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1.

Aluno(a): Professor: Rafael Cortes Componente curricular: Filosofia

Turma: 100 Data: 20/11/2020 E-mail do professor: raf.cortesfilo@gmail.com

Título da tarefa: Argumentos dedutivos e indutivos


1. Orientações para a realização da tarefa:
Falamos até aqui de forma descuidada sobre “argumentos”, como se todo tipo de raciocínios que
fizéssemos fossem argumentos do mesmo tipo. Porém, as coisas não são bem assim! Veremos agora que
existem ao menos duas formas de raciocinar que se expressam em diferentes tipos de argumentos e que, por sua
vez, possuem estruturas e usos diferentes: os argumentos dedutivos e os argumentos indutivos. Tanto é assim
que por vezes algumas áreas de conhecimento se caracterizam e se distinguem de outras exatamente por
exigirem mais um tipo raciocínio e argumento do que outro.
Abaixo procuramos apontar uma característica explicar e distinguir os argumentos dedutivos dos
indutivos.
Dedução e indução1
Desidério Murcho2
Com a sua habitual clareza e precisão, Graham Priest explica o que torna uma indução válida:
“O que faz uma inferência ser indutivamente válida? Simplesmente o facto de as premissas tornarem a
conclusão mais provável do que improvável.”
Alguns autores reservam o termo "validade" apenas para a dedução. Como Priest e outros filósofos,
iremos usar "validade" também para o caso da indução.
Quando um argumento é dedutivamente válido, é impossível que tenha conjuntamente premissas
verdadeiras e conclusão falsa (é a isto que se chama “implicação”: as premissas implicam a conclusão quando é
impossível que as premissas sejam verdadeiras e a última falsa). A diferença é que quando um argumento é
válido indutivamente, não é impossível que tenha premissas verdadeiras e conclusão falsa: é apenas
improvável. Que quer isto dizer?
A validade dedutiva exclui a possibilidade de a conclusão ser falsa se as premissas forem verdadeiras. A
validade indutiva não exclui esta possibilidade, mas torna-a improvável. A diferença entre a impossibilidade e a
improbabilidade compreende-se melhor com um exemplo: não é impossível que uma pessoa ganhe vinte vezes
seguidas na Megasena, mas é muitíssimo improvável. Do mesmo modo, quando temos um argumento válido
indutivo, não é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa, mas é muito improvável.
Vejamos dois exemplos contrastantes:
Validade dedutiva: “Alguns corvos são animais bonitos. Logo, alguns animais bonitos são corvos”.
Validade indutiva: “Todos os corvos observados até hoje são pretos. Logo, todos os corvos são pretos”.

1
Disponível em: https://50licoes.blogspot.com/2014/05/deducao-e-
inducao_25.html?fbclid=IwAR1CjT5jZ435bsfg0MPgngipFZDN9pbRC63DKT9-XgX3snmYh3H8sxj-S_w Acesso em 16/11/20.
Adaptado.
2
Prof. de Filosofia na Universidade Federal de Ouro Preto/MG (UFOP).
Tarefa de estudos dirigidos a
distância
Não é possível que alguns corvos sejam animais bonitos sem que ao mesmo tempo alguns animais
bonitos sejam corvos. Contudo, é possível que todos os corvos observados até hoje sejam pretos, sem que todos
os corvos sejam pretos: talvez tenhamos visto mal. Esta é a mais importante diferença entre a validade dedutiva
e a indutiva: a primeira exclui a falsidade da conclusão quando as premissas são verdadeiras; a segunda não
exclui tal coisa, mas torna-a improvável.
São muito frequentes os argumentos dedutivos em que se parte de premissas gerais e se chega a uma
conclusão particular. Mas nem sempre é assim. E também são muito frequentes os argumentos indutivos em
que se parte de premissas particulares e se chega a uma conclusão geral. Mas, mais uma vez, nem sempre isso
acontece. Assim, o que distingue os argumentos dedutivos dos indutivos não é a generalidade relativa das
premissas e conclusões. Isto confirma-se com os seguintes exemplos:
Dedução do particular para o particular: “Algumas ideias filosóficas são difíceis. Logo, algumas ideias
difíceis são filosóficas”.
Dedução do geral para o geral: “Nenhuma divindade é mortal; logo, nenhum mortal é uma divindade”.
Indução do geral para o particular: “Todos os corvos observados até hoje são pretos. Logo, o corvo do
Luís é preto”.
Outra diferença importante entre a dedução e a indução é esta: quando temos um argumento
dedutivamente válido, qualquer argumento que tenha a mesma estrutura será também válido (há exceções a esta
afirmação, mas não vamos preocupar-nos com elas.) Por exemplo, o argumento "Alguns seres humanos são
filósofos, logo alguns filósofos são seres humanos" é dedutivamente válido. Isto significa que qualquer
argumento com a mesma estrutura é também válido. É o caso dos argumentos "Algumas cidades são bonitas,
logo algumas coisas bonitas são cidades" e "Alguns carros são perigosos, logo algumas coisas perigosas são
carros". Mas isso não acontece no caso dos argumentos indutivos: quando temos um argumento indutivamente
válido, há outros argumentos com a mesma estrutura que são inválidos. Por exemplo, o argumento "Todos os
corvos observados até hoje são pretos, logo todos os corvos são pretos" é indutivamente válido, mas o
argumento seguinte, apesar de ter a mesma estrutura, é inválido: "Todos os seres inteligentes observados até
hoje são terrestres, logo todos os seres inteligentes são terrestres".
1. Tarefa: responda as questões abaixo.
i) Qual é a diferença entre argumentos dedutivos e indutivos?
ii) Formule dois exemplos (originais, próprios) de argumentos dedutivos e dois de argumentos indutivos.
iii) Nos 10 primeiros minutos da aula do Prof. Walter Carnielli (UNICAMP/) – disponível no vídeo em
“Material complementar” – são explicados três tipos diferentes de indução. Explique-os com suas próprias
palavras.
Material complementar:
-Aula Prof. Walter Carnielli:
https://www.youtube.com/watch?v=v0zvPoneIrc&fbclid=IwAR244zd7iE29hAzUJiOOb09mjUsSnEN2aQjTU
bfByfHiCB3vBi10nr-zlo0&ab_channel=InstitutoModal

Tarefa de estudos dirigidos a


distância
-Verbetes “inferência”, “implicação”, “indução” e “dedução” do Dicionário Escolar de Filosofia
(https://criticanarede.com/dicionario.html);
- Páginas no Instagram com conteúdo de lógica: logicasbrasileiras, logicaviva.coletivo,
investigacao.filosofica

Gabarito da Semana 32
A) O que é um argumento? Apresente (de forma explícita) dois exemplos.
Argumento é um conjunto de proposições relacionadas entre si em que alguma (s) tem o papel de
premissa (s) e outra de conclusão e serve para defender uma ideia, um ponto de vista, uma perspectiva sobre
algo.
Exemplos de argumentos explícitos:
P.1: Todo cavalo é quadrúpede.
P. 2: Pé de pano é um cavalo.
C: Pé de pano é um quadrúpede.

P.1: Usar a vida de outros animais como meio para alcançar a felicidade humana não é correto.
P.2: Os animais de estimação dão certo conforto e felicidade para os seres humanos.
P. 3: As pessoas usam os animais de estimação como meio para alcançar sua felicidade.
C: A forma com que as pessoas se relacionam com os animais de estimação, os usam como meio, não é
correta.
Obs.: ainda não começamos a debater sobre o que mais interessa na lógica: a validade dos argumentos.
Estamos apenas aprendendo a reconhecer e a construir argumentos, sem a preocupação sobre a validade e a
consistência deles. Provavelmente aprenderemos sobre validade dos argumentos no ano que vem.
B) O que é premissa? Apresente ao menos um exemplo. A premissa é uma razão que apresento para
sustentar a tese (conclusão) de meu argumento. No segundo exemplo acima, P. 3, temos uma premissa.
C) Explique o que é uma conclusão e apresente ao menos um exemplo. É a tese, a ideia principal que se
pretende defender, sustentar através do argumento. Na questão A), acima, temos dois exemplos de conclusões
(C).
D) Identifique as premissas e as conclusões dos seguintes argumentos:
i) Não podemos comer carne porque todo assassinato é um crime e matar animais é um assassinato.
P.1: Todo assassinato é um crime.
P2. Matar animais é um assassinato.
C: Não podemos comer carne.
ii) Os artistas podem fazer o que bem entendem. É por isso que é impossível definir arte.
P: Os artistas podem fazer o que bem entendem.
C: É impossível definir arte.

Tarefa de estudos dirigidos a


distância
iii) Considerando que sem Deus tudo é permitido, é necessária a existência de Deus para fundamentar a
moral (ética) e dar sentido à vida.
P.1: Sem deus tudo é permitido.
C: A existência de deus é necessária para fundamental a moral e dar sentido à vida.

Tarefa de estudos dirigidos a


distância

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