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Problemas da Filosofia da Ciência

1. Problema da demarcação
2. Problema do método científico
3. Problema da evolução científica
4. Problema da objetividade da ciência

1. Problema da demarcação
“O que distingue as teorias científicas das não científicas?”
A partir do critério da verificabilidade considera-se que uma teoria é científica só se
consistir em afirmações empiricamente verificáveis, ou seja, é aquela que cujo valor de
verdade pode ser estabelecido através da observação.

Este critério sofreu de diversas objeções, tais como:


- Não é possível estabelecer a verdade das leis da natureza através da observação
Ex: “Todo o cobre dilata quando é aquecido”
- Para comprovar isto, temos de observar como todo o cobre se comporta ao ser
aquecido, o qual é impossível de realizar.
- Podem ser aceites como científicas teorias que não o são
Ex: “Os nativos do signo Carneiro têm tendência a ser bastante impulsivos”
– É uma alegação muito vaga e, portanto, não existe nada que a refute. Apenas
porque uma observação concorda com uma dada teoria, não se pode dizer que esta
tem suporte empírico.

A partir do critério da falsificabilidade, criado por Karl Popper, uma teoria para que
seja considerada científica tem de ser falsificável, isto é, uma teoria que é possível
conceber um teste experimental capaz de mostrar que a teoria é falsa

Para Popper, uma teoria científica não tem de ser falsificada, mas tem de ser
falsificável. Quão maior for o grau de falsificabilidade de uma teoria, maior é o seu
grau de informação, ou seja, a as teorias mais informativas são as que correm maiores
riscos de serem refutadas pela observação.

Este critério sofreu de diversas objeções, tais como:


- Não constitui uma condição necessária para que uma teoria seja científica
Há teorias que se referem a coisas que não são observáveis (neutrões, protões, etc.) e
assim é impossível classificá-las como não científicas.
- Há falsificações inconclusivas
O insucesso empírico de uma teoria pode ser atribuído a vários fatores exteriores à
experiência e nenhuma teoria deveria ser abandonada só por causa de uma única
observação que aparentemente a refutou.
-Não está de acordo com a prática científica

2. Problema do método científico


“Em que consiste o método científico e de que forma se caracteriza o caracter
metódico do conhecimento científico”
Foram apresentadas duas respostas: Indutivismo e falsificacionismo.
Indutivismo-
A observação é ponto de partida, a experimentação é fundamental.
É constituída por 3 fases:
1. Observação de fenómenos
O cientista observa os factos e regista-os de forma sistematizada para encontrar as
suas causas. A observação é imparcial e rigorosa.
2. Descoberta da relação entre os fenómenos
Através da comparação e classificação, o investigador aproxima os factos para
descobrir a relação existente entre eles.
3. Generalização da relação
Através do raciocínio indutivo, o cientista generaliza a relação que encontrou entre os
fenómenos, traduzindo-as em leis.
Este critério sofreu de diversas objeções, tais como:
- “A observação não é o ponto de partida do método científico”
A observação não é totalmente neutra pois ocorre num dado contexto.
- “O raciocínio indutivo não confere o rigor lógico necessário às teorias científicas”
Este obriga a um salto do conhecido para o desconhecido.

Falsificacionismo- (Método conjetural)


A ciência faz-se por um processo de construção criativa de conjeturas para responder
a problemas. A observação não é o ponto de partida e as teorias não resultam de
inferências indutivas. A ciência parte de problemas e as teorias começam por ser
hipóteses que são submetidas a testes rigorosos.
É constituída por 3 fases:
1. Formulação da conjetura a partir de um facto-problema =» (Problema que
surge de conflitos decorrentes de teorias prévias)
O cientista formula uma conjetura que se possa candidatar a explicar o facto-problema
em questão.
2. Dedução das consequências
Formulação de hipóteses, deduzem-se as suas principais consequências.
3. Teste ou experimentação
A hipótese é testada através da experiência. Os resultados revelam sucesso ou
fracasso.

Este critério sofreu de diversas objeções, tais como:


- “Não é razoável abandonar uma hipótese ou teoria apenas porque foi refutada por
um teste experimental” Pois há vários fatores envolvidos na ciência.
- “O falsificacionismo torna irracional a nossa confiança nas teorias científicas”.
Ex: Se os aviões foram construídos segundo teorias que ainda não foram refutadas,
mas que podem vir a ser, não seria razoável andar de avião.

3. Problema da evolução científica


“De que forma é que a ciência evolui? Será que a história da ciência é linear rumo à
verdade ou está repleta de ruturas?”
Foram apresentadas duas respostas: Perspetiva de Popper e a Perspetiva de Kuhn
Perspetiva de Popper
A ciência progride de forma irregular com rumo à verdade apesar de ser esta ser
inalcançável.
Uma teoria é melhor que a anterior se resistir aos testes de falsificabilidade a que a
anterior não resistiu, realizando um processo de eliminação de erros- as teorias más
são substituídas pelas melhores.
Thomas Kuhn (1922-1997) entende a evolução da ciência como uma sucessão de
revoluções, ruturas, alterações mais ou menos rápidas e mudanças de paradigmas,
esta perspetiva não tem de progredir em direção ao fim previamente estabelecido
e rejeita a ideia de que a ciência progride em direção à verdade.

Paradigma- Teoria ou modelo explicativo da natureza

Ex: O sistema astronómico ptolemaico e coperniano, a teoria da evolução

Aceitação de um paradigma
Resolução de enigmas
Anomalias
Crise
Novas teorias- Ajustamentos ao paradigma
Incompatibilidades no paradigma
Ciência pré-paradigmática
Novo paradigma

Ciência normal

Ciência
Extraordinária

Ciência normal

- Fase tranquila caracterizada pelo predomínio de um paradigma. Surge num período em que
se começa a estabelecer um paradigma de forma consensual. Todas as explicações científicas
são feitas no seu âmbito sem sofrer contestação pela comunidade científica.

Nesta fase, o trabalho do cientista é confirmar estas teorias existentes, mas aquando do
aparecimento de anomalias, a comunidade científica procede a reajustes e reformulações do
paradigma.

Anomalia- Enigma da ciência normal que no aparecimento de problemas não suscetíveis de


explicação à luz do paradigma em vigor.

Ciência Extraordinária
- Quando já não é possível integrar os factos com pequenas reformulações, a ciência entra em
crise. Nesta fase, sucedem-se as polémicas, os ensaios e os confrontos de hipóteses de solução
para os novos problemas, assim inicia-se uma revolução científica, ou seja, a procura de um
novo paradigma.

4. Problema da objetividade da ciência


“Será a ciência inteiramente objetiva ou não?”

A este problema foram apresentadas duas respostas: A Perspetiva de Popper e a


Perspetiva de Kuhn
Perspetiva de Popper
A ciência é inteiramente objetiva, pois cada teoria científica é avaliada por meio de
testes cada vez mais severos de falsificação.
Objeção: Se nunca podemos dizer que alcançamos a verdade, então não se pode
confiar na ciência nem estar certo do funcionamento das máquinas que utilizamos.
Perspetiva de Kuhn
A ciência não é inteiramente objetiva, pois os critérios objetivos de escolha de teorias
são insuficientes, havendo também fatores subjetivos que influenciam a ciência.
Objeção: A ideia de que os paradigmas são incomensuráveis é implausível; é possível
advogar que as teorias científicas atuais são mais rigorosas e exatas do que as
anteriores.

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