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1- O problema da demarcação
Critério da verificabilidade: Uma teoria só é científica se consiste em afirmações
empiricamente verificáveis (afirmação cujo valor pode ser estabelecido através da observação).
Critério de falsificabilidade (defendido por Karl Popper): Uma teoria só é científica se for
empiricamente falsificável (é possível conceber um teste experimental capaz de mostrar que a teoria é
falsa) e muito informativa. Ou seja, se não podemos conceber uma observação para refutar uma dada
teoria,então ela não é falsificável e, portanto , não é científica.
Uma teoria científica que resistiu à tentativa de refutação pode sempre vir a ser derrubada. É
muito importante confrontar a teoria com experiência para testar a sua resistência.
Para Popper, o teste experimental é a procura de fenómenos que possam invalidar a hipótese.
Uma teoria científica é válida enquanto for resistindo às tentativas de falsificação.
Objeções ao dedutivismo:
● Não é razoável abandonar uma hipótese ou teoria apenas porque foi refutada por um teste
experimental, pois há vários fatores envolvidos na ciência
● O dedutivismo torna irracional a nossa confiança nas teorias científicas. (Exemplo: se os aviões
foram construídos segundo teorias que ainda não foram refutadas mas que podem vir a ser, não
seria razoável andar de avião.)
Perspetiva de Popper:
A ciência progride por aproximação à verdade, mas a verdade última é inalcançável. Uma teoria
é melhor que a anterior se resistir aos testes de falsificabilidade que a outra não resistiu. Ou seja, para
Popper, embora nunca possamos dizer que alcançamos a verdade, podemos saber que certas
conjecturas ou teorias são falsas, o que significa que as teorias atuais têm um grau de verossimilhança
maior do que aquelas que já foram refutadas.
Perspetiva de Kuhn:
A ciência não tem de progredir em direção ao fim previamente estabelecido. Rejeita a ideia de
que a ciência progride em direção à verdade. A história da ciência é simplesmente uma sucessão de
paradigmas.
Paradigma: Estrutura teórica que oferece uma visão do mundo, uma perspectiva e uma forma
específica de fazer ciência numa dada área. Centra-se numa teoria que proporciona problemas e
soluções exemplares a uma certa comunidade de investigadores da comunidade científica.
Etapas do processo pelo qual se passa de um paradigma para outro:
-Ciência normal: fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite
pela comunidade científica;
-Anomalias: factos a que o paradigma não consegue responder, que não são vistas como
refutações;
-Crise: tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os
factos ou anomalias;
-Ciência extraordinária: questionamento dos e fundamentos do paradigma vigente, em que há
um debate sobre a manutenção do paradigma antigo ou a escolha de um paradigma novo;
-Revolução científica: fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade
científica;
-Novo paradigma: conjuntos de crenças e valores aceites por uma comunidade científica e que
orientam a sua atividade; ou seja, modo de fazer ciência.
Para Kuhn, o progresso científico não é um processo cumulativo de teorias e paradigmas cada
vez em direção a uma meta ou fim. Não podemos dizer que a ciência progride de modo cumulativo e
contínuo. Podemos dizer que, durante a ciência normal, o desenvolvimento da ciência é cumulativo, mas
as revoluções (que resultam na mudança de paradigma) são episódios de desenvolvimento não
cumulativo.
Portanto, as mudanças de paradigma não implicam aproximação à verdade. A verdade não é
uma meta para qual se orienta a ciência, é relativa a cada paradigma.