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M ÉTOD OS DE
IN V ES T IG AÇ ÃO EM
P SIC O LO G IA
CAROLINA LOUREIRO
1º ANO / 1º SEMESTRE
2019/ 2020
Princípios para os métodos em investigação científica:
É necessário ter em conta que quanto maior for o tamanho da amostra, mais próximo é o
valor da média, e assim, quanto mais pequenas as amostras forem, mais afastado/extremo é o
valor em relação à média. Deste modo, as investigações que apresentem resultados sobre
amostras pequenas em detrimento das grandes amostras são logicamente sabíveis e sem
qualquer valor (Ex. “As escolas pequenas são mais propícias à aprendizagem.”).
O raciocínio humano não leva em consideração princípios probabilísticos e lógicos básicos, fazendo
inferências a partir de informação não diagnóstica e, mesmo quando não está limitado à informação
imediatamente disponível, não procura a informação mais diagnóstica, induzindo-nos em erro. Mas,
quando lhe apresentam informação diagnóstica, não tem grande dificuldade em realizar inferências
válidas.
Daí a utilidade do Método Científico, eliminar à partida uma série de inferências inválidas
desinteressantes e, se bem utilizado (ou seja, fazendo as perguntas necessárias), permite-nos fazer
inferências válidas sobre qualquer questão (da mais fácil à mais difícil).
Senso comum (método intuitivo): é um corpo de crenças e conhecimentos culturais partilhados por
um grupo ou comunidade acerca do funcionamento das pessoas e do que as rodeia.
Não faz apelo a raciocínio ou inferências, sendo puramente um método indutivo, ou seja, é a
transmissão da sabedoria popular. Os resultados não são necessariamente falsos, simplesmente não
são científicos.
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Autoridade: aceitação da informação recebida de forma inquestionável.
Tese de Quine-Duhem:
Uma teoria não pode ser testada isoladamente. Para ser testada necessita de uma rede hipóteses
auxiliares, por isso qualquer resultado que refute a “teoria” está a refutar algo no sistema “teoria +
hipóteses auxiliares” e pode sempre salvar-se a teoria mudando adequadamente as hipóteses
auxiliares.
O investigador/físico nunca pode sujeitar uma hipótese isolada a um teste experimental, mas apenas
todo um grupo de hipóteses; quando a experiência está em desacordo com as suas previsões, ele
aprende que pelo menos uma das hipóteses que fazem parte desse grupo é inaceitável e deve ser
modificada; mas a experiência não indica qual deve ser mudada.
Os paradigmas são, por um lado, as visões do mundo, técnicas e valores partilhados por uma
comunidade científica, mas também os exemplos particularmente bem-sucedidos de resolução de
problemas.
Durante os períodos de ciência normal, os cientistas tentam estender o paradigma a novas áreas e
resolver dificuldades residuais. Mas, à medida que as anomalias se acumulam, ocorrem crises
paradigmáticas que quando existem propostas de paradigmas alternativos podem levar a mudanças
de paradigma.
Kuhn defende que a mudança de paradigmas não é um processo racional. A ideia é que não há
qualquer padrão de racionalidade que irá avaliar e criticar os paradigmas sob um ponto de vista
comum, já que cada paradigma possui o seu conjunto de regras que só faz sentido dentro da sua
própria teoria. Ora, se a pesquisa cientifica muda de método assim que mudam os paradigmas, então
não existe um padrão comum que possa avaliar paradigmas concorrentes. Portanto, esses paradigmas
ou modelos científicos são incomensuráveis, ou seja, incomparáveis.
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Para Lakatos, a Natureza não é um árbitro que responda “Falso” às teorias que a interrogam na forma
de experimento. Responde “Inconsistente” à rede de pressupostos que a interrogam (tese de Quine-
Duhem). O teste corresponde sempre a uma escolha entre alternativas.
Um programa tem uma heurística negativa que redirige as “refutações” para as hipóteses auxiliares e
funciona assim como um cinto protetor do programa e uma heurística positiva que diz o que se deve
investigar. A heurística negativa vai perdendo importância à medida que o programa amadurece.
A forma como se processa a substituição das hipóteses auxiliares em função dos dados que se vão
tornando disponíveis é que distingue programas progressivos (prevê factos novos) e degenerativos
(não prevê factos novos ou, quando os prevê, estes não são corroborados).
Heurística: Atalhos mentais que utilizamos para simplificar a solução de problemas cognitivos
complexos.
O Teorema de Bayes:
O novo experiencialismo:
Os experimentos podem ter uma "vida própria" em ciência, que é independente de "teorias
de alto nível”;
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Os cientistas têm estratégias práticas para minimizar os erros e que institui a "realidade dos
efeitos experimentais, sem a necessidade de recorrer a teoria de alto nível.“;
O progresso científico consiste na “acumulação constante do stock de conhecimento
experimental";
Existe um "domínio do conhecimento experimental que pode ser estabelecido de forma
fiável independente de teorias de alto nível.";
Os resultados dos experimentos podem desencadear revoluções científicas em que o novo
paradigma é "melhor" do que o antigo;
Explica assim como o progresso da ciência é possível.
Plano experimental:
Tipos de variáveis:
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Termo que vem da Física e que propõe que os conceitos devem refletir um conjunto de operações.
Permite um entendimento claro sobre o que se pretende medir e permite a replicação do
procedimento.
Ex: “Altura”: Dimensão vertical de um corpo que pode ser medida com uma fita métrica.
“Agressão”: Intenção de magoar alguém através de ofensas verbais (ex. dizer palavrões) ou
físicas (ex. dar um pontapé).
Variável independente:
Ex. A um grupo é pedido para comerem chocolate, a outro grupo é pedido para não comerem
chocolate.
Ex. São dados vários tipos de chocolate a diferentes grupos, como chocolate negro, chocolate de leite
ou chocolate branco.
Ex. Idade, sexo, profissão, pessoas que normalmente comem chocolate e pessoas que normalmente
não comem chocolate.
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Intra-participantes: Cada participante é testado em todos os níveis da variável
independente.
Os níveis das variáveis independentes correspondem aos valores que as variáveis independentes
podem tomar.
Variável dependente:
Escala de medição:
Nominal: Os dados pertencem a categorias que são exaustivas, mutuamente exclusivas e não
ordenáveis.
Ordinal: Os dados podem ser ordenados. A distância entre os valores não têm significado.
De Intervalo: A distância entre os valores que a escala toma é constante. O zero é arbitrário e
não expressa ausência de quantidade.
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De Razão: A distância entre os valores que a escala toma é constante. O zero expressa
ausência de quantidade.
Momento de medição:
Pré e pós-teste: A medição é feita antes e depois da influência da VI. Os resultados são
diretamente comparados.
Ex. Medição da agressividade realizada de manhã e ao fim do dia (antes e depois de um dia
stressante).
Variável estranha:
O controlo da variável estranha visa neutralizar a influência de variação não pertinente de modo a
que seja possível identificar as causas da variação observada.
Técnicas de controlo:
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Os dois grupos de pacientes devem ser equivalentes num conjunto de características: idade, sexo,
nível de escolaridade, tipo de perturbação, tempo da terapia e experiência do terapeuta.
Participante 1: A, B
Participante 2: B, A
Participante 3: A, B
Ex. Cuidados metodológicos: Instruções iguais, ensaios de treino, informação sobre os objetivos do
estudo, automatização do procedimento.
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Momento de medição da Variável Dependente:
Pós-teste;
Pré-pós teste;
Solomon 4 grupos: A um grupo de pessoas avalia em pós-teste e a outro grupo diferente de
pessoas avalia em pré-pós teste. Este tipo de avaliação permite descartar o fator de
conformismo com o que se pergunta.
Nomenclatura:
Delineamentos inter-participantes:
Delineamentos Intra-participantes:
Delineamentos mistos:
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Total de participantes = número de participantes em cada nível da VI inter-participantes x
número de níveis.
Quadrado latino: Técnica para controlar efeitos de ordem quando existem pelo menos 3 níveis na
VI intra-participantes.
Ex. Ordem 1: A, B, C, D
Ordem 2: B, C, D, A
Ordem 3: C, D, A, B
Ordem 4: D, A, B, C
Variáveis dependentes:
Balancear;
Aleatorizar;
Definir uma ordem específica igual para todos os participantes, caso existam razões teóricas
que justifiquem tal ordem.
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O número de VI deve ser determinado com base em critérios teóricos e de parcimónia;
É fundamental garantir a distribuição aleatória dos participantes pelas condições
experimentais;
É importante controlar possíveis efeitos de ordem sempre que se utilizam VI intra-
participantes;
É importante utilizar o mesmo número de participantes em cada condição inter-participantes.
Enviesamentos e artefactos:
Desejabilidade social: Quando os participantes se comportam de uma forma que acham ser
socialmente desejável;
As pessoas normalmente possuem atitudes mais extremadas do que aquelas que estão dispostas a
reportar em condições normais.
Porquê o laboratório?
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Interesse em grupos específicos (crianças, pacientes com determinada patologia, etc.).
Título:
o Um enunciado conciso do problema investigado e do domínio em que este se
inscreve;
o O título deve apresentar o tema principal do estudo e identificar as VI e VD, tal como
a relação entre elas;
o 8 a 15 palavras.
Resumo:
o Características: exato, conciso e específico, coerente e de leitura fácil;
o Deverá conter uma afirmação inicial sobre o problema investigado que poderá
apresentar o objetivo da investigação ou a sua hipótese principal e fazer uma
referência aos participantes, mencionando as suas características mais pertinentes para
o estudo em causa;
o Descrição sucinta do método (experimental, correlacional, quase-experimental)
indicando qual o paradigma utilizado ou indicando o procedimento, testes ou
equipamentos utilizados;
o Apresentação dos resultados. Esta apresentação pode ser feita de forma articulada
com as hipóteses;
o Principais conclusões e/ou implicações e/ou aplicações práticas.
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Introdução:
o Discussão da literatura:
Não é uma revisão histórica exaustiva;
Os trabalhos citados devem ser pertinentes para o problema estudado;
Os conceitos ou termos técnicos devem ser explicados logo quando são
primeiramente mencionados;
Demonstrar continuidade lógica entre o presente trabalho e estudos anteriores;
Deve ser sublinhada a diferença entre o presente estudo e estudos anteriores;
Algures na 1ª página da introdução deve ser referido o objetivo principal do
estudo para ajudar o leitor a contextualizar a restante informação.
o Apresentação do problema a ser estudado:
1 a 2 parágrafos;
Importância do problema;
Como é que as hipóteses e delineamento da investigação se relacionam com o
problema;
Implicações teóricas do estudo e como este se relaciona com estudos
anteriores;
Que pressupostos teóricos são testados e como foram deduzidos.
o Indicar os objetivos do estudo e abordagem metodológica utilizada:
Responda às questões: variáveis a controlar/manipular, resultados esperados e
a sua justificação (para cada hipótese a estudar).
Método (Participantes, Material/Instrumentos, Procedimento):
o Permite a replicação da investigação/experiência;
o Avaliar se os métodos foram apropriados, precisão e validade dos resultados.
Resultados:
o Análise descritiva dos resultados;
o Análise inferencial (teste de hipóteses), referências aos testes estatísticos, valores do
teste, níveis de significância, etc.;
o Tabelas e figuras;
o Explicar e referenciar todas as tabelas e figuras no texto.
Discussão:
o Resumo dos resultados mais importantes e a sua interpretação e relação com hipóteses
de estudo;
o Relação dos resultados do presente estudo com os resultados de estudos anteriores;
o Implicações do estudo;
o Limitações do estudo;
o Direções e sugestões futuras de estudo.
Referências bibliográficas.
Tipos de amostragem:
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Amostragem probabilística simples: todos os membros da população têm igual probabilidade de
serem selecionados.
Amostragem estatificada: utiliza-se quando a população está estratificada por grupos homogéneos
em relação à característica que se quer estudar.
Amostragem por grupos: amostras que tomam em consideração não os indivíduos, mas os grupos
em que a população está organizada.
Mas a amostragem aleatória não nos garante resultados relevantes para os nossos objetivos, sejam
estes quais forem:
Temos de saber se as manipulações afetam mesmo as variáveis que queremos estudar e não
outras;
Temos de saber se resultados são fiáveis (consistentes e replicáveis).
Pré-testes;
Verificação das manipulações;
Efeitos do experimentador (idealmente o experimentador deve ignorar as hipóteses e a
condição de cada participante);
Multi-operacionalismo;
Replicação conceptual.
Validade ecológica:
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Classificação de Métodos de Investigação em Psicologia:
Experimentais e descritivos:
o Relações causa-efeito: compreensão dos mecanismos psicológicos subjacentes ao
fenómeno de estudo.
Quantitativos e qualitativos:
o Dados numéricos: frequência de resposta, avaliações em escalas, tempos de reação,
etc.;
o Dados não numéricos: comentários, entrevistas, comportamento observado, etc.
Experimental
Experimentais
Quasi
experimental
Quantitativa Correlacionais
Diferenciais
Não
Tipo de experimentais
metodologia Longitudinais
Estudo de
casos
Transversais
Estudos
Qualitativa
etnográficos
Grounded
Theory
Inferência causal:
o Descrição causal refere-se à identificação das consequências da manipulação da VI;
o Explicação causal refere-se à explicação dos mecanismos pelos quais se forma a
relação.
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Possibilidade de manipulação de uma VI;
Controlo:
o As variáveis estranhas são controladas através da manutenção de outras variáveis
constantes e da distribuição aleatória dos participantes.
Objetivos da investigação:
o Estudos descritivos;
o Estudos correlacionais;
o Estudos diferenciais.
Dimensão temporal:
o Estudos transversais;
o Estudos longitudinais;
o Estudos ex post facto (manipulação natural).
Estudos descritivos:
Estudos correlacionais:
Objetivos:
o Examinar a relação entre duas ou mais variáveis;
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o Estimar um resultado:
Analisar como as variáveis co-variam em conjunto;
Utilizar uma variável para estimar os resultados da outra variável.
o Avaliar a consistência ou inconsistência com uma teoria:
Não comprova uma teoria, mas pode servir para negar uma teoria.
«Qual é a relação entre a variável X e a variável Y?»
Características:
o Recolha de dados num determinado ponto do tempo;
o Análise de todos os participantes como um único grupo;
o Obtenção de, pelo menos, dois resultados por cada indivíduo- um para cada variável;
o Indicação das estatísticas de correlação;
o Interpretação dos resultados estatísticos indicando que as alterações numa variável
refletem-se em alterações na outra variável.
Coeficiente de correlação: Estatística que dá informação sobre a força e a direção da
relação entre duas variáveis (grau de associação entre duas variáveis). Varia entre -1 e 1,
sendo que -1 representa uma correlação negativa, 0 uma correlação nula (sem correlação) e 1
uma correlação positiva. Coeficiente de Pearson e de Spearman.
Análise de dados:
o Coeficientes de correlação: Coeficientes de Pearson e de Spearman;
o Nível de significância da correlação: Em que medida a correlação é
significativamente diferente de zero (ou seja, existe evidência de uma relação?) -
valor de p < α (alfa)?
o Coeficiente de determinação: r2 indica a percentagem de variância partilhada pelas
duas variáveis.
Correlação e inferência causal:
o Observar uma relação entre duas variáveis não é suficiente para concluir sobre uma
relação de causalidade;
o Direções possíveis de causalidade:
X pode causar Y;
Y pode causar X;
Uma outra variável pode causar X e Y.
o Relação espúria: Quando a relação observada entre duas variáveis é devida a uma ou
mais terceiras variáveis;
o Relações parcialmente espúrias: Quando a relação entre duas variáveis é
parcialmente devida a uma ou mais terceiras variáveis.
Condições para inferir causalidade:
o A causa deve variar da mesma forma que o efeito (Condição de Relação);
o A causa deve preceder o efeito (Condição da Ordem Temporal);
o As hipóteses rivais devem ser implausíveis (as relações verificadas não podem ser
devidas a uma outra variável) (Condição da Não Explicação Alternativa).
Estudos Diferenciais:
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Semelhante à investigação correlacional (variáveis medidas mas não manipuladas);
Comparar dois ou mais grupos pré-existentes;
«O grupo A difere do grupo B?»
Análise dos dados:
o Procedimentos estatísticos idênticos aos utilizados para analisar os dados da
investigação experimental;
o O tipo de análise depende do número de grupos e do tipo de medida:
Dados intervalares: t-test, ANOVA, MANOVA;
Dados ordinais: Mann-Whitney U-test;
Dados nominais: Qui Quadrado (Chi square).
Rejeição da hipótese nula (de não existirem diferenças entre grupos) se o p < a (alpha).
Estudos transversais:
Estudos longitudinais:
Plano Longitudinal-Transversal:
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Metodologias qualitativas:
Esta é uma abordagem interpretativa, envolvendo múltiplos métodos que servem para estudar o
comportamento no seu ambiente natural.
Para além desta, também podem existir metodologias mistas, que são investigações que adotam
metodologias quantitativas e qualitativas.
Inquérito naturalista: Estudar situações do mundo real, tal como acontecem naturalmente,
sem manipulação nem controlo das variáveis;
Flexibilidade do desenho de investigação: Abertura para adaptar a metodologia à medida
que as situações mudam ou a compreensão do problema aumenta (planos não rígidos);
Amostras pertinentes: Os casos são selecionados porque são ricos em informação, são
ilustrativos dos fenómenos a estudar- não interessa a generalização à população, mas sim
ter a compreensão sobre um fenómeno.
Recolha de dados:
Dados qualitativos: Observações que apresentam uma descrição detalhada dos fenómenos,
entrevistas com a descrição em profundidade da perspetiva dos participantes, frases
completas análise de casos detalhada;
Experiência pessoal e envolvimento: O investigador tem contacto direto com a situação,
pessoas a estudar. Envolvimento pessoal na situação pode ser útil para uma melhor
compreensão;
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Neutralidade empática e mindfulness: Compreensão sem julgamentos, abertura, respeito e
sensibilidade. Na observação estar «completamente presente»;
Sistemas dinâmicos: Tanto os indivíduos como grupos, organizações são dinâmicos- os
investigadores deverão captar a mudança.
Estratégias de análise:
Orientação para o caso: Cada caso é único e especial- importância da riqueza da análise;
Análise indutiva e síntese criativa: Imersão nos detalhes e especificidades para descobrir
padrões, temas;
Perspetiva holística: Foco na compreensão das interdependências e sistemas dinâmicos;
Sensibilidade ao contexto: Os acontecimentos ocorrem sempre num contexto histórico,
social e temporal;
Voz, perspetiva e reflexibilidade: O investigador tem consciência da sua própria
subjetividade.
Assim, existem duas estratégias para reduzir o enviesamento: Reflexibilidade, pensamento crítico
sobre os seus próprios pensamentos, e a Amostragem de casos negativos, ou seja, procurar casos
que desafiam as expectativas pessoais ou resultados obtidos anteriormente.
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Triangulação de teorias.
Validade teórica: Grau em que uma teoria ou explicação se adequa aos dados.
Estudos fenomenológicos:
Principal método: entrevista aprofundada que se foca não tanto na descrição que o entrevistado faz
da experiência, mas sobretudo no significado e interpretação dessa experiência.
Questões-chave: Qual é o significado, estrutura e essência da experiência vivida deste fenómeno para
um indivíduo particular ou vários indivíduos?
Estudos etnográficos:
Cultura: Crenças, valores, práticas, linguagem, normas, rituais e coisas materiais partilhadas que os
membros de um grupo usam para interpretar e compreender o mundo.
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Técnicas de observação: Notas de campo (registo escrito das observações) e material de apoio
audiovisual.
Notas de campo:
Descrições:
o Descrição dos contextos;
o Descrição dos participantes;
o Descrição dos acontecimentos, comportamentos verbais e não-verbais, etc.
Reflexões:
o Reflexões sobre as descrições e análises que foram realizadas;
o Reflexões sobre os métodos de observação e recolha de dados;
o Aspetos éticos, tensões, problemas e dificuldades;
o As reações do observador ao que foi observado (atitudes, emoções, análise);
o Possíveis linhas de novas investigações.
Papel do
observador
Participante Observador
Participante Observador
observador participante
Participante: o investigador participa no grupo que está a estudar e passa muito tempo no grupo. As
pessoas no grupo não sabem que estão a ser estudadas.
Problemas éticos: As pessoas têm o direito de saber que estão a ser estudadas, e devem poder dar ou
não o seu consentimento.
Participante observador: o investigador integra o grupo: passa muito tempo com o grupo e
participa ativamente nas suas atividades. No entanto, informa os elementos do grupo que está a
realizar uma investigação.
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Observador participante: o investigador assume mais o papel de observador do que de participante.
Já não passa tanto tempo no campo, tem interações breves e limitadas com os outros participantes.
As pessoas sabem que fazem parte de uma investigação.
É mais fácil manter a objetividade; Não apresenta problemas éticos. Pode, no entanto, ser mais difícil
obter ou compreender as perspetivas dos participantes sobre os acontecimentos.
Tem a vantagem de minimizar alterações no comportamento dos participantes (as pessoas têm
tendência a alterar os comportamentos quando sabem que estão a ser observadas- Reatividade).
Observação naturalista:
Subjetividade do observador;
Reatividade: Os participantes podem mudar de comportamento quando sabem que estão a
ser observados;
Distração do observador: O observador pode ter momentos de distração e falharem
elementos importantes;
Validade de constructos: Julgamentos sobre comportamentos;
Registo seletivo: O que nós registamos depende mais dos nossos julgamentos pessoais do
que o fenómeno em si;
Memória seletiva: Quando o registo é feito após a observação, maior a tendência para a
subjetividade;
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Expectativas do observador: Tendência para tomar mais atenção e registar aspetos que
estão de acordo com as suas hipóteses.
Estudos de caso:
Método no qual o investigador apresenta uma descrição detalhada e análise intensiva de um ou mais
indivíduos; organização ou evento com base em diversas fontes de informação.
Dados contextuais e sobre a história de vida são também recolhidos para contextualizar o caso e para
ajudar na compreensão da trajetória causal que pode ter influenciado aquele caso.
Métodos mistos:
Triangulação:
Estudos explicativos:
O investigador dá maior ênfase aos dados quantitativos: são apresentados em primeiro lugar
no estudo e representam um aspeto central na recolha de dados;
Os resultados qualitativos são utilizados para esclarecer os resultados quantitativos;
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Análise de alguns casos ou identificação de casos extremos para follow-up.
Segundo Corker (2015), a literatura reflete uma combinação em quantidades desconhecidas dos
seguintes enviesamentos:
Recomendações:
Decidir uma regra para determinar a dimensão da amostra e mantê-la antes da recolha de
dados;
Basear-se, sempre que possível, essa regra numa análise da potência de teste, que indicará
qual a dimensão da amostra que nos oferece uma boa probabilidade de êxito, caso o efeito
que estamos a estudar exista;
Reportar todas as variáveis e todas as condições de um estudo (até mesmo as variáveis que
“não funcionaram”);
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Se houver a eliminação de observações ou decidirem fazer análises com co-variáveis, os
resultados também devem ser reportados, mesmo que seja em nota de rodapé;
Não criar hipóteses após o conhecimento dos resultados;
Os principais problemas de interpretação estatística resolvem-se com melhores delineamentos
experimentais, melhores métodos estatísticos e debate fundamentado;
Nunca poderemos obter um procedimento estatístico que nos forneça a prova de fraude ou de
ausência de fraude, porque os procedimentos são formas de estimar, prever ou testar, tidos
como verdadeiros determinados pressupostos e dentro de determinada margem de erro.
Nenhum procedimento estatístico pode ser usado como prova porque apenas nos indica o
provável;
A ciência não pode funcionar sem um pressuposto de confiança, pelo que a detenção e
denúncia de fraudes só as tornam tarefas científicas menores;
Não existe uma maneira correta de usar/interpretar a estatística que nos possa garantir a
validade de alguns resultados e a invalidade de outros porque o conhecimento estatístico é
conjetural, falível e eminentemente criticável.
Formato de um manuscrito:
1ª Página:
Cover Page;
Título do trabalho;
Nome dos Autores;
Afiliação (ex. faculdade).
2ª Página:
Abstract – Resumo.
3ª Página e seguintes:
Introdução;
Métodos;
Resultados e Discussão;
Running Head – cabeçalho sintético que aparece no topo desta e todo as páginas em letras
maiúsculas.
Conteúdo:
Título:
Resumo:
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Incluir as variáveis mais importantes e o número + tipo de participantes sempre que
pertinente.
Introdução:
Método:
Participantes:
o Número de sujeitos;
o Idade (média e desvio-padrão);
o A distribuição por sexo;
o População de origem (ex. Universidade de Lisboa),
o Incentivos à participação;
o Participantes excluídos e explicação.
Material: Descrição de todos os aspetos relevantes, e propriedades dos instrumentos usados.
Procedimento: Descrição do delineamento experimental, instruções fornecidas aos
participantes.
Resultados:
Número de Valores a reportar elevado = figuras ou quadros (devem ser referidos ao longo do texto
antes de o leitor os encontrar).
Discussão:
Significado dos efeitos encontrados para a questão que desencadeou todo o trabalho de investigação.
O leitor deve conseguir retirar daqui as principais conclusões:
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Principais resultados (sem incluir estatística) e explicar a sua relevância;
Contributo científico;
Linhas de Investigação futuras;
Limitações.
Escrita científica:
Artigo Empírico: Raramente fornece dados suficientes que justifiquem conclusões alargadas sobres
esse tema.
Abordagem Crítica:
Tese: Relatório de investigação sobre um ou mais problemas numa dada área de investigação.
Título;
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o Informativo e conciso.
Sumário;
o Descrição concisa do problema e dos métodos usados para o abordar, e dos principais
resultados e conclusões.
Índice;
o Indicação dos nomes e páginas dos diversos capítulos/subcapítulos.
Introdução;
o Apresentação do problema de estudo na sua perspetiva mais ampla – linguagem mais
coloquial é, nesta fase, aceitável, pois procura-se cativar o leitor.
Revisão de Leitura;
o Identificação e discussão da origem do problema de estudo (o que já sabemos);
enquadramento conceptual das hipóteses.
Secção Metodológica;
o Semelhante ao método de um artigo, pode incluir mais detalhes.
Secção de Análise de Resultados;
o Análise e discussão de Resultados;
o Quando existe mais que do que um estudo a secção metodológica e esta surgem de
forma intercalada tantas vezes como o número de estudos reportados.
Discussão
o Principais Conclusões;
o Limitações;
o Implicações para investigação futura;
o Implicações Sociais.
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