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O MÉTODO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA

1. O desafio do método
O problema resolvido é um elo na cadeia de problemas e suas soluções, através dos quais a ciência
avança. Uma nova teoria é uma fonte muito fecunda de problemas, através das predições que gera.
Método vem de meta, “ao longo de”, e hodós, “via, caminho”.
Para alcançar um objetivo determinado precisamos agir com método, desenvolvendo um conjunto de
procedimentos racionais, ordenados, que nos “encaminhem” em direção à ação desejada ou à verdade
procurada. Na vida cotidiana agimos com método usando o senso comum (planejamento).
Na Antiguidade e na Idade Média faltava um quadro unificador dos meios e dos métodos, da própria
ideia do ‘objeto a ser descrito’. No séc. XVII, Galileu provoca uma revolução na ciência ao desenvolver o
método da física, calcado na matematização, observação e experimentação. É comum o interesse pelas
questões metodológicas entre os pensadores daquele período, tais como Descartes, Francis Bacon,
Locke, Hume e Espinosa.

A classificação das ciências

2. A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.
A classificação das ciências
À medida que as ciências tornavam- se autônomas, surgiu a necessidade de sua classificação.
Atualmente, costuma-se considerar:
Ciências formais: matemática e lógica; Ciências da natureza: física, química, biologia, geologia, geografia,
física etc. Ciências humanas: psicologia, sociologia, ciências sociais, economia, história, geografia
humana, linguística, etnologia etc. Ciências híbridas: contribuição dos mais diversos campos do saber.
Especialidades novas reúnem simultaneamente pesquisadores e técnicos de áreas diversas, como
engenharia, informática, medicina e biologia.
O MÉTODO EXPERIMENTAL Passa pelas seguintes etapas: observação, hipótese, experimentação,
generalização (lei) e teoria. Claude Bernard ( ), médico e fisiólogo francês, é conhecido não só por suas
experiências em biologia, mas também pelas reflexões sobre o método experimental.
Exemplo: Percebe que coelhos trazidos do mercado tem a urina clara e ácida, característica dos animais
carnívoros (observação). Como ele sabia que os coelhos têm a urina turva e alcalina, por serem
herbívoros, supôs que aqueles coelhos não se alimentavam há muito tempo e se transformaram pela
abstinência em verdadeiros carnívoros, vivendo do seu próprio sangue (hipótese).
Fez variar o regime alimentar dos coelhos, dando a alguns alimentação herbívora e, a outros, carnívora;
repetiu a experiência com um cavalo (controle experimental). No final, enunciou que “em jejum todos
os animais se alimentam de carne” (generalização).
OBSERVAÇÃO A todo momento estamos observando; mas a observação comum é feita ao acaso,
dirigida por propósitos aleatórios. Ao contrário, a observação científica é rigorosa, precisa, metódica,
orientada para a explicação dos fatos e já carregada de teoria.
Há situações em que apenas nossos sentidos são suficientes para a observação, mas às vezes torna-se
necessário o uso de instrumentos que lhe emprestam maior rigor, pois quantificam o que está sendo
observado. Exemplo: É mais rigorosa a indicação da temperatura no termômetro do que a percebida
pela nossa pele.
Primeira dificuldade:
A observação científica não é a simples observação de fatos. Exemplo: Duas pessoas que observam a
mesma paisagem não a registram como uma câmera fotográfica, porque o olhar humano é dirigido por
uma intenção, ele tende para certos pontos e não outros.
Os fatos são o resultado de nossa observação interpretativa.
A observação científica está impregnada de teoria. Ao fazer a coleta de dados, o cientista seleciona os
mais relevantes para o encaminhamento da solução do problema.
HIPÓTESE Hypó, “debaixo de”, “sob”, e thésis, “proposição” – é o que está sob a tese, o que está
suposto. A hipótese é a explicação provisória dos fenômenos observados, a interpretação antecipada
que deverá ser ou não confirmada. O papel da hipótese é reorganizar os fatos de acordo com uma
ordem e tentar explicá-los provisoriamente.
A formulação da hipótese não depende de procedimentos mecânicos, mas de engenhosidade.
Nessa etapa do método científico, o cientista pode ser comparado ao artista inspirado que descobre
uma nova forma de expressão. Insight – iluminação súbita.
Exemplo: Arquimedes ao mergulhar na banheira, teria descoberto a lei do empuxo (hidrostática).
Incontido em seu entusiasmo, saiu gritando “Eureca” (em grego, “descobri”). Nesse sentido, a
construção de hipóteses pode ser entendida como um processo heurístico (de invenção e descoberta).
Não devemos, porém, mistificar a formulação da hipótese, pois ela é acompanhada por longa
argumentação, da qual a descoberta representa apenas o momento culminante. É o próprio
Newton quem diz:
“Se minhas pesquisas produziram alguns resultados úteis, eles não são devidos senão ao trabalho, a um
pensamento paciente... Eu tinha o objeto de minha pesquisa constantemente diante de mim e esperava
que os primeiros clarões começassem a aparecer, lentamente, pouco a pouco, até que eles se
transformavam em uma claridade plena e total”.
Tipos de raciocínio usados pelo cientista ao propor uma hipótese:
A indução - generalização de casos diferentes e particulares; O raciocínio hipotético-dedutivo – quando
é formulada uma hipótese e comprovam-se as consequências que são tiradas dela; A analogia –
estabelecidas relações de semelhança entre fenômenos.
Critérios para julgar o valor ou a aceitabilidade das hipóteses:
Relevância Possibilidade de ser submetida a testes Compatibilidade com outras hipóteses já
confirmadas
EXPERIMENTAÇÃO É o estudo dos fenômenos em condições que foram determinadas pelo
experimentador. Observação provocada para fim de controle da hipótese. Podem-se repetir os
fenômenos; variar as condições de experiência; tornar mais lentos os fenômenos muito rápidos;
simplificar os fenômenos.
Nem sempre a experimentação é simples ou viável.
É impossível observar diretamente a evolução darwiniana, que se processa durante muitas gerações;
mesmo assim é uma hipótese válida, na medida em que unifica e torna inteligível um grande número de
dados. Quando a experimentação refuta a hipótese, o trabalho do cientista deve ser recomeçado, na
busca de outra hipótese.
Na generalização estabelecemos relações constantes.
As análises dos fenômenos nos levam à formulação de leis, que são enunciados que descrevem
regularidades ou normas. Na generalização estabelecemos relações constantes.
As leis podem ser de dois tipos:
1) Generalizações empíricas (ou particulares) – são inferidas da observação de alguns casos particulares.
Exemplo: “Os mamíferos produzem a sua própria vitamina E”. Nem sempre é possível atingir uma
universalidade rigorosa. Nesses casos existem leis estatísticas baseadas em probabilidades.
2) Leis Teóricas – são leis mais gerais e abrangentes que reúnem as diversas leis particulares sob uma
perspectiva mais ampla. Exemplo: A teoria da gravitação universal de Newton, por exemplo, engloba as
leis planetárias de Kepler e a lei da queda dos corpos de Galileu (Newton reúne leis referentes a
domínios distintos numa só explicação, donde o caráter unificador da teoria).
Questão: A teoria da relatividade de Einstein teria superado a teoria newtoniana da gravitação
universal? Resposta:?????????
Ora, Einstein não só parte de pressupostos diferentes daqueles utilizados por Newton, como também
chega a conclusões diferentes. Isso não significa que a teoria newtoniana deva ser totalmente
abandonada, mas sim que é preciso reconhecer os limites dela, já que a sua aplicação se acha restrita a
determinado setor da realidade.
O sucessivo alternar de teorias que se completam, se contradizem ou são abandonadas, indica que a
ciência não é um conhecimento “certo”, “infalível”, nem as teorias são o “reflexo” do real. Por isso, nas
discussões entre filósofos da ciência, a teoria científica aparece como construção da mente, como
hipótese de trabalho, como função pragmática que torna possível a previsão e a ação, como descrição
de relações entre elementos, sem garantia de certeza definitiva.
ATIVIDADE AVALIATIVA. VALOR 2,0P.

1 – Descrever o que se entende por Método e sua importância para a Ciência!


O método é uma maneira sistemática e organizada de obter conhecimento e compreensão
sobre o mundo ao nosso redor. É um conjunto de passos, procedimentos e técnicas utilizadas para
coletar e analisar dados, formular hipóteses, testar essas hipóteses e tirar conclusões baseadas em
evidências. O método científico é um exemplo de método amplamente utilizado na ciência. Ele consiste
em observação cuidadosa, formulação de uma hipótese explicativa, teste da hipótese por meio de
experimentação ou observação, análise dos dados e conclusões baseadas em evidências. Este método é
crucial para a ciência porque ajuda a garantir que as descobertas científicas sejam confiáveis e baseadas
em evidências sólidas. A importância do método científico e de outros métodos na ciência é que eles
fornecem uma estrutura sistemática para conduzir pesquisas e descobrir informações precisas e
confiáveis sobre o mundo natural. Eles ajudam a evitar a influência de preconceitos pessoais e crenças
pré-concebidas, e permitem que os cientistas compartilhem seus resultados com outros pesquisadores
e comunidades de todo o mundo para que possam ser revisados e testados novamente. Em suma, o
método é fundamental para o avanço do conhecimento científico e para a tomada de decisões
informadas com base em evidências.

2 – Explicar como é constituído o método na Ciência da Natureza!

Método científico na Ciência da Natureza é composto por uma série de etapas que ajudam os
pesquisadores a coletar dados precisos e confiáveis sobre o mundo natural. Essas etapas incluem:
1. Observação: Esta é a primeira etapa do método científico e envolve a observação cuidadosa do
fenômeno natural que está sendo estudado. O objetivo é coletar informações sobre o que está
acontecendo e identificar padrões ou relações que possam ser relevantes para a pesquisa.
2. Formulação de hipóteses: Com base na observação, os pesquisadores formulam hipóteses
explicativas que possam explicar o fenômeno observado. Essas hipóteses são tentativas
educadas de explicar o que está acontecendo e são formuladas de forma clara e concisa.
3. Teste de hipóteses: Uma vez que as hipóteses são formuladas, os pesquisadores testam sua
validade através de experimentação ou observação cuidadosa. Os dados coletados são
analisados e comparados com as hipóteses formuladas para determinar se elas são consistentes
com as evidências.
4. Análise de dados: Depois que os dados são coletados, eles são analisados para determinar se as
hipóteses são apoiadas pelas evidências. A análise inclui o uso de ferramentas estatísticas e
matemáticas para identificar padrões e relações nos dados.
5. Conclusões: Com base na análise de dados, os pesquisadores tiram conclusões sobre a validade
das hipóteses. Se as hipóteses forem apoiadas pelas evidências, elas são aceitas como
provisórias. Se não forem apoiadas, os pesquisadores devem reformular suas hipóteses e repetir
o processo de teste.
6. Comunicação de resultados: Finalmente, os pesquisadores devem comunicar seus resultados
para a comunidade científica e o público em geral. Isso inclui a publicação de artigos científicos e
apresentações em conferências para que outros pesquisadores possam revisar e testar os
resultados. A comunicação de resultados também ajuda a informar o público em geral sobre
descobertas científicas importantes.
Em resumo, o método científico na Ciência da Natureza é composto por etapas cuidadosamente
projetadas para garantir que as descobertas científicas sejam precisas, confiáveis e baseadas em
evidências sólidas.

3 – Demonstrar, segundo a tua análise, qual a relação entre Filosofia e Ciências, ou se a Filosofia tem
alguma relevância para a Ciência!

A relação entre Filosofia e Ciências é complexa e multifacetada. Por um lado, a Filosofia é vista
como a "mãe" de todas as disciplinas acadêmicas, incluindo a Ciência. A Filosofia, ao longo da história,
ajudou a definir e delimitar as questões que a Ciência se propõe a investigar, além de fornecer uma base
conceitual para a investigação científica. Por exemplo, a Filosofia natural na Grécia antiga contribuiu
para o desenvolvimento da Física e da Biologia.
Por outro lado, a Ciência, em muitos casos, é vista como uma disciplina autônoma, capaz de
fazer avanços sem a necessidade de envolver-se com questões filosóficas mais amplas. No entanto, é
importante destacar que a Filosofia ainda tem muita relevância para a Ciência, e isso pode ser
observado em várias áreas.
Por exemplo, a Filosofia da Ciência se preocupa em analisar os fundamentos e as metodologias
da investigação científica. Ela examina questões como a natureza da evidência, a lógica do raciocínio
científico e a relação entre teoria e experimentação. Ao fazê-lo, a Filosofia da Ciência pode ajudar a
orientar o desenvolvimento de novas teorias e modelos científicos.
Outro exemplo da relevância da Filosofia para a Ciência pode ser visto na ética da pesquisa
científica. A Filosofia moral oferece uma base conceitual para a discussão sobre os limites da
investigação científica e o uso de animais e seres humanos em pesquisas. A Filosofia política também
tem relevância, pois influencia a forma como a pesquisa científica é financiada e regulamentada.
Em resumo, embora a Ciência seja capaz de fazer avanços sem a necessidade de envolver-se
com questões filosóficas mais amplas, a Filosofia ainda tem muita relevância para a Ciência,
especialmente no que diz respeito à metodologia, ética e política da pesquisa científica. A colaboração
entre essas disciplinas pode levar a um entendimento mais completo e profundo do mundo natural e da
maneira como podemos investigá-lo.

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