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Trabalho de Teoria Antropológica II

Aluno: Igor Ramos Carvalho

Professora: Els Lagrou

Parte 1 Introdução

The Gender of the Gift tornou-se um dos clássicos da antropologia. É um livro


incontornável para se pensar Melanésia, gênero e teoria antropológica, mas também
possui insights extraordinários sobre diversos outros aspectos. Tão denso é o conteúdo do
livro, que não seria possível explorá-lo em exaustão num texto como esse. Selecionei,
então, alguns dos temas que são mais centrais em meu próprio interesse acadêmico, de
modo a dialogar mais facilmente com meu foco de pesquisa (o contexto amazônico).

Este trabalho é uma versão diminuída da ideia inicial: um diálogo profundo e cuidadoso
entre “The Gender of the Gift” (STRATHERN, 2001) e “Gender in Amazonia and
Melanesia” (GREGOR; TUZIN, 2001). O primeiro se volta para a Melanésia em
comparação com o Ocidente, enquanto o segundo em comparação com Amazônia, ambos
tendo o gênero como elemento central. Como infelizmente esse plano não foi possível de
ser executado, o mais interessante a ser feito me parece ser uma exploração do livro de
Strathern que foque nos aspectos mais significativamente relacionáveis ao contexto
amazônico. Desse modo, conexões posteriores poderão ser mais facilmente acionáveis.

Contudo, meu interesse neste livro não se limita a dimensão etnográfica. Nele, Strathern
faz uma discussão etnológica extremamente sofisticada, detalhando fatores
metodologicamente importantes na execução desse projeto de conhecimento. Presto
especial atenção a linguagem utilizada no texto, o escopo comparativo e a mobilização e
tratamento dos dados etnográficos.

Parte 2

Embora de difícil síntese, podemos dizer que o livro como um todo é uma investigação
antropológica feminista da sociabilidade melanésia organizada em formato ficcional. A
Melanésia aparece aqui como uma economia de dádiva, entendida como Outra do
ocidente, que por sua vez possui uma economia de commodity. Antropologia e feminismo
aqui se combinam para fornecer uma crítica das interpretações correntes sobre esta
sociabilidade outra. Três eixos, portanto: nós (ocidente)/eles (melanésia);
commodity/dádiva; e antropologia/feminismo.

A formatação em ficção também tem implicações importantes. A inspiração da autora


está nas ficções organicistas do século XIX, que operavam simultaneamente como
metáforas holísticas e analíticas, permitindo uma exploração mais total do tema sem que
isso acarrete alguma prioridade ou comprometimento teórico com algum aspecto
interpretativo. A opção ficcional, assim, diz respeito aos muitos enquadramentos
possíveis do textos. Strathern critica a linguagem analítica pela complexidade e distância
que estabelece em relação as realidades que busca retratar. A ficção, por outro lado,
fornece uma forma linguistico-textual para exploração profunda de um determinado
recorte do mundo sem recorrer a um enquadramento objetivista: a ficção é uma maneira
de admitir o pertencimento ocidental do texto. Ele não fala dos melanésios num sentido
inequívoco e objetivista, mas da relação ocidente/melanésia – “the our/their divide of this
narrative is its most concrete aspect” (p. 342).

Esta postura parte de uma percepção muito clara de que a empresa antropológica só pode
elucidar a maneira pela qual as coisas funcionam para os atores através de procedimentos
que lhes são alheios. Opera-se sempre a partir do “como se”. O problema ocorre quando
analistas tomam as coisas como se elas fossem realmente organizadas em sistemas,
estruturas, ecossistemas, sociedades ou outras metáforas sociológicas – tratando-as como
objeto e não como método.

Mesmo que o horizonte final da disciplina seja a compreensão da criatividade do outro


(WAGNER, 1981), na prática as descrições antropológicas apresentam apenas um modo
possível de enxergar os sujeitos em questão – “ethnographies are the analytical
constructions of scholars; the peoples they study are not” (STRATHERN, 2001, p. xii).
Reconhecendo que o mundo social das pessoas é inevitavelmente maior do que uma
descrição antropológica é capaz de captar, a autora deliberadamente procura dar uma
sensação de parcialidade ao seu trabalho, que ele não exaure as possibilidades daquele
universo. Longe disso, aliás: ela busca criar uma imagem da melanésia dentro do próprio
sistema de linguagem ocidental.
Como, então, analisar um mundo social radicalmente outro sem reificá-lo, mas também
sem abandonar o projeto de conhecimento do outro? Através de uma dobra na linguagem,
de um diálogo interno ao vocabulário e a semântica ocidentais, que são também, via de
regra, as da antropologia. Strathern estabelece diálogos entre elementos díspares,
ressignificando palavras ou precisando seu sentido; abre espaço para longas
considerações etnográficas, que contextualizam aspectos da semântica social em foco; e
estabelece enquadramentos teóricos complexos, que ajustam a forma como certos
fenômenos devem ser encarados. Ela fala de Outros, mas de uma maneira absolutamente
própria: os recursos textuais, os conceitos, o padrão argumentativo e outros elementos do
livro derivam exatamente de uma economia de commodity ocidental. Analiticamente
paradoxal, mas ficcionalmente funcional.

Esta clareza quanto ao pertencimento cultural do livro e as possibilidades reais de acesso


a um mundo outro dotam o livro de uma grande precisão analítica, mas também de
densidade interpretativa sem igual. Muitas são as voltas na linguagem até chegar ao
mundo.

A autora demonstra que a inaplicabilidade de certos modelos teóricos não são apenas o
resultado de traduções inadequadas, mas de metáforas enraizadas na metafísica ocidental,
manifestadas em todo tipo de análise. A parte 1 do livro é dedicada em grande medida a
desfazer erros analíticos provindos da manifestação irrefletida de noções ocidentais sobre
descrições da vida social melanésia. Pressupostos subjacentes sobre o funcionamento e
natureza da sociedade – como a opacidade das entidades, a contingência das relações, a
sexualidade como atributo da identidade, os vínculos entre sujeitos e coisas como
propriedade e tantos outros – são cuidadosamente desfeitos, de modo a demonstrar como
são particulares a dinâmica cultural do ocidente, notadamente da metáfora-raiz da
commodity.

Para Strathern, é apenas pelo confronto direto e deliberado com estes pressupostos que os
pesquisadores ocidentais (“we”) tornam-se capazes de compreender pressupostos outros.
Daí a escolha pela ficção e o jogo de linguagem proposto no livro. É um procedimento é
efetuado no sistema destes próprios pesquisadores – “through an internal dialogue within
the confines of its own language” (Ibid., p. 4).

O esforço em produzir um diálogo interno ao sistema de linguagem ocidental e crítico a


projeção irrefletida de seus pressupostos subjacentes é parte importante do papel que o
feminismo ocupa no livro. Trata-se de um campo de estudos contemporâneo e autônomo,
capaz de oferecer avaliações interessantes sobre gênero de uma perspectiva interna ao
ocidente.

Em muitos sentidos antropologia e feminismo são fruto dos mesmos processos sociais
que passou o mundo ocidental nos últimos séculos, havendo muitas conexões entre os
campos. Mas as diferenças também são importantes: um é primariamente um projeto
epistemológico, e o outro um projeto crítico, mesmo que na prática sejam ambos
extremamente polivalentes. Sendo um campo bastante amplo, a parte do feminismo que
Strathern mobiliza é o que vinha se chamando de antropologia feminista. Esse subcampo
aplica a antropologia o que é uma das preocupações centrais do feminismo: a exploração
do modo pelo qual noções de gênero estruturam conceitos e relações.

Muitas das ideias de gênero erradamente aplicadas ao mundo melanésio são desfeitas pela
crítica feminista de Strathern e outras autoras. Esse movimento é especialmente
importante se se tem em mente o papel central que a discussão de gênero (ou dos “papeis
sexuais”) adquiriu na etnologia da região.

É, portanto, através de um exame detalhado da história da antropologia na Melanésia que


Strathern apresenta comparativamente as duas regiões culturais, em que erros analíticos
demonstram a manifestação da metáfora-raiz de onde provêm: economia de commodity.
Tomando o gênero como uma das preocupações centrais, o feminismo é um importante
campo de crítica a essa história e fundamento para constructos mais adequados. Trata-se
de uma ficção deliberada para criar um espaço na linguagem ocidental em que os
melanésios tenham um pouco mais de autonomia.

Parte 3

Como dito acima, a primeira parte do livro é dedicada desfazer as más interpretações
sobre a natureza da sociabilidade melanésia, notadamente sobre as relações de gênero. A
segunda parte se inicia com a apresentação de uma série de pares de conceitos, que
Strathern considera moldes mais adequados para interpretar a os fenômenos em questão.
Esses termos são absolutamente fundamentais, pois é entorno deles que gira a proposta
analítica da autora. A referida dobra na linguagem é composta em larga medida por este
complexo conceitual.
Estes pares de conceitos, adjungidos de uma noção mais adequada de noções como ação
social, fornecem uma entrada interpretativa bastante inovadora para a sociabilidade
melanésia. Principalmente o fato de que a análise não se centra na dicotomia
indivíduo/sociedade, mas sim nas relações. Relações são o que há de essencial aqui. Outra
forma (inevitavelmente parcial) de sintetizar o livro é dizer que ele trata de relações e das
modulações entre elas, tanto no que se refere ao conteúdo etnográfico (relações
constituintes da vida social melanésia) quanto ao desenvolvimento teórico (eixos
relacionais).

Uma boa porta de entrada para estas conceituações é dada pelas metáforas-raiz de
commodity e dádiva. Estes dois termos vêm da tradicional discussão antropológica a
respeito do contraste entre dois modelos econômicos. Mas aqui estas noções são
expandidas como uma base metafórica para pensar a diferença (Ibid., p. 7). Nomeá-las
dessa forma, como metáforas-raiz, é afirmar que estas imagens estão na base de diversas
outras, que de lá derivam e a que lá remetem. Menos que com aspectos econômicos de
cada um dos modelos de troca, a preocupação dela é com a organização das relações
(Ibid., p. 143).

Uma forma sintética de colocar a diferença entre as metáforas-raiz:

Commodity exchange […] establishes a relationship between the objects exchanged,


whereas gift exchange establishes a relation between the exchanging subjects. In a
commodity oriented economy, people thus experience their interest in commodities as a
desire to appropriate goods; in a gift oriented economy, the desire is to expand social
relations. (Ibid., p. 143)

Em um caso, foco nos objetos, a coisa trocada; em outro, foco nas pessoas, aqueles que
trocam.

O padrão de simbolização da commodity concebe as coisas (pessoas e objetos) enquanto


objetos, entidades discretas, fechadas em si mesmas, onde as relações são de ordem
secundária. O uso ou a circulação das coisas, as relações extrínsecas que elas estabelecem,
devem sempre levar em consideração sua natureza intrínseca, resistente a relação.
Modificações externas à coisa podem controlar ou transformar seus atributos intrínsecos,
mas não os retiram do papel de definidores últimos da entidade; tal como ocorre na cadeia
de commodities, em que se acrescenta valor de troca a um objeto que já possui valor de
uso definidor.
O padrão de simbolização da dádiva concebe as coisas (pessoas e objetos) enquanto
pessoas, entidades aberta, passíveis de modificação pelas relações que estabelecem. O
uso ou a circulação das coisas está em função das relações que ela aciona – de que ela é
produto, causa ou símbolo –, e devem levar em consideração a modulação que provocam
nessas relações. A coisa não é tomada pelo seu valor intrínseco, mas pelo valor que
adquire enquanto um catalisador de relações; tal como ocorre na troca de presentes, que
serve mais a manutenção da parceria que da aquisição factual dos objetos (SAHLINS,
1972).

À estas duas formas politico-econômicas, pensadas aqui como metáforas mais amplas
para a organização das relações, estão adjungidas “formas de simbolização”
correspondentes: a relação entre a coisa e o que ela expressa, representa ou significa
(“stands for”). Elaborando a partir de Gregory (2015), Strathern coloca: “If in a
commodity economy things and persons assume the social form of things, then in a gift
economy they assume the social form of persons” (STRATHERN, 2001, p. 134). Em um
sistema, as objetos e pessoas são fechadas em si mesmas, como coisas; em outro, objetos
e pessoas são relacionalmente constituídas.

A utilização de porcos para mediação de relações (potenciais dádivas) diz menos sobre
uma cadeia de produção commoditificada que sobre um sistema de produção de pessoas
enquanto parentes (linhagem, família, clã, nome). A “auto-substituição” que este processo
envolve, em que os porcos “stands for” a pessoa em relação, torna a dádiva uma pessoa
no que tange sua forma social.

Assim, outra forma de sintetizar o contraste entre economia de dádiva e de commodity –


de maneira mais substancialmente econômica – é pela finalidade produtiva e função
consumptiva. Na economia de dádiva, a relação entre produção é tal que a produção
consumptiva (consumo de coisas para produção de pessoas) estrutura as motivações e
percepções das pessoas a respeito de suas atividades produtivas. Enquanto na economia
de commodity, esta relação é tal que o consumo produtivo (consumo de pessoas em forma
energética, de trabalho, para produção de coisas) executa função análoga.

Commodity e dádiva, portanto, descrevem maneiras muito diferentes de organizar


relações, de perceber a atividade produtiva, de formas de simbolizar etc. Enquanto
imagens basilares de modalidades socioculturais distintas (Ocidente e Melanésia),
fortemente difundidas pela metafísica correspondente, elas são metáforas-raiz.
Parte 4

Os erros analíticos que Strathern passa tanto tempo desfazendo derivam da aplicação de
imagens derivadas de uma metáfora-raiz (commodity) a outra (dádiva). São muitas as
problemáticas em que ela toca. A crítica das interpretações etnológicas anteriores é tão
profunda que torna clara a imensa permeabilidade da metáfora da commodity neste corpo
de conhecimento. Boa parte destas questões estão reunidas no modelo do antagonismo
sexual, que constituía o paradigma etnológico corrente nos estudos antropológicos sobre
Melanésia até a década de 60. Estes autores são colocados por ela como “pré-feministas”.

Nesse momento, a antropologia vinha estabelecendo uma orientação voltada para a


estrutura social, que na ausência de preocupação com direitos e status jurídicos (evidentes
nos estudos africanistas), tornou-se estuda das condições de solidariedade. No esforço
para enxergar na morfologia grupal das Terras Altas mecanismos de solidariedade
voltados para reprodução social, elementos ameaçadores a fixidez estrutural, processuais,
tornavam-se problemáticos, notadamente ritual e gênero.

Mesmo que sem significativa adequação etnográfica, a relação entre os sexos foi
concebida da seguinte maneira: aspectos como a figura do líder patriarcal e a casa dos
homens adquiriram proeminência como meios de gerar solidariedade, através das
linhagens e clãs; enquanto os aspectos da vida social associados as mulheres eram vistos
como ameaçadores para os homens, que deveriam preservar sua masculinidade contra as
intrusões da feminilidade. Esta dinâmica de um lado masculino socialmente estruturante
e um lado feminino poluente foi condensada no mote do antagonismo, com base em uma
caracterização etnográfica mais ampla que os consideravam povos hostis e agressivos.

A crítica fundamental da Strathern a esse modelo de antagonismo sexual é que ele assume
que a criação de masculinidade é primariamente experienciada pelos atores como
aquisição dum papel sexual. Além disso, há outras duas críticas importantes a esse
modelo: a ideia de que os cultos masculinos “fazem homens”, e de que a identidade
consiste na posse de atributos qualificativos ao modo da propriedade.

Os conceitos de indivíduo e sociedade são constituintes fundamentais da tradição


ocidental, intimamente conectados com a metáfora da commodity: a pessoa como
substância racional indivisível (MAUSS, 2018) que estabelece relações extrínsecas, não
definidoras do self, com outras entidades, formando o grupo ao modo da corporação ou
do contrato (WAGNER, 2010).

A identidade como atributo da pessoa individual é uma concepção vinculada a metáfora


da commodity, ocidental, mas encontrava-se implícita nas interpretações antropológicas
sobre das Terras Altas. Tomava-se a problemática do sexo como se ela fosse da ordem da
identidade individual. Um bom exemplo é “Herdt's specialized use of 'gender identity'”,
que confines “gender within the psychodynamics of individualized personal experience”
(STRATHERN, 2001, p. 59). Disso vem a preocupação com o “papel sexual”, que é no
fundo um self sexualizado.

Enquanto um papel, o sexo é adquirido ao modo da propriedade: uma relação extrínseca,


que modifica mas não altera essencialmente o self. O papel sexual como algo que o
indivíduo possui, adquire. Um exemplo importante de aquisição são os rituais de
puberdade masculinos, que são apontados, neste modelo como fazedores de homens.

O problema analítico, pra Strathern, é que este modelo não se pergunta sobre a natureza
dessa relação, sobre o que esse jogo de inclusão e exclusão faz. Essa preocupação com a
identidade toma a relação como axiomática e binária: “the problem presented by the
opposite sex is what your own sex is, viz., male dominance is about preserving maleness
in encounters with females” (Ibid., p. 63). Com base na relação entre este debate na
antropologia e no feminismo, Strathern aponta que antes de pensar em construir uma
teoria da identidade de gênero unitária é necessária uma teoria de identidade unitária.

Parte 5

A aplicação de metáforas derivadas de um sistema de commodity não são capazes de


descrever o que é na verdade um universo extremamente relacional. Toda a circulação de
objetos, os produtos do trabalho, os cuidados cotidianos, os rituais de puberdade, os rituais
mortuários etc. são catalisadores de relações, são eventos que transformam a estrutura de
relações dos atores envolvidos, eles mesmos compostos por tais vínculos.

A partir da conversão de trabalho concreto em trabalho abstrato, como ocorre na cadeia


de commodity ocidental, a autora demonstra como símbolos de maneira gerais podem
converter sua significação: a relação entre a manifestação cultural e o que ela expressa
pode ser modificada, sob as circunstâncias apropriadas. Mas no caso melanésio, em que
o objeto das transações é a própria relação, depreende-se que relações sociais só pode se
transformar em outras relações sociais, bem como só podem representar (“stand for”)
outras relações sociais (Ibid., p. 172). Nesse sentido, as relações são como metáforas umas
das outras, versões potenciais ou atualizações.

A mesma relação (com uma pessoa ou objeto, de qualquer forma uma pessoa) pode ser
abordada de diversas maneiras diferentes. Sob as condições adequadas, o acionamento
distinto, com outros termos e outras atitude, pode tomar a relação em uma versão
alternativa. Como entre os Sabarl, onde as cerimonias mortuárias transformam relações
de laba (suporte) em gaba (complementariedade/oposição). O ponto fundamental é que
“it is the capabilities of relations, not the attributes of things, which are the focus of these
operations” (Ibid., p. 173).

Trata-se de uma sociabilidade voltada para a modulação de relações, é para isto que as
ações sociais dos atores estão voltadas. A compreensão do universo melanésio passa
inevitavelmente por outra noção de ação social.

Strathern traz em diversos momentos do livro a ideia de que para uma relação ser
experienciável ela precisa ser nítida em seus efeitos e causas, que são, por sua vez, outras
relações. Nesse sentido, a separação social das entidades relacionadas é precondição para
a aquisição de valor fenomenológico da relação (objetificação). Esta separação é efetuada
pela forma como a relação é definida.

the creation of an effect through bringing separate entities together [...] can be achieved
only if the parmers become differentiated as subjects, their interests thereby being
separated through the relationship itself (Ibid., p. 183).

É esta criação de um efeito a partir da junção de entidades (tornadas) separadas que


constitui a ação social melanésia. Mas não apenas um efeito, a ação pode ser considerada
como uma performance ou uma apresentação (Ibid., p. 174). Ela pode ser uma
performance ou apresentação no sentido de que a finalidade da ação aqui é fazer a relação
em foco aparecer, torná-la visível, objetificada; e isso é feito exatamente pela eliminação
de outras formas que ela pode assumir.

A ação social melanésia, assim, visa eliciar relações a partir de outras relações, extrai-las
umas das outras. Este movimento que é efetivado pela percepção clara da diferença
(separação), que é a experienciação dos efeitos.
Outras noções importantes de serem introduzidas neste momento, são as de pessoa e
agente. A pessoa melanésia é composta pelas relações de que ela participa, ela é um
“microcosmo de relações” (Ibid., p. 131). Importante destacar que o lócus das interações
que a compõem, seu registro, é o corpo. Os efeitos das relações são produzidos no corpo,
em sua forma e estética. Contudo, toda a intenção dos eventos coletivos “is to bring the
body to consciousness and, in the Melanesian idiom, to show the impact of people's minds
upon one another” (Ibid., p. 131). Corpo como registro e mente como evidência compõem
a pessoa como relações.

Desta forma, as interações e a pessoa estão intimamente implicadas; modular uma relação
é alterar a pessoa através de uma modificação corporal, socialmente evidenciada na
mente. As relações, portanto, externalizam as potencialidades das pessoas e, pelo
caminho oposto, as potencialidades das pessoas permitem ver as relações que a compõem.

Relations and persons become in effect homologous, the capabilities of persons revealing
the social relations of which they are composed, and social relations revealing the persons
they produce [...] relationships appear to contain or extend people's potentialities (p. 173)

Enquanto a pessoa é uma forma objetificada das relações que a constituem, o agente é
age sobre as relações, evidenciado enquanto tal na ação. É uma diferença de perspectiva:
“if a person is an agent seen from the point of view of her or his relations with others, the
agent is the person who has taken action with those relations in view” (Ibid., p. 273). O
agente, portanto, é um “self”.

A definição sintética de agente dada pela autora é: “one who from his or her own vantage
point acts with another's in mind” (Ibid., p. 272.). Inserido dentro do contexto relacional,
o agente aparece como o ponto de inflexão das relações, aquele que transforma um tipo
de relação em outro. Embora autor da ação, o agente não é o autor da causa. O agente é
coagido por outro a agir. A relação com a causa estabelece o ponto de referência da ação,
a pessoa com a qual a relação do agente é transformada.

Importante notar que a pessoa individualizada do paradigma ocidental – substância


racional indivisível, em Mauss, ou “microcosmos de processos de domesticação” (Ibid.,
p.135), em Strathern – não existe na ficção de Strathern sobre a sociabilidade Melanésia.
Tanto pessoa quanto agente são definidos relacionalmente: pessoa como microcosmo de
relação e agente como aquele que age sobre a relação.
Parte 6

Buscando proporcionar uma descrição mais adequada da sociabilidade melanésia, que


torne claras as metáforas de commodity presentes, Strathern não apenas insere outros
sentidos para noções tradicionais das ciências sociais (ação, agente, pessoa, relação,
causa, efeito), mas apresenta a série de pares de conceitos já referidos. Da mesma forma
de a que divisão entre economia de dádiva e de commodity, trata-se de recortes fictícios,
que possibilitam diálogos em linguagem mais precisa.

Fundamental destacar que os termos apresentados não são exclusivos ou restritivos em


sua classificação. Cada um é um pontos de vista privilegiado a partir do qual enxergar os
outros, eles participam uns dos outros. Introduzidos de forma esquemática, são eles:
same-sex/cross-sex; personificação/reificação; troca mediada/troca não-mediada;
convenção/invenção; e replicação/substituição.

Strathern tira de Wagner (1981) suas noções de convenção e invenção. A convenção


integra o ato na coletividade e serve para desenhar os contornos do âmbito humano e do
âmbito inato; e a invenção integra contextos distintos para diferenciá-los o padrão
convencional. Ambos os aspectos estão envolvidos em todo ato cultural, um de modo
explícito e outro de modo velado. Da mesma forma, todo símbolo é ao mesmo tempo uma
expressão de algo artificial existindo em si mesmo e de algo de estabelecimento anterior
ou inato. Enquanto aspectos presentes em qualquer ato ou símbolo, é possível
conceitualizar a diferença entre Melanésia e Ocidente nesses termos:

For the one [Ocidente] makes an explicit practice out of apprehending the nature or
character (convention) of objects, the other [Melanésia] their capabilities or animate
powers (invention) (STRATHERN, 2001, p. 177).

Este par de conceitos é utilizado de modo bastante basilar ao longo do desenvolvimento


do livro, mas adquirem mais proeminência no que tange as técnicas de objetificação:
personificação e reificação. Visando dar vazão a personificações, atos singulares de
invenção, os sujeitos de valem de convenções estéticas e rituais.

Por objetificação a autora entende: “the manner in which persons and things are construed
as having value, that is, are objects of people's subjective regard or of their creation”
(STRATHERN, 2001, p. 176). Os dois mecanismos através dos quais isso é feito são
personificação e reificação.
A personificação diz respeito a transformação de coisas em pessoas, em que objetos e
assumam a forma social de pessoas. Através da separação entre as partes relacionadas a
relação pode ser personificada, objetificada em uma coisa que adquire valor subjetivo de
pessoa.

Os produto do trabalho doméstico, por exemplo, como porcos e alimentos criados pelo
casal, personificam a relação entre o casal. O fruto do trabalho conjunto é resultado da
relação entre os produtores. Da mesma forma são entendidas as crianças: produto da
relação entre o casal nas Terras Altas e da relação irmão/irmã nas Trobiand. Outro caso
importante é a troca de ukl Hagen, dádivas que personificam a relação entre os parceiros
de troca.

Já a reificação diz respeito a transformação de coisas em objetos, em que pessoas


assumem a forma social de objetos. Na sociabilidade melanésia, simultaneamente a
personificação das relações em coisas distintas das partes envolvidas (separação) ocorre
a reificação da relação na fixação da sua forma.

For a body or mind to be in a position of eliciting an effect from another, to evince power
or capability, it must manifest itself in a particular concrete way, which then becomes the
elicitory trigger. This can only be done through the appropriate aesthetic (Ibid., p. 181).

Para que uma relação tenha sucesso em sua ativação ou manutenção, portanto, ela deve
se apresentar de forma concreta. Há convenções específicas sobre que formas podem ser
vistas como evidência de acionamento bem-sucedido. Sendo convencionalmente
prescritas, essas formas são reificadas. Por exemplo, os rituais Paiela de crescimento dos
meninos tem seu sucesso reconhecido pela apresentação dos noviços ao público após o
ritual, que julga a performance pela sua estética e assim efetiva ou não o ritual. Enquanto
a relação menino/Mulher-Gengibre (agente do crescimento) é evidenciada no ritual, a
convenção estética efetivação é reificada.

Outro par de conceitos é o de troca mediada e troca não mediada. Na troca mediada, a
relação é acionada por meio de uma parte descartável de um dos envolvidos. Esta troca,
portanto, ocorre através de mecanismos e personificação. Um objeto externo que
simboliza a relação é convertido em um símbolo pessoal, de uma das partes apenas. Sendo
a pessoa composta de relações, esta operação é uma transformação que o sujeito faz em
si mesmo: ele altera a parte de si que esta envolvida na relação inicial através de uma
alteração no objeto que a personifica.
O exemplo mais utilizado no livro é o da troca cerimonial. Entre os Hagen, por exemplo,
um homem cria porcos conjuntamente com sua esposa, de modo que esse porco
personifica a relação entre eles. Mas ao retirar o animal do espaço doméstico (alimento)
e colocá-lo como objeto de troca (dádiva), ele o reconceitualiza como parte descartável
de si. Enquanto tal, o porco pode ser retirado de si e reanexado ao parceiro, e com a
influência social do doador. Agora o porco-dádiva objetifica a relação entre parceiros e
faz a mediação entre eles.

Já na troca não mediada, os efeitos da relação agem diretamente entre as partes. Neste
caso, uma pessoa afeta diretamente o corpo ou a mente da outra parte. Não há coisas
descartáveis para mediarem a relação. O ritual Paiela é um exemplo: mulher provoca o
crescimento corporal do homem por meios rituais. Mas diversas outras situações
referentes a crescimento e nutrição estão associadas a troca não mediada. O trabalho
doméstico é um caso: o cultivo bem-sucedido é resultado da influência direta do casal
sobre a plantação; ao mesmo tempo, a própria atividade laboral está indexada a relação
entre esposos, afetando diretamente a disposição interna de um sobre o outro.

Os conceitos de replicação e substituição dizem respeito a maneiras específicas de tornar


relações visíveis através de sua modulação. Na replicação, um mesmo tipo de relação
ganha visibilidade pela sua extensão. Duas formas de replicação: externa (fluxo de coisas
entre pessoas) e interna (crescimento de coisas dentro da pessoa). Na substituição, uma
relação ganha visibilidade pela criação de uma coisa que a incarne em outra forma, a
substitua.

Entre os Muyuw, participantes do kula trobiandês, a troca cerimonial e as relações


intraclãnicas são casos de replicação externa. No primeiro caso, a circulação de objetos
de mediação (riqueza ou dádiva) faz com que uma relação seja o começo de outra,
encadeando-as. Dessa forma, parcerias entre os homens são constantemente tornadas
visíveis por esta ativação replicativa. No segundo caso, a separação do subclã entre
mulher que saem da residência e homens que ficam exerce função análoga, produzindo
uma coletividade de identidades masculinas replicadas como comunidade familiar.

A replicação interna pode ser vista no crescimento corpora, onde se replica uma mesma
substância vital. Isso pode ocorrer entre pessoas distintas ou dentro de uma mesma
pessoa; de qualquer forma, o crescimento é um produto relacional, deriva da interação. A
relação homem/noviço entre os Sambia – nutrição do noviço por sêmen – e a
esposo/esposa entre os Paiela – nutrição do marido por mágica – são bons exemplos.

Já a substituição pode ser vista nos filhos e nos produtos do trabalho doméstico. A criança
é uma substituição bem-sucedida de uma relação não mediada entre os pais, contendo
substâncias vitais de ambas as pessoas. Da mesma forma são os alimentos, que são
produto do trabalho combinado de ambos.

O última par de conceitos é same-sex/cross-sex. É uma terminologia que tenta escapar do


par masculino/feminino, dado que não é possível encontrar categorias fixas de homem e
mulher ao modo do modelo do antagonismo sexual. Homomorfismo entre pessoas ou
entre as partes constituintes de uma pessoa produzem uma relação same-sex, enquanto o
dimorfismo produz uma relação cross-sex. Relações como a entre um homem e o porco-
para-troca (sua parte descartável) ou entre o grupo de noviços em iniciação (em mesma
condição de gênero) são casos de same-sex. A relação entre os parceiros de troca no kula
(doador distinto do receptor) e entre esposo e esposa são casos de cross-sex.

Ao contrário do que a etnologia primeira da região interpretava, o gênero não está dado
de antemão ou fixado pela forma corporal de modo inequívoco. As partes sexuais podem
ser conceitualizadas como femininas ou masculinas dependendo do contexto de
enquadramento estético. “Whether a tube turns out to be a penis or a birth canal depends
on how it is and has been activated” (Ibid., p. 128).

A pessoa melanésia é múltipla e divisível. Composta pelas substâncias masculina e


feminina dos genitores, ela remete sempre a um estado andrógino, composto. Pela
divisibilidade, partes de um sexo podem ser englobadas por um ser definido como de
outro sexo.

In gender terms, the single sex figure will have parts or appendages 'belonging' to the
opposite sex. These are imagined as encompassed or contained within the single body,
for it is only a unitary form that can appear to 'contain' an internal differentiation of this
kind (Ibid., p. 122).

Dado o fundo andrógino, reivindicações de totalidade masculina ou feminina são apenas


definições transientes e circunstanciais. A pessoa encontra-se sempre em estado
andrógino, inativo, em que ela é uma objetificação de outras relações e portanto pode ser
causa ou efeito delas. A posição de agente, por outro lado, requer gênero singular. O
agente é aquele que assume uma condição sam-sex consigo mesmo, incompleta, para
engajar-se numa relação cross-sex, redefinindo-a: “for this joining to occur, a composite,
androgynous entity has had to be reconceptualized as singular, and in being differentiated
from another as incomplete” (Ibid., p. 185).

Oscilando a definição de gênero através das interações, os atores alteram entre serem
concebidos em um estado same-sex ou cross-sex. Eles objetificam relações sociais
específicas ao se colocarem de uma ou outra forma.

On the one hand, the difference between a same-sex and a cross-sex state is chat the onc
is a transformation of the other; on the other hand, male and female are analogic versions
of each other, each acting in its own distinctive way (Ibid., 299).

Instrumentalizados com estes conceitos, é mais simples de seguir a interpretação de


Strathern sobre a sociabilidade melanésia. Esposo e esposa são sujeitos que eliciaram uma
relação cross-sex entre si, o que requer a definição de identidades singulares através de
convenções estéticas reificadas. Esta relação conjugal é baseada na troca não mediada
(crescimento, trabalho). Os produtos desta relação (criança, alimento) são substitutos
dela, e assim passiveis de personificação. Se retirados do domínio doméstico para o
político, o produto dessa relação pode ser reconceitualizado como um objeto de troca,
com o qual o homem estabelece uma relação same-sex. Desta maneira, ele elicia uma
outra relação cross-sex com um parceiro de troca mediada. Inserido numa cadeia de trocas
cerimonias, esta relação é replicada. O ritual de iniciação também elicia replicação de
relações same-sex entre homens, mas o faz através de trocas não mediadas, de exercício
da influência direta. Esta troca não mediada é distinta da entre esposo e esposa, pois uma
é cross e outra same-sex, e uma tem efeitos substitutivos e outra replicativos.

Parte 7

Strathern desenvolve, portanto, uma abordagem profundamente crítica das interpretações


antropológicas sobre a sociabilidade melanésia, cuja aplicação inadvertida de imagens
derivadas da metáfora-raiz de commodity gera importantes erros analíticos. Ela então
propõe uma terminologia mais adequada para enxergar esta região cultural.

Para além deste aspecto etnograficamente crítico, trata-se também de um projeto


comparativo bastante complexo: tanto no sentido de produzi uma análise etnológica da
Melanésia de modo amplo, quanto de colocar esta região em relação a região de onde
provém a autora, evidenciando o pertencimento cultural dos mecanismos interpretativos.
Bastante consciência de que se trata de uma empresa difícil e perigosa, Strathern elucida
seus princípios comparativos em diversos momentos do desenvolvimento textual.

No capítulo final, a autora elenca as principais similaridades entre os povos melanésios:


a formação de associações masculinas, a relação entre transações mediadas e não
mediadas, as noções de gênero, a estética de ativação das relações e a sequenciação entre
causa e efeito nas relações. No que tange a diferença entre eles, a mais fundamental é
entre sistemas cuja troca gera parentes e aqueles em que ela não gera.

Estes diversos fenômenos compartilhados pelas populações da região permitem pensar os


sistemas sociais ali presentes enquanto versões uns dos outros. As diferenças entre eles,
nesse sentido, são vistas como se fossem a mesma diferença (Ibid., p. 341), de tal maneira
que é possível compreender a troca cerimonial através da iniciação ritual e vice-versa. Ela
aponta, desta forma, um modelo melanésio único: “Here we have varieties of or versions
of a 'single' instance. These societies hold their conventions in common” (Ibid., p. 341).

Isso vai contra o procedimento básico do método comparativo tradicional: a


generalização através do acúmulo repetido de casos. Este procedimento, por sua vez, está
baseado na ideia ocidental de que formas culturais geram uma multitude diferente de
sociedades. A atividade cultural, nesse sentido, é a proliferação e a diversificação de
“coisas”. E é esta equação que, para a autora, fundamenta os paradigmas do relativismo
e do universalismo.

No tratamento de Strathern sobre a Melanésia, os sistemas sociais não podem ser


considerados separadamente, pois, enquanto versões de um mesmo modelo, suas histórias
estão implicadas. A comparação entre eles é fundamentada, assim, na referência comum:
eles são excrescências (“outgrowths”), desenvolvimentos uns dos outros. A ideia central,
aqui, é de que formas sociais específicas não provém de esquemas gerais, mas de outras
formas específicas.

Nesse sentido, a comparação está restrita a sistemas inclusos dentro do modelo. Não é
possível estender uma comparação Daulo/Gimi/Hagen a uma sociedade externa. Isso só
poderia ser feito no método comparativo tradicional, que considera as preocupações das
sociedades humanas como funcionalmente similares e voltadas para os mesmos fins. Isso
tornaria uma comparação Hagen/Ocidente, por exemplo, cabível.
Em Strathern, a escala de comparação deve ser ajustada. “Ocidente” pode ser comparado
não com Hagen ou Daulo, mas com “Melanésia”. Ambos constituem modelos culturais
amplos, dentro dos quais há sistemas sociais singulares relacionados com base em seu
fundo de convenções comuns, constituindo versões umas das outras.

Além disso, claro, há o problema da linguagem. Ela utiliza formas linguistico-textuais


derivadas do mundo ocidental, com imagens provindas da metáfora-raiz de commodity
(Ibid., p. 342). A língua inglesa, o esquema de pares de conceitos, o princípio de
classificação etc. constituem o meio através do qual ela busca captar a sociabilidade
melanésia, mesmo que eles pertençam a um outro modo de sociabilidade. Os ajustes na
linguagem, então, são também importantes para a empresa comparativa.

Conclusão

The Gender of the Gift é polifônico, que envolve muitas temáticas e possui com muitas
camadas. O que este texto procurou fazer é se debruçar sobre alguns dos temas principais
com foco especial sobre os tópicos que me pareceram mais importantes para estabelecer
um diálogo com o contexto amazônico. Especial atenção foi dada ao jogo de linguagem
utilizado para referir-se a um universo diferente do da autora e a forte marca relacional
da sociabilidade melanésia, bem como para os métodos de comparação.
Bibliografia

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2001.

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