UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA (CCET)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP)
Disciplina: Melhoria Contínua
Docente: Prof. Dr. José Carlos de Toledo
Discente: Thaís Moreira Tavares

Resumo do artigo: Continuous improvement behaviors and impacts on innovation

Na introdução, o estudo discorre sobre as interações entre a melhoria contínua

(MC) e a inovação. Compreender essas interações é importante para destacar caminhos
para um melhor desempenho organizacional. Existe uma correlação entre o nível de
atividade de MC e os impactos nos problemas organizacionais, uma vez que essas
práticas podem melhorar os processos atuais e aprimorar as habilidades, o
comprometimento e a criatividade dos funcionários, o que, por sua vez, possibilita o
desenvolvimento de novos processos. Segundo os autores, apesar do relevante interesse
em MC, os estudos relacionados à inovação estão focados em programas de MC e não
diretamente em comportamentos de MC.
Dessa forma, o principal objetivo do artigo foi contribuir para as seguintes
lacunas de pesquisa identificadas na literatura: (1) estudar a relação entre MC e
inovação do ponto de vista dos comportamentos de MC, uma vez que os
comportamentos de IC são a base de vários programas e drivers na cultura e filosofia de
MC; (2) contribuir para a base da literatura sobre as relações entre os comportamentos
de MC e o desempenho da inovação; (3) observar as relações entre comportamentos de
MC com diferentes níveis e tipos de inovação, agregando contribuições teóricas; (4)
fornecer resultados empíricos comprovados na literatura sobre os efeitos positivos dos
comportamentos de MC na inovação.
Para atingir os objetivos, foram realizadas pesquisas empíricas em empresas de
manufatura no Brasil. O método utilizado foi o levantamento e análise dos dados por
meio de técnicas estatísticas multivariadas, como análise de cluster e análise não
paramétrica, como o teste de Mann-Whitney, para verificar diferenças entre os grupos.
O instrumento de pesquisa baseou-se na revisão da literatura, onde foram identificados
construtos e variáveis com foco nos comportamentos de MC e desempenho da
inovação. Os comportamentos de MC foram identificados a partir de 18 artigos, onde
235 comportamentos foram identificados e compilados em 14 comportamentos
considerando similaridade e frequência de citação; 14 sentenças (variáveis) foram
usadas para medir esse constructo.
Os comportamentos identificados abordam diversos temas como cultura de MC,
papel da alta direção, uso de métodos e ferramentas, trabalho em equipe, treinamentos,
reconhecimento, compartilhamento de informações, melhorias de processos e
alinhamentos estratégicos, O desempenho da inovação foi operacionalizado em 12 itens
divididos em quatro tipos de inovação.
O nível de comportamentos de MC adotados nas empresas foi identificado por
meio da análise de cluster. As empresas do Cluster 1 adotaram mais comportamentos de
MC. As empresas do Cluster 2 adotaram menos comportamentos de MC. O Cluster 1,
contendo empresas que mais utilizaram comportamentos de MC, também apresentou
maior uso de programas como Lean (76% da amostra do Cluster 1), Lean Sigma (67%),
Six Sigma (64%) e TQM (56 %), em relação ao Cluster 2. O Cluster 1 também
apresentou mais programas, como o 5S (95%) e equipes de MC (93%). O Cluster 1
também apresentou maior percentual de empresas certificadas ISO 9001 (83%),
diretamente relacionadas à qualidade e MC. O mesmo cluster também apresentou
maiores certificações ISO 14001 (59%) e OHSAS 18000 (27%), mostrando que as
empresas podem ter sistemas de gestão mais integrados (57% do total de empresas
possuíam duas ou mais certificações), evidenciando maior preocupação a esse respeito.
Em relação ao tipo de indústria, houve maior concentração de indústrias
eletroeletrônicas no Cluster 2 e maior concentração de empresas farmacêuticas no
Cluster 1.
Para responder à segunda questão de pesquisa, os autores analisaram as
percepções dos respondentes sobre as contribuições da MC na inovação. O cluster com
empresas que utilizaram mais comportamentos de MC mostrou que a MC contribuiu
mais para inovações de produto incremental, produto radical, processo incremental e
processo radical e consequentemente uma cultura de inovação. Empresas com mais
comportamentos de MC têm uma percepção maior de que esses investimentos
contribuem para a inovação.
Por fim, os autores discutiram que as variáveis de desempenho da inovação de
processo foram significativamente afetadas pela adoção de comportamentos de MC,
especialmente ao desenvolver e introduzir tecnologias, máquinas ou equipamentos
novos ou aprimorados para melhorar os processos de produção e introduzir processos de
produção novos ou significativamente modificados. Isso pode ser explicado por uma
cultura de MC que incentiva ideias, sugestões e pensamento crítico relacionado a
processos e melhorias.
Para concluir, a análise dos dados empíricos por meio de testes multivariados e
não paramétricos mostrou que o nível de IC adotado e a maturidade da filosofia de IC
afetam positivamente o desempenho da inovação. Além disso, a análise dos dados
empíricos obtidos sobre as percepções dos entrevistados em relação às contribuições da
MC na inovação de produtos e processos mostrou que a MC auxilia no desenvolvimento
de inovações incrementais e radicais de produtos e processos.