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Gêneros discursivos

acadêmicos e científicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer alguns dos gêneros acadêmico-científicos mais utilizados


no Ensino Superior.
 Identificar e aplicar as informações básicas de cada gênero textual.
 Escolher o gênero textual adequado a determinado objetivo
acadêmico-científico.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar alguns dos principais gêneros acadêmico-
-científicos. Em qualquer meio, há um conjunto de gêneros textuais mais
comum, que atende às necessidades e aos objetivos da área. Com o
domínio comunicativo acadêmico-científico, não é diferente.
Na primeira seção, você vai ver o que é resumo, resenha, artigo e
monografia, entre outros. Na segunda seção, vai ver como escrever esses
gêneros. Por último, vai conhecer a sua finalidade.

Gêneros textuais acadêmico-científicos


Os gêneros textuais são motivados e estruturados a partir das necessidades
de um grupo social. Dessa forma, algumas áreas apresentam certo número de
gêneros textuais mais comuns ou de uso frequente. Pense, por exemplo, nas
áreas jurídica, médica, docente e publicitária. Nelas, são compostos e lidos
textos como o acórdão, a petição; o laudo, a prescrição; o relatório, a prova, o
parecer; a peça publicitária e o slogan. Assim, as áreas acadêmicas e científicas
(geralmente juntas no Brasil) também apresentam gêneros mais comuns.
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O tipo textual é uma construção teórica. Ele é caracterizado por sua composição
linguística, como aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo.
Os tipos textuais são, portanto, sequências linguísticas. Podem ocorrer diferentes tipos
em um mesmo texto. Eles são um conjunto estável: descrição, narração, argumentação,
injunção e exposição. Quando há predominância de um tipo textual em um texto, este
pode ser identificado a partir disso. É o caso do texto argumentativo (em que prevalece
a argumentação), do texto narrativo (narração) e do texto descritivo (descrição).
Por sua vez, os gêneros textuais são “[...] textos materializados em situações
comunicativas recorrentes [...]”. Eles fazem parte do cotidiano e têm “[...] padrões
sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos
enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas,
sociais, institucionais e técnicas [...]” (MARCUSCHI, 2008, p. 154–155). Portanto, são
entidades empíricas. Algumas práticas discursivas podem apresentar um conjunto de
gênero textuais próprios e específicos de certos meios. Essas práticas são chamadas de
domínios comunicativos. São parte, por exemplo, dos domínios discursivos jurídico,
médico, docente e publicitário. Assim, os gêneros que você vai ver a seguir fazem parte
do domínio comunicativo do âmbito acadêmico-científico.

Resumo
Um resumo é um texto que apresenta as ideias centrais de um texto/trabalho
maior (doravante original). Nele não é apresentado juízo de valor e, em geral,
não se fazem citações diretas ou indiretas. Isso porque o objetivo é prover
informações centrais de outro texto de forma sintética e objetiva. Um resumo
deve ser escrito de modo coeso e coerente, nunca em tópicos.
Há dois tipos de resumo. O resumo descritivo apresenta descrição acerca
do tipo de informação encontrado no original, sem indicar dados quantitativos
ou qualitativos (MEDEIROS, 2003). Esse tipo de resumo tem no máximo cem
palavras e é comum com livros e com filmes (sinopses), ou na submissão de
trabalhos para eventos acadêmicos e científicos (dependendo sempre das
regras desses eventos). Nesse caso, o resumo apresenta metodologia, escopo
e objetivos. O resumo informativo precisa apresentar metodologia, objetivos,
escopo, resultados e conclusões. Nele também são expostos os argumentos
centrais encontrados no original. Esse tipo não ultrapassa, geralmente, 10%
do tamanho do original, variando de uma disciplina para outra, de 250 (como
em artigos) a 500 palavras (como em teses e dissertações).
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Resenha
A resenha é um dos gêneros mais explorados no âmbito acadêmico, por exercitar
a capacidade de resumir, analisar e criticar outro trabalho. De acordo com
Fiorin e Savioli (2007, p. 426), “[...] resenhar significa fazer uma relação das
propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes,
descrever as circunstâncias que o envolvem [...]”, o que constitui a resenha
descritiva. No caso de uma resenha crítica, há também “[...] apreciações,
notas, correlações estabelecidas pelo juízo crítico”.

Artigo
O artigo científico, uma das principais formas de publicação em revistas aca-
dêmicas, trata de problemas científicos, apresentando o resultado de estudos e
pesquisas (MEDEIROS, 2003). Pode-se classificar artigos em três categorias.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2003), o artigo
científico apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados
em diversas áreas do conhecimento. O artigo de revisão resume, analisa e
discute informações que já foram publicadas. Já o artigo original apresenta
temas ou abordagens inéditos.

Monografia
A monografia é um texto predominantemente dissertativo de autoria de uma
única pessoa (o que dá origem ao nome). Nela se trata de um assunto de
forma sistemática e o mais completa possível. Ela pode ser a demanda de um
curso de graduação (chamada de trabalho de conclusão de curso — TCC)
ou especialização, ou um dos requisitos para a obtenção dos graus de mestre
(dissertação) e doutor (tese). A diferença entre esses textos está no grau de
profundidade e complexidade (e, potencialmente, originalidade). Contudo, eles
apresentam os mesmos componentes básicos e o mesmo ponto de partida (que
também serve para o artigo científico): um projeto de pesquisa.
O projeto de pesquisa é o plano a ser desenvolvido para a aplicação de
uma proposta. Nele são especificadas as etapas da investigação, o tema (com
delimitação), o problema, as hipóteses, os objetivos, a justificativa, o referencial
teórico, os materiais necessários, a metodologia, o cronograma, etc.
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Outros gêneros
Alguns outros gêneros relevantes a esse domínio discursivo são o ensaio, o
fichamento e o mapa conceitual. Esses dois últimos são ótimos para auxiliar
o estudo, já o primeiro leva em conta o desenvolvimento da habilidade ar-
gumentativa. O ensaio é sobre um assunto, diferentemente de uma resenha,
que é sobre um trabalho. No âmbito acadêmico, ele se caracteriza como “[...]
uma exposição metódica dos estudos realizados e das conclusões originais
a que se chegou após apurado exame de um assunto [...]” (MEDEIROS,
2003, p. 246).
Por sua vez, o fichamento é um levantamento bibliográfico sobre o as-
sunto a ser pesquisado e estudado. Além das informações bibliográficas, são
feitas anotações livres sobre o material, permitindo não só a organização das
ideias, como sua recapitulação. O mapa conceitual é um organograma com
informações sobre conceitos e termos e a relação entre eles. Ele é mais visual.
Cada nó (que conterá um termo-chave ou um conceito) é ligado a outro por
meio de uma palavra ou frase de ligação. Isso ajuda a sintetizar e organizar
um assunto ou conteúdo.
São importantes, ainda, o inventário acadêmico, que é um levantamento
sobre assuntos e questões vinculados ao mundo acadêmico, tais como procedi-
mentos, dados e fatos; e o relatório, a etapa final de atividades desenvolvidas
em uma pesquisa. Nele é relatado o que foi feito e o que aconteceu, indicando
local, data e envolvidos.
Além desses, há alguns gêneros híbridos, que lidam com modalidades
orais e escritas, como a comunicação e o pôster. A comunicação é uma apre-
sentação oral de 15 a 20 minutos, com uso ou não de slides, vídeos, etc. Ela
envolve inicialmente um resumo, para submissão e seleção de trabalho para
um evento, e também posterior publicação de artigos (essa não é obrigatória,
mas é importante). O pôster é uma apresentação visual e concisa de pesquisa,
também acompanhada de fala, caso haja questionamentos por parte do público
presente.
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Para saber mais sobre o mapa conceitual e conhecer ferramentas para auxiliá-lo a criar
um, acesse os links a seguir.
 Dica de como fazer um mapa conceitual:

https://goo.gl/Vv8Qoy

 Ferramenta gratuita para diferentes criações, como mapas conceituais, infográficos,


gráficos, etc.:

https://goo.gl/Li7x7f

 Sete aplicativos para criação:

https://goo.gl/hWoRuX

Como escrever
É preciso pesquisa e organização para escrever qualquer texto, de qualquer
gênero. Com algum conhecimento do assunto sobre o qual se vai escrever, se
torna mais fácil organizar um plano para esse texto, um roteiro. Esse roteiro
ajuda a manter a coerência do texto, a eleger os argumentos ou pontos mais
relevantes, a avaliar se é necessário mais pesquisa e leitura. O que o gato de
Cheshire diz para Alice vale também para a produção textual: se você não
sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve; ou seja, sem um planejamento
claro, se torna fácil produzir um trabalho (seja texto, seja pesquisa) incoerente,
confuso e/ou não conseguir levá-lo adiante.

Resumo
Antes de começar qualquer resumo, é preciso conhecer o texto original. Se o
texto original for de sua autoria, você pode começar elaborando seu roteiro
de produção. Entretanto, com texto de autoria de terceiros, é preciso estudar o
texto original primeiramente. O ideal é uma leitura prévia para se ter conheci-
mento do todo, conforme Fiorin e Savioli (2007). Essa leitura deve responder
à seguinte questão: do que trata o texto? A partir dessa leitura, destaque as
ideias e argumentos centrais do autor.
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Os resumos apresentam, primeiro, as informações mais importantes, pre-


servando o estilo e a linguagem do original, por meio de palavras-chave e
frases que identificam rapidamente o conteúdo e o foco do original. Como
você pode imaginar, é necessária uma linguagem clara e objetiva. É preciso
prestar atenção nos elementos principais do texto lido. De acordo com Koopman
(1997), um artigo acadêmico-científico é composto pelos itens listados a seguir.

 Motivação: é a indicação da razão para se escrever sobre aquele as-


sunto e desenvolver aquela pesquisa. Nessa parte é indicada também
a relevância do assunto.
 Problema: consiste no problema que se procurou/procura resolver, bem
como na abrangência (tema geral ou situação específica). Em certas
situações, é indicado expor o problema antes, principalmente quando
o público-alvo não tiver familiaridade com o assunto.
 Metodologia: consiste em como o trabalho foi realizado, quais proce-
dimentos foram planejados e seguidos para resolver o problema, quais
abordagens e modelos foram usados para a análise.
 Resultados: são os resultados a que se chegou. Também se pode des-
crevê-los de modo específico ou geral.
 Conclusão: discute as implicações das respostas a que se chegou com
o trabalho, se os resultados são gerais, potencialmente generalizáveis
ou específicos a um caso.

Se o resumo for para seu estudo e não parte de um outro gênero (como artigo,
dissertação, tese), inclua informações bibliográficas conforme as normas da ABNT (ou
outras que esteja usando):

SOBRENOME, N. Título da obra. Local de publicação: Editora, ano.


Número de páginas.

Essas informações devem preceder o restante do resumo e ser exibidas em linha


diferente.

É importante incluir, ao final do resumo, as palavras-chave. Elas são


indicadas em nova linha, com o termo “Palavras-chave” em negrito, seguido
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de dois pontos e com três a cinco palavras ou expressões que representem o


assunto do trabalho. Cada uma delas deve ser separada das demais por ponto
e vírgula ou por ponto.

No link a seguir, você pode encontrar um exemplo de resumo.

https://bit.ly/2Csk3Tw

Resenha
Assim como para escrever um resumo, também é necessário estudo do trabalho
alvo para a resenha. É importante uma leitura inicial para se ter conhecimento
do todo (no caso de trabalhos escritos, já que se pode fazer resenhas sobre
filmes, peças, etc.). Essa primeira leitura deve ser seguida de quantas outras
forem necessárias para a elaboração da resenha. A resenha descritiva contém
duas partes, enquanto a crítica também apresenta apreciação. A seguir, você
pode ver os elementos que compõem a resenha.

 Informações de referência:
■ nome(s) do(s) autor(es)
■ título completo e exato da obra (ou do artigo)
■ nome da editora
■ lugar e data de publicação
■ número de volumes e páginas
 Resumo (digesto):
■ indicação do assunto da obra e da perspectiva teórica (ponto de
vista), método, tom, etc.
■ organização do trabalho (conteúdo dos capítulos ou das partes)
 Apreciação:
■ julgamento crítico da obra
■ avaliação da relevância
■ posicionamento sobre se há originalidade
■ descrição do estilo do autor (conciso, prolixo, metódico, etc.)
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Artigo
Independentemente do tipo de artigo, ele possui mais ou menos os mesmos
elementos, mas alguns deles podem apresentar uma ordem diferenciada,
dependendo das normas de publicação e do meio a que se submete o trabalho.
Os artigos apresentam: título do trabalho, autor, credenciais do autor, local
das atividades, resumo (na língua vernácula ou estrangeira), corpo do texto
(introdução, desenvolvimento e conclusão), referências.
Tradicionalmente, qualquer gênero acadêmico deve ser escrito ou na terceira
pessoa do singular (impessoal) ou na primeira pessoa do plural. Se for um texto
sobre o trabalho de outra pessoa, prefira sempre a terceira pessoa. Se for sobre
trabalho próprio, você pode escolher, mas lembre-se de manter a mesma pessoa
em todo o texto. A linguagem deve ser clara e objetiva. Você também pode usar
uma linguagem específica de determinada área quando o público é específico,
ou uma linguagem menos técnica quando o texto é dirigido a leigos.

Veja mais algumas dicas sobre a elaboração de artigos científicos no link abaixo.

https://goo.gl/Zqtmmn

Na introdução, são apresentados o contexto (precedentes) da pesquisa, o


tema, os objetivos e a justificativa. Se for um artigo teórico-argumentativo
(como é comum nas ciências sociais e áreas humanas), o desenvolvimento é
mais livre. Entretanto, quando o artigo envolve experimentos, a estrutura é
mais delimitada. Nesse caso, é preciso tratar de metodologia, resultados e
discussão. Na metodologia, é descrito como foi feito o experimento, o local,
as condições, o tamanho das amostras ou do corpus, o delineamento e os
tratamentos, o controle das condições experimentais, as variáveis e o controle
de variáveis, a análise estatística e o parecer da comissão de ética (quando for
o caso). Nos resultados, estes são descritos, incluindo a análise estatística. Na
discussão, é feita a relação entre hipóteses e resultados, implicações teóricas
e práticas e a explicitação dos limites das conclusões, assim como recomen-
dações para pesquisas futuras. Por último, são apresentadas as conclusões a
que se chegou com a pesquisa.
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Em português, é utilizado apenas o termo “artigo”, mas em inglês existem os termos


article e paper. Eles se diferenciam com relação ao meio em que são publicados. Os
articles são publicados em revistas (journals). Os papers podem ser parte de uma
avaliação numa instituição de ensino ou submetidos a anais de eventos. Além disso,
eles não precisam de resumo.

Monografia
Independentemente do tipo de monografia, há três grupos de elementos que a
compõe: pré-textuais, textuais e pós-textuais. Observe o Quadro 1.

Quadro 1. Elementos de uma monografia

Estrutura Elementos

Pré-textuais Capa (obrigatório)


Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Ficha catalográfica (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória (opcional)
Agradecimento (opcional)
Epígrafe (opcional)
Resumo em língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Textuais Introdução
Desenvolvimento
Conclusão/Considerações finais
Pós-textuais Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Apêndice (opcional)
Anexo (opcional)
Índice (opcional)

Fonte: Adaptado de Medeiros (2003, p. 261).


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A introdução ajuda a guiar a produção escrita. Contudo, é fundamental


que seja um dos últimos elementos a serem escritos. A introdução, assim como
a conclusão, é sobre todo o trabalho e deve apresentar coesão e coerência. Na
introdução, você deve apresentar: objeto do trabalho e delimitação, objetivos,
problema/problematização, hipótese(s), justificativa, metodologia, destaque
de abordagens teóricas relevantes no texto, descrição de como o texto está
organizado (quantos capítulos ou seções e sobre o que se fala em cada um).
A maior parte desses elementos é estabelecida no projeto. Logo, se este tiver
sido bem feito, boa parte de sua introdução estará encaminhada.
Há dois tipos de objetivos. O objetivo geral é o resultado que se espera com a
pesquisa/trabalho, isto é, “onde você quer chegar”. Os objetivos específicos são
os passos que você precisa traçar para alcançar esse objetivo geral. Quaisquer
que sejam os objetivos, eles são sempre expressos com verbos no infinitivo.

Alguns verbos não são ideais para objetivos de trabalho de pesquisa, como “refletir”,
“discutir”, “debater”. Para ajudá-lo a estabelecer seus objetivos, você pode consultar a
taxonomia de Bloom no link abaixo.

https://bit.ly/2E5LQdX

A questão norteadora ou problema é o que você quer resolver, desco-


brir. A resposta provisória é a hipótese, que será corroborada ou refutada.
É importante também informar qual é a relevância do seu trabalho, interna
(importância teórica) e externa (prática), ou seja, a justificativa para o seu
trabalho, o motivo pelo qual você está elaborando-o. Quanto à metodologia, é
uma apresentação breve do método que foi utilizado para realizar a pesquisa,
contendo também seu tipo (teórico-argumentativo, experimental ou de caso).
O desenvolvimento é o centro do trabalho, a etapa em que se desenvolve
a argumentação e a dissertação dos pontos principais a serem levantados. Ele
deve apresentar a fundamentação teórica, a metodologia de modo completo,
a discussão dos resultados e as hipóteses. Por último, há a conclusão, em que
se deve retomar o que foi feito e os resultados obtidos, além de sumarizar as
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hipóteses, informando se foram ou não corroboradas. A conclusão também


inclui perspectivas sobre o tema e o trabalho, como potencial aplicação e
assuntos a serem desenvolvidos ou aprofundados.

Para que escrever


Todos os gêneros textuais têm um propósito, isto é, uma razão pela qual são
escritos. Eles atendem a uma função e aos objetivos de quem escreve. A seguir,
você pode ver os propósitos dos gêneros textuais que estudou neste capítulo.
Um resumo tem dois objetivos centrais, conforme informação do The Writing
Center (c2018) da Universidade da Carolina do Norte: seleção e indexação. Ele
ajuda os leitores a selecionar o texto original, por permitir avaliar se este é relevante
ou não a seus objetivos. Permite a bancos de dados indexar trabalhos maiores. Os
resumos são escritos quando se vai submeter um artigo a uma revista; concorrer a
financiamento de pesquisa; escrever uma proposta de livro, de capítulo de livro,
de artigo para uma conferência; ou completar a tese ou a dissertação.
Uma resenha, principalmente a crítica, permite à audiência (ouvinte,
telespectador) ter uma ideia prévia sobre a qualidade do trabalho, não só sobre
seu conteúdo ou relevância. As resenhas sobre filmes (críticas) apresentam
um impacto sobre a audiência, podendo torná-la mais ou menos receptiva,
valendo o mesmo princípio para obras literárias. Já no âmbito acadêmico,
ajudam também a compreensão do leitor, como ocorre com as reviews. Para
o resenhista, como já dito, a escrita de resenhas é um ótimo exercício. Por
seu caráter crítico, elas auxiliam no desenvolvimento da discussão teórica de
trabalhos maiores, como artigos e monografias.
Os artigos servem, quando publicados, para divulgação e difusão de conhe-
cimento. Além disso, permitem (no caso de estudos experimentais) a repetição
das experiências para corroboração ou refutação dos resultados publicados. Eles
também são usados para exercício e para avaliação em instituições de ensino.
O TCC não é mais obrigatório, o que significa que cada instituição, cada
curso, tem autonomia de colocá-lo como requisito. Já a dissertação e a tese
são requisitos obrigatórios para obtenção de grau, ou seja, não dependem da
instituição. É comum que esses textos sejam transformados em um ou mais
artigos após a conclusão do curso, por sua extensão e seu escopo mais abrangente.
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Leituras recomendadas
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GOMES, R. J. I. R. Reflexões sobre a pratica docente à luz da neurolinguística discursiva.
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