Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conceito atual de lógica Os sofistas foram pensadores do século V a.C. Iam de cidade em cidade,
ensinando a troco de dinheiro. Para atrair a atenção sobre seus ensinamentos, já
que a Grécia era composta na sua maioria de cidades democráticas, tratavam
Todos nós, mais cedo ou mais tarde, somos forçados em suas aulas de como se defender, como atacar os adversários em juízo e
a tomar lugar num banquete de consequências. como sair vencedor nas discussões. Nesta tarefa, porém, não se preocupavam
Robert Louis Stevenson com qualquer norma lógica. A única regra era sair vitorioso.
Incoerência do raciocínio
Antônio Xavier Teles O ideal máximo da Lógica é a coerência. É coerente aquilo que está de
acordo com as regras ou condições do sistema. Assim, algo pode parecer inco-
erente, absurdo, num sistema e ser coerente em outro. É o caso do problema de
Zenão, conhecido pelo nome de “Aquiles e a tartaruga”. No nosso sistema de
Na vida prática e profissional, temos necessidade de um melhor conheci- linguagem vulgar é um absurdo, é a própria incoerência, mas dentro do sistema
mento das regras e do proceder lógico, tanto para nossa defesa, como para ou dos termos em que ele colocou a questão, apresenta-se coerente e lógico.
atingirmos com mais precisão nossos objetivos. Para provar que o movimento é impossível, Zenão propôs, em resumo, os
seguintes argumentos:
Um pouco de história 1º) Aquiles numa corrida com a tartaruga — se esta tiver uma pequena
dianteira, Aquiles jamais a alcançará.
A Lógica foi sistematizada por Aristóteles (384-322 a.C.) e se constituiu 2º) Uma flecha em voo, na verdade está em repouso.
durante toda a Idade Média como matéria principal ao lado da Teologia e da Tais argumentos, depois de refutados por Aristóteles, serviram de base para
Filosofia. um renascimento matemático, quando professores alemães, que talvez nunca
Na Idade Moderna, sua influência não é pequena. Está intimamente ligada sonhassem haver uma ligação entre eles e Zenão, criaram a teoria do infinita-
ao método e à Ciência matemática. mente grande em Matemática. Weierstrass, Dedekind e Cantor eliminaram da
Aristóteles, deparando-se com todo o acervo de pensamento anterior a ele, Matemática o problema do infinitamente pequeno. De acordo com a concep-
viu-se embaraçado com uma série de contradições, algumas aparentes e outras ção do infinitesimal ou do infinitamente pequeno, em termos lógicos e matemá-
reais. Essas contradições tomaram vulto a partir dos sofistas. Diante disso, o ticos, é sempre possível colocar (mentalmente ou por suposição), entre um ponto
filósofo reagiu elaborando o primeiro sistema lógico que, por sinal, mostrou-se qualquer e o seguinte, um novo ponto.
útil até hoje. Sentiu que, antes de prosseguir nas especulações racionais da Filo- A Lógica é uma Ciência abstraía. Abstraio significa desligado do real, aquilo
3 4
que é puramente mental.
1, 2, 3, 4, 5, — infinito.
2, 4, 6, 8, 10 — infinito.
Passagem do concreto para o abstrato
Uma parte igual ao todo. Há tantos números na série inferior como na
Se possuo um pedaço de madeira, primeiramente posso cortá-lo em duas superior e, neste caso, pode-se concluir que uma parte é igual ao todo, porque
partes, em seguida, cortar estas em outras duas e assim sucessivamente. Os a série de números pares é uma parte da série dos números naturais. Este para-
pedaços se tornariam cada vez menores e. . . (fazendo uma abstração) de tama- doxo é logicamente certo, porque é um elemento da definição de “séries infini-
nhos infinitamente pequenos. Não há nenhuma lei lógica ou mental que nos pro- tas”. Afirmar que “uma parte é igual ao todo” torna-se falso, é claro, quando se
íba continuar dividindo mentalmente aquele pedaço de madeira. Isto, no campo trata de série finita.
abstrato, é sempre possível. Por menores que sejam, ainda podemos cortá-los, Por que, afinal de contas, Zenão afirmava que Aquiles não poderia alcançar
dividi-los, reduzi-los, entenda-se, no nosso pensamento. Desta forma, nunca a tartaruga?
poderíamos chegar a um pedaço indivisível, desde que o problema passou a ser 1º) Aquiles e a tartaruga iniciam a corrida, ao mesmo tempo, levando a tar-
mental. taruga, como ele achou justo, certa vantagem.
Costumava-se pensar que uma trajetória a ser percorrida estivesse dividida 2º) Dada a partida, Aquiles parte do ponto A e a tartaruga do ponto A’. No
numa série de pequenos intervalos ou pontos. Esta suposição levou Zenão ao momento seguinte, Aquiles está emA’ a tartaruga em A”, e assim sucessivamen-
problema que segue: é melhor considerar que, quando um corpo se desloca, te:
ora está num lugar, em determinado momento considerado, ora está em outro Em cada momento Aquiles está num ponto e a tartaruga no outro seguinte e
lugar, em outro momento. Com isto, eliminamos a ideia de que o corpo passaria assim por diante.
por uma série de pontos intermediários até atingir sua meta. Baseado nesta 3º) Como se pode considerar uma série infinita de pontos na trajetória que
suposição de que o corpo passa por uma série de pontos, é que Zenão fez sua os dois devem percorrer, chega-se à conclusão que, de acordo com o raciocí-
argumentação. Estes são paradoxos, isto é, apresentam-se como falsos, mas, nio empregado, Aquiles e a tartaruga nunca se encontrarão, pois, devendo cada
dentro das condições do contexto em que surgem, são verdadeiros. O movi- um deles percorrer, sucessivamente, uma série infinita de pontos, não só nunca
mento consiste apenas no fato de os corpos estarem ora num lugar, ora noutro, chegarão ao ponto final (que é um ponto infinito), como nunca Aquiles encon-
em tempos diferentes e estarem em lugares intermediários em momentos inter- trará a tartaruga, por causa da dianteira inicial.
mediários. Não consiste em terem de passar por uma série infinita de pontos
intermediários. Desta última suposição surgiram os problemas lógicos de Zenão, Definição de Lógica
como dissemos.
Para chegarmos à compreensão de seu problema lógico, suscitado por estes Poderíamos definir Lógica como a Ciência ou o estudo das inferências
exemplos, é preciso ter certa noção de infinito, entendendo-se por infinito uma correias do ponto de vista de sua validade.
coleção de entidades que contêm como partes outras coleções, que possuem A Lógica tanto se refere a um estudo como a um sistema feito de inferências
tantas entidades como a primeira. Por exemplo: existem tantos números pares corretas. A Lógica se preocupa mais com a validade destas inferências que com
quantos números naturais. Isto pode ser mostrado escrevendo-se números pa- sua verdade exterior. Seu ideal é a coerência entre os elementos do sistema.
res e ímpares da seguinte maneira: Pelo estado atual desta Ciência somos obrigados a dividi-la em Lógica clás-
5 6
sica e Lógica formal moderna. O critério desta divisão está baseado no méto-
do que cada matéria adota em seu estudo.
1. Lógica clássica. Não adota axiomatização no seu tratamento, isto é, não
foi reduzida a uma linguagem simbólica como a da Matemática. O silogismo,
por exemplo, obedece a regras que são expressas na linguagem comum. É uma
lógica mais intuitiva. A natureza da lógica
2. Lógica formal moderna. É estritamente axiomatizada. Adota o método
matemático. Por isto mesmo se apresenta bastante distinta de sua coirmã. É
quase Matemática. Existe um mundo de coisas perceptíveis pelos sentidos
e um mundo de leis inferidas pelo pensamento.
Spinoza
Signos e ideias
Para a Lógica clássica, a estrutura sentencial resumia na forma: O estudo tradicional das proposições
p q pvq p q pq
V V V V V V
V F V V F F
F V V F V V
F F F F F V