1. O documento discute o desenvolvimento cerebral infantil e como ele influencia a aprendizagem. 2. Fatores neurobiológicos desde a concepção, como substâncias tóxicas na gestação, podem alterar a formação do cérebro e prejudicar a aprendizagem. 3. Diferentes áreas cerebrais, como a frontal, parietal e temporal, desempenham funções importantes para a aprendizagem, como atenção, percepção e linguagem.
1. O documento discute o desenvolvimento cerebral infantil e como ele influencia a aprendizagem. 2. Fatores neurobiológicos desde a concepção, como substâncias tóxicas na gestação, podem alterar a formação do cérebro e prejudicar a aprendizagem. 3. Diferentes áreas cerebrais, como a frontal, parietal e temporal, desempenham funções importantes para a aprendizagem, como atenção, percepção e linguagem.
1. O documento discute o desenvolvimento cerebral infantil e como ele influencia a aprendizagem. 2. Fatores neurobiológicos desde a concepção, como substâncias tóxicas na gestação, podem alterar a formação do cérebro e prejudicar a aprendizagem. 3. Diferentes áreas cerebrais, como a frontal, parietal e temporal, desempenham funções importantes para a aprendizagem, como atenção, percepção e linguagem.
Dr Clay Brites Pediatra e Neuropediatra formado pela Santa Casa
de So Paulo, Presidente da Abenepi Captulo Paran; Pesquisador e Doutorando do Laboratrio de Diculdades e Distrbios da Aprendizagem e Transtornos da Ateno - Disapre UNICAMP; docente do curso de Ps-Graduao de Neuropsicologia aplicada Neurologia Infantil na Unicamp e membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Luciana Brites Pedagoga especializada em Educao Especial
na rea de Decincia Mental e Psicopedagogia Clnica e Institucional pela Unil Londrina e especialista em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educao Ispe - Gae So Paulo, alm de coordenadora do Ncleo Abenepi em Londrina www.neurosaber.com.br
PalavrasChave : Aprendizagem. Desenvolvimento Infantil.
Neurologia. Neurocincia. Aspectos Neurolgicos na Aprendizagem.
Resumo da Unidade: nesta unidade voc vai ser levado a
compreender como a neurologia e o desenvolvimento Infantil inuenciam a aprendizagem normal e anormal da criana na escola e como estes se relacionam com outros aspectos relevantes para tal processo como comportamento, afeto e funes cognitivas e intelectuais. 1. Introduo www.neurosaber.com.br
Existem, na literatura internacional, vrias
denies sobre aprendizagem. Mas, como temos em nossas aulas um direcionamento para o biolgico, a abordagem deste assunto ser na viso neurolgica e devemos, assim, denir a aprendizagem como tal. Portanto, a aprendizagem um processo complexo, dinmico, bilateral, evolutivo e constante que implica numa seqncia de modicaes observveis e reais no comportamento do indivduo de forma global fsico e biolgico e no meio que o rodeia induzindo a uma nova postura comprometida com novas formas de conhecimento (Ciasca, 2003). Esta denio parece auto-suciente e muito ampla
quando a tomamos de forma generalizada. Mas,
em relao a aprendizagem escolar, algumas consideraes devem ser feitas.
Na escola, este processo exige postura, prontido e
maturao para que o processo de aprendizagem se faa da melhor forma possvel. A presena dos pr-requisitos do desenvolvimento infantil como pano de fundo para dar suporte maturacional para a aquisio adequada dos contedos e a necessidade de integridade dos sistemas sensoriais, perceptivos, www.neurosaber.com.br
atencionais e mnemnicos para absoro e reserva dos
contedos em seqncia so fundamentais (Ciasca, 2003). A construo da aprendizagem escolar requer memorizao seqencial, onde cada etapa frente depende da adequada absoro da etapa anterior e assim por diante. Sem a presena ntegra destes fatores acima, este desencadeamento progressivo se far de forma incompleta e lacunar.
Sendo assim, muitos fatores se coadunam e
contribuem para que a aprendizagem escolar seja plena ou prejudicada. Os fatores que podem inuenciar a aprendizagem escolar so os psicoemocionais, scio-culturais e neurobiolgicos (Ciasca, 2003; Fonseca, 1995) . Os fatores psicoemocionais so aqueles relacionados com institucionalizao, depresso materna ps-parto, m conduo afetiva pelo cuidador, abandono, maus tratos, etc. Os fatores scio-culturais so aqueles relacionados com baixa renda, baixo nvel scio-escolar da famlia, desinteresse familiar pelos estudos, diculdade com regras e rotinas, ambiente desorganizado, valores culturais dspares da cultura intelectual, etc. Tais fatores so externos ao indivduo e o mesmo os encontra durante seu desenvolvimento aps o nascimento e em contato www.neurosaber.com.br
com as instabilidades do ambiente. J os fatores neurobiolgicos
podem ser oriundos de fatores tanto genticos como ambientais e podem comear a inuenciar o desenvolvimento da criana desde sua concepo na fecundao. 2. Desenvolvimento cerebral infantil www.neurosaber.com.br
O crebro rgo central do processo de
informaes e da aprendizagem infantil, sendo inuenciado desde sempre por inmeros processos genticos e ambientais na sua caminhada meticulosa para a maturidade. Vrias redes funcionais e conexes vo se formando desde a concepo e, dentre as situaes normalmente esperadas, podem ocorrer situaes inusitadas no meio celular e no processo embrionrio que podem inuenciar negativamente suas conexes (Riesgo, 2006). A gestao o perodo em que a formao cerebral a mais delicada e a mais imbricada e onde o crescimento global e a individualizao das reas e redes funcionais vo se estabelecendo siologicamente (Fig 1). www.neurosaber.com.br
Fig. 1 : Etapas de formao do sistema nervoso central e suas variadas
modicaes durante o perodo gestacional. Observe o crescimento do crebro e suas subdivises e reentrncias com o passar do tempo, sugerindo um processo complexo e delicado mesmo em condies normais. ( Rotta, Ohlweiler e Riesgo, 2006)
Os neurnios originalmente se localizam em reas
profundas da massa cerebral e vo paulatinamente migrando para a superfcie a m de formar o crtex cerebral. Este j uma estrutura em camadas e delicadamente dimensionada em redes de neurnios com conexes verticais e horizontais (Fig 2 vide abaixo) . A utilizao de substncias txicas e no indicadas clinicamente (drogas, fumo, lcool, medicaes contra-indicadas www.neurosaber.com.br
na gestao , etc.), exposio radiao e intercorrncias
patolgicas no perodo gestacional (eclampsia, pr-eclmpsia, sangramentos diversos, infeces congnitas, etc.) podem induzir a modicaes na arquitetura neuronal e no tecido conectivo (conexo entre as vias neuronais) , alterando a construo da rvore neuroanatmica tanto nas reas superciais quanto profundas do crebro. Traumas relacionados ao parto e ao perodo neonatal como instabilidade respiratria, infeces spticas , prematuridade , baixo peso ao nascer e insultos hipxico-isqumicos so altamente nocivos e desencadeadores de predisposio a atrasos de desenvolvimento e disfunes cognitivo-comportamentais pelos mesmos motivos (Riesgo,2006). Alm disto, mesmo nascendo sem estas intercorrncias patolgicas, o perl do cuidador desta criana nos primeiros 3 anos de vida fundamental, podendo determinar logo cedo se sua forma de cuidar ajudar ou prejudicar uma criana no que tange sua capacidade para lidar com conitos, com processamento de aes executivas em uma tarefa e com relacionamentos afetivos (Posner, 2009). www.neurosaber.com.br
Fig 2 : Crtex cerebral. A gura mostra a regio supercial do crebro com a
disposio dos neurnios em camada. Esta regio se organiza e amadurece durante todo a gestao e nos primeiros meses de vida (Rotta, Ohlweiler e Riesgo, 2006) 3. O crebro e suas funes na aprendizagem www.neurosaber.com.br
O crebro, como um todo, divide-se em regies onde
cada rea tem uma funo predominante mas interconectada e integrada com outras reas. Estas conexes se aprofundam e se interligam formando unidades funcionais, as quais tero papel preponderante na gerao, coordenao e manuteno das funes cerebrais em rede (Riesgo,2006). Estas, em conjunto com outras reas funcionais, coordenaro o processamento das mais diversas informaes no crebro como ler, escrever, pensar, perceber sons/estmulos visuais, entender smbolos, perceber a face de seu semelhante e sentir algo resultante, etc.
Estas reas podem ser macroscopicamente divididas
em : frontal, temporal, parietal e occipital. A rea frontal responsvel pelas funes executivas, onde se d todos os processos que exigem planejamento, organizao, sequenciao, deciso, anlise, sntese, ateno executiva (seletiva e sustentada), coordenao de estratgias (eleio de prioridades e aes secundrias), inibio comportamental, memria de trabalho, exibilidade de interesses, percepo de erros e construo das correes. A rea parietal se dedica a sensibilidade geral (ttil, propriocepo, dor, etc.), coordenao www.neurosaber.com.br
espacial, integrao senso-perceptiva e orientao atencional. A
rea temporal responsvel pela percepo auditiva dos sons e das diferentes estruturaes de linguagem fonolgica, sendo o centro da toda a linguagem de nosso crebro. A regio occipital responde por toda a habilidade visual sendo o centro das percepes visuais para as tarefas do cotidiano (Riesgo, 2006). Veja as reas na gura 3.
Fig. 3 : As reas cerebrais e suas inter-relaes (Ciasca, 2006)
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Observando atentamente as reas e suas
funes principais fcil entender como nosso crebro um rgo complexo e integrado, onde uma regio depende da outra. Outrossim, os processos de leitura e escrita e de matemtica obviamente se fazem e necessariamente se concluem em todas as suas reas, cada uma com uma funo principal. Concluso: para ler, escrever e calcular dependemos de todas as redes neuronais e suas conexes. Como participante importante destes processos, alm das regies citadas, temos o cerebelo e o tronco enceflico. O cerebelo tem o papel de coordenao motora, equilbrio e tnus muscular, mas tambm essencial papel na automatizao de seqncias aprendidas e agilidade na programao motora e nos processos que envolvem linguagem e ateno. O tronco enceflico responsvel pelos processos de sono-viglia, ateno automtica, nvel de vigilncia durante as atividades e via de entrada para quase todos os estmulos sensitivos percebidos pelo nosso crebro (Riesgo, 2006) www.neurosaber.com.br
A aprendizagem da leitura - escrita e
matemtica dependem muito do nvel de maturidade e de integrao de todas estas reas e este processo, por sua vez, depende de inmeros fatores genticos, maturacionais e ambientais. O atraso ou disfuno de quaisquer destas regies ou redes conectivas podem resultar em dcits qualitativos ou quantitativos no processamento adequado destas informaes (Casella, 2008). A leitura e a escrita dependem de vrias funes para se processarem adequadamente (Fig. 4). Quando se fala deste tipo de aprendizagem, estamos falando na rea da neurocincia em que as descobertas esto mais avanadas e - no menos importante com maiores desfechos conclusivos. Os Transtornos de Aprendizagem Verbal (Dislexia, Disortograa, Disgraa e Discalculia) e No-Verbal (Percepo , Espacial e Executivo) so exemplos destas descries e so frequentemente utilizados para descrever como se d o processo cerebral www.neurosaber.com.br
da leitura e escrita. Alm disto, sabe-se que a ateno
fundamental para processos acadmicos quaisquer - uma habilidade que depende de funes do tronco enceflico, reas lmbicas e de crtex frontal integradas (Riesgo, 2006).
Fig. 4 : Passos fundamentais para a percepo e compreenso de leitura
4. Pesquisas e evidncias neurocientcas www.neurosaber.com.br
A inuncia de fatores genticos e da
herdabilidade (histria familiar) na formao cerebral comprovada atualmente e tem papel essencial e predominante na formao das conexes e no perl bioqumico do funcionamento neuronal, desencadeando o aparecimento da maioria dos transtornos de aprendizagem e de ateno e em considervel nmero de transtornos neuropsiquitricos. Da mesma forma que herdamos de nossos pais nossas caractersticas fsicas e comportamentais, tambm herdamos, na mesma medida, o padro de funcionamento neuronal e suas redes em todo o crebro. As pesquisas em torno da gentica molecular e das variadas formas de herdabilidade de vrios transtornos j esto bem claras e com validao cientca em nosso meio, como : Transtorno de Dcit de Ateno e Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Transtornos do Desenvolvimento da Coordenao, Autismo, Decincia Intelectual, Esquizofrenia e Transtornos de Humor (Tannock, 2002)
Estas pesquisas cerne e principal objetivo da
neurocincia na Neurologia - tem se ampliado de forma exponencial e gerado mais pesquisas com recursos tecnolgicos que procuram entender como o crebro funciona, age, se www.neurosaber.com.br
comporta e sente por meio de imagens radiolgicas
(neuroimagem) e testes neuropsicolgicos cada vez mais minuciosos nas vrias etapas do desenvolvimento cerebral e no crebro adulto (Casella, 2008). A unio destes dois recursos tem produzido valioso instrumento de apoio para auxiliar a diagnosticar crianas com diculdades de aprendizagem. Estes transtornos no tem marcador biolgico especco e a busca por caminhos que possam objetivamente identic-los um passo muito importante (Tannock, 2002). Portanto, hoje, j dispomos de mtodos e modelos de avaliao e de anlise especcos que permitem entender como se processa a aprendizagem da leitura e da escrita de uma criana normal e de uma criana com algum transtorno no seu crebro sem deixar de considerar seu contexto e suas variveis ambientais.
As pesquisas multicntricas em muitos pases
especialmente Estados Unidos, Frana e Reino Unido - tem ditado regras e direcionado o manejo destes pases na forma de avaliar e intervir em suas crianas durante todo o processo pedaggico, especialmente nas fases mais precoces (pr-requisitos, alfabetizao e letramento). Esta abordagem tem resultado em melhores ndices nas provas internacionais e nas avaliaes de www.neurosaber.com.br
competncia de leitura, escrita e matemtica comparado a
outros pases que no adotam este modelo de planejamento de polticas educacionais. Alm disto, permite a criao de estratgias de deteco e interveno precoces em crianas que j apresentam, em algum momento de sua vida, sinais de decincia ou atraso em reas de funcionamento cerebral consideradas essenciais para o desenvolvimento escolar futuro (Capovilla, 2005).
A anlise do desenvolvimento de uma criana de
salutar importncia e pode sinalizar como ser, no futuro, sua aprendizagem escolar. Crianas com atrasos no desenvolvimento motor, na linguagem/fala, na capacidade scio-pessoal (social) e na habilidade adaptativa apresentam maiores riscos de ter diculdades em formar os pr-requisitos necessrios para a alfabetizao e aprendizagem acadmica j que se observa que estas crianas tero problemas cognitivos mais pronunciados, como dcits senso-perceptivos, atencionais, visuo-espaciais, de funo executiva, na estruturao de linguagem e na integrao destas funes cognitivas (Casella, 2008). Tais funes formam o alicerce para o preparo acadmico e para a aquisio www.neurosaber.com.br
adequada de toda a seqncia exigida para a aprendizagem
bsica na escola e estabelecem o comportamento necessrio para o aluno ter sucesso. Muitos dos fatores que falei podem no ter valor isoladamente quando ocorrem, mas somente em associao com fatores ambientais. Por exemplo, existem indivduos que apresentam predisposio a transtornos de ateno, mas que o mesmo s ir se manifestar se este se expuser ao tabagismo materno durante a gestao ou se sofrer maus tratos durante os primeiros anos de vida (Nigg, 2010).
A observao sistemtica da criana nos primeiros
anos de vida, alm de ser til para analisar seu desenvolvimento, auxilia-nos a detectar comportamentos de risco. Crianas que apresentam diculdades em lidar com frustraes, mudanas de ambiente ou de estratgias, com a espera frente a uma recompensa ou tem pouca habilidade em perceber como deve agir de acordo com a tendncia social mais aceita pela maioria e realmente agir da forma que mais se acomoda a aceitao do ambiente em que ela se depara (empatia) tem maior chance de - futuramente - ter prejuzos acadmicos, sociais e afetivos (Posner, 2009). Alguns autores consideram que este perl muito compatvel com uma maior exposio a desenvolver transtornos www.neurosaber.com.br
psiquitricos e problemas de aprendizagem. Estes sinais j podem
ser observados em crianas dos 3 aos 7 anos e existem hoje formas de avaliar e intervir precocemente. Cuidadores ou pedagogos que trabalham em creches e professores de pr-escolas frequentemente comentam que vem crianas com este perl na escola e evidente a diferena destas com crianas daquelas sem os mesmos comportamentos peculiares.
Por outro lado, esta observao nos auxilia a
pontuar, de forma mais objetiva, momentos na idade da criana em que determinados pr-requisitos cognitivos j devem estar consolidados, como a aquisio da habilidade fonolgica e a articulao grafo-fonmica. Por exemplo, uma criana deve identicar as letras e os sons correspondentes de seu alfabeto aos 5 anos e isto j reconhecido pelas instituies polticas de muitos pases, como se v no relatrio nal do Ministrio da Educao e Emprego do Reino Unido (Governments Department of Education and Employment, Standards and Effectiveness Unit, 1997). Este relatrio consistente se baseia em neurocincia e nas suas evidncias slidas para se identicar precocemente crianas que porventura no tenham atingido esta etapa com a idade de www.neurosaber.com.br
referncia e coloca para a Educao do pas a tarefa de priorizar
o ensino da lngua no sentido de elevar o desempenho dos alunos (Capovilla, 2005).
Entendendo as diculdades de aprendizagem e os Distrbios de
Aprendizagem
Vimos que a aprendizagem escolar um processo
que depende de varios aspectos, e que por ser algo complexo exige que vrias areas cognitivas estejam sendo organizadas e estimuladas para a que ela acontea de modo efetivo por meio e uma interao biolgica-ambiental, assim qualquer coisa que inuencie essa dinmica pode ocasionar prejuzo no desenvolvimento escolar das crianas.
Podemos entender as diculdades de
aprendizagem como um sintoma, e se compararmos a uma febre isso ca mais fcil de entender. A febre pode ser sintoma de uma srie de doenas desde uma virose at uma Meningite bacteriana, a Diculdade de Aprendizagem tambm. Essa criana pode no estar aprendendo porque tem problemas emocionais, por estar www.neurosaber.com.br
com fome, por no estar enxergando, por ser exposta a uma
prtica pedaggica ruim, isto professores inadequados, mtodos ruins de aprendizagem, por transtornos psiquitricos (depresso, autismo, TDAH, ansiedade) ou por um Transtorno de Aprendizagem. Mas o que seria um Transtorno de Aprendizagem?
O Transtorno de Aprendizagem pode ser
caracterizado como uma Disfuno Neurolgica, no Brasil, foi ( Lefvre:1975) que introduziu o termo distrbio de aprendizagem como sendo:
sndrome que se refere criana de inteligncia prxima
mdia, mdia ou superior mdia, com problemas de aprendizagem e/ou certos distrbios do comportamento de grau leve a severo, associados a discretos desvios de funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), que podem ser caracterizados por vrias combinaes de dcit na percepo, conceituao, linguagem, memria, ateno e na funo motora.
Podemos entender que so crianas que
apresentam diculdades de aquisio de matria terica, www.neurosaber.com.br
embora apresentem inteligncia normal, e no demonstrem
desfavorecimento fsico, emocional ou social.
Segundo essa denio, as crianas portadoras de
distrbio de aprendizagem no so incapazes de aprender, pois os distrbios no so uma decincia irreversvel, mas uma forma de imaturidade que requer ateno e mtodos de ensino apropriados. Os distrbios de aprendizagem no devem ser confundidos com decincia mental.
Considera-se que uma criana tenha distrbio de aprendizagem
quando:
a) No apresenta um desempenho compatvel
com sua idade quando lhe so fornecidas experincias de aprendizagem apropriadas;
b) Apresenta discrepncia entre seu desempenho e
sua habilidade intelectual em uma ou mais das seguintes reas; expresso oral e escrita, compreenso de ordens orais, habilidades de leitura e compreenso e clculo e raciocnio matemtico.
Podemos entender ento que esses sujeitos so
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pessoas inteligentes com bom potencial cognitivo, mas que na
hora de desempenhar suas funes acadmicas (leitura, escrita e clculo) falham, isso porque as reas cerebrais que deveriam funcionar para nestas habilidades apresentam problemas de conectividade. O que isto signica? Signica que as sinapse (transmisso de estmulos feitas por neurnios no crebro) das reas recrutadas para estas funes no conseguem realizar de maneira otimizada e de forma adequada. Assim quando uma pessoa com Distrbio de aprendizagem de leitura tenta ler, ela ter muito mais diculdade pois seu esforo vai muito alm, tendo que ento recrutar outras reas do crebro (que no tem especicidade para leitura) para auxiliar a realizar esta tarefa, cansando-se assim muito mais. www.neurosaber.com.br www.neurosaber.com.br
O Diagnstico dos Transtornos de Aprendizagem no algo fcil,
muito menos simples, necessrio que uma equipe multidisciplinar (Neuropediatra, Psiclogo, Fonoaudilogo, Psicopedagogo, Terapeutas Ocupacionais) realize uma srie de testes e avaliaes, tentando analisar como aquele sujeito aprende e tentando traar assim um Perl Cognitivo. importante salientar que o Diagnstico Clnico, isto , exames como Ressonncia Magntica, eletroencefalograma, tomograa podem vir com resultado NORMAL, mas mesmo assim a pessoa pode ter um Distrbio de Aprendizagem. Torna-se fundamental tambm um bom relato dos professores e da famlia.
Os tipos mais comuns de Distrbios de Aprendizagem so:
Dislexia: segundo a AID em 2004 (Dyslexic International Association)
a Dislexia uma diculdade de aprendizagem de origem neurolgica. caracterizada pela diculdade com a uncia correta na leitura e por diculdade na habilidade de decodicao e soletrao. Essas diculdades resultam tipicamente do dcit no componente fonolgico da linguagem que inesperado em relao a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etria . um distrbio que acomete trs www.neurosaber.com.br
vezes mais meninos que meninas, tem inuencia gentica, isto
signica que pode ser herdado genticamente e pode acometer de 4% a 6% da populao
Alguns Sinais de Dislexia
- Leitura silabada, lenta, com troca - Alfabetizao difcil - Escrita com trocas e omisses de letras. - Diculdade em escrever com linha e margem - Pula linha, confunde palavras
Disgraa - Habilidade de escrita abaixo do nvel esperado para
idade cronolgica, inteligncia e escolaridade com comprometimento da caligraa, da capacidade de realizar cpia e de realizar seqncia de letras em palavras comuns, pode atingir 3% da populao geral, alguns sinais: Diculdades para escrever Mistura de letras maisculas e minsculas na palavra ou uso de letras de forma e cursiva Trao de letra ininteligvel ou incompleta Diculdade para cpia Falta de respeito a margem www.neurosaber.com.br
Discalculia: Capacidade abaixo da mdia para operaes
aritmticas, no relacionamento de habilidade matemticas com o mundo, na compreenso do enunciado do problema, e na execuo da estratgia para sua resoluo. Atinge cerca de 3% da populao Geral (EUA, 2001) sinais de alerta: Diculdade na automatizao da contagem e correspondencia um a um
Diculdades com leitura e compreenso de organizaoes
numericas e posicionamento dos numeros
Diculdades em entender conceitos matematicos e simbolos
diculdade na sequencia de numeros e fatos numericos
fraca orientacao espacial, diculdades em percepao visual
As contribuies da Neurologia e da pesquisa dos aspectos
desenvolvimentais do crebro so cruciais para nosso entendimento de como a criana aprende e xa conhecimentos. Seu estudo permitiu entender a aprendizagem normal e a patolgica. Nestes tempos atuais de incluso e da busca por mtodos didticos que respeitem as diferenas o uso dos instrumentos neurocientcos torna-se imprescindvel. Por exemplo, www.neurosaber.com.br
compreender como uma criana com Distrbios de
Aprendizagem absorve e memoriza os contedos escolares era antes um desao. Hoje, sabe-se como algum nesta condio aprende e, assim, permite que se desenvolva programas estruturados para seu adequado aprendizado nos mais diferentes ambientes permitindo que todas as crianas tenham oportunidade de sucesso no desaador ambiente acadmico. www.neurosaber.com.br
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