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a matemática é dedutiva ou indutiva?

Os filósofos consideram dois tipos principais de raciocínio: dedução e


indução. Os dois podem ser comparados do seguinte modo (bem
simplificado!).

A dedução parte de afirmações gerais, as premissas, e, por meio de


regras lógicas, chega a afirmações mais específicas, chamadas
conclusões. Um exemplo simples, atribuído a Aristóteles (384 a.C.-
322 a.C.): Todo o homem é mortal. Sócrates é um homem. Logo,
Sócrates é mortal”.

A indução vai no sentido contrário, partindo de casos particulares


para chegar a regras gerais. Por exemplo, observando que os seres
vivos conhecidos são formados por células, presumimos que o
mesmo vale para todos os seres vivos.

A indução é a base da ciência experimental. Mas pode falhar: saber


que as galinhas no meu quintal têm plumagem vermelha não garante
que toda galinha no mundo é vermelha. Já a dedução é rigorosa: se
as premissas são verdadeiras, a conclusão é necessariamente
verdadeira. Mas isso é porque essa está contida naquelas, não
trazendo nova informação.

E a matemática, como fica nesta discussão?

O raciocínio matemático é dedutivo por natureza: ele parte de certas


afirmações, os axiomas, e, por meio de passos lógicos bem definidos,
chega a novas afirmações, chamadas teoremas. É isso que torna a
matemática uma ciência rigorosa.

Mas o raciocínio matemático também tem uma capacidade notável


para produzir novo conhecimento. O teorema de Fermat afirma que a
equação xn+yn=zn não tem soluções x, y, z inteiras positivas se o
expoente n for maior do que 2. Ele é deduzido dos axiomas da
álgebra, mas certamente não está contido nesses axiomas. É como
se o teorema fosse criado (ou descoberto?) no ato da dedução.

O que o raciocínio matemático tem de especial para que seja ao


mesmo tempo rigoroso, como a dedução clássica, e criativo, como a
indução experimental?

A resposta está na indução matemática, o princípio segundo o qual


se uma dada afirmação é verdadeira para o número 1, e se o fato de
ser verdadeira para um dado número inteiro N acarreta que também
é verdadeira para N+1, então essa afirmação é verdadeira para todos
os inteiros positivos.

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