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A lei do efeito e a curva de aprendizagem de E. L. Thorndike: como se formam


associações entre eventos

Chapter · May 2020

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9 authors, including:

Hernando Borges Neves Filho


Universidade Estadual de Londrina
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Este um capítulo da obra Re-Search: Recriando experimentos da Psicologia em videogames
E-book gratuito, download completo em: www.imaginepublica.com.br

Capítulo 3:

A lei do efeito e a curva de aprendizagem de E. L. Thorndike: como se formam


associações entre eventos

Sumário da Obra

Cap. 1. Videogames como ferramentas de ensino e pesquisa: O


que é o projeto Re-Search e como é possível colaborar e
aplicar o projeto em uma disciplina de Psicologia ou
iniciação científica.

Cap. 2. O jogo digital como contingências

Cap. 3. A lei do efeito e a curva de aprendizagem de E. L.


Thorndike: como se formam associações entre eventos

Cap. 4. A resolução súbita de um problema: O “Insight” de


W. Köhler e a sua desconstrução em habilidades pré-
requisito para a solução de um problema

Cap. 5. A discriminação condicional de Karl Lashley: a


formação do comportamento de atentar a propriedades
específicas de estímulos ambientais

Cap. 6. Os mapas cognitivos e a aprendizagem latente de E.


C. Tolman

Cap. 7. Raciocínio e a integração de aprendizagens isoladas


de N. R. F. Maier

Cap. 8. Procedimento de conjuntos de aprendizagem: a


formação de “Learning Sets” de H. Harlow

Cap. 9. O efeito generalizado do reforço: a indução de


respostas de J. J. Antonitis

Cap. 10. Variabilidade comportamental aprendida: o


estabelecimento do repertório comportamental de inovar de
Pryor, Haag e O’Reilly

Cap. 11. Encadeamento de respostas: Criando longas cadeias


ISBN: 978-65-991133-0-7
comportamentais com os procedimentos “para frente” e “para
trás” de Weiss Como citar este capítulo (APA Style):

Cap 12.Ressurgência comportamental de R. Epstein: Como


estudar a ordenação da variabilidade Franco, A. S. et al. (2020). A lei do efeito e a curva de aprendizagem
de E. L. Thorndike: como se formam associações entre eventos. Em H. B.
E mais outros 3 capítulos de conclusão! Neves Filho, M. R. P. Farias, M. L. B. S. Couto, P. Eiterer.& Y. C. Knaus
(Orgs.). Re-search: Recriando experimentos da Psicologia em videogames.
Fortaleza: Imagine Publicações.
A lei do efeito e a curva de aprendizagem de E. L. Thorndike: como se
formam associações entre eventos

Amanda da Silveira Franco


Amanda Viana dos Santos
Arni Romualdo Ribeiro Silva
Diogo de Paula Sousa
Júlio Cesar Abdala Filho
Lara Abreu de Lima
Leonardo Murilo Leão
Samanta Alves Pereira
Hernando Borges Neves Filho

Experimento original recriado:


Thorndike, E. L. (1898). Animal intelligence: An experimental study of the associative
processes in animals. Psychological Monographs: General and Applied, 2(4), i-
109. Disponível em: https://archive.org/details/animalintelligen00thoruoft

Acesse o mapa em:


https://steamcommunity.com/sharedfiles/filedetails/?id=872795079
Em 1898, Edward Lee Thorndike (1874-1949) publicou sua hoje famosa
monografia intitulada Animal intelligence: An experimental study of the associative
processes in animals¹. Nesta obra (Thorndike, 1898), apresenta uma série de
engenhosos e inovadores estudos empíricos que tinham por objetivo investigar a
inteligência animal, a partir da identificação de como são formadas associações entre
eventos em diferentes espécies. Na história das ideias, processos associativos há muito
figuravam como peças centrais na formação do pensamento humano.
Na filosofia, diversos pensadores desenvolveram refinadas hipóteses de como a
mente humana realizava diferentes associações, e como isso seria a pedra fundamental
da vida mental². Essa corrente filosófica ganhou corpo e relevância durante o século
XVIII, com a publicação de filósofos como David Hume, John Locke e outros, que
ficaram conhecidos na história como os associacionistas britânicos (cf. Hoeldtke, 1967;
Schultz & Schultz, 2002). Entretanto, todos esses avanços filosóficos careciam de
evidências empíricas, factuais, experimentais e controladas, que dessem conta de
demonstrar de forma replicável como se formavam essas associações. Na história da
ciência, e particularmente da Psicologia, foi Thorndike o responsável por fornecer uma
das mais importantes e bem estabelecidas evidências empíricas do associacionismo³ (cf.
Bower & Hilgard, 1981; Catania, 1999; Hearst, 1999).
Os experimentos de Thorndike consistiam em colocar diferentes animais em
caixas de confinamento, conhecidas como caixas-problema (Figura 1). Os animais eram
em colocados nessas caixas em estado de privação de alimento, e ao emitir um
comportamento simples (como puxar uma corda ou pisar em uma plataforma),
acionavam um mecanismo que permitia a fuga dessa caixa. Observou-se que na
primeira vez em que esses animais (especialmente gatos) eram colocados na caixa, eles
apresentavam muitos comportamentos de desconforto e agiam de forma impulsiva,
buscando sair da caixa. O gato arranhava, miava, mordia e procurava se espremer em
qualquer fresta que houvesse na caixa. Thorndike relata que o vigor do animal para sair
dali era extraordinário (Thorndike, 1898, p. 35).
Figura 1. Uma caixa problema de Thorndike, com um exemplo de curva de aprendizagem. No eixo Y do
gráfico está o tempo requerido para sair da caixa, em segundos. No eixo X, constam as tentativas, ou
vezes nas quais os animais foram colocados sucessivamente na caixa. A curva descendente ficou
conhecida a “curva de aprendizagem”, que serviu como evidência para a lei do efeito, como formulada
por Thorndike. Imagem com livre distribuição, registrada sob domínio Wikicommons (
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Puzzle_box.jpg ).

Entretanto, Thorndike observou que após o animal eventualmente descobrir como


abrir a porta por tentativa-e-erro, o comportamento que produzia esta consequência
tendia a aumentar de frequência, sempre que o mesmo animal era re-exposto ao
confinamento da caixa problema. Comportamentos exploratórios ou ineficazes tendiam
a não ocorrer em repetidas exposições ao problema, na medida em que o animal se
tornava cada vez mais especialista em resolvê-lo, necessitando de cada vez menos
tempo para escapar da caixa-problema. Podia-se dizer que o animal aprendeu então a
escapar da caixa, e que o comportamento que levava a isso (puxar uma corda, por
exemplo) foi associado ao ato de escapar e obter alimento, nos casos em que havia
alimento do lado de fora da caixa-problema. Escapar do confinamento e obter alimento
são consequência desejáveis, e nas palavras de Thorndike, prazerosas. Ao criar um
gráfico com o tempo necessário para sair do confinamento após repetidas exposições,
Thorndike criou sua famosa curva de aprendizagem, que mostra de forma quantitativa a
aquisição de uma nova associação (comportamento-consequência), e como isso diminui
a latência de resolução de um problema repetido diversas vezes.
Diante disso, Thorndike então enuncia sua lei do efeito, que afirma que ações as
quais são sucedidas por eventos desejáveis, benéficos ou prazerosos são fortalecidas, ou
em suas palavras “stamped in” (Thorndike, 1898, p. 36). Em contrapartida, ações
sucedidas por consequências indesejáveis ou aversivas seriam “stamped out”
(Thorndike, 1898, p. 36)⁴. Em revisões da sua lei do efeito, Thorndike passou a
desconsiderar o efeito de consequências indesejadas, e afirmou que o estabelecimento
de relações de associações entre eventos eram primordialmente as relações fortalecidas
por eventos prazerosos (cf. Postman, 1947). A esta revisão, deu-se posteriormente o
nome de lei do efeito fraca (para maiores detalhes, cf. Galvão & Barros, 2001). Para
Thorndike, a lei do efeito seria um princípio comportamental geral, que apesar de
inicialmente ter sido observado e descrito em animais não-humanos, seria também
responsável por boa parte do comportamento humano (cf. Thorndike, 1913).
Por fim Millenson (1967) traz quatro contribuições significativas à pesquisa
Psicológica consequentes dos estudos de Thorndike, são estas: (1) destacou a
importância do conhecimento da história de vida passada dos organismos, o que
justifica o fato de ele na maioria escolher filhotes como seus sujeitos experimentais; (2)
assinalou a necessidade de se fazer observações repetidas, e também da variação das
observações (do mesmo comportamento) tanto em outros animais da mesma espécie
como em espécies diferentes; (3) formalizou como método o estudo de vários
comportamentos em diversos aparatos experimentais, para que suas conclusões não
fossem válidas apenas para um ato particular de comportamento; e, (4) buscou fazer
uma apresentação quantitativa dos dados, demarcando comportamentos emitidos e o
tempo desde a entrada até a saída do animal da caixa problema, o que rendeu sua
famosa curva de aprendizagem.
A lei do efeito é portanto um processo psicológico de relevância tanto histórica
quanto prática. O próprio Thorndike dedicou a maior parte da sua carreira acadêmica a
desenvolver pesquisas e tecnologias de ensino para humanos, sempre levando em
consideração sua lei do efeito (cf. Jonçish, 1968). Diante disso, esse é um processo que
todo estudante de Psicologia precisa conhecer durante sua formação. Da mesma
maneira, é um processo tão bem documentado que é um bom exemplo do que uma
abordagem científica da Psicologia tem a oferecer como método. Sendo assim, os
experimentos de Thorndike com caixas-problema, que levaram a formulação da lei do
efeito e da curva de aprendizagem foram escolhidos como os primeiros candidatos à
uma recriação em jogos de vídeogames, como proposto na presente obra.
Recriação
Para a recriação do experimento com caixas problema de Thorndike, criou-se um
ambiente similar, em questões funcionais, em um jogo de vídeo game. Dessa forma, o
participante precisa sair de uma sala-problema, feita no jogo Portal 2®, acionando
algum dispositivo arbitrário e manuseável. A sala criada no jogo, a qual o participante
explora em primeira pessoa é análoga às caixas-problema de Thorndike, e nela, o
participante humano faz o papel dos gatos do estudo original. A sala-problema possui 20
botões que podem ou não, ao serem acionados, liberar a barreira que impede que o
participante chegue até a porta. Apenas um botão libera a saída da sala, os demais não
produzem nenhuma consequência (Figura 2).

Figura 2. Sala-problema criada para a recriação do experimento de Thorndike. A sala continha 20 botões
(indicados na figura) dispostos de forma aleatória na sala, uma bola (que aciona os botões), e um laser
que impede o acesso a saída. Somente um botão (14, marcado na figura) desliga o laser em frente a saída,
quando acionado com a bola.
O botão que libera a saída da sala-problema é análogo ao mecanismo (cordas e
pedais) das caixas-problema que abrem a porta da caixa no estudo original. Os demais
botões são oportunidades de comportamento exploratório ineficaz, que seriam análogos
aos comportamentos de se esticar, miar, arranhar as paredes etc, emitidos por gatos não
especialistas nas caixas-problema. O acionamento de quaisquer dos botões é realizado
ao encaixar uma bola que é disponibilizada ao participante assim que ele entra na sala
(Figura 2). Além de interagir com a bola e os botões, os participantes podem emitir
outros comportamentos exploratórios ineficazes, como andar pela sala, saltar, atirar com
a arma do jogo, etc.

Figura 3. Visão do participante na sala-problema. A bola é disponibilizada automaticamente assim que o


participante entra na sala. A bola pode ser carregada acionando a tecla “E” do teclado. Pressionar a
mesma tecla enquanto segura a bola faz com que o personagem solte-a no local. Para acionar os botões, a
bola deve ser solta em cima de um desses. Somente um dos botões desliga os lasers, que dão acesso a
saída da sala.

Assim como no experimento clássico de Thorndike, almejou-se identificar como


ocorre a aquisição do comportamento de “sair da sala-problema”, e se após repetidas
exposições ao mesmo problema, observaríamos uma curva de aprendizagem, como as
que Thorndike observou em gatos na sua caixa problema. Ao obtermos uma curva de
aprendizagem, podemos então assumir que foi formada uma associação, nos termos de
Thorndike, entre o comportamento que permite a saída da sala (o botão correto) e sua
consequência (sair da sala).
Método
Participantes
Participaram do experimento três pessoas do sexo feminino, com idades entre 18 a
29 anos de idade, sem histórico prévio com situações experimentais envolvendo jogos.
Ambiente e aparatos experimentais
A coleta de dados aconteceu em uma sala espelho padrão para coleta de dados
com humanos. A sala possuía um espelho em uma de suas paredes. Em um dos
ambientes, o ambiente aonde a coleta foi realizada, esse espelho era opaco. O outro lado
desse espelho localizava-se em uma sala adjunta, e nessa sala, o espelho era translúcido,
permitindo que o experimentador observasse a sala de coleta de dados, sendo que o
participante na sala de coleta de dados não poderia ver o experimentador na sala de
observação adjacente.
A sala de coleta de dados continha uma mesa, quatro cadeiras, um computador
modelo Wix da marca CCE info Windows 7, um mouse, e iluminação e ventilação
artificiais. A sala adjacente, a sala de observação, possuía uma mesa, oito cadeiras e um
ventilador.
Para a coleta, o computador rodou o jogo, Portal 2®, e um software de gravação
de tela, chamado Open Broadcaster. O software de gravação era iniciado antes da
coleta, e gravou em vídeo (.mpeg) tudo que ocorria na tela do computador enquanto o
participante jogava o jogo.
Na análise de dados foi utilizado um cronometro digital.
Implementos do jogo utilizados
Para a recriação do experimento de Thorndike, foram utilizados os seguintes
implementos do jogo Portal 2®, disponíveis no seu map maker: 20 botões interativos
acionados por bolas, 1 dispensador de bolas, 1 barreira laser, 1 saída.
Procedimento geral
Em um primeiro momento, foi feito o convite de forma verbal ao participante, e
ele foi questionado se já participara de atividades experimentais no LAEC (Laboratório
de Análise Experimental do Comportamento, da PUC-GO). Foram selecionados
participantes que nunca haviam participado de experimentos no LAEC, de diversos
cursos de graduação, exceto Psicologia. Os participantes que se encaixavam nesse
critério foram levados para a sala de coleta de dados, e entregue a eles o termo de
consentimento livre e esclarecido e um questionário sobre contato prévio com jogos.
Após o preenchimento do termo de consentimento e do questionário, o
experimentador enunciou verbalmente a seguinte instrução: “Você deve sair da sala no
jogo, assim que o fizer terá de repetir a tarefa por mais quatro vezes”. As instruções e os
comandos básicos dos jogos ficaram disponibilizados durante toda a atividade
experimental, impressas em uma folha de papel localizada na mesa na qual o
computador estava disponível.
Dada a instrução, o experimentador deixou a sala e um segundo experimentador
permaneceu durante toda a atividade experimental na sala de observação,
acompanhando a resolução da tarefa pelo participante. Assim que o participante resolvia
o problema, o jogo reiniciava a sala de forma automática. Cada participante foi exposto
a sala-problema 5 vezes.
Análise de dados
Toda a análise de dados foi feita após a coleta de dados, utilizando os vídeos
gravados das performances dos sujeitos. Nos vídeos, foram analisados e registrados os
tempos de solução de cada participante em cada tentativa na sala problema.
Resultados
O tempo necessário para que cada participante resolvesse a sala-problema, após
repetidas re-exposições, apresentou o típico padrão da curva de aprendizagem, como
proposta por Thorndike (Figura 3).

Figura 3. Tempo (em segundos) requerido por cada participante para sair da sala-problema, nas cinco
tentativas.
O participante 1, na primeira tentativa, demorou 143 segundos para conseguir sair
da sala, já na segunda tentativa, demorou apenas 28 segundos para conseguir sair da
sala. O participante 2, na primeira tentativa, demorou um total de 285 segundos para
conseguir sair da sala, já na segunda tentativa, durou 58 segundos. O participante 3, na
primeira tentativa, demorou 350 segundos para conseguir sair da sala, na sessão
seguinte conseguiu solucionar o problema e sair da sala em 32 segundos. Da terceira à
quinta tentativa, todos os participantes estabilizaram em um tempo pequeno, próximo ao
observado na segunda tentativa.
Outro fenômeno observado a partir da segunda tentativa entre todos os três
participantes foi a diminuição da frequência de emissão de encaixar a bola na base que
não resolvem a tarefa. O Participante 1 encaixou a bola nas bases 1; 2; 3; 8; 18; 19 e 20.
O Participante 2 encaixou nas bases 2; 13; 17 e 18. Já o terceiro Participante, nas bases
1; 2; três vezes a base 3 e 9; 4; 5; 6; duas vezes a base 7 e 8; 10; 11; 13; 15; 16; 17; 18;
19; 20 (cf. Figura 2).

Discussão
Os resultados encontrados com a recriação do experimento de Thorndike (1898),
que trata da curva de aprendizagem, se assemelham ao experimento original. Os três
participantes humanos do presente experimento apresentaram uma diminuição do tempo
alocado na resolução da tarefa (latência) depois de repetidas exposições, assim como
observado com os gatos do experimento original. Da mesma maneira, após a primeira
solução do problema, o comportamento bem sucedido (depositar a bola no botão
específico que libera a saída da sala) tornou-se o comportamento preponderante naquela
situação, e outros comportamentos diminuíram de frequência. Tal fenômeno ilustra a lei
do efeito de Thorndike: a resposta seguida de uma consequência positiva aumentou de
frequência, enquanto que respostas exploratórios ou inefetivas diminuíram de
frequência, ou mesmo desapareceram.
Tal conclusão parece trivial, e de fato é. É sabido que repetimos aquilo que antes
deu certo. Entretanto, Thorndike desenvolveu uma maneira de testar e medir isso,
tornando o saber proverbial em saber científico. No presente experimento, foi possível
testar e medir o mesmo fenômeno em um jogo de computador de baixo custo. Diante
disso, o procedimento aqui apresentado é uma maneira barata de se recriar para fins
didáticos um dos mais estáveis e bem estabelecidos fenômenos comportamentais da
história da Psicologia, a lei do efeito, ilustrada pela curva de aprendizagem.
Referências
Abib, J. A. D. (2010). Sensibilidade, felicidade e cultura. Temas em Psicologia, 18, 283-
293.
Boakes, R. (1984). From Darwin to behaviourism: psychology and the minds of
animals. London: Cambridge University Press.
Catania, A. C. (1999). Thorndike's legacy: Learning, selection, and the law of
effect. Journal of the experimental analysis of behavior, 72(3), 425-428.
Galvão, O. F. & Barros, R. S. (2001). Curso de introdução à análise experimental do
comportamento. Belém: Editora CopyMarket. Recuperado de
http://entline.free.fr/ebooks_br/00719%20-%20Curso%20de%20Introdu
%E7%E3o%20%E0%20An%E1lise%20Experimental%20do
%20Comportamento.pdf
Hearst, E. (1999). After the puzzle boxes: Thorndike in the 20th century. Journal of the
experimental analysis of behavior, 72(3), 441-446.
Hoeldtke, R. (1967). The history of associationism and British medical psychology.
Medical History, 11, 46-65. doi: 10.1017/S002572730001173X
Jonçich, G. (1968). The sane positivist: A biography of EdwardL. Thorndike.
Middletown, CT: Wesleyan UniversityPress.
Leslie, J. C. (2006). Herbert Spencer's contributions to Behavior Analysis: A
retrospective review of Principles of Psychology. Journal of the Experimental
Analysis of Behavior, 86, 123-129. doi: 10.1901/jeab.2006.04-06
Marx, M. H. & Hillix, M. H. (1978). Sistemas e teorias em psicologia (A. Cabral,
Trad.). São Paulo: Cultrix. (Original publicado em 1963).
Meehl, P. E. (1950). On the circularity of the law of effect. Psychological Bulletin, 47.
doi: 10.1037/h0058557
Millenson, J. R. (1975). Princípios de análise do comportamento (AA Rosa & D.
Resende, Trads.). Brasília, DF: Editora de Brasília.(Obra originalmente
publicada em 1967).
Postman, L. (1947). The history and present status of the Law of Effect. Psychological
Bulletin, 44, 489-563.
Schultz, D. P., & Schultz, S. E. (2002). História da Psicologia Moderna. São Paulo:
Cultrix.
Skinner, B. F. (1974). About behaviorism. New York: Vintage Books.
Thorndike, E. L. (1898). Animal intelligence: An experimental study of the associative
processes in animals. Psychological Monographs: General and Applied, 2(4),
i-109.
Thorndike, E. L. (1911/1966). Animal intelligence: Experimental studies. New York:
Transaction Publishers.
Thorndike, E. L. (1913). The Psychology of learning. New York: Teachers College
Press.
Notas:
1. Em 1911, a monografia foi revisada, ampliada e publicada em forma de livro
(Thorndike, 1911/1966). Essa é a edição que continua sendo reeditada até os dias de
hoje, em diversas línguas.

2. Quanto a Associação de Ideias, a visão do interior da caixa lembra o animal de sua


experiência agradável, após o seu movimento do qual culmina em escapar dela. Sendo
assim foi presumido que tratava-se de uma associação de ideias, na forma de
movimentos que o permitia sair da caixa. (Thorndike,1898 p.98)

3. Outra importante contribuição empírica para a concepção associacionista advém da


obra de Ivan P. Pavlov, responsável pela formulação da noção de condicionamento
reflexo (Boakes, 1984). O associacionismo de Thorndike se diferência da proposta de
Pavlov por lidar com respostas tipicamente tidas como voluntárias, como fugir de uma
caixa-problema, enquanto que Pavlov, por exemplo, se ateve à respostas salivares,
reflexas, disparadas por um estímulo bem definido (como a disponibilidade de um
alimento). O associacionismo de Thorndike é também chamado de conexionismo (Marx
& Hillix, 1967) e foi em grande medida um precursor da Psicologia operante de B. F.
Skinner (Skinner, 1974; Catania, 1999).

4. Por usar de juízos de valores como eventos “benéficos” ou “indesejáveis”, a lei do


efeito é um enunciado que leva em conta valores hedônicos (de prazer e desprazer).
Essa é uma ideia bastante antiga, que pode ser traçada até Epícuro, na Grécia antiga
(Abib, 2010). No século XIX, dois eminentes filósofos, Herbert Spencer e Alexander
Bain, enunciaram uma lei similar à lei do efeito de Thorndike, que ficou conhecida
como o princípio de Spencer-Bain (Boakes, 1984). Esse princípio enunciava que atos
que produzem prazer tendem a ser repetidos, enquanto que atos desprazerosos tendiam a
nunca ser repetidos (Leslie, 2006). A lei do efeito de Thorndike pode ser entendida
como uma reformulação e atualização do princípio de Spencer-Bain, agora pautada por
dados de experimentos, algo que carecia na formulação do par de filósofos. Entretanto,
ao subscrever a lei do efeito a uma teoria hedônica, Thorndike foi alvo de diversas
críticas muito bem fundamentadas (para uma síntese dessas críticas, cf. Meehl, 1950).
Apenas anos depois, com o surgimento da Psicologia operante de B. F. Skinner, o efeito
das consequências sobre o comportamento que as produz foi libertada dos problemas
epistemológicas de uma teoria hedônica (Skinner, 1976).

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