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Características do conhecimento científico:

• Comprovação de hipóteses e teorias- comprova-se, experimenta-se.


• Uso de instrumentos na observação (já que os cientistas não
confiam nos sentidos) - ex: termómetro, microscópio, radares …
• Uso de uma linguagem específica- ex: linguagem matemática,
espécies de animais.
Indutivismo: perspetiva filosófica que define o método das ciências
empíricas (ciências baseadas na observação e experimentação), isto é, o
cientista parte da observação de casos particulares, infere indutivamente
um enunciado geral (teoria) e depois testa essa mesma através da
experimentação, acumulando casos positivos (que apoiam a teoria) para
comprovar a sua vericidade.
Problema da demarcação: Expressão introduzida por Karl Popper que
remete para a discussão e tentativa sistemática de distinguir a ciência das
outras disciplinas ou atividades que serão não-científicas ou
pseudociências. Ou seja, é a busca por um critério que permita
estabelecer as fronteiras entre a ciência, não ciência e pseudociência.
• Para a perspetiva indutivista, a ciência começa com a observação da
realidade, a partir da qual se formam as hipóteses que são
verificadas por meio da experimentação. Com base em algumas
observações experimentais bem-sucedidas, por generalização, a
hipótese é confirmada e converte-se em lei ou teoria.

1. Observação dos fenómenos


O cientista observa os factos ou fenómenos e regista-os de forma
sistematizada para procurar encontrar as suas causas. A observação
é neutra, isenta, rigorosa, objetiva e imparcial, devendo ser
repetida várias vezes. A observação precede de teoria.
Exemplo: Observo que as folhas das plantas a,b,c,e,f e g são verdes.

2. Formulação da hipótese
Por intermédio da comparação e classificação dos casos
observados, o investigador procura aproximar os factos para
descobrir a relação existente entre eles. Assim, recorrendo à
indução, ele parte para a formulação da hipótese, explicação geral
acerca dos fenómenos e das suas relações. Procura-se, assim, inferir
um enunciado geral a partir de enunciados particulares ou
singulares. (generalização)
Exemplo: Existe uma substância nas folhas verdes das plantas que
lhes confere essa cor.

3. Experimentação
A experimentação é o processo de confirmação da hipótese
explicativa enunciada. Esta terá de ser testada e, confirmando-se o
que ela propõe, pode passar a lei científica.
A experimentação é fundamental para que se possa verificar ou
confirmar se as relações estabelecidas são aplicáveis a todo o tipo
de fenómenos semelhantes (isto é, nas mesmas condições e da
mesma natureza), mesmo que não tenham sido observados um por
um. (novas observações para testar e comprovar a teoria)
Exemplo: Procurar observar mais folhas para observar a minha
teoria.

4. Estabelecimento da lei geral


Recorrendo, uma vez mais, à indução, o cientista generaliza a
relação encontrada entre os factos semelhantes, traduzindo-a numa
lei que expressa as relações constantes entre esses factos.
(enunciado universal)
Exemplo: Todas as folhas verdes possuem uma substância- a
clorofila- que lhes confere essa cor.
• Se as observações da experimentação permitirem a verificação ou
confirmação daquilo que a hipótese prevê, é então estabelecida,
por generalização, uma lei ou teoria.

Raciocínio indutivo
O raciocínio presente na descoberta científica é a indução.
A indução (enquanto generalização) encontra-se, assim, presente no
processo de formulação da hipótese (explicação geral para observações
realizadas) e no processo de estabelecimento da lei geral (as hipóteses só
passam a leis após serem verificadas por um conjunto de experiências
particulares).
A utilização do raciocínio indutivo é a chave para o estabelecimento das
teorias e leis universais da ciência, suscetíveis de garantir previsões
rigorosas. O raciocínio indutivo, partindo de observações particulares e
atingindo conclusões gerais, aumenta o nosso conhecimento, tendo um
carácter amplificante que o raciocínio dedutivo não tem.

Importância da indução
• A indução é importante para a ciência, pois é esta que permite as
descobertas científicas, é esta que fornece informação positiva para
se elaborar teorias ou enunciados científicos e para a justificação de
teorias. É mediante a observação de casos particulares que nos
experimentos o cientista vai verificar a verdade das teorias.

Verificação e critério da verificabilidade


• É pela experimentação que o cientista procura testar aquilo que
uma dada hipótese propõe. A verificação do que uma dada
hipótese propõe torna-se, por isso, o passo necessário para
assegurar os resultados da investigação.
• O critério de verdade (validade) científica é a verificabilidade. Um
enunciado é científico se e só se é empiricamente verificável-
observando coisas matérias, factuais, que existem.
• Os filósofos neopositivistas consideravam a verificabilidade
(empírica) o critério para distinguir o que é científico do que não é.
De acordo com o critério da verificabilidade, uma teoria é científica
apenas se consistir em afirmações que sejam empiricamente
verificáveis, ou seja, apenas se for possível verificar
empiricamente (através da experiência) aquilo que ela propõe.
Uma proposição empiricamente verificável será aquela cujo valor de
verdade pode ser determinado através da observação e da
experiência.

“Há corvos negros” pode ser verificada pela observação, enquanto a


proposição “Existem espíritos com asas” não pode ser empiricamente
verificada.
Se afirmarmos: “Há corvos negros”, esta proposição é verificável,
podemos verificar aquilo que ela afirma de cada vez que se vê um corvo.
Se o corvo for negro a afirmação é verdadeira, mas se dissermos “Todos
os corvos são negros”, aquilo que nesta proposição se afirma não pode ser
rigorosamente verificado de forma universal, pois é impossível saber a cor
de todos os corvos que existiram no passado, que existem e que existirão
no futuro.

Princípios do indutivismo:
• O ponto de partida da ciência é a observação.
• A indução é a única forma de produzir conhecimento acerca do
mundo
• A experimentação tem como papel confirmar ou verificar
hipóteses.
Um princípio fundamental da concessão indutivista é a ideia de que a
ciência começa pela observação, que é considerada imparcial, neutral e
objetiva. Supõe-se que o cientista não é influenciado quando observa, por
experimentos anteriores, teorias, suposições, expectativas, etc.
Basicamente a observação é considerada pura e rigorosa.
A indução é o processo fundamental mediante o qual são estabelecidas as
teorias/ hipóteses. Estas resultam depois do cientista estabelecer relações
com base na comparação e classificação de casos particulares (são
descobertas indutivamente).
A indução como ferramenta fundamental na construção do conhecimento
científico não nos conduz a certezas e a um conhecimento rigoroso da
realidade. As leis científicas/ teorias, não estão devidamente justificadas,
podendo ser refutadas a qualquer momento (com contra-exemplos).
Importância da indução

Críticas ao indutivismo:
1. O ponto de partida da ciência não é a observação
Ainda que o cientista recorra à observação, ela não é totalmente
neutra, imparcial e isenta de pressupostos ou de preconceitos,
ocorrendo sempre num determinado contexto. A observação é
afetada por pressupostos teóricos, teorias, conceitos e pelas
expectativas que o cientista desenvolve face à investigação. Basta
pensar, por exemplo, nos objetos e situações que não podem ser
observados, como as partículas subatómicas ou a origem do
Universo. Frequentemente, o ponto de partida são os problemas
que surgem do confronto ou do conflito entre uma observação e as
expectativas ou teorias já existentes.

2. A indução não é a única forma de produzir conhecimento acerca


do mundo
O raciocínio indutivo não confere o rigor lógico necessário às
teorias científicas. É o já referido problema da indução, levando
por Hume. Baseamo-nos na observação de um conjunto finito de
casos particulares para concluir que todos são assim
(generalização) ou que o próximo a ser observado também assim
será (previsão), efetuando um salto do conhecido para o
desconhecido, ou daquilo de que se teve experiência. Confiamos na
indução porque partimos do princípio da uniformidade da
Natureza (o princípio de que os fenómenos se repetem e são
previsíveis ou de que o futuro se assemelha ao passado). Mas este
princípio decorre da experiência anterior e do hábito, sendo
igualmente estabelecido por generalização (isto significa que
recorremos à indução para justificar a confiança na própria
indução). Assim, David Hume aponta o caracter ilusório do
indutivismo. E, apesar de admitir que o conhecimento científico se
constrói por indução, reconhece que ela não é racionalmente
justificável.

3. A experimentação não tem como papel confirmar ou verificar


hipóteses.
Para o indutivismo, as hipóteses são suposições ou teorias não
confirmadas, enquanto as teorias ou leis são hipóteses verificadas
ou estabelecidas. O papel da experimentação é confirmar ou
verificar hipóteses, provar que são verdadeiras. Popper discorda,
como consequência do problema da indução, as hipóteses ou
teorias (enunciados empíricos universais) não podem ser verificadas
ou confirmadas por enunciados particulares (a verificação é
insuficiente). Além disso, não há qualquer número de observações,
por maior que seja, que nos autorize a estar seguros da verdade de
uma hipótese. Não se consegue verificar empiricamente teorias ou
hipóteses universais. Por outro lado, para Popper, basta encontra
um único contraexemplo, que este permitirá identificar erros na
hipótese, que podem depois ser corrigidos ou eliminados. Por fim, o
método indutivista, ligado à verificação experimental, assenta num
argumento falacioso: se uma teoria T é verdadeira, então verifica-se
a previsão P (que dela se deduz); ora, verifica-se a previsão P; logo,
a teoria T é verdadeira. Estamos perante a falácia da afirmação do
consequente.

Popper
• Karl Popper- falsificabilidade- a teoria pode ser criticada e refutada.
• O raciocínio é dedutivo. O papel da observação e experimentação é
tentar refutar ou falsificar os enunciados científicos.
Exemplo: Todos os cisnes são brancos- hipótese
Basta procurar cisnes de outra cor.- falsificar
Maior grau de falsificabilidade. Mais informação, mais pormenores, sendo
estas as mais interessantes para a ciência.

Relação entre graus de falsificabilidade e probabilidade


A relação entre graus de falsificabilidade e probabilidade é inversa.
Quanto maior for o grau de falsificabilidade de uma teoria, menor será a
sua probabilidade. Isto acontece porque uma teoria mais precisa e mais
rigorosa, torna menos prováveis as suas previsões, estando por isso
mesmo exposta a uma maior refutação.

Para Popper a ciência não começa pela observação, mas sim pela
enunciação de um facto problema. A formulação do problema
facto é extremamente importante
Toda a observação pressupõe um problema-precisamos de saber o que
devemos observar, mas também como vamos observar. Na ciência a
observação é precisa. Popper propõe outra metodologia porque a indução
não tem rigor lógico. Por mais casos particulares que sejam recolhidos,
nunca são uma amostra significativa os enunciados universais não
podem ser verificados e justificados empiricamente por casos
particulares ou singulares. A validade das teorias científicas está posta em
causa na indução porque assenta num critério frágil.

Dedução/ falsificabilidade
A dedução é o processo de raciocínio fundamental na construção do
conhecimento científico e está presente na elaboração das hipóteses
mas também na falsificação. O problema que se coloca é a procura das
respostas que devem ser elaboradas dedutivamente dando ás várias
hipóteses ou suposições e conjeturas para a teoria, com base naquele que
já se conhece ou sabe. Depois disso submete a sua teoria a testes
experimentais rigorosos de falsificação o objetivo é detetar a eliminação de
erros (contra exemplos para refutar a teoria) -se a teoria for parcialmente
errada é necessário reformular, isto é, terá de ser modificada. Há uma
revisão crítica das teorias e surgem novos problemas, quando uma teoria
corroborada ela não é verdadeira, mas parcialmente aceite, tendo um
estatuto provisório e temporal.
Todas as teorias são falsificáveis- uma teoria que não seja refutável será
uma teoria não científica, logo as teorias científicas são aquelas que podem
ser falsificadas ou refutadas.
Uma teoria é falsificada quando se revela parcial ou totalmente errada,
quando a teoria não corresponde aos factos.

Nota:
• Quanto maior a amostra representativa é melhor, mas não é
suficiente.
Hipótese: suposição, teoria ou conjetura que deve ser sujeita a testes
complementares.
Experimentação: observações ou procedimentos sistemáticos que são
realizados em ambiente controlado no sentido de testar uma hipótese.
Verificação: determinação ou confirmação de que uma dada hipótese ou
teoria é verdadeira.
Verificabilidade: o mesmo que princípio da verificação. Critério de
demarcação adotado pelo positivismo lógico que estabelece que uma
hipótese é científica quando é possível recolher indícios apropriados da
observação para confirmar a sua verdade.
Falsificabilidade: O mesmo que princípio de falsificação. Critério de
demarcação proposto por Karl Popper que estabelece que uma hipótese é
científica quando faz asserções que possam colidir com a observações.
• Método empírico/indutivista, pode ser através de experimentos ou
indução (generalizar casos particulares).

O método crítico está presente na atitude que os cientistas têm perante as


teorias que foram corroboradas. Os cientistas veem as teorias sempre
como meras suposições ou conjeturas, não as assumindo como verdades
definitivas. A corroboração é sempre provisória temporária porque
qualquer momento pode ser refutada. Para uma teoria ser corroborada
implica que ela seja submetida a testes experimentais e deverá haver
sucesso na demonstração da hipótese ou conjetura para tornar a teoria
credível e aceite ainda que provisoriamente -mas se não houver
colaboração quer dizer que a teoria foi refutada e logo não é válida nem
aceite. falsificar é um processo dedutivo.

1) Em que consiste o Critério de Demarcação Positivista?


R: Só é científica uma hipótese que possa ser empiricamente verificada.
2) Quais são as etapas do método científico simples (indutivo)?
R: Observar os factos, criar teorias para os explicar e verificar
experimentalmente.
3) O que é necessário para que uma hipótese possa ter o estatuto de lei
científica, segundo o método
indutivo?
R: Para se tornar uma lei científica uma hipótese tem de ser confirmada
por todas a as experiências
realizadas.
4) Quais as críticas feitas à indução?
R: A principal crítica baseia-se no facto de não estarmos «habilitados» a
raciocinar a partir de um certo
número de casos particulares para todos os casos possíveis, uma vez que
esta garantia não existe, um
conhecimento que se pretenda rigoroso como a ciência, não se deve
apoiar neste tipo de raciocínio.
Outra crítica assenta no facto de a própria argumentação usada para
defender a indução ser, ela
própria, uma petição de princípio, pois justifica-se a indução usando a
própria indução.
5) Que objecções podem ser feitas às críticas à indução?
R: As objecções são as seguintes: nenhuma outra forma pode ajudar
melhor a prever o futuro; mesmo
que não possamos dizer que a conclusão de um argumento indutivo é
absolutamente certa, podemos
dizer que é muito provável; na prática a indução parece funcionar e com
base no princípio da indução a
ciência tem obtido extraordinários resultados.
6) Como entende Popper a observação?
R: Popper diz-nos que ela não é o ponto de partida, pois partimos de
teorias anteriores que nos
permitem detectar factos por explicar (problemas) e seleccionar o que
vamos observar.
7) Qual é o objectivo dos testes experimentais no método proposto por
Popper?
R: Os testes experimentais não podem nunca demonstrar que uma teoria
é verdadeira, apenas podem
provar, com alguma sorte, que é falsa.
8) Qual é a vantagem em saber que uma teoria é falsa?
R: Permite à ciência progredir, uma vez que provada a falsidade de uma
teoria, esta deve ser
abandonada ou reformulada, pelo que só as teorias mais aptas resistem às
tentativas de refutação
experimental.
9) Quais os aspetos principais mais inovadores da abordagem
epistemológica de Popper?
R: Popper propõe-nos um novo critério de cientificidade (a
falsificabilidade), do qual decorre um
critério de demarcação claro, uma nova conceção de ciência em que o
conhecimento científico é tido
apenas como conjetural e provisório, numa permanente busca de uma
verdade nunca alcançada,
devendo por isso permanecer crítico e promovendo um esforço constante
no sentido de afastar o falso.
10) Qual o critério de demarcação proposto por Popper?
R: Uma teoria científica deve ter a propriedade de ser falsificável através
de testes experimentais.
11) Para Popper, como progride a ciência?
R: A ciência avança no sentido de uma verdade objetiva, por meio de
tentativas e afastamento de
erros (conjeturas e refutações). As hipótese falsificadas na experiência são
abandonadas em favor de
hipóteses mais aptas, ou então são reformuladas de forma a que se
tornem mais precisas e mais
adequadas

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