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Guido Imaguire

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Cícero A. C. Barroso
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Tiul 1 i c i i j s e 1-ucena C a v a l c a n t e
Thil h i c M i i M a g a l h ã e s Freitas
TMII I Icrvasio ( l u r g c l Bastos
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Piiil |iiNi': ( / a r n e i r o de A n d r a d e
l ' i i il M,iii(i(l ( ) d o r i c o dc Moraes Filho
•s.
UFC
EDIÇÕES
Fortaleza
2006
Sumário
CAPÍTULO 1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS .... 11
1.1 O Que é Lógica? H
1.1.1 Caráter formal, generalidade e normatividade 12
1.1.2 Lógica e filosofia 17
1.2 Linguagem 18
1.3 Verdade ^ 22
IA Definições • 26
L5 Indução e Dedução .•. 30
CAPÍTULO 2 - NOÇÕES BÁSICAS DE TEORIA
DOS CONJUNTOS 33
2.1 A Relação 6 (pertinência) 34
2.2 A Relação C (continência) 36
2;3 • Conjuntos Especiais 38
2.3.1 Conjuntos unitários 38
2.3.2 O conjunto vazio 38
2.3.3 O conjunto universo 38
2.3.4 Conjuntos numéricos 39
2.3.5 Conjuntos infinitos 40
2.3.6 Relações e funções 44
2.3.7 Estruturas 49
2.3.8 Conjuntos indutivos 49
2.4 Operações com Conjuntos 52
2.4.1 União 52
2.4.2 Interseção 52
2.4.3 Complemento 53
2.4.4 Diferença 53
2.4.5 Composição 54
2.4.6 Conjunto potência 55
2.4.7 Grande união 56
2.4.8 Grande interseção 56
2.5 Teoremas da Teoria dos Conjuntos 57
2.6 A Antinomia de RusseU 58
Exercícios (Exl) 62
(; A1 >j' 1111X) 3 - SILOGISMO A R I S T O T É L I C O 69 5.1.1.1 Termos 189
\ Arfumciitos: Validade e Correção 69 5.1.1.2 Proposições atómicas ou elementares 194
,1,2 (> Sii< )gismo Aristotélico 73 5.1.1.3 Fórmulas quantificadas 195
,V,1 () (Cuadrado Lógico 81 Exercícios (Ex6) 204
.V4 \ Medieval 82 5.1.2 As regras de inferência da LPPO (RI) 208
I '',xercícios (Ex2) 83 Exercícios (Ex7) 217
5.2 A Semântica de LPPO 226
C A P Í T U L O 4 - L Ó G I C A P R O P O S I C I O N A L (LP) .... 87 5.2.1 Estrutura e interpretação 226
•l.l A Sintaxe da LP 87 5.2.2 Verdade, fórmula válida e consequência lógica 236
•III A linguagem duLV 88 5.2.3 Tablôs semânticos para a LPPO : 239
'1,1.1.1 Leiras sentenciais 89 Exercícios (Ex8) 243
•1.1.1.2 Juntares ou conectivos 90 5.3 Metateoremas 244
4.1.1.3 Parênteses 103 5.3.1 A Indutividade de £ 244
Exercícios (Ex3) 108 5.3.2 Propriedades da dedutibiHdade 244
4.1.2 As regras de inferência da LP (RJ^^ 112 5.3.3 Teorema da substituição (TS) 245
4.1.2.1 Evidência e necessidade 113 5.3.4 Permuta de variáveis (PV) 245
4.1.2.2 Definições de noções sintáticas e comentários 114 5.3.5 Forma normal prenex 247
4.1.2.3 Apresentação e explicação das regras de inferência 118 5.3.6 Teorema da compacidade 249
Exercícios (Ex4) 126 5.3.7 Teorema da correção 264
4.2 A Semântica da LP 133 5.3.8 Teorema da dedução (TD) 271
4.2.1 Verdade 134 5.3.9 Teorema da completude 272
4.2.2 Tabelas de verdade 137
4.2.3 Tablôs semânticos 145 CAPÍTULO 6 - LÓGICAS ALTERNATIVAS 287
Exercícios (Ex5) 148 6.1 Lógica Modal Proposicional 287
4.3 Metateoremas da LP 154 6.2 Lógica Intuicionista 299
4.3.1 A indutividade à& 154 6.3 Mereologia 303
4.3.2 A expressividade máxima de L^^ 156 6.4 Lógica Default 309
4.3.3 Propriedades da relação de dedutibiKdade 157 6.5 Fim de Jogo 314
4.3.4 Teorema da substituição (TS) 160
4.3.5 Teorema da compacidade 161 7 Bibliografia Recomendada 319
4.3.6 Teorema da correção 168
4.3.7 Teorema da dedução (TD) 172 8 Referências Bibliográficas 320
4.3.H Teorema da completude 174
CAPÍTULO 5 - LÓGICA D E PREDICADOS
D E P R I M E I R A O R D E M (LPPO) .... 181
.VI A Sintaxe da LPPO 181
5.1.1 A Unguagem da LPPO {£) 182
CAPÍTULO 1- CONCEITOS
INTRODUTÓRIOS
1.1 O Que é Lógica?
Podemos usar a p a l a v r a " p l ó g i c a ^ e m dois senddos
principais. P o r u m lado, usamos " l ó g i c a " quando queremos
nos referir a u m sistema de inferênáa particular. Entenda-se
aqui "sistema de i n f e r ^ i c i a " c o m o u m a estrutura na qual
encontramos u m conjunto de regras para derivar proposi-
ç õ e s (conclusões) a partir de outras p r o p o s i ç õ e s (premissas)
de u m a dada linguagem. Compreendida essa a c e p ç ã o ,
verificar-se-á que, na mesma medida e m que podemos
p r o p o r u m a enorme quantidade de conjuntos de regras de
inferência e de linguagens para os mais variados p r o p ó s i t o s ,
assim t a m b é m s ã o i n ú m e r a s as lógicas que se p o d e m
formular. A s s i m , falaremos, p o r exemplo, da " l ó g i c a de
A r i s t ó t e l e s " , da " l ó g i c a proposicional", da " l ó g i c a de
predicados de primeira o r d e m " , da " l ó g i c a m o d a l S5", etc.
A o leitor que t e m agora o seu p r i m e i r o contato c o m a lógica
pode parecer surpreendente que possa haver várias lógicas.
Mas essa surpresa provavelmente é ocasionada pelo fatojde
se esperar que a lógica deva representar o^aciocínio corre^o^
Deve-se, p o r é m , notar que, mesmo que fosse e s ^ e U escopo
da lógica, n ã o há raciocínio correto de per si. T o d o raciocínio
é contextual. A s s i m , p o r exemplo, o que se considera u m
raciocínio correto na vida cotidiana n ã o será necessariamente
considerado assim n u m contexto m a t e m á t i c o o u filosófico.
Por outro lado, usamos " l ó g i c a " para nos referirmos ao
estudo dos diferentes sistemas de inferência. Este livro é,
portanto, u m Hvro de lógica, porque ele pretende apresentar
u m estudo acerca de alguns exemplares de lógicas
particulares. U m lógico pode empreender o estudo dos
sistemas de inferência de diferentes maneiras. E possível, p o r
exemplo, efetivar esse empreendimento trabalhando
maximamente dentro d o formalismo m a t e m á t i c o , sem dar
I-I 15
(!i)Stumíi-sc distinguir a forma e o conteúdo do Se todos os barbis são berbis, e todos os berbis são birbis,
iiu io( imo. A lógica é uma ciência formal, não conteudística. então todos os barbis são birbis
I l i n fxcinpkí pode ajudar a compreender esta diferença,
loiíu' SC a frase: "ontem choveu". Dir-se-ia, com razão, que O que quer que sejam barbis, berbis ou birbis, sejam eles
p;irii poder avaliar se esta afirmação é verdadeira ou falsa é classes de animais, de partículas subatomicas, de substâncias
ilfccssário conhecer o significado das expressões usadas orgânicas, de grupos indígenas, a afirmação é sempre e
"ontem" e "choveu". E claro que, além disso, algumas necessariamente verdadeira. A relação lógica representada
(•(iiulições empíricas são necessárias: que se tenha olhado pelo argumento independe do conteúdo semântico deste, e a
D i i l c m pela janela, que se tenha memória do que aconteceu conclusão de que todos os barbis são birbis independe de
( i i i l e m , ctc. Estas condições empíricas não são necessárias se sabermos a qual área do conhecimento as expressões
a afirmação tivesse sido: "ontenTchoveu ou não choveu", pertencem. Porque a lógica é uma ciência formal, o exemplo
pois neste caso poderíamos concluir que a afirmação é acima pode ser aplicado na biologia:
vcidadeira sem observação empírica alguma. Tal verdade é,
diriam os filósofos, uma verdade a priori. Mesmo assim, Todos os primatas são mamíferos • • . , , ,4.',
parece ser necessário que se conheça o significado - o Todos os humanos são primatas
conteúdo - das expressões usadas. Suponha-se, por outro Todos os humanos são mamíferos.
lado, que um alemão que mal fala português tenha a
desagradável mania de misturar as duas línguas, e que ele Se barbis, berbis e birbis fossem conjuntos de partículas
diga: "ontem geregnet ou não geregnef. O interessante e subatomicas, a afirmação pertenceria à física, se fossem
surpreendente neste caso é: Mesmo um brasileiro que não classes de substâncias orgânicas a afirmação pertenceria à
entende nenhuma palavra de alemão também poderia química, se fossem grupos indígenas, a afirmação pertenceria
afirmar com absoluta certeza que o que o alemão afirmou é à etnologia. Daí muitos dizerem que a lógica não é, a rigor,
verdadeiro, o que quer que "geregnet" signifique: fazer sol, uma ciência, mas sim uma disciplina propedêutica, uma
chover ou nevar. Pois, independente do que x signifique, ciência anterior ou pressuposta por todas as ciências.
uma afirmação como "ontem x ou não x" é sempre Distingue-se^ em_^geral, dois tipos de disciplinas: as
verdadeira. Esta é, portanto, u m a ¥ ê r d a d e que depende única '^descriíivaTje as ) normativas^ As disciplinas descritivas têm a
^ c exclusivamente da forma sintática da expressão que a pretensão de apresentar uma descrição de como as coisas
comunica, e uma verdade formal, uma verdade lógica, uma são na realidade; exemplos são a biologia, a psicologia, a
la/ilologia. anatomia, a cosmologia, a física, a sociologia, etc. As
Um outro exemplo de uma verdade lógica seria: disciplinas normativas, também chamadas de prescritivas, não
dizem como as coisas são, mas sim como elas deveriam ser.
Se ocorre A , e sempre que ocorre A também ocorre B, Disciplinas normativas são: o direito e a ética. A lógica
então ocorre B. pertence a esta última classe, pois ela não descreve como os
seres humanos raciocinam em geral (isso seria tarefa da
O que quer que A e B signifiquem, a simples análise da psicologia cognitiva), mas instrui como eles deveriam
forma da expressão garante a verdade da conclusão. U m raciocinar, ou seja, construir argumentos válidos relativã"-
terceiro exemplo de uma verdade lógica é: mente a certos contextos argumentativos. Importa observar,
1?
lio ( i i l ; m l < > , qiic o enorme desenvolvimento da lógica nas l.2|Lógica e Filosofia^
tilliiiuis ili-cadas tem trazido consigo a necessidade da
c e l l c x i i i » sobre a caracterização da lógica c o m o disciplina Existe uma longa e controversa d i s c u s s ã o sobre a
r N l i i l i i i n c n l c prescritiva. Alguns desenvolvimentos da lógica p r o b l e m á t i c a da relação entre filosofia e lógica. Duas
i d i i l c i i i p o i à n c a , c o m o as lógicas epistêmicas o u as lógicas q u e s t õ e s se destacam: (1) A lógica é parte da (uma disciplina
iiiii» inonotônicas, tentam justamente formalizar argumentos da) filosofia o u n ã o ? (2) Existe uma relação de d e p e n d ê n c i a
|il;iiisivt'is que ultrapassam os limites da validade tal c o m o a m ú t u a entre lógica e filosofia (ou o resto da filosofia, caso
lógica seja uma parte desta)?
dclinimos anteriormente.
l lina c o n s e q u ê n c i a da normatividade da lógica é que ela N ã o há dúvida de que as duas ciências t ê m , u m a íntima
relação, e que, quando Aristóteles criou a lógica enquanto
produz objetos algorítmicos ideais; as próprias normas que
discipHna (o que n ã o quer dizer que as pessoas n ã o
elii prescreve constituem estes objetos. Um^ãlgoritmo^ dito
pensassem logicamente antes dele, mas que ele expHcitou u m
ilc m o d o i n f o r m a l , é u m conjunto de instruções que i n d i c a m
sistema de d e d u ç õ e s corretas já praticadas), ela f o i tratada
c o m o certas tarefas devem ser realizadas. Exemplos de
c o m o parte da filosofia. N a tradição clássica, durante toda
algoritmos s ã o : o procedimento geral para somar dois
idade m é d i a (Agostinho, Petrus Hispanus, T o m á s de
n ú m e r o s , a receita de u m bolo, o conjunto de instruções que
A q u i n o ) e no início da modernidade (Descartes, Spinoza,
seu computador interpreta para executar uma a ç ã o , os
Leibniz) a lógica continuou sendo tratada c o m o parte
passos para se fazer u m origami etc. Para que u m algoritmo integrante e inseparável da filosofia. A partir de autores de
possa ser executado é preciso que ele possa se referir a orientação mais matemática no início do século X I X c o m o
ações, a coisas que estarão envolvidas nestas a ç õ e s e a Boole, de M o r g a n , e depois, no final do século c o m o HUbert
relações entre estas coisas. Por exemplo, se eu quiser criar e Frege, a lógica c o m e ç o u a se desenvolver independente-
L i m algoritmo que mostre c o m o empilhar caixas, eu preciso mente da fdosofia. Para muitos, devido à sua universalidade,
me referir à a ç ã o de empilhar, às caixas e aos modos de a lógica é uma ciência até mesmo anterior à filosofia, a quál
dispô-las. Cada uma dessas coisas a que eu me refiro é u m sempre havia sido considerada uma sáentia prima. E m todo
objeto algorítmico. Tais objetos serão processados c o m caso, a parte da filosofia que se ocupa c o m a lógica é
maior simplicidade e eficiência se eles f o r e m definidos de chamada filosofia da lógica^ n ã o deve ser confundida c o m a
m o d o formal, c o m clareza e sem ambigiiidades. Agora lógica própriamentê~dit5r N a filosofia da lógica pretende-se
suponha que eu quisesse criar u m algoritmo para verificar se tratar, filosoficamente, dos princípios e fundamentos da
um raciocínio é váHdo o u n ã o . T a l algoritmo será m u i t o mais lógica.
eficiente se o raciocmio estiver vertido e m u m argumento A relação inversa, da d e p e n d ê n c i a da filosofia em relação
l(')gico formal, se seus elementos estiverem b e m deter- à lógica, está fora de qualquer controvérsia séria. Que a
minados e as relações entre eles explicitadas. É isso que a filosofia dependa e faça necessariamente uso da lógica nunca
l(')gica p r o v ê e por isso os objetos algoritmos que ela produz f o i colocado em q u e s t ã o na longa história da filosofia,
s!Í() ideais. embora os filósofos tenham diferido radicalmente sobre o
que é propriamente lógica (basta comparar neste sentido
Hegel e Frege). T o d o argumento filosófico aceitável t e m de
ser logicamente estruturado. Posto ser este u m texto de
IH 19
i n ( n K I I I I , Í 1 ( ) à l(')gica formal, estas q u e s t õ e s fundamentais Imagine, p o r u m instante, que n ó s dispomos apenas' de
w f c r e n t c s à relação da lógica c o m a filosofia n ã o s e r ã o palavras, mas n ã o de numerais. Procure e n t ã o calcular:
nal!iil;is.
trezentos e vinte e sete
1.2 IJnguagem , mais quatrocentos e setenta e dois
l i m a linguagem é u m sistema simbóHco, o u seja, u m Escrito desta maneira, o cálculo se torna muito difícil.
sislcma de r e p r e s e n t a ç ã o . A definição de linguagem na lógica Substitua, p o r é m , ag(jra as palavras pelos numerais corres-
é diferente, de certo m o d o mais simples, mais " m a t e m á t i c a " , pondentes:
do que a definição na Hngiiística. Uma determinada lingua-
gem L c definida, formalmente, p o r meio do par: 327
+ 472
Escrito desta forma, qualquer pessoa instruída em
T o d a linguagem é composta de u m alfabeto A , que é o a r i t m é t i c a pode realizar facilmente a o p e r a ç ã o . A mera troca
conjunto de todos os s í m b o l o s elementares desta linguagem de sinais pode ter, portanto, grande influência na nossa
e de regras sintáticas o u gramaticais S, que prescrevem c o m o capacidade de pensamento. Embora possa parecer
esses s í m b o l o s devem ser combinados. Exemplos de trabalhoso aprender urna nova linguagem escrita, a longo
alfabetos s ã o {a, b , c, 2 } , { « , P, %, Ç } . Exemplos de prazo, isso se m o s t r a r á altamente eficiente para os
s í m b o l o s que costumam aparecer nos alfabetos das p r o p ó s i t o s de raciocínio. Este insight talvez seja a maior Ução
linguagens lógicas s ã o {—1, A , V , 3, V , x, F, ' } . As regras da filosofia analítica para a história da filosofia.
sintáticas o u gramaticais determinam c o m o e x p r e s s õ e s E importante distinguir linguagens naturais de Unguagens
complexas devem ser formadas a partir dos s í m b o l o s do artificiais. Linguagens naturais surgiram espontaneamente ao
alfabeto, p o r exemplo: a casa é bela, V x F x , etc. Parte da longo da história da humanidade, c o m o o latim, o grego, o
tarefa_deste l i v r o será ensinar ao leitor uma nova linguagem: c h i n ê s , o inglês e o p o r t u g u ê s . Linguagens artificiais foram
ao invés de escrevermos "todos os humanos s ã o mortais" criadas segundo u m planejamento, c o m s e m â n t i c a e sintaxe
escreveremos formalmente " V x ( F x ^ G x ) " . definidas arbitrariamente. Exemplos são: esperanto, as
O leitor poderia sentir u m certo i n c ó m o d o neste linguagens de p r o g r a m a ç ã o e a da lógica formal.
m o m e n t o , afinal, para que complicar? N ã o seria m u i t o mais N a linguagem natural, o conjunto de seqiiências de
fácil manter a nossa Hnguagem usual, que já dominamos t ã o s í m b o l o s que t ê m u m valor s e m â n t i c o ("gato" e "casa" t ê m
bem, se elas dizem o mesmo? Deve-se perceber, n o entanto, u m valor s e m â n t i c o , " b r c a d " n ã o tem) é c h a m a d c £ m ã ^ ^ S ^
que o sistema de escrita, o sistema gráfico o u s i m b ó l i c o da linguagem, e seus elementos vocábulos o u termos. Estes
escolhido, pode influenciar em m u i t o a capacidade de termos s ã o combinados de acordo c o m as regras sintáticas
raciocínio. Pense n o seguinte exemplo: N ó s podemos para formar frases c o m o "o gato está em casa".
icprcsentar u m n ú m e r o p o r meio de palavras (como Transgredindo as regras sintáticas se o b t é m seqiiências n ã o
"trezentos e vinte e sete") o u p o r meio de numerais ("327"). significativas, por exemplo: "casa o está em". A g r a m á t i c a
das linguagens naturais, n o entanto, n ã o é rigorosa o
20 21
N i i l i i i c - i i t c puta excluir c o m b i n a ç õ e s ilegítimas c o m o " o Pedro canta. , •
lUimcro 5 dorme furiosamente", que s ã o gramaticalmente J o ã o ama Maria.
f o c f c t í i s , mas ó b v i o s disparates linguísticos. Chove.
Na linguagem artificial da lógica (especificamente da Irei ao cinema o u à praia.
l('>j>ic a tlc primeira ordem), os s í m b o l o s que s e r ã o associados
II um valor s e m â n t i c o s ã o os termos (nomes) e os E x p r e s s õ e s subsentenciais n ã o constituem s e n t e n ç a s
pictlicados. Este valor, p o r é m , n ã o é fixo; ele será a t r i b u í d o isoladamente. Seria insuficiente para caracterizar univoca-
em cada caso p o r uma função chamada tecnicamente de mente e x p r e s s õ e s subsentenciais, dizer que elas s ã o partes de
iii/erpretação. A s regras de sintaxe se dividirão em dois grupos: s e n t e n ç a s posto que s e n t e n ç a s t a m b é m podem'ser partes de
a g r a m á t i c a dos termos, que estabelece quais seqiiências de s e n t e n ç a s . A s e n t e n ç a "Pedro canta" é uma parte da
s í m b o l o s s ã o termos e quais n ã o s ã o , e a g r a m á t i c a das s e n t e n ç a "Pedro canta enquanto Maria toca piano", mas n ã o
fórmulas, que estabelece quais s e q u ê n c i a s de s í m b o l o s s ã o é uma e x p r e s s ã o subsentencial. Exemplos de e x p r e s s õ e s
fórmulas b e m formadas e quais n ã o s ã o . subsentenciais são: casa, pequena, canta, ou, m u i t o , o
Leibniz é o precursor da ideia de uma língua universalis, presidente do Brasil, ao cinema ou.
semelhante à m a t e m á t i c a , que pudesse ser combinada c o m H á u m a n o ç ã o i n g é n u a de que as s e n t e n ç a s s ã o mais
um calculus ratioãnator, de m o d o que inferências lógicas complexas que as e x p r e s s õ e s subsentenciais. Mas a
pudessem ser realizadas de maneira puramente m e c â n i c a . complexidade n ã o é u m b o m critério de distinção. A
I''rege, c o m sua Conceitografia (Begrijjsschrift) de 1879, é seu e x p r e s s ã o subsentencial
primeiro realizador efetivo, e essa lógica é o tema principal
deste livro. o p r e ç o do corte de cabelo do i r m ã o do atual presidente
N a linguagem se distinguem três d i m e n s õ e s , respecti- do Brasil • i,
vamente estudadas p o r três discipHnas: a s e m â n t i c a , a sintaxe
c a p r a g m á t i c a . Grosso m o d o , pode ser dito: A s e m â n t i c a se é m u i t o mais complexa cjuc a s e n t e n ç a
ocupa c o m a r e l a ç ã o entre o discurso e o objeto do discurso,
a sintaxe c o m a relação dos s í m b o l o s entre si e a p r a g m á t i c a Chove.
c o m a relação da Hnguagem e os seus u s u á r i o s . Neste Kvro a
p r a g m á t i c a n ã o será estudada, apenas a sintaxe e a s e m â n t i c a , U m critério de d i s t i n ç ã o adequado correspondente na
sendo esta última entendida de u m m o d o mais restrito: n ã o a lógica s ó será p o s s í v e l depois de definirmos algumas n o ç õ e s
relação c o m qualquer objeto, mas c o m uma estrutura o u u m elementares n o capítulo sobre lógica proposicional. U m
/nodelo. critério nataral de distinção entre componentes subsenten-
R fundamental distinguir duas categorias Ungíiísticas: (1) ciais e s e n t e n ç a s é a apUcabiUdade do conceito de verdade:
expressões subsentenciais e (2) sentenças o u proposições. Classica- e x p r e s s õ e s subsentenciais n ã o s ã o verdadeiras n e m falsas,
mente define-se a s e n t e n ç a na linguagem natural c o m o s e n t e n ç a s s ã o (ou p o d e m ser) verdadeiras o u falsas. Mas n e m
unidade m í n i m a de c o m u n i c a ç ã o . Exemplos de s e n t e n ç a s todas as s e n t e n ç a s s ã o verdadeiras o u falsas; é preciso
são: distinguir:
A casa c pequena. S e n t e n ç a s interrogativas (p.ex.: Q u e m fechou a porta?)
23.
St'iitcn(,-as imperativas (p.ex.: Pedro, faça o favor de "positivo" (verdade) ou "negativo" (falsidade). Logo,
fechar a porta!) quando se diz que algo (uma afirmação, proposição,
Scniciiças interjectivas (p.ex.: Oxalá, Pedro feche a sentença, teoria, etc) tem um valor de verdade, diz-se com
porta!) isto que este algo é verdadeiro ou falso. Verdade e falsidade
Seiílenças declarativas (p.ex.: Pedro fechou a porta.) se comportam, pelo menos classicamente, como noções
excludentes (ou seja, vale o princípio tle não contradição) e
Apenas as últimas são verdadeiras ou falsas. A lógica se complementares: quando uma proposição não é verdadeira,
ocupa apenas com as sentenças declarativas (também ela é falsa, e vice-versa. ("orno se dina na escolástica: krtium^
designadas de afirmativas, assertivas ou enunciados). non datur (não há uma terceira alternativa). Lixisíem, porém,
l'ilosoficamente seria importante distinguir sentenças de ho)e lógicas alteirnativas, ditas polivalentes, tiue admitem
proposições, mas no contexto deste livro, os termos "frase", mais do que dois valores de verdade, p.ex: verdatleito, falso c
"sentença", "proposição" e "enunciado" serão usados indeterminado.
muitas vezes como sinónimos. Na distinção entre sentenças e expressões subsentenciais
É importante também distinguir entre linguagem e já foi utilizado o conceito de verdade de modo intuitivo. E m
^metalinguagem, j A primeita é composta de elementos através geral as pessoas têm uma ideia intuitiva do que seja verdade.
dos quais nos referimos aos fatos empíricos, às ficções, aos E importante diferenciar duas questões centrais relativas à
pensamentos, aos sentimentos, enfim, a tudo o que pode ser verdade: a definição (o que é a verdade) e a determinação de
descrito. Já a segunda é o meio pelo qual nos referimos aos um critério de verdade (como decidir se uma proposição é
elementos da própria Hnguagem. Em geral, a metalinguagem verdadeira ou falsa). Diferentes concepções de verdade
é constituída de letras gregas, que são usadas para foram propostas na história da filosofia, e toda discussão a
representar os símbolos da linguagem de forma genérica. Por seu respeito é altamente complexa. Mesmo assim, para dar
exemplo, a frase "p—>q é verdadeira" assevera a verdade de uma visão global ao leitor que talvez ainda nem tenha rido
uma sentença particular; em contrapartida, a frase "a-^>P é oportunidade de conhecer o assunto, apresentamos um
verdadeira" assevera a verdade de toda uma classe de esboço caricatural. As principais concepções de verdade
sentenças, todas as do tipo 0(-^(3, e.g., p—>q, (pvq)—>r etc. apresentadas foram:
Teoria da correspondência: Classicamente se compreende
1.3 Verdade como verdade a correspondência entre jm^^o/pensamento/frase/
lógica clássica é bivalente, ou seja, ela admite apenas proposição e realidade (ventas est adaequatio intellectus ad reni) A
teoria da correspondência foi defendida por vários autores,
clois 'alares de verdade^ verdade e a falsidade (ou o verdadeiro
e o falso).""A expressão "valor de verdade" é um termo como: Aristóteles, Tomás de Aquino, Kant, Frege, Russell,
técnico, e pode causar uma certa estranheza quando dizemos Wittgenstein e, num certo sentido, Tarski. A teoria semântica
t|iic a falsidade seja um valor de verdade. O caso aqui é de Tarski goza de ampla aceitação entre os lógicos. Segundo
análogo ao da expressão "saldo": ter um saldo no banco essa teoria, verdade é um conceito da metalinguagem (da
parece motivo de alegria, mas quando você descobre que linguagem que trata da própria linguagem), aplicável a frases
tem um saldo negativo, você não se alegra (ou será que declarativas: A frase "a neve é branca" é verdadeira se e
sim?). Da mesma forma, o valor de verdade pode ser somente se a neve for branca.
25
Icoriii coe re Hlis/a: F o i defendida, e m geral, p o r autores de pensamos e m verdades contingentes, o u seja, verdades que
I r n d c n c i a holista, c o m o Hegel, Bradley, N e u r a t h e Rescher. poderiam ser falsas se o m u n d o fosse diferente, p.ex.
lUii parte da ideia de que p r o p o s i ç õ e s n ã o p o d e m ser "Brasília é a atual capital do Brasil". Esta a f i r m a ç ã o poderia
(•(iiiliontiidas direta e isoladamente c o m a realidade. N ó s s ó ser falsa, p.ex. se o governo tivesse tomado outra d e c i s ã o .
podemos c o n f r o n t á - l a s c o m a realidade e m c o n e x ã o c o m Mas existem alguns tipos de verdade que parecem ter u m
oulnis p r o p o s i ç õ e s . E assim, uma p r o p o s i ç ã o é verdadeira estatutojnais forte, a-saber:
ijiiaiido ela é c o m p a t í v e l c o m o conjunto de outras Verdade tautológica^)m enuiici;ulo é l a u t o l ó g i c o quando
p r o p o s i ç õ e s aceitas n u m sistema. S ó u m t o d o s i s t e m á t i c o e elé~ê~verdadeiro graças à sua foinia sinlática. Por exemplo:
completo — uma teoria - pode ser considerado, p o r t a n t o , "Se chover a m a n h ã , c h o v e r á amanhã" o u " o u chove a m a n h ã
verdadeiro. o u n ã o chove a m a n h ã " . Uma verdade tautológica c uma
Teoria pragmática: F o i defendida p o r filósofos c o m o verdade lógica, e uma verdade n ã o tautológica é uma
(>harles S. Peirce, WiUiam James e J o h n Dewey. Segundo ela, verdaxlejiãixlógÍGa^
uma teoria é verdadeira quando ela leva de alguma forma ao \~J/erdade ana/ítica^lJm enunciado é analiticamente verda-
sucesso. D i s t o decorre que a verdade é historicamente deiro; diz ã t r a d i ç ã o kantiana, quando o conceito do
relativa. James escreve em O conceito de verdade do pragmatismo predicado está contido n o conceito do sujeito. Hoje se fala
(1975): "Verdade é, para dizê-lo de m o d o conciso, nada mais mais e m termos de significados lingiiísticos: Uma verdade
que aquilo que nos leva adiante n o caminho do pensar, assim analítica é determinada simplesmente pelo significado das
c o m o o correto é aquilo que nos leva adiante n o nosso palavras usadas. Por exemplo; " T o d o solteiro n ã o é casado".
comportamento''. U m a verdade n ã o analítica é chamada "sintética".
Teoria do consenso: E u m a teoria relativamente nova, Verdade a priori: U m enunciado é verdadeiro a p r i o r i
defendida frequentemente p o r muitos autores c o m u m a quando a sua verificação independe da o b s e r v a ç ã o e m p í r i c a .
perspectiva mais sócio-poHtica. Segunda a teoria d o Por exemplo: "se a bola é completamente vermelha, ela n ã o
consenso discursivo de J ú r g e n Habermas, uma teoria é é azul". U m a verdade n ã o apriorística é chamada "a
verdadeira quando ela é aceita pela maioria racional de uma posteriori".
determinada comunidade ideal de c o m u n i c a ç ã o . Verdade necessária: Segundo D u n s Scottus e Leibniz, uma
Teoria da redundância: F o i defendida explicitamente p o r verdade é necessária quando sua n e g a ç ã o é c o n t t a d i t ó r i a . Por
Ramsey e, em algumas passagens, p o r Frege. Segundo tal exemplo: " o círculo n ã o é quadrado". Segundo K r i p k e
tecjria, considerada uma teoria deflacionista, o predicado ÇSSaming and Necessity, 1972) existem verdades necessárias,
"verdade" n ã o diz nada, pois dizer "a neve é branca" e dizer que n ã o s ã o a priori: " T ú H o é C í c e r o " . U m a verdade n ã o
"c verdade que a neve é branca" é exatamente a mesma necessária é chamada "contingente".
coisa. A teoria performativa de Strawson é uma variante E i m p o r t a n t e perceber que esta classificação aponta para
desta Hnha: dizer que p é verdadeiro é apenas endossar a diferentes aspectos da verdade: A verdade t a u t o l ó g i c a é uma
a f i r m a ç ã o de p , tendo p o r t a n t o u m efeito meramente verdade sintática o u lógica, a verdade analítica é uma verdade
performático. s e m â n t i c a , a d i s t i n ç ã o a p r i o r i - a posteriori t e m a ver c o m o
A l é m das diferentes c o n c e p ç õ e s a respeito do que seja estatuto e p i s t ê m i c o , e a d i s t i n ç ã o n e c e s s á r i o - c o n t i n g e n t e t e m
verdade, existe t a m b é m uma classificação de diferentes tipos a ver c o m o estatuto metafísico (ou l ó g i c o - m o d a l ) . Observe-
de verdade. E m geral, quando falamos e m verdades. se que cada u m destes m o d o s de distinguir verdades
20 27
Kiiic-Npoiulc a uma discipKna da filosofia: lógica (tautologia), que delimita o definiendum em relação aos outros conceitos. O
flloNoflíi da Unguagem (analítica), teoria do conhecknento (a h o m e m é u m tipo de animal, e o que o distingue (a sua
ptiori) e metafísica (necessária). A relação entre estas differentia speáficá) dos outros animais (cavalos, ratos, etc) é a
Ciifcgorias, p.ex. se toda verdade a p r i o r i é t a m b é m analítica, sua racionalidade.
c i n o l i v o de grande d i s c u s s ã o na filosofia. U m a defmição explícita bem sucedida t e m de satisfazer a
três requisitos:
1.4 Definiçõesi^
(1) Permutabilidade (em contextos extensionais), o u
E m todas as ciências existem definições. A palavra ehminabilidade. O definiendum e o definiens p o d e m ser
" d e f i n i r " significa " d e l i m i t a r " , estabelecer critérios claros substituídos e m qualquer contexto (extensional), sem troca
para o uso de u m termo o u e x p r e s s ã o . D e f i n i r u m termo do valor de verdade (princípio de substituição salva veritate).
significa reduzi-lo a (ou explicitá-lo com) outros termos E x e m p l o : M u i t o s seres humanos tocam piano => M u i t o s
conhecidos. E m geral, uma definição pode ser compreendida animais racionais tocam piano.
c o m o a afifmação de uma igualdade. Observe-se a definição
clássica: o ser h u m a n o é u m animal racional. Formalmente, (2) N ã o circularidade. O definiens n ã o deve pressupor o
definições s ã o apresentadas da seguinte forma: significado do definiendum. U m a definição como:
Ser humano =j^,f animal racional cajueiro ^^^.f a árvore que produz o fruto do cajueiro
A e x p r e s s ã o que aparece à esquerda do sinal de igual é seria u m caso claro de circularidade, pois o conhecimento do
chamada definiendum (do latim: aquilo que se quer definir), a significado do termo definido é pressuposto na definição.
e x p r e s s ã o ã direita do sinal de igualdade é chamada definiens A l é m disso, é p o s s í v e l que duas definições que n ã o s ã o
(do latim: aquilo que define). O sinal de igualdade entre as circulares p o r si s ó o sejam numa teoria, p.ex. as definições:
duas e x p r e s s õ e s c o m seu índice " d e f " indica que as duas
e x p r e s s õ e s p o d e m ser consideradas equivalentes, no sentido reta =j^f a curva mais curta entre dois pontos
de terem o mesmo significado. O definiens estabelece o p o n t o =j^.f interseção de duas retas concorrentes
significado do definiendum. Nesta definição a e x p r e s s ã o "ser
h u m a n o " é definida c o m recurso ã e x p r e s s ã o " a n i m a l E m b o r a haja uma m ú t u a dependência entre as definições,
racional". A l g u é m que n ã o conhece o significado da neste caso a circularidade é inevitável e n ã o compromete a
e x p r e s s ã o " h o m e m " pode aprender, assim, o seu significado, eficiência da teoria.
desde que ele c o n h e ç a o significado dos termos " a n i m a l " e
"racional". (3) N ã o redundância. O definiens n ã o deve conter
Nesta c o n c e p ç ã o clássica de definição está implícita a nenhuma i n f o r m a ç ã o supérflua. E x e m p l o : na definição
n o ç ã o aristotélica extensionalista de conceitos, representada
pela árvore porfrriana. Nesta c o n c e p ç ã o , o definiens c o n t é m ser h u m a n o =j^.f animal racional que pode usar ó c u l o s
sempre u m conceito geral {genus: " a n i m a l " ) , o qual i n c l u i o
definiciidinn (homem) e uma qualidade específica (racional)
2S 29
(I expressão "pode usar óculos" não é, a rigor, falsa, mas anteriormente conhecidos, esses conceitos já precisam ser
nupcrfliia, definidos de alguma forma. Uma cadeia de definições
expKcitas seria infinita. Por isso é preciso haver termos que
A concepção clássica de definição não é a única possível. não são definidos explicitamente. Os termos mais primitivos
A (coria das definições é atualmente um tema amplo, e não é da linguagem são definidos ostensivamente, ou seja, por
possível tratá-la aqui com detalhe. O único intuito de incluir meio do ato de apontar: "vermelho c essa cor aqui" (quando
i'sla rápida incursão num curso introdutório à lógica formal a mãe ensina a criança a falar).
é porcjue conceitos lógicos também são introduzidos por
meio de definições. Por isso é importante apontar para 5) Definições indutiim: São definições muito impostantes para a
alguns tipos de definições: • • . • • , lógica e a metamatemática. Uma definição indutiva define
uma sequência de elementos gerados a partir de um
1) Definições explícitas: São definições expressas em uma conjunto inicial pela apHcação reiterada de uma ou mais
fórmula de equivalência, onde um termo desconhecido funções. Por exemplo, o conjunto dos números naturais foi
{definiendum) é defmido com recurso a termos já conhecidos defmido por Leibniz e Peano da seguinte maneira (considere
{cleftniens). Essas definições sempre satisfazem os requisitos que "s"=sucessor e "0"= elemento inicial):
mencionados. U m exemplo seria a definição do ser humano
acima. N°. def de Leibniz def de Peano
1 = 1 s(0)
2) Definições implíátas. São definições não explícitas, ou seja, 2 = - 1+1 - ss(0)
são definições que não podem ser expressas em uma 3 = 1+1+1 sss(O)
sentença, e encontram-se subentendidas em um contexto. etc...
Na geometria axiomática euclidiana, por exemplo, aceita-se
alguns conceitos que somente a fortiori serão esclarecidos, 6) Definições extensionais e intemionair. Definições extensionais
ou seja, eles são introduzidos axiomaticamente, e são definições por meio de Hstagem completa. Definições
esclarecidos dentro do seu contexto de uso no sistema. Veja- intensionais definem por meio de uma propriedade
se, por exemplo, as definições de ponto e reta acima. identificadora. Se A = {Huguinho, Zezinho e Luizinho},
esta é uma definição extensional de A , e "os sobrinhos do
3) Definições operacionais. São definições que ocorrem com pato Donald" é uma definição intensional de A .
treqúência em contextos empíticos. Elas estipulam regras de
procedimento empírico para se descobrir se uma determi- É importante ainda diferenciar definições nominais de
nada coisa tem uma propriedade ou não. Propriedades definições reais. Definições nominais são estipulações
tlisposicionais, como por exemplo "combustível" ou "solú- arbitrárias, e por isso nem verdadeiras nem falsas. Por
vel em água" são definidas operacionalmente: "Coloque-se x exemplo: ao invés de falar em "rosas brancas" e "rosas
na água, se x se dissolver, então x é solúvel em água." vermelhas" poder-se-ia arbitrariamente chamar rosas brancas
de "brarrosas" e rosas vermelhas de "verrosas". Definições
4) Definições ostensivas. E claro que não pode haver somente reais, por outro lado, pretendem ser mais do que uma
definições explícitas, pois se elas recorrem a conceitos simples estipulação arbitrária. A filosofia grega, em sua
M)
31
de definir conceitos como "belo", "bom", Premissa 1: Pedro é homem c mortal.
"viiiiiik'", não pretendia simplesmente estipular, mas sim Premissa 2: João é homem c mortal.
ilc.wohrir a essência de alguma coisa. Esta distinção é Premissa 3: Sócrates é homem e mortal.
iniporlante para entender que definições parecem ser, por Premissa 4: Judas é homem e mortal.
um lado triviais, por outro, grandes descobertas. A definição
Premissa n:...
Conclusão: Todos os homens são mortais
foi uma importante descoberta da química, mas uma vez Neste exemplo, está claro que a conclusão não está
estabelecido isto, é trivial dizer que se água mata a sede, HjO necessariamente garantida pelas preinissas. Mesmo que
mata a sede. todos os homens tenham morrido até hoje, não é
logicamente assegurado que todos sempre morrerão
1.5 Indução e Dedução (lembre-se de Enoque e EHas). O stams lógico e epistemo-
lógico da indução é ponto de grande controvérsia. Claro é
Distinguem-se dois tipos de mferências: as indutivas e as apenas que seu grau de certeza é muito menor que o da
dedutivas. Na^deduçãp, a conclusão é consequência necessária dedução. Além disso, é importante esclarecer que n deve ter
das premissas e, na indução, a conclusão é conseqiiência um valor suficiente para garantir a evidência, o que vai
plausível das premissas. Em outras palavras, se P é inferido depender de cada situação. Se em cinco rodadas uma roleta
dedutivamente do conjunto de premissas F, podemos dizer cai no mesmo resultado, você pode concluir legitimamente
que sempre que temos F, temos P, per contra, se a inferência que o resultado sempre será o mesmo. Por outto lado, se
é indutiva, só temos o direito de dizer que, geralmente, quando descobriu que pombas, galinhas, patos, perus e canários têm
temos F, temos P. O raciocínio representado por uma penas, isso ainda não constitui base suficiente para concluir
dedução é infaMvel, ao passo que o raciocínio representado que todas as aves têm penas.
por uma m d u ^ o , por mais sensato que pareça, é refutável.
Por exemplo
Premissa 1: Toíí'oj'os homens são mortais
Preinissa 2: Sócrates é um homem
Conclusão: Sócrates é mortal
representa um caso clássico de inferência dedutiva.
Nenhuma nova premissa que venha a ser incluída no
argumento pode refutar a conclusão de que Sócrates é
mortal. Devido a tal característica, diz-se no jargão técnico
da lógica que a dedução é monotônica
J á no raciocínio abaixo notamos algo diferente:
CAPÍTULO 2 - N O Ç Õ E S BÁSICAS D E
T E O R I A DOS CONJUNTOS
A teoria dos conjuntos é hoje, pode-sc dizer, mais do que
uma teoria, ela c uma disciplina da matemática, assim c o m o a
geometria o u a análise. ELxistem várias teorias e sistemas
diferentes. Trabalha-se, atualmente, coir^ sistemas axiomati-
z á d õ s ^ o s quais se distinguem da antiga teoria dos coniunt'Õs^
Roje denominada, n ã o sem menosprezo, kona ingénua dos
conJmtosJAs teorias axiomatizadas mais iamosas sao: Ós
sistemas de Z e r m e l o - F r á n k e l , de N e u m a n n - B e r n a y s - G ò d e l ,
de Kelley-Morse e o NeiP Foimdations de Quine. Será forne-
cida, agora, apenas uma a p r e s e n t a ç ã o de certas n o ç õ e s
b á s i c a s , posto que a familiaridade c o m estas é importante
para a melhor c o m p r e e n s ã o dc alguns temas da lógica que
serão tratados e m breve. _______
Se a teoria dos coniuntos|pertence à lógicalou n ã o , isto é
uma q u e s t ã o controversa. Segundo QuinèT^ a teoria dos
conjuntos n ã o pertence à lógica, pois n ã o possui a clareza e
o nível de certeza dela. Para G ò d e l (1971 e 1975):. " L ó g i c a c
a teoria dos puros conceitos, ela inclui a teoria de conjuntos
c o m o parte p r ó p r i a " .
M e s m o grandes m a t e m á t i c o s c o m o D e d e k i n d e Cantor
foram incapazes de oferecer uma boa definição do termo
" c o n j u n t o " o u "classe". D e maneira quase simplória, pode-
se dizer que u m conjunto é u m agrupamento de coisas
chamadas elementos. H o j e , em geral, se toma o termo
" c o n j u n t o " b e m c o m o "classe" c o m o p r i m i t i v o (ou seja, n ã o
defmível). C o n j u n t o e classe s ã o , dependendo do sistema
adotado, conceitos diferentes', mas a sua diferença n ã o
i m p o r t a neste primeiro m o m e n t o . T a m b é m s ã o conside-
rados indefiníveis o termo " e l e m e n t o " e o conceito de
pertinência de u m elemento em relação a u m conjunto.
Alguns exemplos de conjuntos são:
' ] i i n geral, p.cx. no sislema de Kelley-Morse, a diferença consiste nisso:
conjuntos podem ser elementos de outros conjuntos ou classes,
encjuanio classes nào podem.
35
irrelevante, o u seja, o conjunto {a, e, i , o, u } é i d ê n t i c o ao
A f o n j u n t o das vogais: {a, e, i , o, u } conjunto { u , o, i , e, a } . A n e g a ç ã o da relação de pertencer a
li conjunto das consoantes: { b , c, d, f, g, ...z} u m -conjunto é representada pelo s í m b o l o " g " . S ã o ,
( ' conjunto das letras: {a, b, c, d, e, z} portanto, verdadeiras as e x p r e s s õ e s :
I ) conjunto dos n ú m e r o s naturais: {O, 1, 2, 3, ...}
I'', - conjunto dos estados brasileiros: { C E , SP, RJ, SC,...} a g D (lê-se "a n ã o é elemento de D " ou "a n ã o
1'' - conjunto de times de futebol: {Ceará, Cruzeiro, pertence a D " )
l'almeitas, Avaí, Flamengo, Fortaleza} 1 g B
CE € D _ '
Há v á r i o s tipos de conjuntos e v á r i o s tipos de elementos.
Alguns elementos p o d e m ser conjuntos t a m b é m , c o m o é o O s í m b o l o " G " f o i tomado da primeira letra da palavra
caso dos elementos do conjunto F. Quando todos os grega "EaxiV", que significa ser. N i s t o se reflete a c o n v i c ç ã o
elementos de u m conjunto s ã o conjuntos ele é chamado de defendida pela t r a d i ç ã o desde Aristóteles de que conjuntos e
conjunto puro. Quando n e n h u m dos elementos de u m predicados t ê m uma íntima relação, mais exatamente, de que
conjunto é conjunto, ele será chamado de conjunto simples. D e cada predicado define u m determinado conjunto. O
uma forma o u de outra, a r e l a ç ã o entre o elemento e seu predicando " v e r m e l h o " , p o r exemplo, determina o conjunto
conjunto é sempre a mesma: a relação de p e r t i n ê n c i a . de todos os objetos vermelhos, o predicado " m o r e n o " o
conjunto de todas pessoas morenas, e assim p o r diante. Por
2.1 A Relação G (pertinência) isso, a relação de elemento e conjunto f o i interpretada
classicamente c o m o uma simples estrutura predicativa "S é
A letra "a" é u m elemento do conjunto A . Esta r e l a ç ã o umP": .-. . s,.„ .
entre u m elemento e o conjunto ao qual ele pertence é
expressa pelo s í m b o l o " G " . S ã o e x p r e s s õ e s verdadeiras, a G A "a é uma v o g a l " .;,
portanto: 1 G D " 1 é u m n ú m e r o natural"
C E G E " C E é u m estado do Brasil"
a G A (lê-sê\"a é elemento de A j o u 'a pertence a A " )
1 e D " • - Por isso, a l é m da possibilidade extensional de se repre-
CE e E sentar u m conjunto enumerando os seus elementos entre as
chaves, c o m o nos exemplos acima, pode-se r e p r e s e n t á - l o
Falsas s ã o as e x p r e s s õ e s : - intensionalmente p o r meio de uma variável (quantificada
universalmente) seguida de u m t r a ç o vertical e depois pelo
aG D predicado que determina a classe:
1 e B
A: { X X é uma vogal}
Segundo o óx-àmíàox princípio cie identidade exiensiofial^áois B: \ X c uma consoante} .
conjuntos que i n c l u e m exatamente os mesmos elementos C: { X X é uma letra}
são idênticos. A o r d e m dos elementos de u m conjunto é D: { X X é u m n ú m e r o natural} : .
37
X c um estado brasileiro} ,^ Representaremos o fato de um conjunto qualquer Z não
estar contido em um conjunto qualquer X assim:
( ) princípio de que todo predicado define um conjunto é
( li:ini;ulo hoje de ^princípio ingêmio de compreensão^ e é Z(2X ,
(oiisidcrado incorreto. A sua aceitação mcoridiciõnal foi
responsável pelo surgimento da antinomia descoberta por Para representar os ronjnnt-ri^ f f^\i^< i-p1cirõp.i;-c£igf-ntn^i-r|
Ikrtrand Russell (1872-1970). Além disso, nem todo ser usadas figuras chamadas de] "diagramas de Venn" O seu
conjunto precisa ter um predicado determinante corres- modo de interpretação é evidente por si só.
pondente:
F: {este bule de chá, 3, Sócrates}
Muitos conjuntos diferem quanto ao número de
elementos. Nos nossos exemplos acima: O conjunto B é
maior que o conjunto A , o conjunto C maior que o B, e o
conjunto D maior que o conjunto E (e que A , B e C). Os
conjuntos A , B, C, E, são finitos - eles têm um número Dcve-se observar três fatos importantes: (1) X = Y se e
finito de elementos - e o conjunto D c infinito - ele tem um somente se Y C X e ao mesmo tempo X C Y (devido ao
número infiriito de elementos. Dois conjuntos têm a mesma princípio de identidade extensional). (2) Todo conjunto é um
^Tãnlhm/úladejiuzndo eles têm o mesmo número de elemen- subconjunto de si mesmo. Para entender isto, basta
Vos. AssittíT^o conjunto dos jogadores de futebol da seleção considerar que, como para todó X , vale que X = X , devido a
brasUeica em campo no início do jogo final da copa de 2002 (1), X C X . Argumentando de outra maneira: um conjunto
e o conjunto dos jogadores de futebol da seleção alemã em X não é subconjunto de Y se e somente se X contém um
campo no início deste jogo são equinuméricos - eles têm a elemento que não pertence a Y. Como todo elemento de X
mesma cardinalidade: ambos têm 11 elementos. pertence a X , todo conjunto é subconjunto de si mesmo. (3)
O conjunto vázio (símbolo: 0 , definição segue abaixo) é
2.2 A Relação C (continência) subconjunto de todos os conjuntos. Este fato pode ser
demonstrado pelo seguinte raciocínio: suponhamos que 0
Os conjuntos podem estar em diferentes relações entre si. X, para algum conjunto X . Neste caso, 0 possui algum
LJm conjunto X contém um outro conjunto Y quando todos elemento que não é elemento de X. Mas isso é uma
os elementos de Y são também elementos de X . Neste caso, contradição, já que 0 não possui elemento algum, logo 0 C
o conjunto Y é um siãbconjunto|de X , isto é, Y está contido X, para todo X (inclusive no próprio 0 ) .
cm X. Esta relação entre conjuntos é expressa da seguinte Dois conjuntos são ditos disjuntas quando eles não têm
maneira: neniium elemento em comum.
YcX
39
é a central: faz sentido falar de uma totalidade absoluta, n u m
sentido metafísico, ou deve-se sempre dcliirdtar o â m b i t o do
universo? Segundo alguns autores, a este universo deveriam
pertencer todas as entidades, reais o u possíveis, t u d o o que
Dois conjuntos são ditos n ã o - d i s j u n t o s quando eles t ê m pode ser pensado e imaginado, tudo sobre o que se pode
pck) menos u m elemento em c o m u m ; falar. Para outros, esta n o ç ã o de uma totalidade omniabran-
gente é u m a fonte i n e s g o t á v e l de paradoxos. y\ssim, hoje é
mais c o m u m referir-se ao conjunto universo de uma forma
relativa. O universo c simplesmente . u m c o n j u n t o que
c o n t é m os conjuntos c o m os quais temos de operar em dada
o c a s i ã o . D^JylorgjLn i n t r o d u z i u esta n o ç ã o de universo
2.3 Conjuntos Especiais através do conceito de \ of discourse (universo do
discurso), hoje fundamental para a d i s c u s s ã o de v á r i o s temas
2.3.iyConjuntos u n i t á t i o s ^ s ã o os conjuntos c o m apenas da filosofia. O conjunto universo c simboHzado p o r U .
u m elemento. Exemplos s ã o :
2.3.4 C o n j u n t o s n u m é r i c o s : s ã o conjuntos cujos elementos
' { a } , { b } , { o atual presidente do Brasil}, { 1 } , { 2 } , { 3 } , ... s ã o n ú m e r o s . E n e c e s s á r i o distinguir entre n ú m e r o e
numeral. N ú m e r o é uma entidade puramente m a t e m á t i c a ,
U m a das c o n s i d e r a ç õ e s da teoria dos conjuntos mais sem realidade física, e numeraj c o s í m b o l o que representa o
importantes para a filosofia da m a t e m á t i c a , e c o m n ú m e r o , é o nome do n ú m e r o . A primeira função dos
r e p e r c u s s õ e s para a filosofia da linguagem c o n t e m p o r â n e a , é n ú m e r o s é a de possibilitar a contagem. Quando os homens
a diferenciação entre u m c o n j u n t o unitário e o elemento c o m e ç a r a m a contar, eles relacionavam os elementos de dois
deste conjunto. O u seja, o c o n j u n t o { 1 } n ã o deve ser conjuntos, p o r exemplo, u m c o n j u n t o de ovelhas e u m
confundido c o m o n ú m e r o 1. conjunto de pedrinhas; para cada ovelha que saía do aprisco,
havia uma pedrinha que saía de uma bolsa. N o f i m do dia, as
2.3.2 O j conjunto vazio:] é o conjunto que n ã o possui ovelhas v o l t a v a m para o aprisco e as pedrinhas v o l t a v a m
n e n h u m elemSito. O singular usado aqui ("o c o n j u n t o " e para a bolsa. Se sobravam pedrinhas, alguma ovelha havia se
n ã o "os conjuntos") é proposital; enquanto existem infmitos perdido. C o m o t e m p o , em muitas situações (não todas), os
conjuntos c o m u m , c o m dois ou c o m infinitos elementos, numerais substituíram as pedrinhas. Assim, quando entrava a
existe apenas /.m conjunto vazio (o m o t i v o para isto logo primeira ovelha o pastor dizia " u m a " , quando entrava a
ficará claro). O conjunto vazio é simbolizado p o r 0 o u { }. segunda ele dizia " d u a s " e assim p o r diante, até contar todos
os seus carneirinhos. Desta forma, para contar m i l ovelhas, O
2.3.3 O conjunto universo: Pode-se falar de c o n j u n t o pastor n ã o precisava mais ter u m saco c o m m i l pedrinhas,
universo de forma absoluta o u relativa. O universo absoluto era suficiente ter u m n o m e (numeral) para substituir cada
é o conjunto que c o n t é m todos os conjiílltos: nao há ixada pedrinha que era colocada n o saco, até m i l . Assim, o
t-jue tvÃo pertença a ele. Esta n o ç ã o de c o n j u n t o universo numeral " 1 (){)()" designava tanto qmntidadeiotal de
encerra uma serie de q u e s t õ e s filosóficas, dentre as quais esta pedrinhas, c o m o a {quantidade total de ovelhas^
41
V, 11 quantidade puramente a b s t r a í a que chamamos de São exemplos de conjuntos infinitos:
iiíiniciv. I'"m outras palavras, u m n ú m e r o é o que h á de
coiuiiin entre todos os conjuntos que t ê m a mesma A= (O, 1, 2, 3, ...} (conjunto dos n ú m e r o s naturais)
c-iifdinalidade. Alguns conjuntos de n ú m e r o s t ê m nomes e B= {O, 2, 4, 6, 8, ...} (conjunto dos n ú m e r o s pares)
n o l a ç õ c s específicos. Vejamos alguns: C= {O, 4, 8, 12, 16, ...} (conjunto dos m ú l t i p l o s de 4)
D= { 2 , 3, 5, 7, 11, 13, ...} (conjunto dos n ú m e r o s primos)
N = Naturais ^ E= {a, b, c, aa, ab, aaa, aab, ...} (conj. de s e q u ê n c i a s
Z = Inteiros finitas de letras)
Q = Racionais ;
I = Irracionais E m b o r a C esteja contido em B e B contido em A , os três
M = Reais conjuntos t ê m a mesma cardinalidade. Existem, p o r e m ,
C = Complexos • ; ' ' \ conjuntos infinitos "maiores" que estes. Os conjuntos
infinitos apresentados s ã o àsX.oé^em{meráveif\- isso quer dizer,
D a d o u m conjunto X qualquer, temos: : eles t ê m a mesma cardinalidade que o conjunto dos n ú m e r o s
naturais. O u , dito de uma forma mais geral, u m conjunto é
X = o conjunto X menos o O e n u m e r á v e l se e somente se seus elementos p o d e m ser
listados, o u seja, p o d e m ser elaboradas listas nas quais
X+ — os elementos n ã o negativos de X figurem todos os seus elementos (mas n e m sempre é p o s s í v e l
X- — os elementos n ã o positivos de X fazer Ustas que contenham apenas seus elementos).
X+ = os elementos positivos de X T a m b é m se adrriite _em geral que existem conjuntos
[infinitos não e n u m e r á v e i s ^ c o m o o conjunto dos n ú m e r o s
X- — os elementos negadvos de X •
reais è õ coiijuiiLo—potêiTcia (definido mais abaixo) do
conjunto dos n ú m e r o s naturais. Estes conjuntos s ã o de uma
U m a diferença intrigante é a que existe entre os n ú m e r o s cardinalidade maior que a dos naturais. D e fato, admite-se
y c o m p u t á v e i s \ os| n ú m e r o s n ã o computáve^ST][!)e m o d o geral, em geral que existem conjuntos infinitos de todas as
" p o d e ^ dizer que u m n ú m e r o c o m p u t á v e l e u m n ú m e r o que cardinaHdades, as guai^.s s ã o representadas pela primeira letra
J e m u m s í m b o l o o u uma s e q u ê n c i a de s í m b o l o s que o do alfabeto hebraico/ X / " á l e f e " ) combinada a u m índice
representa. U m n ú m e r o n ã o c o m p u t á v e l é u m n ú m e r o que n u m é r i ç ' ^ T ^ i s r ^ d i n ^ l i d ^ d e s s ã o o que chamamos de
n ã o pode ser simbolizado. C o m o dependemos de s í m b o l o s cardinais transfinitos.) O menor cardinal transfinito, K,,, é a
para especificar números, os ú n i c o s números que cardinalidade dos naturais. Cogita-se que _íÇj__Jé___a
conhecemos s ã o os c o m p u t á v e i s , embora encontremos cardinalidade dos reais, o que é suposto pela \hipótese do
r a z õ e s para sustentar que os n ú m e r o s n ã o - c o m p u t á v e i s contínuo ^e Cantata o r e s p o n s á v e l pela e l a b o r a ç ã o da teoria
existem e que s ã o infinitamente mais numerosos que os " H õ s t r a n s finitos. Alguns conjuntos que "parecem" maiores
computáveis. que o conjunto i n f i n i t o dos naturais s ã o , agesar disso,
e n u m e r á v e i s , p o r exemplo, o conjunto dospnteiros) (que
2..^.5 (Conjuntos infinitos: ^ão conjuntos cuja cardinalidade inclui positivos e negativos), e o conjunto dos n ú m e r o s
ir.io pode ser expressa p o r u m natural.
43
lacionais. A série dos números mterros é aberta para "os dois O surpreendente desta descoberta é o fato de que a série
lados", parecendo por isso "duplamente infinita": dos racionais parecia ser muito maior que a série dos
naturais, pois enquanto esta é Jisçr^a (entre dois números
...-5,-4,-3,-2,-1,0,1,2,3,4,5,... naturais imediatos, como 3 e 4, não existe nenhum outro
número natural), a série dos racionais é, àitA mmjxiçta oudema
Basta, no entanto, reorganizar esta série segundo o valor (entre quaisquer dois números racionais m e n, sempre existe
modular de cada número, listando primeiro o negativo outro entre eles, p.ex. (m+n)/7).
depois o positivo (ou vice-versa) que se obtém uma série Por sua vez, uma série não enumerável é "infinitamente
simples infinita cnumerável: incontável", o que é o caso dos números reais. A prova da
|não enumerabilidade de R, ou até de qualquer inten^alo de
0,-1,1,-2,2,-3,3,... 'R, toi dada pela famosa diagonalização de Cantor, segundo a
cjual é possível construir um número real, o chamado
A enumerabnidade do conjunto dos/números racionai^ fántidiagonal, jle qualquer listagem supostamente completa de
pode ser provada por meio do seguinte esquema: ,; todos os números reais. Tomando-se o intei-valo entre O e 1,
por exemplo, uma possível listagem seria:
1 2 3 4 •••
0,659836... . ,
0,112233... •. .v.,/^. . V -.t-/.^
1 ..>// Ml ...#;••/ 0,123458... ' ; * ,
0,343936... , . ••r:..tó
2 jf2 ,.2/2 ,.42 : 0,987652... ; .r „• ^ •. *.,,,,
- 0,445567... '• .: ^. .
3 .•f/3 .í/3 j h 4/3
4 //4 3/4 4/4 O número antidiagonal é, então, defmido como
0,x,X2X,X4X5Xf, , sendo
Xj = uma cifra diferente da 1" cifra decimal do 1° n° da lista
x, = uma cifra diferente da 2" cifra decimal do 2° n° da lista
Sabendo que todo número racional é da forma p / q , onde
x, — uma cifra diferente da 3" cifra decimal do 3° n° da lista
p c q G N , temos que a sequência indicada no esquema (1 / 1 ,
X4 = uma cifra diferente da 4* cifra decimal do 4° n° da lista
2 / 1 , 1/2, 3 / 1 , 2/2, 1/3, 4 / 1 , 3/2, ...) representa os racionais
X5 = uma cifra diferente da 5" cifra decimal do 5° n° da lista
positivos. Logo, a sequência (O, 1/1, - 1 / 1 , 2 / 1 , - 2 / 1 , 1/2, -
Xf, = uma cifra diferente da 6" cifra decimal do 6° n° da lista
1/2, .3/1, - 3 / 1 , 2/2, -2/2, 1/3, -1/3, 4 / 1 , - 4 / 1 , 3/2, -3/2,
2/3, -2/3, 1/4, -1/4, ...) representará os racionais. N ã o tem
e assim por diante.
importância cjue na sequência vários números se repitam, o
tjLic importa c que não falte nenhum dos racionais.
45
N o exemplo acima, o n ú m e r o diagonal é 0,613957.. e u m
p o s s í v e l antidiagonal 0,724068 (sempre a cifra consecutiva U m a r e l a ç ã o é u m conjunto de pares ordenados, c o m o ,
de cada decimal do n ú m e r o diagonal, sendo O considerado o por exemplo, o conjunto dos pares (x, y) tais que x é casado
consecutivo de 9). Poder-se-ia construir u m argumento com j , ou que x é maior que y. Isso n ã o quer dizer que s ó
semelhante usando o sistema b i n á r i o formado p o r 1 e 0. É existam relações binárias. Existem relações ternárias, (e.g., o
importante perceber que o n ú m e r o antidiagonal t e m de ser conjunto' dos ternos (x, y, z) tais que x jica entre y e ^,
diferente de cada u m dos n ú m e r o s da lista p o r m o t i v o q u a t e r n á r i a s (e.g., o conjunto das quadras (x, y, z, w ) tais que
simplesmente analítico (per defimíwnem), pois ele difere do .\- amay niais cio que ^ ama w) etc. Genenericamente, quando
primeu-o n ú m e r o n o tocante à primeira cifra decimal, do falarmos de u m a ^ - e l a ç ã o n - à r i a , ] e s t a r e m o s falando _de_uma
segundo no tocante à segunda cifra decimal, e assim p o r relação de aridade n , o u seja, de u m conjunto dqf n-uplas,
diante. Isto significa que o n ú m e r o antidiagonal n ã o pode sendo que ^umã~ n-upla (leia-se " ê n u p l a " ! é uma c o l e ç ã o
aparecer na Hsta p o r motivos lógicos. C o n c l u s ã o : a lista é ordenada que agrupa n elementos. 1^- C^J
incompleta, e qualquer pretensa lista dos reais será Podemos estipular u m procedimento geral para transfor-
incompleta pelo mesmo m o t i v o , logo os n ú m e r o s reais n ã o mar n-uplas e m pares ordenados, de acordo c o m o seguinte
são enumeráveis^. U m outro exemplo de i n f i m t o n ã o esquema:
e n u m e r á v e l é o conjunto dos subconjuntos dos naturais.
( X „ X 2 , X3) = ( ( X , , X 2 ) , X3)
2.3.6 R e l a ç õ e s e f u n ç õ e s ( X i , X2, X3, X4) = (((x„ X2), X3), X , ) :
( X „ X2, X3, X4, X5) = ( ( ( ( X „ X 2 ) ,X 3 ) , X 4 ) , X5)
Para definirmos r e l a ç ã o , precisamos primeiro definir o ( X „ X , , X 3 , X 4 , X 5 , Xft) = ( ( ( ( ( X „ X 2 ) , X 3 ) , X 4 ) , X 5 ) , Xg)
que seja umj^par ordenaJõ^Dizemos que (x, y) é u m par ( X i , X 2 , X 3 , X 4 , X5, X „ X7) = ( ( ( ( ( ( X i , X 2 ) , X 3 ) ,X 4 ) , X 5 ) , X , ) , X7)
ordenado se e somente se, dado que (x, y) = (z, w ) , e n t ã o
x = 2 e y = \ v . Dessa forma, pode-se dizer que u m par (x„ x , , . . . x „ , i , x j = (.. . ( x „ X 2 ) , . .., x , J , x,0
ordenado é u m conjunto b i n á r i o onde a o r d e m dos
elementos é relevante. É c o m u m definirmos, desde Wiener- Doravante, a n-upla (x, y, z) será sempre interpretada
Kuratowsky: (x, y) = { { x } , { x , y } } . C o m isso, garantimos c o m o equivalente ao par ordenado ((x, y), z). N o t e que ((x,
que a o r d e m é relevante, pois teremos: y), z) ^ (x, (y, z)), e que identificar as n-uplas c o m a serie de
pares ordenados acima é apenas fazer uma e s t i p u l a ç ã o
(x,y)- {{x}, {x,y}} arbitrária.
(^.w)= {{z}, {z,w}} U m fato de extrema i m p o r t â n c i a sobre r e l a ç õ e s é o
• ^"^e (x, y) = (5^, w ) , seguinte: R é u m a l r e l a ç ã o n - á r i a \ s e e somente se existe C,,
Então {{x}, {x,y}} = {{z}, { z , w } } . C2, C„ tais que K C C, X C j X . . ^ . K C ^ n d e c a d a X , _ á _ u i i i .
Logo, { x } = {z} e { x , y } = { z , w } . r o n j i i n t o simples e a o p e r a ç ã o l . X X Y \/ "produto
Donde {y} = { w } . cartesiano de X e Y " 7 o u , simplesmente, " X cartesiano Y " )
g é r ã o conjunto de todos os pares ordenados possíveis de ser
Malcmáticos fmitistas, p o r é m , que rejeitam o infimto atual, negam formados tomando-se de X o p r i m e i r o elemento e de Y o
laiiilicm a dislinção entre infinitos enumeráveis e n ã o enumeráveis. segundo. Veja u m exemplo de p r o d u t o cartesiano:
•If) 47
relação. Algumas relações podem ser apresentadas tanto
X = {a, b, c} extensionalmente, ou seja, listando-se os pares cM:dcnados
Y = {1, 2, 3, 4} , que a compõem, como intensionalmente, ou seja, dando
XXY= I z, G X e z ^ e Y} ou, uma expressão que traduza a lei de formação que gera aquela
sequência de pares ordenados.
de forma extensional: Note que todos os elementos que compõem as n-uplas
das relações (2), (3) e (4) são naturais, ou seja, (2) C N^, (3) C
X X Y = {(a,l), (a,2), (a,3), (a,4), (b,l), (b,2), (b,3), (b,4), e (4) C N ' ; dizemos por isso que essas relações tomam
(c,l),(c,2),(c,3),(c,4)} valores nos naturais. E claro que os ^^alores poderiam vir de
conjuntos diferentes, por exemplo, na relação "x^=y", se x G
(Repare que Y'=YXY) Z, então y G N . O conjunto que inclui todosos valores
tomados em uma relação R chamaremos de dominíÕ^a R.
Uma consequência do fato que declaramos acima é a de As relações (2) e (4) também recebem o nome especial de
que um coniunto_jião ordenado A qualquer pode ser função. JD efinimos uma função F como uma relação tal que,
considerado uma| relação unária pois o produto cartesiano se (x,''y) e (x, z) G F, então y=z, onde x, y e z podem ser
aplicado O vezes sTTbru-T^TeTguãl a A. Por exemplo, x adora elementos .siffiples ou pares ordenados. Dizemos que x
chocolate, x é dançarina, xplanta macaxeira são relações unárias; pertence -à^dõmímo \e. F e guev pertence ao[ contradomínio de
aqui, observa-se como os predicados podem ser / 7 F, e chamamos dè' Imã^m àzV\ conjunto queTnclui todos
considerados relações. Além disso, o conjunto vazio pode t o * . . ^_ ^ 1 -j
O * , ^ apenas eles. Convencionou-se considerar a. aridade
ser considerado de qualquer aridade, uma vez que: de uma função como a aridade de seu domínio, assim, por
exemplo, consideraremos que a função (2) é unária e a
0 = 0 X... X 0 (para qualquer n>0) função (4) é binária (lembre-se que (x, y, z) = ((x, y), z) ). Se
Y todos os elementos do domínio de F têm uma imagem, a
função é chamada de total, caso contrário ela é chamada de
I • n vazios parcial. Se chamarmos o domínio de F de A e o seu
contradomínio de B, podemos representar a função assim: F:
São exemplos de relações: : > A —> B (lê-se, "F é uma função de A em B"). Especificamos
(1) {(Romeu, Julieta), (Roxana, Cristiano), (Roxana, uma função dando seu domínio, seu contradomínio e a lei
Cirano), (Tristão, Isolda), ...} (de forma extensional ou intensional) que os relaciona. Isso
(2) {(0,0), (1,1), (2, 8), (3, 27), (4, 64),...} significa que a lei deve mostrar como obter um valor no
(3) {(O, 5), (1, 3), (2, 4), (2, 5), (3, 5), (3, 1001),...} contradomínio para cada valor no domínio. Dado que F(x)
(4) {(1,1,1), (2, 3, 5), (2, 4, 4), (3, 9, 9),...} representa o valar obtido no contradomínio para o elemento
X do domínio, passamos a especificar a lei de formação da
Podemos chamar a relação (1) de "x ama y", a (2) de relação (2) assim: F(x)=x\e que não basta dar a lei de
"x'=y", a (3) de "x menor que y" e a (4) de "2x'-y=:z". De formação de uma função para especificá-la, por exemplo, se
fato, quando usamos uma expressão como alguma destas, temos que G(x)= Vx , G não será uma função se seu
estamos apresentando uma opção alternativa de especificar a domínio e contradomínio forem os reais. Se A c ao mesmo
48 49
tempo o d o m í n i o e o c o n t r a d o m í n i o de F, dizemos que F é 2.3.7 E s t r u t u r a s
umíifoperação, ou, o que é equivalente, dizemos que F é uma
Junção deJinMa em A . Interessa-nos distinguir alguns tipos de Umâ^^s^íúmjé u m conjunto que c o n t é m u m d o m í n i o D
TunçõesTSão eles: ^,1^ t {Vi^lt^M^ e i n c l u i (como elementos) relações de qualquer aridade
F u n ç ã o injetota: uma função F: A ^ B é mjetora se e tomando valores em D . Se todas as relações de uma.
somente se, dado que (x, y) G F, n ã o existe z tal que (z, y) 6 estrutura são funções, ela é chamada de [ álgebra.
F e z^x. Simplificadamente, F é injetora se e somente se n ã o Representaremos estruturas c o m o segue: , . '
há dois elementos do d o m í n i o de F c o m a mesma imagem.
2t = (dotnínio, R i , R^, Ra,...) *
relações
N o m e s de estruturas serão letras góticas maiúsculas,
c o m o o " a " g ó t i c o acima (outros exemplos s ã o ^ e £ )
U m fato importante sobre estruturas é o de que todas elas
F u n ç ã o sobrejetota: uma função F: A—>B é sobrejétora se possuem pelo menos uma relação em c o m u m : a relação de
e somente se n ã o existe y tal que y G B e, para todo x,. (x, y) identidade, geralmente representada pelo s í m b o l o " = " . D e
6 F. SiiTipHficadamente, F é sobrejetora se e somente se a fato, dada qualquer estrutura A c u m elemento x dessa
imagem de F coincide c o m o c o n t r a d o m í n i o de F, o u seja, se estrutura, é o caso que x = x .
n ã o sobra n e n h u m elemento em B que n ã o esteja Estruturas s ã o de suma importância para o estudo da
relacionado c o m algum elemento c m A . lógica, porque a linguagem da lógica deverá ser provida de
s í m b o l o s capazes de, combinados, expressarem verdades
sobre estruturas. E m outras palavras, as sentenças da
Hnguagem formalizada da lógica serão verdadeiras o u falsas
conforme afirmem o u neguem algo em relação a uma dada
estrutura. A n o ç ã o de estrutura será a base da parte da lógica
que chamamos de semântica, onde encontraremos as regras e
as definições que nos permitirão estabelecer o significado e o
F u n ç ã o bijetora: uma função F: A—>B é bijetora se e valor veritativo das p r o p o s i ç õ e s .
somente se F é injetora e sobrejetora.
2.3.8 C o n j u n t o s indutivos
Diz-se que u m conjunto é i n d u t i v o se os seus elementos
s ã o todos os que p o d e m ser gerados a partir de u m de seus
subconjuntos p r ó p r i o s (exceto o 0 ) , chamado base, através
de aplicações reiteradas de u m grupo de funções.
Consideramos aqui que os elementos da base de u m
50
51
conjunto i n d u t i v o s ã o gerados p o r zero aplicações das
funções sobre a base. Isso deve ser mais b e m entendido V e m o s aqui elementos que resultam de zero apHcações
através de u m exemplo. T o m e m o s para esse fim o conjunto das funções sobre as bases, de uma apHcação de função, de
dos naturais. Os elementos de N s ã o todos os que p o d e m duas aplicações, enfim, de n apHcações das funções sobre a
ser gerados a partir da base { 0 } através da aplicação reiterada base. Neste caso, o conjunto dos elementos n ã o é Hnç^r. isto
de u m a função s dada pela e q u a ç ã o s(x)=x+l,. Quando é, n ã o ha u m ú n i c o elemento sucedendo u m dado elemento,
falamos e m aplicação reiterada, n ã o queremos dizer que a o que há s ã o diferentes g e r a ç õ e s de elementos se sucedendo.
função será aplicada repetidas vezes à base, mas que ela será U m a g e r a ç ã o de elementos de n-ésimo grau é o conjunto de
aplicada a resultados de aplicações anteriores. E assim que é elementos gerados a partir da base p o r n apHcações
gerado o conjunto N . Veja: , reiteradas de funções. N o t e que na sequência de elementos
acima aparecem apenas elementos de g e r a ç ã o O, 1 e 2, mas a
0 resultado de O apUcações de s sobre O sequência prossegue infinitamente c o m g e r a ç õ e s de todos os
1 resultado da aplicação de s sobre a aplicação anterior graus. E s t á claro que tal sequência constitui u m conjunto
2 resultado da apKcação de s sobre a apHcação anterior i n d u t i v o , pois todos os seus elementos são atingíveis a partir
3 resultado da aplicação de s sobre a aplicação anterior da base através de apHcações reiteradas das funções e, além
4 resultado da aplicação de s sobre a aplicação anterior disso, n ã o há n e n h u m elemento atingível a partir da base
através das funções que n ã o esteja incluído nele (a diferença
entre estas duas afirmações deve ser percebida facilmente
Neste exemplo, fica claro que o p o n t o de partida é o pelo leitor). A s s i m , sempre que quisermos mostrar que u m
conjunto { 0 } , a base, e que todos os outros elementos d o conjunto é i n d u t i v o , deveremos mostrar que ele inclui todos
conjunto^são gerados a partir dele p o r reiteradas aplicações os elementos gerados a partir de u m a base através da
de s (o incremento de 1). Isto demonstra que o conjunto dos apHcação reiterada de certas funções.
naturais é u m conjunto i n d u t i v o . U m princípio i m p o r t a n t í s s i m o relativo aos conjuntos
Apesar de faciUtar a c o m p r e e n s ã o da indutividade, o indutivos é oj'princípio da" indução^SHnpHficadamente, ele
exemplo acrma é u m pouco simplificador. Para c o m p r o - diz que se a base de u m conjunto i n d u t i v o possui certa
varmos o quanto a c o m b i n a t ó r i a das funções c o m os propriedade e se a tal propriedade se transfere de g e r a ç ã o
elementos da base pode se tornar complexa, basta que para g e r a ç ã o , todos os elementos d o conjunto terão esta
analisemos u m caso e m que o conjunto i n d u t i v o resulta da propriedade. Este princípio f o i apHcado p o r Peano ao
apUcação de duas funções, f (binária) e g (unária), sobre uma conjunto dos naturais, resultando n o seu famoso quinto
base de dois elementos, digamos {a, b } . T a l conjunto axioma que expressa o seguinte: se o O tem uma propriedade
i n d u t i v o incluirá os seguintes elementos: e essa propriedade se transfere de u m n ú m e r o natural para
seu sucessor, todos os naturais t ê m a propriedade. C o m o se
a, b , g(a), g(b), f(a,a), f(a, b), f(b, a), f(b, b), g(g(a)), g(g(b)), v ê , o princípio da i n d u ç ã o é m u i t o i n t u i t i v o e será
g(f(a, a)), f(a, f(a, b)), ... largamente usado neste Hvro para desenvolvermos provas
referentes a propriedades das lógicas que apresentaremos.
Tais provas, e m razão d o princípio, serão chamadas dc
provas p o r i n d u ç ã o .
52 53
2.4 Operações com Conjuntos
Y { X x é um objetos redondo}
Operações com conjuntos geram novos conjuntos, assim Z { X X é um objeto vermelho}
como as operações com números geram novos números:
X { X X é um objeto redondo e vermelho}
4.1 União: A união de dois conjuntos Y e Z é um conjunto
Se dois conjuntos forem disjuntos, a interseção deles será
X , sendo X = {x | x G Y ou x £ Z } . E m símbolos:
o conjunto vazio.
X = ^'UZ (X 6 a união de Y e Z)
2.4.3 Complemento: O complemento de-um conjunto Y é
um conjunto X, sendo X = {x | x G U e x g Y } .
Se temos, por exemplo:
Para indicar em símbolos um conjunto complemento,
Y=vogais . -
usa-se, em geral, um apóstrofo ao lado ou um traço sobre a
Z=consoantes
letta que representa o conjunto do qual se forma o
complemento: >
então, • •••••• .
X' ou X (conjunto complemento de X)
X=Ietras
Repare que a união de u m conjunto com seu
Se dois conjuntos são definidos por meio de predicados,
complemento é sempre igual ao conjunto universo
o conjunto união é definido conectando-se estes dois
predicados pelo conectivo "ou":
XUX' = U • . • •
Y { x X é uma vogal}
e que o conjunto interseção de um conjunto com seu
Z {x X é uma consoante}
complemento é sempre igual ao conjunto vazio: '' > í -
X {x X é uma vogal ou x é uma consoante}
XnX' = 0.
2.4.2 Interseção: A interseção de dois conjuntos Y e Z é um
conjunto X, sendo X = {x | x G Y e x e Z}. E m símbolos:
Se u m conjunto c determinado por um predicado, o
conjunto complemento é formado com auxího da negação:
X = YnZ (X é a interseção de Y e Z)
X: {x X é um objeto redondo}
Por exemplo, o conjunto F = { d , e} é o resultado da
X': {x X não c um objeto redondo}
interseção dos conjuntos G = { a , b, c, d, e} e H = { d , e, f, g,
h } . Se dois conjuntos são definidos por meio de predicados,
2.4.4 Diferença: A diferença de um conjunto Y em relação
o conjunto interseção é definido conectando-se estes
predicados pelo conectivo "e": a um conjunto Z é um conjunto X, sendo X = {x | x G Y e x
í Z } . E m símbolos:
54 55
genro e ser sogra s ã o relações inversas). F ° G corresponde à
X = Y~ZouX = Y\ é a diferença de Y em relação " x t e t t i c o m o sogra y " , c o m o d o m í n i o dos homens
relação a Z) casados ' ' ^ • ' T õ n t r ã d o m í n i o das mulheres que t ê m filhas.
Repare, p o r é m , que "ser sogra de" e "ser m ã e de" n ã o são
Se dois conjuntos s ã o definidos p o r meio de predicados, f u n ç õ e s , pois uma mulher pode ser sogra de v á r i o s homens
o conjunto d i f e r e n ç a é definido conectando-se o p r i m e i r o o u ser m ã e de várias filhas c filhos. Assim, fica comprovado
predicado c o m a n e g a ç ã o do segundo p o r meio do "e": que n e m na lógica h á uma f u n ç ã o em "ser sogra". J á a
r e l a ç ã o "ser marido de" (no d o m í n i o dos homens casados) e
"ser filha de" s ã o f u n ç õ e s , já que cada h o m e m ^só tem uma
Y: { X X é u m objeto r e d o n d o }
mulher (pelo menos nas sociedades m o n o g â m i c a s ) e cada ser
Z: { X X é u m objeto v e r m e l h o }
humano só t e m uma m ã e . U m exemplo da aritmética seria:
X: { X X é u m objeto redondo e não v e r m e l h o }
F : N - > N , definido c o m 2x = y
A diferença pode ser definida c o m auxílio da i n t e r s c ç ã o e G : N—>N, definido c o m y^ = z
do conjunto complemento:
A f u n ç ã o composta de F e G seria: ., -
Y ~ Z =j^f. Y n Z '
F ° G = {(O, 0), ( 1 , 4), (2, 16), (3, 36), (4, 64),...}
2.4.5 [ , C o m p o s i ç ã o : Dadas duas f u n ç õ e s F e G c o m seus
r e s p e < r n v 5 s a o r n í n i o s e c o n t r a d o m í n i o s , quando o contra- 2.4.6 ( Cotrjunto potênçíãllo c o n j u í r t e - ^ o t ê n c i a de u m
d o m í n i o de F está contido no d o m í n i o dejXjjJíOíií-se formar determinado conjunto Y é o c o n j u n t q P ( Y ) i i e n d o P ( Y ) = { X
a f u n ç ã o composta de F e G (escreve-se F ° G ) jfla seguinte I X C Y } . Por exemplo:
forma; (x, z) G F ° G se e somente se, p a r T a l g u i n y, (x, y) e
F e (y, z) e G . Dados, p o r exemplo, os conjuntos A = {a, b , c }
P(A)=: { 0 , { a } , { b } , { c } , {a, b } , {a, c } , { b , c } , {a, b, c } }
A = { A n t ô n i o , Beto, Carlos}
B = { A n a , Beatriz, Caroline} Repare-se que o conjunto vazio e o p r ó p r i o conjunto A
C = {Dora, Elvira} pertencem ao conjunto p o t ê n c i a de A . O segundo ^teorema
de Cantor afirma que o conjunto p o t ê n c i a de u m conjunto X
e as f u n ç õ e s F: A - ^ B ("ser marido de") e G: B—>C ("ser qualquer t e m maior cardinalidade que X . O conjunto
filha de"), temos que p o t ê n c i a do conjunto vazio c o n t é m c o m o ú n i c o elemento
ele mesmo. O conjunto p o t ê n c i a de u m conjunto infinito
F = { ( A n t ô n i o , A n a ) , (Beto, Beatriz), (Carlos, Caroline)} e n u m e r á v e l é, assim, infinito n ã o e n u m e r á v e l . Tome-se,
G = { ( A n a , D o r a ) , (Beatriz, Elvira), (Caroline, E l v i r a ) } p o r é m , o conjunto P(U): A cardina"MãTte~áêste conjunto
F ° G = { ( A n t ô n i o , D o r a ) , (Beto, Elvira), (Carlos, E l v i r a ) } deve ser maior que a de U. Existe, e n t ã o , u m conjunto maior
que U? Este é, de fato, u m problema controverso na
N o t e que, na f u n ç ã o composta, o primeiro elemento c o hteratura especializada. Diferentes sistemas axiomatizados
genro do segundo e o segundo é a sogra do p r i m e i r o {ser
56 57
apresentam diferentes soluções - o leitor deve se sentir à A grande interseção, semelhante à grande união, forma
vontade para escolher uma delas ou propor uma nova um conjunto de ordem inferior (reduz o número de chaves).
solução.
Repare-se também que o conjunto potência sempre é um 2.5 Teoremas da Teoria dos Conjuntos
conjunto puro, ou seja, ele é um conjunto que possui apenas
conjuntos como elementos. , Alguns dos teoremas mais importantes da teoria dos
conjuntos são:
2.4.7] Gtande_união: Dado um conjunto puro, pode-se
formar um novo conjunto através da operação da grande AuB = BuA
união. A__graftde união de um conjunto puro X (em AnB = BnA
símbolos,\) I a união dos elementos de X. Se temos, por AcAuB '
exemplo: AnB d A
\J' = 0
A={{a,b}, {c,d}, {e,f}}, 0' = U > '
Au0 =A ' '
então ••• ' AuU = U ' '• '
An0 = 0 ', J '•• r '•' ^ • •
aA= {a, b, c, d, e, f} ^ ' - ^ , • :
AnU = A ^ • • •"' '
AuA = A
E fácil ver que, para qualquer conjunto X , UP(X) = X '-^ AnA = A • . -
AuA' = U : • •' ' >
2.4.8 Grande interseção: De modo semelhante, dado um AnA' = 0 ~ .
conjunto puro, pode-se formar um novo conjunto através da A" = A •: j • " - •'
operação da grande interseção. Agrande interseção de um Au(BuC) = (AuB)uC
conjunto puro X (em símbolos^ n X ) é a interseção dos An(BnC) = (AnB)nC ; ^ -
elementos de X . Por exemplo, dado que: Au(BnC) = (AuB)n(AuC) ' ' ^
An(BuC) = (AnB)u(AnC)
A = {1,2,3,4,5} Au(AnB) = A j i -
B={2,4,6} : ^ . > , An(AuB) = A
C= { 4 , 5 , 6 , 7 } (AuB)' = A'nB'
(AnB)' = A'uB'
D = {A, B, C} = { { 1 , 2, 3, 4, 5}, {2, 4, 6}, {4, 5, 6, 7}},
A C B se e somente se AuB = B
Se A = B', então B = A '
temos que '> • '
Se A C C e B C C, então (AuB) C C
nD = {4} Se C C A c C C B, então C C (AnB)
Se B C C, então (AuB) C (AuC)
Se B C C, então (AnB) C (AnC)
58 59
2.6 A Antinomia de Russell Sem esta distinção a teoria dos conjuntos teria uma
enorme dificuldade. Posto que o conjunto vazio 0 está
Na apresentação da teoria dos conjuntos, foram contido em todos os conjuntos, inclusive em si mesmo, se 0
mencionadas duas relações fundamentais: a relação entre um C 0 fosse o mesmo que 0 G 0 , então 0 não seria mais
elemento e o conjunto ao qual este pertence (a relação G ) e a vazio, pois teria um elemento: o próprio conjunto vazio. O u
relação de inclusão entre dois conjuntos (a relação d ) . A seja, neste caso 0 = { 0 } . Por isso é importante salientar
rigor, a primeira é mais fundamental que a segunda, pois a que um conjunto unitário não é igual ao único elemento
segunda pode ser definida logicamente em termos da deste conjunto :
primeira :
1^{1} • '
j^fSe algo G A , então também G B 2 ^ {2}
a9i{a}
U m erro muito comum entre os principiantes em lógica é Aristóteles {Aristóteles} „ .
a confusão entre estas duas relações. Esta confusão ocorre
especialmente quando se tomam conjuntos como elementos Quando um conjunto X é tomado como elemento de um
de conjuntos. E perfeitamente legítimo e correto formar outro conjunto Y, os elementos de X não são, a princípio,
conjuntos de conjuntos, como por exemplo o conjunto K de elementos de Y, embora isso possa ocorrer, por exemplo:
todos os conjuntos mencionados no início deste capítulo, ou
seja: X= {1,2,3}
Y= {X,l,2,3}
K = {A, B, C, D , E}
AfconfusãcTêntre G e C ^ o i característica para a filosofia
Conjuntos são ditos | "puros"] quando todos seus antes âe Frege e PeanoT^D^ascimento da filosofia analítica
elementos são novamente conjuntos. Elementos que não são se deve, em grande parte, ao aprendizado da distinção clara
conjuntos são chamados [^lementos piimil^i^Illfmuitas entre estas relações. Vejamos os exemplos
vezes se usa o termo técnico alemão Urelementéji N o exemplo
acima, o conjunto A é um elemento ão õmjunmY^, o que não (a) Sócrates é mortal.
significa que A está contido em K. O conjunto K tem 5 (b) A baleia é um mamífero.
elementos, e embora as vogais a, e, i , o, u sejam elementos (c) Gregos são mortais.
de A , elas não são elementos de K. E m símbolos: .;
Embora do ponto de vista lingiiístico todas tenham a
A G K (verdadeiro) mesma forma gramatical (sujeito + predicado) a forma lógica
de (b) é similar a de (c) e diferente da de (a): Enquanto (a)
não é o mesmo que ; afirma que um objeto (Sócrates) pertence (G) a um conjunto
(dos mortais), tanto (b) como (c) tratam da relação de
A CK (falso) inclusão (c) de um conjunto (das baleias ou dos gregos)
num outro (dos mamíferos ou dos mortais). Segundo a
60 61
teoria das descrições de Russell (On Denoting, 1905), até M = {a, b, c, M }
mesmo uma proposição como N={1,2,3,N}
O = {2, 4, 6, O }
(d) O mestre de Platão é mortal
Outros conjuntos não são elementos de si mesmos, como
expressa \ima relação entre conjuntos: X C Y - o conjunto todos os conjuntos tratados neste livro antes desta página.
dos mestres de Platão, que contingentemente só tem um Existem, por assim dizer, duas classes de conjuntos: os que
elemento, está contido no conjunto dos mortais. Esta teoria pertencem a si mesmos e os que não pertencem a si
é, no entanto, controversa e pertence mais ao âmbito da mesmos. U m é o complemento do outro. O problema surge
filosofia da linguagem do que propriamente à teoria dos explicitamente quando se tem o predicado, aparentemente
conjuntos. claro, que deveria formar a segunda classe destes conjuntos:
Russell descobriu, todavia, um.aJncarLsistêíi€Íar-fta-teeíiLa
dos conjuntos ingénua, a chamad^^^^an£non^ a 1 R = { X I X não é elemento d e X } |
qual fez abalar todo o fiindamento da matemática e
determinou o seu desenvolvimento na primeira metade do Este predicado forma o conjunto R (de Russell): o
século 20. Resumidamente o problema reside nisso: conjunto de todos os conjuntos que não são elementos de si
Foi dito que cada predicado corresponde a uma classe: mesmos. Então R não pertence a si mesmo. Mas se ele não
"vermelho" corresponde à classe de todos os objetos pertence a si mesmo, então ele satisfaz a condição de
vermelhos. Predicados contraditórios como "círculo quadra- formação do conjunto, e, por conseguinte, tem de pertencer
do" não apresentam dificuldades: eles indicam a classe vazia, a R, ou seja, a si mesmo. Mas se ele pertence a si mesmo, ele
sem elementos. Existem também conjuntos de çQlliuatos, não satisfaz a condição de formação do conjunto, e assim
como por exemplo: pertence a R. Ou seja:
O conjunto de todos os conjuntos unitários R G R implica que R 6 R e R g R implica que R G R
O conjunto de todos os conjuntos binários
O conjunto de todos os conjuntos de letras um pouco mais formal: •
Além disso, existe o conjunto de todos os conjuntos. A RGR<->RgR ( R G R s e e somente se R g R)
este pertence o conjunto universo, o conjunto vazio, e todos
os outros conjuntos entre estes extremos. Designando o
conjunto de todos os conjuntos H , e sendo H mesmo um
conjunto, temos de dizer que H G H . Aparentemente, não há sua formação, caso contrário teríamos um conjunto que não foi
problema em supor que alguns conjuntos são elementos de construído a partir de elementos primitivos. Tal conjunto se assemelharia
si mesmo^, como p.ex.: ao sujeito que se ergueu pelos próprios cabelos e já não precisa pôr os
pés no chão. Este seria o caso de um conjunto que pertencesse a si
mesmo. Com efeito, a solução de Russell para o seu paradoxo, por meio
' Já aqui existe uma intrigante questão filosófica. Uma idéia muito da teoria dos tipos lógicos, exige justamente uma restrição neste ponto:
razoável é a de que todo conjunto deve ser analisável ao ponto de nenhum conjunto pode ser elemento dele mesmo.
sermos capazes de identificarmos os elementos primitivos que entram na
62 63
Isto é uma contradição! Russell estudou várias antinomias Indicar o valor de verdade ( V / F ) de cada enunciado: •
e percebeu que eias continham uma circularidade viciosa: " o
cretense disse que todos os cretenses s ã o mentirosos" (ele 01) G c A 12)I~HcB'
disse a verdade?), " o barbeiro de uma aldeia que barbeia
02) G u H c D 13) ( G n H ) ' c F
todos que n ã o se barbeiam a si mesmos" (ele mesmo se
barbeia?). Ramsey, depois, distinguiu as antinomias pura- 03) ( A u B ) u E = F 14) F n E c C
mente lógicas (que incluem apenas n o ç õ e s lógicas, c o m o a 04) ( F n C ) n I = B 15) D ' n D c 0
antinomia da teoria dos conjuntos) das semânticas (que 05) B c C 16) 0 e (AnB)
incluem elementos extra-lógicos). A solução definitiva de 06) A n D c G u H 17)0 £ F -
Russell f o i a Teoria dos Tipos L ó g i c o s ^ ^ p r e s e n t a d a na obra 07) B c F • 18) 3 G ( D n B )
Principia Mathematica (pubUcada conjuntamente c o m W h i t e -
08) A n B = 0 19) G 6 A
head em três volumes nos anos de 1910, 1912 e 1913),
considerada u m grande marco da lógica c o n t e m p o r â n e a . A
09) A c C 20) I e G'
ideia básica desta teoria é a necessidade de se i n t r o d u z i r uma 10) D c H' ' 21) 0 ' c U
hierarquia de tipos_lógicos, onde u m i t e m de cada nível s ó 11) H ' c 0'
pode ser apHcado a u m i t e m do nível inferior e nunca a u m
outro elemento do mesmo nível. Assim, u m conjunto nunca Obter: .... ,
pode ser elemento dele mesmo. Os sistemas a x i o m á t i c o s da
teoria de conjuntos mencionados no início do capítulo
01) A u B 05) A n ( B u C )
eliminam tal contradição. Estes sistemas s ã o , no entanto,
02) Anl.5 06) H n ( B u C )
mais complexos e n ã o p o d e m ser tratados sem conhecimen-
to da lógica formal, à qual nos voltamos agora. 03) A n C 07) D u 0
04) B n C 08) D n E
Exercícios (Exl) i -
2. Dados quaisquer conjuntos A , B c C, diga se é verdadeiro:
1. Dados os conjuntos:
01) A ~ B = B ~ A
A = { 4 , 6} 02) ( A ~ B ) ~ C = A ~ ( B ~ C )
B = {1,3,5,7,9} 03) A ~ 0 = A
C = {x X é número primo} 04) A ~ U = 0
D= {1,2+2,2+1,7} 05) A ~ ( B n C ) = ( A ~ B ) u C
E- {2,8} 06) A ~ ( B n C ) = ( A ~ B ) U ( A ~ C )
F = { X X é n ú m e r o natural menor que 10} 07) ( 0 ~ U ) c 0
G = {4}
08) Se A c B e B c A, então A = B
H={1} •
09) Se A n B = 0 , então A c B'
i = {8} • :
10) Se A n B = 0 , então B c A '
64 65
11) Se A u B = A n B , então ou A = 0 ou B = 0
a) Quais pares ordenados pertencem à relação R="x
12) Se A c B, então se x e B, pode-se concluir que x 6 A
está imediatamente sobre y " ?
13) Se A c B e A c B', então A = 0
b) R c uma função? Justifique.
14) Se A c C e B c C, então ou A c B ou B c A
c) Quais pares ordenados pertencem à relação S="x
está imediatamente sob y " ?
3. Operadores de conjuntos s ã o interdefiníveis. Defina cada
d) S é uma função? Justifique.
um dos operadores {U, n, ~, '} usando apenas os
respectivamente restantes. Se necessário, use também o 6. E n c o n t r e u m d o m í n i o e u m c o n t r a d o m í m o para os quais
conjunto U . as relações abaixo são funções: *•
E x e m p l o : A ~ B =j,f AnB'
a) X c pai de y i ; ' ,• ;
a) D e f i n i r A u B b) D e f i n i r A n B c) D e f i n i r A ' b) X é filho de y
c) X c namorado de y
4. Reflita sobre os conjuntos indutivos: d) X f o i escrito por y
e) X é aluno (a) de y
a) C o m o se gera o conjunto dos pares indutivamente (diga a í) X é múltiplo de y
base e a o p e r a ç ã o ) ? Explicite uma propriedade indutiva deste g) X c o quadrado de y • : ^
conjunto. h) X é maior do que y - ? ,. y j
b) D a d o o c o n j u n t o {O, 2, 8, 26, 80,....}, identifique qual f o i a i) X é menor do que y , , .,
base e qual a o p e r a ç ã o usada? j) X pertence ao mesmo conjunto que y
c) Suponhamos que o conjunto de todos os seres humanos
forma u m conjunto i n d u t i v o gerado a partic da o p e r a ç ã o de 7. Muitas vezes, a exemplo de outros conjuntos, as funções
r e p r o d u ç ã o no cruzamento de u m h o m e m e uma mulher. p o d e m ser representadas de forma intensional. Por exemplo,
D o p o n t o de vista da teoria da e v o l u ç ã o , qual p r o b l e m a a função {(0,1), (1,3), (2,5), (3,7), ...} pode ser representada
surgiria? através da fórmula y = 2 x + l . /Vcontece que este tipo de
r e p r e s e n t a ç ã o n e m sempre é possível. Por que isso acontece?
5. Observe a seguinte estrutura de blocos e c o m base nela V o c ê pode imaginar uma função que n ã o pode ser
responda o que se pede: rcpresentadíi intensionalmcntc? V o c ê pode representar
extensionalmente uma função que n ã o pode representar
A E intensionahnente? Argumente.
G
B C F
8. Especifique as funções F e G, sendo F ^ G, de m o d o que:
D H
I
a) F u G é uma função (exemplo)
66 67
Solução: 13. Dado que m < n , um conjunto de cardinalidade K,^ pode
estar contido em um conjunto de cardinalidade X^?
F: p a r e s ^ N e F(x)=x/2 Justifique.
G: ímpares-^N e G(x)=(x-l)/2
14. Qual a cardinalidade do conjunto universo?
b) F é uma operação
c) F c G
• d) F c N X { x | x é p a r }
c) N ã o existe F ° G , mas existe G ° F
f) F°F=G
g) F ° G = G ° F
h) F ° G c F
i) FcNXG
9. Pense sobre o amor, ou mais exatamente, sobre a relação
"x ama y". Para facilitar, pense somente no amor de um
homem por uma mulher, ou seja, o domínio seria o conjunto
de todos os homens e o contradomínio o conjunto de todas
as mulheres. Se essa relação fosse uma função injetora, não
haveria disputa, talvez nem ciúme, se ela fosse sobrejetora,
não haveria ninguém soHtário, se ela fosse bijetora, o mundo
seria maravilhoso. Mas, infelizmente, talvez essa relação nem
seja uma função. Explique.
10. O conjunto de todos os conjuntos unitários é enumerá-
vel? Argumente.
11. Imagine uma razão que possa justificar a afirmação de
que os números não computáveis são infinitamente mais
numerosos que os computáveis.
12. Seja um conjunto A o único elemento de si mesmo.
Calcule U A e diga o que há de "estranho" nesse resultado.
CAPÍTULO 3 - SILOGISMO
ARISTOTÉLICO
Aristóteles é com razão considerado o pai da lógica. Isso não
significa que antes dele os seres humanos não conseguissem
pensar logicamente, o caso é que Aristóteles conseguiu expressar
em regras bem precisas como devemos fazer para articular
raciocínios lógicos. Nesse sentido, ele faz algo que nunca tinha
ocorrido a ninguém fazer antes dele, e, por isso, não é exagerado
dizer que o trabalho de xVristóteles sobre lógica é totalmente
original. Embora tenha sido u m grande engano tanto histórico
como sistemático de Kant dizer que a lógica poderia ser
considerada uma ciência perfeita c acabada na forma que
i\ristóteles a formulou (Kant parece desconhecer os grandes
avanços experimen-tados pela lógica na época dos estóicos, na
escolástica e no início da modernidade até os seus dias), não há
dúvida de que a obra de Aristóteles é uma enorme contribmção
(com certeza a maior na Antiguidade) para a história da lógica.
Ainda hoje seu estudo é justificado; não pelo fato do silogismo
ter alguma propriedade especial que o torna indispensável às
nossas deduções, mas pelo seu valor didático, para o qual
contribuem sua relativa simplicidade e seus conceitos
profundamente intuitivos.
3.1 Argumentos: Validade e Cofreção
A [lógica^ de Aristótele^ é a tentativa de normarizar. o
processo argumentativo do discurso científico em geral,
fõrrmílãndo para isso regras de raciocínio e a r g u m e n t a ç ã o
objetivamente válidas. C o m isso ele pretendia enfrentar o
discurso sofista, cujos argumentos eram retóricos, mas
multas vezes logicamente falaciosos. A lógica de Aristóteles,
conhecida c o m o |''srlogística") f o i o instrumento b á s i c o de
a r g u m e n t a ç ã o nas dispiitaão, as disputas o u c o m p e t i ç õ e s
argumentativas, em geral sobre temas t e o l ó g i c o s , durante a
escolástica. Neste p e r í o d o , o sistema de Aristóteles f o i
estudado e incrementado, especiabnente p o r Petrus
70 71
Hispanus. Embora Aristóteles mesmo não tenha usado estes Argumentos que têm essa forma são considerados
termos, a sua lógica c ideal para introduzir-, agora, as noções \kfftmos ou váliãõs^A forma lógica de u m argumento lhe
de \jjâlidade\ correção,|^conhecidas na escolástica. Vejamos os garante validade se tivermos uma situação em que, uma vez
seguuxtès~êxeinplõsr que assumamos a verdade das premissas, ficamos obrigados
a inferir a verdade da conclusão. Esta inferência se torna
(1) Todos os cegos são loucos obrigatória porque os termos que compõem as premissas
Todos os loucos são bons motoristas constituem certas relações cujas ramificações ultrapassam o
. logo: Todos os cegos são bons motoristas que está dito nas premissas. As premissas trazem embutidas
nelas uma série de consequências e a conclusão de u m
(2) T o d o cearense é milionário argumento válido é uma delas. Podemos ver isso claramente
T o d o milionário é brasileiro se representarmos o esquema acima com o auxílio de
logo: T o d o cearense é brasileiro conjuntos:
(3) Toda aranha c um inseto ,. Todo A é B Todo B é C juntando tudo Todo A é C
T o d o inseto c um artrópode
logo: Toda aranha é u m artrópode
(4) T o d o corintiano é paulista
T o d o paulista c brasileiro
logo: T o d o brasileiro é corintiano
(5) T o d o cearense é nordestino
T o d o nordestino c brasileiro Vemos que não podemos admitir as duas primeiras
logo: T o d o brasileiro é cearense. relações entre os conjuntos e rejeitarmos a última. E nesse
sentido que a conclusão d e u m argumento válido é
(6) T o d o ser humano c mortal obrigatória (necessária).
T o d o brasileiro é humano U m argumento é dito correto quando as premissas são
logo: T o d o brasileiro é mortal COH^" ^ verdadeiras e a inferência e^áUdaTTsíos exemplos anteriores,
apenas o último e correto. Os argumentos (1) — (3) falham
Para que u m argumento possa ser considerado válido, por terem uma ou mais premissas falsas, o quarto falha tanto
deve-se examinar apenas sua forma lógica. N o s argumentos por possuir premissa falsa como por fazer uma inferência
1, 2 e 3, por exemplo, temos uma forma lógica c o m u m que não legítima, e o quinto falha por ter uma inferência não
podemos representar pelo esquema: legítima. Para visualizar melhor, substitua-se as proposições
verdadeiras pela letra " V " e as falsas pela letra " F " ,
TodoAéB indicando a inferência realizada pelo símbolo "=>":
Todo B é C
Logo: T o d o A é C (1) F+F F
72 73
^ (2) F + F=:^ V O caráter ilegítimo do argumento (5) c bastante evidente,
(3) F+ V^ V • pois é claro que a forma lógica:
(4) F + V => F
• (5) V + V:r>F Todo A é B.
(6) V + V=í>V Todo B é C
logo: todo C é A
lísses exemplos foram escolhidos para exemplificar os
segumtes princípios lógicos: não é válida. Pode parecer assim que a tarefa da lógica é
óbvia demais, que qualquer ser minimaçnente facional pode
1) A conclusão de um argumento com duas premissas distinguir imediatamente inferências válidas de inferências
falsas pode ser falsa (1) ou verdadeira (2). A conclusão não válidas. Existem estudos (veja Johnson-Laird 1983
de um argumento com uma premissa falsa pode ser falsa Mental Models) que demonstram, no entanto, que muitas
(4) ou verdadeira (3). Esse princípio era conhecido na inferências feitas por sujeitos empíricos falliam. Das
escolástica como ex falso seqmtur_rjtindlihe.t; - do falso se premissas:
segue qualquer coisa..
Nenhum A é B ^ ... :
2) U m argumento com duas premissas verdadeiras e com Algum B é C
uma conclusão falsa não faz uso de uma regra de
inferência legítima (5). muitas pessoas em testes concluíram "nenhum A é C", o que
é incorreto. Na verdade, algum A poderia ser C e até mesmo
3) Um argumento com todas as premissas verdadeiras e todo A poderia ser C. ho receberem essas informações
com uma regra de inferência legítima tem sempre uma adicionais, muitas pessoas concluíram que não existe
conclusão verdadeira. Por contraposição: um argumento nenhuma conclusão válida a partir dessas duas premissas, o
com uma inferência legítima e com uma conclusão falsa que também é incorreto. Por exemplo, vale logicamente que
tem sempre uma premissa falsa. "alguns C não são A " . A lógica de Aristóteles é justamente a
primeira tentativa conhecida na história do pensamento
Avaliar a verdade ou falsidade das premissas não é tarefa ocidental d ê t e n t a r selecionar e representar todas as foriTias
dajógica, por isso, a conclusão de que os argumento s ( í ) — válidas de inferência.
(4) nacTsSo corretos não depende de nenhuma análise lógica
ou formal, mas sim puramente empírica. Uma das tarefas da 3.2 O Silogismo Aristotélico
lógica é o estudo da legitimidade ou validade das regras de
inferência: ela aponta o argumento (5) como falacioso por A lógica de Aristóteles é chamada de lógica silogistica [ou
usar uma regra de inferência não legítima, não válida. O simplesmente silogismo, \i estudada coiS~muitó ahnco e
argumento (6) é o caso ideal: de duas premissas verdadeiras, reformulada durante a idade média. A base da silogística é a
através de uma inferência legítima, se chega a uma conclusão dedução de uma conclusão a partir de duas premissas. Tanto
verdadeira. as premissas como a conclusão são juízos ou proposições (a
distinção entre juízo, sentença, frase, proposição, enunciado
74 75
e outros não será relevante aqui). U m exemplo de silogismo 2) Proposições particulares: Alguns S são P.
é a dedução: Ex: Alguns homens são brasileiros.
PI Todos os homens são mortais. Além destes seria importante distinguir um terceiro tipo,
P2 Todos os filósofos são homens. ausente no silogismo original de Aristóteles, mas introduzido
C: Todos os filósofos são mortais. na escolástica:
A primeira proposição (Pí) é chamada, desde a 3) Proposições singulare^: U m S é P.
escolástica, d^remssa mmorl^segunda (P2) pmnissa~nienorj Ex: Sócrates é mortal. • . ; —;
e a terceira (C) de conclusão. Cada uma das prop^Dsiçoes tem à
forma: Com respeito à qualidade:
T l cT2 ^ . 1) Proposições afirmativas ou positivas: S é P . • /
Ex: Sócrates é mortal. •
T l e T2 são termos, em. geral predicados, e "c" indica um
dos quatro termos conectivos possíveis: 2) Proposições n^gativas^: S não é P. ' .
Ex: Sócrates não é mortal.
Todos (todos os T l são T2)
Alguns (alguns T l são T2) E combinando os dois critérios, temos:
Nenhum (nenhum T l é T2)
Alguns não (alguns T l não são T2) Universal positiva (A)
Particular positiva (I)
Esses quatro conectivos são o resultado da aplicação Universal negativa (E)
simultânea de dois critérios que usamos para classificar as Particular negativa (O)
proposições, quais sejam, quantidade e qualidade. A[^quantidade|
diz respeito ao número de sujeitos que são predicados de As letras A , E, I , O devem doravante indentificar cada
_d£tçr£QÍmda maneira, se são todos ou apenas alguns, e a um destes quatro tipos de proposições. Estas letras foram
I qualidade idiz respeito ao modo como eles são predicados, se introduzidas na Idade Média para facilitar o estudo dos
e positivamente, afurmando-se que eles têm o predicado, ou silogismos. A escolha das letras foi derivada das palavras
negativamente, negando-se que eles têm o predicado. Como latinas:
resultado dessa classificação, teremos:
(universal e particular positivos)
Ã] F IR M O
Com respeito à quantidade:
(universal e particular negativos)
N li G 0
1) Proposições universais: Todos os S são P.
Ex: Todos os homens são mortais.
76 77
Cada figura é composta de três proposições, e cada
A fim de que de duas premissas possa deduzir-se uma
proposição contém um conectivo. N ã o devemos esquecer,
conclusão, algumas condições precisam ser preenchidas.
porém, que as proposições podem ser de quatro tipos: A , E,
Observe-se novamente o exemplo:
I e O. Se fizermos as contas, descobriremos que, variando-se
os tipos de proposições componentes do silogismo, cada
PI Todos os homens são mortais. ,
figura poderá se apresentar_de 64 modos diferentçs. Estes
P2 Todos os filósofos são homens.
3íIêréntes'\modos| \modi em latim) são de especial interesse
C Todos os filósofos são mortais.
para o estuSõ dos silogismos. Cada modo de uma figura será
constituído por uma determinada seqiiência de proposições.
É importante obsei-\'ar que numa dedução silogística,
Teremos, por exemplo, um modo que" corresponderá à
além das partículas lógicas (termos sintáticos) como "todos",
seqiiência A - E - E de proposições, um outro que
"alguns", "não", ocorrem sempre três termos; no exemplo:
corresponderá à seqiiência E-I-O etc. Este aspecto dos
homens, mortais e filósofos. U m termo, chamado A^lmmmis
modos do silogismo chamou a atenção de alguns lógicos da
meclius ^ (termo médio), tem de ser sempre comum às duas
Idade Média, e eles tiveram a brilhante ideia de associar cada
premissas, neste caso: homem. Conhecendo a relação entre os
uma destas seqiiências de vogais com um^noiííé? feminimo
termos homem e 7?wrtal e entre homem c filósofo, pode-se
rnedieiail. Cada modo recebeu um nome que continha
concluir a relação entre filósofo e mortal. Repare-se que a
exatamente a seqiiência de vogais que lhe era peculiar. N o
conclusão contém justamente os dois termos que ocorrem
caso do silogismo que apresentamos acima, por exemplo,
apenas uma vez nas premissas, o terminus medius desaparece
temos uma A - A - A (todos são - todos são - todos são),
na conclusão. Estes dois outros termos aparecem na
chamado, por isso", de 'SÕrbãral(você verá, todavia, que os
conclusão como sujeito e predicado, respectivamente. O
nomes dos outros modi, apesar de serem nomes de
termo sujeito é chamado de terminus minor (termo menor -
mulheres, não são tão comuns atualmente).
no exemplo, "filósofos") e o termo predicado de terminus
maior (termo maior - no exemplo, "mortal"). E importante observ^ar que nem todos os 64 modi de uma ^ .
figura são deduções válidas. Uma tareia central da lógica
A tradição distinguiu|c[uatro7?g//'raj- ^e silogismo, baseando
consiste justamente na distinção das deduções válidas das
esta distinção na posição do termo"sujeito (S), do termo
deduções não válidas, e, portanto, dos modi que constituem
predicado (P) e do termo médio (M) nas proposições
raciocínios perfeitos daqueles que representam raciocínios
componentes do raciocínio. Assim, cada figura é um tipo de
defeituosos. O silogismo clássico destacou, em cada figura,
modelo, um tipo de mapa que mostra como é a configuração
os seguintes modos de dedução váHdos:
dos raciocínios que pertencem àquela figura. Veja como se
caracterizam as figuras do silogismo:
PRIMEIRA FIGURA
r FIGURA 2"FIGUR.'\" FIGURA 4=" FIGURA
1. Modus Barbara (AAA) 2. Modus Celarent (EAE)
M c P P c M M c P P c M
Todo M é P Nenhum M é P
S c M S c M M c S Mc S
Todo S é M . Todo S é M
S c P S c P S c P S c P
Todo S é P Nenhum S é P
78 79
3. M o d u s Darii ( A I l ) 4. M o d u s Feno ( E I O ) TERCEIRA FIGURA
Todo M é P Nenhum M é P 13. Modm Darapti ( A A I ) 14. M o d u s Disamis ( l A I )
Algum S é M Algum S é M
Algum S é P - Algum S não é P Todo M é P Algum M é P
Todo M é S Todo M é S
A l e m destes modos, já reconhecidos por Aristóteles, Algum S é P Algum S c P
pode-se obter, através da pardcularização de p r o p o s i ç õ e s
universais, modos mais fracos. Os dois abaixo s ã o respec- 15. M o d u s (AII) 16. M o d u s Felapton ( E A O )
tivamente variações de Barbara e Celarent ,
Todo M é P Nenhum M é P
5. M o d u s Barbari ( A A I ) 6. M o d u s Celaronl ( E A O ) Algum M é S Todo M é S
AlgumSéP Algum S não é P
Todo M é P Nenhum M é P
Todo S é M Todo S é M 17. M o d u s Ferison ( E I O ) 18. M o d u s Bocardo ( O A O )
Algum S é P Algum S não é P
Nenhum M é P Algum M não é P
SEGUNDA FIGURA Algum M é S Todo M é S
Algum S não é P Algum S não é P
7. M o d u s Cesare ( E A E ) 8. M o d u s Camestres ( A E E )
Nenhum P é M TodoPéM QUARTA FIGURA
Todo S é M Nenhum S é M
Nenhum S é P Nenhum S é P
19. M o d u s Bamalip ( A A I ) 20. M o d u s Camenes ( A E E )
9. M o d u s Fesímo ( E I O ) 10. M o d u s Baroco ( A O O )
Todo P é M Todo P é M
Nenhum P é M Todo P é M Todo M é S Nenhum M é S
Algum S é M Algum S não é M Algum S é P Nenhum S é P
Algum S não é P Algum S não c P
2 1 . M o d u s Fesapo ( E A O ) 22. M o d u s Dimatis ( l A I )
11. M o d u s Cesaro ( E A O ) 12. M o d u s Camestrop
(variação de Cesare) ( A E O ) (var. de Cameslres) Nenhum P é M Algum P é M
Todo M é S Todo M é S
Nenhum P é M Todo P é M Algum S não é P Algum S é P
Todo S é M Nenhum S é M
Algum S não é P Algum S não é P
81
i
23. M o d u s Fresion ( E I O ) 24. M o d u s Camenop (AEO) 3.3 |o Quadrado Lógico
(var. de Camenes)
Nenhum P é M . A partir do silogismo aristotélico podemos compreender
Algum M é S , Todo P é M melhor algumas relações lógicas entre p r o p o s i ç õ e s , expostas
Algum S não é P Nenhum M é S tradicionalmente no chamado "quadrado l ó g i c o " .
Algum S não é P
Alguns ptincípios elementares / do silogismo f o r a m
inferidos pelos escolásticos e ganharam a sua f o r m u l a ç ã o A — Universal afirmativo contrários — Universal negativo
clássica: Todo pato é feio Nenhum pato é feio
^ w
i
1. Jíx meris particularihus nihil sequitur (de meros particulares subalternos \ subalternos
nada se segue): E m n e n h u m dos modos, as duas premissas contraditórios / \xontraditórios
são p r o p o s i ç õ e s particulares. Pelo menos uma das premissas
r
é universal (positiva o u negativa).
I — Particular afirmativo O — Particular negativo
2. Hx meris negativis nihil sequitur (de meros negativos nada se Alguns patos são feios Alguns patos não são feios
segue): E m n e n h u m dos modos, as duas premissas são complementares

negativas (E, O ) . Pelo menos uma das premissas é positiva. ou subcontrárias
3. Conclusio sequiturpeiorempartem (a c o n c l u s ã o sempre segue a
parte mais fraca). Este princípio espelha os dois anteriores:. Pode-se compreender assim a dife;rença entre contrário e
Se vima das premissas é particular, então a c o n c l u s ã o será contraditório: Duas p r o p o s i ç õ e s %ií.o\contrárias quando n ã p
necessariamente particular. Se uma das preirassas é negativa, p o d e m ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo, mas p o d e m
então a c o n c l u s ã o será necessariamente negativa. ser ambas falsas. Exemplos:
Podemos adicionar a esses princípios clássicos u m quarto T o d o h o m e m é digno — N e n h u m h u m a n o é digno
princípio que t a m b é m pode ser útil: A bola é vermelha — A bola é verde
4. Se as duas premissas f o r e m afirmativas, a c o n c l u s ã o será Duas p r o p o s i ç õ e s sãoJcõntraditória.(jquzndo n ã o p o d e m ser
necessariamente afirmativa (não é necessário, p o r é m , que a ambas verdadeiras o u "ãmbãs falsas ao mesmo tempo.
conclusão seja universal caso não haja premissas Exemplos:
particulares).
Alguns homens s ã o dignos — N e n h u m h o m e m é digno
A bola é vermelha — A bola n ã o é vermelha.
82 83
Construir uma disputatio desta forma seria uma excelente
3.4 A Disputatio Medieval maneira do leitor exercitar o silogismo.
Como já mencionamos, costumava-se praticar o
silogismo aristotélico na Idade Média em_d£híLtÊS_em geral Exercícios (Ex2)
sobre temas teológicos, chamados ái^^dísputationesX^m tais
disputas argumentativas, distinguiam-se duas funções 1. Indique quais dos itens abaixo apresentam exemplos de
básicas: o proponente (aquele que defendia uma tese) e o silogismos, quais apresentam raciocínios válidos e quais
contraente (aquele que rejeitava a tese do proponente). O apresentam falácias:
proponente lançava a sua tese e argumentava usando os
silogismos válidos. O contraente tentava mostrar que o a) Todo homem é mortal
argumento do proponente não era correto, pois fazia uso de Sócrates é homem •
alguma premissa falsa. Vejamos um exemplo knaginável: Sócrates é mortal
Tese do proponente: b) Alguns ursos são carnívoros
Alguns ursos são vegetarianos
"A igreja não deve se envolver com questões políticas. Nenhum vegetariano é carnívoro
Afinal, o justo não deve negociar com o injusto, a igreja é o
recanto dos justos e a poKtica é o recanto dos injustos. Para c) Nenhum ateu é religioso
prová-lo, faço uso do silogismo Bárbara: Alguns filósofos não são ateus ;'
Todo corrupto é injusto Alguns filósofos são religiosos
Todo poKtico é corrupto. d) Todo cearense é brasileiro
Logo: Todo poHtico é injusto"
Todo nordestino é brasileiro
Refutação do oponente: Alguns nordestinos não são cearenses
"Apesar de ser logicamente válido, o argumento não c e) Todo bebum é papudim
correto, pois faz uso de uma premissa falsa. Concordo com a Todo bebum é biriteiro _ ,
premissa menor, de que todo corrupto é injusto, pois a Todo biriteiro é papudim
corrupção é uma forma grave de injustiça. Mas discordo da
premissa maior, de que todo político é corrupto. Segundo o f) Nenhum jegue é bípede
relato bíbHco, em Israel por muitos anos reinou Salomão, Todo jegue é um jumento
conhecido pela sua sabedoria e integridade moral. Assim, Nenhum jumento é bípede
nem todo político é corrupto, e o argumento, concluo,
falso". g) Algumas crianças são mentirosas
Toda criança é um anjo
Alguns anjos são mentirosos
84 85
c) Todo A é B
TodoCéD
h) Todo inilionário é rico ' :: TodoEéA
Alguns ricos são banqueiros ' Nenhum B é D •<
Alguns banqueiros são milionários ' Nenhum C é E
i) Alguns atietas não são tenistas 3. Mostre que há silogismos supérfluos (um silogismo será
Alguns tenistas são canhotos — supérfluo se a conclusão que ele deriva das premissas pode
Alguns canhotos não são tenistas ser derivada das mesmas se usarmos uma combinação de
outros silogismos).
j) Nenhuma viúva é casada
Algumas casadas são solteiras
4. Observe as proposições:
Algumas solteiras não são viúvas
a) Toda ave voa
1) Nenhum político é honesto
b) Alguns pinguins não voam
Alguns políticos são ladrões
c) Algumas aves são pinguins
Nenhum ladrão é honesto
d) Nenhum pinguim voa ,
e) Algumas aves não voam
m) Todo pássaro é uma ave
f) Algum pinguim não é ave
Alguns ovíparos não são aves
g) Nenhuma ave voa ' '
Alguns ovíparos não são pássaros
h) Todo pinguim é ave
i) Alguns pingíiins voam
j) Algumas aves não são pingíiins
2. Toda conclusão de um silogismo pode ser usada como
k) Nenhum pinguim é ave
premissa para um novo silogismo. Com base nisso, dados os
1) Algumas aves voam
seguintes conjuntos de preixiissas, conclua a sentença que
m) Todo pinguim voa
vem abaixo do traço horizontal:
n) Todas as aves são pinguins
o) Nenhuma ave é pingiiim
p) Alguns pingíiins são aves
a) Todo A é B b) Todo E é C
Todo E é C Todo A é E
Limitando-se a estas proposições, relacione os pares de:
Nenhum B é C Todo B é D
Algum D é E Algum A é B
Contraditórias:
Algum D não é A Algum C é D
Contrárias:
Complementares:
Subalternas:
86
CAPÍTULO 4 - LÓGICA
5. N o apartamento 44 moram um brasileiro, um iraquiano e P R O P O S I C I O N A L (LP)
um japonês. O brasileiro é gordo, o iraquiano é muçulmano
e o japonês é cantor de ópera. Certo dia, sumiu o pernil que
a vizinha tinha pedido para guardar no freezer dos três. 4.1 A Sintaxe da LP
Sabe-se que um dos três comeu o pernil, mas quem? Após
A j lógica proposicional] se distingue fiindamentíilmente da
uma pequena investigação, a vizinha apurou os seguintes
silogística anstõtféltca. Enquanto esta é uma lógica sobre relações
fatos: . , , , . .• , .„ ^ , .•..,„,..•. 3e conceitos, os quais são expressos pelos tenno§ contidos em
cada proposição do silogismo, a LP é uma' lógica sobre relações
I. Todos os gordinhos do ap. 44 fazem regime. entre estiaituras proposicionais inteiras, mesmo porque na
II. Nenhum muçulmano come pernil. linguagem da LP não há símbolos para temios. Embora muitos
III. Todo cantor de ópera é gordinho. lógicos modernos desconlieçam tal fato, a lógica proposicional
IV. Alguns fazedores de regime quebram o regime. tem sua origem já na antiguidade: na Grécia antiga, a escola
V. Todos os que quebram o regime carecem de estóica já havia desenvolvido muitos_ptincípios conhecidos hoje.
determinação. Em geral, se considera Gottiob|Frêge][^1848 - 1925) o pai da
VJ. Nenhum japonês carece de determinação. lógica proposicional moderna (bem como da lógica de
VII. Todos os fazedores de regime se abstêm de comer predicados, como veremos adiante), inaugurada com sua obra
pernil. Comeitografia ("Begriffs-schrift") de 1879.
Como mencionado no cap I , pode ser dito que uma
Será que a vizinha poderá chegar a uma conclusão sobre lógica é um sistema de inferência e, nesse capítulo, vamos
quem comeu seu pernil só usando silogismos? Você sabe apresentar a lógica proposicional como tal. Mas o que isso
quem comeu o pernil? Se sabe, como você é capaz? E, quer dizer? ^
finalmente, quem comeu o pernil? U m ^sistema de kilêrência^é uma estrutura (cf. cap.II, 3.7)
cujo domínio é uma Hnguagem formalizada e cujas relações
chamamos de regras de inferênãa. N o caso da LP, a Hnguagem
em questão é o conjunto i ] , | = { x | x e A,,* e x é uma
fórmula bem formada (fbf)}. Nosso conjunto de regras de
inferência para a lógica proposicional será representado por
RI,,. Assim, \jefinimos a lógica proposicional/como uma
estrutura constituída pelos dois elementos: Hnguagem e
regras de inferência, o que expressamos da seguinte maneira:
LP=<A,Riy\
Nessa apresentação, a lógica aparece eminentemente
como sistema de representação de relações sintáticas
88 89
(relações entre as estiTituras sintáticas das f b f s), as quais se Uma expressão (p será uma>^fórmula bem formada |fbf) se
reduzem em última análise à relação de dedutihilidade. Por essa e somente se: >——- - —
razão, a seção corrente se chama "a sintaxe da LP". A seção
posterior, denominada "a semântica da LP", esclarecerá 1. (p for uma letra sentenciai, ou
como a lógica proposicioriãlTé' presta também para repre- 2. Assumindo que OC e (3 são fbfs, (p=(-ia), ou
sentar relações semânticas (relações entre os conteúdos (p=(aA(3), ou (p=(av(3), ou (p=(a->(3), ou
expressivos das f b f s), as quais se reduzem em última análise (p=(a<->p).
à relação de come^imiáajmlalógica.
As condições 1 e 2 acima constituem •à\gra'mática da LP.
4.1.1 A Linguagem da L P (Xg) Toda proposição da LP deve poder ser incluída em um
desses dois casos (note que aqui usamos fbf, proposição e
Considere o conjunto de símbolos sentença como sinónimos, o que não faremos na lógica de
predicados).
Ao= { ( , ) , - ' , A , V , - > , p, q, r, s, p „ q,, r,,...}. Dessa forma, temos caracterizado a linguagem da lógica
proposicional X,,. Cumpre agora estudar os símbolos de A,, e
A esse conjunto chamamos de alfabeto ia LP. As letras, a função que cada grupo deles desempenha.
numeradas ou não, são os símbolos não-lógicos ou
paramétricos. Esses símbolos podem ser denominados letras 4.1.1.1 Letras sentenciais
sentenciais ou letras proposicionais. Os símbolos restantes
sãõ õs símbolos lógicos. Eles são constituídos dos As I letras sentenciais | são usadas para representar
parênteses e dos| conectivos lógicos^ o u | ) u n t o r ^ | Cada um proposições èlêirientares ou a^tômicas^ isto é, proposições
destes grupos de símbolos terá uma runçacTespecíFica em X,„ que não possuem partes que sejam também proposições. Por
o que examinaremos em breve. Agora, porém, devemos exemplo:
definir A,,*. Seja pois:
p = o céu é azul.
A,/=A„ Q = a lua é de cjueijo.
A|,^= conj. das combinações binárias de símbolos de A,, R = 2+2==4
A|,''= conj. das combinações ternárias de símbolos de A,, s = Branca de Neve está dormindo.
A|,''= conj. das combinações quaternárias de símbolos de A„
As partes dessas proposições não são proposições mais
simples, elas. são componentes subsentenciais: expressões,
Temos que A, * = A , / U A n ' U Ao' U A / . . . palavras, sílabas ovx letras. Uma proposição como
Uma^ '^xprêssmSfi qualquer sequência finita de símbolos de Pedro e Maria são brasileiros.
A||, portanto A;,* será o conjunto das expressões em Ay.
E, por sua vez, complexa, pois ela pode ser decomposta em
duas outras proposições mais simples:
90 91
quando ele for fixado, e isso é feito arbitrariamente. A este
Pedro é brasileiro. fato fixado para p podemos chamar de conteúdo proposicional de
Maria é brasileira. p. E m outras palavras, o conteúdo proposiaonal de uma propo-
sição p é o que p assevera, vale dizer, o que p informa. A
Observe-se que não é a presença de dois sujeitos (na forma que teremos para fixar o conteúdo proposicional das
tradição da ontologia tradicional dir-se-ia duas suhslâncias: proposições elementares será associando cada uma destas
Pedro e Mana) na proposição que faz a mesma ser proposições a uma asserção da linguagem natural. A partir
complexa. Por exemplo, a proposição daí, podemos operar com esses conteúdos. Na linguagem da
LP, os jconectivos lógicos ou jjuntoresj representam as
Pedro ama Maria operações quê fazemos C O T H conteúdos proposicionais.
Destarte, se aplicarmos u m juntor a proposições
é elementar, pois não pode ser decomposta em duas ou mais obedecendo as regras da gramática da LP, teremos como
sentenças elementares. A sentença "Maria é amada por resultado uma nova projjosição, cujo conteúdo prcy^osicio-
Pedro" não é uma parte, mas sim uma mera reformulação na nal deriva dos conteúdos proposicionais~3is''prõpõsições que
forma passiva da mesma proposição - nessa reformulação a compõem. Uifiírvez cjue sejam fixados, por exemplo, os
nada se ganha, nada se perde. conteúdos proposicionais de p e q, o que será expresso por
-O ponto de partida da L P é o fato de que a partir de (pAq) não será mais um fato arbitrário. O que (pAq)
proposições elementares podem ser formadas proposições expressará será algo derivado dos conteúdos proposicionais
complexas, também chamadas moleculares, através do uso dos previamente atribuídos a p e q. Por exemplo, se temos que
conectivos lógicos ou juniores. A partir das proposições
elementares p, q, r e s poJemos formar, por exemplo, as p = meu dinheiro acaba \
seguintes proposições complexas: q = o galego chega
(—ip) = o céu não é azul. teremos que
(pAq) = o céu é azul e a lua é de queijo.
((-ip)vr) = o céu não é azul ou 2+2=4 (pAq) — meu dinheiro acaba e o galego' chega
O conjunto que reúne todas as proposições elementares As operações representadas pelos juntores não precisam
(como p) e todas as proposições elementares negadas (como ser atribuídas toda vez que quisermos expressar um dado
—ip) chamaremos de conjunto áos\literaisT^ conteúdo na linguagem i^,,; a operação que um determinado
juntor representa é previamente frxada na lógica. O quadro
4.1.1.2 Jjuntores ou conectivos abaixo apresenta as operações correspondentes a cada
juntor:
E imprescindível observar logo de início que as
proposições da LP por si mesmas não expressam nada. Ou
seja, uma proposição elementar p não expressa nenhum fato
específico. A proposição p só expressará um fato específico
1 Galego = vendedor ambulante no Ceará.
92 93
Juntot Operação E m geral, assume-se o | p r i n c í p i o da dupla n e g a ç ã o ( I ^ D N ) ,
Negação o qual afrcma que uma segunda n e g a ç ã o " e l i m i n a a primeira.
—1
A Conjunção ou seia:
V Disjunção — I —1 p <=> p (lê-se " n ã o n ã o p é semanticamente equivalente
-> Implicação ap")
Dupla implicação
D i t o em Hnguagem natural: " n ã o é o caso que o c é u n ã o é
E p o r isso que os juntores s ã o considerados s í m b o l o s azul" é uma p r o p o s i ç ã o verdadeira, pois diz exatamente o
lógicos, porque aquilo que eles representam já está fixado mesmo que "o c é u é a r u r \ _ E x i s t e , todavia, uma lógica
previamente pela prcSpria lógica, e n ã o precisa ser a t r i b u í d o a alternativa _(±ãma^h^^ nega este p r i n c í p i o .
posteriori. T a m b é m ^ lógica paraconsistente ide N e w t o n da Costa
As vezes a forma como devemos operar c o m os c o n t é m u r n ã ~ c o n c e p ç ã o alternativa da n e g a ç ã o , mas esses
c o n t e ú d o s das p r o p o s i ç õ e s elementares para obtermos u m sistemas n ã o nos o c u p a r ã o n o m o m e n t o (algumas lógicas
• determinado c o n t e ú d o proposicional n ã o é t ã o clara. C o m o , alternativas s ã o apresentadas no Cap. V I ) .
por exemplo, e x p r e s s a r í a m o s em i ! , , , c o m base n o s '
c o n t e ú d o s p r é - f i x a d o s de p e q, a asserção: " n ã o é verdade b) C o n j u n ç ã o
que m e u dinheiro sempre acaba quando o galego chega"?
Para sabermos c o m o realizar essa e outras t r a d u ç õ e s , A característica peculiar da c o n j u n ç ã o está n o fato de
precisamos conhecer em detalhe as características essenciais f ó r m u l a s conjuntivas expressarem a c o n c o m i t â n c i a de fatos.
das o p e r a ç õ e s representadas p o r cada juntor. 1'cF'exemplo, a p r o p o s i ç ã o ( p A q ) expressa que o fato
expresso p o r p ocorre ao mesmo tempo que o fato expresso
a) N e g a ç ã o por q. Desta forma, o j u n t o r " A " torna-se i n d i s p e n s á v e l na
t r a d u ç ã o de grande parte das p r o p o s i ç õ e s da linguagem ;
A característica pecuHar da n e g a ç ã o , tal c o m o ela se natural que c o n t ê m a c o n j u n ç ã o "e". Tome-se c o m o
apresenta na lógica proposicional clássica, é que toda exemplo:
p r o p o s i ç ã o submetida à o p e r a ç ã o de n e g a ç ã o resulta na sua
p = S ó c r a t e s é grego. - —
\ c o n t r a d i t ó r i a j Isso significa que o fato expresso p o r uma
q = Frege é a l e m ã o . •
p r o p o s i ç ã o n ã o pode ocorrer ao mesmo tempo e sob o
mesmo m o d o e circunstância que o fato expresso pela
A c o n j u n ç ã o destas duas s e n t e n ç a s é expressa c o m o uso do
n e g a ç ã o dessa mesma p r o p o s i ç ã o . Por exemplo, " L o r e t a
s í m b o l o " A " entre elas:
n ã o gosta de sapoti" é j i c o n t r a d i t ó r i a de "Loreta gosta de
Sapoti", logo, p o r mais incoerentes que sejam as a ç õ e s de
( p A q ) = S ó c r a t e s é grego e Frege é a l e m ã o .
Loreta, nunca s u c e d e r á que ela goste e n ã o goste de sapoti
ao mesmo tempo, do mesmo m o d o e sob as mesmas
Outras n o t a ç õ e s possíveis s ã o " p & q " , " p - q " ou, simples-
circunstâncias.
mente, a j u s t a p o s i ç ã o " p q " .
94 95
H á , p o r é m , muitas sentenças da linguagem natural que m e n o s " , queremos destacar que a ocorrência de qualquer u m
c o n t ê m a c o n j u n ç ã o aditiva e que n ã o p o d e m ser transcritas dos dois fatos é requerida, mas, ao mesmo t e m p o , deixamos
em linguagem f o r m a l c o m o auxíHo do j u n t o r " A " . Por desimpedida a possibilidade de__amhQS_QS fatos ocorrerem
exemplo: juntos. C o m isso, vemos que a\dÍ£Jun£ão,\tarnbé^
^ j u n ç ã o ) aproxima-se do uso que é feito do conectivo " o u '
O pistoleiro sacou a arma e atirou c o m ela. ' n ã n i n g i i ã g e m natural. Mas, c o m o no caso do "e", aqui se
demonstra uma ambiguidade da linguagem natural: o
Este é u m caso em que a partícula indica {sequência conectivo " o u " pode ter (e essa é a regra) o significado de
temporal. N o exemplo acima, fica claro que o pistoleiro exclusividade. Por exemplo:
primeu'o saca a arma e depois atira c o m ela. Essa sentença
n ã o pode ser traduzida para a linguagem f o r m a l c o m o EJC. M i n h a namorada v i r t u a l é loira o u morena.
auxílio do j u n t o r " A " , porque esse j u n t o r n ã o expressa
sequência. Pelo contrário, uma fórmula c o m o ( p A q ) deve É claro que ela n ã o pode ser (fehz o u infehzmente) loira e
expressar o mesmo que ( q A p ) , essa é uma característica morena ao mesmo tempo, apenas uma alternativa pode ser
essencial da c o n j u n ç ã o , chamada "simetria". A frase do verdadeira. Este exemplo, n ã o pode ser transcrito para a
exemplo n ã o t e m essa característica. N ã o é a mesma coisa se linguagem f o r m a l simplesmente usando-se o " v " para
o pistoleiro p r i m e i r o saca a arma para depois atirar o u se ele traduzir o " o u " . N o sentido n ã o exclusivo, o " o u " é utilizado
atira p r i m e i r o e saca depois. N o primeiro caso, q u e m está no p r ó x i m o exemplo:
a m e a ç a d o é u m o u t r o indivíduo, e, no segundo, q u e m corre
o risco de levar u m tiro é o p é do p r ó p r i o pistoleiro. Sempre v o u trabalhar de calça azul o u de camisa branca
As vezes, queremos falar da ocorrência simultânea de
vários fatos. N a linguagem podemos expressar tais Nesse uso do conectivo " o u " , é claro que ele n ã o
oÇorrêncks_^^ de aninhamentos conjuntivos. Um representa exclusividade. Se chegar no trabalho certo dia de
/tíT? \ãninhamento conjuntivo^nzÚTí mais é que uma fórmula cujos calça azul e camisa branca n i n g u é m p o d e r á me acusar de
^ ú n i c o s conectivos s ã o c o n j u n ç ã o (ocorrência obrigatória) e incoerente. S ó poderia ser disso acusado se lá chegasse sem
po^í^A^rii^egação (ocorrência ocasional) de fórmulas atómicas. vestir n e m calça azul n e m camisa branca.
A lógica, enquanto ciência radicalmente rigorosa, n ã o
Exemplos: (p'^c|) pode conviver c o m as ambiguidades da Hnguagem natural.
((pA((^p)Aq))A(^q)) Por isso ela distingue esses dois usos da c o n j u n ç ã o " o u " .
Quando se fala em \j usa-se u m j u n t o r que
c) D i s j u n ç ã o : corresponde ao s e g u n d o " c ã s o , o " o u " não-exclusivo. C o m o
verificaremos mais adiante, o " o u " exclusivo corresponde ao
A característica peculiar da disjunção consiste no fato de j u n t o r chamado de " c o n t r a v a l ê n c i a " que é menos usual.
p r o p o s i ç õ e s disjuntivas expressarem que pelo menos u m de Pode-se ainda verificar u m o u t r o uso do " o u " na
dois t a t õ ? ocorrei Por e x ê m p l o T ^ fórmula (pvq) expressa Hnguagem natural que n ã o c o r r e s p o n d e r á a qualquer de
que, dentre os fatos expressos por p e q respectivamente, nossos juntores. V ê - s e este uso na frase " n ó s vamos
pelo menos u m deles ocorre. N o t e que ao dizermos " p e l o aprender lógica proposicional opi sentenciai". A q u i o " o u "
96 >
indica equivalência; ele expressa que "lógica p r o p o s i c i o n a l " e (pAq) é equivalente a (l-^p)
"lógica sentenciai" são dois nomes para uma mesma coisa.
A s vezes, queremos expressar não que pelo menos u m de ("Sócrates é grego e Frege é alemão" é equivalente a "Frege
dois fatos ocorre, mas que u m de vários fatos ocorre. N a é alemão e Sócrates é grego") e
linguagem X,,, podemos expressar taisjxxjrrências através de
aninhamentos disjuntivos. U m ««OTÃtíOTOTtó_j&2^^^!£_P^da (pvq) é equivalente a (q^p)
mais é do que u m a fórmula C U J O S únicos conectivos são a
disjunção (ocorrência obrigatória) e negação (ocorrência ("Sempre v o u trabalhar de calça azul o u de camisa branca" é
ocasional) de fórmulas atómicas. equivalente a "Sempre v o u trabalhar de camisa branca o u de
calça azul"). Conjunção e disjunção são, portanto, comutativas.
Exemplos: (pv(qvr)) , , C o m o veremos, essa inversão não é possível n o caso da
- , (qv(((-ip)v(^r))v(rvp))) implicação.
d) Implicação (p—»q) não é equivalente a (q~^p)
A implicação" é uma operação proposicional m u i t o A característica definidora d a V m i S c a ç ã o j o n s i s t e em que
iinportante nas deduções lógicas. Convencionou-se usar u m condicional (p—>q) expr^ssa]c^ue a ocorrência do fato
c o m o símbolo da implicação uma\seta simples~^^-^y^Outros expresso p o r p garante n ^ i s f f i ã m e ç t e a ocorrência d o fato
autores (como Russell, Whitcheadl;" Qume) usam^ãnotação expresso p o r q. C o m isso, u m condicional é"^capaz de
" 3 " . Chamaremos de ^condicionar^ uma fórmula que resulta expressar na linguagem lógica o que há de essencial nas
imediatamente da operação de implicação. U m exemplo de expressões da f o r m a "se... então...". Vejamos o que há de
condicional é
essencial em tais expressões com a ajuda de alguns
exemplos:
(p—>q) (lê-se: "se p , então q " o u " p implica q " .
A i n d a é possível ler: "sempre que temos p ,
E x . l : Se uma pessoa não t e m cócegas nos pés, então essa
temos q " , "quando temos p , temos q " etc)
pessoa é ciumenta.
A proposição à esquerda da seta é denominada^ aníêcedeníèj
L o q u i t o é u m rapaz que não conhece Lógica. D i a n t e do
e a proposição à diceita,pwK.í^^ÍOT^Que cada proposição
tenha uma denominação 'específica' t e m a ver c o m uma exemplo 1 , ele diz: "isso não é verdade, pois eu tenho
propriedade f o r m a l importante da implicação que a distingue cócegas nos pés e ainda assim sou c i u m e n t o " . Será que o
das operações binárias anteriores, e que consiste n o fato da raciocínio de L o q u i t o realmente refuta a afirmação do
das proposições ser relevante n o condicional. Observe-se exemplo 1? Vejamos outro exemplo;
que
Ex. 2: Se ela sorrir pra m i m , então v o u convidá-la para
dançar.
2 A impicação foi descoberta por Philo de Megara e reintroduzida na
lógica moderna por Frege e Peirce.
98 99
L o q u i t o acaba de dizer essa frase para si mesmo. S ó que a n ã o ocorrerá. Muitas vezes, quando há apenas um caso em
garota que L o q u i t o está observando, n ã o lhe sorri. E m que teremos certo resultado, nos valemos da liberdade que
c o m p e n s a ç ã o ela lhe manda u m recado perguntando se nos é dada pela linguagem natural para usar e x p r e s s õ e s da
afinal de contas ele vai lhe convidar pra dançar o u n ã o . Será forma "se... e n t ã o . . . " n o lugar de e x p r e s s õ e s da forma "... se
que diante disso L o q u i t o a convidará? Se ele quiser ser e somente se...". Por exemplo:
coerente c o m sua primeira p o s i ç ã o , é ó b v i o que não.
L o q u i t o interpreta o exemplo 1 assim: " U m a pessoa é Ex. 4: Se a porta estiver aberta, então passarei p o r ela.
ciumenta apenas no caso de n ã o ter c ó c e g a s nos p é s " . Se ele
fosse coerente, a declaração do exemplo 2 equivaleria a Nesse exemplo, se q u i s é s s e m o s ser_ rigorosos teríamos
dizer: "convidá-la-ei pra dançar, somente no caso dela me que dizer: "passarei pela porta se e somente se ela estiver
sorrir". Mas de fato n ã o parece que era isso que L o q u i t o aberta". Mas c o m o n ã o queremos parecer pedantes, usamos
desejava expressar. O que ele queria dizer era: " U m dos simplesmente a forma "se... então...".
casos em que eu a convidarei para dançar é no caso dela Isso tudo é para mostrar que c o m as e x p r e s s õ e s da
sorrir para m i m " . Assim, fica claro que diversos casos linguagem natural que têm a forma "se... e n t ã o . . . " n ã o
provocariam o mesmo resultado. Vejamos outro exemplo: expressamos via de regra que o antecedente deve ser
concluído a partir do consequente, isso n ã o é o que há de
Ex. 3: Se uma pessoa tiver dengue, então ela terá dores n o essencial nessas e x p r e s s õ e s . E m contrapartida, sempre que
corpo. ~ - .--í se verificar o que é expresso pelo antecedente, o fato
expresso pelo consequente M s s a r k m e r ^ ocorrerá. Isso é o
E claro que daqui n ã o se pode concluir que se uma que há de essencial nessas e x p r e s s õ e s , e é o que a i m p l i c a ç ã o
pessoa tem dores no corpo, ela t e m dengue. Ela pode ter pretende representar na linguagem lógica.
malária, gripe ou pode apenas ter levado uma boa surra. D a É necessário notar que as p r o p o s i ç õ e s conectadas pela
mesma forma, n ã o se pode concluir a partir do exemplo 1 seta da implicação n ã o expressam fatos Hgados por uma
' ^ a ç a õ causal.] O condicional (p->q) tanto pode ser
que se uma pessoa é ciumenta, ela terá necessariamente
interpretado c b m o ÍVIAÍ CO^SLOH^^^C^O, ?
cócegas nos p é s . E f o i exatamente essa a c o n c l u s ã o que
L o q u i t o inferiu, e que lhe parecia estar e m desacordo c o m
Se chove, então a rua fica molhada.
sua própria experiência.
Por que L o q u i t o tira uma tal c o n c l u s ã o do exemplo 1 ? É
simples. N o uso corrente da| linguagem n a t p r p ^ h á muitos como
casos em que usamos e x p r e s s õ e s da forma "se... e n t ã o . . . " se 2 + 2 = 4 , então o céu é azul
para expressar fatos que seriam mais exatamente expressos
p o r e x p r e s s õ e s da forma "...se e somente_sp...". L o q u i t o o u até mesmo
pensa que o exemplo 1 representa u m desses casos.
Quando dizemos " x se e somente se y " , expressamos que se 2 + 2 = 5 , então o céu é verde.
X ocorrerá unicamente no caso de y ocorrer, e vice-versa. D a
mesma forma, se u m dos dois n ã o ocorre, o outro t a m b é m
101
Hm
A primeira interpretação parece, sem dúvida, mais juntos ou nenhum dos dois ocorre. Com isso, um
"sensata" que as duas últimas, pois o antecendente e o bicondicional captura exatamente o que é expresso nas
consequente estão numa relação de causalidade. De fato, leis sentenças do tipo "...se e somente se...".
da natureza são, muitas vezes, formuladas na forma de um Como \Tmos na seção anterior, um erro muito comum é
condicional: "a água ferve a 100°C" pode ser formulada o de confundir condicionais com bicondicionais. Frequente-
como "se aquecermos uma porção de água a 100°C, essa mente, quando vemos ser asseverado que "se p, então q",
água evaporará". Mas o condicional lógico não deve ser somos tentados a concluir que "se não p, então não q", o
confundido com a afirmação de uma causalidade. Nisto que, como vimos, é totalmente injustificado. Per contra, se
consiste o chamado "caráter puramente formal" da lógica, temos que "p se e somente se q", então podemos com toda
uma noção que exige certa familiaridade com a lógica e que razão concluir que "se p, então q" e que "se não p, então
só ficará clara ao longo de todo curso de lógica. não q", pois, como foi dito, o bicondicional expressa uma
Uma última^adszertência: é_2reciso cuidar para não interdepedência entre os conteúdos proposicionais de p e q.
confundir 2.Jimplicação com -A^déchíção. A implicação é uma De fato, uma vez que seja apresentado nosso método de
operação corri proposições, a dedução é uma operação que prova para a LP, seremos capazes de demonstrar que a dupla
relaciona um conjunto de proposições com uma impUcação equivale à conjunção de duas impUcações.
determinada proposição. Essas duas operações se U m irnportante uso da dupla implicação se faz em
aproximam em suas propriedades semânticas, mas têm [defimçõ_es. Definições são, em geral, a afirmação de uma
aplicações diferentes. Essa sutíl mas importante diferença equivalência. A equivalência:
voltará a nos ocupar.
x é um ser humano x é um animal racional ;:
e) Dupla implicação
exprime a clássica definição do ser humano. Como um
A última operação proposicional que será analisada em bicondicional pode ser defmido como a conjunção de dois
detalhe é a dupla impUcação, também chamada de equivalênáa condicionais, Bertrand Russell concluiu em The Principies of
(neste Hvro, porém, como veremos adiante, este ultimo Mathematics que o condicional é a conexão lógica mais
termo terá um sentido mais específico). A proposição que fundamental, pois a definição e a igualdade, que são (ou
resulta imediatamente da aplicação da dupla impHcação eram) considerados conceitos fundamentais da matemática,
chamaremos de bicondicional. O símbolo que se podem ser expressas como fórmulas condicionais:
convencionou utilizar é a setadupla "<-^" (daí fica claro o
nome "dupla implicação" ou "bicondicioTial"). U m exemplo X é casado=dcf x é não solteiro X é casado O x é não solteiro
de bicondicional é
(pOq) ("p se e somente se q" ou "p equivale a q")
(x é casado —> x é não solteiro)
A característica peculiar dessa operação consiste em que e
um bicondicional (p<-^q) assevera que os fatos expressos (x é não solteiro —> x é casado)
por p e q são interdependentes, isto é, ou os dois ocorrem
102 103
Descobriu-se logo, no entanto, que existem várias utilizarmos mais juntores do que precisamos é puramente
maneiras de se reduzir (= definir) o nttmero de conectivos, pragmática. Acontece que quanto maior é o v o c a b u l á r i o de
inclusive de reduzir o condicionlO"a~lTÍMa"líõnjuriç uma linguagem lógica, tanto menor será o tamanho das
contravalência (veja mais abaixo). D a í se concluiu que fórmulas dessa Hnguagem.
n e n h u m conectivo é mais fundamental que o o u t r o (Veja E m contrapartida, p o d e r í a m o s i n t r o d u z i r m u i t o mais
c o r r e ç ã o de RusseU n o prefácio à segunda edição de 1937 juntores do que os cinco que apresentamos. S ó juntores
aos The Principies ofMathematics). unários (como o s í m b o l o da n e g a ç ã o ) , p o d e r í a m o s mostrar
mais três, e conectivos binários temos dezesseis ao todo.
f) Observações finais sobte os juntores Esses juntores n ã o são geralmente introduzidos porque,
além de eles n ã o aumentarem a expressividade da linguagem,
T e m o s visto que, na maioria dos casos, os conectivos inflacionam inutilmente o n ú m e r o de fórmulas.
lógicos não se prestam a reproduzir fielmente o N a s e ç ã o 2.2, mostraremos quais s ã o esses outros
funcionamento dos conectivos usuais da linguagem juntores e porque certos grupos deles possibilitam que a
ordinária. Para o estudante de lógica é importante compre- Hnguagem da L P seja completamente expressiva, enquanto
ender que os conectivos lógicos são s í m b o l o s p r ó p r i o s da outros grupos n ã o p r o p o r c i o n a m isso.
sintaxe lógica, e que seria u m erro identificar o conectivo
" ' - > " a b s o l u t a m e n t e c o m o "se ... então_..." da linguagem 4.1.1.3 Parênteses
natural, o u o conectivo " v " c o m o " o u " que usamos
ordinariamente. D e fato, nunca f o i uma p r e o c u p a ç ã o da N o m o d o que escolhemos para dar a gramática da L P , o
lógica procurar s í m b o l o s que taduzissem fielmente os uso dos parênteses é i n t r o d u z i d o implicitamente pela regra
conectivos da linguagem natural. E m primeiro lugar, porque dois. Podemos expHcitar o que encontramos ali da seguinte
estes conectivos n ã o t ê m comportamentos estáveis, e, forma: toda p r o p o s i ç ã o que resulta imediatamente da
dependendo do contexto, p o d e m variar seus significados, aplicação de u m j u n t o r sobre p r o p o s i ç õ e s mais simples deve
coisa_gue_não^se deseja na lógica. E m segundo lugar, porque ser colocada entre parênteses. Sejam, por exemplo:
os Iconectivos l ó g i c o ^ têm, acima_de_tjido, a^| f u n ç ã ^ de
expressar u m certo n ú m e r o de ^operações básicas, c o m o 1. p
auxího das quais podemos expressar tooÕs" os c o n t e ú d o s 2. q
propocionais expressáveis, e se u m o u outro consegue 3. r
capturar certo aspecto do significado dos conectivos usuais, 4. ImpHcação de 1 e 2
isso é u m fato totalmente secundário e que s ó t e m algum 5. N e g a ç ã o de 1
valor do p o n t o de vista didático. 6. D i s j u n ç ã o de 2 e 3
Esta função tão importante dos conectivos lógicos é 7. ImpHcação de 5 e 6
cumprida pelo conjunto dos cinco juntores que temos 8. D i s j u n ç ã o de 4 e 3 .
apresentado. Esse conjunto é mais do que suficiente para 9. N e g a ç ã o de 8
dotar a L P da expressividade que almejamos. D e fato, apenas 10. C o n j u n ç ã o de 7 e 9
c o m u m subconjunto desses juntores, p o r exemplo {—i, A } ,
p o d e r í a m o s obter a mesma expressividade. A r a z ã o de
104 105
As p r o p o s i ç õ e s de 4 a 10 s ã o complexas. Elas resultam de Á r v o r e de 10: (((-P)^(qVr))Ah((p->q)vr)))
o p e r a ç õ e s sobre p r o p o s i ç õ e s mais simples. UtiUzando a
regra dois da g r a m á t i c a da L P e os conhecimentos que
adquirimos sobre os juntores, podemos escrever essas ((-Ph;;Kqví)) (^((p-^q)vr))
p r o p o s i ç õ e s na linguagem £.^{.
(^p) (qvr) ((p^q)vr)
5. ( - p ) ^
6. (qvr)
1- ((-p)-^(qvf)) p q t
8. ( ( p - > q ) v r )
9. ( - ( ( p - ^ q ) v r ) ) Se n ã o fossem usados p a r ê n t e s e s ocorreriam casos em
• 10. ( ( ( - ^ p ) ^ ( q v r ) ) A ( ^ ( ( p - > q ) v r ) ) ) que ordens diferentes resultariam na mesma p r o p o s i ç ã o , o u
seja, a mesma p r o p o s i ç ã o teria á r v o r e s genealógicas
Podemos perceber pelos exemplos que é graças ao uso diferentes. Vejam-se, p o r exemplo, os itens 7 e 9. Sem os
dos parêntese_s que identificamos em que o r d e m os juntores p a r ê n t e s e s t e r í a m o s em ambos a mesma p r o p o s i ç ã o , e n ã o
sãojipLicados às p r o p o s i ç õ e s mais simples até construirmos, p o d e r í a m o s determinar c o m o ela f o i c o n s t r u í d a . C o m o
c o m base nelas, a p r o p o s i ç ã o complexa pretendida. Essa veremos depois, isso acarretaria o i n c ó m o d o de n ã o
o r d e m é única para cada p r o p o s i ç ã o de £.^^, o u seja, ordens podermos determinar o valor veritativo da p r o p o s i ç ã o .
diferentes resultam em p r o p o s i ç õ e s diferentes. É nessa D i z e r que uma p r o p o s i ç ã o possui apenas uma forma de
propriedade proposicional que se fundamenta o processo de ser construí4.^ implica em assumir t a m b é m que ela possui
r e p r e s e n t a ç ã o d a | árvore genealgógica jde uma p r o p o s i ç ã o . A apenas uma forma de s e r v i d a . E m outras palavras, as
á r v o r e g e n e a l ó g i c a mostra j' c o m o uma p r o p o s i ç ã o é s e n t e n ç a s de X,, s ã o absolutamente livres de ambiguidades.
c o n s t r u í d a . Por exemplo: Isso muitas vezes pode ser percebido mais claramente
quando u m c o n t e ú d o proposicional é a t r i b u í d o às
proposições atómicas constituintes de determinada
Á r v o r e de 8: ((p—>q)vr) p r o p o s i ç ã o complexa. Seja pois:
p = eu estudarei
q = eu passearei
r = eu ficarei sem entender lógica
Consideremos agora a e x p r e s s ã o desparentetizada pvqAr.
Ela d e v e r á ser interpretada como:
E u estudarei o u passearei e ficarei sem entender nada de
lógica.
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107
Repare-se, no entanto, que esta sentença pode ser lida 1) Os parênteses mais exteriores de uma fórmula podem
'pelo menos de duas maneiras diferentes. Na primeira, ser omitidos
entendemos que se eu não estudar, então irei passear e
ficarei sem entender nada de lógica. Na segunda, e mais Por essa regra, a fórmula 10 fica:
pessimista maneira de entender a sentença, estou
desenganado, tanto faz eu estudar ou passear, de qualquer _((--p)-^(qVr))A(-n((p->q)v^ : . ,
jeito ficarei sem entender lógica. Pode-se perceber como o
uso de parênteses poderia decidir qual a forma correta de ler 2) Podem ser omitidos os parênteses externos de
a sentença. Teríamos a fórmula (pv(qAr)) para expressar a qualquer negação
primeira leitura e a fórmula ((pvr)Ar) para expressar a
segunda. O leitor se convencerá de que essas fórmulas assim Ficamos com:
parentetizadas oferecem apenas uma leitura caso tente
encontrar outro conteúdo proposicional para elas. E claro (-ip-^(qvr))A^((p->q)vr)
que ele poderá encontrar outra formulação em linguagem
natural para o que elas expressam, mas, a despeito da 3) Podem ser omitidos os parênteses externos de
formulação, o conteúdo proposicional de cada uma será aninhamentos conjuntivos e disjuntivos se a estes for
sempre aquele que indicamos aqui. aplicada diretamente a implicação ou a dupla
O uso de parênteses é, portanto, de fundamental implicação.
importância para a lógica formal. Mas isso não significa que
não possamos em certos casos omitir alguns parênteses para A fórmula fica:
simplificar a escrita das fórmulas de X„. Por exemplo, na
proposição 10 dessa seção (^p^^aytlA-i((p^q)vr)
(((-P)^(qVí))A(-n((p-^q)vr))) 4) Podem ser omitidos os parênteses internos de
aninhamentos conjuntivos.
Obsei-vamos que a colocação dos parênteses pode
constituir uma dificuldade real para o aluno menos treinado. Assim, a fórmiila — i p - ^ ( q A ^ A q ) ) fica —ip—>(qArAq)
Por isso, é conveniente suprimir na fórmula os parênteses e por 3: —ip—>qArAq ,
que não s'ê)am absolutatniiite~essênciaisr Como ã~êscõllía
dos parênteses que devem ser suprimidos não poderá ficar 5) Podem ser omitidos os parênteses jnternçs de
ao gosto do freguês, proporemos algumas convenções que aninhamentos disjuniivos.
condicionarão nossa escolha, de modo que nao seja feita
nenhuma eHmmação de parênteses além daquelas que Daí, a fórmula ((qv(-,p))v(qvr))—>r fica (qv-ipv^vr)—>r
estejam autorizadas por estas convenções. e por 3: qv—ipvqvr-^r
A q u i , usamos "fórmula" para referir a expressão toda, não subfór-
mulas.
tm 109
Muitos autores, c o m o Russell e W h i t e h e a d e m Principia
e) ((((p^p)^p)-^p)^p)
Maíl:>ematica, usaram pontos ao invés de parênteses, por
f) (-(((-P)v(-r))v(£Vp))vs) • ^^^'^-^
exemplo:
g) ((-n(pAq))^((-np)v(-nq)))
(pAC|)-^r = p A q. r h) ( ( - ( - ( - P ) ) ) ^ ( r v ( s ^ ( - n s ) ) ) ) ,
(pA(q—>r))vs = p A . q —> r.: V s • ^ > - 1) (-(qv(((-p)v(-nr))v(rvp))))
j) ((q->p)^((qvr)^(br)^p))
Todavia, o sistema c o m parênteses é hoje m u i t o mais
u s u a l e s e r á a d o t a d o n o r e s t o deste t e x t o .
4. S e j a m : p = J o ã o ganha dinheiro q.= M a r i a fica alegre
r = M a r i a ama J o ã o s= J o ã o é traído
Exercícios (Ex3): C o m base n i s s o , t r a d u z a as p r o p o s i ç õ e s a b a i x o p a r a X,,.
1. Seja S u m a s e q u ê n c i a de s í m b o l o s de A , , , t a l q u e S=(S).
a) Se J o ã o g a n h a d i n h e i r o , e n t ã o M a r i a fica alegre.
Pode-se dizer que S é u m a e x p r e s s ã o ? Justifique.
b) M a r i a ama J o ã o , quer J o ã o ganhe d i n h e i r o o u n ã o .
c) Se J o ã o é t r a í d o , e n t ã o se é v e r d a d e q u e M a r i a a m a J o ã o ,
2. I n d i q u e os itens que não apresentam exemplos de
J o ã o é traído.
proposições (considere fbf também as proposições cujos
d) N ã o é v e r d a d e q u e se M a r i a a m a J o ã o , M a r i a fica a l e g r e e
parênteses desnecessários foram eKminados):
M a r i a n ã o fica alegre.
e) Se J o ã o é t r a í d o e é v e r d a d e q u e M a r i a fica alegre q u a n d o
a) (pAq)-^(qvr) h) —I—I—I—ir
J o ã o é t r a í d o , e n t ã o M a r i a fica alegre.
b) pA(q->q)vr i) -^-lí-n^r) f) Maria não ama João. Acontece que se João ganha
c) (p^)-nq )) P ^ ( ( p ^ p ) ^ p ) ^ h p ) d i n h e i r o , M a r i a fica alegre e ele n ã o é t r a í d o .
d) (p«->-^q) k) ((-(P-^((P)^P)^P))^P) g) E v e r d a d e q u e M a r i a a m a J o ã o e J o ã o n ã o g a n h a d i n h e i r o
e) ((-P)^(qv(-nr))) 1) (p<-^(-nq^(p<->(-^q)))) se e s o m e n t e se n ã o é v e r d a d e q u e M a r i a n ã o a m a João
o u J o ã o ganha dinheiro.
£) (pAe(q^)Ar)) m ) —1(—ipA—iq)Asv—1(—ipA—iq)As
h ) Se é verdade que João é traído quando não ganha
g) -,(-i(qv^r)^r)A^q n) -i(pApAp)^p^—ipv—ipv—ip
dinheiro e n ã o ganha dinheiro quando é t r a í d o , e n t ã o n ã o
é v e r d a d e q u e J o ã o g a n h a d i n h e i r o se e s o m e n t e se é
3. E l i m i n e os parênteses desnecessários das seguintes
traído.
fórmulas:
5. E l a b o r e u m p r o c e d i m e n t o q u e l i s t e as fórmulas de X,,.
a) ((-p)^(p^(qv(-q))))
b) ((pvr)A((-np)v(-.r)))
Solução:
c) ((pv(rA(-np)))v(^r))
d) ((pA((-np)Aq))A(^q))
110 111
Primeiro listaremos todas as expressões compostas de 1
símbolo, depois as de 2 símbolos, depois as de 3 e assim por
diante.
Lista 1: é a própria seqiiência dos símbolos de AQ, a saber: (,
), ^ , A , V , < - ^ , p, q, r, s, p „ q „ r , , . . .
Lista 2: é gerada a partir da seguinte tabela:
( ) —1 A
( ,(•(••••••••
' AA A Lista n: é gerada por uma tabela semelhante às anteriores,
onde a primeira Hnha é preenchida pela Hsta n-1.
A A A
-iA
Assim, geramos Hstas de todas as expressões. Dada a
A A gramática de X„, podemos retirar destas Hstas, por ordem,
somente os elementos que são f b f s e colocá-los em novas
A A—1 AA
A A Hstas, L j , L2, L3 e assim por diante. Fazendo uma Hsta destas
Hstas, podemos gerar a Hsta L a partir da seguinte tabela:
A ordem indicada pelas setas é a ordem em que as
expressões aparecerão na Hsta 2.
Lista 3: é gerada a partir de uma tabela cuja primeira Hnha é a
lista 2 (novamente, as setas indicam a ordem em que as
expressões devem ser listadas).
112 113
A o r d e m indicada pelas setas é a o r d e m e m que as 4.1.2.1 Evidência e necessidade
f ó r m u l a s a p a r e c e r ã o e m L (qed).
E v i d ê n c i a é uma n o ç ã o e p i s t e m o l ó g i c a , necessidade é
uma n o ç ã o lógica. O u seja, a l g õ ^ n è c ê s s á r i o será n e c e s s á r i o
4.1.2 regras de inferênciajda L P (RIQ)
quer saibamos disso o u n ã o ; enquanto que algo evidente é
sempre evidente £ a r a u m sujeito co_gnoscente. N a presente
N o c o m e ç o desse capítulo definimos X„= { x | x £ A,,* e
d i s c u s s ã o , usamos "evidente" para qualificar aquilo que é
X é uma f ó r m u l a b e m formada (fl^f)}. Isso significa que a
admitido universalmente, de tal forma que negar tal coisa é
linguagem da L P é o conjunto das p r o p o s i ç õ e s . O conjunto
considerado u m absurdo, vale dizer, c o n t r á r i o ,à r a z ã o . E
X,| será o d o m í n i o da estrutura que chamamos de L P .
claro que as coisas universalmente aceitas hoje p o d e m n ã o
Precisamos agora especificar as r e l a ç õ e s que essa estrutura
ser universalmente aceitas n o futuro, mas n ã o h á n e n h u m
engloba. Vamos c h a m á - l a s d^regras de inferência!]
problema nisso. N a verdade, m u d a n ç a s desse tipo já t ê m
As regras de inferência sao r e l a ç õ e s que se notabilizam
acontecido e é p o r isso que, durante o século X X , surgiram
por associarem u m conjunto dc~^)rbposições, digamos A ,
muitas lógicas divergentes.
c o m uma p r o p o s i ç ã o , digamos OC, c essa a s s o c i a ç ã o é tal que,
uma vez que se possa assumir sem i n c o n s i s t ê n c i a as A palavra " n e c e s s á r i o " é usada para qualificar algo que
p r o p o s i ç õ e s de A e isto seja feito, torna-se umíabsurdo legar n ã o pode ser de outra forma, destarte, algo que n ã o está
CC. D e uma forma mais geral, diremos que, se y^~e~t)C e s t ã o sujeito a m u d a n ç a ' I m p õ e - s e aqui uma consideração
relacionadas p o r uma regra de inferência, e n t ã o c^necessári^ fundamental. A necessidade parece ser essencialmente uma
assumir a quando assumimos as p r o p o s i ç õ e s de A . prerrogativa da lógica m a t e m á t i c a , o u seja, algo s ó é
Percebemos assim que as regras de inferência constituem n e c e s s á r i o se for logicamente n e c e s s á r i o . Quando se fala,
relações m u i t o espe£ÍíÍGas-enue p r o p o s i ç õ e s , relações estas por exemplo, das "leis n e c e s s á r i a s da m e c â n i c a " , fala-se
que consideramo^evidentesk. necessárias. impropriamente. A s chamadas leis da Física, o u de qualquer
outra ciência experimental, n ã o p o d e m ser n e c e s s á r i a s , já que
Pode parecer vago falar de evidência e necessidade e m
p o d e r i a m ser diferentes do que s ã o . N o t e que essas "leis
u m contexto n o qual p r o p o m o s especificar c o m o devido
naturais" p o d e m até realmente existir, ter existido e
rigor o sistema de inferência da lógica proposicional. P o r é m ,
continuar existindo sempre da mesma forma sem nunca
queremos fazer notar que, p o r enquanto, nesse p r e â m b u l o
mudar, e n e m p o r isso elas p o d e m ser__ç(:LnsirlcraHns
sobre as regras de inferência, o nosso objetivo inicial é
n e c e s s á r i a s , pois poderiãrri ser diferentes. U m a prova de que
esclarecer os fundamentos filosóficos destas relações. Isto
efas p o d e r i a m ser difereritis é que podemos imaginá-las
n ã o é o tipo de coisa que se pode fazer c o m absoluto rigor
sendo diferentesJDe fato, a idéia_básica aqui é a seguinte: se
m a t e m á t i c o . Instaríamos dando uma especificação rigorosa
v o c ê pode i m a g m ã r j a l g o s e n d o ^ d i f ê r e n t e ^ o é, esse algo n ã o
da lógica proposicional se simplesmente Hstássemos uma
é n e c e s s á r i o . Obviamente, esse "teste de i m a g i n a ç ã o " n ã o
série de regras de inferência, definindo-as uma a uma c o m
me diz o que é n e c e s s á r i o , mas apenas o que n ã o é.
p r e c i s ã o . Mas, c o m o é nosso objetivo declarado tentar saciar
C o n t u d o , p o r uma licença consagrada pelo h á b i t o , é c o m u m
a curiosidade filosófica dos estudantes de lógica, falemos u m
considerarmos n e c e s s á r i o o que n ã o pode ser imaginado
p o u c o de e v i d ê n c i a e necessidade.
diferente do que é.
114 115
De forma geral, não há como assegurar mcondicional- final da seção 1.2, a relação sintática basilar da lógica: a
mente a necessidade de uma relação. Mas se assumimos relação de dedutibilidade. Assim, definimos: T ;
certas relações elementares como necessárias, as relações que — j f f ^
pudermos compor com elas deverão ser também - Raciocínio: é um encadeamento de inferências.
consideradas necessárias. A mesma coisa com a evidência. - Infejrênçia'': é a relação na qual algo é concluído neces-
Pode suceder que a ligação imediata entre dois fatos não seja sariamente a partir de algo que é assumido de início.
evidente, mas, no momento em que essa Ugação é - Argumento: é u m raciocínio tornado piibHco através
estabelecida através de uma composição de ligações mais de uma linguagem. provp«
simples aceitas como evidentes, a evidência da ligação inicial ^ - jProva ou dedução: ]é um argumento. expresso na
deve ser logo reconhecida universalmente. E isso que Wguãgêin"^aã~T5gícã". Uma|prova da LP\á uma
acontece nos raciocínios expressos pelas provas lógicas. O sequência finita de proposições de l . , , , em que cada
Z09
fato das regras de inferência serem aceitas como evidentes e proposição ou é premissa, ou é axioma lógico, ou é
necessárias nos autoriza a exigir que os raciocínios derivada de proposições anteriores por mediação de
construídos em cima delas sejam aceitos universalmente e uma regra de inferênda^_scyado_a_última proposição da
que a conclusão obtida através deles seja acatada como sequência chamada d ^ conclusão/'
resultado necessário das demais proposições que compõem - ^Premissa é qualquer proposição que aparece na prova
tais raciocínios. E m suma, a necessidade e a evidência das sem que seja axioma ou resultado da aplicação de uma
regrasdejnferência garantem a necessidade e a evidência dos regra de inferência.
raciocínios que elas compõem. Assim, a questão principal - Premissa da conclusão: são premissas das quais se
aqui é: como justificar a necessidade e a evidência das regras deriva efetivamente a conclusão por aplicações
de inferência? E esta questão só pode ter uma solução reiteradas de regras de inferência.
pragmática: podemos dizer que regras de inferência têm - yVxioma^lógico: é um teorema lógico que, sozinho,
essas 'características, porque a maioria das pessoas ditas de constitui sua prova.
bom senso admite que elas as têm. Quando apresentarmos - (Teorema lógicoj é uma proposição que se deduz do
exemplos de regras de inferência, o aluno poderá dizer por si conjunto vazioT ^•^Ã
mesmo se as considera tais como a maioria das pessoas de - JRegras de inferência:^ são regras que, por serem
bom senso ou não. consideradas evidentes, nos indicam como estabelecer
as inferências mais básicas de uma prova.
4.1.2.2 Definições de noções sintáticas e comentários
As çremiss2,3 serão a base de nossas provas e poderão ser
Para entendermos melhor o papel das regras de inferência introduzidas a qualquer momento, porém, só as premissas da
na LP, precisamos reformular o que dissemos usando uma conclusão contribuem efetivamente para a inferência da
terminologia mais técnica e definir com mais precisão alguns mesma. A ponte para conclusão inicia nessas premissas e
termos que usamos livremente. Como se verá, as noções que avança até a conclusão apoiando-se nas regras de inferência.
serão definidas em seguida são as noções sintáticas mais Uma vez que as mediações realizadas por essas regras são
importantes da LP. E com base nelas que definiremos, ao
A q u i pensamos especificamente em inferências dedutivas.
116 117
reconhecidas como necessárias e evidentes, assim que elas
são encadeadas para formar uma prova, esta deve, na mesma B={r3,r4} . : '
medida, ser considerada necessária e evidente. V e m o s ,
portanto, que toda a segurança e certeza das provas lógicas E possível haver uma inferência que estabelecemos
estão condicionadas à postulação que fazemos da apenas c o m r, mas que necessita de r, e 1-4 para ser
necessidade e evidência das regras de inferência. estabelecida alternativamente. E, ao mesmo tempo, pode
Note-se que as regras de inferência representam as haver outra inferência que podemos estabelecer apenas c o m
inferências mais elementares de uma prova. Provas são mas que necessita de r j e r, para ser estabelecida
c o m o escadas e as instâncias das regras de inferência são alternativamente. C o m efeito, pode acontecer' de A e B
como os degraus da escada. A o falarmos de instâncias, serem capazes de estabelecer as mesmas inferências, sendo
queremos que o leitor tenha claro que as regras de inferência que as inferências que A estabelece c o m maior economia B
mesmas não participam das provas drretamente. Uma r^gra estabelece c o m maior gasto de regras e vice-versa. A q u i
de inferência é uma relação que enunciamos através de u m surge uma questão intrigante: se tivéssemos de escolher
esqúêmã~"geral, do qual são instâncias todas as n-uplas de nosso conjunto de regras de inferência entre A e B, qual
proposições que pertencem a tal relação. Por exemplo, dado critério usaríamos para fazê-lo? Nesse caso, não teríamos
o esquema n e n h u m critério. A escolha teria que ser arbitrária.
U m outro caso se dá quando A e B não cobrem as
mesmas inferências. Neste caso, é preferível optar pelo
conjunto de regras que cobre o maior número de inferências.
P O ideal é que as regras de inferência de uma lógica cubram
todas as inferências que possam ser estabelecidas entre as
que enuncia a regra de inferência conhecida como modus proposições da lógica. Quando isso dizemos que o
acQjitgce,
ponens, a. sequência de f b f s conjunto de _regras de inferência é ^ ^ ^ ^ T j T a m b é m é
aconselhável que o tal conjunto não tenha mais regras além
do que o estritamente necessário para que sejam
p v q ^ q estabelecidas todas as inferências, isto é, o conjunto de
q regras deve ser independente. Isto quer dizer que não deve
haver regras supérfluas, o u seja, regras cuja falta não
será uma de suas instâncias e poderá entrar numa prova para impossibilitaria a construção de certas provas.
representar uma das inferências elementares desta. Nesse p o n t o , o leitor pode se perguntar: quando o lógico
U m outro p o n t o que é preciso esclarecer aqui é o vai escolher u m conjunto de regras de inferência, c o m o ele
seguinte: regras de inferência são relações elementares, mas sabe que sua escolha é a ideal, que no seu conjunto não
não irredutíveis. Isso significa que elas indicam o m o d o mais faltam n e m sobram regras de inferência? H á uma série de
simples de estabelecer uma inferência, mas não o único. procedimentos que os lógicos p o d e m seguir para demonstrar
Sempre há vários modos de estabelecer a mesma inferência. que u m conjunto de regras de inferência é completo e
For exemplo, podemos tomar os dois conjuntos de regras de independente. Infelizmente, eles são excessivamente técnicos
inferência seguintes: para que possam ser expostos aqui em poucas Hnhas a
118 119
estudantes presumidamente iniciantes no estudo da lógica. as características básicas da mipHcação. Elas nos dizem o que
Pode-se dizer, porém, que uma diretriz geral que auxilia o devemos fazer quando temos antecedente e quando não o
lógico na sua escolha é a seguinte: as regras de inferência temos, o que encerra as alternativas de relações inferenciais
devem funcionar como definições das operações represen- que envolvem a implicação. Note que através dessas duas
tadas pelos )untores7ou seja, as'regras dè inferência devem regras fica claro o|igmHcãdo (jla implicação. Se, por um lado,
capturar e expressar as relações mais primitivas a que certas o"mo3us ponens pode ser mal interpretado como sendo a
estruturas proposicionais estão ligadas essencialmente. Essa expressão de uma relação causal entie um antecedente e um
diretriz, se for seguida corretamente, deve resultar em um consequente, a condicionalização desfaz este mal entendido.
conjunto de regras de inferência completo e independente. Por exemplo, se temos o fato de que a cotação do dólar
Foi com base nela que escolhemos o conjunto de regras de aumentou, podemos concluir corretamente por C que, se o
inferência que ora apresentaremos e que chamaremos de RI,,. presidente espirrou, então a cotação do dólar aumentou, e
isto, certamente não estabelece nenhuma relação causal entre
os dois fatos. ~ ^
4.1.2.3 Apresentação e explicação das regras de
inferência
3. Eliminação da conjun- 4. Introdução da conjun-
O leitor deve interpretar os esquemas da seguinte forma: ção (EC) ção (IC)
as expressões que estão acima do traço representam
aA(3 e aA(3 a
genericamente proposições que, ao serem encontradas
durante o desenvolvimento de uma prova, não necessaria-
mente na ordem em que aparecem nos esquemas, permitem
inferir a conclusão representada pela expressão abaixo do
traço. Seguem os esquemas: Estas duas regras descrevem as características inferenciais
básicas da conjunção. A eliminação da conjunção expressa
2. Condicionalização (C) algo muito intuitivo, a saber, que se nos são dados dois fatos,
1. Modus Ponens (MP)
nos é dado cada um deles individualmente. E a introdução
da conjunção afirma o oposto disso, ou seja, se dois fatos
a- 0- nos são dados em separado, ficamos com os dois
a simultaneamente.
/
As duas regras acima pretendem descrever o que a 5. Modus ToUendo 6. Introdução da disjun-
implicação tem de peculiar. O modus ponens apenas Ponens (MTP) ção (ID)
expressa a obviedade: se temos que o fato B semgre
acontece quando o fato A acontece, e temos que A acontece, av(3 av(3 o e g
então temos que B acontece. A Icondkiõnãlizã^ãc^tambéin -la e -n|3 avp avp
chamada de/introdução da implicação^ expressa"que se algo 3 a ,.
ocorre independentemente de quaisquer condições, ocorre
também sob qualquer condição. Estas duas regras resumem
120 121
A s regras acima dão conta das características definidoras a R A nos dá outro critério. O que pode legitimar esse n o v o
da disjunção. O modus tollendo ponens, também chamado critério é a pressuposição de que os dois critérios se •
de silogismo disjuntivo, indica c o m o eliminar a disjunção, e equivalem. Esta pressuposição de fato parece razoável dada
faz isso c o m base na característica essencial desta, que é: a nossa concepção de negação. Per contra, pode-se conceber
dados dois fatos disjuntos, assume-se que pelo menos u m a negação c o m nuances diferentes, e nestes casos a redução
deles ocorre; assim, se é dado que u m não ocorre, o outro ao absurdo pode perder a sua legitimidade.
ocorre necessariamente. A introdução da disjunção, também
assenta numa trivialidade. Se nos é dado que o fato A ocorre, 9. D e f i n i ç ã o d a dupla i m p l i c a ç ã o ( D D )
então podemos dizer que A o u B ocorre, pois sabemos que
pelo menos A ocorre.
(|3->a) e e g<->P
7. D u p l a N e g a ç ã o ( D N ) 8. R e d u c t i o a d A b s u r d u m g ^ p (g->p) (P-^g)
(RA) Esta regra apenas indica que uma dupla impHcação
equivale à conjunção de duas implicações. D i z e r que duas
—1—ig . a^P proposições equivalem uma à outra significa que cada uma
pode ser inferida da outra.
- l a A s s i m , fechamos nosso conjunto de regras de inferência.
Estas regras capturam o que há de essencial na negação. O leitor pode dizer agora se considera estas regras evidentes
A dupla negação expressa parcialmente o princípio da dupla e necessárias. Elas f o r a m selecionadas dentre várias outras
negação do qual já falamos na seção sobre os juntores, porque, na nossa opinião, defineni mais claramente o ç
indicando que se negarmos u m fato duas vezes, seremos funcionamento dos juntores. U m a vez que temos definições
levados a inferir o próprio fato. Esta regra só não nos dá a deste t i p o , podemos confiar que nosso conjunto de regras é
volta, o u seja, que o fato duplamente negado pode ser completo e independente. D e fato, esta confiança será
inferido do fato original. A redução ao absurdo^xpressa algo corroborada quando viermos a provar a completude da
u m p o u c o mais sutil, que e: se uma proposição é u m nossa lógica (cf. 3.8) e tivermos que usar todas as nossas
absurdo, esta proposição deve ser negada. A razão disto é regras de inferência para fazê-lo. Se n o s s o _ c c m i u n ^ ^
que o que seria expresso por u t n absurdo_nãp ocorre j i u n c a . i n c o m p l e t o , não poderíamos provar alcompletude da LP\.
Mas, na lógica, não devemos ser obrigados a saber o que se não fosse independente, a completude poderia ser
uma proposição expressa para sabermos se ela é u m provada c o m u m subconjunto próprio de RIf,. Note-se,
absurdo. E é precisamente a redução ao absurdo que nos porém, que nosso conjunto de regras de inferência só pode
libera desta obrigação. Segundo esta regra, uma proposição é ser xQjisiderado completo em razão da definição que demos
absurda se ela impUca ao mesmo tempo uma proposição e a de j r o v a da L P . Esta definição nos permite i n t r o d u z i r
negação desta proposição. É aqui onde reside a sutileza da p r e m i s s a s ^ qualquer m o m e n t o em uma prova. Ademais, ela
regra. O nosso critério i n t u i t i v o para saber se uma é necessária para que possamos demonstrar o chamado
proposição é u m absurdo na verdade consiste em saber se \ da dedução. \m a introdução de premissas e^ o
ela não pode expressar algo possível de ocorrer, n o entanto. "Téõretna da dedução, nossas regras não seriarnf completas, i
(
122 123
U m a caractetisdca do nosso conjunto de. regrai de (= resultado imediato de u m teorema o u metateorema) destas
inferência é que ele\dispensa o uso de axiomas lófflcos.]Em propriedades nos p e r m i t i r á introduzir teoremas lógicos c m
outras palavras, na nossa a p r e s e n t a ç ã o da L P , n ã o será provas c o m o preiTiissas e depois omití-los do conjunto das
preciso dar u m conjunto de axiomas lógicos para que
premissas quando vamos expressar o resultado dessa prova
possamos estabelecer todas as inferências possíveis em X^,.
através do s í m b o l o " h - " ( c f item 3.3, subitem d). Só que
Q u a n d o u m conjunto de regras de inferência t e m _ £ s s a
para identificar esses teoremas lógicos nas provas, n ã o
característica, dizemos que a lógica é u m sistema de dedução
escreveremos ao lado deles o n o m e "premissa" e sim,
«í7/i!/ra/. jQuando, p o r outro lado, todas as i n l e r e n c í á s e n T T ^
" T e o X " , onde X é u m n ú m e r o que faz referência à prova
p o d e m ser estabelecidas a partii de u m conjunto de axiomas
daquele teorema.
£ o r n j u i s í l i C M d o modus ponens, dizemos que temos nxAsálcuk
Se temos que Fh-a e Fl ^a, ditemos que o conjunto de
proposidonaLiEm geral, sistemas de d e d u ç ã o natural t o m a m
fórmulas F ^[inconsistentéXcíiSO c o n t r á r i o , diremos que ele é
"nraisTâcil o trabalho de construir provas. Precisamos agora/
^1 consistente. Se ©"cõrijunto 1 é consistente, mas o conjunto F ; a
introduzir mais alguns s í m b o l o s e definições.
(=Fu{a}) é inconsistente, diremos que a é inconsistente com
.... , . d-^^^í
r, caso c o n t r á r i o diremos que a é consistente com F.
^__^A relação dejdedulibiiidade Jserá indicada pelo símbolo:--—^—•
Finalmente, se, dada qualquer f ó r m u l a a, o u a € F o u —itt
|_K_Dado o conjunto de premissas V, leremos o simboHsmo
e F , diremos que_F é maximal. Se F é consistente e maximal, /
r h- (p como "(p se deduZjdeJT", o u c o m o "(p é teorema de i / t * ^ * *
j r ^ o u ainda c o m o "_(p segue d e F " . O conjunto d e ^ e õ r i r n a ^ dizemos que F é maximal consistente.
D e nada adianta dar panelas, se n ã o ensmarmos a
de r será simbolizado por'"T(r7\o cp for teorema
•ffo/**^(lógico,[teremos em s í m b o l o s isto:fh- (p.y^lém disso7"cõnsI- cozinhar. A g o r a que v o c ê t e m as regras de inferência, deve
í-?^ ^ deraremos primitivas as seguintes propriedades da relação h: estar se perguntando c o m o usá-las para construir provas. I
Tentaremos explicar isso agora. C o m o dissTllios, uina^prot^aí-
Se T(r) I- cp, então (p £ T(r) (fechamento de I-) é uma s e q u ê n c i a de fórmulas, onde as fórmulas iniciais s ã o
Se P c r, então T(P) c T(r) (funcionalidade de h-) as premissas e a última f ó r m u l a é a c o n c l u s ã o . A s f ó r m u l a s
i n t e r m e d i á r i a s s ã o geradas por meio das regras. A maior
Q u a n d o F for o conjunto de premissas da c o n c l u s ã o (p, dificuldade na c o n s t r u ç ã o de provas reside n o seguinte fato:
assumiremos esta i m p o r t a n t í s s i m a relação de equivalência: diferente das tabelas de verdade e dos tablôs s e m â n d c o s , que
s e r ã o expKcados na seção segumte, n ã o existe u m
se e somente se há uma prova de (p a partir de T procedimento algorítmico para a c o n s t r u ç ã o de provas. A /?
originalidade e i n t u i ç ã o do lógico s e r ã o exigidas - e é claro
A volta dessa equivalência, p o r é m , será assuirúda sem
que, c o m o na m ú s i c a e n o esporte, o treino é o mestre da
/\X^\, i.e., se h á uma prova de (j) a partir de F , e n t ã o
p erfeição^___^
Fl-(p. C o m o | n á o h á provas sem premissas^ em nosso
sistema, s ó provaremos que algo é umjteorema lógico]graças A s ttrovas p ã o c o n s t r u í d a s de forma vertical, numa lista
ã u m metateorema que demonstraremos na seção J deste e n u m e r ã 3 ã ^ d e fórmulas. As primeiras fórmulas s ã o as
capitulo, ciiamado "teorema da d e d u ç ã o " . Outras proprie- prêiiãissãsTe a última, obviamente, a c o n c l u s ã o . A o lado das
dades importantes da L P demonstradas di s ã o estas três: linhas i n t e r m e d i á r i a s escrevemos a a b r e \ n a ç ã o da regra usada
monotonicidade, reflexividade e ttansitivid ide. U m c o r o l á r i o para gerá-la, b e m c o m o as linhas às quais a regra f o i aplicada.
124 125
Vejamos um exemplo. Imagine que lhe seja dada a tarefa de relativamente fácil, se você obsen^ar as premissas. Afinal,
construir uma jjrova de_ p->rvs) a partir] das premissas você só pode aplicar a EC se tiver uma conjunção, só pode
—1—ipAq e p A q ^ O r , ou seja, demonstre: apHcar o MP se tiver um condicional, etc. Veja então todas
as regras e elimine as que não podem ser aplicadas - assim
você terá, por exclusão, as regras que podem ser aplicadas.
{—1—ipAq; p A q f - > r } I - p ^ r v s '
(2) Nunca perca de vista o alvo aonde você quer chegar, i.e.,
qual a conclusão, e tente imaginar o caminho de trás para
Uma prova possível (existem sempre, pode-se demons-
trar, infinitas provas possíveis), seria esta: frente. N o nosso caso, como a conclusão era um
condicional, e você conhece a regra C, sabe que basta provar
rvs para depois introduzir o antecedente p. Ora, o
1. —1—ipAq ; P (i.e., premissa)
antecedente é uma disjunção, e com a I D , basta chegar a s
(pAq)^r P
ou a r para construir a disjunção desejada. Provamos antes o
3. ^-np EC (1) r, por meio do MP que extraímos do bicondicional, e assim
4. p DN(3) por diante.
5. q -EC(1) uma vez elaborada, pode ser vista como uma
6. pAq IC(4,5) ' a conclusão é a raiz e as demais linhas podem
7. (pAq)->r • D D (2) 'ser, ou os nós eritrê~os ramos,'ou as extremidades destes
8. r MP (6,7) ramos (premissas da conclusão), ou folhas soltas (premissas
9. rvs ID(8) supérfluas). Nessa visão, a prova anterior fica:
• 10. p-^(tvs) C (9) - conclusão
pAq ?
As duas primeiras linhas são as premissas. Na Imha 3,
aplicamos EC à Hnha 1 e obdvemos —i—ip. Aplicamos D N a p —1—ipAq T
esta Linha para obter a linha 4. A linha 5 é resultado da
aplicação da EC à linha 1. Juntamos as fórmulas obtidas nas ^ ^ ^ q (pA:])^r7
linhas 4 e 5 na linha 6 por meio da IC. Com a D D ,
extraímos da linha 2 um simples condicional que aparece na pAq (pAq)^r
Hnha 7, o qual juntamos à linha 6 para apUcar MP e obter a
linha 8. A I D permite acrescentar à fórmula da linha 8
qualquer sentença, neste caso escolhemos s e o resultado
aparece na linha 9, de onde, aplicando a regra C, obtemos
rvs
nossa conclusão - quod erat demnnslrandum: Q E D . Como você
viu, não é difícil. Mas é certamente mais fácil entender uma
I
prova do que inventá-la. Talvez algumas dicas possam p-^(rvs) C
ajudar: (1) decidir quais regras podem ser aplicadas é algo
126 127
Chamaremos áiA^ores desse Jigo_d^^^n^o^^^^^Dada uma e) 1. p v q - > ( r ^ - , q ) P f) 1.-iq<-^-ip P
árvore-prova, diremos que| a épremissa de Plsss a aparece na 2. q H 2. q ,
extremidade de u m ramo que nasce em um nó no qual (3
3. pvq (D C^) 3.^p^-nq ^ ^)
ocorre. Na nossa árvore, por exemplo, —i—ipAq é premissa
4. r - ^ - , q 4.-ip->q
de pAq, mas (pAq)<->r não.
6.^r P 4 f^^-T) 6.p ';pMcr^
2. Prove os seguintes teoremas lógicos. (Na realidade, o
Exercícios (Ex4): exercício consiste em provar esquemas de teoremas lógicos.
A substituição uniforme nos esquemas das letras gregas por
fbf s produz os teoremas e suas provas. Esta substituição
O b s e r v a ç ã o : Para entender os exercícios resolvidos e pressupõe que, em cada esquema, se você substitui digamos
solucionar os demais, o aluno deve compreender e apKcar um a por uma fórmula^ você terá que substituir por esta
alguns metateoremas demonstrados na seção 3, especifica- fórmula todas as ocorrências de a no esquema.).
/\(j)0 mente_, o]tec)rema da substituição (TS), demonstrado no item
-^-^j ofteórema da dedução (TDj.jdemonstrado no item 3.7, (1) a^(P^a)
bçm como o corolário demonstrado no item 3.3, subitem d,
doravante chamado de cor 3d. 1. a P
2. p ^ a C
3. a^P^a
1. Observe as provas abaixo e ao lado de cada linha indique 4. h-a^(P-^a)
a regra de inferência que a justifica, ou se a fórmula consiste
cm uma premissa. (2) - 1 - 1 a-^ a
(3) (aAp)-^a
a) l.p—>(q-^r) b) 1. pA-ip 'P /
(4) a-^(avp)
2. q 2.-np ^CC^') (5) a->((a-^P)-^P)
3. p 3.p (^'^ (6) (a-^P)^((a^^p)^^a)
4. q ^ r ! r, .O 4. p v g |>> G ) (7) ^a->(a^P)
5. r h F ^ ^ ^ í / ) 5.q 1 ^ ,q)
1. - l a V
C) l . p ? d) l.-1-np "'"^ P
2. a
2-q 1^ . 2.p->q 3. avp ID(2)
3. p - ^ q C&) 3.p - • 4. p MTP (1,3)
4. q ^ p CC^I 4. q ) 5. - l a , a 1-
P
5-p^q:l)D (Sj^í7 5. PAq 6. 1 ^a->(a^p) TD
C\n 4 ^ N) 1 - ^ Cs Ui 4^ U< K) CN Ul 4^
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132 ,1:33
6. T I (5,2) (45) (aA(PAY))^((aAP)AY) associatividade da c o n j u n ç ã o
7. P Teo27 (46) (av(PvY))^((avP)vY) associatividade da disjunção
8. I C (7,4) (47) (aA(PvY))^((aAP)v(aAY))
9. -^(p^^^a) def.C (48) (av(PAY))^((avP)A(avY))
10. -n(P^a) T e o l 9 (fez-se (49) (a^p)^((aAP)^(avp)) , , .
uso do TS) (50) ( a ^ p ) ^ ( ( a ^ P ) ^ ( P ^ a ) )
11. h(a^^P)^((a-^P)-^ -^(p-^a)) TD (51) (a^P)<->(^a^^p)
12. (a^p)A(p->a)->^((a->p)^^(P^a)) def.C (52) ((a^P)A(Y<->e))->((aAY)^(PAe))
13. (a^P)->^((a->P)^^ (P^a)) d e f . D I e TS (53) ((a^P)A(Y^e))-^((avY)^(pve))
14. ((a-^P)^^(P^a))^- <a^P) CP (54) ((a^P)A(Y^e))^((a->Y)<^(P-^é))
15. K(a^^P)^^(a^P) T I (11,14) (55) ((a^P)A(Y^e))^((a^Y)<^(P^e))
16. ^(a^p) P 3. Observe o seguinte raciocínio e diga o que h á de errado
17. ^((a->P)A(P^a)) def.DI e TS c o m ele (se é que há algo errado)^:
18. ^-n((a^P)^^(P^a)) defC e M T
19. (a-^p)^-i(P^a) DN I . Se Deus n ã o existe, então n ã o é verdade que se eu faço
20.' (P^a)^-(a-^P) CP o r a ç õ e s eu serei atendido p o r Ele;
21. a P I I . E u n ã o faço orações .;.(.<,
22. p^a C(17) L o g o : Deus existe! . , •,
23. ^(a-^P) MP
24. P^(a^P) Teol 4.2 A Semântica da L P
25. MT
26. 1—^(a^p)^(a-^^P) TD C o m o v i m o s na s e ç ã o anterior deste capítulo, a L P é u m
27. p sistema capaz de representar p r o p o s i ç õ e s e relações de
28. ^a-^^P C dedutibihdade entre p r o p o s i ç õ e s . V i m o s t a m b é m que as
29. p-^a CP p r o p o s i ç õ e s da L P p o r si mesmas n ã o expressam nada. U m a
30. ^(a-^P) M P (20,29) p r o p o s i ç ã o da L P s ó expressará algo se lhe f o r atribuído u m
31. -,a-^(a-^P) Teo7 conteúdo proposicional. Quando isso se dá, duas coisas p o d e m
32. a MTeDN acontecer: o u a p r o p o s i ç ã o expressa algo que realmente
33. TD ocorre, o u ela expressa algo que n ã o ocorre. N o p r i m e i r o
1—^(a^P)^(-np->a)
34. 1—^(a^P)^((a-^-.P)A(-.p^a)) Teo39 (26,33) caso, a p r o p o s i ç ã o é verdadeira e, n o segundo, a p r o p o s i ç ã o
35. d e f . D I e TS c falsa. A s s i m , u m a p r o p o s i ç ã o de terá sempre u m de
1—^(a^P)->(ao^P)
36. i-(a<->^p)4->-,(a«->P) D D (15,35) dois valores de verdade\{p\x valores veritativos), o que caracteriza a
L P c o m o u m a lógica bivalentc. L ó g i c a s c o m mais de dois
(42) (a^P)v(P-»a)
(43) aAP<-^PAa comutatividade da c o n j u n ç ã o ^ Este raciocínio foi formulado por W. D . Hart e citado por Dorothy
(44) comutatividade da disjunção Edgington no artigo " D o Conditionals Have Truth-Conditions?", i n A
avP^pva
Philosophical Companion to First-Order Lj)gic. -,— '
134 135
valores de verdade s ã o chamadas de flógicas polív^J£ntéTj isto indicando regras que nos p e r m i t e m determinar c o m
(p.ex. a lógica c o m os valores verdadeiro, falso e precisão se, em relação a uma dada interpretação, uma
indeterminado). p r o p o s i ç ã o é verdadeira o u falsa. A definição de verdade que
Veremos, p o r é m , que n ã o precisamos conhecer o apresentaremos é uma e x p r e s s ã o mais restrita da definição
c o n t e ú d o proposicional de uma p r o p o s i ç ã o qualquer (p para de Tarslti. A diferença está n o fato de q u e j i o s hmitamos a
inferir que ela é verdadeira ou o contrário. Veremos que, definir verdade segundo uma latribuição de verdade
para tanto, será suficiente saber qual o valor de verdade das unicamente para as p r o p o s i ç õ e s de XJJT ~^
proposições atómicas que c o m p õ e m (p. Assim, fica U m a atribuição de verdade é uma função do conjunto das ^
preservado o caráter f o r m a l da lógica. A parte da lógica que letras sentenciais no conjunto ÍVj__F}. Podemos ter, por
estabelece c o m o isto pode ser feito é a semântica. | exemplo, uma atribuição de verdade v tal que
4.2.1 Verdade v(p) = V ("a s e n t e n ç a p é verdadeira segundo Í^')
v(q) = F
A n o ç ã o básica para a semântica é a n o ç ã o de 2 ^ ^ a d e . v(i^ = V
Esta n o ç ã o está entre as mais importantes da lógica. D e fato,
a lógica f o i criada para fornecer critérios c o m os quais Esta é apenas uma parte das a s s o c i a ç õ e s estabelecidas por
p u d é s s e m o s decidir se urn argumento é váHdo o u n ã o . V. A cada letra sentenciai de X,,, v associa u m valor de
Sabemos que u m agumentc^ é váUdo^quando a verdade das verdade. Para darmos nossa definirão de verdade segundo v ,
suas premissas obriga a verdade da c o n c l u s ã o . V e m o s assim é p r e c i s o j í s p e c i f i c a r antes uma[função_jv^ que chamaremos
que a lógica precisa de uma definição de verdade para, a àê\extensão de v. Assim, dado que a e (3 são p r o p o s i ç õ e s de
partir dela, formular uma definição de validade e cumprir o X,,, especificaremos a extensão de v c o m base em u m
p r o p ó s i t o para o qual f o i criada. conjunto de regras que chamaremos d e ^ ^ r a 7 m ^ ^ « í ^ « ^ ^
N a história da lógica e da fáosofia, registram-se i n ú m e r a s listadas a seguir:
tentativas de dar uma definição precisa para verdade.
Diferentes definições f o r a m dadas e a maioria c o m base em v'(a)=v(a) sss a é uma letra sentenciai
pressupostos b e m razoáveis. Esta diversidade de definições é v ' ( ^ a ) = V sss v ' ( a ) = F
explicada pelo fato de que a verdade f o i sempre considerada v'(aA|3)=Vsssv'(a)=Vev'(|3)=V . =•-
relativamente a u m contexto particular, embora isto n e m v ' ( a V P ) = V sss v ' ( a ) = V ou v'(P)=V o u ambos
sempre fosse admitido pelos que formulavam as definições. v'(a p)=:V sss v ' ( a ) = F o u v'(|3)=V o u ambos
E m determinado contexto, uma definição de verdade pode v ' ( a ^ |3)=V sss v'(a)=v'(P)
funcionar melhor do que outra. N o contexto da lógica
simbólica, a melhorfHetmição de verdade que já f o i dada, na D e f i n i ç ã o de verdade: dizemos que uma p r o p o s i ç ã o (p é
o p i n i ã o da maioria ~3bs logico s, é a definição de A l f r e d verdadeira segundo uma atribuição de verdade v se e somente se
Tarski (1933). N a realidade, sua definição relativiza p r o p o - V'-((PFV. - • "
' sitãTmente a n o ç ã o de verdade, abandonando a p r e t e n s ã o de
dizer o que é a verdade em si e concentrando-se no objetivo Esta definição de verdade mostra que os valores
de dizer o que é verdade segundo uma interpretação.consegue veritativos de todas as p r o p o s i ç õ e s de p o d e m ser
136 137
determinados se forem dados os valores veritativos de todas uma proposição é verdadeira J Í " P somente se (sss) as
as letras sentenciais. E m outras palavras, a verdade e a proposições que a compõem tiverem tais e tais valores. Com
^•pp falsidade de uma proposição complexa deriva dos valores isto, elas indicam não só as | condições^jnL-q^ue uma
veritativos das proposições atómicas que a compõem de proposição é verdadeira mas tarnbéin~ãs^condições 1 em que
acordo com regras fixas e precisas. Basta que seja dada uma ela é falsa. De fato, se é garantido que uma proposiçacTé
atribuição de verdade v para sabermos se uma proposição (p verdadeira somente em determinadas condições, se estas
qualquer é verdadeira segundo v, pois as regras vero- condições não se apresentam, a tal proposição é
funcionais são suficientes para determinar v'((p) a partir daí. forçosamente falsa.
gyj^s^í* Importante: Dado um conjunto de proposições F e uma 4.2.2 Tabelas de verdade
atribuição de verdade v, dizemos que v satísfa^^~r^ se e
'^"^ somente"se v torna verdadeiras todas as propõ^sições de T. T Com base nas regras vero-funcionais, podemos construir
será chamado satisjar^vel j se e somente se existe uma tabelas que nos permitem determinar o valor de verdade de
atribuiçãcL de verdade que satisfaz F. E F •&&ti\^nUcin^^ qualquer proposição de X„ para qualquer atribuição de
satisfa^ípel se e somente se todo subconjunto finito a Z T T o r verdade. Chamamos estas tabelas de tabelas ~de wn^S^Elas
satisTazível. expõem a \^nálise pero-Jmaonaí^e uma proposição, ou seja,
' N ã o é difícil verificar que as regras vero-funcionais se elas expHcitam as passagens que determinam o valor de
apoiam diretamente no significado dos conectivos lógicos. verdade de uma proposição a partir de suas subfórmulas. A
Por exemplo, é notório que se uma proposição é falsa, sua difusão deste método de anáHse dos valores de verdade das
negação é verdadeira, pois se negamos algo que não ocorre, proposições deve-se em grande medida ao filósofo austríaco
asseveramos algo que é o caso. Outrossim, sabemos que se Ludwig Wittgenstein.
ocorre o que assevera o antecedente de um condicional Para construir a tabela de verdade de uma proposição (p,
(antecedente verdadeiro) mas não ocorre o que assevera o basta seguir os seguintes passos:
seu consequente (conseqiiente falso), o condicional como
um todo não pode asseverar algo que de fato ocorre 1) Fazer uma coluna para cada letra sentenciai de cp.
(condicional falso), em todos os outros casos, ocorrerá o que 2) Fazer uma coluna para cada subfórmula que de (p.
o condicional assevera (condicional verdadeiro). E m suma, é 3) Ordenar as colunas começando por aquelas que exibem as
com base no significado dos conectivos lógicos que fórmulas mais simples e terminando pelas que exibem as
podemos dizer se uma proposição complexa é verdadeira ou fórmulas mais complexas.
falsa. As regras vero-funcionais nos mostram como
• relacionar o valor de verdade de uma sentença complexa N o fim da tabela deve aparecer a fórmula completa.
com o valor de verdade das sentenças que a compõem, Passamos então a preencher as linhas da tabela da seguinte
ftxando formalmente o comportamento vero-funcional dos forma:
juniores. Fazendo isto formalmente, elas nos dispensam de
inquirir sobre o conteúdo proposicional das sentenças. 1) Atribui-se às letras sentenciais todas as combinações
Note que cada uma das regras vero-funcionais estabelece possíveis de valores de verdade.
uma relação de equivalência, ou seja, cada uma delas diz que
138 139
2) Infere-se o valor de v e r d a d e dasfórmulascomplexas, das da tabela 1. P o r ela, ficamos i n f o r m a d o s de q u e a p r o p o s i ç ã o
mais simples até as mais complexas, utilizando-se as regras anahsada é verdadeica para u m a atribuição de v e r d a d e u'. tal
vero-funcionais. . q u e u ' ( p ) = V, u ' ( q ) = F e u'(r)=V. M a s quantas atribuições de
v e r d a d e , c o m o u', atribuem estes valores a estes símbolos
Assim, n o fmal se obterá a u t o m a t i c a m e n t e o valor de sentenciais? T a n t a s q u a n t o s são os números reais (cf. _Ex5, Co^^
v e r d a d e da p r o p o s i ç ã o para cada c o m b i n a ç ã o dos valores 1). P e r c e b a que, e m b o r a todas estas atribuições~3e v e r d a d e
veritativos das p r o p o s i ç õ e s atómicas q u e a c o m p õ e m . Para t e n h a m e m c o m u m o fato de atribuícem os m e s m o s valores
tornar mais claro o q u e dissemos, t o m e m o s c o m o e x e m p l o a a p , q e r, elas fazem atribuições a u m número infmito de
tabela de v e r d a d e q u e m o s t r a a análise vero-funcional da símbolos sentenciais de X,, q u e n ã o a p a r e c e m ' n a tabela. A
p r o p o s i ç ã o {p = ( p A q ) v ( — i p A - i r ) ^ ( p ^ r ) : fórmula analisada é verdadeira para t o d o o conjunto destas
atribuições de verdade. '-
Tabela 1 É i m p o r t a n t e p o d e r m o s determinar quais atribuições de
v e r d a d e t o r n a m verdadeira u m a p r o p o s i ç ã o , p o r q u e , c o m
p q r —ir pAq —ipA—ir (pAq)v(-ipA-ir) 9 isto, s e r e m o s capazes d e definir u m a das n o ç õ e s mais
V V V F F V . F V V V fundamentais d a lógica proposicional: a n o ç ã o d e
V V F F V V F V F F conseqúênciataut^^ D i r e m o s q u e u m a p r o p o s i ç ã o (X é
V F V V F F F F V V e u m conjunto de p r o p o s i ç õ e s F (em
consequência tautolónca \
V F F V V F V V F F " s í í n B õ I õ s ^ 1=
•r V V F- F F F F F V de verdac "a)\se e s o m eF,
Satisfazem se cadj_uma
n t etorna a verdadeica.das atribuições
Observe,
F V F F V F F F V V e x e m p l o , a tabela de v e r d a d e da p r o p o s i ç ã o p ^ q :
F F V V F F F F F V
F F F V V F V V V V Tabela 2
A s colunas d a tabela d e v e r d a d e que fixam valores p q p-^q
veritativos para o s símbolos sentenciais r e p r e s e n t a m a s V V V
possibilidades de verdadejda p r o p o s i ç ã o analisada. A iíltima V F F
coluna apresêiítã as condiçõeijie_vtr^ da tal p r o p o s i ç ã o . O F V V
conjunto das c o n d i ç õ e s de_verdade de u m a p r o p o s i ç ã o (p, F F V
será r e p r e s e n t a d o p o r yx^(p)^/ Assim, se t o m a r m o s a
p r o p o s i ç ã o analisada na t a b ê l ã ^ i m a c o m o s e n d o (p, t e r e m o s N o t e q u e { ( p A q ) v ( - i p A - i r ) - > ( p ^ r ) } l = p - > q , pois a s
q u e X((p)=(\ F , V , F , V , V , V , V ) . atribuições de v e r d a d e q u e t o r n a m verdadeira a p r o p o s i ç ã o
C a d a u m a das linhas de u m a tabela de v e r d a d e n o s (pAq)v(—ipA—ir)—>(p<-^r) t o r n a m igualmente verdadeira a
informa se a p r o p o s i ç ã o analisada é o u n ã o verdadeira para p r o p o s i ç ã o p—^q. D o r a v a n t e , p o r simplificação, q u a n d o
u m d e t e r m i n a d o conjunto de atribuições de verdade. N o t e q u e q u i s e r m o s representar u m a relaçãio d e c o n s e q u ê n c i a
falamos " c o n j u n t o " , e m vez d ê falarmos " p a r a u m a tautológica q u e envolve apenas duas p r o p o s i ç õ e s ,
d e t e r m i n a d a atribuição d e v e r d a d e " . A razão disto é o m i t i r e m o s as chaves d o c o n j u n t o de premissas. N o s s o
explicada facilmente. O b s e r v e , p o r e x e m p l o , a terceira Hnha e x e m p l oficaráassim: ( p A q ) v ( — i p A — i r ) - ^ ( p ^ r ) t= p ^ q .
140 141
Dados dois c o n j u n t o s d e p r o p o s i ç õ e s F e 2 , dizemos que onde a e (3 p o d e m ser quaisquer fórmulas de £
F e 2 são I tautologicamente ~~ 'entes (ou simplesmente Chamare 'S a este tipo de tabela de tabela de verdade
equivalentes) se e somente F e 2" l=~r (o que t a m b é m /|/(9 esquemática^^ tabelas se distinguem das tabelas de verdade
pode ser simbolizado escrevendo-se F l = = l 2 ) . Claro que os ~^ot apresentarem a análise vero-funcional de _esquemas de
conjuntos F e 2 p o d e m ser unitários, podemos ter, por fbPs e n ã o de f b f s . C o m elas, podemos dar e x p r e s s õ e s
exemplo, F={a} e 2={P}. Nesse caso, as duas p r o p o s i ç õ e s equivalentes de todas as regras que fixam o comportamento
é que s ã o equivalentes, o u seja, o conjunto de atribuições de vero-funcional dos juntores adotados por n ó s . Veja:
verdade que t o r n a m a verdadeira é idêntico ao conjunto das
atribuições de verdade que t o r n a m |3 verdadeira. D i t o de regra 2 regra 3 regra 4 r^gra 6
m o d o mais f o r m a l r ^ Õ F ^ Q e e somente se v'(a)=vY|3), para
qualquer atribuição de verdade v'. a a P « A (3 a a P a«->P
' Se uma p r o p o s i ç ã o é vêFdadeira para qualquer atribuição V F V V V V V V V V V
de verdade, o u seja, se o conjunto das c o n d i ç õ e s de verdade F V V F F V F V V F F
de uma proposição_jinalisada c o n t é m apenas o valor V , a F V F F V V F V F
chamaremos de to^^^gz^Uma tautologia é c o n s e q u ê n c i a F F F F F F F F V
tautológica de qualquer conjunto de p r o p o s i ç õ e s , inclusive
do^vazio. D e fato, se supormos que cp é uma tautologia e que Semelhantes às regras vero-funcionais, estas tabelas
FtT^cp (le-se: (p n ã o é consequência tautológica de F), teremos p o d e m ser usadas para fixar o comportamento vero-
que admitir que há uma atribuição de verdade v que satisfaz funcional dos juntores, inclusive o de juntores novos. Assim,
F e n ã o torna (p verdadeira. Mas isto é u m absurdo, posto podemos fixar, por exemplo, o comportamento vero-
que (p é verdadeira para qualquer atribuição de verdade. funcional de três novos juntores unários:
Para representar simbolicamente o fato de que a é uma
tautologia, escreveremos: a *'a a a
t=a.
Algumas tabelas de verdade s ã o construídas c o m base em V V V V V F
uma única regra vero-funcional. U m exemplo é a tabela 2, F V F F F F
que é baseada apenas na regra 5. N ã o se pode dizer, p o r é m ,
que a tal tabela é equivalente à regra 5. Para tanto, ela Observe que n ã o há outros juntores unários a l é m destes e
precisaria fixar o comportamento vero-funcional da da n e g a ç ã o , pois n ã o p o d e r í a m o s construir uma tabela de
impUcação para quaisquer fórmulas de Xo, e n ã o somente verdade e s q u e m á d c a c o m c o n d i ç õ e s de verdade diferentes
para p e q. U m a tabela equivalente à regra vero-funcional 5 das que já construímos. C o m os juntores binários dá-se_-a^
seria: mesjii^ rr.ic:q dp fnndo que s ó podemos ter u m total de 16
juntores binários] O n ú m e r o de juntores de aridade n é
a P sempre igual ao n ú m e r o de conjuntos de c o n d i ç õ e s de
V V V verdade c o m 2" elementos. Por exemplo, o n ú m e r o de
V F F conjuritos de c o n d i ç õ e s de verdade c o m 8 (=2'') elementos é
F V V \256 |o n ú m e r o de c o m b i n a ç õ e s de dois s í m b o l o s , V e F, e m
F F V S l í i g a r e s ) , logo podemos terl256 juntores ternários.
M2 143
O aluno talvez se pergunte por que só incluímos cinco
juntores no alfabeto de £,„ quando poderíamos ter muitos As tabelas de verdade esquemáticas que apresentam as
mais, e de diversas outras aridades. A resposta é que não condições de verdade listadas acima fixam o comportamento
precisamos de mais juntores além dos que escolhemos. Com vero-funcional dos juntores associados a elas. Se (p é um
os nossos juntores, podemos definir todos os demais. N o esquema de proposição em que ocorre um símbolo
caso dos juntores binários, isto pode ser íeitõ mostrando que conectivo diferente dos nossos, podemos encontrar um
cada proposição formada com juntores diferentes dos esquema de proposição em que ocorrem apenas os símbolos
nossos é equivalente a uma outra proposição em que conectivos adotados por nós e que possui uma tabela
aparecem apenas alguns dos nossos cinco juntores. Assim, esquemática com as mesmas condições de verdade de (p.
em primeiro lugar, precisamos saber quais são estes juntores Tome-se, por exemplo, a t ^ e l a de verdade esquemática que
diferentes. N o quadro abaixo, relacionamos todos os fixa o comportamento vero-funcional da presecção.
conjuntos de condições de verdade para tabelas de verdade Podemos construir uma tabela esquemática com as mesmas
de quatro linhas, e, ao lado de cada um deles, encontramos o condições de verdade para um esquema proposicional cjue
juntor binário correspondente. Veja: inclua apenas os juntores da negação e da implicação. E o
que podemos observar nas tabelas seguintes:
Condições dc Verdade Símbolo Nome
V V V V -|- verum a P a/<(3 a P
n
12 F V V V barra de Sheffer V V F V V F
#•
13 V F V V implicação'' V F V V F V
-> F V F F V F
14 V V F V <— replicação
15 V V V F V disjunção F F F F F F
Í6 F F V V n prenonpendência
F V F V posnonpendência Note que se substituirmos a e (3 nas proposições
V r analisadas por proposições de Xy, as proposições resultantes
18 V F F V <-> dupla implicação
serão equivalentes, pois são verdadeiras para asjnÊsmas atri-
f9 F V V F X contravalência
buições de verdade. Pode-se dizer então que(definimos/oc^:(3
JIO V F V F L pospendência
como —i(a^P), isto é, a presecção sempre pode ser
111 V V F F J prependência substituída por uma impHcação negada. O mesmo procedi-
yi2 F F F V i rejeição mento pode ser adotado para todos os conectivos binários.
|13 F F V F presecção
Assim, teremos:
J14 F V F F posecção
115 V F F F A conjunção av(pv-iP)
J16 F F F F 1 antilogia a|p ^(ttAP)
a^P P^a
a-iP <=> a^(PA^P)
A rigor, "implicação" é o nome da operação simbolizada por "—>", <=> P-7>(aA-ia)
«rP
mas, por comodidade, damos o mesmo nome ao símbolo. O mesmo
<^ -i(a4->P)
vale para os outros juntores, com a exceção da barra de Sheffer.
144 145
a LP ^ (pv^P)->a juntores em vez de um, porque com eles a escrita das
a-l P (av^a)->p fórmulas se torna mais simples.
aip -i(avp)
a^P <=> -,(P^.a) 4.2.3 Tablôs semânticos
a:=-P o -n(a->p)
ai-P <^ aA(pA^p) Dizemos que o conjunto das tãutoíogias^é decidível ^ ' ^ Q
porque, dada uma fórmula qualquer de X,,, podemos dizer se
É fácil verificar as equivalências acima. Basta construit a ela é uma tautologia ou não. Isto se torna possível devido a
tabela de verdade do defimens. Desta forma, veremos que certos métodos de avaliação do valor de ^verdade de
suas condições de verdade coincidem com as do proposições^ complexas. Cada um destes métodos é um
definiendum. Lembre-se que a e P podem ser substiuídos [procedimentode dedsaoj completamente mecânico que chega a
por quaisquer fbfs, o que torna as nossas difinições um resultado tmáTdepois de um número timto de passos. As
absolutamente gerais. Deve-se observ^ar, porém, que outras tabelas de verdade são procedimentos deste tipo. O
definições são possíveis. inconveniente com elas é que elas podem se tornar muito
Gom isto, mostramos que todos os juntores binários grandes quando a fórmula analisada é graml^_ejnçlui m m ^
podem ser definidos a partir dos nossos cinco juntores. Na símbolos sentenciais diferentes. U m [ procedimento _de
verdade, nosso conjunto de juntores pode substituir todos decisã()]mais económico é o que chamamos delab/ô semântico
os juntores imagináveis e não só os binários. U m ou simplesmente!^^
metateorema importante sobre a LP, mostra que LQ é uma Este método foi primeiramente introduzido por]Cjentee^
Hnguagem de|^^expressividade lnax]ma](cf 3.2). Dizer que em 1935 no seu cálculo de seqiiaaíÊSi sendo depois
uma linguagern é maximamente expressiva significa dizer aperfeiçoado por E. Beth e Ra. | SmuUyanl A ideia bá; jasica
que, para qualquer conjunto de condições de verdade (X,, deste procedimento é '5èlnicialmgnte_sapar que a fórmula a
X2, XJ, existe (p, tal que (p e X^, e X ((p) = (Xi, X,, XJ. /? Sá* ser analisada é falsa. Se ela realmente é uma tautologia, a
Assim, concluímos que com os nossos juntores, podemos nossa suposição resultará numa contradição, e isto ficará
construir proposições com qualquer conjunto de condições patente se ao fim da análise o tablô apresentar fórmulas
de verdade. Como cada um desses conjuntos corresponde a contraditórias em todos os seus ramos.
um juntor, concluímos que a partir dos nossos juntores 01|3rocedimento jsegue os seguintes passos: 1. dada a
podemos definir qualquer juntor, seja qual for sua aridade. fórmula (p"que queremos analisar, escrevemo-la no começo
isso não_jricluímos juntores de aridade superior a 2 no do tablô com um F (de falso) na frente. 2. E m seguida,
^l^^Qèí£i-ÂS.Jlt^^-ís juntores seriam s"upérfluos. R e g i s t r e i , derivamos o valor veritativo das subfórmulas"3ê (p conforme
porém, que o nosso conjunto de juntores nã"o é "o único nem as regras alfa e beta, escrevendo na JreiítÊ as o valor
o mais parcimonioso com o qual se pode gerar uma derivado (V ou F) e construindo uma arvore ia seguinte
linguagem de expressividade máxima. Cada conjunto de forma: prolongamos um ramo se usamos uma regra alfa e
juntores que apresenta essa propriedade é considerado um bifurcamos um ramo se usamos uma regra beta. 3. Cada
conjunto de juntores completo, [A barra de Sheffèj: é um formula e sub fórmula que é analisada é marcada com um
exemplo de juntor que, sozinho, pode substituir todos os ''sinal_«Jà direita para indicar que pode ser esquecida. 4. Este
outros juntores (c£ EX5, 6Q. Escolhemos, porém, cinco procedimento termina quando se atinjem somente fórmulas
146 147
atómicas, que não podem ser mais desmembradas. Uma ve2 símbolo • . Prosseguimos aplicando regras alfa para
construído o tablô, verificamos se aparecem pares de desmembrar as Linhas 2 e 3. T ã o logo analisadas, anexamos a
fórmulas contraditórias e m | t o d õ r ] o s ramos da arvore (é elas o sinal • . Observe-se então que atrás de todas as
imperativo què~ãs duas fóimulas cõnteaditórias apareçam em fórmulas moleculares ocorre o sinal • , indicando que não há
um mesmo ramo), caso afirmativo, a fórmula inicial é uma mais nada a ser desmembrado: o tablô esta terminado. Agora
tautologia, caso contrário, não. Apresentamos agora as é preciso ver se na nossa sequência aparecem fórmulas
regras alfa e beta: / contraditórias. De fato! A linha 4 afirma que p é falso e a
linha 5 que p é verdadeiro - temos uma contradição.
Podemos concluir assim que supor que a fórpiula é falsa
Regras alfa Regras Beta (Tinha^ 1) leva a urn_ absurdo, logo a fórmula é
necessariamente verdadeira: ela é uma tautologia.
Va->p Va<^P Faop Vejamos agora um caso mais complexo, com
Fa Va F a VP V a Fa V a Fa ramificações. Primeiro apresentamos o tablô, depois os
^5- V p FP Fp V p esclarecimentos:
F ávB Fa-->p Ac
Va Fa Va FaAP Vavp F ( ( p - ^ q ) A ( q ^ r ) ) --^(p-^r)
1.
vp F(p F a FP V a vp V ( p ^ q ) A (q->r)
2.
3. F (p-^r)
U m exemplo simples de tablô deve esclarecer como 4. V (p->q)
funciona este procedimento: 5. V (q->r) • ftr^s; ^
6. V P
^p-^(p^q) ••7. F
(p^q)
8. Fpia^'^ Vq
z
^(4,5) 9. Fq -\ ^r
Na linha 1 escrevemos a fórmula a ser analisada e
supomos ser falsa, por isso o F na frente. Usando a regra É interessante notar que nas quatro ramificações deste
para uma implicação falsa, temos que o antecedente é tablô, a contradição já tinha sido encontrada na linha 8, de
verdadeiíro e o consequente falso. Isto permite que modo que nem seria necessário chegar à linha 9: poderíamos
escrevamos na Hnha 2 o antecedente (—ip) como verdadeiro, parar na linha 8 constatando que todas as ramificações
e na linha 3 o consequente ( p ^ q ) como falso. Como as seguintes já estavam contaminadas com uma contradição.
linhas 2 e 3 foram obtidas do desmembramento da fórmula Quando todas as ramificações de uma fórmula acabam em
de 1, podemos marcar esta linha como "pronta" usando o contradição, então podemos concluir que a fórmula negada
148 149
era uma tautologia. Se pelo menos uma ramificação 3. Usando tabelas de verdade, mostre que os teoremas
permanece até o fim sem contradição, a fórmula não é uma lógicos do exercício 2 dc Ex4 são tautologias (depois desse
tautologia, podendo ser|contingente^ou u r n a j c õ n t o ^ ^ õ r | exercício, uma fórmula localizada no item X daquele
Neste último caso, diz-se que foi criado umfmõdeío^'píú:a a exercício poderá ser referida tanto por TeoX como por
fórmula negada. TauX, vale dizer, tautologia X, onde X é o número do item
Também podemos usar tablôs para provar_qu£_urna onde ela aparece)
proposição, digamos DC, se deduz de um conjuntc» finitoJde
premissas, digamos( 1 '-~• !{y^, y?,
Y I , 1-, Vrr~Basta p r unTtablô
YTT^Basta uusa 4. Prove que
para demonstrar que/ h- Yi^Y2^---^Yn"~^^- | De forma
semelhante, poderíamos usar tabelas de veraade para o a) Se r i i t a , então não é verdade que t=a"
mesmo propósito, mas, na maior parte dos casos, elas seriam b) Se rtí^OC, então r é satisfazível s. , . ,
muito grandes e, portanto, inviáveis. c) Se rt=a e r;al=|3, então ri=p
d) r é insatisfazível se e somente se ri=a e rt=—la
Exercícios (Ex5): e) Se r;a é insatisfazível, então FM—la
f) Se r , a t = p , então F N a ^ P
1. Prove que o conjunto das atribuições de verdade é g) r,al=(3 se e somente se r,-iPl=—la
' infinito não-enumerável (dica: use o método da h) l^a-e^P se e somente se al==lj3 - , •
diagonalização) i) at==l[3 se e somente se —ial==l—1(3
j) Se at= =1(3 eYí==^0, então aAYí==iPA9
2. Mostre que k) Se a N = í p eYt==i6, então avYl==i(3ve
1) Se at==l|3 e Yt==i0, então a-^Y^==<P^0 e
a) Se r é V , então (sA—is)vr é V Y-^at==(e-^P
b) Se pA—ip é V, então r é V m) Se al= =i[3 e Yt= =l6, então a^Yl== "^P^Q
n) Dado que r„cr, se r(|l=a, então rt=a
c) Se p—^q é V, então pA—iq é F :;, f o) Dado que rur'=X„, se T^a, então V^a
d) Se —1—1—1—1—iP é V, então —ip é V p) Dado que Fl^OC, então r;CX é satisfazível se e somente se
e) Se p v q é F e r é V, então r - ^ q é F r é satisfazível
f) Se pAq é F, qAr é F, e pAr é V , então q é F
g) Se pA—iq é V, então q—>((rAs<->rA—is)v(—is^—irAs)) é V 5. Observe o que as pessoas estão dizendo e descubra quem
está mentindo (considere que, em cada uma das situações,
li) Sc (-iqv(—irA(s—>p)))^—i((-ipv(-isA(r^q)))) é V, então
apenas uma pessoa está mentindo):
pv(p^q) é V
i) Se —i(pAr) é V e (-iqvr)—>q é V , então ((p^s)^p)—^ r situação:
(q^qA—ir) é V
j) Se (—ip->q)A(q—»-ip) é V, então ((s^e^—ir)v—1(—isAp))<-^ Aninha: Sempre que eu saio, a Betinha e a Carlinha saem
(^(s^r)v(qvs)) é V comigo.
150 151
Betinha: A Aninha sempre sai, mas quando a Carlinha sai, Gato-Seco:Eu não matei o cidadão, mas se foi o Fura-
ela não sai. Bucho, ele fez uma tatuagem. Nada do que ele
diz é verdade.
Carlinha: Eu sempre saio, mas a Betinha nunca sai Capitoto: O u foi o Gato-Seco que matou o cidadão, ou foi
o Fura-Bucho, ou um ou o outro. Além do mais,
Solução: o Fura-Bucho fez uma tatuagem.
Façamos Futa-Bucho: Eu nem fiz tatuagem nem matei o cidadão.
p = Aninha sai 3" situação: ,
q = Betinha sai "
r = Carlinha sai Mané: Eu peguei a L u e o B V pegou a Rô.
BV: Eu peguei a Rô, o Mané é que não pegou nem a
A (o que Aninha diz) = p—»qAr Lu nem a Rô.
B (o que Betinha diz) = pA(r—>—ip) Gabola: Eu peguei a Lu, mas se é verdade que o BV
C (o que Carlinha diz) = rA—iq pegou a Rô, então o Mané não pegou nem uma
nem outra.
Façamos uma tabela de verdade onde estejam representadas
ao mesmo tempo as condições de verdade de A, B e C 4** situação:
p q r A B C 1° m e c â n i c o : O problema não é no motor, o problema é
V V V V F F na parte elétrica; mas é sério.
V V F F V F 2° m e c â n i c o : O problema é sério. O u é na parte elétrica ou
V F V F F V no motor, ou em ambos.
V F F F V 3° m e c â n i c o : Se o problema for no motor, o problema é
F
F V V sério. Se a corrente estiver normal, o
V F F
problema é no motor, mas se não estiver, o
F V F V F F
problema é na parte elétrica.
F F V V F V
4° m e c â n i c o : Se o problema for na parte elétrica, então o
F F F V F F
problema não é sério.
A única situação em que temos uma declaração falsa e duas
6. Prove que os seguintes conjuntos de juntores são
verdadeiras está representada na penúltima linha. Logo,
completos:
quem está mentindo é Betinha.
a){-n,A}
2" situação:
Solução:
152
Sabemos que um conjunto de juntores é completo se e a){A,v}
somente apenas com eles é possível gerar uma linguagem de
expressividade máxima. Pelo metateorema 2, temos que {—i, Solução:
A , v } é um conjunto de juntores completo. Assim, qualquer
conjunto de juntores a partir do qual possamos definir A ideia é encontrar uma propriedade semântica das fórmulas
negação, conjunção e disjunção será completo. Para provar conjuntivas e disjuntivas que as impeça de serem equivalen-
que {—1, A } é completo, basta então definir a disjunção com tes a alguma fórmula de Xy. Asskn, chamemos de £ ' a
base nele. Vem: linguagem construída apenas com base em { A , V } . Sendo a
e £ ' , provaremos que não é verdade que a t= =^ —ip.
a av(3 a P -i(-iaA-.3)
V V V V V V Lema: dada qualquer fórmula (p e uma atribuição de verdade
V F V V F V u que atribui V a todas as letras sentenciais de (p, se (p for
F V V F V V conjuntiva ou disjuntiva, então u'((p)=V.
F F F F F F
I. (p=aAP ,
As tabelas esquemáticas acima demonstram que:
u'(a)=Veu'((3)=V (hip. indutiva)
av(3i==i-n(-iaA-n|3) Logo, u'((p)=V
Pelo teorema da substituição (cf. 3.4), temos que toda IL (p=avP ,,
fórmula ^)•^ de uma linguagem £ ' consttuída apenas com
base em {—i. A , v } é quivalente a uma fórmula (Pj, igual cp, a u'(a)=V e u'(p)=V (hip. indutiva)
não ser por apresentar a subfórmula —1(—ittA—iP) nos lugares Logo, u'((p)=V
em que (p, apresenta av(3. Donde concluímos que uma
linguagem consttuída apenas com base em {—i, A } tem a O que prova o lema.
mesma expressividade de £ ' e, portanto, {—i, A } é um
conjunto completo de juntores. Vem:
b) { - , v } Para u, tal que u atribui V a todas as letras sentenciais,
c) { - , - > } u'(a)=V (lema) e u'(^p)=F
d) { - > , ! } Logo, não é verdade que a 1= =1 —ip.
e) { i }
f) { | } Pelo que fica provado que nenhuma fórmula de £ ' é
equivalente a —ip e que, portanto, { A , V } não é um conjunto
7. Prove que os seguintes conjuntos de juntores não são de juntores completo.
completos:
b) { ^ }
154 155
c) { - > } Parte 1: Provaremos que C C (todos os elementos de C
d) { - ^ , ^ }
são f b f s):
e)
O {^,T} I
1. A s e x p r e s s õ e s de s ã o f b f s p o r (i);
8. Usando t a b l ô s , demonstre os teoremas lógicos do
exercício 2 de E x 4 . ^ 2. Para qualquer elemento (p de C de n - é s i m a g e r a ç ã o ,
se os elementos de C de g e r a ç ã o inferior a n s ã o
f b f s , e n t ã o (p é f b f (passo indutivo). Temos cinco
4.3 Metateofemas da LP possibilidades para (p: *
4.3.1 A J i n d u t i v í d ã d e y e • (p = N(a). A d m i t i n d o a h i p ó t e s e indutiva, temos que
a é f b f Pela g r a m á t i c a de - i t t é fbf, logo N(a) é
Primeiro c o n s t r u í m o s o conjunto indutivo C da seguinte fbf ., , , , ,.
forma:
• (p = C(a,P). A d m i t i n d o a h i p ó t e s e indutiva, temos que
(i) O conjunto das f ó r m u l a s a t ó m i c a s de está contido a e p s ã o f b f s . Pela g r a m á t i c a de X,„ aAP é fbf, logo
em C
C(a, P) é f b f (as demais possibilidades de (p se p r o v a m
de forma similar). A s s i m , provamos o passo i n d u t i v o .
(ii) Dadas as f u n ç õ e s :
3. L o g o , todos os elementos de C s ã o f b f s .
N(a) = (-na)
C(a,|3) = (OAP)
Parte 2: Provaremos que X„ C C (todo elemento (p de £Q é
D(a,P) = (ccvP) atingível a partir de £j,^ p o r aplicações reiteradas das f u n ç õ e s
I(a,|3) = (a-^P) N , C, D , I e B):
B(a,|3) = (a^P)
Algoritmo: T o m e uma f ó r m u l a (p qualquer de Xg e construa
Todas as e x p r e s s õ e s resultantes da aplicação reiterada destas sua á r v o r e genealógica. A o lado de cada f ó r m u l a que aparece
f u n ç õ e s ao conjunto L^^ pertencem a C na extremidade de u m ramo escreva f a . (de " f ó r m u l a
a t ó m i c a " ) . A o lado de cada n e g a ç ã o , c o n j u n ç ã o , d i s j u n ç ã o ,
(iii) N e n h u m a outra e x p r e s s ã o pertence a C condicional o u bicondicional que aparece e m u m n ó escreva
respectivamente N , C, D , I e B .
Para provarmos que £ „ é u m conjunto indutivo basta Mostra-se assim que (p pode ser c o n s t r u í d a p o r apHcações
mostrar que £,^=C. Faremos isso e m duas partes: reiteradas das f u n ç õ e s a partir de X,^. C o m o o algoritmo
pode ser apHcado a qualquer f ó r m u l a (p de XQ, fica p r o v a d o
156
que toda fórmula de X , , é atingível a partir de L,^ por
Para qualquer {p,^^^, é p o s s í v e l construir uma fórmula (p de
aplicações reiteradas das funções N , C, D , I e B, o u seja, LQ
£.Q, tal que (p é equivalente a (p^^^, da seguinte forma:
CC.
(i) Selecionamos as linhas em que y; = V ;
C o n c l u s ã o : das partes 1 e 2 inferimos que £,^=C, donde
(ii) A partir de cada uma destas Unhas c o n s t r u í m o s
temos que é u m conjunto indutivo, (qed)
uma fórmula \\í„ tal que = XIA%2AX3A...A%„,
4.3.2 A exptessividademáxim^ de onde Xj = Sj, se x| = V , e = —iSj, caso contrário.
(iii) Fazemos (p igual à disjunção de todos os \|/'s.
A prova seguinte deve-se na sua essência a E n d e r t o n
(Theorem 15B). A ideia principal é mostrar que c o m a nossa Desta forma, (p será verdadeira nos mesmos casos e m que
base de juntores podemos construir sentenças tais que, para ^max verdadeira e falsa nos mesmos casos em que (p^^,^ for
qualquer conjunto de c o n d i ç õ e s de verdade, suas tabelas de falsa, o u seja, (p será equivalente a (p„^^. N o t e que toda
verdade apresentem estas c o n d i ç õ e s . E isto que significa fórmula gerada pelo procedimento acima apresenta c o m o
dÍ2er que a expressividade de X , , é m á x i m a . Seja pois a tabela juntores apenas a n e g a ç ã o , a c o n j u n ç ã o e a disjunção, o que
de verdade de uma fórmula (p,^^^ de uma linguagem X,^,,^ cujo mostra que uma Hnguagem que tivesse estes c o m o únicos
alfabeto inclui todos os juntores possíveis, onde m-2" e {S,, juntores já seria maximamente expressiva. Assim, está
S2, S3, S „ } é o conjunto de s í m b o l o s sentenciais que demonstrado que a expressividade de X „ é m á x i m a , (qed)
ocorrem em (p,^^^.
4.3.3 Propriedades da relação de dedutibilidade
S2 S3 S4 s„ ^max
a) Monotonicidade (Se F I- a, então F u A h- a)
1 3 4 n
x' X, X,
1 2 3
Fe FuA
X2 X2 X2 y2 /lil T(F) C T ( F u A ) (funcionalidade de h-) /?2i
1 2 Se F I- a, então F u A h- a. (qed)
X3 X3
1
b) Reflexividade: (Se tt e F, então F I- ,a)
y.
y. Pela nossa definição de prova, se a G F, uma lista Y i , Yn
de fórmulas de F c o m y„=U é uma prova de a a partir de F.
Logo, {YI, Y n } ^ OC, e, p o r igonotonicidade, F 1- a. (qed)
c) Transitividade: (Se F h (3 e F, P h a , então Fh-a)
158 159
Chamemos de F' e F" os subconjuntos de F compostos
respectivamente por premissas de a premissas de p. Agora, De fato, a parte A continua, pois só contém premissas; a
analisaremos três casos: parte B se justifica por (i) e a parte C se justifica porque se
deriva de P e das premissas de (i). Ora, esta terceira prova é
Caso 1: F inclui premissas de a e (3 uma prova de d partir de F''.JF", donde inferimos que
F'uF" I - a e, logo, F h- a, por monotonicidade.
Nesse caso, haverá uma prova de OC a partir de F' e uma
prova de P a partir de F". Consequentemente, também serão Caso 2: F não inclui premissas de p , .
provas as sequências representadas pelos esquemas abaixo:
Nesse caso, como Ff—P (hip. 1), vemos que p pode ser
0 inferida sem o auxíHo de premissas que efetivamente
contribuam para a sua conclusão numa prova, ou seja, a
Y, pretmssa Y, premissa fórmula p pode ser deduzida do vazio. Assim:
Y2 premissa A Ya premissa A
Se F' não é vazio, então
Y„ premissa Yn premissa Há uma prova de a a partir de F'
^ P Ha :
P premissa
F h- a (por monotonicidade)
B c
Se F' é vazio, então
a
P h- a (hip. 2)
Onde { Y I , Y n } é r ' u F " . Se na segunda prova T(0)l-a (monotonicidade)
substituímos P pela parte B da primeira prova, continuamos [- a (fechamento de H) :
com uma prova. Veja: F I-a (monotonicidade)
Yi premissa Caso 3: F não inclui premissas de a
Y2 premissa A
Nesse caso, temos duas possibilidades principais:
Yn premissa Ou P não é premissa de a, e daí
I - a e, logo, F h- a (por monotonicidade)
P B Ou P é premissa de CL, e daí
Se F" não é vazio, então F (- a (pelo mesmo raciocínio
a do caso 1), e
160 161
»
Se F" é vazio, então
PHa iv) a=\|/,vXi e P=\|/2VX2
T(0)l-a (monotonicidade) l|/,<->l|/2 e X i ^ X 2 (hip- indutiva)
I-a (fechamento de I-) ViVXi^V2VX2 (teorema 53)
r I-a (monotonicidade) (qed) .-.i-a^p
d) Corolário: se P é um teorema lógico e V, p H a , então v) a=v,^x, e P=\l/2^X2
ri-a ' Vi^¥2eXi^%2 (hip. indutiva)
(V,^X,)^(V2^X2) (teorema 54)
h-p (hip.) .-.h-a^p
r,pKa (hip.)
Fh-P (monotonicidade) vi) a=\(/,^X, e P = V 2 ^ X 2 ' :
Fl-a (transitividade) Vi<-^V2 e X i ^ X 2 (hip. indutiva)
(qed) (Vi^Xi)^(V2<^X2) (teorema 55) ^=,;
.-. l-a<->p (qed) V
4.3.4 Teorema da substituição \(TS): se y é uma
subfórmula de a, P e~úma fórmula igual a a a não ser por Dado que l-Y<->ô, que P é o resultado da substituição de
apresentar 9 em um ou mais lugares onde a apresenta y e algum Y em a por ô e que S é uma prova onde a ocorre, o
i-y^Q, então i-a<->p. teorema da substituição nos permite escrever P em S, em
qualquer Unha subsequente a Hnha de Oí.
i) a e P são sentenças atómicas
a=Y e p=e 4.3.5 Teorema da|/compacidade: Dado um conjunto de
.-. i-a<-^P fórmulas F qualquer, F é satisfazível se e somente se F é
finitamente satisfazível. Relembrando: F é finitamente
ii) a=-i\[í, e P=-i\|/2 satisfazível se e somente se todo subconjunto finito de F for
\|/,«->\|/2 (hip. indutiva) satisfazível
— 1 \ | / 2 (teorema 51)
.-.i-a^P
iii) a=\|/iAX, e P=\K2AX2 A ida é trivial. Se F é satisfazível, então F é finitamente
\|/,^\|/2 e Xi-^Xz (hip- indutiva) satisfazível. De fato, se uma atribuição de verdade u
satisfaz F, então ela torna verdadeiros todos os elementos
\|/,AX,4->\|/2AX2 (teorema 52)
.-. i-a^P
162 163
de r, assim, u torna verdadeiros todos os elementos de finitamente satisfazível, então 2;—itt é finitamente
qualquer subconjunto de F . satisfazível.
2;a n ã o é finitaraente satisfazível (hip)
2„;a n ã o é satisfazível (para algum 2,,c2)
Queremos provar que se F é finitamente satisfazível,
e n t ã o F é satisfazível. Faremos isto provando que F C A , 2l=—itt (pois toda a.v. que satisfaz 2, satisfaz 2 J
tal que A é satisfazível. Para isto teremos que antes 2;—lOC é satisfazível •' ' ^ ' ^• • ' ' «
demonstrar três lemas: , ,,,; 2 ; - i a é finitamente satisfazível (parte trivial da compac.)
(qed)
L e m a 1: Para qualquer conjunto de f ó r m u l a s 2, E t = a se e
sbmente se 2;—itt é insatisfazível. |/j^ema 3 ' : l D a d o u m conjunto de f ó r m u l a s A , se A é
m a x i m a l e finitamente satisfazível, e n t ã o A é satisfazível.
...^ '
Definimos uma atribuição de verdade u da seguinte
2Na (hip.) forma: '
T o d a a.v. que satisfaz 2, torna CC verdadeira -
T o d a a.v. que satisfaz 2, torna—la falsa ^ \ u(o)=V se e somente se 0 é u m s í m b o l o sentenciai
2;—itt é insatisfazível , •. . pertencente a A
Reclamamos que u satisfaz A. Provamos isso
demonstrando que U ' ( Y ) = V SSS y e O que faremos
2;—la é insatisfazível ; ' , > . usando i n d u ç ã o sobre Y-
o u (i) 2 é insatisfazível o u (ii) para toda a.v. u , se u
satisfaz 2, u'(—ia)=F (onde u ' é a e x t e n s ã o de u) i) Y é f ó r m u l a a t ó m i c a
Se(i),2t=a (por vacuidade) «*<^-r^»WçEZK^*^
Se (ii), 2t=a, pois toda a.v. que satisfaz 2, torna a U'(Y)=U(Y)
verdadeira. U ' ( Y ) = V sss Y e A (pela definição de u)
2l=a (por e x a u s t ã o das possibilidades)
(qed) ii) Y = - i a
L e m a 2: D a d o u m conjunto de f ó r m u l a s 2 qualquer,
finitamente satisfazível, temos que se 2;a não é
164 165
E se - i P G A, então { - i P , « A P } C A
u'(a)=F Mas { - i t t , aAPjcZ A e { - n p , ttApjcX A (pois A é finit.
a g A , (hip. indutiva) satisfazível)
—itt e A ' • (pela maximalidade de A) Logo, - i t t g A e - i P g A
YG A Assim, a G A e p G A (pela maxim. de A)
u ' ( a ) = V e u'(P)=V (hip. indutiva)
u'(Y)=V
'=avp
u'(a)=V
a e A (hip. indutiva) {=>)•• " ^.
Se — i t t e A, então {a, —.a} c A
Mas, {a. -!«} Ç2 A (pois A é finit. satisfazível) Yg A
Logo, — i t t g A -i(avp) G A (pela maxim. de A)
A j Se a G A, então {a, -i(avP)} c A
E se p G A, então {P, ^ ( a v p ) } C A
iii) Y=OCAp Mas {a,-i(avP)}cz:Ae {P,-i(avP)}(Z: A (pois A é
finit. satisfazível)
Logo, a g A e P g A
u ' ( a ) = F e u'(P)=F (hip. indutiva)
u'(Y)=V u'(Y)=F
u ' ( a ) = V e u'((3)=V
a G AePe A (hip. indutiva) (^): . '
Se - i ( a A P ) G A, então { a , P, - i ( a A P ) } C A
Mas, { a , P, - i ( a A P ) } (2 A (pois A é finit. satisfazível) u'(Y)=F
Logo, - i ( a A P ) g A u ' ( a ) = F e u'(P)=F
e ttAP G A (pela maximalidade de A) aí AeP g A (hip. indutiva)
YG A - l a G A e -iP G A (pela maxim. de A)
Se a v P G A, então { - i t t , - i P , a v P } c A
(^): Mas, { - . a , - i P , avPjcí A (pois A é fimt. satisfazível)
Logo, (XvP g A , ,
YG A Yg A , : /'-yji , ^
Se - i t t G A, então { - i t t , ttAP} C A
166 167
itt e A e -iP G A (hip. indutiva e maxim.)
Se - i ( a ^ P ) G A, então ou {a, P, - i ( a ^ P ) } c A (por i)
ou {-itt, -iP, - i ( a ^ p ) } c A (por ii)
)
{a, P, ^ ( a ^ P ) } (Z A e {^a, ^P, -.(a<-^p)} cZ A (A é
yg A
finit. satisfazível)
^(a->(3) G A (pela maxim. de A) Logo,-i(a<-^P) g A ' (deieii)
Se - i t t 6 A, então {-itt, -i(a->p)} c A YG A (pela maxim. de A)
E se P e A, então {p, ^(a->p)} C A
Mas {^a, -n(a-^P)} C2 A e {p, ^ ( a ^ p ) } (t A (pois ' ' ' ' - *• - • •
A é finit. satisfazível)
Logo, - i t t g A e P € A u'Cy)=F
e A (pela maxim. de A) ou (i) u'(a)=V e u'(P)=F ou (ii) u'(a)= F e u'(p)=V
u'(a)=V e u'(p)=F (hip. indutiva) Se (i) a G A e Pg A / . - I P G A (hip. indut. e maxim.)
u'(Y)=F Se (ii) a g A e PG A ittG A (hip. indut. e maxim.)
Se a<-»P G A, então ou {a, -iP, a<->P} C A (de i)
ou {-la, p, a<-^P} c A (de li)
{a, -iP, a ^ P } cz A e {-la, P, a ^ P } d A (pois A é
u'(Y)=F finit. satisfazível)
u'(a)=V e u'(P)=F Logo, a ^ P g A (de i e ii)
a G AePg A (hip. indutiva) Yg A
"•P G A (pela maxim. de A)
Se a-^p G A, então { a , -nP, a-^>P} c A Assim, provamos que, dado um conjunto de fórmulas A
{ a , -,p, a ^ P } {/ A (pois A é finit. satisfazível) qualquer, se A é maximal e finitamente satisfazível, então A é
Logo, a-^P g A satisfazível, pois a atribuição de verdade u definida acima
Y^ A satisfaz A. Com isso, concluímos a demonstração dos lemas
de que precisávamos^e agora podemos provar a parte não
trivial da compacidade. Vem:
vi) Y = a ^ P
r é finitamente satisfazível (hip)
r C A tal que, dada uma lista das fbf s Y i , Y2> •••Yi>- (cf
Ex3, 5): Cy\0^') , ,^
u'(Y)=V
An=r
ou (]) u'(a)=V e u'(P)=V ou (ii) u'(a)= F e u'(P)=F
Se(i)aGAePGAese(ii)agAePgA
168
/ A, IU{Y,}, se A; IU{Y,} é finitamente satisfazível FKa, (hip.)
Fha, (hip.)
\, caso contrário. : . F 1 = a, (hip. indutiva)
F 1 = a- (hip. indutiva)
A=A„uA]L>'... (A é a união de todos os infinitos Aj) Para toda a.v. u:
Se u satisfaz F, u\a^='V e u'{a,-^a^^=V
A é maximal por construção, pois, dada qualquer fbf Yj, Se u'(a,^aJ=V, então ou u'(ai)=F ou u'(oO^V,
Y, 6 A ou -lY, G A Mas u'(aO=V ( f^i^ci^^c ri« I '
-::5> A é finitamente satisfazível, pois todo A, é finitamente Logo,u'(00=V
satisfazível (lema 2) e qualquer subconjunto de A está .-.F ^ a. (qed)
contido cm algum A, (por construção)
" A é satisfazível (lema 3) b) C: yt^ t
r é satisfazível (parte trivial da compacidade)
, (qed) A(M Para ( \ = a „ ^ a ,
Fh-a, (hip.) ' '
4.3.6 Teorema d^j! cortéção^ Se F h a, então F t= a
r \= a- (hip. indutiva)
Para toda a.v. u:
Se a e T ( 0 ) , então t= a e, logo F t= a (cf p. 140). Senão,
Se u satisfaz F, u'(ai)=V
há uma prova de a a partir de F e temos os seguintes casos:
Se u'(aj)=V, então u'(a„-»a^=V
.-.F t= a (qed)
caso 1: a e F
c) EC:
F N a (pois toda atribuição de verdade que satisfaz F torna
verdadeiro cada membro de F, inclusive a) Para a,=a^Aa|,
caso^: na prova de a a partir de F, aparecem as fórmulas a,
FKa, (hip.)
e ttj (ou só das quais (ou só de a|^=a se deduz por
F 1= a, (hip. indutiva)
aplicação de uma das seguintes regras de inferência:
Para toda a.v. u:
Se u satisfaz F, u'(CC„Aat)=V
a)MP: AAÍ
Se u'(a„Aa;^=V, então u ' ( a J = V e u\oQ=Y
. - . F N a (qed)
Para aj=a,->a|^
o
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172 173
i) DD:
r^^a, para todo F^C F ', ,
Para a^^=a^^a^ e a . = ( a „ ^ a j A ( a , ^ a J F^;—itt é satisfazível, para todo F^C F (3.5, lema 1)
F;—la é finitamente satisfazível (pois um subconjunto
ri-a, (hip.) qualquer de F, ou é um F^ ou é um F^;—itt)
r 1= tt; (hip. indutiva) F;—itt é satisfazível (teorema da compacidade)
Para toda a.v. u: , ; r^a (3.5, lema 1)
Se u satisfaz r, u ' ( ( a „ ^ a j A ( a „ ^ a J ) = V (qed)
Se u'(aj9tu'(aj, então u'((a„^ajA(a„-^aJ)=F, Lema 2: Dado que T é o conjunto das tautologias e F, um
Logo, u ' ( a j = u ' ( a j e, portanto, u'(a,^^a„)=V conjunto de fórmulas qualquer, temos que F I— CX se e
^ a (qed)
.-.r somente se F u T 1= a, para qualquer fórmula a.
Para a , = ( a „ ^ a j A ( a „ ^ a J e a , = a „ ^ a „ • •^ ^ ^
(^):
• Th-cc. (hip.) ,^ ,
r t= CC, (hip. indutiva) i í Fh-a . , (hip.)
Para toda a.v. u: FuTka V (monoton.)
Se u satisfaz F, u ' ( a „ ^ a J = V FuTl=a . (correção) ,'- ; ,
Se u ' ( a „ ^ a J = V , então u ' ( a j = u ' ( a j .
Se u ' ( a j = u ' ( a j , então u'(a„->aJ=V e u ' ( a „ ^ a J = V (4=): • .. . .,;^r > .M-ri«v<v..:!
••• u'((a™->aj A(oc„->aJ)=V
.•.rt= a (qed) ^ FuTl=a (hip.)
{Y„ Y2> Y3, -Y„, e„ e^, 63, e„} N a (lema 1)
Tendo demonstrado a tese para cada caso de a, temos Y,AY2AY3A...YnA0iA62A93A...9„-^a e T (pois se o antece-
provado de forma geral a correção da LP, isto é, se F h- dente é V, a é V)
a, então r 1= a. (qed) FuTl-YiAY2AY3A...Y„A0,AO2A93A...6„-^a (reflexividade)
FUTI-Y,AY2AY3A...Y„A9,A92A63A...9„ (reflex. e IC)
4.3.7 Teorema da d e d u ç i ^ (TD): Se T, |3ha, então T FuTh-a MP (qed)
K|3->a '
Agora podemos provar o teorema da dedução:
Lema 1: Se ri=a, então existe r^l=a, tal que F^C F e é
finito F,Pha
FuT,(3^a (lema 2)
174 175
Para toda a.v. u, se u satisfaz FLJT, então u';((p)=F (hip.)
Ou u ' ( p ) = V (i) ou u'(|3)=F (li) L , = {—iCp} (por construção)
Se (i), então u ' ( M a ) = V (pois r u T , P ^ a ) Ljl—i(p (reflexividade)
Se (ii), então u ' ( p - ^ a ) = V (pela falsidade de P)
Logo, u'(P—>CC)=V . (por exaustão) b) (p = - i t t :
Vem: ' (=>):
ruTNp->a u'.(cp)-V • :
rhp->a (lema 2) (qed) u',(a)=F
L; I la (Ilip. indutiva)
4.3.8 Teorema da completude*: Se F t= a, então F I - OC L.Kcp
Lema 1: Dada uma proposição (p, uma atribuição de verdade
u- e u m conjunto de literais Lj (cf. seção 1.1.1), tal que, para
cada letra sentenciai OC que aparece em (p, L;={x | x=CC se u',((p)=F
U j ( a ) = V e x=-ia caso contrário}, temos que: L,l-(p se u'.(a)=V
u',((p)=V e L,l ^(p caso contrário. Ljl-a (hip. indutiva)
L,l-p->a C
Provaremos usando indução sobre (p: L,i—^p^a C
L.h^a-^-.p CP
a) (p é uma letra sentenciai
L,l—^a->-i-ip CP
L,l—^-,a RA
(^):
L,l-^(p
Ui(cp)=V (hip.)
c) (p = ttAP
L , = {(p} (por construção)
L,h-(p (reflexividade)
(=>)^
u'.((p)=V
u ' , ( a ) = V e u',(P)=V
* Atribuímos o crédito por esta prova aos professores Tarcísio Pequeno
L, h a e L , h p (hip. indutiva)
(UFC) e Paulo Veloso (UFRJ). Se ela f o i elaborada por alguém antes
deles, não é do nosso conhecimento. L, f-(p IC
•e
r t-^ r _t-^ r r t-^ tr^ r 1-^ r c
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H 2 1? B H 2 1^
o O H
o T) <T>
o o-

í
178
179
L„ a«-^Pi—iP-^a CP
L„ a<-^pi-a MP
ou u',(a)=V e u',(p)=V, ou u',(a)=F e u',(|3)=F
L„ a<-^Pf-a-^P DD
ou L , K a e L,h-|3, ou L , l — e L , l — ( h i p . indut.)
L., a<->PKP MP
ouL,l-P-»aeL,l-a-^P, C
L, h-(a^p)-^^P TD
ouLjl—^P-^-iaeL,l—^a-^-nP c
L, H(a<-^P)->p TD
Lih-p-^aeL,i-a->p CP
L, I—^(a^p) RA
L,h-a<^P DD
Li I—^(p (por (i) ©u por (ii))
(qed)
fj^ema 2^Se ( o ^ P , , P2, P„ -> Pnl^^P e ^3)p„ P2, P 3 , - ,
" " P j M ^ e n t ã o {p„p2,p„...,PJh(p .
u',((p)=F
ou u',(a)=V e u',(P)=F, ou u',(a)=F e u',(p)=V {a,p„P„P3,...,PjK(p (hip.)
ou L,h-a e L,l—^p, ou L , l — e L,hp (hip. indut.) Ha,p„p„P3,...,p„}H(p (hip.)
ou L,l—ip-^a e L , l - a - ^ ^ p (í), C• TD
{P,P„P3,...,pjHa^(p
ou L, I- p-^-,a e L, I—^a-^p (ii) C ID
de®: {P„P2,P3,-,Pn}^-CC^Cp
{ p , P „ P3,..., P J h ^ ( p - > ^ a CP
L„ a<^pl—^P^a e L„ a o P h - a ^ ^ p (monoton.)
{P„P„ P3, ...,pjK^(p->^^a CP
L„ a<->pi-a-^P DD
{P,P„P3,...,P„}K^-(p RA
L„ a ^ p i — • RA
DN (qed)
L-, a<^Pi—^a->P CP
L„aoPhp MP ]..ema 3: Se uma proposição (p é uma tautologia, então (p é
L„ a o P f - P - > a DD "um teorema lógico (se t=(p, então l-(p)
L„a<-^Pi-a MP
L; i - ( a ^ p ) ^ - , a TD Sejam s,, Sj, Sj, s,, uma hsta dos símbolos sentenciais que
L, l - ( a ^ P ) - ^ a TD ocorrem em (p e e atribuições de verdade, tal que,
L , h-^(oc^P) RA respectivamente, v^ atribui verdadeiro e v„ atribui falso a
de (ii): todos os elementos desta Hsta. Admitindo que cp é uma
L„ a<-^pf-P^-ia e L„ a ^ P l ^a-^P (monoton.) tautologia, pelo lema 1, temos:
L;, a ^ P h p ^ a DD
L„ O C ^ P K ^ P RA
180
CAPÍTULO 5 - LÓGICA D E PREDI-
Onde CADOS D E PRIMEIRA ORDEM (LPPO)
5.1 A Sintaxe da LPPO
L „ = { - i S i , - 1 S 2 , ^s,, -iS|^.„-,sj
O leitor mais crítico poderia ficar com a impressão de que
Pelo lema 2, concluímos que:
na passagem do silogismo aristotélico para a lógica
proposicional nós demos um passo para trás e,^ num certo
F-Cp • (qed) sentido, ele teria razão. Uma lógica é tanto mais expressiva
quanto mais relações de inferência ela consegue formalizar.
Agora, provaremos diretamente a completude da LP: » Enquanto a lógica silogística penetra a estrutura interna das
proposições elementares, podendo com isso formalizar as
r Na (hip.) inferências que se radicam nas relações existentes entre estas
Fs 1= a, para algum Fs C F finito (3.7, lema 1) estruturas, a lógica proposicional permanece, por assim
dizer, na superfície, sem analisar a estrutura interna das
proposições elementares. Por outro lado, a crítica do leitor
' ^ Y.AY2AY3A ...Yn-^a (lema 3) perde bastante de sua força se observarmos que as relações
^^-YlAY2AY3A - Y n ^ a (monoton.) proposicionais que a LP formaliza não são nem mesmo
F h Y i A Y a A Y j A ...Y„ IC tocadas pelo silogismo. Assim, colocados frente a frente, não
Fha . MP (qed) se pode dizer nem que o silogismo é mais expressivo do que
a LP nem o contrário, cada um dá conta de tipos de
inferência diferentes. A lógica formal contemporânea, tal
como primeiramente foi concebida por Frege, se destinava a
formalizar tanto o tipo de inferência próprio do silogismo
como aquele que é característico da LP. Essa lógica foi
chamada de tógica de predicados, ou lógica elementar, ou ainda
lógica de primeira ordem. Essas denominações dão uma ideia das_
principais característcas dessa lógica. Ela è^lógica^^dj^prediçado^.
porque é provida de símbolos específicos "Çarãrepresentar
predicados, é lógica elementar ou de primeira ordem porque os
predicados são aplicados unicamente a elementos primitivos.
_'! ais predicados são chamados de predicados de primeira ordem.
|i^redicados de segunda ordem|seriam aqueles que predicam
sobre predicados de primeira ordem, predicados de terceira
ordeni os que predicam sobre predicados de segunda ordem
e assim por diante. Outrossim, uma lógica onde é possível
182 183
predicar sobre predicados de primeira ordem é chamada de conceito de primeira ordem ser mortal. Conceitos de primeira
] lóffca de segmdã~õrdmí]\^ & assim por diante. ordem, por sua vez, caem sob conceitos de segunda ordem.
JNl este^^TãpítuIõ, vamos apresentar uma lógica de predi- A atribuição numérica, por exemplo, é uma predicação de
cados que chamaremos de LPPO ^ógica de Predicados de segunda ordem: quando se diz que existem nove planetas no
Primeira Ordem). A LPPO é uma estrutura que podemos nosso sistema solar, está se predicando algo não sobre
especificar de forma semelhante a que usamos para Marte, Júpiter ou Saturno, mas sobre o conceito ser planeta no
especificar a LP. Tei^s: nosso sistema solar. Diz-se, exatamente, que existem nove
objetos que caem sob esse conceito. Dizer que unicórnios
LPPO=<Í;,RI> , , . não existem, por sua vez, significa atribuir o número zero ao
conceito de primeira ordem ser um unicórnio: líada é um
Onde L é uma Unguagem e R I , um conjunto de regras de unicórnio = nenhum objeto cai sob o conceito de ser um
inferência. Comecemos então por estudar a linguagem da unicórnio. Toda discussão sobre as diferentes ontologias,
• LPPO. suas vktudes e dificuldades, não nos interessará neste
momento. Importa somente perceber agora que os conceitos
5.1.1 A Linguagem da LPPO (£) ou termos insaturados de Frege podem exigir mais de um
termo singular para sua saturação: ... ama p.ex. pede dois
complementos, ... apresenta... para três complementos, e
Não é necessário muito esforço para perceber que, em
a"ssrm por~3Iante. Isso representa um grande avanço em
geral, nas linguagens naturais, a estrutura de uma proposição
relação ao silogismo aristotélico, no qual apenas se
elementar se constitui de um sujeito e um predicado:
reconheciam inferências de proposições da forma simples
sujeito - predicado. Uma proposição tal como
Sujeito (S) + cópula + predicado (P)
Sócrates mortal, Maria caça borboletas
e
Cinco é ímpar,
A maçã vermelha, nem poderia ser integrada num silogismo, mesmo que haja
é
Nós filósofos. exemplos de argumentos inmitivamente válidos que poderi-
somos
am incluí-la, como é o caso de:
A forma geral S-P da linguagem natural corresponde ao
antigo esquema da metafísica de Aristóteles que postulava Maria caça borboletas •= / .
duas categorias ontológicas fijndamentais: substância e atri- Borboletas são insetos
buto. Segundo^Ãristótde^, atributos inerem em substâncias: Maria caça insetos • .
se Sócrates for "mortal, "ó atributo da mortalidadeJneiÊ, na
substância Sócrates. De modo semelhante, a ontologia de A razão disso é que todas as proposições dos silogismos
I Freg^ distingue duas categorias fiandamentai?! õBjêtos e têm a forma predicativa S é um P (sujeito-cópula-predicado),
TOnceitQs. Objetos são denotados por termos singillares ou ao passo que a proposição supracitada tem uma estrutura
saturados e conceitos por termos predicativos ou insatu- relacional: aRb - sujeito-relação-sujeito. Outros exemplos de
rados. Assim, na sua terminologia, o objeto Sócrates cai sob o proposições relacionais são:
184
construir a linguagem da lógica de_^edicados, ou seja, o
Pedro ama Maria \^?i^£tó_j^_JJÍEO^ychamaremos defA.^Ele terá a seguinte
João é pai de Pedro composição:
;, Pedro e Paulo são irmãos ^
Maria abraça Mário A = símbolos lógicos KJ símbolos paramétricos
Ana é maior que Beatriz Símbolos lógicos = {(, )~—\, A, v , —>, <->7' V, 3, =, x, y, z, X j ,
Yi, Zi, ...}
A Hnguagem da LPPO nos dotará de instrumentos para Símbolos paramétricos = predicadosUconstantesUfunções
representar proposições relacionais dando-Lhes uma forma Predicados = letras romanas miaúsculas numeradas ou não
predicativa. Isso é possível porque, ao invés de__trat3r Constantes = {a, b, c, d, e, a,, b,, c,, d,, e,...}
predicados como atributos de substâncias, como fazia
Funções= { f ^ g ' , para todo x e y G N*}
Aristóteles, os trataremos já desde o início como relações.
De fato, soa bastante razoável dizer que objetos tais e tais
têm o predicado de estarem relacionados de determinada Os símbolos lógicos de A tem em comum com os
forma, e é assim que a LPPO considera os predicados. Os símbolos de AQ OS parênteses e os conectivos lógicos,
símbolos predicativos nos permitirão representar em uma conservando eles os significados que já conhecemos. Temos
proposição atómica a situação de vários sujeitos (ou objetos) de novidade aqui os£qSntificadores1[, o " V " (lê-se "pa^^a
relacionados entre si, o que não era possível nem com o todo" ou "qualquer"), aêrí5mInãdo\^^ipantificador ^^^^^^^^^ e
silogismo nem com a LP. Teremos, doravante, predicados o " 3 " (lê-se "gdste" ou "algum"), denominado quãntificãaor
correspondentes a relações unárias, isto é, a conjuntos não- ^particuEr^u existencialjp símbolo da igualdade " = " (lê-se
ordenados, como ^ande~mortal, brasileiro, etc, os quais serão 'igual a ' ^ e as variáveis, representadas pelas letras minús-
chamados predicados unários ou propriedades. Predicados culas X, y e z, com ou sem índices numéricos.
correspondentes" a relações ftnárias, como ser pai de, ser maior Os símbolos não-lógicos ou paramétricos (ou simples-
que, abraçar, etc — os chamados predicados binários. Os mente[pãramétro^são constituídos pelos predicados (repre-
predicados ternários, correspondentes a relações ternárias^ sentadds por qualquer letra romana maiúscula, numerada ou
como ficar entre (a fica entre b e c) , apresentar (a apresenta b não), pelas constantes (representadas pelas letras minúsculas
para c), etc. E, se pensarmos em relações__bem específicas. "a", " b " , "c", " d " e "e", numeradas ou não) e pelas funções
poderemos ter predicados de qualquer aridade,] como, por (representadas pelas letras minúsculas " f , " g " e " h " ,
exemplo, um de aridade 10, tal como numeradas ou não). Os índices numéricos das funções
a é o resultado de (b7d-e.f)+l/(g'^^+i').
' É importante notar que, embora os quantificadores sejam aqui
considerados símbolos lógicos (com mterpretação fixa), há autores que
Por aí se vê que a linguagem da LPPO deverá prover os consideram mais como símbolos paramétricos (com interpretação
símbolos para representar os predicados e os objetos aos Uvre). Os que o fazem acentuam o fato dos quantificadores precisarem
quais estes predicados serão apHcados. De fato, é essa sempre ser associados a irni domínio de elementos aos quais eles se
referem de forma genérica. Nós, porém, queremos acentuar o aspecto
também a grande diferença entre a linguagem da LP e a da
sintático dos quantificadores que, como acontece com todos os juntores,
LPPO. O conjunto dos símbolos básicos que usaremos para é delineado por certas regras de inferência.
18S 187
localizam-se acima à direita ou abaixo à direita das letras. Os
índices localizados acima indicam a aridade da função e só O conjunto das fórmulas resultantes destas duas regras
poderão ser omitidos caso a aridade"~em qiiestão seja 1. Os chamaremos de L, a linguagem da LPPO. As fórmulas
índices localizados abaixo servem simplesmente para resultantes de 1 serão as fórmulas atómicas de X e as
diferenciar as diferentes funções, como se vê no caso das resultantes de 2 serão as fórmulas moleculares.
constantes, e podem ser omitidas se usarmos menos_de Note que na regra 1 não está dito que a aridade de P,.
£uatço_£unções. Podemos ainda denominar de ]símholos deve ser n e também não teremos nenhum índice que
f-~.s individuais o conjunto que reúne variáveis e constantes. indique a aridade dos predicados. Isso é devido ao fato da '
' ' Seguindo ainda o exempio da LP, teremos que A * é o aridade de um símbolo predicativo não ser fixa; se em dado
conjunto das expressões para a LPPO, e o definiremos momento ele for apHcado a n objetos, ' então fica
como o conjunto das sequências finitas de símbolos d e / \ subentendido que sua aridade é n; a apHcação do predicado
determinará sua aridade e não o contrário. Isso pode ser
Diferentemente da gramática da LP, a gramática da feito com os predicados em razão da gramática dos termos
LPPO terá duas partes, a gramática dos termos e a gramática não permitir diívidas sobre quais são os termos a que u m
das fórmulas. Termos são expressões que atuarão como predicado está sendo aplicado: F em Fa é um predicado
designadores de objetos. Uma expressão t é u n | termo se e unário, em Fab é um predicado binário, em Fabc é um
somente se: —^ — predicado ternário, etc.
Aqui, como no capítulo anterior, para facilitar a escrita
T T ^ t é um^^símbolo individua^^ ou das fórmulas, omitiremos os [ parênteses desnecessáriõsTl
2. ^Assumindo que t,, t2, t^, t„ são termos e (j)" é uma Valerão as mesmas regras de ornIisaõ~3ê~^^ãiSitêsês~pa^^
j função n-ária^t=(|)"t,t-,t3 ...t„. LP, e teremos o acréscimo de uma regra. Observemos as
mudanças que essas regras provocarão na fórmula:
••Tndo.
l a termo
te constituído com base na regra 2 é um termo
funcional, flambém é interessante distinguir os termos constantes, (Vy(((^3xPx)AQb)-^Qy)<->Vz((-iQz)v(3xPxv(-nQb))))
"aqúéles^que não incluem variáveis em sua composição, e os
termos variáveis, aqueles que as incluem. 1) Os parênteses mais exteriores de uma fórmula podem
ser omitidos^
A gramática das fórmulas recorrg à gramática dos termos
para sua formulação. Urna expresão (p de A * será uma A fórmula ficará:
\a bem formada (fbf) se e somente se:
Vy(((-n3xPx)AQb)^Qy)^Vz((-iQz)v(3xPxv(^Qb)))
' \ Dado queí PAé um predicado e t,, t^, t,, t„ são
termos, (p^^itjtjtv-.t^, ou (p=(t~ti), para 0<i<n e 4) Podem ser omitidos os parênteses externos de
0<j<n, ou qualquer negação
2. Assumindo que a e (3 são f b f s e )i, é uma variável,
(p=(-ia), ou (p=(aAP), ou {p=(avP), ou (p=(a-^(3),
2 Aqui, como no capítulo anterior, usamos "fórmula" para referir a
ou (p=(a<->P), ou (p=V|ia, ou (p=3)j,a. expressão toda, n ã o subfórmulas.
188 189
Ficamos com: Examinemos agora com mais detalhe algumas constru-
ções geradas a partir dos novos símbolos de ^ - • •
Vy((-i3xPxAQb)-^Qy)^Vz(-nQ2v(3xPxV^Qb))
5.1.1.1 Termos
3) Podem ser omitidos os parênteses externos de
aninhamentos conjuntivos e disjuntivos se a estes for Como vimos na gramática dos termos, um termo pode
; aplicada diretamente a implicação ou a dupla ser uma variável, uma constante ou utn termo funcional
implicação. (= termo em que ocorre uma f u n ç ã o ) . ^ a r i á v ê k p ã o termos
genéricos, ou seja, uma variável não_designa um objeto. mas
A fórmula fica: - ' ? , ' o lugar que deve ser ocupado pelos objetos de dado domínio
em uma dada relação. Assim, graças ao uso de variáveis, é
, Vy(-,3xPxAQb->Qy)<->Vz(-^Q2V(3xPxv-nQb)) possível tratar de um predicado sem determinar os objetos
particulares a que ele se aplica. Veja
4) Podem ser omitidos os parênteses internos de
aninhamentos conjuntivos. Px = "x é mais pesado que um b o i "
Axy = "x ama y"
A fórmula continua: Dxyz = "x dá y a z"
Vy(-,3xPxAQb^Qy)^Vz(-nQzv(3xPxv-,Qb)) Aqui, a rigor, não dizemos nada sobre os objetos de
nosso discurso. As únicas coisas que as variáveis indicam
5) Podem ser omitidos os parênteses internos de nesse caso é que há um conjunto dos x, um conjunto dos y e
aninhamentos disjuntivos. um conjunto dos z. Com isso, percebemos, por exemplo,
que o predicado P toma o conjunto dos x como domínio
Teremos a fórmula: \ (lembre-se que estamos tratando predicados como relações,
por isso podemos falar de domínios de predicados). AHás,
Vy(-,3xPxAQb-^Qy)^Vz(-,Qzv3xPxv-,Qb) isso é a única coisa que nos é informada pela fórmula; o que
nos adverte do perigo de ler nela mais do que ela representa.
6) Podem ser omitidos os parênteses de uma identidade, De fato, alguém pode pensar que ao traduzirmos Px como
salvo se ela sozinha constituir o escopo de uma "x é mais pesado que um boi", estamos asseverando que um
generalização (cf. 1.1.3). certo sujeito x é mais pesado que um boi, mas, m v e r d a d e ^
não é nome de ninguém, ou seja, com x n ã o referimos
Vx(Px—>x=y) (correto) 3yx=y (errado) nenhum sujeito, e, portanto, Px não assevera nada. O
significado de Px seria mais próximo de algo como "a
Note que através destas regras conseguimos reduzir o propriedade de ser mais pesado que um boi com relação ao
número de parênteses de oito para dois pares. Isso é uma conjunto dos x", algo que não está sendo afurmado ou
grande contribuição para a simplicação da escrita de negado de coisa alguma.
fórmulas.
190 191
Na seção 1.1.3, veremos que as variáveis podem ser que lhe fosse pecuhar. Por exemplo, "o mestre de Platão" é
associadas a quantificadores para se tornarem designadores uma expressão que designa Sócrates fazendo referência a
de objetos. Mesmo assim, elas só designarão__objetos uma qualidade específica de Sócrates. Esta qualidade é
genericamente, às vezes fazendo referência d é l õ m a s ó vez a específica de Sócrates, porque ele foi o "único" mestre de
fõHÕTos objetos de u m dado domínio, às vezes designando Platão. Neste caso, a descrição definida corresponde a um
objetos que não estão especificados. termo funcional, pois ele é gerado pela apHcação da função
Constantes são termos que designam objetos direta- "ser mestre de" ao objeto Platão. Existem, todavia,
mente, em outras palavras, elas são como rótulos que podem descrições definidas que não correspondem ^ l e r m o s
ser apHcados aos objetos sem fazer qualquer referência WóoM como p.ex. "o menor número natural". Neste
intermediária. caso, a expressão especifica um objeto sem fazer referência a
um outro objeto, ou seja, sem aplicar uma função a um
objeto.
constantes objetos Observa-se a vantagem do uso de L em lugar da
Hnguagem natural quando percebemos que as descrições
definidas nem sempre têm um sentido preciso. Considere o
seguinte exemplo:
A metade de 2 mais 2
Diferente é o papel dos termos funcionais, os quais
designam objetos indiretamente, ou seja, a designação só é Esta é uma descrição definida de sentido duvidoso.
possível porque uma função é apHcada a um ou mais objetos Dependendo de como a interpretamos, ela pode se referir
que tem uma relação específica com o termo que se quer tanto ao número 2 como ao número 3. Para expressarmos
referir. essa descrição como um termo funcional, precisamos
especificar o significado das funções que o comporão, e,
nomes de filhos designações de pais pais com isso, qualquer ambiguidade será eliminada. Assim,
façamos -
apUcação de g designa
^ — •A metade de x
g=pai de X g = X mais y
a = 2
(Se, por exemplo, c= "Pedro", então gc="o pai de Pedro" e
• = o indivíduo designado por gc) daí teremos que
Tais termos, quando traduzidos para a linguagem natural, fg\ = 2
correspondem a umajsubclasse das descrições definidas/de g^faa = 3
Russell. Ele chamava de descrições definidas expressõeFque
designavam um indivíduo com base em alguma qualidade
193
192
Cada um dos termos funcionais acima tem um sentido velho de Ludwig Wittgenstein" (ele nunca teve filhos) e "o
preciso. Referências intrincadas feitas em linguagem natural maior número natural". Tais descrições vácuas podem gerar
também são esclarecidas quando as substituímos por termos. interessantes problemas lógicos. Se considerarmos a senten-
Esta, por exemplo, é uma descrição que faz referência a um ça "o atual rei da França é careca" falsa, deveríamos concluir
rato: , • : • que sua negação é verdadeira, mas "o atual rei da França não
é careca" parece igualmente falsa. Uma solução seria
O rato que roeu a roupa que o rei que a rainha que Ricardo roubou considerar simplesmente que ambas as sentenças são
rejeitou rasgou destituídas de verdade e falsidade, e aceitar que existem
sentenças declarativas que não tem nenhum valor de
Tal referência, contudo, não parece nada clara. A verdade. De fato, essa foi a proposta de Frege para
estrutura do termo equivalente a essa descrição definida linguagens naturais. Para a linguagem da aritmética Frege
permite-nos decifrar com maior facilidade o que ela quer sugeriu estipular arbitrariamente o conjunto vazio como
dizer: referência de tais descrições vácuas. Isso, porém, suspende o
princípio do terceiro excluído. A solução de Russell na sua
X; £ Ratos teoria das descrições (em On Denoting, 1905) consistiu em
X2 £ Roupas interpretar sentenças com descrições definidas como
^ X3 £ Reis contendo implicitamente um enunciado de existência. Quem
X4 e Rainhas afirma "o atual rei da França é careca" está, a rigor,
a = Ricardo afirmando "existe um atual rei da França, não mais que um,
f' = o X que roeu y e este rei é careca". Assim podemos admitir que toda
f 2 = o X que o y rasgou sentença bem formada realmente tem um valor de verdade e,
f J = o X que o y rejeitou ao mesmo tempo, recuperar a bivalência, pois distinguimos
f 4 = o X que o y roubou diferentes negações da mesma sentença, já que esta não é
mais simples, mas sim complexa: pode-se negar que exista
um rei da França ou negar que ele seja careca. A discussão a
Donde construímos o termo:
respeito da interpretação correta de tais termos é uma
questão ainda controversa na filosofia, com várias implica-
ffXif'.X2f3X3f4X4a
ções lógicas, semânticas e metafísicas (se a descrição "o ser
sobre o qual não se pode pensar nada maior" necessaria-
Analisando esse termo, podemos ver que falamos do rato
mente se refere a algo, teríamos uma prova trivial de que
que roeu a roupa rasgada pelo rei rejeitado pela rainha
Deus existe).
roubada por Ricardo.
Mas, poderíamos perguntar: e se esse rato não existir? Se
jamais algum rato roeu tal roupa? De fato, um fenómeno
filosoficamente interessante é a possibilidade de se criar
/descrições definidas vácuas,\que não se referem a nada que
realmente existe, p.ex. "o Hiâal rei da França", "o filho mais
194 195
5.1.1.2 Proposições atómicas ou elementares 5.1.1.3 Fórmulas quantificadas A^s-rK//^/>l»«iff-it
As fórmulas atómicas ou elementares de £ serão As fórmulas^dos tipos '^J^ o/B^ia são chamadas
exatamente as fórmulas resultantes da regra 1 da gramática liiimulas quantificadas 1 ou l^^eilirãlízaçõ^ fórmulas do
das fórmulas. Vê-se assim que as fórmulas j|Ô£nicas de £. já primeiro tipo sao generaIiza0Ss~iiniversais e as do segundo
possuem uma estrutura complexa, e, às vezes, bem comple- lipo são generalizações existenciais. Note que o quantifica-
xa, como nesse cxcrppTõí ilor é aplicado àformula a \ o d á l Esta fórmula a será
chamada depw/)o do quantificador. A variável que antecede
• QfVcyb o escopo, aqm representada por \X, será, por sua vez,
chamada variável i sso posto, podemos verificar, por
Algumas fórmulas moleculares de L, como —iFb, por
exemplo, que
exemplo, terão uma estrutura mais simples do que esta. A
marca característica de todas as fórmulas atómicas de X é a
Vx(Pa—^Qyc) é uma generalização e
ausência de conectivos lógicos (como já acontecia com as
fórmulas de X,,), bem como de quantificadores. Por conta 1- ^íE!í7^^^^ '^^^ ^ uma generalização
dessa característica, as fórmulas atómicas têm todas um e 3yRd é uma generalização e
apenas um predicado em sua constituição. ,^^3x—IFXABZ—iFz não é uma generalização.
Isso não deve soar estranho com respeito às identidades,
vale dizer, às fórmulas cujo único símbolo lógico é o A segunda expressão não é uma generalização, porque o
símbolo da igualdade. A igualdade também pode ser escopo do quantificador é apenas Px. Para que tivéssemos
considerada u m predicado, e, com efeito, é um dos poucos uma generalização, seria necessário escrever nesse lugar, por
predicados univeisai^ já que, prima facie, tudo é igual a si
exemplo, Vx(Px—>Qaz). Com efeito, não há nenhuma regra
mesmo. AJT igualdade/ só é tratada como sírnbolo_lógico
porque ela e um predicado não paramétrico, o que quer dizer ijue permita a omissão dos parênteses externos de uma
que sua interpretação nao é variável, eTã~sempre significa a fórmula complexa que ocupa o lugar do escopo de um
mesma coisa. Assim, quando dizemos que t,=tj, isto sempre tjuantificador, salvo se essa fórmula for uma negação. Da
deve ser interpretado como "os termos t, e tj designam o mesma forma, para a fórmula do quarto exemplo ser
mesmo objeto". Por comodidade, usaremos o símbolo considerada uma generalização, seria necessário escrever
para substituir a negação de uma identidade; por conse-
3X(--IFXA3Z-IFZ).
guinte, t , * t 2 deve equivaler a —itj^tj.
Merece destaque o fato dos quantificadores serem
Como mencionamos acima, a aridade de um predicado é
iiilerdefiníveis. Isto significa que uma fórmula com
subentendida na sua aplicação. N o exemplo acima, fica claro
t|uantificador universal sempre pode ser transformada em
que o predicado Q está sendo aplicado a apenas um termo, a
uma fórmula que contém apenas quantificador existencial e
saber, f^xg^cyb. Se o exemplo fosse outro e tivéssemos a
vicc-versa. As transformações são feitas com base nas
fórmula Qfxg^cyb, Q seria um predicado ternário, ele estaria
relações de equivalência abaixo:
sendo aplicado a fx, g^cy e b (vê-se aqui a importância dos
índices que indicam a aridade das funções).
196
197
1 . V|a,a -,3|i-íoc \A ; . , v . ; ^ v ,v, i
A - Vx(Px^Qx) ^ ;
2.3\ia <^^-iy|j,-iOC ^
E - Vx(Px-^-iQx)
[ - -iVx-n(PxAQx) .-. -,Vx(Px^-,Qx)
0 sinal de equivalência lógica "<=4>" deixa claro que a
O - ^Vx^(PxA-nQx) .-. -n\fx(Px-^Qx)
fórmula à sua esquerda sempre pode ser substituída pela
fórmula à sua direita, e vice-versa. Com isso, fica
Nesse ponto, podemos notar também o quanto a LPPO
estabelecido que tudo o que é formulável na LPPO com os
é inais expressiva do que o silogismo. Enquanto os tipos de
dois quantificadores, também é formulável com apenas u m
(('irmulas do silogismo se restringem aos ^quatro que
deles, seja o quantificador universal, seja o quantificador
acabamos de formalizar, a LPPO permite a expressão de
existencial. E m outras palavras, assim como na lógica
muitos outros tipos, tanto de fórmulas quantificadas, quanto
proposicional todos os juntores poderiam ser substituídos
de fórmulas sem quantificação. Na verdade, como veremos
por u m só juntor sem perda de expressividade (a barra de
adiante, a superioridade, da LPPO em relação ao silogismo
Sheffer, por exemplo), da mesma forma, na LPPO, poderia
do Aristóteles não se restringe à expressividade; ela também
ser usado apenas u m dos quantificadores (qualquer um deles
V [presente na economia de regras, na abrangência de
serviria). Mesmo assim é. comum o uso dos dois quantifi-
inferências e na exclusão de inferências indesejadas.
cadores para simplificar a escrita e a dedução de certas
Veremos em seção futura que essas vantagens decorrem de
fórmulas.
certas propriedades de LPPO, a saber: a independência, a
Note que a negação de uma generaK2ação existencial
completude e a correção. Mas, mesmo com todas essas
equivale a uma generalização universal e a negação de uma
vantagens, parece que a LPPO ainda não dá conta de todas
generaKzação universal equivale a uma generalização existen-
as formas de inferência válidas usadas na linguagem natural.
cial. De fato, vemos isso claramente ao formalizarmos as
I'or isso se desenvolveram lógicas alternativas - mas isso é
quatro formas de enunciados categóricos do silogismo
uma outra história, uma história que deixamos para noticiar
aristotélico:
icsumidamente no capítulo final.
A - Vx(Px->Qx)
Importante: uma variável |U, é chamada de^pãriávêll^^]
E - Vx(Px->-nQx)
se e somente se ela aparece no escopo de uma generalização
1 - , 3X(PXAQX)
cuja variável de Ugação é o próprio |I. Se uinajv^riável não é
O - 3x(PxA-,Qx) ligada nem de ligação, ela é chamada de variável livre.
5e numa
r(')rinula não ocorrem variáveis UvreS7"êE~~e~cEamada de,
Sabemos pelo quadrado lógico que A é a negação de O e yórwiila fechada caso contrário ela é chamada áe^rmula aberta.
vice-versa, e que E é a negação de I e vice-versa. E é de fato TNr()te~que'lis~Tórmulas dos exemplos 1 e 2 são'ã!bertas e ãs
isto que verificamos quando transformamos as fórmulas I e fórmulas dos exemplos 3 e 4 são fechadas.
O com base nas relações de equivalência 1 e 2 . Veja:
Aqui, diferente do que fizemos no capítulo anterior,
faremos uma distinção entre sentença e fórmula ou
198 199
proposição. Fórrnula ou proposição£ qualquer expressão constituem um símbolo de A e por isso a expressão não é
pertencente a £,\) é toda fórmula fechada. Como uma fórmula. Ela só seria uma fórmula se tivéssemos
veremos na semântica' da LPPO^ sõinênte sentenças símbolos para designar todos os seres humanos, um por um.
possuem assertividade, ou seja, somente uma sentença pode Mas é claro que uma fórmula assim seria absurdamente
ser verdadeira ou falsa. Outrossim, nossas deduções serão jiraiide, e, portanto, humanamente impossível de ser escrita.
compostas unicamente de sentenças^^NãõJque inexistam Sc, ao invés de trabalharmos com o domínio dos seres
relações de dedutibiUdade entr^ formulas abertas a questão é humanos, estivéssemos trabalhando com um domínio
que acreditamos ser mais fácil 'de "relacionar a sintaxe e a mlinito, aí então, logo de saída, estaria frustrada qualquer
semântica da LPPO ao impormos esta limitação ao nosso esperança de traduzir a generalização universal ccjm base em
método de prova. O conjunto das sentenças será uma fórmula não quantificada. Para resolver esse problema,
simbolizado por X,. 11 l.PPO introduz o quantificador universal. Com o auxílio
A distinção entre variáveis ligadas e livres é pressuposta lio símbolo " V " e tomando " H " para ser o predicado "x é
para se compreender as regras de dedução - por isso não luimano", a proposição inicial pode ser formalizada assim: :
continue a leitura sem ter clareza sobre isso! Se o essencial
está claro, passemos ao exame de alguns tópicos importantes \/x(Hx—>Mx) / = Todo ser humano é mortal (leitura
sobre as generalizações. " '' literal: "para todo x, se x é humano,
então X é mortal")
I) Generalizações universais
Torna-se ainda mais evidente a grande importância do
"Todo ser humano é mortal", seria possível formalizar c|uantificador universal quando o nosso discurso está
essa asserção sem o uso de um quantificador universal? Se circunscrito a áreas onde o trabalho com domínios infinitos
usarmos M para representar o predicado "x é mortal", uma é comum; o que é o caso da matemática. Tome-se como
possibilidade seria então: exemplo a proposição verdadeira "todo número natural é
ímpar ou par". Para formalizá-la, basta usar o quantificador
MaAMbAMcAMdAMeA...AMe„ universal:
o que poderíamos traduzir como: Vx(Nx-^(IxvPx)) ...
"Sócrates é mortal e Platão é mortal e Aristóteles é mortal onde: •' ^ . •
e Pedro é mortal e...e o último homem da lista de homens
é mortal" N = X é número natural
I = X é ímpar
Isso, de fato, equivaleria a dizer "todo ser humano é mortal". P = X é par
O problema está em preenchermos toda a lista de seres
humanos. As reticências no meio da expressão não
200 201
N o entanto, se é estabelecido de antemão que o domínio numeroso esta substituição é incoveniente; quando ele é
das variáveis se restringe ao conjunto dos números naturais, infinito, é impossível. Por isso temos a necessidade de um
o que é feito especificando que x G N ou que D o m = N (o quantificador existencial.
domínio é o conjunto dos naturais), pode-se simplesmente Também poderemos, em algum momento, querer dizer
escrever: algo de uma quantidade determinada de sujeitos. Por
exemplo, "Chiquinha tem dois namorados". Para formalizar-
• Vx(lxVPx) '1?!^'' '"^ -^'^^^ • '-^^ mos uma asserção como essa, temos que fazer associações
de quantificadores. Como fazer isso é o que veremos a
seguir. ,> . . i íí;;.-.
II) Generalizações existenciais
O quantificador particular ou existencial é usado quando III) Quantificação[ múltipla
queremos asseverar que certo(s) objeto(s) não especifica-
do(s) pertence(m) a determinada relação. Se tomarmos F A LPPO ganha grande expressividade graças à
para simbolizar o predicado "x é filósofo", a proposição possibilidade da múltipla quantificação, vale dizer, ao uso de
dois ou mais quantificadores encapsulados na mesma fórmula.
Alguém é filósofo Dois quantificadores estão encapsulados se e somente se o
escopo de um é parte do escopo do outro. Assim, dadas as
será formalizada assim: formulas: T ^ - •
3xFx ( (leitura literal: "existe x, tal que x é filósofo") 1. VxPx^3x(Qy->Px) e • ..^i í ' í
2. VxPx-»W3x(Qy-^Px) i
<— ^
N o exemplo, o quantificador particular não dit^ que existe
apenas um objeto que possui a propriedade de ser filósofo, mas vemos que há quantificação múltipla em 2, mas não em 1.
sim que peh menos u?^ a possui. O u seja, a proposição acima é As vezes, a quantificação múltipla é supérflua. Isto ocorre
verdadeira mesmo que existam centenas de filósofos ou até quando o escopo de um quantificador não contém variável
mesmo se todo ser humano fosse um filósofo. Ela seria falsa livre.
somente se não houvesse nenhum filósofo. Destarte, também
aqui, e em outros casos em que temos um domínio finito, Ex.: VxBxPx '
seria possível substituir a generalização por uma fórmula
eqiaivalente não quantificada, a saber Nesta sentença, a variável é Hgada pelo quantificador
existencial e não pelo universal. De fato, a regra geral é que,
FavFbvFcvFdvFev...vFe„ em caso de encapsulamento de quantificadores com a
mesma variável de ligação, as variáveis ficam ligadas ao
Mas é claro que, a exemplo do que foi mostrado com quantificador que tem o menor escopo. Destarte, o
relação à generalização universal, quando o domínio é muito quantificador universal do exemplo é totalmente inútil, não
202 203
obstante, a sentença está intekamente de acordo c o m a 8. 3 x 3 y A x y <-> 3 y 3 x A x y -
gramática das fórmulas. II
N o silogismo n à o havia a possibíLidade de quantificação Existe a l g u é m que ama a l g u é m =
múltipla, e isso era uma grande desvantagem. Percebemos
existe a l g u é m que é amado por a l g u é m
isso mais facilmente quando observamos c o m o e m muitos
casos s ã o corriqueiras as a s s e r ç õ e s que podemos formalizar A l é m de p e r m i t i r a formalização de enunciados sobre
com base nesse procedimento. Suponha que queiramos certas relações genéricas como os que acabamos de
formalizar a frase " t o d o ser h u m a n o ama a l g u é m " . F a ç a m o s
examinar, c o m o auxíHo da generalização múltipla podemos
também
(ambém formalizar enunciados sobre os predicados de
sujeitos b e m específicos. Isso é o que fazemos ^c[uando
Dom - seres humanos f(2rtiialixamos uma asserção que inclui uma descrição
A = " x ama y " JefinidaAA formalização de{ Russell para a a s s e r ç ã o _o_atual
rei d a ^ a n c a é c a r e ç a " , por exemplo, usa quantificação
A sentença formalizada fica assim: V x B y A x y (leitura múltipla:
literal: Para t o d o x, existe u m y, tal que x ama y).
Dependendo da posição dos quantificadores e das 9. 3 x ( ( F x A V y ( F y - ^ y - x ) ) A C x ) , onde:
variáveis usadas, o sentido de uma fórmula pode m u d a r
radicalmente:
Dom = homens
F - " x é atual rei da F r a n ç a " e
3. V x 3 y A x y = T o d o ser h u m a n o ama a l g u é m C = " x é careca"
4. B x V y A x y = Existe a l g u é m que ama a todos
5. V x B y A y x = T o d o ser h u m a n o é amado por a l g u é m H á outras maneiras de formalizar a mesma a s s e r ç ã o ( c f
6. B x V y A y x l — Existe a l g u é m que é amado p o r todos Ex7, TeolOO), mas sempre se faz uso de quantificação
múltipla.
Estes exemplos m o s t r a m c o m o a o r d e m dos quantifi- N o t e t a m b é m que a fórmula conjuntiva mais interna
cadores é importante, caso estes sejam diferentes. Se os dois garante que atuaknente a F r a n ç a t e m u m e apenas u m rei.
quantificadores f o r e m do mesmo tipo (ambos particulares Isso fica claro se supormos que a F r a n ç a tem dois reis, c, e
o u ambos umversais), eles p o d e m ser trocados sem alteração Cj. Nesse caso, é verdade dizer que F c j , mas n ã o é verdade
de sentido. Veja: dizer que V y ( F y - ^ y ~ C j ) . A fórmula 9 será verdadeira se e
somente se a F r a n ç a atualmente t e m u m ú n i c o rei e ele é
7. V x V y A x y ^ VyVxAxy careca.
li Esta e x p l a n a ç ã o sobre a formalização de " o atoai rei da
T o d o s amam a todos = todos s ã o amados p o r todos F r a n ç a é careca" serve para exemplicar u m procedimento
mais geral c o m respeito à quantificação múltipla. Sempre que
queremos formalizar enunciados sobre um número
204 205
específico de objetos que participam de uma relação, usamos i) 3y(((-,Fa)v(Vx((^Gx)-^Hy)APx))^Gy)
quantificação múltipla. E m geral, quando se trata de
j) 3x((PaA(-iPx))->VyVz((y-a)A(z-x)^(-n(y-z))))
expressar que um único objeto possui uma propriedade P
qualquer, escrevemos: 3. Elabore um procedimento efetivo que liste todas as
identidades de .£ e apenas as identidades.
, 3x,(Px,AVy(Py-^y=xO) <
Solução: ' .. . • •
Para dois objetos, temos:
Considere a seguinte lista de listas de símbolos: •
3x,3x2((Px,APx2)A(x,*X2)AVy(Py-^y=XiVy=X2))
Lo = a b c d e a, b, ... • >' . i -
Para três objetos, vem: - - ' '.
L2=f g f? g; hí f;...
3X,3X23X3((PXIAPX2APX3)A(XI*X2AXJ!*X3AX2*X3)A
L„ = f" g h" f; g: h : f"... • ; •
(Vy(l^y^y-x,Vy=X2Vy=X3)) , .
E assim por diante. U m procedimento que enumera todos esses símbolos é dado
Exercícios (Ex6): • pela tabela a seguir: ^,
1. Elabore um procedimento efetivo que liste todas as
fórmulas dc £ .
2. Elimine os parênteses desnecessários das fórmulas e
indique quais delas são sentenças:
a) (Pa->vye(-nPx))) ; ; , :
b) 3x((PbAQx)-^Px)
c) Vx(FavVx(Fx^VxFx))
d) (Vx(Fa^Fx)-^Vy(y-a))
e) 3x(VyFy^3z(Fyv(^Fz))) •
f) VxVy(a-b->(3x(y-a)A3y(x-b)))
g) (Vy3x(FxAGy)v((3yFyvGy)A3xGx))
h) (((^3xPx)AVyGy)->V2(^(Ga^Pb)))
206 207
A lista que resulta desse procedimento chamaremos de L . 5. Na seção 1.1.3. parte 3, foi apresentado um procedimento
Assim, L = a b f c g ... . que permite formalizar fórmulas que expressam que n
sujeitos tem uma propriedade P. Explique porque, para
Produzimos então mais uma lista de listas usando o expressar que 5 sujeitos tem uma propriedade P, não basta
procedimento acima, sendo que a primeira lista agora é L , a escrever: , - . . ••• .
segunda é uma lista das combinações de dois elementos de
L, a terceira uma lista das combinações de três elementos de 3X,3X23X33X43X5(PX,APX2APX3APX4APX5) • • •
L, e assim por diante. A essa lista de listas chamaremos de
L . Finalmente, a lista dos termos é construída tomando- 6. Assuma os conteúdos proposicionais indicados e traduza
se por ordem cada elemento de L* e colocando-o em se e as seguintes asserções para £,.
somente se ele é um termo. Assim, L, = t, tj tj ... . A lista L=
das identidades de X é dada pela tabela: m = Maria Ui: ••-i,; ^'^ .
i = João
f = o pai de X ; . „ . • . , • -« -
g = o patrão de x ., ^ ^
D = X é despedido por y • =
N = X namora y • •' • " '
O =xodeiay --^I,.:,-^ ;.
a) O pai de Maria é o patrão de João.
b) Se João namorar Maria, seu patrão o despede.
c) Todos os filhos do pai de João são empregados do pai
de Maria.
d) O pai de Maria odeia qualquer um que namore Maria.
e) Todos os namorados de Maria que são empregados de
seu pai são despedidos por ele.
f) O pai de Maria odeia a todos, menos a si mesmo, a sua
(qed) , filha e a sua namorada.
g) O pai de Maria é odiado por todos os seus
4. Assuma que P="x é pai de y" e que trabalhamos com o empregados, exceto por uma que também é sua
domímo dos seres humanos vivos. Mostre como poderíamos namorada.
traduzir para L a asserção "todos tem um pai" sem o auxílio h) Dados dois empregados quaisquer do pai de Maria,
de quantificadores. pelo menos um deles é odiado pelo patrão.
i) Maria odiaria João se ele namorasse a namorada do pai
dela.
208 209
c j) Maria namora qualquer u m que seja empregado de seu iodas as regras de RI^, mas a m u d a n ç a de Unguagem nos
í; pai e o odeie o u odeie a namorada do mesmo. possibilita fazer mais inferências do que anteriormente.
l'oderemos doravante inferti: coisas que eram já inferidas nos
7. Elabore uma gramática das sentenças sem utilizar o silogismos aristotélicos e que não p o d i a m ser inferidas c o m
conceito de fórmula (dica: e m algum m o m e n t o pode ser l)ase na linguagem da LP. Ademais, c o m o £ nos permite
c ó m o d o fazer uso de alguma das fórmulas esquemáticas tazer declarações sobre identidades e sobre relações que
especiais apresentadas no início da p r ó x i m a seção) envolvem a identidade, t a m b é m deveremos estar equipados
para fazer inferências a respeito dessas declarações. Todas
8. Se t i v é s s e m o s que P = " x assistiu ao espetácirlo", c o m o estas novas inferências s ó p o d e r ã o ser feitas porque, a l é m
e x p r e s s a r í a m o s em £ a a s s e r ç ã o : " M a i s de duas m i l pessoas das nossas antigas regras de inferência^ acrescentaremos ao
assistiram ao e s p e t á c u l o " ? (considere "mais de duas m H . . . " nosso repertório "sei^ novas regras^ - duas sobre o
equivalente a " p e l o menos duas m i l e uma...") quantificador particular, ^duãs sobre o quantificador universal
e duas sobre a igualdade. Para enunciá-las farenios uso 3e
5.1.2 As|regras de i n f e r ê n c i a j à a L P P O ( R I ) esquemas gerais c o m o f o i feito c o m a LP. Alguns detalhes
do simbolismo a ser usado devem ser previamente
Os conceitos sintáticos da L P P O s ã o em grande parte esclarecidos, em particular, algumas fórmulas e s q u e m á t i c a s
semelhantes aos da LP. D e fato, codas as definições que especiais devem ser introduzidas. Seja pois a uma fórmula, t,
apresentamos na s e ç ã o 1.2.2 do capítulo anterior são válidas
t, e t , termos constantes e jJ. uma variável. V e m :
para a L P P O . S ó temos de acrescentar agora o conceito de
prova da L P P O . V e m : ^ ^ , i; í ' v;; : , . ; ;
a[t] significa que t ocorre em a
«[tj/tj significa que ajguma ocorrência de t, e m tt
Umsijpnim da LPPOJé uma seqtiência fmita de sentenças
de £ , e m que c a d T T e n t e n ç a o u é premissa, o u é axioma está sendo substituída p o r t j
lógico, ou é derivada de sentenças anteriores p o r meio de a[(l/t] significa que toda ocorrência Hvre de \X e m a
uma das regras de inferência de R I , sendo a última está sendo substituída p o r t
sentença da sequência chamada de c o n c l u s ã o . a[t/|i] significa que, para algum t, se t ocorre em a, t
está sendo substituído por [i
Permanecem t a m b é m as propriedades da funcionalidade a [ t / s i g n i f i c a que, para t o d o t, se t ocorre e m a, t
e do fechamento, e o simboHsm(|rVa' indicará a existência está sendo substituído p o r | I .
de uma prova da L P P O quando r= premissas de OC.
Notai: a=a[!l/t], se jO, não ocorre Hvre em a,
Todas as inferências que p o d i a m ser feitas na L P ,
e a=a[t/|a] o u a=a[t/|i]*, se t n ã o ocorre em a.
continuam podendo ser feitas na L P P O , embora as
sentenças agora sejam anotadas de outra forma. A r a z ã o Feitas estas o b s e r v a ç õ e s , vamos às regras:
disso é que mantemos c o m o regras de inferência da L P P O
210
211
l)lEliminação jio quantificador universal (E-V) zlTntrõdiição^o quantificador universal (I-V)
VM-g
V|xa[t/n]*
A fórmula que resulta desta regra é denominada de (onde pu^V, caso t ocorra no escopo de uma generalização
fórmula universalmente instanciada. N ã o é difícil justificar
que t e m V c o m o variável de ligação)
esta regra. C o m efeito, parece razoável aceitar que se todos
os objetos têm u m determinado predicado, então u m objeto
[Restri^ãõ^ít n ã o pode ocorrer em nenhuma premissa de ÇX
particular designado por t t a m b é m tem esse predicado. Por
na prova.
exemplo, se é verdade que " t u d o é passageiro", então
t a m b é m é verdade que "Pedro é passageiro", mesmo que ele
Esta regra é possivelmente a menos óbvia, afinal parece
seja o motorista do ônibus. A regra é bastante óbvia e
generalizar indevidamente a partir de u m caso particular. N a
dispensa maiores explicações. O rinico cuidado a ser tomado
verdade, o que torna esta regra váHda é a restrição que lhe
é o de n ã o confundir uma generalização universal c o m uma
está anexada. Basicamente a ideia é a de que o / que f o i
fórmula que apenas contenha uma generalização universal —
generalizado é u m termo constante que, apesar de designar
semente sobre uma generalização universal se pode aplicar a
um indivíduo, designa um indivíduo qualquer. Isso é
regra E-V. Assim, p o r exemplo:
garantido formalmente ao exigrr-se a não-ocorrência de t em
nenhuma premissa da fórmula sobre a qual é aplicada a regra
é incorreto é correto
1-V. D e fato, se examinarmos as nossas regras de inferência
VxFx-»Ga VxrFx-^Gx^
c o m atenção perceberemos que, se t ocorre n u m a _ f ó r m u l a ^ ,
Fa^Ga ' ' Fa^Ga
mesmo sem ocorrer em nenhuma de suas premissas, t_só
pode ter a p a r e c ^ na prova^^primeiramente numa fórmula
A o assumirmos a asserção: "se todos fossem filósofos,
/lAHh i n f«^^duzidãjíç^^ • E m qualquer u m
Platão seria feliz", n ã o podemos concluir que se Platão fosse
desses casos, o fato de t ter aparecido na d e d u ç ã o n ã o t e m
filósofo, ele seria feliz. A c o n c l u s ã o somente seria correta se
qualquer relevância, pois n o lugar de t poderia ter aparecido
a premissa fosse "dado qualquer h o m e m , se ele é filósofo,
qualquer outro termo.
ele é feliz". E graças à regra da eliminação do quantificador
i'^ fácil de ver por que a variável |1 que substituirá t n ã o
universal que podemos descartar os quantificadores
pode aparecer dentro do escopo de u m quantificador com
existenciais supérfluos de uma sentença. Veja que se tt é uma
variável de ligação igual a |I. Se isso ocorresse, \i ficaria
fórmula fechada, então, por E - V , temos que V ) i a l - a (cf.
ligado pelo quantificador mais interno, o que seria incorreto.
notai).
N o t e t a m b é m que, se a é premissa, a regra I - V n ã o lhe
p o d e r á ser aplicada, pois, neste caso, a será considerada
212 213
premissa de si mesma. Desta forma, erradas s ã o as 3) I n t r o d u ç ã o do quantificador particular (1-3)
inferências:
g
E x e m p l o 1:
3^a[t/^]
1. Fa premissa
(onde |J-^V, caso t ocorra no escopo de u m a
2. V x F x (errado, pois a ocorre na premissa) generalização que tem V como variável de ligação)
E x e m p l o 2: Essa regra é de fácil c o m p r e e n s ã o . Quando se diz de u m
determinado objeto que ele t e m u m a certa propriedade o u
1. 3 x ( F x - > G a )
faz parte de certa relação, então se pode dizer, de m o d o mais
2. Vx3x(Fx—>Gx) (errado, pois a estava n o escopo de
geral, que existe algo que t ê m a propriedade o u participa da
uma quantificação sobre x)
E x e m p l o 3: relação. E x e m p l o : se é verdade que "Pedro é filósofo", então
lambem é verdade que "existe alguma coisa que é u m
1. Fa premissa filósofo". D e fato, c o m o a[t/|J.] diz apenas que algum t
2. ^ F a premissa (caso haja algum) é substituído p o r pode-se substituir
3. G a - ^ F a C apenas uma parte das ocorrências de t e m OC e manter as o u -
4. G a - > - i F a C lias, p o r exemplo: de Fa—>Ga pode-se derivar 3 x ( F x - ^ G a ) .
5. ^ G a RA Deve ficar claro, p o r é m , que seria u m grave errÕ^ãpHcar o
i|uantificador a apenas uma parte da fórmula: 3xFx—>Ga.
6. V x ( ^ G x ) (errado, pois a ocorre nas premissas.
Todavia se o antecedente i n t r o d u z i d o Pela regra 1-3, t a m b é m podemos acrescentar o quanti-
p o r C fosse G b , a prova estaria correta) llcador particular a qualquer sentença (X. Basta escolher u m
l e i m o t que n ã o ocorra e m a e escrever na sequência da
A i n t r o d u ç ã o d o quantificador universal t a m b é m nos prova 3^a[t/n] ( c f n o t a i )
permite acrescentar o quantificador universal a qualquer
sentença a. Basta escolher u m termo t que n ã o ocorra e m a 4) E l i m i n a ç ã o do quantificador particular ( E - 3 )
e escrever na sequência da prova V ( i a [ t / ) a , ] * ( c f n o t a i ) .
A b e m da verdade, essa regra, c o m o a anterior, poderia 3^la . . \
ser dispensada caso q u i s é s s e m o s adotar c o m o regras de
inferência, ao lado das regras para o quantificador existen-
cial, as relações de equivalência entre os quantificadores que
indicamos nos itens 1 e 2, da s e ç ã o 1.1.3 ( c f E x 7 , 7a).
P
21:4 215
Restrições: tj^f, caso t' ocorra em CX que lhe dar um nome provisório, por exemplo, "o monstro
da 13 de maio" ou qualquer outra expressão que a
P não pode apresentar ocorrência de t, nem
Irnagmação da polícia permitir. A partir daí, poder-se-á falar
qualquer de suas premissas exceto a[|l/1]
Hvremente sobre esse indivíduo: "o monstro da 13 de maio
usou uma faca", " o monstro da 13 de maio calça sapatos de
A barra vertical indica que ru{a[|a-/t]} h-p (F n° 40", " o monstro da 13 de maio, se preso, terá uma pena
obviamente pode ser vazio). Assim, a regra estabelece que, de no mínimo 10 anos", etc.
para qualquer fórmula P e para qualquer fórmula J E F que Da mesma forma, quando temos numa prova uma
não apresentam ocorrência de t, se r u { a [ ( X / t ] } h-p, então generaKzação existencial do tipo 3ji,CX e introjduzimos a
r u { 3 | i a } l - p . De fato, se P deriva de a\[i/t] e se nem |3 hipótese OC[)J-/t], podemos continuar a dedução e, se
nem suas outras premissas dizem nada sobre t, é porque a
chegarmos a alguma fórmula P, sendo que t não ocorre nem
menção de t não é essencial para a dedução de P, destarte, o
em P nem em qualquer das premissas de P exceto na aludida
mesmo P se deduz da fórmula 3\xa, que não menciona t.
hipótese, então podemos concluir P dicetamente daquela
Diz-se que a fórmula OC[|l/t] é uma[_fórmula^
generalização.
insíanàada^este caso, instanciada de 3\ia. Ela é introduzida
Esta regra, junto com a anterior, também poderia ser
na provã~como uma premissa provisória, que usaremos para
dispensada caso quiséssemos adotar como regras de
deduzir P e depois descartaremos. Esse tipo de premissa inferência, ao lado das regras para o quantificador universal,
também pode ser chamado de hipótese ou suposição. Note que as relações de equivalência entre os quantificadores que
quando dizemos que existe x tal que a, queremos dizer que indicamos nos itens 1 e 2, da seção 1.1.3 (cf. Ex7, 7b).
existe um ou mais objetos que estão na relação asseverada Aquelas relações, porém, não são nem devem ser
por OC, e, quando introduzimos uma fórmula particularmente confundidas com regras de inferência. Na devida ocasião,
instanciada, estamos asseverando algo sobre u m destes elas serão provadas, com o auxíUo das RI, como qualquer
objetos em particular, o qual não podemos determinar, mas outro teorema lógico da LPPO (cf teoremas 66 e 67).
temos garantido que existe. O termo constante t designa este
objeto. Desta forma, vê-se que o termo não tem a função de 5) Introdução da identidade (II)
nomear um objeto determinado, mas antes de designar um
ôHjeto que pode s£r__qualqu£r_._abieto-.. Nestes casos, t
->) funciona como u m parâmetro individual, isto e,,como u m
designador não frxadxDlsein obieTõ~^eterminado). Ele é uma
espécie de "denominação provisória do desconhecido". U m Esta regra também pode ser chamada de lei da
exemplo: suponhamos que a polícia encontre a vítima de um identidade. Ela diz que, para qualquer t, t=t é u m teorema
homicídio e diga: "Existe alguém que cometeu esse crime", lógico. N ã o se deve confundir esta regra com o princípio da
isto é, "existe alguém que é u m homicida". Como ela não identidade de Aristóteles (como também não se deve
pode simplesmente deduzir daí que "Pedro é o homicida", confundir as /eis da não contradição e do terceiro excluído.
ou "João é o homicida" etc, se quiser falar sobre ele, terá
216
apresentadas como teoremas na seção 1 do capítulo anterior, da substituição, que a eliminação da identidade se aplica
com os princípios da não contradição e do terceiro excluído). também a sentenças moleculares (cf Ex7, 8).
O princípio da identidade é um princípio ontológico, ou seja, Existe um famoso princípio que complementa a
diz respeito a objetos. Ele afirma que todo objeto é idêntico eliminação da identidade dizendo que se todas as proprie-
a si mesmo. A introdução da identidade é uma regra dades de um objeto a são também propriedades de um
sintática, ela serve para regular certas relações entre objeto b e vice-versa, então a=b. Este princípio é chamado
elementos da linguagem. Especificamente, ela pressupõe que de princípio da identidade dos indiscerníveis e é atribuído
qualquer ocorrência da uma constante t qualquer deve normalmente a Leibniz, embora formulações dele já possam
designar o mesmo objeto e, por isso, afirma t~t. E ser encontradas em Aristóteles (Tópicos 152b 30) e São
amplamente sustentado que o princípio da identidade é Tomás de Aquino [Summa Theologicae Ia* qu. X L , a 1 ad 3).
necessário e, portanto, não pode ser colocado em dúvida. Embora o princípio pareça bastante razoável, existem
Contudo, a introdução da identidade pode ser relativizada, filósofos que não o aceitam.
por exemplo, em contextos onde a designação dos termos Para construir provas da LPPO é preciso recordar os
muda sob certas condições. procedimentos que usávamos para construir provas da LP. A
estratégia traçada no capítulo anterior permanece, em geral,
6) Eliminação da identidade (El) a mesma.
. t,-t2 Exercícios (Ex7):
. , a[ti/tj Nestes exercícios também se fará necessário o uso do
teorema da dedução (TD) e de outros metateoremas, alguns
(onde (X é uma fórmula atómica.) provados neste capítulo, outros no capítulo anterior.
Esta regra também pode ser chamada de lei da 1. Dado que # G { A , V , —>, <-^}, mostre que: , ^
substituição. Ela se firndamenta no seguinte pensamento: se
dois nomes são co-referenciais, ou seja, se eles designam o a. (a#[3)[|i/t] = a[|Li/t]#|3[^/t]
mesmo objeto, então o que se pode dizer fazendo uso de um b. (a#|3)[t/^i]* = a[t/^]*#|3[t/n]*
dos nomes pode ser dito fazendo uso do outro nome no
lugar do primeiro. E m outras palavras, termos constantes 2. Alguns dos silogismos de Aristóteles não podem ser
relacionadas pela igualdade são intersubstituíveis nas provados na LPPO. São eles: 5, 6, 11, 12, 13, 16, 19, 21 e 24.
sentenças em que aparecem. Reflita e expHque o motivo. Demonstre os que podem ser
De fato, a poderia ser qualquer sentença, atómica ou demonstrados.
molecular, mas é suficiente que OC seja atómica, pois
podemos demonstrar a posteriori, com auxíHo do teorema Exemplo: Barbara
218 219
Vx(Mx^Px) ;
Vx—iFx
Vx(Sx-^Px) • 3yGy—>3x Fx
Vy—iGy
1. Vx(Mx->Px) •• p
2. Vx(Sx^Mx) ^ , P 3yVx(Px^x=y)
3. Ma-^Pa W E^V ' PaAPb
• 4. Sa->Ma E-V a-b
5. Sa-^Pa TI(Teol4)
4. Prove os seguintes teoremas lógicos (lembre que no
capítulo anterior provamos cinquenta e cinco esquemas de
3. Em cada item, prove que a última sentença se deduz da teoremas lógicos da LP. Mas, em cada uma daquelas provas,
anteriores: se as letras gregas forem substituídas por fórmulas de £.,
teremos provas da LPPO, e, conseqiientemente, teoremas da
VxVy ((Gx A Py)->Lxy) LPPO, que poderão entrar nas provas abaixo como já
GaAPb provados. Doravante, só serão encontrados teoremas que
não podem ser provados apenas na LP, especificamente os
Lab V • : que incluem quantificadores e identidade. Observe que Pj e
P|. funcionam como variáveis que percorrem o domínio dos
^Fa ' ^ . •. predicados de uma dada aridade. Observe também que todos
—iVxFx
os teoremas abaixo são sentenças, assim, qualquer fórmula
que esteja fora do escopo de uma generalização é uma
Fa^Pb sentença).
VxFx-^Pb
(56) h- Vna-^3|ia • '• -
Pb->Fa (57) I - Vna[|a/t]^a[|j,/t]
Pb-^3xFx (58) I- 3)ia[|i/t]^a[n/t]
(59) h- 3|iVva-^Vv3|.ia
VxrFx-»Gx^ (60) I- V|aVva<-^VvV|xa
VxFx-^VxGx (61) 1- 3|^3va^3v3p,a
(62) K (3^a->P)-^(V^a^(3)
Vx((FxvGx)^Hx) (63) h- V|Li(a->|3)^(V|aa->V^ip)
3Y-nrPvv-nGy^ (64) K V^(a->|3)-^(3^a-^3|a|3)
3xHx (65) K 3n(aA|3)^(3^iaA3^P)
220 221
5. a[|a/t] e-nP . EC
(66) I—iV|j,ao3|i-ia
6. \/iia - I-V
7. V | a a A - , p w , IC
1. -3\x-ia P 8. -n(V|xa^P) . . Teol6
2. 1—^a[|ii/t]-^3|i-,a 1-3 9. ( V ^ a - > p ) h 3 | i ( a ^ p ) CP
3. a[\x/t] MT 10. \- ( V n a ^ p ) ^ 3 ^ i ( a ^ P ) TD
4. V|ua 1^ I-V 11. f- 3 ^ ( a - ^ p ) ^ ( V ^ a ^ P ) DD
5. 1—iV|aa->3)a,-ia TD eCP
12. 3|i(a^p) /P, .
6. V^ia P 13. V^ia P
7.3\x-na . • 14. a[|Ll/t]-^P P (tal que t não ocorre em p )
8.^a[n/t] p 15. a[|l/t] E-V
9.a[^/t] „ / E-V 16. p MP
10. ^3|a^a - ^ Teo7 17. p : E-3
ll.-i3)j,-,a E-3 18. 3 | i ( a ^ p ) , Vjia h p
12. V|j,a h- 3|Li-^a->-i3|i-ia TD 19. h 3^i(a->p)^(V^a->p) TD
13. V|xa 1—aix-ia Teo28
14. h-3|x^a-»-iV!ia i^''"; TDeCP (73) K (a^V^P)^V|a(a->P) : -
15.1- V^a<-^-i3n-ia DD (74) V- (3|xa->P)^V|A(a^P)
(75) h (a-^3|ip)^3)i(a-^P) -i I
(67) I—^3|Liaf^Vn-,a (76) h- ( V ^ a ^ P ) ^ V ^ 3 v ( ( p ^ a ) A ( a ' ^ P ) ) (tal que a'
(68) K (V|iaA|3)<-^V^i(aA|3) é igual a a, a não ser por apresentar V onde a
(69) H (3^aA(3)^3n(aAP) apresenta \\
(70) h (V|iavp)<-^V^(av|3) \ Çll) h- (3^aop)^V^3v((a-»P)A(P-»a')) (tal que oc'
(71) K (3)iavP)f^3^(avp) • é igual a OC, a não ser por apresentar V onde OC
(72) h-(V|ia-^P)^3|i(a^P) apresenta )Ll)
(78) h (3nP,^A3|^-,P,!i)^3)i3v(P,|iv-,P,v)
(^y- . , • • (79) h ^V|a3v(-.P,^AP,v) .
1. -,3|u,(a^P) P (80) h 3|iVv(-nP,^vP,v)
2. V|x-,(a->P) Tco67 (81) V- V|i3v(P,^vP,v)^3vV^(P,|ivP,v)
3. -,(a[|a/t]->p) E-V (tal que t não ocorre em p) (82) K Vn3v(Pj|iAPkV)«->3vV)i(l^j|aAPkV) ; :
4. a[|a/t]A^P Teol6
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224 225
h) Dado que \/\X(p G F se e somente se (p[M'/t] G F, para
qualquer t, temos que 3|J,(p G F se e somente se
21.3^iG\^AVva\v-^v-^)) P (p[|J-/t] G F, para algum t
22. l\tAVv(P,V->V=t) . P
7. Assumindo que R I é completo, mostre que também são
23. V v ( P , v ^ v = t ) E C
completos os segtiintes conjuntos de regras:
24. Pkt,^t,==t E-V'
25. P , t , ^ t - t , Teo86 a) r R l - I I - V . E - V l ^ u r V^g . - i V ^ a l
26. P,t EC
L-i3^-ia 3\i->aj
27. t=t,-^ P^t, Teo85
28. P u t , ^ t - t , D D (22,24) b) ( R I ~ { I - 3 , E - 3 } ) u r 3\ia , -n3ua 1
29. V v ( l \ v ^ t - v ) I-V
l . - i V | a - i a V|a-ia_J
30.3^Vv(l\v^H=v) 1-3
31.3nVv(P,v^H-v) E-3 . 8. Mostre que, para qualquer sentença OC, { a , t,=t2} l - a [ t , / t j .
32. 1- 3 n(l\HA Vv (PkV-^v==n))-^3 n V v (P;^V<->|LI=V)
, 33.h3nVv(PkV^H=v)^3^(P;^^iAVv(P^v->v=|i)) D D 9. Dizemos que V é o dual de 3 e vice-versa e que v é o dual
(20,32) de A e vice-versa. Alem disso, o dual de uma sentença OC é a
sentença a' resultante da substituição das fórmulas atómicas
5. Dado um conjunto de sentenças T consistente, mostre de a por suas negações, e dos símbolos lógicos de a por
que se (p„ não é consistente com T, então ru{—i(p„} é seus duais (caso os possuam). Mostre que, para qualquert a,
consistente.
f- a ^ - i t t ' . . , •:
6. Seja r u m conjunto maximal consistente de sentenças. 10. Definimos uma teoria de £ como o conjunto T={(p |
Mostre que:
Wl-(p}, onde W C X. Mostre que:
a) (p e r se e somente se F I - (p
b) (p G r se e somente se —i(p g F a. Há uma única teoria inconsistente de £ .
c) ((pv\|/) G F se e somente se (p G F ou \|/ G F b. A intercesão de todas as teorias de £ é o conjunto dos
teoremas lógicos
d) ((pA\|/) G F se e somente se cp G F e \j/ G F
e) ( ( p ^ V ) e F se e somente se (p g F ou \|/ G F (ou c. Se T = {(p I Wh-q)} e W é uma teoria de £ , então T = W
ambos) d. Se Ti={(p I W,l-(p}, T2={(p I Wjl-cp} e h- tt^a',
f) ((p<-»\|/) e F se e somente se (p, \|/ G F ou (p, \|/ í F para todo a G W, e a' G W,, então T , = T 2
g) Dado que 3\X(p G F se e somente se (p[|J-/t] G F, para
algum t, temos que G F se e somente se (p[)X/t]
G F, para qualquer t
226 227
5.2 A Semântica de LPPO
Se q u i s é s s e m o s descobrir se este argumento é válido
5.2.1 Estrutura e interptetação usando atribuições de verdade teríamos primeiro que
traduzi-lo para £ Q , e ficaríamos c o m algo do tipo:
N a L P introduzimos as n o ç õ e s de verdade e atribuição
de verdade, agora precisamos ampliar essas n o ç õ e s para a P
L P P O . Relembrando nossa definição inicial da tarefa da qA—ir
lógica, dissemos que ela f o i criada para estabelecer u m —iS
"cntério de d i s t i n c ã o ^ n t r e a r g u m e n t o ^ v á l i d o s ] e argumentos
"niíTvllidos, e que^a|validade ponsiste nTTTãtcTcle que a verda- É m u i t o fácil mostrar que, para esta formalização, existe
de das premissas torna necessária a verdade da c o n c l u s ã o . A atribuição de verdade que torna as premissas verdadeiras e a
semântica jinvestiga justamente as citcunstâncias o u condi- c o n c l u s ã o falsa, o que demonstraria que o argumento é
ç õ e s e í n ' q u e as fórmulas s ã o verdadeiras o u falsas. N a L P , inváHdo; nossa intuição, p o r é m , é de que ele é válido.
essas c o n d i ç õ e s s ã o impostas pelas atribuições de verdade, Acontece que a L P n ã o é apropriada para traduzir e s s e _ t i p o < ^
o u seja, a verdade o u falsidade de u m a fórmula da L P de argumento, n e m a sua semântica aptã~para demonsttar-
depende da atribuição de verdade que se adota para ela. P o r Ihe a vaHdade. Tentemos pois uma tradução para £ :
isso n ã o dizemos simplesmente que uma fórmula é verdadei-
ra o u falsa per se, mas sim que ela é verdadeira o u falsa VxVy(MxAHy^Ixy) , !
segundo essa o u aquela atribuição de verdade. N a L P P O , as HdA^Icd
c o n d i ç õ e s para a verdade o u a falsidade de uma sentença s ã o ^Mc . ^ ^ •
determinadas p o r uma interpretação. U m a ] 7 « ^ 7 ^ ? í Ã í f á Õ ^ dito
de u m m o d o i n f o r m a l , é u m a ftmjão q u ê ~ a t r i b u i u m a Para que este argumento formalizado expresse o mesmo
referência para cada s í m b o l o paramétrico de £ . D e fato, que o argumento e m linguagem natoral, interpretamos os
atribuições de verdade s ã o tipos particulares de interpreta- s í m b o l o s p a r a m é t r i c o s da seguinte forma:
ç õ e s , elas s ã o interpretações para as fórmulas da L P . Nesta
s e ç ã o , estudaremos e m detalhe as características das c — Cacá
interpretações para as fórmulas da lógica de primeira ordem. d =Dadá
U m exemplo pode nos ajudar a esclarecer de que m o d o M = X é mulher
as interpretações para a L P P O se distinguem das interpreta- H = X é homem
ç õ e s para a L P . Exaininemos o seguinte argumento: I = X é mais inteligente d o que y
Qualquer mulher é mais inteligente d o que qualquer P o d e r í a m o s interpretar esses s í m b o l o s de u m a infinidade
homem de formas. D e acordo c o m a interpretação empregada, as
D a d á é h o m e m , mas n ã o é verdade que C a c á é mais sentenças p o d e r i a m exibir alterações e m seus valores de
inteligente do que D a d á verdade. A s s i m , c o m base e m uma interpretação p o d e r í a m o s
L o g o , C a c á n ã o é mulher concluir que a primeira sentença é verdadeira, p o r exemplo,
se fizermos
228 229
M = X maiot que k, mente, vejamos o que se altera na versão formalizada do
H — X menor que k e argumento.
I = X maior que y.
VxVy(MxAHy->Ixy)
E com base em uma interpretação diferente poderíamos HdA-nlcd .
concluir a sua falsidade, por exemplo, se fizermos Hc
M = X é americano, - Será verdade que todas as interpretações que tornam as
H = X é iraquiano e premissas verdadeiras tornam verdadeira também a conclu-
I = X é amigo de y. são? Vejamos se isso acontece quando atribuímos aos parâ-
metros os seguintes significados:
Se pudéssemos interpretar as sentenças de nosso argumento
de todas as formas possíveis, constataríamos que todas as
interpretações que tornam as premissas verdadeiras, tornam
verdadeira também a conclusão. Isso provaria que a verdade M = X é múltiplo de 4 ' •. - . i
da conclusão segue necessariamente da verdade das H = X é múltiplo de 2 . , , . , , ;
premissas, em outras palavras, provaria que o argumento é I = X é múltiplo de y
válido. Na prática, como não temos tanto tempo assmi para
especificar interpretações, demonstraremos a validade dos N ã o é preciso muito esforço para ver que essas
argumentos formalizados em L indicando como cada passo atribuições determinam a invaHdade do argumento.
inferencial se justifica, ou seja, estabelecendo que eles
constimem provas da LPPO. E, paralelamente, recorreremos Agora atenção: a rigor, o que estivemos fazendo não foi
à garantia dada pelo teorema da correção de que toda prova especificar interpretações, o que fizemos foi atribuir certos
desse tipoéj[álida,_2oroutro lado, será muito mais cómodo significados a certos símbolos. Com base nessas atribuições,
usatrprõvãssemânticas) ou seja, especificar interpretações, podemos reconhecer o que as sentenças formalizadas
quando õTobJetivo for provar que certos argumentos são passam a asseverar, sendo até possível lê-las como se elas
inválidos. Façamos, por exemplo, uma pequena modificação estivessem escritas em português. O que se fez até aqui foi
no nosso argumento inicial e vejamos o que acontece. simplesmente mostrar como se pode traduzir a Hnguagem
formal em termos da linguagem natural e vice-versa; em
Qualquer mulher é mais inteligente do que qualquer nenhum momento saímos do plano da linguagem. Com isso,
homem podemos determinar o significado de uma sentença, mas não
Dadá é homem, mas não é verdade que Cacá é mais a sua referência. Ora, na maioria dos casos, para sabermos se
inteligente do que Dadá uma sentença é verdadeira ou falsa precisamos procurar o
Logo, Cacá é homem. fato que é referido por ela. Se o fato ocorre, a sentença é
verdadeira, se não ocorre, ela é falsa. Uma vez que as
O que você acha? O argumento deixou de ser válido por atribuições que fizemos não indicam o que as sentenças
causa dessa alteração? Antes de você responder intuitiva- referem, não podemos em geral dizer se elas são verdadeiras
230 231
ou falsas. Por exemplo, no nosso argumento original, não com relação aos quais as sentenças formalizadas da lógica
sabemos de fato se Dadá é realmente homem, o que podem ser ditas verdadeiras ou falsas.
sabemos é que se as premissas forem verdadeiras, a Lembre-se que umal estrumra |p um conjunto especial que
conclusão o será necessariamente. Só pudemos determinar o contém um domínio e mclui outros conjuntos construídos
valor de verdade das sentenças quando mencionamos fatos com elementos desse domínio. As estruturas que usaremos
matemáticos bem conhecidos e gerahnente reputados como para prover referências às sentenças r l p _ _ / % p i - ã r > r l n í n - r ^ d j a » ; d p
imutáveis. Uma interpretação, na acepção lógica da palavra, é semâniicãT]^ Chamaremos de \ do discurso
uma função que atribui aos símbolos paramétricos uma domínio de uma estrutura semântica. Dada uma estrutura
referência e essa referência é tal que fica também semântica 9t, seu vmiverso do discurso será simbolizado por
determinada a referência das próprias sentenças construídas |2ij; um ^ndicado de Ql será um subconjunto de_|2í." (para
a partir daqueles símbolos. Com a referência determinada qualquer n) e \xva2i junção de 21 será uma função de |2l|" em
por uma interpretação, podemos dizer se uma sentença |2t| (para qualquer n>0). Chamamos atenção para duas
qualquer é verdadeira ou falsa. Mas aonde as interpretações características das estruturas semânticas. E m primeiro lugar,
vão buscar referências para os___garâmetros? N o mundo todas as funções de 2Í são funções totais definidas em |2t|.
físico? Claro que não. As rrêferencia; serão encontradas em E m segundo lugar, o u_niverso de 21 poderá ser finito ou
mundos lógicos, a saber, em pstruturasT) infinito, mas não poderá ser vazio. Estas duas características
" Esta ideia de utihzarmos "mundos artificiais ao invés do garantem que^ríãõ haverá termos sem referência. T)e fato, se ^ —
mundo físico para prover referências para nossos parâmetros o termo for uffia CoíibilaiiLe, ele será associado a nm elemento
pode hoje parecer trivial, mas é de fato um grande marco no de 12t|, se o termo for funcional, ele designará uma imagem
desenvolvimento da lógica. O lógico polonês Alfred Tarski é de uma função de 1211.
certamente o lógico que mais contribuiu para a consoUdação Uma vez que tenhamos uma estrutura 2t qualquer,
dessa ideia. E m seu artigo " O conceito de verdade em poderemos tomar cada parâmetro àe L c atribuir-lhe como
linguagens formalizadas" de 1933, Tarski executa a tarefa de referência um elemento de 21. Isso será feito através de uma
"construir uma definição formalmente correta e material- função 3 chamada {inteitretãcãoA
pj-pretação. Se
Se chamarmos de de FI
mente adequada do termo 'sentença verdadeira', com relação conjunto dos Ti, onde 71 é um símbolo paramétrico.
a uma linguagem dada". A grandeza de Tarski está em poderemos definir:
enxergar que o conceito de verdade correspondencial, tal
qual havia sido desenvolvido por Aristóteles e assumido por
grande parte dos analíticos, não era adequado para os y. n - > 2 t , tal que:
propósitos que na sua época se queriam definir para a lógica.
Enquanto disciplina normativa, a lógica tinha que estabelecer 6 12l|, se Tl é uma constaiup
as regras segundo as quais uma sentença seria verdadeira e é um predicado n-ário de 2L, se 71 é um predicado
ser capaz de controlar as próprias condições de verdade. n-átio
Como o lógico não pode controlar o mundo físico, é muito é uma função n-ária de 21, se 71 é uma J ^ i ç á o
mais conveniente criar mundos artificiais bem comportados. n-ária
Dessa forma, as estruturas se tornaram os mundos artificiais
233
Definimos a interpretação de termos constantes indutiva- 2t
mente:
m •europeu
I. Se o termo constante é uma constante, a interpretação
é a que foi definida acima; •Sócrates Sócrates Sócrates
II. Se o termo contante é um termo funcional, digamos •Platão grego Platão Platão
ftjtj.-.t^, temos que !J(ftjtj.-.tj é o elemento de •Aristóteles Aristóteles Aristóteles
que resulta da aplicação de JÍ(f') sobre P(t,), 3{t^, Hume
• :5(0). . . . ^ . Locke
•Hume Hume Russell
Com isso, temos tudo o que precisamos para determinar •Locke •britânico Locke Leibniz
se uma sentença de X é verdadeira ou falsa. Fazemos isso •Russell Russell Kant
sem precisar definir uma função de interpretação de £ em
2t. Isso é possível porque, quando interpretamos uma : refutou y
sentença em 2Í, determinamos de quais elementos de 2t a
sentença está falando e, quando examinamos esses •LeibnÍ2 Leibniz (Kant, Leibniz)
elementos, podemos descobrir rapidamente as relações •Kant •alemão Kant (Russell, Frege)
existentes entre os mesmos. Por exemplo, se constatamos •Frege Frege (Quine, Frege)
que 2t inclui o elemento b e o elemento {a, b, c}, podemos
rapidamente inferir que o primeiro elemento se relaciona X preferia y a z
com o segundo por meio de uma relação de pertinência. •Dewey Dewey (Quine, Russell, Frege)
Este tipo de relação é o que podemos chamar de um fato de •Quine •americano Quine
2Í. Note que um fato de 21, não é um elemento de 2t, fatos •Davidson Davidson •chinês
de 21 são relações entre elementos de 2t. Toda sentença
afirmativa interpretada em 2Í afirma a existência de um fato
de 21; quando esse fato é verificado, a sentença é verdadeira,
caso contrário, ela é falsa. Toda sentença negativa Uma vez apresentada a estrutura 2t, podemos definir a
interpretada em 21 nega a existência de um fato de 2t; interpretação J , tal que 3: D—>2l. Abaixo vêem-se algumas
quando esse fato é verificado, a sentença é falsa, caso atribuições feitas por 3:
contrário, ela é verdadeira.
J(aO = • Sócrates m= • Quine
Para tornar mais claro o modo como funcionam as 3í(a2) = • Platão • Davidson
interpretações, tomemos, a fim de exemplo, a estrutura ^(aO = • Aristóteles 3{A) = • grego
abaixo, cujo universo é o conjunto dos meus filósofos 2í(b0 = • Hume m= • britânico
preferidos (não leve a palavra "preferido" muito a sério a(b^ = • Locke m= • alemão
aqui). Os pontos assinalam os elementos de 2t: 3(b,) = • Russell • americano
J(c,) = • Leibniz m= • europeu
234 235
• J{c2) = • Kant 3{F) = • chmês Í como "Pelé" e "Edson Arantes do Nascimento" desig-
^(c-.) = • Ftege •'• 2f(R) = • x i e f u t o u y nam a mesma pessoa). •
JÍ(d|) = • Dewey CÍ(P) = • x preferia y a 2
iv) Na nossa estrutura, todos os indivíduos foram
Como alguns elementos de 2L também são conjuntos, "batizados", mas isso não é necessário: pode haver
poderíamos representá-los igualmente de forma extensional, domínios onde alguns indivíduos ficam sem nome.
p.ex.: ^{A) - { • Sócrates, • Platão, • Aristóteles}. Quando dizemos que todos foram "batizados",
Com respeito a 3, algumas sentenças de Jl são queremos dizer que 3 associa uma constante a cada
verdadeiras e algumas são falsas. São exemplos de sentenças elemento do universo; se não houver interpretações que
verdadeiras: façam tais associações, os elementos do universo ficam
sem nome algum. N ã o se deve pensar, por exemplo, que
Cc,ABb3, -.3xFx, V x ( C x ^ E x ) , 3x-nAxA3xDx e 3xVy-,Ryx •Hume é u m nome, o ponto indica que se trata de um
objeto lógico e não de uma representação simbólica.
e de sentenças falsas: ^
v) A interpretação de um predicado é um conjunto que
Ca„Vx3y3zPxyz, Vx.\x, 3 x p x A E x ) e V x ( B x v D x - ^ E x ) também é elemento da estrutura. Vaie lembrar que o
conjunto vazio também pode ser associado a um
Alguns aspectos de nosso exemplo merecem destaque, predicado, como foi feito com o predicado "chinês" em
pois se trata de espectos gerais que podem ser verificados nosso exemplo. . -
em qualquer caso em que se estabeleça uma interpretação:
vi) O que não é um fato de 2t não deve ser presumido e o
i) De acordo com 3, " V x " passa a significar algo que é um fato de 21 não deve ser contestado. O leitor
equivalente a "para todo x pertencente a |2t|" e "3x" conhecedor da história da filosofia poderia querer alegar
passa a expressar algo como "para algum x pertencente a que, segundo 3, também é verdade que Rbjbj. Acontece
|2t|". que o que essa sentença expressa segundo 3, apesar de
ser um fato histórico, não é um fato de 21; portanto, a
ii) 3 foi usada para atribuir referências a vinte símbolos . . sentença será falsa segundo J. Se «Sócrates aparecesse
paramétricos, mas, na realidade, ela associa elementos de na estrutura como um elemento do conjunto dos
21 a todo o conjunto dos símbolos paramétricos. americanos e não no conjunto dos gregos, seria verdade
segundo 3 que Da, e seria falso que Aa,. Lembre-se que,
iii) Pelo fato de 3 ser uma função, um nome não pode ser para fins da interpretação, a estrutura será o nosso único
associado a dois indivíduos, por exemplo, "a" não pode mundo, por isso, contra os fatos da estrutura n ã o se
referir ao mesmo tempo «Aristóteles e «Platão, em pode opor nenhum outro fato; o que não é um fato da
outras palavras, a interpretação dos nomes não permite a estrutura não é fato nenhum.
existência de homónimos. Por outro lado, dois nomes
diferentes poderiam designar o mesmo indivíduo, p. ex., VÍL) A interpretação que oferecemos é contingente: não é
"a" e " b " poderiam ambos designar «Aristóteles (assim uma verdade lógica que Ccj, Frege poderia ter nascido
237
em outro lugar. Impomos à estrutura contingente da (ii) Se (p-P|^tjt2t3...t„, onde P,^ é predicado n-ário:
realidade na nossa interpretação por motivos de clareza, Njcp sss p(t,), ^(t^), a(t3),... a(tj) G g ( p j
mas não há nada de "lógico" ou necessário nisso - esta é
: apenas uma interpretação particular dentre outras (iii) Se (p=-ia:
igualmente possíveis e boas. t=3(p sss t^t^a • *
Esclarecidos os principais pontos relacionados às estrutu- (iv) Se (p=avP:
ras semânticas e às interpretações, precisamos agora elaborar í=3(p sss t^^a ou t^gP
de uma forma mais rigorosa o conceito de verdade e outros
afins. (v) Se (p=aA|3:
N-jCp sss Njtt e t=3|3
5.2.2 Verdade, fórmula válida e consequência lógica
(vi) Se (p=a^(3:
Talvez já tenha ficado patente o ponto aonde queremos l=3(p sss l9t-,a ou t=3p
chegar. Estamos criando um conjunto de conceitos com o
auxíHo dos quais podemos defmir um sentido bem (vu) Se (p=ao(3:
específico de "verdade" - o que poderíamos chamar de l=3(p sss ( l = 3 a e t=3(3) ou (tít^a e tífcjP)
"verdade segundo uma interpretação". De fato, de um modo
informal, até já vimos como é possível determinar o valor de Para estabelecer os critérios de verdade das
verdade de uma sentença com base em uma interpretação. generahzações, vamos introduzir o conjunto^das rnterpreta-
Mas esse entendimento informal não é suficiente para ções divergentes de 3 em t, em símbolos! D3[~'défimHo
enfrentarmos os problemas semânticos subsequentes. Quan- •ci5Tno~o"cõnjunto das interpretações 2), t2i\'^SS-^(jt)^'2(jl)
do, por exemplo, quisermos (e creia que vamos querer isso sss 7l=t. j,
muitas vezes) determinar se todas as interpretações que
tornam verdadeira uma sentença a, tornam igualmente (vui) Se (p=^Vxõr|
verdadeira uma sentença (3, conseguiremos eficiência e l=3(p sss~P"3a[)l/t] e t=j,a[|u/t], para qualquer 2)
precisão muito maiores se usarmos uma definição formal de pertencente a D 3 „ L fun^,
verdade. Vamos pois a ela.
(ix) Se (p=Exa
Dadas as sentenças CC, (3 e (p, e uma interpretação t=3(p sss l=-,a[^/t] ou t=j,a[)a,/t], para algum 5)
J:!!—>2l diremos que \(p é verdadeira secundo em pertencente a D^^
símbolos! I=3(p, hos seguintes casos:
Na LP, definimos o conceito de tautologia. Uma
(i) Se(p=(t,=t^: d A2ã tautologia é uma fórmula verdadeira para qualquer atribuição
^3(p sss a(tO=a(t2) ^ I de verdade. Existe um conceito análogo para a LPPO — o
conceito de fórmula válida. UmAfórmula válida é uma sentença
238 239
verdadeira segundo qualquer interpretação. Dito formal- equivalentes se e somente se o fecho normal de a é
mente: i ^. . , . y, , equivalente ao fecho normal de P (em símbolos, ' a N=l 'P).
O fecho normal de uma fórmula (p (em símbolos, '(p) é uma
Qma sentenja-ÍP de X é uma fórmula válida (em sentença que resulta da colocação de um prefixo de
símbolos,Jl^(p) >e e somente se l=3(p, para qualquer quantificadores universais V)I, Vp,2...V|J,„ à frente de (p, sendo
interpretação J. iLlj, |in a seqiiência das variáveis livres de (p na ordem
em que ocorrem e n>0. Por exemplo, se (p=Pxy—>3xQx2,
Os teoremas lógicos da LPPO serão fórmulas válidas,
então '"(p =VxVyVz(Pxy^3xQxz) (Note que se (p é
pelas mesmas razões que os teoremas lógicos da LP são
tautologias (cf. p.l22). Também nos interessa definir satisfa- sentença, (p = '"(p).
zibiUdade para a LPPO. Dado um conjunto de sentenças T,
se todas as sentenças d e T s ã o verdadeiras segundo 3, diz-se
que Jsatisfa^roxL c^é^Jé modelo de F, tm símbolos l=3r. 5.Í2.3 T a b l ô s s e m â n t i c o s para a L P P O
U m conjunto de sentenças que tem pelo menos uma
interpretação que o satisfaça, ou seja, que tem pelo menos N o cálculo proposicional usamos, entre outros métodos,
um modelo, é dito satisfat^vel, caso contrário ele é insatisfa^vel. tabelas de verdade para decidir se uma fórmula é uma
Se todo subconjunto finito de um conjunto de sentenças é tautologia ou não. Algumas fórmulas da LPPO podem ser
satisfazível, esse conjunto é finitamente satisfat^vel. Assim consideradas tautologias também, por exemplo:
ficamos em condições de introduzir o último conceito desta
seção, o de consequência lógica, análogo ao conceito de 3xFxv—iBxFx
consequência tautológica da LP.
Dado um conjuto de sentenças F e uma sentença Esta fórmula tem a forma (pv—iCp, uma forma de
qualquer (p, diz-se que (p é| consecjiiência lógica de F , em tautologia muito conhecida. Mesmo se não a
símbolos F 1= (p, se e somente se todo modelo de F é reconhecêssemos, seria muito fácil atestar seu caráter
também modelo de (p. Assim, de modo equivalente, teremos: tautológico através de uma tabela de verdade. Não obstante,
r t= (p sss n ã o existe 3, tal que 1=-, F e t^-j (p. Se F t= (p,
há casos em que, para mostrar que certas fórmulas são
válidas, tabelas de verdade são inúteis. Esse é o caso da
também podemos dizer que Fimplica semanticamente (p ou que
fórmula:
r implica logicamente (p.
Dados dois conjuntos de sentenças F e S , dizemos que F
VxFx-^3xFx
e S são logicamente equivalentes (ou simplesmente equivalentes) se
e somente se F 1= S e Z t= F . No caso de F e 2 serem E claro que se todos os x são F, existe um x tal que ele é
unitários, por exemplo, F = { a } e E = { P } , dizemos simples- F. Mas como constuir uma tabela de verdade para tal
mente que as sentenças a e P são equivalentes, ou seja, fórmula? Considere a tabela seeuinte:
CXt==ip. Duas fórmulas abertas a e P também serão ditas
240 241
VxFx 3xFx VxFx—>3xFx constante individual) em 4. Encontramos assim uma
V V V contradição nas linhas 3 e 4 do único ramo deste tablô.
F L o g o , esta fórmula é logicamente válida, embora n ã o seja
V F
uma tautologia.
F V V
F F V
\ F VxFx^Fa •
2. V VxFx •
Segundo essa tabela de verdade, V x F x ^ B x F x n ã o é uma
-S>t^'^*-*'tautologia, afinal na segunda linha obtivemos F. C o n c l u s ã o : " 3. F Fa
2?í^ tabelas de verdade s ó servem para a L P , mas n ã o para a 4. V Fa : . , ,
* ' L P P O . D e fato, n ã o existe u m m é t o d o m e c â n i c o para ^(3,4)
decidir a validade de qualquer fórniula da L P P O — no jargão
A./,cr dos lógicos: a^LPPQ n ã o é decidiveL\_ Este tablô exemplifica somente a primeira regra.
' Mas existe u m b o m meio para constatar a vaUdade de T o m e m o s u m exemplo u m pouco mais complexo para
muitas fórmulas: o já conhecido m é t o d o dos tablôs exemplificar a segunda e a quarta regra: —iVxFx^Bx—iFx.
s e m â n t i c o s . O procedimento de tablôs semânticos para a Primeiro o tablô, depois as explicações:
L P P O requer apenas, além das regras já conhecidas, o
a c r é s c i m o de quatro regras que nos orientam no L F —iVxFx^Bx—iFx • (2,3)
desmembramento de quantificações universais verdadeiras e 2. V —iVxFx .(4)
falsas e de quantificações particulares verdadeiras e falsas. As 3. F 3x-nFx .(6)
yTêgras^são: 4. F VxFx •(5)
5. F Fa
F V^(p V3|ll(P F3^(D
6. F ^Fa •(7)
V(p[H/t] F(p[|l/t] Vcpr^l/t] F (p[^l/t] 7. V Fa
qualquer t qualquer t ^(5,7)
t sem ocorrência N a linha 1, afirmamos a falsidade da fórmula c o m o de
anterior no ramo hábito. O condicional é desmembrado nas linhas 2 e 3
seguindo as regras conhecidas (repare que para facilitar a
Tomemos como exemplo VxFx—>Fa. C o m o sempre, c o m p r e e n s ã o incluímos depois do sinal • u m parênteses
iniciamos afirmando a falsidade da fórmula. Depois indicando em quais linhas o desmembramento f o i efetuado).
desmembramos o condicional na Unha 2 e 3, e marcamos • A linha 2 é uma n e g a ç ã o , e pode ser desmembrada na linha
na Hnha 1. A fórmula de 2 pode ser desmembrada usando a 4, segundo a regra da n e g a ç ã o já conhecida. A t é aqui nada de
primeira regra acima: substituindo o quantificador universal novo. Mas, nessa linha 4, temos a falsidade de uma
p o r uma instância particular (substituindo o x por uma quantificação universal: para d e s m e m b r á - l a precisamos usar
242 243
a segunda regra dos quantificadores. Isso é feito na linha 5: demonstre a validade desta última fórmula, estará
substituímos na fórmula Fx a variável pela constante demonstado que ri=\|/.
individual a. Isso s ó é possível porque essa constante a n ã o
havia ocorrido ainda em nenhuma fórmula anterior. Se Exercícios (Ex8):
alguma fórmula já tivesse essa constante, teríamos de usar
uma outra constante (b o u c o u qualquer outra.). N o t e : Essa 1) Mostre que:
restrição s ó vale para a quantificação universal considerada
falsa, n ã o para a verdadeira. O m o t i v o é fácil de expHcar: se a) Se rt?t a, então n ã o é verdade que 1= a
V x F x é verdadeiro, então posso dizer que qualquer b) Se r t ^ a , então T é satisfazível
constante individual é F. Mas se n ã o é verdade que V x F x , c) Seri=aer;aN(3, entãoTl^P
n ã o é garantido que o indivíduo a seja F. Nesse caso, s ó é d) r é insatisfazível se e somente se F l ^ a e ri=—itt
certo que pelo menos u m indivíduo n ã o é F, o u seja, é falso e) Se r ; a é insatisfazível, então rt=—la
que esse indivíduo é F — não há nada de mal em dar u m f) Ser,at=(3, então ri=a-^(3
n o m e para o indivíduo desde que esse n o m e já n ã o tenha g) r,at=|3 se e somente se r,—iPl=—ia
dono. V o l t a n d o ao tablô.. A fórmula da linha 3 ainda n ã o f o i h) t=a<-^|3 se e somente se at==i(3
desmembrada - usando a regra para o quantificador i) al= =l|3 se e somente se —ial= ^—1(3
eiistencial falso (quarta regra), desmembramos essa fórmula j) Se ai==í(3 e Yt==i6, então aAYN=l(3A9
na Hnha 6. Para isso, introduzimos uma constante qualquer — k) Se at==1p e Yt==í6, então avYt==l(3ve
repare que n ã o há restrição nenhuma. E conveniente, 1) Se at==í|3 e YN==ie então a-^Yí==<P-^0 e Y ^ a l = =16^(3
portanto, usar a constante já usada a. T a m b é m p o d e r í a m o s m) Se al= =1(3 e Yl= =16, então a<->Y^ =^P^0
usar b o u c, mas isso n ã o serviria para nada, e a nossa n) D a d o que TgCr, se r „ t = a , então r t = a
intenção primeira é justamente procurar uma contradição. A o) D a d o que T u r - X o , se rtíta, então Pt^a
passagem de 6 para 7 segue a regra já conhecida para a p) D a d o que r t = a , então r;OC é satisfazível se e somente se
n e g a ç ã o e obtemos, assim, a contradição entre as Hnhas 5 e r é satisfazível
7. q) se 1= a e 1= P, então CX e P são logicamente equivalentes
Essa nossa última fórmula é u m condicional: é r) se t= a, então para todo F, F 1= a
logicamente váUdo que — i V x F x implica 3x—iFx. Isso significa s) se a é contradição, então para todo P, a 1= P
que se a primeira fórmula é verdadeira segundo uma t) 3[ia -iV|i-ia
interpretação, a segunda necessariamente t a m b é m o será. N o
tablô, isso fica evidente no desmembramento do 2) D a d o que 9' é u m termo igual a 9, a n ã o ser por
condicional: assume-se que a primeira fórmula é verdadeira e apresentar t2 em u m o u mais lugares em que (p apresenta t , ,
a segunda falsa, daí então se deriva uma contradição. Usando mostre que, para qualquer interpretação 3, se \=j t^-t^, então
esse raciocínio podemos generalizar o m é t o d o de tablô para
t=3 9, =92.
definir a n o ç ã o de {consequência lógicã\Hote que_ri=\]/ sss 1=
((p,A(p2,A . . . A ( p j — L o g o , fazendo u m tablô que
244 245
3. Usando tablôs semânticos, prove os teoremas do Ex7, 4. demonstração 3.3 do capítulo anterior, com a diferença de
que agora utilizaremos provas da LPPO em vez de provas da
5.3 Metateoremas LP.
Nesta seção, apresentaremos alguns metateoremas da 5.3.3 Teorema da substituição (TS): se y é uma subfórmula
LPPO. Para alguns deles daremos demonstrações, para de a, P é igual a a a não ser por apresentar ô em um ou mais
outros, os que já possuem uma versão para a LP, daremos lugares onde a apresenta y e h- ' y o ''5, então I -
explicações de como adaptar e/ou complementar suas
demonstrações para a LP, tornando-as assim demonstrações Provaremos TS para £^ (conjunto das sentenças) por
para a LPPO. indução sobre (X e (3. Os casos para sentenças atómicas,
negações, conjunções, disjunções, condicionais e bicondicio-
5.3.1 A Indutividade de £ nais são idênticos àqueles apresentados na demonstração da
versão do TS para a LP. Demonstraremos agora o teorema
A demonstração de que £ é indutivo segue o modelo da para as generalizações. Consideraremos que o grau da
demonstração 3.L, com as seguintes diferenças: geração de uma sentença (p[|^/t] é menor que o da geração
das sentenças VjlCp e 3)a.(p. Vem:
a) será o conjunto das fórmulas atómicas de £ ;
b) Acrescenta-se dois grupos de funções ao nosso con-
junto de funções construtoras do conjunto indutivo C: i) a=V|a,\j/j e (3=V}i\|/2
i) o grupo de funções U^, tal que l]^i{a) = \/pt,CX, onde |LI ' V i ^ '"¥2 (hip. indutiva)
é uma variável qualquer, e V|a\|/,^V|i\|/2
ii) o grupo de funções E^, tal que E^(a)=3jxa, onde \X
é uma variável qualquer;
c) Utilizamos a gramática de £ para mostrar que C CL £ . 11) a=3|a\|/, e P=3)i\i/2
d) Nosso algoritmo que mostrará que £ d C escreverá (hip. iadutiva)
U^ e Efx respectivamente ao lado de cada generalização V)x-i\)/,^V|j,-i\|/2
universal e de cada generalização existencial que aparece TeoSl
em um nó de uma árvore genealógica de uma fórmula de 3|iv,^3|a\^2 Teo66 e D N
£. .-.t-a^p
5.3.2 Propriedades da dedutibilidade 5.3.4 Permuta de variáveis (PV): dadas duas fórmulas
quantificadas OC e P e uma fórmula \|/ onde ocorre a
Todas as propriedades da dedutibilidade (monotonicida- constante t, se a = V)l\|/[t/}X]* e p = Vv\[/[t/v]*, ou se a =
de, reflexividade e transitividade), bem como o corolário
3|l\|/[t/|i]* e P = 3v\|/[t/v]*, então I- ''af->''p. Vem:
destas, valem para a LPPO A demonstração disso segue a
246 247
Caso 1: Assim, p.ex. a f ó r m u l a V x ( F x v G x v 3 y ( G y — ^ H y ) ) é equi-
(^): valente à f ó r m u l a V y ( F y v G y v 3 x ( G x —> H x ) ) .
"V|av[t/|i]*
V|iv[t/^]*[^/tJ...[^„/t,J (por n aplicações de E - V ) 5.3.5 F o r í n a normal prenex: V^da uma sentença (p qualquer,
¥[l^,/t,]...[K/tJ E-V podemos encontrar uma fórmula prenex cp' tal que h- (p<-^(p'.
Vvxi/[t/v]*[|iytJ...[!a„/g I-V
'Vv\^[t/v]* Def.: U m a s e n t e n ç a (p é uma fórmula prenex se e somente se (p
(por n aplicações de I - V )
= 0i|X]02|J.2---0nl^nV> oí\à& \|/ n ã o apresenta o d o r r ê n c i a de
(<=):
quantificador, 0,= V o u 0j=3, fX; é u m a variável e n > 0 (se
''Vv\|/[t/v]*
n=0,(p=\|/).
Vvx|/[t/v]*[v,/tJ...K/t,J (por n aplicações de E - V )
¥[v,/tj...[v„/tj E-V
Acharemos a f ó r m u l a prenex (p' em três passos:
V|ii|/[t/!i]*[v,/t,]...K/t,J I-V
'Vnv[t/|i]* (por n aplicações de I - V )
Passo 1: T o m a m o s cada g e n e r a l i z a ç ã o Y ^ ^ M - V ^ / l ^ ] * 1^^^
.•.h'a^''(3
ocorre em (p e achamos u m a g e n e r a l i z a ç ã o Y'=0V\l/[t/v]*, na
Caso 2: qual V é u m a variável que n ã o ocorre e m (p e n ã o t o r n a r á a
ocorrer e m n e n h u m outro y'-
Passo 2: Obtemos (Pf,, substituindo e m (p cada f ó r m u l a y pela
correspondente Y- C o m o I—y^-^Y'; po^ P V , temos que
(por n apHcações de E - V )
l-(p<-^(Pii, p o r TS.
I xi/[^ii/t,]...[Hytj P
Passo 3: Dada a seguinte Hsta:
I 3vv[t/v]*[^,/tJ...[|a„/tJ 1-3
3vv[t/v]*[^,/tJ...[^„/tJ E-3
a) Para O ^ - i V ^ a , X=3lU,-ia
'''3v\|/[t/v]* (por n apHcações de I - V )
b) Para 0 = - i 3 n a , T = V | i - i a
(<=):
c) Para a=(V|J,aAP), X=V|l(aAP)
''3v\|/[t/v]*
d) Para a=(3|aaAP), X=3|l(aAP)
3vv[t/v]*[v,/tJ...K/g (por n apUcações de E - V )
e) Para a=(V|J,av|3), X=Vn(av|3)
I ¥[v,/t,]...[vytj P
f) Para a=(3)xavP), x=3n(avP)
I 3|Lixi/[t/|a]*[v,/t,]...[v,yt,J 1-3
g) Paraa=^(V|ia->(3),x=3|a(a-^|3)
3|ai|;[t/rt*[v,/t,]...K/g E-3
h) P a r a a = ( a - ^ V | i p ) , x = V ) i ( a ^ p )
'•3|u\|/[t/|^]* (por n aplicações de I - V )
i) Paraa=(3|ia^P),x=V)i(a-^p) .
248 249
j) Paraa=(a-^3|J,P),T=3n(a^P) por e a' por teremos ainda teoremas lógicos, pois
k) Para a=(V^a^|3), T=V|a3v(((3-^a)A(a'-^|3)) nossos teoremas são apenas fórmulas esquemáticas. Cada
(onde 06' difere de CL apenas por apresentar V nos teorema lógico assim instanciado estabelecerá que h-G^f-^T^.
lugares em que a apresenta | I , e V é uma variável que
Vem: . : . • . i - r - ; . .• •
não aparece em nenhuma fórmula a, já obtida)
1) Para o=(3|aa^p), T=V^l3v((a->|3)A(p^a')) (onde
a' difere de a apenas por apresentar V nos lugares
• ' G premissa '
em que OC apresenta |J,, e V é uma variável que não
Gj (por aplicação sucessiva de E-V) - • '
aparece em nenhuma fórmula a, já obtida)
(pelo argumento acima)
""T (por aplicação sucessiva de I - V )
Geramos a série {(p,, obtendo cada (p, mediante a
substituição em cpj., de uma fórmula O pela correspondente
' T premissa
X, sendo {p„ uma fórmula onde não aparece mais nenhum a.
(por aplicação sucessiva de E-V)
Teremos assim que (p'= (p^ G, (pelo argumento acima)
' G (por aplicação sucessiva de I - V )
Justificamos o passo 3 da seguinte forma:
Assim, achamos uma fórmula prenex cp' que é um
Se a é uma sentença, temos que l-a<->T (teoremas 66 a 7 7 ) . substitutivo para (p onde quer que (p ocorra. Dizemos que Cp'
Se G é uma fórmula aberta, podemos demonstrar que I— é a forma normalprenex de (p.
''CT<-^ ' T (cf argumento abaixo). De um modo ou de outro,
temos por TS que l-{Pj<-^(p,., e, pela transitividade da dupla 5.3.6 T e o r e m a da comgacidadeTIpado um conjunto de
impUcação, que I—cpgf-xp'. Pelo resultado do passo 2, sentenças F qualquer, Y é satisfazível se e somente se F é
concluímos que I—(p<-^(p'. finitamente satisfazível.
Argumento: As variáveis livres de CT são as mesmas de T ,
pois o conjunto delas é formado pelas variáveis Hvres que
Se uma interpretação J satisfaz F , então JÍ torna verdadeiros
ocorrem em OC e em (3 (note que as variáveis Uvres de a', são
todos os elementos de F , vale dizer, J torna verdadeiros
as mesmas de a). Quando, de modo uniforme, substituímos
todos os elementos de qualquer subconjunto de F . Assim,
as variáveis Hvres em G e T por constantes, obtemos (de temos que se F é satisfazível, então F é finitamente
G ) , T, (de T), a, (de a), (de (3) e a', (de a'). Se tomarmos satisfazível.
os teoremas do 66 ao 7 7 , e substituirmos neles a por a^, P
250 251
Se (li), 21= a, pois toda interpretação que satisfaz 2 torna
—itt falsa e a verdadeira
A q u i , c o m o na prova da compacidade para a L P ,
2í=a (por e x a u s t ã o das possibilidades")
mostraremos que existe u m conjunto satisfazível A tal que F
(qed) ,. , _ ^
C A. Usaremos novamente três lemas. Daremos do primeiro
uma d e m o n s t r a ç ã o análoga a que já f o i dada no capítulo I V ,
Lema 2: Dado um conjunto de fórmulas 2 qualquer,
a d e m o n s t r a ç ã o do segundo continua a mesma, pelo que n ã o
finitamente satisfazível, temos que se 2 ; a n ã o é finitamente
a repetiremos, e a d e m o n s t r a ç ã o do último será em grande
parte nova: Antes, p o r é m , damos uma importante definição, satisfazível, e n t ã o 2 ; - i a é finitamente satisfazível.
que será usada na prova de outros metateoremas:
Lema 3: D a d o u m conjunto de fórmulas finitamente
satisfazível 2 , podemos gerar u m conjunto satisfazível e Cú-
Def„.: u m conjunto de sentenças T é ú)-compkto se e
completo A tal que 2 C A da seguinte maneira: tomamos o
somente se ele tem a seguinte propriedade:
conjunto { k „ k,, kj, ...} de constantes inexistentes n o
alfabeto de £ e a Esta Lj. de todas as fórmulas de L ( c f Ex6,
3|J,a e r se e somente se para algum termo constante t,
1), e a partir deles c o n s t r u í m o s duas novas listas, Lg. e L(p.
a[^/t] e r
Lg, será construída em dois passos. Primeiramente,
Lema 1: Para qualquer conjunto de fórmulas 2 , 21= a se e tomamos cada elemento de Lp e o colocamos em uma
somente se Ej—ia é insatisfazível. , , . lista Lg se ele é uma sentença. Depois, tomamos cada
elemento de L j e verificamos se ele é do tipo 3p.a e
• • (=^)^ . : . l ^ /- , acrescentamos logo em seguida a ele a sentença a[|x/k|],
tal que k| n ã o ocorre em elementos anteriores da lista.
2Na (hip.)
C o m isso geramos L j , . ,
T o d a interpretação que satisfaz S, torna a verdadeira
T o d a interpretação que satisfaz 2 , torna - n t t falsa L c = A „ Al, A,, A„ onde 7
Z;—itt é insatisfazível
(^):
2;—la é insatisfazível (hip-) " A,.iU{(Pj}, se esta união é finitamente satisfazível
o u (i) 2 é insatisfazível
o u (ii) dada qualquer interpretação 3 que satisfaz 2 , tit^ Aj_,U{—i(p,}, caso contrário
-la
Se (i), 2t=a p o r vacuidade T a l que cp, é elemento de L^,.
Fazemos então A - A „ u A j U A 2 .
252 253
]'c'la própria construção de A, fica evidente que este
conjunto é maximal em relação à L^*, ou seja, dada qualquer Vejamos o que acontece se «[jx/kj G A: - • u.
fórmula a de L^,, se OC € A, então —itt G A (embora não o
a[|a/k,] G A (hip.)
seja em relação à linguagem formada a partir do alfabeto
Suponhamos que 3|J,0C g E , daí
A u { k j , kj, k,, . . . } , que chamaremos X,^^). Note que para cada
—i3|xa G A (maxim., pois 3\x.a e Lj;,)
sentença 3)i{X de L há uma sentença (X[|l/ki] de L^., mas não Mas se {a[^/kj], - i 3 | i a } c A, então A não seria
existem duas sentenças de L.^, que apresentem ocorrência do finitamente satisfazível
mesmo k^. Outrossim, é fácU ver que A é finitamente Logo, 3 | i a G A
satisfazível, pois, dado qualquer subconjunto finito A' de A,
existe A, tal que A' C A-, e todo A, é finitamente satisfazível Concluímos assim que A é tó-completo (qed)
(pelolema2). • ^• ' •' :
Para fechar a demonstração do lema 3, especificaremos uma
Demonstramos que A é CO-completo da seguinte forma: interpretação que satisfaz A, mostrando assim que A é
Cada A, é construído pelo acréscimo de um (P; ou de sua satisfazível:
negação a um A;., e é dado que se (pp 3|X0C, então (p;+i =
a[[X/k,]. Vem: Def,.: Dada uma lista das n-uplas de termos de L^^^, S" é a
n-upla que aparece na posição k desta Usta e 2í-c(Sk) é a n-
upla dos valores atribuídos aos termos de SíJ por '^x-
Vejamos o que acontece se 3\X.CL G A:
Def,.: 3x. Termos de L^^, tal que: X, T j T , ... e uma
" j_ 3|^a G A (hip.) lista dos termos de £^^^' e 1211 = {«aj, •2.^, «aj,...}
A,= A,_,u{3^a}
Suponhamos que a[|J,/kJ g Aj+,, daí (1.) a,(X,)= «a, . •
A,;a[|Ll/kj] não é finitamente satisfazível
(2^) aT(X,), se X~X, G A, para algum j < i
Ai;a[|Ll/k|] é insatisfazível (parte trivial da compac.)
A, t= -ia[!a/k,] (lema 1) (3x) J'T(XJ)= «a,., se X,*Xj G A, para qualquer j < i , onde,
Como não ocorre k^ em nenhuma sentença de A„ temos: •a,, é uma imagem ainda não atribuída e, dado
A, 1= V | I - i a (cf seção 2.2, item viii)
qualquer «a^ tal que x < k, existe um Xj tal que
A; t= -B\ia ' (Ex8, It)
A, t= 3)a,a (reflexividade) :Jx(T,)-.a,
A; é insatisfazível
A não é finitamente satisfazível (o que contradiz resul-
tado anterior)
Logo, a[\x/kj G A
' Fica c o m o e x e r c í c i o para o aluno p r o d u z i r u m a tal lista, o que p o d e ser
feito t o m a n d o - s e c o m o m o d e l o partes d o e x e r c í c i o 3 de E x 6 .
254 255
N o t e que é de fato uma f u n ç ã o , pois n ã o acontece dela (2) = {(x, y) I x = ax(S") e y= a,(rs"), P « a cada z
atribuir dois valores diferentes ao mesmo termo. H á três >0}
possibilidades para cada termo T,: 1. x p x , ; 2. T~X^ 6 A , para (3) 3(Po = {px(to, :íx(t2), • • •, 2íx(g) I Pkt,t2...t., G A}
qualquer j < i e 3. X~T- £ A , para algum j < i . N o s dois
primeiros casos, fica claro através de ( I t ) e (3x) que é Reclamamos que 3 satisfaz A. Provamos isso demonstrando
a t r i b u í d o apenas u m valor para T,. N o ú l t i m o caso, se for que N-j Y sss Y G A, o que faremos usando i n d u ç ã o sobre Y-
encontrado apenas u m Tj tal que T ~ T j 6 A , sendo j < i , O passo i n d u t i v o será: se o lema vale para s e n t e n ç a s de
t a m b é m fica claro que T, será associado a u m ú n i c o valor. g e r a ç ã o inferior a de Y, vale t a m b é m para Y (consideraremos
Pode acontecer, p o r é m , de encontrarmos mais de u m Tj que uma s e n t e n ç a do tipo a [ | l / t ] é de g e r a ç ã o irjferior a de
Digamos, p o r exemplo, que X ~ X ^ e A e X,~X^ e A , sendo V | i a e 3|ia). Antes, p o r é m , demonstrarrios dois sub-lemas
m < n < i . Nesse caso, teremos que 3I(T^= D'X(XJ e que ^^(T^^ que facilitarão nossa d e m o n s t r a ç ã o do lema principal.
Jxi^^rò; a unicidade do valor a t r i b u í d o a X^ é garantida
porque e n t ã o t a m b é m será o caso que X,^~X„ G A , e, Sub-Lema 1 ( S L l ) : D a d o algum j < i , X - X ^ £ A sss X,=X, e A.
portanto, 3T:(XJ= O que é assim demonstrado: Vem:
^~X,,G A (hip)
X ~ X j E A, para algum j < i (bip.)
x~x„ e A (hip.)
Suponhamos que X-~X, g A
Se X„=X„ € A, e n t ã o X„*X„ e A (maximaHdade de A
X|*X, e A (maxim. de A c o m respeito à L^,)
c o m respeito à Lg»)
{x,=x,,x,*xj e A
Mas {Xj^Xj, X~X|^, XjofcxJ c A, então A n ã o seria
Mas {x,~X|, T-rt^X^} é insatisfazível, o que contradiz o fato
finitamente satisfazível
de A ser finitamente satisfazível.
Logo,x„=x„e A
L o g o , X~X,- e A (qed)
Fica assim demonstrado que JÍ^ é de fato uma f u n ç ã o . (^):
Esta parte segue a d e m o n s t t a ç ã o anterior, assutnindo-se
D e f i n i m o s a i n t e r p r e t a ç ã o 3 da segmnte forma: a h i p ó t e s e de que Xj=X, G A, para algum j < i .
3: n ' - ^ 2 t , tal que n'=nu{k„ k^, k„ ...} Sub-Lema 2 (SL2): D a d o qualquer termo X, 3{x)-3x{X)
Sendo C; uma constante, f uma f u n ç ã o e P,. u m predicado
Se X é constante, e n t ã o 2((x)=D'x(t^) (por 1)
(i)a(c^ = a,(c^ Se X = f S k , e n t ã o
256
3(0= { ( x , y) I x = J , ( S " ) e y = S"), para cada 2 > 0 }
(por 2) T~Ti e A >
a,(T^= 3x(T,) (2x)
Px(Su),2íx(f^sn)e 3 ( f ) • -
3(xD= 3 ( T , ) (SL2)
a(f) apHcado a Díx(Sk) = :íx(rso . ,.:.-v:: •
a(T)=a,(f sn ^ .. •
a(T)= j,(x)
(a^) i > 1
D e m o n s t r a ç ã o do lema principal: T~T,e A
T,=T, G A (SIJ)
i) Y é f ó r m u l a a t ó m i c a a,(T,)= (2x)
3(T,)= 3(TO (SL2)
a) Y = T^rT^, ' " ' •
{=>)••
' Y2 A (hip.) ^3Y
*•
(a,) ) < 1
T,*Tj G A (maximalidade) b) Y=PAt2-t„
3x(xO ^ J>x(Tj) (3x)
(^):
Y^ A ' (hip.)
2í(xD'^3f(T,) ^.^ (SL2) . l\t,t,...t„ g A
(ax(t,), :ix(t^,-- . , 3 x ( t J ) 6 3(P0 (3)
(a^ i < j
T,*Xj e A • (maximalidade)
YG A
T,*T, e A (SLl)
l\t,t,...t„ G A
3,{X)^3,(T;) (3x)
.,3,(t,0)G 2í(P^ (3)
3{T)^3ixò (SL2)
a(T^^3(x,) ^ 3 Pkt,t2...t„
^3Y
Y6 A (hip.)
^ J R ^ 1F ^ ^ ^ t-^ il T CO
o R m " " u
¥ ¥ > tr sw m
u
1.1F u u o
^ m t> R R uR o
uR 5- O n J
-< R R O XD > n P ", J R
m XD m
J m ^ ¥ R i
> J m ^ •CD > m 1^
n
n xo n C3
C3 m :^ B> <=> n Pí
o
^ J
Q ^ R m XD
1^ x o J
> R
n -I
i j Ao
R
J <
"DO XD < xa 3^ > XD
--, XD ^

In " XD
n
> Tn [>
XD > Í2
n " "
>
I
ti
&, q. c/l ^ — V
CL
^I
^P Cl- C O
.fi>.
« o.
I;
p-.

N Í3
261
260
M a s , { - i a , -1(3, a v p } CZ A ( A c fimt. s a t i s f a z í v e l ) o u (i) a e N 3 P o u (ii) (5^3 a e P -'O^-ijK
. L o g o , avP g A / ; Se (1) a e A e P G A c se (11) a g A e P g A .-. -la e Ae
A —iP G A ( h i p . i n d . e m a x . d e A)
Se -i(a<-^P) G A, e n t ã o o u { a , P, - i ( a ^ P ) } C A (de i )
O u {-ia, - . p , - i ( a ^ p ) } c A (de 11)
{ a , p, ^(a<^P)}c2 A e {^a, ^ p , ^(a4->p)}(Z A (A é fi-
nit.sadsf.)
L o g o , —i(a<-4P) g A (de i c ii)
—i(a—>|3) e A (maximalidade) Y G A . (maS:imalidadc)
Se -na e A , então {-itt, -n(a^P)} C A
i^y- . .
E se P 6 A , e n t ã o {P, ^ ( a ^ p ) } C A
1 •' •
Mas {-na, -i(a^P)} cr A e { p , -,(a^P)} A (A é fmit.
o u (1) 1=3 a c litj P o u (11) 19^3 a e N 3 P
satisfaz.)
S e ( i ) a G A c P g A .-.-iP G A ( h i p . i n d u t i v a e m a x i m . )
L o g o , -la g A e P g A
Sc (11) a g A e P G A .-.-ia G A (liip. indutiva e m a x i m . )
a e A • (maxunalidade)
Se a<->P G A, e n t ã o o u { a , —.p, a'e>P} C A ( d e 1) o u
t = 3 a e hfcj P (liip. indutiva) {-la, P, a ^ p } CA (de 11)
a^p
{ a , - i P , a ^ P j c T ^ A e {-la, p, a ^ P } cz A (A é fmit.
satisfaz.)
•' Logo, a ^ P í A ; (deicii)
/: ^ 3 Y . Y 2 A • : '>
^3 a e 17^3 P
vil) Y = V)Lia • I. \,:
a e A ep g A (hip. indutiva) , ' -ulir-
—iP S A (maximalidade)
Se a-^p e A , e n t ã o {a, -iP, a->P} c A ( ^ ) :
M a s {a, -iP, a-^P} (Z A (A é finit. satisfazível) ^3Y
L o g o , a^P g A N3 Vjia
Y 2A 1=3 a [ | l / k j ] ( c f s e ç ã o 2.2, i t e m v i i i )
aíjl/kj] G A (hip. indutiva)
vi) Y = a ^ P
S u p o n h a m o s que y í A
-iV|.ia G A (maximalidade)
^ D Y '
262 263
3|J,-ia G A (do contrário { - i V ^ i a , -i3|a,-ia}c A e A N -3\xa
A não seria finitamente satisfazível) A N V|i,-ia (Ex8, I t )
-ia[|a,/kj] e A (pois A é OO-completo) A N —ia[|a/tj (onde t, pode ser qualquer termo
Mas assim {a[|a,/kj], — i a [ | l / k i ] } c A e A não seria constante, inclusive algum k^)
satisfazível A s s i m , para qualquer termo constante t;, temos:
Logo, Y 6 A ^a[\i/t]e A ' ' "
N3-ia[fa,/tJ (hip. indutiva)
N j V|a,—itt (pois, p o r definição de 3, cada
1=3 - i V | i a elemento d o dornínio é atribuído a
1=3 3\x-^a (Ex8, I t ) u m termo constante)
Suponhamos que V|a,a G A N 3 —i3^ia (o que contraria resultado anterior)
A t= V | L i a Logo, Y e A
A N OC[j^/tj] (onde t, pode ser qualquer termo
constante, inclusive algum k|)
A s s i m , para qualquer termo constante tj, temos: N3 -i3|xa • ' ' . -" '
a[^/tj 6 A , N3 V i a ^ a (Ex8, I t )
í=3 a [ | x / t j (hip. indutiva) N 3 -ia[|x/tj] (cf. seção 2.2, i t e m vui)
1=3 V p , a j ; 5 (pois, p o r definição de 3, cada —ia[jx/kj] G A (hip. indutiva)
elemento d o domínio é atribuído a Suponhamos que Y G A
u m termo constante) 3|ia G A
t=-j —i3fX—la (o que contraria resultado anterior) a[|l/kj] G A (pois A é CO-completo)
Logo, Y g A Mas assim A não seria sadsfazível
Logo, Y 2 A
viii) Y = 3|ia
Dessa f o r m a , provamos o lema 3 . Passamos então à
demonstração final, que estabelece o teorema da compaci-
dade concluindo a demonstração de sua parte não trivial.
Vem:
Suponhamos que 3|J-a g A
r é finitamente satisfazível (hip.)
—i3|J-a G A (maximaHdade)
r C A (por construçã<:))
264 265
A é satisfazível (lema 3) L o g o , 1=3
r c satisfazível (^icd)
.-.F ^ a. (qed)
5.3.7 T e o r e m a da c o r r e ç ã o : Se r I - a, e n t ã o T \^ a
b) C: - . -
Se a e T ( 0 ) , e n t ã o t= a, c logo T t= a (cf. p. 238).
P a r a a , = (X„,^a, • :
S e n ã o , demonstraremos o teorema usando i n d u ç ã o sobre a
prova S de a a partir de F, o u seja, assumrremos. c o m o F h- a, (hip.) •M- '^'^ 'f
h i p ó t e s e indutiva que o teorema vale para subprovas de S F N a, (hip. indutiva)
(uma subprova de S é uma parte de S que t a m b é m é u m a Para toda i n t e r p r e t a ç ã o JÍ, se J satisfaz F, t=3 ^
prova da L P P O ) . A s s u m i n d o a h i p ó t e s e F I— C6, temos: Se t=3 a-, e n t ã o 1=3 a.^^a^
.-.F ^ a (qed)
caso 1: a e F
c) E C : V -
F 1 = OC (pois toda interpretação que satisfaz F torna
Para a,-a„,Aa, CííO
verdadeiro cada m e m b r o de F, inclusive a)
F K a, (hip.) i , S 3 , • KXE^I
caso 2: fazendo (X—(X^. e t o m a n d o as s e n t e n ç a s e (ou
F N ttj (hip. indutiva)
apenas (1^ que aparecem na prova de CX a partir de F,
Para toda i n t e r p r e t a ç ã o 3, se satisfaz F, ^=3 a^^A(\
mostraremos que o teorema vale quando a é deduzida por:
Se N 3 a^Att;^, e n t ã o 1=3 tt,,^ e 1=3 a,^
:.ri= a (qed)
a) M P : - ..
d) I C
Para a—>(\
Para ai,=a,Aai ^ '' ; '•
F h- a, (hip.)
FHa, (hip.)
Ff-a, (hip.)
F 1 = a, (liip. indutiva) FKa, (hip.)
F 1= (hip. indutiva) F t= a, (hip. indutiva)
Para toda i n t e r p r e t a ç ã o 3, se 3 satisfaz F, t=j Ct^ e 1=-, F f= (hip. indutiva)
Para toda i n t e r p r e t a ç ã o 3, se 3 satisfaz F, l=3a, c N3OC1
Se t=3 a,-^a|., e n t ã o ou Iífc3 a, o u t=3 a,,. Se f=3 ttj c 1 = 3 a,, e n t ã o 1=3 a.Aa^
Mas t=3 a; .-.F N a (qed)
266 267
e) MTP: h) RA
Para a,=-,a„ e a,= a^va^ Para c\=-^a„, a.=a„-^a„ e a , = a „ ^ - n a „
Th a, (hip.) F k a, (hip.)
r f - a, (hip.) F K a , (hip.)
F 1 = a, (hip. indutiva)
r t= a, (hip. indutiva)
r N ttj (hip. indutiva)
r t= ttj (hip. indutiva)
Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz F, então
Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz F, ~iOC^ e
N 3 a „ - ^ a „ (1) e 1=3 a „ ^ - i a „ (li)
Se 1=3 — e n t ã o Se ^ 3 então, por (1), N 3 a„ e, por (11), (^3 a„
Como, 1=3 a^va^^, então t=3 OC^ Logo, tí-ja^e, portanto, 1=3 - i a „
.-.r N a (qed) .-.F 1 = a (qed)
f) I D : , ; i) DD:
Para a;^=a,va„ Para a,=a„^a„ e a,=(a„^ajA(a„-^aJ n
r K a. (hip.) F I- tt; (hip.)
r 1 = « i (hip. indutivo) F t= ttj (hip. indutiva)
Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz F, (=3 a, Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz F,
Se t=3 a,, então 1 = ^ O C , v a „ ^ 3 (a„-^ajA(a„->aJ
.-.F N a (qed) Se t=3 ( a „ - » a j A ( a „ - ^ a J , então 1=3 a,,-^a„ e
t=3a„-^a„,
g)DN: E por conseguinte, ((=3 a,„ e 1=3 a j ou ((5^3 a„ e (7^3 a j
Logo, N 3 a„«->a„
Para a,=—i-itt;^ .•.T\=a (qed)
F h a , (hip.) Para a,=(a„^ajA(a„->aJ e a,=(x^^a„
F t= a, (hip. indutiva)
Para toda interpretação 3, se JÍ satisfaz F, N 3 —1—itt^
F k a , (hip.)
Se 1=3 — 1 — e n t ã o CC,^ F í = OC; (hip. indutiva)
.•.rt= a (qed) Para toda interpretação 3, se JÍ satisfaz F, 1=3 a„<-^a„
208 269
Se N - , a„,^a,„ então (I^T a„ c a j ou a„ e 1) 1-3:
Se (t=3 a„, e ^ 3 a„) ou (í^3 a,„ e t^3 a„), então Para a,=3|ia„ e a,=a„[^/t]
N3 a„,->a„ e ^3 a„->a„,
.-.r N a (qed) - • F f= a, (liip. indutiva)
Para toda interpretação 3, se Cf sadsfaz F, 1=3 CX,,,[|l/1]
i) i-v: ^ . ' : Se 1=3 a,„[^/t], então i=33).ia,„ (cf seção 2.2, item Lx)
.•.Fl=a (qed)
Para a,^=V|ia„ c a=a^\\i/x\. Sendo F t r o conjunto
das premissas de a„ temos que nenlium elemento de m) E-3:
P apresenta ocorrência de t.
Quando a,, é inferido por E-3, há uma subprova de a,,
Ph-a^ (hip.) , :• a partir de F que também é uma prova a,, a partir de
F' \^ a, (liip. indutiva) F ' u { a „ J | , l / t ] } , onde F' é um subconjunto de F que
Para toda interpretação 3, se U satisfaz F', 1=3 a„,[fl/t] não inclui sentenças com ocorrências de t. Para
Se Jí satisfaz F', qualquer elemento S de D 3 | , | satisfaz a , = 3 j a a „ , temos:
F (pois t não ocorre em F') ' ''
E, consequentemente, (=3 a,„[)J./t] c t=i,CX„[M,/t], para F K a, (hip.) );
qualquer 2) Pu{a,J^/tl}Ka, (hip.)
.-.PN V^a,, • - í Pu{aj^/t|}^a, (hip. indutiva)
.•.Ft=V|aa„, (Ex8,ln) Pu{-iaJ^-na,j!i/t] (Ex8, Ig)
.-.F 1= a (qed) ,<^'/ , . ' Como não ocorre t em nenhuma sentença d(
F ' u { - i a J , temos:
k) E-V: : Pu{^aJ^V|i^a„, (cf seção 2.2, item viii)
(Ex8, If)
Para a,=a„[^/t] e a,=V^a„, . • • „ -: (1) Ft=^a,^Via^a^ (Ex8, In)
F t= a, (hip. indutiva)
F I - a, (hip.) 3|ia„^^V^^a„ (Ex8, It)
F t= aj (liip. indutiva) (2) F ^ ^V|i-^a,, (Ex8, Ic)
Para toda interpretação 3, se 3 sadsfaz F, N 3 V}a,a,„ Se 3 satisfaz F, 1=3 a,^ ou (=3 V | a , - i a „ (por 1)
Se t=3V)aa„„ então N 3 «..J^l/t] (cf. seção 2.2, item viii) Mas, V|l^a,^ (por 2)
.•.Fl=a (qed) Logo, Ft=a,
.-.F ^ a (qed)
271
n) Introdução da identidade (II)
Se t, ocorre em 62, repetimos o raciocínio para Bj,
Para a,,= t=t obtendo igualmente que F 1= a.
Para toda interpretação 3, 3{t)=3(t) e, portanto, t=t 2) a-=P,.9,92...6,„...9„, onde 9^ apresenta ocorrência
Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz F, t~t de t, . ; - v:
Logo, rt=a|^
.-.r N a (qed) - ~" F K a, (hip.)
F h P,0,9,..9^...9, (hip.) . '
0) Eliminação da identidade (El) F 1= a, (hip. indutiva)
F ^ P^9,92...9„...9„ (hip.mdutiva)
Para a, = t,=t2 e a;^=a|[t,/tj, onde a, é uma sentença
atómica que apresenta ocorrência de t,. Temos dois Para toda interpretação 3, se !J satisfaz F, 3(ti) = 3(t^
casos a analisar: , e (j(9,), ^ ( 0 2 ) , a ( 9 j , a ( 9 j ) e a(pj
1) a,=e,-e, e..=9„[tyt2] (Ex8,2)
= 2í(en.[t,/t2])
(5(9,), a ( 9 2 ) , 2 í ( 9 j t , / t 2 ] ) , a ( 9 j ) G a(i^o
Tf-a. (hip.) N3P,9,92...9„...9„[t,/t2]
r h- e,-e. (hip.) .-.F \= a (qed)
r 1= tt; (hip. indutiva)
r t= 9,=02 , i (hip. indutiva) Tendo demonstrado que cada regra de R I é correta,
temos provado de forma geral a correção da LPPO, isto 6, se
Para toda interpretação 3, se 3 satisfaz T, 3(t,) - 3{t^ F I- a, então F t= a. (qed)
e 3{Q,) = 3{Q^
5.3.8 Teorema d; dedução ( T D ) : Se F, (3 h- a, então F
Se t, ocorre em 9,, então: I- P-^a
N=3 0,=e,[t,/tj (Ex8,2) A demonstração do teorema da dedução para a LPPO
j(eo = a(e,[t,/tj) utiliza os mesmos lemas que foram demonstrados para a í ,1',
m [ t , / y ) = 3í(ea) deve-se observar porém que onde nas demonstrações desses
^ 3 e,[t,/tj-e2 lemas alude-se a certos metateoremas (como correção e
(e,-e2)[t,/tj compacidade), estas alusões passam a referir as versões
.•.rt=a (qed) destes metateoremas para a LPPO. Segue:
273
272
S;a não é consistente
r u T , p í= a (lema 2) E ; a h- P
Para toda interpretação J, se 3 satisfaz F u T , então X;aH-nP „
, 2 h a-^p . (TD)
Ou 1=3 p (i) ou f?í^3 P (ll)
Se (i), então 1=, p->a ^ (pois T u T , P t= a Z. \=~, O) E H a->-ip (TD)
\ h- (RA)
Se (ii), então 1=3 P->a (pela falsidade de P)
Logo, 1=3 p—>a (por exaustão) Se S;—itt não fosse consistente pelo mesmo raciocínio
Vem: - ..,' de cima teríamos que:
S I ^-la . : ,,
ruT ^ p-^a ^^,;'t Z h a " pN)
r h- p ^ a (lema 2) (qed) E assim Z não seria consistente, o que contraria nossa
hipótese
5.3.9 Teorema complêtudeí^e F t= a, então F h- a Logo, Z;—ia é consistente (qed) . ;f /K , -
Pretendemos demonstrar agora que RI é completo, ou SL4: Para qualquer conjunto de sentenças F consistente, há
seja, que para qualquer sentença a e qualquer conjunto de um conjunto Z que é consistente, maximal relativamente a
sentenças F, se a é consequência lógica de F, então a é um dado conjunto e 00-completo que contém F e pode ser
dedutível de F. Assim ficará estabelecido que as regras de RI construído da seguinte forma:
são conjuntamente suficientes para prov^ar toda consequên-
cia lógica (não obstante, RI não é um conjunto necessário de
regras).
S, ,U{(p,}, se (p, é consistente com Z,.,
Vamos agora proceder à demonstração da completude. Em Z;= ^
primeiro lugar, vamos provar o lema I : Z,_jU{—i(Pi}, caso contrário.
Lema 1: Dado um conjunto F de sentenças qualquer, se F é Tal que (p, G L^* (a mesma lista L^, que construímos na
consistente, então F é satisfazível. demonstração da compacidade)
Para essa demonstração precisamos de três sub-lemas - SL3, Z será o conjunto união desses infmitos conjuntos Z, (dito
SL4 e SL5: metaforicamente: o que fizemos foi preencher o conjunto Z
com um conta-gotas, apenas cuidando para o recipiente não
SL3: Se 2 é consistente, então se S;a não é consistente, transbordar). Reclamamos que:
então Z;—itt é consistente.
274 275
i) S é consistente .. E. h-a[|a/k,H-np
E, h- ^ a [ ^ / k,]
Suponliamos que houvesse uma prova de OCA—lOC a E, I- V|J.-ia (I-V, pois k| não ocorre em E;)
partir de E, então haveria uma prova de (XA—itt a partir E, I—i3|a,a . .
de um subconjunto finito 2 ' de S (pois toda prova da E, k 3}xa - (reflexividade) •
LPPO é finita). Porém, como qualquer subconjunto Ej é inconsistente (o que contradiz a hipótese)
finito de uma união de conjuntos finitos aninhados é Logo, a [ | i / k,] G E
um subconjunto de pelo menos um dos subconjuntos
aninhados, S' C 2, para algum i , donde segue que E, K (^):
ttA—itt. Acontece que, por SL3, vemos que cada E; é Vejamos o que acontece se a[|X/k-] G E:
consistente, o que nos leva a um absurdo e estabelece
que E é consistente. a[^/kj G E (hip.)
. : Suponhamos que 3|a,a g E, daí i.:>
ii) E é maximal em relação à L^, —i3|xa G E (maximaHdade) • '
El i3|ia (reflexividade)
A maximaHdade de E com relação à L j . é trivial dada a E l - a[^i/ki] (reflexividade e hip.)
sua construção, uma vez que para qualquer sentença (P; . EH3^a (1-3)
de Ls», (Pi e E ou -i(p, e E. ' E é mconsistente (o que contradiz result anterior)
Logo, 3na G E
iii) E é CO-completo.
Concluímos assim que E é CO-completo (qed)
Cada Ej é construído pelo acréscimo de um (P; ou de
sua negação a um E,,, e é dado que se (p,= 3[ia, então Precisamos agora de SL5.
(p,+,= a[|A/k,]. Vem:
SL5: O conjunto E construído em SL4 é satisfazível.
(=>):
Primeiro definimos a função !JT: e a interpretação 3 de forma
Vejamos o que acontece se 3|U,a G E:
análoga a que foi feita na demonstração da compacidade.
a^ia G E (hip.) Vem:
E,_,U{3)J,a} é consistente
E,= E,.,u{3)ia} Definimos da seguinte forma:
Suponhamos que a[|l/ki] g E, daí
EjUa[n/kj] é inconsistente Jj. Termos de £^^,-^\QÍ\, tal que: T2X3... c uma lista dos
E, K a [ | i / k j ^ p termos de £^^^ e 12t | = {«a,, •2.2, •a.^,,...}
276
(1) a(co = :ÍX(C^
(1.) 3,{X,)^ «a, (2) a(f)= {(x, y) I x=ax(S:;) e y=ax(FS"), para cada z>0}
(2x) 2íx(Ti)= 2ÍT(X,), se T ~ T , e S, para algum j < i (3) 3(Po = {(:Jx(to, ax(t^, ...,ax(0)|PAt2...t„G E }
(3x) !JT:(Xj) = «a|., se X^'^X- e E, para qualquer ]<!, onde «a,,
é uma imagem ainda não atribuída e, dado qualquer Reclamamos que JÍ satisfaz E. Provamos isso demonstrando
•a^ tal que x<k, existe um tal que "J-^ÍX^^ «a^. que t=3 Y í'SS Y e E, o que faremos usando indução sobre Y-
Antes, porém, demonstramos um sub-lema análogo a SLl.
Aqui também, jí^ consdtui-se numa função por razões SL2 também será usado e sua demonstração continua a
semelhantes aquelas aludidas em 3.6. Há três possibilidades mesma, apenas com uma diferença de leitura, pois onde lá se
para cada termo X^ 1. T i = T | ; 2. X~X^ g Z, para qualquer j < i e menciona 3 e 3^, estes símbolos devem agora representar a
3. T j ~ T j e E, para algum j < i. Nos dois primeiros casos, fica função e a interpretação definidas nesta seção.
claro através de (l^) e (3^) que é atribuído apenas um valor
para T,. No último caso, pode acontecer, por exemplo, que Sub-Lema Análogo 1 (SLAl): Dado algum j < i , X—X^ G E
Xi=T,^ e E e T ~ T ^ G E, sendo m<n<i. Nesse caso teremos sss Xj=Xj G E. Vem: • 7 \,
que 2ÍT;(TÍ)= I Í T ( T J e que C Í T ( T Í ) = 2ÍX(TJ, mas a unicidade do
valor atribuído a T- é garantida porque então também será o (^):
caso que T „ = \ E, e, portanto, 2 Í X ( T J = 2ÍT(T„), o que é X ~ X j G E, para algum j < i (hip.)
assim demonstrado: E h- Xj^Xj (reflex.)
E h Xi=Xi (II)
T~X^ G E (hip) E h- X p X , (El)
T~T„e E (hip.) ' - Xj*Xi 6 E (do contrário E I - X j ^ X ; e E seria
E K T~T„ (reflex.) inconsistente) ."'^í'. "
E K T,=T„ (reflex.) LSF -.ív i^V: - , •. X|=X, G E (maximaUdade de S)
E h- T^==T„ El
T^*T„ g E (do contrário E I - X,„*iT„ e E seria (=>): -^r ' •
inconsistente)
Esta parte segue a demonstração anterior, assumindo-se
Xj^^t^ G E (maximaHdade de E com respeito à L^^,) a hipótese de que X=X, G E, para algum j < i.
Definimos a interpretação 2í da seguinte forma: Demonstração de SL5:
a: n'^2t, tal que i) Y é fórmula atómica
Sendo c, uma constante, P uma função e um predicado a) Y=T,='C:
278 279
(hip.) Y€ S • , (hip.)
(a,) j < 1 P,t,t2...t„ g 2
(maximalidade) (a,(t,),ax(t2), . . . , 3 T ( 0 ) € a(PO (3) .. ,.
(3x) ^3 PAt2...t„ :i >
(SL2)
Y e 2;
PAt2...t„eE
(maximalidade) (ax(tO, :Jx(t2), ...,2íx(0)G 2í(P0 (3)
(SLAl)
a,(T,.) ^ a,(T^ (3x) ^aY
2í(T,)^JÍ(T0 (SL2) :
ÍL) Y= -lOC / - :;. .
(^): : • í
^3 Y Oip-)
(hip.)
(a,) i < 1 Nfcj a
T~T. G E a g S (hip. indutiva)
:Jt(TD= 3x(Xi) (2x) —,a G 2 (maximalidade)
(SL2) YGS
(<=):
^aY Y G S
(aa) j > 1 -ittG 2 (hip.)
T~X, G S El (reflex.)
Tj=T, G S (SLAl) a g 2 ;, (do contrário E 1- a c Z seria
(2x) inconsistente)
(SL2) ^•j a (hip. indutiva)
^3Y
^DY
iii) Y=OÍAP
b) Y=PAt,...t„
280 281
fefcj avP
1=3 Y . (hip.) t?^3a e tít^ P
1=3 (/.A(5 ag Eepg E (hip. indutiva)
a e 1=3 P e E e ^P e E (maximalidade)
a e E e (3 e Z (hip. indutiva) • Eh ^aeEh- ^p (reflex.)
E h aeE K P • (i-eflex.) avp g E (do contrário El-avp e El-P
E h- a A p / (IC) por M T P .'. E seria inconsist.)
-n(aAP) g E (do contrário E I ^(ttAp) e Yg E
E seria inconsistente)
ttAp G E (maximalidade) v) Y=Cí-^P
Y G E
(=>)••
Y E E YgE
E h- ttAP ^(a-^P) e E (maximalidade)
E h- a e E f- P (EC) E H -n(a->p) (reflex.)
, —itt g E e —iP 2 E (do contrário E seria inconsist.) -itt g E (do contrário El—iP—>—lOC por C
a e E epe E (maxuxialidade) e E h-a—>P .'. E seria inconsist.)
t=3 a e t=3 P (hip. indutiva) ae E (maximalidade)
1=3 ttAP ' pg E (do contrário E l - a—>P por C
^3Y e E seria inconsistente)
^jael^jP (hip. indutiva)
a->p
iv) Y=ccvP f^aY •
(<=):
YgE ^ 3 a e (7^3 P
-i(avP) e E (maximalidade) ae Eepg E (hip. indutiva)
E h- ^ ( a v p ) ' (reflex.) -nPe E (maximalidade)
a g E ePg E (do contrário E I - avP, por E K aeE h ^p (reflex.)
ID, e E seria inconsistente) a^P g E (do contrário E l - p por MP e
11^3 a e t?í=3 P (hip. indutiva) E seria inconsistente)
t?t3 avP
YgE
^ 3 Y vi) Y=oc<->P
282 283
a[^l/k.] G Z, (tal que Z,= Z„,u{a[^l/k,]})
Z, K a[|a/kj] (reflex.)
Z, I - V j i a (I-V, pois k| não ocorre em Z^
ou (i) a e 1=3 P, ou (ii) a e (#=3 P i Z I - y^ia (monot.)
Se (i) a e Z e p G Z (hip. indutiva) \/\xa G Z (do contrário Z seria inconsist.)
—i(a'e>P) ^ 2 (do contrário Z seria inconsist., YGZ
pois {a,-i(a<-^P)}i—iP) (<=):
Se (ii) a g 2 e p g Z (hip. indutiva) YG Z
—ittG Ze—ipe Z (maximalidade de Z) V|Lia G Z
—i(OC<->p) g Z (do contrário Z seria inconsist., Z \- V | i a
pois { - i t t , - i ( a ^ P ) } l - P) Z h- OC[jl/tJ (para qualquer termo const. tj)
—i((X<->P) í Z (por exaustão das possibilidades)
a^P G Z (maximalidade) Assim, para qualquer termo constante tj, temos:
yez
a[|l/tJ G Z (do contrário Z seria inconsist.)
t=3 a [ | l / t j (hip. indutiva)
ou (i) 1=3 a efet^p ou (ri) N^^^ a e 1=3 P t=3 \/[l(X (pois, por definição de 3, cada
Se (1) a G Z e P € Z .-. —iP G Z (hip. mdutiva e maxim.) elemento do domínio é atribuído
(a<->p) í Z : ^ (do contrário Z seria inconsist., a um termo constante)
pois { a , a ^ p } i - P)
Se (ri) a g Z e P G Z .-. -itt G Z (hip. indutiva e ^aY
maximalidade)
viii) Y= 3|aa
(a<->P) g Z (do contrário Z seria inconsist.,
pois {P, a ^ P } [ - a) (=>):
(a^P) € Z (por exaustão das possibilidades)
Z l=3 3 | i a
Suponhamos que 3|a,a g Z
vil) Y= V ^ a . —iB^xa G Z (maximalidade)
Z I iBjxa
(=^): Z KV^^a
Z I ia[|X/tJ (p/ qualquer termo constante tj)
1=3 V|aa Assim, para qualquer termo constante t^, temos:
t=3 a [ ^ / t j —iCC[|i/tj] G Z (do contrário Z seria inconsist.)
a[|i/k|] G Z (hip. indutiva) t=3-ia[jl/tj (hip. indutiva)
284 28.5
1=3 V|J-—itt (pois, p o r definição de 3, cada Podemos concluir assim duas coisas maravilhosas: (1) t|Lic-
elemento d o d o m í n i o é atribuído se a é conscqíiência de F, então a é dedutível de F , o qiic
; ' a u m termo constante) equivale a dizer que nosso conjunto de regras é completo, e
t=j —i3[i(X (o que contraria result. anterior) (2) que v o c ê , leitor, é m u i t o paciente.
L o g o , 3|ia G Z
ye Z
a[jl/kj] e E (pois E é CO-completo)
t=3a[[l/kj] (hip. indutiva)
t=3 3ixa (cf. s e ç ã o 2.2, i t e m Lx)
o que conclui a demonstração de SL5. D a í , segue
t a m b é m o lema 1, pois mostramos que qualquer conjunto
consistente T de sentenças está contido e m u m conjunto 2
satisfazível, o que impHca que T t a m b é m é satisfazível. E m
suma, temos estabelecido que, para qualquer conjunto de
sentenças F, se F é consistente, F t a m b é m é satisfazível.
Procedemos então à parte final da d e m o n s t r a ç ã o da
completude. V e m :
F^a
F;—itt é insatisfazível (3.6, lema 1)
F;—iCC é inconsistente (lema 1)
F;^a h- p
F;-^aK^(3
F \- -^a-^p (TD)
F \- -^a->^P (TD)
F I ^-.a (RA)
Th a . (DN) . -
CAPÍTULO 6 - LÓGICAS ALTERNATIVAS
Nos capítulos anteriores apresentamos alguns sistemas
lógicos. Constatamos inicialmente que a LP normatiza
raciocínios que não eram possíveis no silogismo de
Aristóteles, e depois que a L P P O regulamenta raciocínios
que n ã o eram possíveis na L P . Temos agora, finalmente,
com a LPPO um sistema completo para todo tipo de
raciocínio? O leitor deve supor, c o m toda r a z ã o , que a
resposta é negativa. E m b o r a a LPPO seja u m sistema
bastante rico e consiga formalizar grande parte do raciocínio
científico, filosófico, matemático e ordinário, existem
raciocínios que extrapolam os seus limites. Tais raciocínios
sã£L_ÊStudados e m | l ó g i c ã s ^ c h a m a d a s deT nãõ~clássicas o u
desviantes. ^Neste grupo e s t ã o ^ o r exemplo, as lógicas modais
e ãs"^logicas n ã o m o n o t ô m c a s |(i.e., lógicas que n ã o t ê m a
propriedade da m o n o t o n í c i d a d e ) . Por o u t r o lado, há lógicas
que consideram adequado restringir o campo dos raciocínios
formalizados pela lógica clássica, e por isso s ã o chamadas de
lógicas subclássicas. O conjunto das provas dessas lógicas é u m
subconjunto p r ó p r i o do conjunto das provas da lógica
clássica. As lógicas paracompletas] (i.e., lógicas que não
aceitam o u relativizam o princípio do terceiro excluído), as
[lógicas paraconsistentes~7i.e., lógicas que n ã o aceitam o u
relativizarn o p r i n c i p i o d a ' n ã o contradição) e as lógicas n ã o
reflexivas!(i.e., lógicas que n ã o aceitam o u relativizam o
princípio da identidade) são exemplos de lógicas
subclássicas. A seguir, apresentamos algumas lógicas
alternativas.
6.1 Lógica Modal Proposicional
A lógica m o d a l investiga os sistemas lógicos que c o n t ê m ,
além das noções essenciais da lógica proposicional c de
288 289
predicados, pelo menos uma das seguintes n o ç õ e s : possível, A impossibilidade mencionada em (a)-(c) (psicológica,
i m p o s s í v e l o u necessário. Dissemos "pelo menos u m a " das biológica e física) n ã o é usada no sentido mais forte, meta-
n o ç õ e s porque, c o m o veremos logo a seguir, cada uma delas físico, da palavra (embora a classificação da impossibilidade
pode ser definida em função de qualquer outra. Essas física c o m o uma impossibilidade "fraca" já comece a ser
n o ç õ e s s ã o chamadas de " m o d a i s " porque se referem ao filosoficamente controversa). D e todo m o d o , os casos (d) e
Hnõdc) da verdad^das p r o p o s i ç õ e s . Algumas p r o p o s i ç õ e s s ã o (e) exempKficam o sentido forte de modalidade, que é o que
"^rdadeiras, m " S p o d e r i a m n ã o ser, c o m o p.ex. " O n ú m e r o temos em vista aqui. I m p o r t a perceber, p o r é m , que t a m b é m
de planetas do sistema solar é 9". Outras p r o p o s i ç õ e s s ã o entre (d) e (e) existe uma importante diferença, (d) é uma
X^rdaderras, e não"~poderiam deixar de sê-lo, c o m o p.ex. " 9 é verdade analítica (no sentido amplo) e (e) uma verdade
í m p a r " . N o primeiro exemplo temos uma p r o p o s i ç ã o _^giçãraãtautológica (analítica no sentido estrito). Desde Os
contingentemente verdadeira, no segundo uma necessaria- Dois Dogmas do Empirismo (1952) de Quine, a comunidade
mente verdadeira, o u seja, ambas s ã o verdadeiras, mas de filosófica se t o r n o u mais cética c o m relação à n o ç ã o ampla
modos diferentes. D a mesma forma, algumas p r o p o s i ç õ e s s ã o de anaUticidade, b e m como c o m relação a todas as n o ç õ e s
falsas, mas poderiam n ã o ser, c o m o p.ex. " o n ú m e r o de modais. A necessidade no sentido lógico (tautológico),
planetas do sistema solar é 10". Outras p r o p o s i ç õ e s s ã o p o r é m , permanece intocada pela crítica de Quine. A q u e s t ã o
falsas, e n ã o poderiam deixar de sê-lo, c o m o p.ex. "10 é fundamental aqui é: existem verdades n e c e s j i r i a s _ a l é m das
í m p a r " . N o primeiro exemplo temos uma p r o p o s i ç ã o
tautologias? E m Naming and Necessity (1972),(Kripke Idefende
contingentemente falsa, no segundo uma necessariamente
que p r o p o s i ç õ e s de identidade c o m nomes p r ó p r i o s c o m o
falsa, o u seja, ambas s ã o falsas, mas de modos diferentes. A s
" T ú l i o é C í c e r o " s ã o necessárias, embora a posteriori e n ã o
necessariamente falsas s ã o chamadas " i m p o s s í v e i s ' / e as
tautológicas. O debate acerca dessa q u e s t ã o ainda está aberto
que n ã o s ã o impossíveis s ã o chamadas d ^ ^ o s s i v e i s " . |
na comunidade filosófica. ,
Conceitos modais p e r m i t e m uma pluralidade de usos em A lógica m o d a l se desdobra numa pluralidade/de sistemas
diferentes graus de rigor na língua natural. Usa-se a palavra ii X i( )máricos_diferentes. cada u m dos quais tenta normatizar
" i m p o s s í v e l " , p.ex., em diferentes níveis (em ordem certas"intuições acerca dessas n o ç õ e s . Existe uma ampla
crescente de radicalidade): gama de sistemas modais, alguns bastante arrojados que se
desviam das nossas intuições normais. Veremos aqui apenas
(a) Para m i m seria i m p o s s í v e l viver numa cidade grande os sistemas ditos "normais".
c o m o S ã o Paulo. Uma d a s _ 2 r i n ç i p ^ características da lógica m o d a l é a sua
(b) E i m p o s s í v e l que u m ser h u m a n o gere u m cavalo. ^|T!u) extensionaHdadey Segundo o princípio de extensionaH-
(c) E i m p o s s í v e l que dois corpos ocupem ao mesmo tempo iTade, v à l i d d ^ r a a lógica proposicional e de predicados, o
o mesmo e s p a ç o . valor de verdade de uma p r o p o s i ç ã o complexa depende
(d) E i m p o s s í v e l que u m h o m e m solteiro seja casado. i i i u i i a e exclusivamente do valor de verdade das p r o p o s i ç õ e s
(e) E i m p o s s í v e l que a bola seja vermelha e n ã o vermelha ao i | u i - a c o m p õ e m . Assim, dada uma atribuição de verdade u,
mesmo tempo. se (X c uma s u b f ó r m u l a de (p e (p' é igual a (p exceto por
apresentar (3 onde (p apresenta a, e u'(a)=u'(p), então
290 291
u'((p)=u'((p')- Por exemplo, se p = "2 é par" e q = " S ó c r a t e s é
grego", e n t ã o o valor de verdade da f ó r m u l a p A r é o mesmo <C>p<=^-in-ip
da f ó r m u l a q A r , pois tanto p quanto q s ã o verdadeiras. A
lógica m o d a l é dita intensional porque este p r i n c í p i o n ã o se (c p o s s í v e l que p = n ã o é n e c e s s á r i o que n ã o p). Essa inter-
aplica nela. Por exemplo, a p r o p o s i ç ã o : dcfmibilidade é necessária e universalmente válida não
apenas para p r o p o s i ç õ e s particulares. Assim, para qualquer
é n e c e s s á r i o que p •, ! ^ ' fórmula OCvale •:íKbom
" :••'•'! :-;;>'>:: -m
é verdadeira, enquanto ' ^ •j .
é n e c e s s á r i o que q ^' : i .
A l é m destes conectivos, é importante introduzir na lógica
é falsa, embora p e q sejam verdadeiras. modal u m n o v o conectivo lógico "aparentado" c o m a
i m p l i c a ç ã o , o qual, p o r conta desse parentesco, chamaremos
Cada u m dos quatro conceitos modais pode sctvk c o m o
àeSímpUcãção estritajou implicação necessária] É fácU perceber a
conceito p r i m i t i v o a partir do qual os outros s ã o definidos.
diferença entre a i m p l i c a ç ã o da lógica proposicional e a
E m geral, toma-se o u o conceito de necessário o u o conceito
i m p l i c a ç ã o estrita. Por exemplo, a p r o p o s i ç ã o —ip—>p pode
de possível c o m o p r i m i t i v o . A p r o p o s i ç ã o " é n e c e s s á r i o que
ser verdadeira se concebemos o símbolo como a
p " é representada p o r
implicação tradicional, mas, no sentido natural da
i m p l i c a ç ã o , o u seja, n o sentido de i m p l i c a ç ã o estrita, tal
p r o p o s i ç ã o nunca pode ser verdadeira, da mesma forma que
e " é p o s s í v e l que p " é representado p o r "se n ã o chove e n t ã o chove" nunca pode ser verdadeira. A
impHcação estrita será simbolizada assim:
^ p ^ q p implica estritamente — o u necessariamente - q)
T a n t o • c o m o O s ã o operadores proposicionais m o n á d i -
cos, pois f o r m a m p r o p o s i ç õ e s ("é n e c e s s á r i o que p") a partir Esse conectivo significa o seguinte: se p é verdadeiro, e n t ã o
de uma ú n i c a p r o p o s i ç ã o . A relação de equivalência seguinte necessariamente q t a m b é m o é, dito de outra forma, n ã o é
mostra que estes operadores s ã o interdefiníveis: possível que p seja verdadeiro e q seja falso: .,..,„„.-,
•p <í=>-i<>-ip ' ' ["7^V^D(p^q)\
(é n e c e s s á r i o que p - n ã o é p o s s í v e l que n ã o p ) . D o n d e ou, equivalentemente:
podemos concluir que:
p =^ q =dcf.-^^(pA-^q)
292 293
conduz à multiplicidade de sistemas a x i omát i cos. Um
Quando duas fórmulas se impHcam estrita e mutuamente, exemplo clássico é a q u e s t ã o : uma p r o p o s i ç ã o necessária é
elas s ã o estritamente equivalentes ("<=»"): necessariamente necessária? O u seja, pode-se inferir de Doc
que D D o c ? Vejamos agora alguns desses sistemas modais
=(a=^(3)A(|3=ía) axiomatizados de perto:
E m geral, os sistemas modais respeitam alguns princípios Sistema T
intuitivos b á s i c o s , instituídos então c o m o axiomas. U m deles
é conhecido desde a escolástica: ad^^^T^Do ser se O sistema mais fraco ( = c o m o menor n ú m e r o de
pode inferir a possibilidade, o u seja, se algo é u m fato, e nt ão teoremas) que c o n t é m os axiomas mencionados acima é o
é possível: |sistema T de Robert Feys (1937). O sistema T se caracteriza
pelas seguintes regras de f o r m a ç ã o :
TRl Qualquer letra sentenciai sozinha (p, q, r, ...) é uma f b £
Este axioma é chamado á&^ãxiõmã^da possibilidade] O u t r o TR2 Se a é fbf, então —itt e • a também o são.
axioma importante é o" axioma da necessidade\\s& algo é TR3 Se a e P s ã o f b f s, então avP t a m b é m o é.
necessário, então é fato:
D o s conectivos vero-funcionais, o sistema T t e m apenas —i e
V como primitivos, definindo A, —^ e <-> como
classicamente na L P . A l é m disso, T define <C>, ^ e = como
A l é m disso: qualquer fórmula logicamente verdadeira
mencionado acima. Os axiomas de T são:
fautologia) é nec£ssariamente_verdadeira. Deve-se poder
j derivar Da de a, se a é uma tautologia. Finalmente, parece
ATI (pvp)->p
intuitivamente válido que se uma fórmula a implica
AT2 q-^(pvq)
estritamente |3, e a é necessariamente válido, então t a m b é m
AT3 (pvq)^(qvp)
Poé:
AT4 (q^r)^((pvq)^(pvr)) - ; ; : »
ATs) Dp^p
(•aA(a=Jp))^np AT6, • (p->q)->(np->nq)
ou, equivalentemente:
A T I — A T 4 s ã o axiomas da lógica proposicional dos Principia
Mathematica de RusseU e Whitehead (1910-1913). A T 5 é o
• (a^p)-^(na-^np) axigtna da necessidade e A T 6 o | ã x i o m a da necessidade da
impMcação estrita As regras de inferência s ã o (I— representa.
Existem, todavia, princípios cuja vaHdade n ã o é de todo
óbvia, e a sua aceitação o u n ã o aceitação é justamente o que
294 295
como sempre, a relação de dedutibilidade, assim "Th-OC" ou 1. • ( p ^ q ) ^ ( n p ^ n q ) (AT6)
simplesmente " l - a " sigmfica "a é teorema em T"): 2. ( p =J q ) ^ ( n p ^ n q ) (Def=?)
3. (q =t p ) - > ( n q ^ n p ) • (Sub.Unif p / q , q/p)
R T l Regra de substituição uniforme: qualquer letra •I. (p^q)->((r-^s)-^((pAr)-»(qAs))) (Teorema da LP)
sentenciai de um teorema pode ser substituída por 5. ((p ^ q)A(q ^ p ) ) ^ ( ( n p ^ n q ) A ( n q - ^ n p ) )
qualquer fbf (se f- (pvp)—>p, então K (ava)-4a) (aplicação de 4 a 2 c 3)
(a/p: a substitui p). 6. (p = q) ^ (Dp^Qq) Pef. =, DD)
' RT2 Modus ponens: se h-CC-^B e I- a, então I - P. 5
RT3 I Regra de necessitação^ se I - a , então I - • a. r3 •(pAq)<-^(npAnq) . , .
Prova:
Existe mais uma regra de transformação que é muito útil 1. (pAq)—>p ^ (Teorema LP)
nas provas dos teoremas de T:
2. • ( p A q ) ^ n p C^KANS 1)
3. (pAq)->q (Teorema LP)
TRANS Se h (a-^p), então l - (Da^Dp)
4. • ( p A q ) - ^ n q (TRANS 3)
5. • ( p A q ) ^ ( n p A n q ) (Cf. Teo 39, 2 e 4) r
A validade dessa regra pode ser facilmente demonstrada:
Se (OC-^P) é um teorema, então com RT3 se obtém f- 6. • p ^ n ( q - > ( p A q ) ) (Teorema LP e TRANS)
• (a^P), e com AT6 h- •(a-^P)->(na-^nP). Finalmen- 7. • ( q ^ ( p A q ) ) ^ ( n q - ^ n ( p A q ) ) (AT6 q/p, pAq/q)
te, com o modus ponens se obtém I - (Da—>np). 8. • p ^ ( n q - ^ n ( p A q ) ) (TI 6 e 7)
9. (OpADq)—>-n(pAq) (feorema da importação) •
Teoremas de T 10. • ( p A q ) ^ ( n p A n q ) (DD 5 e 9)
Para se demonstrar os seguintes teoremas se faz uso dos T4 • ( p < - ^ q ) ^ ( p = q) b5'r'' ~'
teoremas da lógica proposicional (LP) Prova:
1. • ( ( p - ^ q ) A ( q ^ p ) ) ^ ( n ( p - ^ q ) A n ( q ^ p ) ) T3 '^
Tl • p->Opl OTXkl^ í/lt» jf>lfíil}>i'itjf,/Jí
2. • ( p ^ q ) < - ^ ( p = q ) (Def 4^, D e f =t, Def =)
Prova: ^ ^
1. D - n p ^ - i p (ATS com R T l - , p / p ) Outros teoremas importantes do sistema T são
2. — i - i p - > — i D — i p (contraposição)
3. p ^ ^ D - i p (DN) T5 Qp^^O^p
4. p->Op (def.de O ) T5a D-^p^^Op
T5b ^Dp^O^p
T2 (p=q)-^(np^nq)
Prova:
296 297
T6 -.0(pVq)^(-nOpA^Oq) R3* O O p ^ Op
T7 0(pvq)^(0pv0q) R4* • p - > DOp :
T8 (p =J c3)-^(Op->Oq)
Estes princípios fortes não precisam ser tomados todos
Os Sistemas S4 e S5 como axiomas no novo sistema. R2 pode ser derivado de R I
(e vice-versa) e R3 pode ser derivado de R4 (e vice-versa).
Pode-se dizer que o sistema T é constituído Logo, só precisaríamos adicionar ao sistema T como
exclusivamente de teoremas consensuais, poja^ todos sío_ axiomas R2 e R3 ou R I e R4. Mesmo assim,_ os sistemas
, altameo. e intuitivos. O sistema T não contém|modalidades modais mais conhecidos que acrescentam alguns destes
jteradas^ como é o caso nos sistemas S4 e S5, "segundo òs princípios a T fazem opção por apenas um deles. N o sistema
quais va e D p - ^ D O p (se p é necessário, então é necessário ^S47ladicionarse somente R4* ao sistema T (T + R4*) e, no
que p é necessário). Repare-se, aHás, que a fórmula sistema[ SSj adidona-se somente R I * (T + RI*). Como
• •p—>np parece muito menos problemática, embora T U { R 1 * } I - R 4 * (mas não T u { R 4 * } l - R l * } ) , S5 terá R4*
também contenha uma modalidade iterada. como teorema. Os nomes S4 (de R4*) e S^(de R I * [+R4*])
foram estipulados por Lewis e Langford (1932).
Como • • p ^ n p é facilmente aceitável (é um teorema
de' T, derivado de A5), se aceitarmos adicionalmente
• p — » D D p , t e r e m o ^ ~ D D p < ^ D p | normalmente chamado Sistema S4 ^
de |jDrincípio^jde_j;edii^^ encurtar modalidades
O sistema S4 é composto de todos os axiomas de T mais
iteradas)? Existem várias possibilidades de redução de
o^ixioma R4*, ou seja, completamente expUcitado:
modalidades iteradas:
A1S4 (pvp)->p ,
RI Opf^nOp
A2S4 q^(pvq) '
R2 Dp^OOp,
A3S4 (pvq)-^(qvp) •• ; ,
R3 Op^OOp"
A4S4 (q^r)^((pvq)-^(pvr)) " - ' ' \
R4 Dp DOp
A5S4 •p->p
Os bicondicionais acima poderiam ser economizados, A6S4 •(p->q)^(np^nq)
sendo suficiente assumir algumas implicações simples, pois ÍÃ7S47 D p ^ a n p (=R4*)
um dos lados é sempre derivável em T ( • • p - ^ D p ,
• O p - » O p , n p ^ O D p e Op—><>Op), ou seja, bastaria Como todos os axiomas de T são também axiomas de S4,
assumir como "novo": tudo o que pode ser provado em T também pode ser
provado em S4, ou seja, todos os teoremas de T são
teoremas de S4. Alguns teoremas novos de S4 em relação a
R I * Op-»nOp
T são:
R2* o n p - > n p
298 299
6.2 Lógica Intuicionista
T l S4 O O p-^ O p (derivação de R3* a partir de R4*)
T2S4 Dp^-^anp (derivação de R4 a partir R4*) A característica mais destacada da lógica intuicionista é
T3S4 O p ^ O <C>p (derivação de R3 a partir R4*) que ela é"^jpãrãcompleta,^isto é, ela rejeita a lei do terceiro
T4S4 ODOp^Op excluído (têrtium non ílãlTir). Essa rejeição c consequência do
trabalhiX do matemático e filósofo holandês L . E. J.
T5S4 •Op-^ODODp ' ' . ' '
Brouwer,] que dedicou grande parte da sua vida para
T5S4 nop^DODOp
estabelecer uma nova concepção de matemática, a
T6S4 ODp^onoDp ,,. .'^;•' ^matemática construtivista^ Tal concepção se distingue da
tradicional por entender que a matemática é criada
Sistema S5 livremente pela mente humana a partir da intuição pura do
tem|20jtal como Kant já houvera sugerido. Desta forma, a
_0_sistema_S5 c composto de todos os Wiomas de T mais o Yérdade|dos enunciados matemáticos deve ser construída e,
a x i o m a R l ^ l o u seja, completamente explicitado: por conseguinte, não pode existir a não ser que seja
experenciada por um sujeito através de métodos
A1S5 (pvp)-^p . - apropriados. Trocando em miúdos, isso significa que, antes
A2S5 q->(pvq) ; de ser provado, um enunciado matemático não é verdadeiro
A3S5 (pvq)->(qvp) nêtnlalso. Talvez isso não pareça tao oten'sivoao princípio
A4S5 (q^r)^((pvq)^(pvr)) . / i /• • S õ t e r c e i r o excluído, pois é possível pensar que cedo ou
A5S5 Dp^p . • - V ' • '' tarde toda verdade matemática será provada e o princípio
voltará a vigorar. Mas para isso você precisaria supor que
A6S5 •(p^q)^(np^nq) toda verdade matemática pode ser provada, o que Brouwer
[ÃTSSJ Op->nOp (=R1*) não aceitava, de certa forma antecipando resultados
posteriores, dentre os quais o teorema da incompletude de
Todos os teoremas de S4 são teoremas em S5. Novos Godel.
teoremas de S5 são:
Na matemática tradicional, adinite-se que qualquer
enunciado matemático já é verdadeiro ou falso mesmo antes
T1S5 OOp^Dp que sua verdade ou falsidade tenha sido provada. A
T1S5 Op^nOp • explicação é que se a verdade de um enunciado matemático
T1S5 •p->Onp pode ser provada, então já podemos dizer que existe uma
T1S4 OOp-^Op prova daquele enunciado, embora em muitos casos ela ainda
T1S4 OOp->C>p não tenha sido descoberta. Brouwer percebeu que essa
característica da matemática tradicional era devida ao seu
]Tla£onisggiJinerente, a prova ainda não descoberta seria
então um objeto de um reino platónico feito de números e
300 301
relações entre números. Brouwer era da opinião de que uma 3. A ^ ( B - ^ A & B )
prova que não foi construída não existe e pronto. 4. A & B ^ A
A \a intuicionista^ era considerada por Brouwer 5. A & B - ^ B
como um estudo sobremos padrões de raciocínio 3a
6. A - ^ A v B
matemática construtivista. Sua ideia era de que a lógica não
7. B - > A v B ' '
deveria ser considerada o fundamento da matemática, mas
uma parte desta. Qbjetivatnente, podemos descrever a lógica 8. ( A - ^ C ) - > ( ( B ^ C ) - ^ ( A v B ^ C ) ) • >-
intuicionista como a'^ lógica clássica sem a lei do terceiro 9. (A-^B)-^((A->-nB)-^-nA)
excluído. Isso significa que, para obtermos ã lógica 10. - i A ^ ( A ^ B )
mtuiciomsta, devemos alterar as regras de inferência da LP e
da LPPO de uma forrna que deixe de ser possível concluir Onde " & " faz as vezes do nosso conhecido " A " e A, B e C
OCV—la, mas que continue sendo possível concluir os outros são variáveis metalingúísticas, ou seja, funcionam como as
teoremas que não dependem do terceiro excluído. Uma letras gregas de nossas fórmulas esquemáticas. Pode-se
mudança satisfatória é feita quando trocamos a lei da dupla mostrar que —i—i(pv—ip) é um teorema lógico desse sistema.
negação Para isso, é convemente empregar o teorema da dedução,
que continua válido. Veja: ^
a 1. —i(pv—ip) l - p - ^ p v - i p (Ax. 6 e monoton.)
2. ^(pV^p)K - n ( p V ^ p ) - > ( p - > ^( p v ^ p ) ) (Ax. le
pela lei da contradição
monoton.)
3. - i ( p V ^ p ) h ^(pV-np) (reflex.)
a
4. - . ( p v ^ p ) h p->^(pv^p) MP 2,3
-na
5. -n(pV-np)l ,p (Ax. 9, a p l . 1 e 4)
p
6. H -i(pv-,p)^-np 'l'U
U m sistema de inferência intuicionista famoso é o de 7. ^(pv^p)l—^p^pv^p (Ax. 7 e monoton.)
(Kleene] (1952). Esse sistema é axiomático, possui doze 8. ^ ( p V ^ p ) h - - n ( p V ^ p ) ^ ( ^ p - ^^ ( p v - n p ) ) (Ax. 1 e
axiomas e três regras de inferência. A sua versão monoton
proposicional, porém, possui apenas modus ponens como 9. - i ( p V—ip) 1 ip—>—i(p V—ip) reflex. e MP
regra de inferência; sendo dados como axiomas as seguintes 10. ^ ( p v - i p ) l — ^ ^ p (Ax. 9)
verdades lógicas:
11. h- ^(pv^p)-^^-np ID
12. 1 ^-i(pv-,p) (Ax. 9, linhas 5 e 10)
1. A ^ ( B - ^ A ) 3
2. ( A ^ B ) ^ ( ( A - ^ ( B - ^ C ) ) ^ ( A - ^ C ) ) Note que se tivéssemos a dupla negação ou um axioma
que lhe fosse equivalente teríamos a lei do terceiro excluído.
302 303
A eliminação da "dupla n e g a ç ã J ^ n ã o c s ó uma saída ad hoc V e m o s p o r aí que na lógica intuicionista n ã o valem as leis
para o problema cie evitar o terceiro excluído; na verdade, a de D e Morgan. Por exemplo, enquanto OCvP afirma que f o i
dupla n e g a ç ã o está em desacordo c o m certos princípios cÔnstií23ã~iãma prova de a o u uma prova de p, —1(—ittA-iP)
filosóficos do intuicionismo. De acordo com as ideias afirma que f o i c o n s t r u í d o u m algoritmo que combma as
intuicionistas, negar p duas vezes n ã o equivale a afirmar p. provas de —lOC e —iP e daí gera a prova de uma clara
Quando v o c ê nega p duas vezes v o c ê n ã o está dizendo que p contradição.
tem sido provado, vOcê está dizendo apenas que f o i provado E m b o r a seja c o m p r o v a d o que a lógica intuicionista tem
~p que —ip implica uma contradição. Esse m o d o intuicion^ista certas vantagens computacionais em relação à lógica
de interpretar as sentenças formalizadas é essencial para tradicional, n ã o se pode dizer que os intuicionistas tenham
estabelecermos o caráter correto e completo da lógica provado que a lógica tradicional está errada o u que a lei do
intuicionista. Se alterássemos as regras de inferência, mas. terceiro excluído está refutada de uma vez por todas. N o
não o modo de interpretar os juntores, teríamos fundo, a a d o ç ã o da lógica tradicional ou da lógica
consequências lógicas que não poderiam ser provadas, intuicionista depende apenas de uma escolha filosófica, e
c o m o , por exemplo, —1(—ittA—iP) \ av^. As interpretações escolhas desse tipo s ã o feitas tão somente c o m base no
intuicionistas dos juntores são chamadas de BHK- julgamento acerca do que nos parece mais razoável.
intçrpretações, das iniciais de Brouwer, Heyting e
Kolmogorov, pioneiros do intuicionismo. Observe c o m o 6.3 Mereologia ^
essas interpretações se harmonizam com o espírito da
m a t e m á t i c a construtivista:
A ontologia aristotélica clássica dividia as entidades em
duas categorias fundamentais: substâncias e atributos. A s s i m ,
a sentença " S ó c r a t e s é grego" assevera o fato de que a
r. para provar —itt, j d e v e m o s provar que a implica uma
substância S ó c r a t e s tem o atributo de ser grego. Este tipo de
contradição
ontologia constituiu tanto a base da c o n s t r u ç ã o da L P P O ,
V :para|provar a v P ^ e v e m o s ter uma prova de OC o u uma
onde " S ó c r a t e s é grego" pode ser representada por Fa,
prova de P
quanto a da teoria de conjuntos, onde o mesmo fato p o d e
A :para provar CXAP/jdevemos ter uma p r o v a de Oí e uma ser representado por a £ F. Mas c o m o representar uma
prova de P sentença c o m o "a m ã o de Sócrates é parte de S ó c r a t e s " , o u
—>: para|prõvãra—>p3devemos construir u m algorittrip que u m raciocínio do tipo: se u m dedo é parte da m ã o de
converte uma prova de CX e m uma p r o v a de P Sócrates e a m ã o de Sócrates é parte de S ó c r a t e s , então esse
3: para] provar 3|LlOC,ldevemos construir u m objeto t e dar dedo é parte de Sócrates?
uma prova de (X[)J,/t] A mereologia (do grego "|U,EpoÇ": parte) é a teoria que
V : p a r a ^ r o v a r V | - i a , C e v e m o s construir u m algoritmo que, estuda tanto o aspecto material (ontológico) c o m o f o r m a l
(cálculo) da relação fundamental parte-todo. Ela já estava
aplicado a qualquer objeto t, prova que CC[|J,/t]
presente em Aristóteles, mas a teoria c o n t e m p o r â n e a foi
desenvolvida por lógicos como Stanislaw Lesniewsld,
304 305
Goodman e Leonard como uma reação ao platonismo da
X« y (x é parte de y , ou melhor, x é parte genuína de y )
teoria de conjuntos de Cantor. Vejamos dois exemplos desse
platonismo: se não houvesse nada no universo, mesmo
onde X e y são variáveis que percorrem um domínio de
assim poderíamos formar um conjunto: o conjunto vazio. A
indivíduos. A relação « tem as seguintes propriedades
parttr deste, formamos o conjunto unitário que tem como
lógicas:
único elemento o conjunto vazio. Por fim, podemos gerar na
teoria dos conjuntos ex nihilo: 0 , { 0 } , { 0 , { 0 } } , { { 0 } } ,
Assimetria: (x « y) —> —i (}' « x)
{ { 0 } , { 0 , { 0 } } } etc. Outro exemplo: dadas duas coisas,
digamos a a b, podemos formar várias totalidades diferentes: Transitividade: (x « y) A (y « z) —>• (x « z) _
{a, b } , { a , { b } } , { { a } , { b } } etc. E claro que essa livre Irreflexi\'idade: (x « x)
proliferação de entidades fere o gosto nominalista pela
parcimônia. A mereologia impede tais conclusões (inclusive Diz-se que x é parte genuína de y para distinguir a relação
o paradoxo de Russell). Na mereologia, dois objetos com as « da relação <, que representa "ser parte de (ou igual a)".
mesmas partes são sempre idênticos, sem distinção de Ou seja, "x < y " significa "x é parte de y ou igual a y " . A
aninhamentos de parêntesis. Além disso, na mereologia as diferença entre « e < é, portanto, similar à diferença entre
paítes e o todo pertencem ao mesmo nível ontológico. C e C na teoria de conjuntos. Qualquer um dos dois
Agrupando vários objetos físicos, obtém-se apenas mais um conceitos pode ser tomado como primitivo e o outro pode
(maior e mais abrangente) objeto físico, mas nada mais. ser definido em função deste ( x « y —^^t (x < y ) A —i ()' < x)
A teoria formal aqui apresentada' é a Mereologia e X < y = j ç f X « y V x = y ) . Por um lado, o conceito " « "
Extensional Clássica (MEC). Existem diferentes axiomatiza- tem a vantagem de corresponder melhor ao conceito
ções da mereologia extensional: os sistemas de Lesniewski de intuitivo de parte das línguas naturais (dificilmente alguém
1916 e de 1920, os sistemas de Tarski de 1929 e de 1937, o
diria que o meu corpo é parte do meu corpo, ao passo que
sistema de Leonard e Goodman. Para estes sistemas foram
dizer que a minha mão é parte do meu corpo é plenamente
formuladas expansões intensionais e modais. É claro que
usual). Por outro lado, o conceito < tem uma vantagem
grande parte das extensões da (e alternativas à) lógica de
formal: o sistema axiomatizado que o toma como primitivo é
predicados poderia ser aplicada à mereologia — ainda existe
muito a ser feito nesta área. Os conectivos lógicos e algebricamente mais simples (assim como Ç é algebrica-
quantificadores conserx^am os significados que têm na mente preferível a C ) .
LPPO. Todos os outros conceitos mereológicos centrais podem
ser definidos em função do conceito « . Estes outros
O conceito fundamental da M E C é a relação ser parte de, conceitos são fundamentais para a anáhse ou apHcação do
representada pelo símbolo " « " , ou seja: sistema mereológico na reahdade. Dentre estes conceitos se
destacam:
^ Exposições detalhadas desses sistemas podem ser encontradas em A superposição (overlapping): Esta relação é representada pelo
Peter Simons (1987) e Ridder (2001) símbolo "o":
306 307
intuição natural de que não há nada em comum entre duas
X oy ( x c y têm pelo menos uma parte em comum: 32 entidades disjuntas. O produto binário é comutativo (x • y =
(2 < X A Z < v)) • y • x) e associativo ([x • y] • z = [2 • y] • x).
Vale também que x o y quando x = y . A relação de A soma binária é simbolizada da seguinte maneira:
superposição é reflexiva (todo indivíduo tem uma parte
comum consigo mesmo), simétrica (se x tem uma parte X + y - , '
comum com y , então y tem uma parte em comum com x),
mas não é transitiva (se x tem uma parte comum com y , e y A soma binária gera um indivíduo que é a fu-são (por isso
tem uma parte comum com 2, disso não se segue que x e 2 também se fala em fusão binária) de dois indivíduos. U m dos
tenham necessariamente uma parte em comum). A noção de princípios mais polêirácos da mereologia extensional clássica
superposição é pouco natural, mas muito útil na formali2a- é o princípio da fusão generalizada: para quaisquer dois
ção e na análise ontológica. indivíduos existe uma fusão deles. Assim, o meu nariz e o
corcovado formam juntos o indivíduo meu nari^corcovado. A
A disjunção é representada pelo símbolo "í": soma binária equivale, obviamente, à operação de união
entre conjuntos.
X I y (x e y não têm nenhuma parte em comum: —132 (z Além do produto e da soma binários, existem o produto
< X A z < y ) , ou simplesmente —ix o y ) e a soma gerais, que são os produtos ou somas de toda uma
classe de indivíduos: por exemplo a soma de todas as porções
A disjunção é uma relação simétrica, irreflexiva e não de água na terra formam o indivíduo toialidade de água na terra.
transitiva. As somas e produtos gerais são simbolizados respectiva-
mente por:
o produto binário é simboUzado por " • ":
2 x Fx (soma de todas as entidades do tipo F)
x-y V :
D x Fx (produto de todas as entidades do tipo F)
A diferença é simbolizada da segviinte maneira:
O produto binário é uma operação que gera um indivíduo
que é a parte comum entre x e y , similar ao conjunto
intersecção na teoria de conjuntos. Mas, diferente da teoria x-y
dos conjuntos, quando x J y , então não há um indivíduo
A diferença entre x e y define o indivíduo contido em x c
comum (enquanto na teoria dos conjuntos, quando dois
que não está contido em y (como a diferença na teoria dos
conjuntos são disjuntos, a sua interseção gera um conjunto
específico: o conjunto vazio). Essa diferença é, aHás, um conjuntos).
exemplo da já mencionada maior naturalidade da mereologia
frente à teoria de conjuntos: ela corresponde melhor à nossa
308 309
O universo: O Universo c representado pela letra " U " e pode sistemas poderiam ser capturados por u m sistema c o m 4
ser definido c o m o o indivíduo que é a soma de todos os axiomas (veja Ridder 2001: 98ss):
indivíduos, o u seja, formalmente:
A1. V x V y (x « y^ ^ (y « x))
a = U V y (y < a)
A2. V x V y V z ((x « y) A (y « z) (x « z))
A3. V x V y (Vz (z o X z o y) ^ X < y)
(Note-se que " V f y « a " seria errado, pois o p r ó p r i o
A4. Va(a9t0 3 x (xZa))
universo c u m indivíduo e deve poder ser parte n ã o genuína
de si mesmo (ser igualai a).)
Perceba-se que os axiomas da mereologia s ã o , no fundo,
formalizações de nossas intuições mais naturais. O p r i m e i r o
O complemento: A partir da n o ç ã o de diferença e de Universo,
axioma afirma que se x é parte genuína de y, então y n ã o
pode-se definir o indivíduo complemento de x:
pode ser parte genuína de x. O segundo que se x é parte
genuína de y e y parte genuína de z, então x é parte genuína
complemento de x =j^.f U - x (dado U x) de 2 . O terceiro axioma diz que se tudo que t e m parte
c o m u m c o m x t a m b é m tem parte c o m u m c o m y, então x é
Átomo: Poder-se-ia introduzir ainda a n o ç ã o de átomo ou parte de (ou igual a) y. Finalmente, o quarto é o princípio de
indivíduo a t ó m i c o , segundo a definição fusão generalizada, que garante a soma mereológica de
diferentes indivíduos (para c|ualquer conjunto de indivíduos
x é u m á t o m o =j^.f - i 3 y (y « x) (x n ã o t e m nenhuma n ã o vazio, existe a soma m e r e o l ó g i c a de todos os indivíduos
parte genuína) desse conjunto). Este é o mais p r o b l e m á t i c o dos princípios.
Uma lista de teoremas demonstráveis em M E C é
Exemplos clássicos cie á t o m o s m e r e o l ó g i c o s , s ã o as apresentada em Simons (1987:38ss) e em Ridder (2001).
m ó n a d a s de Leibniz e os objetos do Tractatus de
Wittgenstein. C o m o a mereologia é uma teoria basicamente
6.4 Lógica Default
de caráter nominalista, a i n t r o d u ç ã o de u m universal (no
caso: " a t ó i r d c o " ) pode n ã o parecer adequada, e é, de fato,
A lógica default, conforme f o i projetada por Ray Reitcr
para a teoria formal, desnecessária. A M E C deixa a q u e s t ã o
(Reiter, 1980), tem a p r e t e n s ã o de representar, a l é m das
do atomismo, se todos os indivíduos são ultimamente
inferências dedutivas da lógica de predicados clássica, u m
compostos de á t o m o s o u n ã o (neste caso toda parte seria
tipo de inferência não-dedutiva m u i t o c o m u m no nosso
novamente composta de partes ad infinitum), em aberto. As
raciocínio ordinário. Essa inferência encontra-se por
duas possibilidades s ã o compatíveis c o m os axiomas da
exemplo no raciocínio que u m professor de lógica fez certa
M E C . A mereologia atomista é mais simples por comportar
vez sem saber que estava enganado: " C o l o q u e i meu dinheiro
sempre u m n ú m e r o finito de modelos.
na m i n h a carteira, logo ele está na minha carteira". Limbora,
C o m o já mencionamos, existem vários sistemas a x i o m á - n ã o apareça assim claramente nesta f o r m u l a ç ã o , o professor
ticos para a M E C . Os principais traços formais de todos os teve que executar u m razoável n ú m e r o de passos para
310 311
estabeler seu raciocínio. E m primeiíro lugar, ele tinha uma
crença bem estabelecida de que o dinheiro tinha sido Esse tipo de inferência é imprescindível para a utilização
colocado na carteira. E m segundo lugar, ele verificou se prática do conhecimento. Por exemplo, (1) se um médico
havia algum motivo para lhe impedir de concluir que o conhece os sintomas do sarampo, (2) recebe um paciente
dinheiro ainda estava na carteira e não encontrou nada do com todos esses sintomas e (3) não detecta nem nos exames
tipo. E, afinal, ele concluiu que o dinheiro estava na carteira. preliminares nem na anamnese nada de incompatível com o
Apesar de tudo isso, a conclusão estava errada, o que indica sarampo (por exemplo, o fato do doente já ter contraído
que seu raciocínio não era dedutivo. Além disso, como ele sarampo na infância), é razoável que ele conclua que o
não podia conhecer todos os fatos acontecidos fora de sua paciente está com sarampo e lhe prescreva o tratamento
vigilância, pode-se dizer que sua conclusão foi inferida a adequado. Se o médico resolvesse usar somente a lógica
partir de um conjunto de crenças incompleto. Se novos fatos clássica, ele nunca poderia concluir que o paciente está com
chegassem a seu conhecimento, como por exemplo o fato de sarampo, pois essa conclusão, apesar de plausível, não é
que alguém sorrateiramente esvaziara o já insignificante necessária. De fato, poderia tratar-se de uma doença ainda
conteúdo de sua carteira, ele não poderia efetuar a sua desconhecida, ou poderia o paciente ter omitido alguma
primeira conclusão. Isso indica que seu raciocínio foi informação que afastaria ou pelo menos colocaria sob
baseado em uma regra não monotônica, já que o acréscimo suspeição a hipótese de sarampo. Poderíamos citar uma lista
de informações àquelas que se tinha inicialmente o impediria enorme de exemplos em que o raciocínio prático se faz com
de concluir coisas que ele antes concluía inocentemente. base em regras default; com efeito, não podemos fazer quase
nada sem estas regras.
Na terminologia de Reiter a regra de inferência não-
monotônica__que__dÊteíinrnou o raciocínio acima recebe o A lógica default trata o conjunto de crenças do médico a
nome de regra default. Esse tipo de regra expressa a sensata partir do qual ele diagnostica um paciente como uma teoria
ideia de qíõê: de L (cf Ex7, 10), com a peculiaridade de que os elementos
dessa teoria são deduzidos de um subconjunto W de X com
(1) Se geralmente quando temos A temos B, o auxílio de um conjunto de regras de inferência que une RI
(2) Se eu tenho A e D (conjunto dos defaults). N o simbolismo de Reiter, dado
(3) E SC nada me impede de concluir B que T é uma teoria default, temos:
(4) Então, eu devo concluir B
T = (D,W)
Essa ideia está implícita no exemplo dado acima. Podemos
expHcitá-la se expressarmos o raciocínio assim:
WCÍ:
(1) Se geralmente quando colocamos dinheiro na carteira ele
continua lá,
(2) Se eu coloquei dinheiro na carteira D =4 a: M P , Mp^,| a, P . e y e X
(3) E se nada me impede de concluir que ele ainda está lá Y
(4) Então, eu devo concluir que o dinheiro está na carteira
312 313
Onde:
OC é o pré-requisito da regra default -• E,= { a I {PbvQa, -.Pb} K a} e
MP,, M(3„ é o teste de consistência da regra default
Y é o consequente da regra default E,= { a I {PbvQa, -nQa} I - a}
O esquema dos defaults pode ser interpretado assim: "se Aqui deparamos com uma questão de grande importân-
a é aceite na teoria e cada |3, pode ser aceite, devemos cia. Uma teoria default deve representar as inferências que
concluir y". Uma sentença (3, pode ser aceite, se ela é fazemos nos nossos raciocínios ordinários para expandir o
consistente com a parte da teoria que já foi determinada. conjunto de nossas crenças. Acontece que,' na prática,
Dcve-se notar que a extensão de uma teoria vai sendo deter- quando fazemos tais inferências, não geramos todas as
iTiinada conforme vamos apHcando as regras de inferência extensões possíveis; de fato, nos. contentamos apenas com
sobre resultados anteriores, e que, quando lidamos com uma. Por exemplo, um indivíduo pode se orientar por dois
teorias default, diferentes extensões podem ser geradas defaults para tirar conclusões sobre o tempo. O primeiro diz
dependendo da ordem de aplicação das regras (lembrando que se o céu está encoberto e é consistente concluir que vai
chover, então se deve concluir que não vai fazer sol, e o
que entre estas estão as regras default), ou seja, o par ( D , W )
segundo diz que se o céu está encoberto e é consistente
pode corresponder a diversos conjuntos de sentenças. Veja,
concluir que vai fazer sol, então se deve concluir que não vai
por exemplo, a seguinte teoria default T,:
chover. Obviamente, esse indivíduo não pode aplicar os dois
defaults para a mesma situação, ele vai ter de optar por um e
: M^Pb. : M-iOa , {PbvQa} com base neste vai sair com seu guarda-chuva ou deixá-lo
T,= >-
iPb ^Qa em casa. O significado de algumas teorias defaults terem
múltiplas extensões é o de que, em muitas situações,
Observe que as regras default de T, não têm pré- podemos optar entre várias alternativas razoáveis. O
requisito. Obsei-ve também que, se queremos começar problema de saber qual dessas alternativas deve ser preferida
aplicando o primeiro default, nada nos impede de fazê-lo, não foi tratado por Reiter .
pois —iPb c consistente com W (a parte da teoria que é dada N o processo de geração de extensões, pode acontecer
de início). Acontece que, uma vez que aplicamos o primeiro também de um conseqíiente ser introduzido e em seguida
default, já não podemos apUcar o segundo, pois —iPb é eliminado. Considere, por exemplo esta outra teoria default:
introduzido na teoria e com ele Qa (pois {PbvQa, —iPb} h
Qa). Per contra, se começamos aplicando o segundo : M|3,. : M P , . : Mfj, [ , 0
T2=
default, concluímos —iQa, e logo Pb, o que inviabiliza a
aplicação do primeiro default. Dessa forma, se escolhemos
aplicar o primeiro default, geramos uma extensão E, e se
escolhemos aplicar o segundo default, geramos uma 2 O professor Marcelino Pequeno (UFC) propôs em sua tese dc
extensão diferente Ej, de modo que: doutorado u m princípio chamado "exception first" exatamente para
d e t e r m i n a r quais defaults d e v e m ter p n o i i d a d e .
314 315
Nesse caso, podemos começar aplicando o prúneiro humana. Diferentes situações podem demandar diferentres
default, o que nos dá uma parte de extensão que inclui - i p j e raciocínios, e o mais notável é que ninguém precisa fazer um
suas consequências, em seguida somos impedidos de aplicar curso de lógica para começar a raciocinar. J á aprendemos a
o segundo default por causa de seu teste de consistência e raciocinar quando aprendemos nossa língua materna,
terminamos apHcando o último, concluindo assim a quando p.ex. nos damos conta de que sc um objeto é azul,
construção da seguinte extensão: ele não pode ser vermelho. Isso não significa, porém, que as
nossas formas de raciocínio naturais sejam automaticamente
¥ •. ...... ...
corretas. Falácias infestam o discurso humano, do amante
E,= { a I { ^ P ^ ^ P J Ka}
sincero ao marido mentiroso, do político corrupto ao
cientista idóneo. Argumentos falaciosos não são, pelo menos
Se, por outro lado, começamos aplicando o segundo
nem sempre, produtos sofísticos da má fé. Algumas formas
default, ficamos com uma parte de extensão que inclui —iPj e
mais simples de falácia podem ser descobertas se refletimos
suas consequências, com isso somos impedidos de aplicar o
com mais atenção. Mas a avaliação de algumas formas mais
terceiro default, mas podemos aplicar o primeiro. O
complexas de raciocínio só pode ser executada se dispomos
problema é que quando aplicamos o primeiro, a aplicação do
de um método rigoroso. E justamente aí que entra a lógica
segundo tem que ser revogada, pois já não é mais consistente
formal como instrumento indispensável da filosofia e da
'Com nossos últimos resultados. Feita esta revogação,
ciência em geral. O problema é explicar o que autoriza um
voltamos a testar o terceiro default e agora já podemos
lógico a declarar que certos raciocínios são impecáveis e
aplicá-lo. N o final, construímos a mesma extensão de pouco
outros falaciosos. Algumas expHcações, podem ser sugeridas.
antes. Com efeito, nesse caso, não importa a ordem de
Uma primeira explicação é a convencionalistal Segundo
aplicação dos defaults, acabamos sempre com a mesma
ela, tanto a correção como a mcorreçaõ" dos raciocínios
extensão. A eliminação de resultado inferido anteriormente
seriam convenções criadas pelos lógicos. A função do lógico
numa teoria default salienta o caráter não monotônico da
seria criar regras coerentes cuja descrição seria suficiente
lógica default.
para estabelecer (não representar) uma noção de inferência.
Como o leitor deve ter percebido, a maior parte do
Imagina-se assim que a lógica é um jogo cujas regras são
trabalho que se faz na lógica default não é especificar as
dadas por convenção e que a função original desse jogo é
regras e as sentenças de base de uma teoria default, mas unicamente a de ser jogado. Segundo os convencionaHstas, o
construir as extensões dessas teorias. Reiter desenvolveu lógico é como alguém que inventa um jogo. O sujeito que
todo um sistema para calcular essas extensões, mas foge ao inventou o xadrez, por exemplo, poderia ter estabelecido
nosso escopo a apresentação de pormenores técnicos. outros movimentos para as peças, poderia ter criado mais de
seis tipos de peças, a posição inicial das peças poderia ser
6.5 Fim do Jogo diferente etc. Esse também seria o caso com o lógico. Numa
perspectiva convencionaHsta, o lógico não pode fazer mais
Existem ainda muitas outras formas de raciocínio que não do que estipular as regras do jogo. Se não fosse o lógico o
foram apresentadas aqui. De fato, essa pluralidade de criador das regras para construir raciocínios, quem seria?
raciocínios é parte essencial da racionalidade e da existência
317
m
Uma segunda explicação é a ^metafísica. Essa explicação Apesar de não haver um consenso sobre a verdadeira
remonta a uma tradição antiga, que concebe a lógica como natureza do trabalho do lógico e o cjue o justifica, o
disciplina que estuda a estrutura mais universal do ser. E m resultado desse trabalho sempre pode ser visto como uma
grandes sistemas metafísicos, como em Aristóteles e Leibniz, espécie de jogo. Neste livro, o que fizemos foi apresentar
a lógica seria uma espécie de espaço de possibilidades de alguns desses jogos. E claro que não é necessário um curso
como o mundo poderia ser. Princípios lógicos e metafísicos de lógica para se jogar o jogo da inferência, e, certamente,
seriam, em tais sistemas, inseparáveis. Princípios lógicos um tal curso não é suficiente para se garantir o domínio, a
estabeleceriam os limites de possibilidade da realidade: um correção e a plenitude das regras do jogo. Mesmo porque
mundo contraditório seria impossível. Nem mesmo Deus novos jogos estão sendo criados a cada dia e existem alguns
poderia criar um mundo contraditório, afinal se Deus que ainda não foram regulamentados de 'modo satisfatório e
pudesse criá-lo, ele já não seria impossível. Mas., para pleno. Grande parte do trabalho dos lógicos de hoje consiste
LeibnÍ2, isso não consistiria uma limitação para Ele. Na justamente em estudar casos novos e desviantes de
verdade, a lógica seria a forma mais plena de racionalidade, inferência. Vale a pena continuar refletindo sobre novas
pois é a maneira como Ele pensa. Assim, ao fazermos lógica formas dc raciocínio. Afinal, o jogo não tem fim.
estaríamos tentando mapear e imitar o pensamento Divino.
Mesmo que considerássemos a lógica um jogo, teríamos que
admitir que o lógico não inventa as regras do jogo, ele
apenas as aprende e joga com elas.
A terceira expUcação é a[pragmática.| Com a reviravolta
pragmática na filosofia contemporâneaTli lógica passou a ser
concebida de modo menos essencialista c mais nominalista,
p. ex. como instrumento de regulamentação do discurso, em
particular, de sequências de sentenças que constituem um
argumento. Dc acordo com essa visão, a analogia do jogo
ainda pode ser válida, desde cjue entendamos que as regras
do jogo da lógica nem são dadas por Deus nem são criadas
ao bel prazer do lógico. As regras da lógica são regras que se
incorporaram aos nossos raciocínios cotidianos ao longo da
evolução da linguagem e do pensamento e se encontram
hoje de tal forma misturadas com nossa prática lingíiística
que chegamos a ter a ilusão de que essas regras são
necessárias. Porém, como vimos, os lógicos não chancelam
todas essas regras, há algumas que eles rejeitam como
falaciosas. Isso, numa expUcação pragmática, seria o
resultado de um certo acordo entJre os lógicos, mas não é
claro como se chega a esse acordo.
319
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