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All content following this page was uploaded by Hernando Borges Neves Filho on 24 May 2020.
Capítulo 3:
Sumário da Obra
Figura 2. Sala-problema criada para a recriação do experimento de Thorndike. A sala continha 20 botões
(indicados na figura) dispostos de forma aleatória na sala, uma bola (que aciona os botões), e um laser
que impede o acesso a saída. Somente um botão (14, marcado na figura) desliga o laser em frente a saída,
quando acionado com a bola.
O botão que libera a saída da sala-problema é análogo ao mecanismo (cordas e
pedais) das caixas-problema que abrem a porta da caixa no estudo original. Os demais
botões são oportunidades de comportamento exploratório ineficaz, que seriam análogos
aos comportamentos de se esticar, miar, arranhar as paredes etc, emitidos por gatos não
especialistas nas caixas-problema. O acionamento de quaisquer dos botões é realizado
ao encaixar uma bola que é disponibilizada ao participante assim que ele entra na sala
(Figura 2). Além de interagir com a bola e os botões, os participantes podem emitir
outros comportamentos exploratórios ineficazes, como andar pela sala, saltar, atirar com
a arma do jogo, etc.
Figura 3. Tempo (em segundos) requerido por cada participante para sair da sala-problema, nas cinco
tentativas.
O participante 1, na primeira tentativa, demorou 143 segundos para conseguir sair
da sala, já na segunda tentativa, demorou apenas 28 segundos para conseguir sair da
sala. O participante 2, na primeira tentativa, demorou um total de 285 segundos para
conseguir sair da sala, já na segunda tentativa, durou 58 segundos. O participante 3, na
primeira tentativa, demorou 350 segundos para conseguir sair da sala, na sessão
seguinte conseguiu solucionar o problema e sair da sala em 32 segundos. Da terceira à
quinta tentativa, todos os participantes estabilizaram em um tempo pequeno, próximo ao
observado na segunda tentativa.
Outro fenômeno observado a partir da segunda tentativa entre todos os três
participantes foi a diminuição da frequência de emissão de encaixar a bola na base que
não resolvem a tarefa. O Participante 1 encaixou a bola nas bases 1; 2; 3; 8; 18; 19 e 20.
O Participante 2 encaixou nas bases 2; 13; 17 e 18. Já o terceiro Participante, nas bases
1; 2; três vezes a base 3 e 9; 4; 5; 6; duas vezes a base 7 e 8; 10; 11; 13; 15; 16; 17; 18;
19; 20 (cf. Figura 2).
Discussão
Os resultados encontrados com a recriação do experimento de Thorndike (1898),
que trata da curva de aprendizagem, se assemelham ao experimento original. Os três
participantes humanos do presente experimento apresentaram uma diminuição do tempo
alocado na resolução da tarefa (latência) depois de repetidas exposições, assim como
observado com os gatos do experimento original. Da mesma maneira, após a primeira
solução do problema, o comportamento bem sucedido (depositar a bola no botão
específico que libera a saída da sala) tornou-se o comportamento preponderante naquela
situação, e outros comportamentos diminuíram de frequência. Tal fenômeno ilustra a lei
do efeito de Thorndike: a resposta seguida de uma consequência positiva aumentou de
frequência, enquanto que respostas exploratórios ou inefetivas diminuíram de
frequência, ou mesmo desapareceram.
Tal conclusão parece trivial, e de fato é. É sabido que repetimos aquilo que antes
deu certo. Entretanto, Thorndike desenvolveu uma maneira de testar e medir isso,
tornando o saber proverbial em saber científico. No presente experimento, foi possível
testar e medir o mesmo fenômeno em um jogo de computador de baixo custo. Diante
disso, o procedimento aqui apresentado é uma maneira barata de se recriar para fins
didáticos um dos mais estáveis e bem estabelecidos fenômenos comportamentais da
história da Psicologia, a lei do efeito, ilustrada pela curva de aprendizagem.
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Notas:
1. Em 1911, a monografia foi revisada, ampliada e publicada em forma de livro
(Thorndike, 1911/1966). Essa é a edição que continua sendo reeditada até os dias de
hoje, em diversas línguas.
www.imaginepublica.com.br
ISBN: 978-65-991133-0-7