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ESA – Curso Tecnológico de Desporto – 12º Ano

Não sei ser triste a valer


1ª Estrofe:
Nem ser alegre deveras.
Nos três primeiros versos o sujeito poético refere-se a si próprio como não
Acreditem: não sei ser. sabendo ser triste, nem alegre nem ser.
Serão as almas sinceras Nos outros dois versos já se interroga sobre a hipótese de as outras pessoas
Assim também, sem saber? partilharem do mesmo problema que ele.

Ah, ante a ficção da alma 2ª Estrofe:


E a mentira da emoção, A mudança entre os tons interrogativo (1ª estrofe) e exclamativo (2ª
Com que prazer me dá calma estrofe), que passa depois para um tom declarativo é de simples análise. É
Ver uma flor sem razão claro que Pessoa tenta nas duas primeiras estrofes estabelecer a sua
Florir sem ter coração! comparação - a linha condutora, pelas evidências e semelhantes entre pensar
e florir. Por isso ele primeiro interroga e depois afirma para si mesmo a
realidade.
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
3ª Estrofe:
Sem querer a gente pensa.
O sujeito poético estabelece um paralelo entre as flores e as pessoas pois
O que nela é florescer
florem e pensam sem querer respectivamente pois faz parte dos seus ciclos
Em nós é ter consciência.
de vida.

Depois, a nós como a ela,


4ª Estrofe:
Quando o Fado a faz passar,
Ciclo da vida tanto das flores como das pessoas. As flores nascem, florescem
Surgem as patas dos deuses
e morrem e as pessoas nascem, pensam e morrem.
E a ambos nos vêm calcar.
É atribuída aos deuses e ao Fado (destino) a responsabilidade pela morte
das flores e das pessoas.
‘Sta bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar. 5ª Estrofe:
Já que o ciclo de vida é inalterável compete-nos aproveitar a nossa vida.

É na 1ª quadra que o sujeito poético reflecte sobre a sinceridade das pessoas, para ele estas vêem o
“ser sincero” como “ser verdadeiro”, mas ele vê a sinceridade de um ponto de vista intelectual, ou seja,
a sinceridade não é entendida em termos de verdade ou mentira, mas sim como a capacidade de usar a
inteligência que transforma as sensações em ideias.
Fernando Pessoa escreve sobre a flor, pois esta é desprovida de razão, contrariamente ao Homem, por
outro lado, eles são semelhantes, no aspecto em que, tal como a “flor flore” naturalmente, também o
Homem pensa, sendo este acto natural. a razão pela qual o poeta não consegue “ser triste a valer /
Nem alegre deveras” é porque não consegue libertar-se da dor de pensar e viver apenas ao nível do
sentir, como acontece com a flor. Ele vê na flor aquilo que deseja ser, pois esta é desprovida de razão.
É também visível no poema a ideia da força esmagadora da morte e do Destino que se abatem sobre o
poeta e a flor. Fernando Pessoa apercebe-se que a morte é uma coisa certa, pois nascemos logo
morremos, enquanto esta não vem, e ele não consegue deixar de pensar termina o poema dizendo
“Vamos florir ou pensar”sendo este um verso que se aplica à vida, pois muitas vezes deparamo-nos com
situações às coisas não podemos fugir, só nos resta aceita-las.

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