstração que a
colocava fora dos domínios da
materialidade da vida, das relações Quebrando molduras, reescrevendo
sociais; ao demonstrar a “ingenuidade”, retratos: reflexões sobre o pós-
“teórica e histórica”, de tal concepção de colonial
literatura, Williams indica a necessidade
de um “reconhecimento necessário”: o Viva e complexa, a ideia de
de que “a literatura, embora possa ser cultura, pelo menos desde o século XX,
outras coisas, é o processo e o resultado se imiscui em tudo, perpassa todos os
de composição formal dentro das domínios, vai desde o mundo da casa e
propriedades sociais e formais de uma da família3 até relações entre nações (as
língua”; o que é dizer que qualquer lida “culturas nacionais”), indo-se mesmo ao
com a literatura não pode prescindir de ponto de se afirmar, em diversos
considerar esse processo e suas quadrantes de saberes, que vivemos a
circunstâncias (WILLIAMS, 1979, p. “era da cultura”, um “tempo definido
51). pelo cultural”, tudo isto se dando ao
Assim, se um conceito pode ser mesmo tempo em que se considera
entendido (metaforizado) como uma haver uma “crise da cultura
espécie de moldura que busca delimitar contemporânea” (CEVASCO, 2001, p.
um retrato, nunca é demasiado deixar 15).
assente que é carecido entender-se que Como então pensar esse
“são as dinâmicas próprias, os conflitos paradoxo de se viver num tempo
particulares que definem os conceitos, saturado e definido pelo cultural, ao
complexos e contraditórios”. Faz-se mesmo tempo em que esse cultural vive
necessário, pois, compreender-se que “o sob o signo de uma crise? Talvez um dos
rosto do conceito só existe em primeiros passos a se dar seja explicitar de
movimento, em conflito entre o retrato que ângulo se está considerando essas questões –
e a moldura.” (COUTO, 2005a, p. 11)2. saturação e crise do cultural. É o que
Só assim, dentro dessa tensão aponta Maria Elisa Cevasco. Um
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apontamento profícuo, pois que a problema no sentido de movimento


depender do ângulo de visada, mudam- histórico ainda não definido, que
se os retratos e as molduras usados para “interagiu com uma história e
representar os tempos, sejam os do experiência em transformação”
presente, sejam os do passado. O que é (WILLIAMS, 1979, p. 17-18).
privilegiar a experiência, os modos No que me toca mais de perto,
diversos do vivido, com isso quebrando ou seja, tomar tais reflexões para pensar
a “noção de universalidade”, aquela, a nascença da nação moçambicana, a partir da
segundo Ivone Cordeiro Barbosa, “que obra do escritor Mia Couto, a experiência
supõe a existência de um ser humano em transformação é justamente esse parto da
universal e a existência de um sentido nação. E se considerarmos que essa é
único para a vida e para a história.” uma questão maior para qualquer
(BARBOSA, 1997, p. 299). Sob esse sociedade, que se dirá para uma jovem
viés, pensar a própria ideia de crise, em nação como Moçambique, nascida,
sua pluralidade de sentidos, é formalmente, a 25 de junho de 1975.
significativo. “Manifestação violenta e Uma nação ainda em nascença, pois,
repentina de ruptura de equilíbrio”, mas que em seus poucos mais de trinta
“momento histórico indefinido ou de anos como Estado independente passou
riscos inquietantes”, “fase difícil, grave, por complexos processos, os quais, de
na evolução das coisas, dos fatos, das modo muitíssimo sumário, e somente
idéias”, “momento perigoso ou assim, poder-se-ia referir: uma guerra
decisivo”, “conjuntura”, “tensão, independentista contra a metrópole
conflito”, “ponto de transição”; eis colonial, Portugal, levada a cabo pela
alguns dos significados dicionarizados FRELIMO – Frente de Libertação de
do termo (HOUAISS, 2002), e que Moçambique (entre 1964-1974). A busca
apontam justamente para certo senso de por implementação de um projeto de
equilíbrio frágil, instável, em que os sociedade socialista, nos moldes do
olhares sobre as coisas têm de buscar marxismo-leninismo assumido pela
novas formas de ver e de dizer dessa FRELIMO pouco tempo depois da
vista. independência e um processo de guerra
E decerto um desses inovadores civil contra a RENAMO – Resistência
modos de ver e de dizer é o pós- Nacional Moçambicana (entre 1976-
colonial, “o setor mais florescente dos 1992), na qual diversos fatores estiveram
estudos culturais de hoje”, na percepção imbricados (não apenas de ordem
de Terry Eagleton (2005, p. 20). E, política). A passagem desse modelo
fazendo uso de já das contribuições de socialista a uma economia de mercado, a
Williams4, não posso deixar de tornar partir da adoção de programas de
um conceito básico, do qual estou partindo, reestruturação econômica e social,
como pós-colonial, em um problema, no capitaneados por organismos
entendimento proposto por Williams: econômicos internacionais (Fundo
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Monetário Internacional, Banco Essa fala de Mia Couto é


Mundial) e, claro, todas as significativa ao apontar para algo
transformações sociais que estas fundamental dentro da perspectiva dos
experiências operaram nas vidas das estudos pós-coloniais: o repensamento e
gentes moçambicanas. a reescritura da história. É esse processo
São processos complexos, de tomada de rédeas, de ousadia de
ambíguos, contraditórios (como o é a expor o próprio olhar sobre as verdades
história), que nos levam à percepção de escritas por outros que faz dessa
que pensar esse país africano em seus perspectiva uma possibilidade de tal
tempos pós-coloniais “é pensar um repensamento, naquilo que Homi
território pleno de antiqüíssimas Bhabha nomeia como “uma dúvida
diversidades reflectidas num conjunto de positiva”, própria do pós-colonial, em
tensões identitárias cuja cartografia está sua reivindicação pelo necessário
longe de ser linear ou sequer previsível, “direito à narração”. Para Bhabha, “é a
dada a sua dinâmica e plasticidade.” infiabilidade das narrativas da História e
(RIBEIRO; MENESES, 2008, p. 9). da memória que nos impõe a
Tempos marcados pela busca de responsabilidade ética da dúvida e do
novas ferramentas de análise, novos questionamento crítico.” (BHABHA,
modos de olhar e de dizer sobre esses 2007, p. 41-43). É nesse sentido que a
espaços mestiçados (no sentido literatura pode ser pensada como espaço
histórico, de histórias misturadas), antes problematizador, “como lugar de boas
ditos apenas pela escrita colonizadora. perguntas acerca de um problema, como
Como lembra Mia Couto numa lugar de fecundação do pensamento”
conferência proferida em Maputo, em (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007, p.
homenagem a Henri Junod, missionário 17).
e estudioso suíço, autor de destacadas Creio ser este o afazer de um
obras sobre diversos povos de autor como Mia Couto, cuja escrita “se
Moçambique: apodera não só do passado, mas
Durante séculos, missionários [e não também dos documentos”, dos vestígios
só; pensemos nos muitos estudiosos,
sobretudo das chamadas “ciências
desse passado (CHARTIER, 2009, p.
dos povos primitivos”] europeus 27). Como relata o autor sobre a
tiveram a incumbência de escrever a concepção de um de seus romances, O
História de África. Daí resultou que
parte do retrato do nosso passado outro pé da sereia, de 2006:
mais recente seja uma imagem
produzida por missionários como Um dos núcleos inspiradores [do
Henri Junod. Como se fosse um caso romance] foi a leitura de um
de “vingança”, nós estamos agora a documento histórico que relata o
escrever a história desses indivíduos encontro do missionário D. Gonçalo
que escreveram a nossa história. da Silveira e o Imperador do
(COUTO, 2009, p. 156) Monomotapa [século XVI]. O
encontro é muito sugestivo, rico em
mal-entendidos que revelam códigos
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culturais diversos. Essa distância experiências coloniais e as vindas


continua a marcar ainda hoje aquilo
que se celebra como “encontro” de
depois). Uma leitura que, no caso da
culturas. (Couto, 2006)5 grande maioria das jovens nações
africanas, é marcada por um olhar
E aqui Couto aponta para outra desencantado, um “desanimismo”9 em
questão crucial dentro dos estudos pós- relação aos caminhos e descaminhos do
coloniais: o olhar sobre a distância e a processo de construção da nação. Aliás,
diversidade dos códigos culturais. Mas as próprias teorias pós-coloniais (o
não a distância em termos espaciais (tão plural se faz necessário para marcar a
mais relativa em nossos tempos), mas no diversidade de percepções e visões dos
sentido de interpretação do mundo. pensadores dedicados à temática)
Uma distância advinda, em grande surgem, “primeiramente, como
medida, da proximidade, pois que com o conseqüência do fracasso das nações do
fim do colonialismo (e mesmo antes) Terceiro Mundo de seguirem por conta
muitos dos “filhos dos impérios” própria”, marcando, assim, “o fim da era
migraram rumo às ex-metrópoles. Aliás, das revoluções no Terceiro Mundo e os
lembremos que muitos dos que primeiros lampejos do que hoje
desbravaram os caminhos dos estudos conhecemos por globalização.”
pós-coloniais são filhos desses impérios, (EAGLETON, 2005, p. 22). Ideia esta
são “o outro” agora dentro de casa – o partilhada por muitos estudiosos da
migrante.6 É significativo que, dentro questão, caso do historiador congolês
dos Estudos Culturais, a primeira Elikia M’Bokolo, quando afirma que
coletânea a trazer um panorama de “paralelamente às investigações dos
estudos dessas questões tenha se especialistas, um muito complexo
chamado The empire strikes back [O trabalho da memória não cessou de agitar
império contra-ataca], de 19827, as sociedades africanas após as
seguindo-se de outros que trouxeram a independências, sem dúvida em relação com
mesma concepção (o contra-escrever, o as desilusões nacionais, muitos visíveis nos
escrever de volta), como o caso da anos 1980 (...).” (M’BOKOLO, 2007, p.
coletânea The empire writes back [O 605-606. Grifos meus.)
império escreve de volta], de 19898, Considerando essas observações,
dedicada às literaturas pós-coloniais, não creio ser demasiado propor que o
cujo título vem de um texto do escritor pós-colonial, tanto em seu sentido de
indiano Salman Rushdie. período histórico quanto de uma
É sob esse ângulo de visada, epistemologia, provocou (continua a
pois, que pós-colonial é tomado em dois provocar) uma releitura de um mundo
principais sentidos: como um período reconfigurado. Daí também sua
histórico (pós no sentido de depois de) e, definição como um “gesto de abrir
sobretudo, como uma epistemologia espaço”, na expressão de Kwame
(um modo de ler – em lato sentido – as Anthony Appiah (1997, p. 208), de pôr
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suspeição nas certezas, de tumultuar as A literatura desses espaços pós-


velhas identidades estabelecidas. Seja nas coloniais tornou-se então a escritura, a
jovens nações africanas, seja nas velhas corporificação das releituras de mundo e
metrópoles europeias, uma vez que as da história levadas a cabo por seus
experiências vividas nesses espaços não autores. Uma escrita “palimpsesta”, na
permitem mais o “retorno” a algo expressão de Christine Broke-Rose, “um
anterior (“puro”), ou mesmo a criação tipo de ficção que irrompeu na cena
de algo que possa negar por completo literária no último quarto deste século”
essas experiências, e que, portanto, [século XX] e que “renovou por
devem ser incorporadas, mestiçadas à completo a arte agonizante do
história e à cultura desses espaços e suas romance”, nominada por muitos como
gentes. É este o entender de Mia Couto, “realismo mágico”, para o caso latino-
quando nos faz lembrar que, não por americano e como “realismo animista”,
acaso, para o caso africano, mas que Broke-
Hoje, os maiores escritores ingleses Rose prefere designar por “história
são oriundos da Ásia [Salman
Rushdie, a exemplo], a maior fadista
palimpsesta” (BROKE-ROSE, 1993, p.
portuguesa vem de Moçambique 149).
[Mariza] e uma das maiores cantoras De palimpsesto, termo derivado do
de flamengo espanhol é uma negra da
Guiné Equatorial [Buika]. E ainda um grego, significando papiro ou
dos renomados toureiros portugueses pergaminho cujo texto primitivo foi
chama-se Ricardo Chibanga [nascido rasurado, raspado, para dar lugar a
em Moçambique]. (COUTO, 2009, p.
176-177) outro. História palimpsesta, escrever sobre
um “palimpsesto descascado”10, carrega
Assim como não é acaso que em sua imagética uma forte referência a
dentre os mais destacados escritores de essas tramas que se tecem entre a
língua portuguesa da atualidade estejam literatura e a história, aponta-nos para a
moçambicanos e angolanos (o próprio complexidade dessas relações em nações
Mia Couto, João Paulo Borges Coelho, que tem de lidar com passados ainda
Luandino Vieira, Pepetela, José Eduardo presentes, o colonial, o dos projetos
Agualusa, Ondjaki, entre outros), cujas nacionais desmoronados, ainda
qualidades literárias mais correntemente próximos, bem como aponta-nos para o
apontadas é o reler da história aliado à intricamento dessas relações com as
recriação da própria língua portuguesa. problemáticas neocoloniais, a
persistirem nesses espaços.
E que podemos dimensionar na
Escrever sobre um “palimpsesto própria “materialidade” (lembrando
descascado”: das relações entre Williams) dessa literatura, algo apontado
literatura e história por Bhabha, quando chama a atenção
para a “influência desproporcional do
Ocidente como fórum cultural”,
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identificada por ele em três sentidos: cidades e, sobretudo, no estrangeiro e a


“como lugar de exibição e discussão maioria dos escritores tem os seus
pública, como lugar de julgamento e leitores em Londres ou em Paris.” (VAN
como lugar de mercado” (BHABHA, DIS, 1999, p. 91). Ou em Lisboa, para o
1998, p. 45): ainda são as ex-metrópoles caso dos autores de língua portuguesa. E
– suas instituições, seus meios de pensando nessas ex-colônias
produção – a gerir (ao exibir, discutir, portuguesas – com seus altíssimos
comentar, julgar, divulgar, vender), em índices de analfabetismo à altura da
boa medida, a produção cultural dos independência, fruto da política
espaços ex-colonizados. deliberada de não difusão da educação
No caso da literatura, essa formal por parte de Portugal12 – não será
problemática se coloca de modo muito difícil considerar que campo literário
efetivo. A começar pelo fato de ela ter havia para essa literatura, que condições
adentrado o mundo ocidental, via de materiais havia para o desenvolvimento
regra, como objeto de estudo acadêmico. de tal campo.
Se antes os saberes coloniais mapearam, E não se pode deixar de referir
distinguiram, classificaram os povos, as ainda um outro fator a tornar ainda mais
línguas, os “usos e costumes”, agora um complexo o pensar acerca dessa
saber acadêmico toma as literaturas dos temática: a exiguidade, a quase
espaços ex-colonizados para também inexistência de literatura nas línguas
produzir seus estudos, edificar seus maternas da maioria dos escritores
cânones, instituir seus prêmios, etc., africanos. É certo haver aqueles cuja
partindo, como é sabido, de seus língua materna é já a língua européia
próprios valores acerca do objeto literário. colonial herdada. Mas há muitos outros
Ou seja: em boa medida, o campo que, em seu processo criador, tem de
literário africano é construído noutros transitar por entre línguas, sentir numa
espaços11. língua e escrever em outra. E aqui me
Algo absolutamente significativo permito trazer um caso destes: o da
para se pensar. Não é acaso que se escritora moçambicana Paulina Chiziane,
considere, como o faz Kwame A. que escreve em língua portuguesa,
Appiah, ser a literatura um lugar transitando por outras línguas, antes da
privilegiado para a consideração do pós- escrita. Diz-nos ela:
colonialismo da cultura africana
contemporânea. Isto se deve justamente A minha primeira língua é o chope. O
ao fato de ela revelar as ambiguidades chope fala-se em Gaza e também em
Inhambane [ambas as províncias
desse campo, as suas possibilidades situadas no sul de Moçambique].
criadoras, as dependências que a ligam Eu nasci em Gaza, o meu pai e minha
ao espaço euro-americano (APPIAH, mãe falam ambos a mesma língua.
Entretanto saímos de Manjacaze [sua
1997, p. 208-209). “Os leitores dos cidade natal] e viemos para os
autores africanos encontram-se nas subúrbios da cidade de Maputo [a
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capital, que fica no extremo sul do materialidade do campo literário, outra


país, na divisa com a África do Sul],
onde se fala ronga. E cresci no
dimensão de reflexões, conexa a esse
subúrbio. Quando começo a ir para a complexo mencionado, também se
escola, tenho o primeiro contato com coloca à reflexão. E que é da ordem das
o português. O meu pai é muito
radical, sim: ele nunca permitiu que se “estruturas de sentimento”, eu diria,
falasse português em casa. Não tomando da expressão cunhada por
aceitava. Ele considerava que nós
Raymond Williams (1979). O fim do
tínhamos obrigação de conhecer a
nossa própria língua. Agora, a língua colonialismo trouxe também uma
de comunicação, de progresso, isso é grande questão para as ex-metrópoles
lá fora, porque, em casa, não deve ser
assim. coloniais: redesenhar seu próprio retrato.
Bem, em casa, falava chope. Com as É sintomático que um significativo
amigas, na rua, nos subúrbios de número de obras dos últimos trinta anos
Maputo, tinha que falar o ronga; na
escola, comecei a ter contactos com a da literatura portuguesa (tomemos o
língua portuguesa e falava com muita caso de Portugal) lide diretamente com a
dificuldade. E porque estudei numa
escola missionária católica, era
temática colonial, com suas agruras, com
obrigada a ir a igreja, católica, quando seus traumas13, sendo isto algo ainda
as missas eram em latim. presente nessa literatura. Se já não se
(...)
Nós, na escola, nos intervalos, centrando na guerra colonial, mas em
falávamos ronga, nas aulas, falávamos questões que dizem respeito a seus
português. (CHIZIANE, 1998, p. processos posteriores, como é o caso da
977-978)
imigração africana, algo que se dá a ver
em discussões acaloradas, nos meios
E toda essa complexidade não
midiáticos, no âmbito político, acerca
fica apenas restrita ao ato criador, mas a
das políticas e leis de imigração do país
todo o restante processo do campo
visando a dar conta dessa população,
literário: edição, divulgação, tradução,
anteriormente parte de um Portugal uno e
público leitor, etc. Ao escritor africano
indivisível, como se propalava nos tempos
que tenha como língua materna alguma
coloniais. E, mais recentemente,
língua africana, coloca-se a inevitável
acrescentou-se ainda a isto os embates
dúvida de se vale a pena trocar “os seus
em torno da imigração oriunda dos
milhares de leitores internacionais por
países do leste europeu, dentro de um
poucas centenas” deles em suas línguas
quadro de pertencimento de Portugal à
maternas (VAN DIS, 1999, p. 93); se
União Européia, desde 1992.14
vale a pena um quase certo isolamento,
A literatura pós-colonial, pois,
uma vez que as possibilidades de
traz-nos essas problemáticas à reflexão,
tradução no estrangeiro veem-se
faz-nos ter sempre em consideração que
absolutamente restringidas quando se
“a feitura da arte nunca está, em si, no
escreve numa língua de origem africana.
tempo passado. É sempre um processo
E para além de todo esse
formativo, com um presente específico.”
complexo de discussões, da ordem da
(WILLIAMS, 1979, p. 131). E o
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presente específico dessa literatura da estudo da forma”, a que boa parte da


África pós-colonial é esse mundo crítica se voltou nos últimos tempos,
reconfigurado (como antes dito), constituir-se-ia numa “maneira de
complexo, de trânsitos intensos, de escamotear ‘o conteúdo’ com suas
trocas (desiguais, não se pode esquecer), inevitáveis ressonâncias históricas e
um tempo a que não se pode emoldurar políticas.” Para a autora, “já se devia ter
facilmente, pois que ainda está em processo. aprendido que a forma é conteúdo
Sob esse ponto de vista, a “hipótese sócio-histórico decantado, e que os
cultural” de Williams de “estruturas de modos de perceber esse conteúdo
sentimento” como um conceito possível formalizado são fortemente
para se estabelecer uma reflexão acerca determinados pelo caráter do momento
do “senso de um período”, não no em que se dá a interpretação, ou se
sentido de uma visão de mundo elabora a teoria.” (CEVASCO, 2001, p.
emoldurante, fixa, mas no sentido de 18). Nesse aspecto, parece-me que as
“experiências sociais ainda em solução”, reflexões de Cevasco e Bhabha
ainda em processo, torna-se muitíssimo aproximam-se. Decerto mediadas pelas
fecunda – e de “relevância especial para reflexões de Williams, em seu entender
a arte e a literatura” (WILLIAMS, 1979, do caráter relacional entre conteúdo e
p. 130-137). Não é acaso que muitas das forma:
metáforas/ideias utilizadas para dizer desse
tempo enfatizem justamente a percepção A posição marxista mais significativa
de algo ambivalente, híbrido, deslizante, é um reconhecimento da ligação
radical e inevitável entre as relações
que está entre, que habita as fronteiras, sociais reais do escritor (consideradas
etc.15 Isto se daria, segundo Homi não só individualmente, mas em
Bhabha (um usuário reiterado dessas termos das relações sociais gerais da
“literatura” numa sociedade e
metáforas/ideias), porque os tempos períodos específicos, e dentro destes
pós-coloniais nos forçariam a “repensar as relações sociais existente em
a relação entre o tempo do significado e determinados tipos de literatura), e o
“estilo”, ou “formas”, ou “conteúdo”
o signo da história no interior destas de sua obra, agora considerados não
linguagens, políticas ou literárias” abstratamente, mas como expressões
dessas relações. (WILLIAMS, 1979,
(BHABHA, 1998, p. 218). E repensar tal p. 203)
relação, do interior da própria linguagem,
penso eu, é conceber essa ação, de
O que quero colocar ao pontuar
repensamento, como algo do domínio
essas discussões é que a literatura
da própria experiência, é indissociar
africana pós-colonial, falando a partir do
conteúdo e forma. Conceber tal divisão
caso de Mia Couto e de Moçambique,
(conteúdo/forma) seria, aliás, na análise
alinhava todas essas problemáticas; que
de Maria Elisa Cevasco, um dos
sua escrita de volta, sua reescritura da
“aspectos proeminentes da ‘crise’ da
história, vai muito para além de trazer
crítica literária”; a “especialização no
171

uma escrita sobre o ex-colonizado. Sua literatura. A casa é uma imagem que se
forma de fazer vai para além disso. Trata- reitera em diversos autores de diversas
se de uma escrita que, relembrando partes17, casas nas quais a história volta
Broke-Rose, “renovou por completo a para assombrar os vivos. Ou melhor, em
arte agonizante do romance”; não se que os vivos, confrontados por
voltando para uma “formalização” por si acontecimentos diversos, voltam ao
(a forma pela forma), mas, ao contrário, passado para se defrontarem com
fazendo uso, sem-cerimônia, dos “passados não ditos, não representados,
materiais da história, trazendo de volta que assombram o presente histórico”
para o corpo da literatura a dimensão do (BHABHA, 1998, p. 34), o que leva à
político. necessidade de buscar novos modos de
E nisto não se pode esquecer significar o mundo, aí se incluindo a
que essas literaturas nascem relação com o passado.
umbilicalmente ligadas à nascença da Algo que, quiçá, pode ser
nação, estando aí mais um complexo sintetizado numa interrogação: “Quem
tramado a ser considerado na lida com pode apostar tanto o presente num
tais escritas, uma vez que a própria ideia passado”? (COUTO, 2006a, p. 293).
de uma literatura nacional Quando se sabe que muito desse
(moçambicana, em meu caso de estudo) passado é escrita doutras mãos, é retrato
é já um problema (no sentido – proposto emoldurado por outras vontades,
por Williams – de movimento histórico ainda interesses; quando se sabe que o que se
não definido). Sua constituição é já parte acumula neste lugar-tempo chamado
constituinte das questões que possam ela passado é tudo menos um sedimentar
(essa literatura) propor, instigar. Por se pacífico de presentes mortos; o que aí se
tratar de uma literatura tão recente deixa ficar é sempre produto de um
(historicamente considerando), as revolver-se perpétuo, daí cabendo
marcas de todo o complexo de (reitere-se) o interrogar, tão
experiências sociais e políticas aí característico dessa literatura pós-
vivenciadas são consideráveis. colonial: quem pode apostar tanto o presente
Consideráveis e desafiadoras. num passado?
Assombrosamente desafiadoras: uma É nessa perspectiva que
arte que busca assombrar a história. podemos compreender a percepção de
Imagética, aliás, que Bhabha entende um autor como Mia Couto, expressa em
como a que melhor “descreve a relação uma de sua crônica. Nela, nos diz ele:
da arte com a realidade social” nesses “A história de qualqueríssimo país é um
espaços/tempos pós-coloniais: “a arte texto de parágrafos salteados. Só o
como ‘a presença totalmente apreendida futuro os ordena, alisando as linhas,
de uma assombração’ da história” retocando as versões.” (COUTO, 2000,
(BHABHA, 1998, p. 34)16. E essa p. 134). É nessa faina de arrumação das
realmente parece ser uma tônica dessa linhas do texto da história, em largo
172

sentido, que a literatura, ao transitar


3
pelas fronteiras da história, pode Refiro-me aqui à afirmação de Eric
funcionar como uma instigante Hobsbawm de que “a melhor
desarrumadora de parágrafos, obrigando o abordagem dessa revolução cultural” (a
trabalho historiográfico a um vivida no século XX) dá-se justamente
“através da família e da casa”, “da
permanente revisitar-se: de conceitos,
estrutura de relações entre sexos e
procedimentos e verdades. É nesse
gêneros” (Hobsbawm, 1995, p. 314).
sentido que se pode dizer que a literatura
pode funcionar como uma boa
4
Considerado – juntamente com Richard
assombração da história. Hoggart, E. P. Thompson e Stuart Hall –
um dos “pais fundadores” dos Estudos
Culturais, nos quais irão se desenvolver
Notas os estudos pós-coloniais. (Cfe.
Mattelart; Neveu, 2004, p. 40-54).
1
É absolutamente significativo o fato de 5
O documento referido por Mia é a obra
suas obras serem um “pesadelo de Dos primeiros trabalhos dos
bibliotecário” (para usar um termo de portuguezes no Monomotapa. O padre
Terry Eagleton (Eagleton, 2005, p. 103), D. Gonçalo da Silveira, 1560. Memória
tendo sido classificadas sob diferentes apresentada à 10ª sessão do Congresso
rubricas, conforme anotado pelo próprio internacional dos orientalistas, de A. P.
de Paiva e Pona. Lisboa: Imprensa
Williams (Williams, 2007, p. 30).
Nacional, 1808. Disponível em:
2
Saliento que, aqui, parafraseio Mia <http://www.archive.org/details/dosprimeirostra00s
Couto, usando sua reflexão sobre ilvgoog>. Acesso em: 15 out. 2010.
identidades para aplicá-la a conceito. 6
Ver, a respeito: Mattelart; Neveu, 2004,
Tomo tal liberdade a partir da leitura de
p. 68-70.
um trecho de Raymond Williams, em
sua análise do termo “Cultura”, em 7
A edição é do Center For
Palavras-chave (2007): “A Contemporany Cultural Studies
complexidade, vale dizer, não está,
(Londres: Hutchinson, 1982).
afinal, na palavra mas nos problemas
que as variações de uso indicam de 8
A organização da coletânea é de Bill
maneira significativa.” Leio nesse Ashcroft, Gareth Griffiths e Helen
trecho de Williams as mesmas Tiffin. A publicação é da editora
preocupações (resguardadas as
Routledge.
especificidades de ambos os textos,
claro está) de Mia Couto. O exato texto 9
Em seu romance O outro pé da sereia
de Couto, acima parafraseado, é: “São (2006, p. 274), num encontro entre um
as dinâmicas próprias, os conflitos
historiador e um adivinho, Mia Couto
particulares que definem identidades
plurais, complexas e contraditórias. O deixa assente o seguinte diálogo:
rosto do continente só existe em “– Desculpe a pergunta: o senhor
movimento, em conflito entre o retrato e se considera um animista? [pergunta o
a moldura.” (Grifos meus, para indicar historiador]
os termos substituídos/parafraseados).
173

– Do modo como está o mundo, trabalhadores [2008], de Valter Hugo


eu me considero mais um desanimista.” Mãe, para citar os mais recentes.
[responde o adivinho] 1 5
10
Remeto aqui à
A expressão, usada por Broke-
“imagética” das concepções e proposições
Rose, é do escritor indiano Salman
de Homi Bhabha, em O local da cultura
Rushdie, em seu romance Vergonha [a
(1998).
edição é da editora Companhia das Letras,
1 6
2010]. Imagem por ele
1 1
apreendida num texto escrito pela
Penso aqui a partir de
romancista Toni Morrison, Honey and Rue
Bordieu (2009), mais especificamente seu
– programa de concerto realizado no
capítulo terceiro, “A gênese dos conceitos
Carnegie Hall, em Nova York, em janeiro
de habitus e de campo” (p. 59-73), no qual
de 1991 (Bhabha, 1998, p. 34).
Bourdieu explicita seu emprego da noção
1 7
de “campo” com ênfase no campo de Em Moçambique, é o
produção enquanto “espaço social de caso de Mia Couto, em obras como Um
relações objectivas”, recusando as rio chamado tempo, uma casa chamada
interpretações das obras por seus aspectos terra; O outro pé da sereia; de Ungulani
meramente internos [formalismo] e Ba Ka Khosa, em Ualalapi; de Suleiman
externos [reducionismo] (p. 64). Também Cassamo, em Palestra para um morto. Em
penso a partir de suas reflexões em As Angola, pode-se citar Pepetela, em A
regras da arte: gênese e estrutura do revolta da casa dos ídolos; Yaka; de José
campo literário (1996), de sua concepção Eduardo Agualusa, em O vendedor de
do autor como “um ponto do espaço passados. Isto para ficarmos em apenas
literário”, ponto esse a partir do qual “se duas partes, de língua oficial portuguesa.
forma um ponto de vista singular sobre
esse espaço” (p. 15).
1 2
Ver, a respeito: Anderson,
1966; Ferreira, 1977. Referências bibliográficas
1 3
É o caso de obras de
autores como António Lobo Antunes (O
esplendor de Portugal, Os cus de Judas), ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval
Lidia Jorge (A costa dos murmúrios), Muniz de. História: a arte de inventar
Helder Macedo (Partes de África), o passado. São Paulo: EDUSC, 2007.
Teolinda Gersão (A árvore das palavras),
ANDERSON, Perry. Portugal e o fim
João de Melo (Autópsia de um mar de
do ultracolonialismo. Trad. Eduardo de
ruínas, O homem suspenso, Gente feliz
Almeida. Rio de Janeiro: Civilização
com lágrimas), entre outros.
Brasileira, 1966.
1 4
É o caso dos romances O
meu nome é legião [2007], de António APPIAH, Kwame Anthony. Na casa
Lobo Antunes, e O apocalipse dos de meu pai: a África na filosofia da
174

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