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Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI

MINICURSO: CONSTRUINDO UM BOM ARTIGO

Autores:
Érica Augusta Pachêco - ericaapacheco@gmail.com
Maria Clara Martins de Souza – mariaaclaramartins@gmail.com

2016
Juiz de Fora/MG
Minicurso: Construindo Um Bom Artigo
Autores: Érica Augusta Pachêco
Maria Clara Martins de Souza
Juiz de Fora/MG – 01 e 02 de dezembro de 2016

Essa apostila foi construída com o objetivo de auxiliar o leitor na obtenção de um bom
artigo. Para isso, concentra-se nos tópicos mais cobrados pelas revistas científicas, eventos e
também por professores em avaliações ao final dos cursos: resumo, introdução, referencial
teórico, procedimentos metodológicos, resultados, discussão e conclusão.
Dessa forma, ao final do estudo do presente material, o estudante deverá ser capaz de:
 Citar os principais tópicos exigidos para a construção de um artigo;
 Identificar esses tópicos em artigos científicos construídos por terceiros;
 Descrever as características de cada tópico;
 Aplicar os conceitos de forma a redigir um artigo científico;
 Analisar como melhorar a redação de um artigo.

1. RESUMO
O resumo é a primeira parte do texto e possui uma quantidade predeterminada de
palavras, definida pela revista/evento, mas geralmente é de 250 palavras. No resumo os
autores devem expor o objetivo do artigo, a metodologia utilizada para solucionar o problema
e os resultados alcançados.
É o primeiro contato do leitor com o trabalho, ou seja, deve atrair a atenção e instigar
o leitor sobre o trabalho em questão. Deve ser feito de forma concisa contendo:
● Motivação e importância do trabalho;
● Objetivos;
● Procedimentos metodológicos;
● Principais resultados (de forma sucinta, sem revelar tudo);
● Contribuições.
Embora seja o primeiro elemento do artigo, o resumo deve ser a última parte a ser
elaborada. Já que aborda de maneira sintética todo o trabalho realizado.

Exemplo 1
A sucessão é um dos maiores desafios para as empresas familiares. Assim, o objetivo
geral da pesquisa foi descrever e analisar elementos envolvidos na preparação de
sucessores. Como locus para o estudo de processos sucessórios em empresas
familiares, elegeu-se o município de Chapecó, Santa Catarina. Adotou-se,
predominantemente, a perspectiva da pesquisa qualitativa de caráter descritivo para
a abordagem de um estudo de caso múltiplo. A primeira frente de pesquisa foi a
revisão bibliográfica, seguida por uma pesquisa de campo que coletou dados por
meio de entrevistas, pesquisa documental e registro de observação sistemática. Como
principal resultado, observou-se que a preparação de sucessores passa pelos fatores:
influências do fundador, socialização multigeracional, aspectos demográficos e
aprendizagem.
Palavras-Chave: empresa familiar; sucessão; aprendizagem.
Fonte: Teston e Filippim (2016)

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Autores: Érica Augusta Pachêco
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Exemplo 2

Este artigo tem como objetivo analisar três variáveis de configuração do ambiente
competitivo dos bancos comerciais no Brasil: regulação, concentração da indústria e
tecnologia. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas e um painel Delphi com
treze especialistas do setor bancário, compreendendo executivos, gestores e
acadêmicos. A partir de uma análise de conteúdo, os principais resultados
evidenciados foram: uma tendência de manutenção da concentração da indústria no
País com restritos espaços de atuação para bancos de pequeno e médio porte;
possíveis disrupções na arena de competição devido a novas tecnologias; e a
consolidação do telefone celular como principal catalisador das transações bancárias
e meios de pagamento. A pesquisa dá suporte a argumentos teóricos acerca da
efemeridade de grupos estratégicos e contribui para a discussão e escolha de
indicadores coerentes para a mensuração da vantagem competitiva em bancos
comerciais.
Palavras-Chave: administração estratégica; estratégia competitiva; bancos
comerciais; análise de conteúdo; painel Delphi
Fonte: Lima (2016)

2. INTRODUÇÃO

A introdução de um artigo científico deve situar o leitor no contexto do tema e oferecer


uma visão global do estudo, definir o problema a ser tratado, situá-lo no contexto histórico
justificando sua relevância, fornecer informação básica para entendê-lo, relatar os objetivos e
as justificativas que levaram o autor a tal investigação, apontar as questões de pesquisa para
as quais buscará as respostas e definir o escopo do estudo em questão.
Para Pereira (2011, 2012), a introdução tem o intuito de despertar o interesse do leitor e
fazê-lo prosseguir na leitura. No intuito de agradar leitores e editores científicos, o texto deve
ter certas características, entre as quais, concisão, clareza, exatidão, sequência lógica e
elegância. Os editores científicos apreciam introduções curtas, mas com informações
suficientes e adequadas.
A introdução pode ser elaborada em subseções ou em texto corrido, a critério do autor e
dos locais onde o trabalho será submetido, mas deve conter os seguintes pontos:
● Contextualização do tema: utilize uma sequência lógica de argumentos ou pontos
principais. A seleção criteriosa da informação apresentada demonstra que os autores
têm conhecimento da área e sabem da relevância do problema que estão propondo
investigar. Utilize algumas citações de artigos relevantes em relação ao tema proposto.
Pereira (2011) sugere critérios utilizados para escolher as citações tais como
relevância, acessibilidade e atualidade;

● Justificativa do trabalho e sua relevância: Gil (2002) sugere discorrer sobre os


fatores que determinaram a escolha do tema por meio de argumentos relativos à
importância da pesquisa, do ponto de vista teórico, metodológico ou empírico,

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indicando possíveis contribuições para o conhecimento de alguma questão teórica ou


prática ainda não solucionada.
● Definição e delimitação do problema de pesquisa: Nesta parte, deve-se deixar claro
o problema que se pretende responder com a pesquisa, assim como sua delimitação
espacial e temporal (GIL, 2002).
● Objetivos/ hipóteses: Os objetivos que se pretende atingir com o desenvolvimento da
pesquisa devem ser precisos e apresentados de maneira clara. Gil (2002) recomenda
utilizar verbos de ação, como identificar, verificar, descrever e analisar.
● Formulação de hipóteses: Quando a pesquisa envolve hipóteses, é necessário deixar
explícitas as relações previstas entre as variáveis. Estas devem ser discutidas no
decorrer da pesquisa e conduzirão a um resultado final podendo ser este positivo ou
negativo.
● Escopo do trabalho: informar ao leitor como o restante do trabalho está estruturado.

Exemplo 3

A questão da sucessão é um tema recorrente na pauta das empresas familiares, fato


que motiva a iniciativa de aprimorar o entendimento a respeito do comportamento desse tipo
de fenômeno e dos elementos que o constituem, bem como das contingências que emergem da
sua ocorrência nas organizações. A novidade deste estudo, em relação a outros, reside em
buscar atender uma lacuna nas pesquisas com foco em sucessão, especialmente no que
concerne à reflexão sobre possibilidades mais sistêmicas para a preparação de sucessores.
A empresa familiar demonstra muitas particularidades. Entre elas, pode-se destacar a
lealdade entre os membros da família (Kets De Vries, 1993); o compartilhamento de
objetivos, valores e significados comuns (Longenecker, Moore, & Petty, 1997); a perspectiva
de longo prazo; o zelo pela reputação da empresa; e a facilidade em manter o foco (Allio,
2004; Kets De Vries, 1993). Porém, apesar desses aspectos, notadamente positivos, a
organização familiar também enfrenta desafios a vencer.
Entre os principais desafios, cabe destacar os efeitos da sobreposição das dimensões
família e empresa, a dificuldade de separar as ações familiares das decisões empresariais e a
supervalorização das relações afetivas (Peiser & Wooten, 1983). Esses fatores, entre outros,
podem contribuir para que as chances de sobrevivência das empresas familiares diminuam a
cada nova geração, por isso, a relevância da investigação sobre a preparação de sucessores.
Acredita-se que este estudo possa contribuir com o tema da sucessão em empresas familiares
à medida que apresenta para o debate, tanto dos pesquisadores do fenômeno quanto das
organizações que enfrentam o desafio da sucessão, uma reflexão acerca da preparação de
sucessores.
Para manter a empresa viva e sob o poder da família, é condição a existência de
sucessores preparados para dar continuidade aos negócios. Esse aspecto norteou a questão
central da pesquisa que deu base a este artigo: Como preparar sucessores para a gestão de
empresas familiares?
Para atender a essa questão central, o estudo teve como objetivo geral descrever e
analisar elementos envolvidos na preparação de sucessores. Entre os objetivos específicos
estão: (a) verificar possíveis influências do fundador no processo de sucessão; (b)
compreender a legitimação do sucessor, por meio dos processos de socialização
multigeracional; (c) analisar as consequências das características demográficas no processo
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de sucessão familiar; e (d) compreender quais são as formas pelas quais um sucessor
aprende.
Por meio de uma contextualização sobre o tema da pesquisa, segue uma revisão de
literatura sobre as temáticas abordadas no quadro teórico de referência. Na sequência,
apresentam-se o método adotado para o estudo e a análise dos resultados.

Fonte: Teston e Filippim (2016)

2.1 QUESTÃO PROBLEMA

Problemas formulados de maneira inadequada podem colocar por terra todo um


trabalho que, em geral, consome bastante tempo e energia de seu realizador (VERGARA,
2009). O autor propõe algumas regras práticas para a formulação do problema:

● Verificar antes de tudo, se o que se pensou é, realmente, um problema científico.


Se a solução científica é impossível, claro que o problema não é científico;
● O problema deve ser formulado sob forma de pergunta. A pergunta deve ser clara
e concisa. Palavras a mais ou a menos podem confundir o pesquisador e o leitor;
● O problema deve ser colocado dentro de um tamanho que contribua para a
factibilidade da solução. É preciso selecionar variáveis, definir a perspectiva
temporal-espacial e outros elementos com os quais se possa lidar, colocando a
tarefa em proporções acessíveis.

Exemplo 4

Tema: Acidentes de trabalho

Problema: Qual a influência dos programas de qualidade total na redução dos


acidentes de trabalho nas empresas de siderurgia localizadas no sul-fluminense?

2.2. OBJETIVO

Se o problema é uma questão a investigar, objetivo é um resultado a alcançar


(VERGARA, 2009). É o ponto de apoio para a composição de todo o texto. Quem avalia a
qualidade de um artigo costuma verificar se o texto reflete o objetivo e, em especial, se
objetivo e conclusão possuem associação. Daí a importância de ter presente o objetivo durante
a redação. Recomenda-se utilizar objetivos específicos juntamente com o principal. Esses
devem encaminhar o trabalho para o alcance do objetivo principal.

Os objetivos específicos são as etapas necessárias para se alcançar o objetivo final. Em


geral, temos um mínimo de dois e um máximo de quatro objetivos específicos. É possível
associar um objetivo específico ligado ao referencial teórico, um ou dois objetivos específicos

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ligados à metodologia e um último ligado à conclusão (planejada) da pesquisa. As frases


devem ser curtas, claras e precisas (ou seja, bem objetivas).

Exemplo 5

Objetivo geral: analisar o processo de inovação da empresa Natura Cosméticos S.A. a partir
de um modelo desenvolvido especificamente para empresas em países emergentes
(ZAWISLAK et al. 2014).

Objetivos específicos:

Identificar as principais atividades (projetos, estratégias e programas) associadas à


gestão da inovação da Natura Cosméticos S.A.;

Descrever como as atividades de inovação da Natura Cosméticos S.A. se alinham ao


modelo de capacidades de inovação proposto por Zawislak et al. (2014);

Relacionar as capacidades de inovação da Natura Cosméticos S.A. com seus resultados


nas dimensões tecnológicas e econômicas.

Fonte: elaboração própria

A Taxonomia de Bloom (1956) e sua classificação hierárquica de objetivos de


aprendizagem também pode ser utilizada para definir os objetivos da pesquisa como uma base
para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas
para facilitar, avaliar e estimular o desempenho em diferentes níveis de aquisição de
conhecimento. Conforme ilustrado no quadro 1, define-se o objetivo principal em uma das
colunas da escala e os objetivos específicos serão aqueles que antecederam a coluna utilizada.

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Quadro 1 - Taxonomia de Bloom aplicada aos objetivos da pesquisa

Conhecer Compreender Aplicar Analisar Sintetizar Avaliar


Apontar Classificar Demonstrar Classificar Constituir Constratar
Definir Descrever Empregar Comparar Criar Crititcar
Denominar Discutir Ilustrar Criticar Desenvolver Detectar
Descrever Explicar Interpretar Debater Elaborar Eliminar
Enumerar Identificar Programar Examinar Esquematizar Justificar
Identificar Relatar Inferir Estabelecer Explicar
Listar Investigar Formular Selecionar
Relatar Relacionar Modificar Validar
Ordenar Organizar
Propor

Fonte: Ferraz e Belhot (2010).

2.3 HIPÓTESES

Tentativa de oferecer uma solução possível mediante uma proposição, ou seja, uma
expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa (GIL, 2002). As hipóteses,
respostas possíveis e provisórias em relação às questões de pesquisa tornam-se também
instrumentos importantes como guias na tarefa de investigação (LAKATOS e MARCONI,
1995).

As hipóteses possuem características como:


● Ter enunciado, ser uma sentença declarativa;
● Possuir uma relação entre duas ou mais variáveis (parâmetros);
● Ser testável, passível de (comprovação), por processos de observação e/ou
experimentação.

Exemplo:

H1: A educação empreendedora é positivamente relacionada com a intenção


empreendedora;
H2: A educação empreendedora é positivamente relacionada com a personalidade;
H3: A intenção empreendedora é positivamente relacionada com a educação
empreendedora.
Fonte: Lima et al (2015)

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A formulação de hipóteses está vinculada ao problema da pesquisa e correlacionada às


variáveis, estabelecendo, assim, uma união entre teoria e a realidade científica com o sistema
referencial e a investigação (FACHIN, 2005). As hipóteses devem ser elaboradas sem
ambiguidades e com referências. Se faz necessário que a hipótese passe pelas etapas de
testagem operacional, do contrário, não é possível ser avaliada.

O mesmo autor relata que o ciclo das hipóteses é constante, à partir do problema, passam
a reunir-se em sistemas cada vez mais amplos e coerentes até as conclusões finais, obtendo
generalidades cada vez mais aprimoradas, abrangentes e complexas.

Figura 1 - Ciclo das hipóteses

Discutir sobre o Observação dos Levantamento do Construção das


assunto fatos problema hipóteses

Construção da Sistema de Conceitos


Testes mensuráveis
variáveis hipótese concluído Operacionais

Hipóteses
Comprovação das Aceitação/rejeição
correspondem à
hipóteses das hipóteses
expectativa

Fonte: Fachin (2005)

Ao revisar a introdução, tente identificar os pontos principais de cada parágrafo e


certifique-se de que os itens acima estão presentes. E lembre-se de eliminar detalhes de menor
importância que podem ser tratados em outras seções.

Algumas questões podem ser feitas de forma que o autor possa refletir sobre seu projeto
de pesquisa e ajudar a nortear o estudo, tais como:

● Qual o problema que será investigado?


● Quais os objetivos da pesquisa?
● Qual cenário onde ocorrerá a pesquisa?
● Qual a relevância do estudo? Em que campo do conhecimento se insere?

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Exercício

Identifique na introdução abaixo a justificativa da pesquisa, questão problema e o objetivo.

Das instituições que atuam no mercado financeiro, os bancos comerciais cumprem


uma função fundamental: são intermediários com a missão de financiar o consumo das
famílias e de fornecer recursos de curto e médio prazo a empresas. Além disso, são
responsáveis pelo papel de multiplicador da moeda captando recursos financeiros do público
em geral via depósitos à vista e a prazo (Johnson & Johnson, 1985; Reed & Gill, 1994).
Desde as últimas duas décadas do século XX, esse segmento do setor financeiro tem
passado por grandes transformações, resultado não só da evolução dos mercados em todo o
mundo, mas também da influência de forças em seu ambiente de competição, como a
crescente regulação, a tendência de concentração da indústria, a globalização e novos
avanços tecnológicos (Hawkins & Mihaljek, 2001). Essas forças, por sua vez, exigem uma
administração cada vez mais sofisticada, assim como o aprimoramento de competências
específicas e fundamentais a essas instituições. Partindo dessa realidade, esta pesquisa foca
o ambiente competitivo dos bancos comerciais, caixas econômicas e bancos múltiplos com
carteira comercial no Brasil, sendo edificada sobre o seguinte problema de pesquisa: de que
maneira os fatores de configuração do ambiente competitivo, a saber, a regulação, a
concentração da indústria e a tecnologia, estarão caracterizados no âmbito da indústria
bancária brasileira nos próximos dez anos? Para responder a essa pergunta foi proposto o
seguinte objetivo de pesquisa: analisar os fatores de configuração, como a concentração da
indústria, a regulação e a tecnologia para a indústria de bancos comerciais no Brasil em um
horizonte temporal de dez anos.
Nesta pesquisa, uma análise da estrutura da indústria do varejo bancário pode ser
justificada por três considerações. Inicialmente, tendo em vista a tendência de concentração
bancária, causada em grande parte pelo aumento dos custos estruturais, torna-se relevante
investigar a possibilidade de aproveitamento de espaços existentes de competição para
bancos de menor porte, principalmente diante do desenvolvimento e acesso a
tecnologias/sistemas de informação e novos modelos de negócio. Em segundo lugar, a análise
justifica-se devido ao aumento da renda média per capita no Brasil (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística [IBGE], n.d.). Entretanto, como uma grande parcela da população
ainda não possui acesso a produtos e serviços bancários, evidencia-se um contexto único
para a indústria no País: há um horizonte promissor em termos de potencial de mercado,
porém bastante desafiador, especialmente em relação ao processo de aproximação e
abordagem do cliente em potencial e a como educá-lo quanto ao uso dos produtos e serviços
a sua disposição.
De acordo com Brown e Dant (2008), contribuições relevantes à literatura podem vir
de novos insights fornecidos pela aplicação criativa de diferentes metodologias de pesquisa;
segundo os autores, além da descoberta de novos insights, são exemplos dessas contribuições
a reconciliação de resultados contraditórios, a ligação de espaços não explorados do
conhecimento e a clarificação das fronteiras da teoria. Nesse sentido, esta pesquisa ilustra
como aspectos da visão baseada na indústria (custos de regulação enquanto barreiras de
entrada) são influenciados por aspectos da visão baseada nos recursos (know-how
tecnológico e capacidades analíticas de bases de dados). A pesquisa evidencia uma relação

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ainda não muito clara sobre como capacidades que podem se configurar como competências
centrais podem afetar as fronteiras de uma arena de competição ou de um grupo estratégico.
Assim, este estudo coloca em perspectiva os espaços de competição da indústria no
Brasil, cujo mercado é repleto de singularidades e requer um modelo de gestão amiúde
idiossincrático. O estudo procura, assim, revelar insights sobre como novos modelos de
negócio podem preencher espaços na oferta de intermediação, assim como ganhar um
entendimento sobre como players atuais, nacionais e internacionais, podem estar mais
alinhados a questões específicas que caracterizam o mercado brasileiro.
Dentre os diversos fatores de configuração do ambiente competitivo para os bancos, optou-se
pela ênfase em regulação, tecnologia e concentração da indústria, por representarem as
maiores forças de transformação do setor (Dermine, 2013; Facó, Diniz, & Csillag, 2009).
Além disso, a pesquisa exemplifica procedimentalmente um levantamento da situação
competitiva de um setor, além de definir assertivamente variáveis que possam explicar a
competitividade de organizações. Para administradores em geral, este trabalho pode servir
como subsídio para decisões táticas e estratégicas. Com isso, esta pesquisa atende ao critério
rigor-relevância da pesquisa científica, enfatizado por Nowotny, Scott e Gibbons (2001),
Starkey, Hatchuel e Tempesta (2009) e Weick (2001).

Fonte: LIMA (2016)

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Para alguns trabalhos, a bibliografia não é apenas um elemento, mas o único ou principal.
Isso ocorre quando o estudo científico ocorre por meio de textos já publicados. Entretanto, o
mais comum é ser peça de apoio à pesquisa que será desenvolvida. Essa etapa é fundamental
não apenas antes, mas também durante e após o estudo (RICHARDSON; PERES;
WANDERLEY; CORREIA; PERES, 1999).

O principal objetivo desse tópico, quando a pesquisa se encaixa no último caso, deve ser
descrever estudos anteriores realizados por autores que investigaram o tema do artigo a ser
construído, mais especificamente o problema descrito na introdução. Constitui-se em
oportunidade para buscar o que foi feito, por qual (is) motivo (s) e as dimensões ou
profundidade em que foi abordado a questão/ hipótese a ser estudada. Não é necessário
investigar toda a literatura, mas a mais significativa. Ou seja, o que as autoridades no assunto
afirmam? (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY; CORREIA; PERES, 1999).

Refere-se, dessa forma, a uma revisão da literatura sobre teorias e as críticas inerentes a
essas (VERGARA, 2009). É importante expor a ligação entre a bibliografia pesquisada e a
situação problema, não se trata de apenas apresentar uma relação de referências bibliográficas
(nomes de livros, artigos e autores) (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

Os insumos podem ser buscados em várias fontes como mídia eletrônica, livros,
periódicos, teses, dissertações, relatórios de pesquisa e etc. Como sugestão, após selecionar
vários materiais, leia o sumário ou o resumo e descarte os que não adicionarão valor à solução
do problema. Em seguida, faça a leitura exploratória dos demais materiais. E, por fim, leia

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com profundidade os restantes (VERGARA, 2009). Sempre verifique a confiabilidade da


fonte pesquisada. Uma sugestão é consultar o site
―https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/lista
ConsultaGeralPeriodicos.jsf‖ e verificar a nota CAPES atribuída ao artigo.

Sauaia (2007) estabelece os seguintes itens como facilitadores da estrutura do referencial


teórico: modelos conceituais discutidos por autores (dados secundários), opiniões de autores
discordantes/ contrapontos e resultados de outros estudos que discutem o tema. Dessa forma,
é relevante apresentar os conceitos atrelados ao problema da pesquisa, assim como os prós e
os contras de cada um.

Exercício

Considerando que os itens de uma revisão bibliográfica de um artigo devem refletir e


fornecer ao leitor uma base conceitual adequada ao entendimento do problema a ser
pesquisado, descreva quais temas poderão ser descritos no artigo ao ler cada um dos seguintes
problemas/ objetivos de pesquisa:

1) “[...]considerou-se relevante buscar compreender de que maneira se dá o processo


recursivo de capacidade de absorção e de aprendizagem organizacional por meio de
mecanismos de integração social.” (PICOLI; TAKAHASHI, 2016, p. 3)

2) “Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate sobre o impacto social no
âmbito dos programas brasileiros de pós-graduação em Administração de
Empresas.” (WOOD JR; COSTA; LIMA; GUIMARÃES, 2016, p. 22)

3) “Frente à necessidade de melhor compreender a relação entre estratégias de


sustentabilidade e Tecnologia da Informação (TI), objetivou-se, nesta pesquisa,
analisar a adoção da TI Verde nas organizações, examinando, mais especificamente,
os motivos de adoção, as práticas implantadas, os benefícios percebidos e as
dificuldades enfrentadas.” (SALLES; ALVES; DOLCI; LUNARDI, 2006, p.42)

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

De forma a facilitar o entendimento desse tópico em um artigo, é relevante entender a


diferença entre os termos ―metodologia‖ e ―método‖. O primeiro se refere à prática de
melhorar os procedimentos e técnicas utilizados em uma pesquisa, à preocupação em
transmitir o significado de procedimentos lógicos e epistemológicos do saber. Por outro lado,
o método (do grego méthodos) caracteriza-se pela trilha percorrida para atingir fim ou
objetivo específico (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

Em um artigo, o autor precisa ter como foco a descrição do método, ou seja, o caminho
percorrido para a execução da pesquisa descrita. Entretanto, o entendimento prévio da
metodologia é fundamental para escolhas corretas e adequadas ao problema de pesquisa.

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Dessa forma, esse capítulo é estruturado nos seguintes tópicos: primeiro, descrição da
metodologia quanto à classificação de pesquisas no que se refere a seus objetivos, meios e
abordagens do problema e às classificações inerentes ao processo de coleta de dados (natureza
das variáveis, escalas, tipo de variáveis e instrumentos). Em seguida, será descrito os tópicos
essenciais para escrever o método em um artigo científico.

4.1. CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS: OBJETIVOS, MEIOS E ABORDAGEM DO


PROBLEMA

Ao adentrar esse campo, o leitor perceberá existir uma variedade de autores e taxonomias
de tipos de pesquisa. Nesta apostila, será considerada a seguinte:

Dessa forma, quanto aos objetivos (fins), o estudo pode ser classificado como
exploratório, descritivo e explicativo. O primeiro é adequado quando o campo no qual o
problema a ser pesquisado possui poucos conhecimentos ordenados, sistematizados.
Dessa forma, não é necessário que o pesquisador forneça hipóteses previamente. Porém,
essas poderão ocorrer ao longo da coleta de dados (VERGARA, 2009).

As pesquisas descritivas, por sua vez, possuem como foco descrever uma população
ou fenômeno quanto às características ou estabelecer conexão entre variáveis. Geralmente,
utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados como questionários e observação
sistemática (GIL, 2002). Não possui a incumbência de explicar fenômenos, mas fornece
dados para isso. Como exemplo, as pesquisas de opinião se inserem nessa classificação
(VERGARA, 2009).

Por fim, os estudos explicativos visam fornecer os fatores determinantes ou que


contribuem para o acontecimento de determinado fenômeno. Constitui-se no tipo de
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pesquisa mais complexo, pois visa explicar o porquê dos eventos ocorrerem. Nas ciências
naturais, o método experimental é o mais utilizado. Entretanto, nas ciências sociais, a
utilização da pesquisa explicativa possui muitas barreiras justificadas nas dificuldades
inerentes ao controle necessário das variáveis que, muitas vezes, é impossível (GIL,
2002).

Quanto aos procedimentos técnicos (meios), é possível categorizar as pesquisas em:


bibliografia, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, expostfacto,
pesquisa-ação e participante. A primeira ocorre quando o pesquisador deseja buscar
principalmente em livros e artigos científicos os seus dados. Quase todos os estudos
possuem início com essa atividade, entretanto há aqueles concentrados apenas no
levantamento das fontes bibliográficas. O principal benefício desse tipo de pesquisa está
na possibilidade de análise de muitos fenômenos. Essa vantagem se justifica
principalmente quando os dados estão espalhados por um território muito amplo. Por
exemplo, seria muito complicado coletar dados em todo o território brasileiro sobre renda
per capita. Entretanto, é necessário se atentar à qualidade das fontes secundárias de modo
a não comprometer a qualidade da pesquisa (GIL, 2002).

O segundo tipo, pesquisa documental, se refere ao estudo sistematizado de registros


armazenados em órgãos públicos e privados ou com pessoas (VERGARA, 2009). Esses
documentos podem ser dos mais variados tipos como diários, gravações, fotos, filmes,
arquivos com registros de empresas e etc. A pesquisa documental se assemelha à
bibliográfica, a diferença está no fato de que a primeira utiliza dados primários, ou seja,
ainda não analisados por outro pesquisador; enquanto, a bibliográfica utiliza fontes
secundárias, dados já tratados anteriormente (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

A pesquisa experimental possui um viés positivista, ou seja, é conduzida por meio de


verificação rigorosa de forma a prover dados cientificamente comprovados pela ciência.
Os experimentos constituem-se em principal técnica que se enquadra a esse propósito de
identificar relações entre variáveis (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

Os levantamentos são adequados aos pesquisadores que optam por investigar questões
sobre a distribuição de uma variável ou das relações entre características de pessoas ou
grupos. São muito utilizados para análise de fatos e descrições. Diferentemente do tipo de
pesquisa anterior, muitas variáveis podem interferir nos processos estudados. Outra
característica marcante é o estudo de fenômenos que ocorrem naturalmente (MARTINS;
TEÓPHILO, 2009).

O estudo de caso se refere ao estudo aprofundado de um ou poucos objetos. Esse tipo


de estudo é amplamente utilizado pelas ciências biomédicas e sociais. Serve,
principalmente, aos seguintes objetivos: investigar situações cotidianas cujos limites ainda
são pouco conhecidos, conservar as características únicas do objeto estudado, relatar o
contexto no qual está sendo feita alguma investigação, buscar o desenvolvimento de
hipóteses e/ou teorias e elucidar as variáveis causais de algum fenômeno em situações
complexas em que é impossível utilizar levantamentos e experimentos (GIL, 2002).

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A investigação ex post facto é opção quando um evento ou situação já ocorreu. Além


disso, é utilizada quando não há possibilidade de controlar ou manipular as variáveis
estudadas (VERGARA, 2009). Possui a mesma lógica do estudo experimental, a diferença
está na manipulação das variáveis: ocorre na experimental, mas não na ex post facto
(MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

A pesquisa-ação possui como pré-requisito a intensa participação do pesquisador e


ação de pessoas ou grupos relacionados ao problema. Pressupõe intervenção na realidade
social. Devido a esse motivo, tem recebido intensas críticas por não se enquadrar nos
procedimentos científicos devido à falta de objetividade. Entretanto, é reconhecida sua
utilidade em pesquisas "reformistas" e "participativas" (GIL, 2002; VERGARA, 2009).

A última classificação quanto aos procedimentos técnicos (meios) se refere à pesquisa


participante. Esta não se esgota na figura do pesquisador e envolve outras pessoas
próximas ao problema (VERGARA, 2009). O mesmo ocorre com a pesquisa-ação. Muitos
autores, inclusive, empregam os dois termos como sinônimos. Entretanto, a última
pressupõe uma ação social, algo não exigido na pesquisa participante. Esta possui valores
derivados sobretudo do humanismo cristão e de concepções marxistas. Possui
compromisso com grupos desfavorecidos ao tentar minimizar a relação entre dirigentes e
subordinados (GIL, 2002).

Quanto à abordagem do problema, a classificação pode ser qualitativa ou quantitativa.


A opção pela última modalidade ocorre quando há intenção de garantir total precisão dos
resultados, evitar vieses de análise e interpretação e aumentar a margem de segurança
quanto às inferências. Normalmente, é escolhido em pesquisas descritivas, as com
objetivo de encontrar e classificar a relação entre variáveis e nas que buscam a
causalidade de eventos. Nesse contexto, caracteriza-se pela quantificação na coleta de
informações, tratamento dos dados por meio de técnicas estatísticas desde as mais simples
(média, desvio-padrão e etc) até as mais complexas (regressão, coeficiente de correlação,
teste qui-quadrado e etc) (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY; CORREIA; PERES,
1999).

A modalidade qualitativa de abordagem do problema pressupõe a simultaneidade da


coleta e análise dos dados, além do ambiente natural como origem destes e o pesquisador
como instrumento mais importante. É necessário contato prolongado e direto com o
ambiente, por isso é denominada também pesquisa naturalística. Como características
principais, é possível citar: os dados são predominantemente descritivos (caracterização de
pessoas, situações, eventos e etc); foco no processo, não apenas nos resultados e produto;
análise indutiva dos dados (não é necessário formular hipóteses anteriormente, pois essas
surgem à medida que a coleta de dados ocorre) e atenção aos significados (é primordial
capturar a percepção dos participantes envolvidos no estudo) (MARTINS; TEÓPHILO,
2009).

No quadro abaixo, é possível observar uma comparação entre os paradigmas


qualitativo e quantitativo:

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Quadro 2 - comparação entre os paradigmas qualitativo e quantitativo

PARADIGMA QUALITATIVO PARADIGMA QUANTITATIVO


1. Preferência por avaliações qualitativas. 1. Preferência por avaliações quantitativas.
2. Preocupado em entender, compreender e 2. Procura dos fatos e causa do fenômeno social
descrever os comportamentos humanos através através de medições de variáveis.
de um quadro de referência.
3. Enfoque fenomenológico e enfoque 3. Enfoque lógico-positivista.
dialético.
4. Sistemas de descrições não controladas, 4. Sistemas de medições controladas.
observação natural.
5. Subjetivo: perspectiva interior perto dos 5. Objetivo: perspectiva externa, distanciamento dos
dados. dados.
6. Profundo: orientado para a descoberta, 6. Superficial, orientado para a verificação;
exploratório, descritivo, indutivo. reducionista, baseado na inferência hipotético-
dedutiva.
7. Orientado para o processo. 7. Orientado para o resultado.
8. Holístico: visa síntese. 8. Particularizado: visa a análise.

Fonte: (MARTINS; TEÓPHILO, 2009)

4.2. CLASSIFICAÇÕES NO PROCESSO DE COLETA DE DADOS

Ao descrever o processo de coleta de dados, o autor deve ter conhecimentos sobre


classificação dos dados, escalas, variáveis e instrumentos. Da mesma forma que ocorre nas
taxonomias existentes para a classificação das pesquisas, há uma ampla variedade de formas
para definir os fatores envolvidos na coleta de dados. A opção adotada por essa apostila
seguirá a seguinte proposta:

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4.2.1. NATUREZA DAS VARIÁVEIS

Ao descrever a natureza dos dados, esses poderão ser classificados como primários ou
secundários. Se inseridos no primeiro grupo, significa que o pesquisador é o primeiro a
analisar aqueles resultados de pesquisa, ou seja, nenhum outro autor os interpretou
anteriormente. Exemplos: dados coletados durante entrevistas, grupos de foco ou por meio da
aplicação de questionários. Ao contrário, se os dados utilizados pelo estudo já foram
interpretados e/ ou tratados anteriormente, logo esses se inserem na classificação enquanto
―secundários‖. Geralmente, pesquisas bibliográficas e revisão de literatura utilizam esta fonte
de dados, pois os dados já foram coletados e analisados anteriormente por outro (s)
pesquisador (es).

4.2.2. ESCALAS DE MEDIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Quanto ao nível de mensuração das variáveis a serem analisadas, é primordial


entendê-lo principalmente se a decisão for por posterior análise quantitativa. Assim, será
possível decidir de forma correta quanto às possíveis operações aritméticas entre valores e
análises estatísticas mais adequadas (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

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Nesse contexto, é proposto as seguintes opções de classificação: nominal, ordinal,


intervalar e numérica/ razão. As descrições dessas categorias serão baseadas em Martins e
Teóphilo (2009). A primeira refere-se apenas ao ato de nomear, rotular ou classificar um
objeto, pessoa ou característica. Não há ordem e/ ou hierarquia, indica somente diferenças
entre categorias, não há como os dados serem operados estatisticamente. Exemplo:

Preferência por tipos de filmes:

1 = terror

2 = aventura

3 = comédia

4 = romance

5 = outros

1+2=3

um terror + um comédia = romance (?)

Quando as variáveis se enquadram no tipo ―ordinal‖, significa haver entre elas uma
relação de > (maior que). Isso significa afirmar que é possível compará-las de acordo com
dimensões (mais alto que, mais complexo que, mais relevante do que e etc). Como exemplo, a
escolaridade pode ser citada:

1 = Pós-graduação

2 = Graduação

3 = Ensino Médio

4 = Ensino Fundamental

É possível afirmar que o nível de escolaridade ―pós-graduação‖ está situado acima de


―graduação‖. Ou seja, se a opção for pelo item 1, é correto afirmar que o respondente possui
um grau de escolaridade superior a quem escolheu o 2, 3 ou 4.

Na classificação intervalar, há uma relação de ordem e intervalos iguais de medição.


Significa afirmar a existência de intervalos constantes entre as variáveis, medidos por uma
unidade. Caracteriza-se como uma escala quantitativa que envolve a possível utilização de

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estatísticas paramétricas comuns. Entretanto, o zero, enquanto ponto da escala, não é real e
sim arbitrário. Um exemplo é a temperatura descrita pelas ciências naturais em graus
Centígrados, onde o zero absoluto não possui um ponto exato na escala.

Por fim, quando as variáveis se enquadram no nível numérico ou de razão, significa


que a escala utilizada nesse cenário possui todas as características anteriores e também o zero
é real, não é arbitrário. Exemplos: peso, renda, custo e etc.

Na tabela abaixo, observe a comparação das características das variáveis descritas de


acordo com o caráter escalar:

Tabela 1 – Variáveis e suas escalas

VARIÁVEIS
PROPRIEDADES
Nominais Ordinais Intervalares Razão

Classificação + + + +
Hierarquização - + + +
Distância - - + +
Zero Absoluto - - - +

Fonte: RICHARDSON; PERES; WANDERLEY; CORREIA; PERES, 1999

4.2.3. RELAÇÃO TEMPORAL ENTRE VARIÁVEIS

Quanto à relação temporal, as variáveis podem ser classificadas em independentes,


intervenientes e dependentes. As descrições das variáveis de acordo com esse critério seguirá
o livro de Richardson, Peres, Wanderley, Correia e Peres (1999).

Essa classificação só é possível se houver uma relação entre elas. As primeiras são
caracterizadas como aquelas que afetam outras variáveis, mas não necessariamente há relação
de causalidade entre elas. Por exemplo, a idade e o gênero podem influenciar a decisão de
migrar do trabalhador. Aqueles do gênero masculino e mais jovens podem ter maior tendência
a migrar para centros urbanos em busca de emprego. Observe que não há qualquer relação de
dependência entre gênero e idade.

As variáveis dependentes, ao contrário, são afetadas ou explicadas pelas


independentes. Ou seja, haverá variação entre elas dependendo da manipulação das variáveis
independentes. Por exemplo, quanto maior for a idade do trabalhador, menor será a
possibilidade de decidir migrar para centros urbanos em busca de emprego. Dessa forma,
―desejo de migrar‖ é variável dependente e ―idade‖ é classificada como independente.

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As intervenientes se referem às que, no espaço temporal, estão entre as dependentes e


independentes. Suponha, no exemplo anterior, uma análise da influência de outras variáveis
sobre o desejo de migrar do trabalhador como o apoio familiar e as expectativas profissionais.

Figura 2: Variáveis independentes, intervenientes e dependentes

Fonte: Elaboração própria

Os efeitos dessas variáveis classificadas no terceiro tipo podem ser: não afetar a
relação entre dependentes e independentes; desaparecer com a relação original e ter efeito
significativo, mas não desaparecer com a relação original.

4.2.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Muitos são os instrumentos possíveis para a coleta de dados. Serão apresentados nesta
seção: roteiros e protocolos, entrevistas, bases institucionais, questionários, grupo de foco,
treinamentos e testes, grupos teste e controle.

Os roteiros e testes são utilizados como instrumentos orientadores na condução da


estratégia de pesquisa, aliados na aquisição de confiabilidade. São definidos por conjuntos de
questões que refletem a investigação. A utilidade está na função, enquanto check-list, de
lembrar o investigador de todas as ações necessárias para a condução do trabalho. Essas se
referem a quais informações precisam ser levantadas e por quais razões. É recomendável
anotar, ao lado de cada questão, quais são as prováveis fontes de evidência e qual instrumento
será utilizado. São fundamentais nos estudos de caso (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

Como exemplo, no artigo de Guerra (2010), é proposto um modelo de protocolo para


pesquisas qualitativas realizadas por meio de estudo de caso e coleta de dados através de
entrevistas. Segue exemplo da parte por meio da qual são levantadas informações do
entrevistado e da entrevista:

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Quadro 3: Modelo de protocolo

Dados de Entrevistado (nome, telefone, e-mail, formação):


Dados profissionais (organização, área, cargo, data de entrada na organização):
Dados da organização (nome, localização, número de funcionários, faturamento, lucro,
linhas de produto, market share, clientes, principais concorrentes):

Dados da entrevista (horário de início, local, tipo de entrevista, forma de registro dos
dados):
Informação sobre o sigilo ou não da identidade do entrevistado:

Fonte: Adaptado de GUERRA (2010)

O segundo tipo de instrumento para coleta de dados caracteriza-se pelas entrevistas.


Essas possuem como principal objetivo compreender o significado atribuído a questões e
situações em contextos específicos e com base em suposições levantadas anteriormente pelo
pesquisador. Exige habilidade, pois o processo é mais longo que, por exemplo, a aplicação de
questionários (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

As entrevistas são elencadas como opção de instrumento e podem ser estruturadas ou


não. No primeiro caso, perguntas e respostas são pré-elaboradas pelo pesquisador. Quando
não estruturadas ou também denominadas em profundidade, é estabelecida uma conversa
guiada para obtenção de informações detalhadas e busca compreender como e o motivo pelo
qual determinado fenômeno ocorre (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY; CORREIA;
PERES, 1999).

Outra forma possível de coletar dados é por meio das bases institucionais. Essas são
caracterizadas como os locais onde são armazenados dados de pesquisas oficiais como as
fornecidas pelo Ministério da Educação (MEC) ou o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

Os questionários são bastante populares entre os instrumentos de pesquisa. Esses se


referem a um conjunto ordenado e consistente de perguntas sobre situações ou variáveis sobre
os quais o pesquisador se propõe a medir. São enviados a potenciais informantes,
selecionados de acordo com critérios pré-estabelecidos e são respondidos geralmente sem a
presença do pesquisador. Geralmente, são encaminhados pelo correio tradicional, e-mails ou
entregue por terceiros. É sugerido enviar, junto com o instrumento, uma carta com
explicações sobre o estudo, finalidades e, se houver, patrocinadores de modo a aumentar a
motivação em respondê-los (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

O grupo de foco é alternativa de pesquisa, enquanto instrumento de coleta de dados,


que surgiu junto com as críticas às entrevistas padronizadas devido à artificialidade. Além
disso, ao estudar assuntos considerados tabus, muitas vezes foi considerado mais adequado
conduzir as discussões em grupo. Uma das vantagens de se utilizar essa forma de coletar
dados é a criação de um contexto mais próximo da vida cotidiana. Outro benefício é a

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possibilidade de correções pelos demais participantes no que se refere a perspectivas


equivocadas, não compartilhadas socialmente ou radicais em excesso. Nesse processo, há uma
validação dos enunciados e pontos de vista (FLICK, 2004).

O pesquisador pode também utilizar treinamentos e testes como forma de coletar


dados. A intenção é aplicar um método educacional em contexto acadêmico ou organizacional
e analisar a aquisição de conhecimentos ou avanço em termos cognitivos por exemplo. As
taxonomias são utilizadas como apoio nesse processo de aprendizagem do aluno. Possuem
três condições: cumulatividade, hierarquia e existência de um princípio ordenador. A primeira
refere-se à necessidade de atingir o nível anterior para então adquirir os seguintes; a segunda,
a existência do princípio de ordem crescente entre os níveis e a terceira reflete a prerrogativa
de uma coluna mestre, um princípio organizador (RODRIGUES JÚNIOR, 2006).

Por fim, os grupos teste e controle são primordiais para a condução de uma pesquisa
experimental. Sobre os participantes, objetos ou fenômenos do primeiro grupo é efetuada a
manipulação das variáveis e, depois, são medidos os efeitos. No grupo controle, não há
qualquer estímulo intencional (manipulação de variáveis) e funciona como padrão de
comparação com a situação anterior (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

4.3. A FORMULAÇÃO DO MÉTODO EM UM ARTIGO

Após revisar o campo da metodologia, ou seja, entender o significado de


procedimentos lógicos e epistemológicos; o autor se encontra, então, preparado para redigir
um bom tópico sobre o método de sua pesquisa, ou seja, a trilha percorrida para atingir os
objetivos específicos delimitados na introdução do trabalho (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).

Inicialmente, a pesquisa deve ser classificada quanto aos objetivos: exploratória,


descritiva ou explicativa. Em seguida, descreva quais foram as opções quanto aos
procedimentos técnicos (bibliografia, pesquisa documental, experimento, levantamento,
estudo de caso, investigação expost facto, pesquisa-ação ou participante); bem como os
instrumentos utilizados (roteiros/ protocolos, entrevistas, grupos de foco e etc). Depois, cite
quais foram as estratégias de investigação, as etapas conduzidas pelo (s) pesquisador (es).

Mais especificamente, informe o contexto da pesquisa: onde foi realizada? Em uma


empresa? Escola? Hospital? Cite também a amostra escolhida (exemplos: professores,
estudantes, clientes, funcionários de determinado setor e etc). Sobre as variáveis: quais foram
analisadas? Podem ser classificadas como independentes, dependentes e/ ou intervenientes?

Por fim, descreva as estratégias escolhidas para a análise dos dados. Esse tópico
depende de qual forma foi escolhida para a abordagem do problema: qualitativa, quantitativa
ou os dois? Provavelmente, se a opção foi pela primeira forma, foi utilizada alguma técnica
estatística. Se a opção foi pela abordagem qualitativa, talvez técnicas como a análise do
conteúdo ou do discurso foram empregadas.

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Perceba que a sugestão é descrever os itens mais gerais primeiro e depois os mais
específicos. Mas, lembre-se que a organização das ideias permanece de acordo com sua
avaliação sobre a ordem, não existe uma mais correta que a outra. O importante é manter o
texto organizado para facilitar o entendimento pelo leitor.

Exercício

Escolha um artigo de uma revista científica e identifique:

● Tipo de pesquisa quanto aos objetivos (fins);


● Tipo de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos (meios);
● Abordagem do problema (qualitativa, quantitativa ou os dois);
● Natureza dos dados coletados;
● Se houver escala, qual tipo se enquadra na pesquisa?;
● Quais são as variáveis? Como são classificadas?;
● Quais são os instrumentos utilizados?

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A importância dos dados não está neles mesmos, mas no fato de proporcionarem
respostas às investigações. Análise e interpretação são duas atividades distintas, mas
estreitamente relacionadas. (MARCONI e LAKATOS, 2008).

Santos (2004), compara a produção científica com a construção de um edifício. Até


aqui foi detalhado os rumos da construção e os passos práticos. Inicia-se a construção
concreta dos edifícios: coleta de dados, item anterior, e produção de um texto escrito que
veremos agora.

A análise dos dados é a exposição dos resultados obtidos, ordenada pelos objetivos de
pesquisa. Por ressaltar normalmente os aspectos quantitativos, é comum a utilização de
gráficos, tabelas, quadros e esquemas.

O que se tem ao final da coleta é um conjunto de informações julgadas pertinentes ao


desenvolvimento do raciocínio previsto no objetivo. A primeira providência é realizar uma
seleção das ideias significativas e dos detalhes pertinentes, separar as ideias/informações
julgadas realmente necessárias para a composição do texto previsto pelo objetivo.

Verifica-se se o texto pensado contém blocos de assunto, isto é, se há possibilidade de


agrupamento maiores de ideias, e que possam caber abaixo de um subtítulo comum. O
próximo passo é a hierarquização de ideias. Serão escolhidas aquelas que o pesquisador julga
ser as mais importantes.

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Figura 3 – Processo de análise dos dados

Hierarquização das
Seleção de ideias (de acordo
ideias/informações com a importância)

Organização de Redigir informações


bloco de ideias escolhidas e
sequenciadas

Fonte: Elaboração própria.

Para Marconi e Lakatos (2008), à fim de conseguir respostas às suas indagações em


uma pesquisa quantitativa, o pesquisador entra em mais detalhes sobre os dados decorrentes
do trabalho estatístico. Procura-se estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos e
as hipóteses formuladas e devem ser comprovadas ou refutadas, mediante a análise.

Os autores propõem a elaboração da análise em três níveis qualitativos:

● Interpretação: verificação das relações entre as variáveis independentes e


dependente, e da variável interveniente (anterior à dependente e posterior à
independente), a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno (variável
dependente);
● Explicação: Esclarecimento sobre a origem da variável dependente e necessidade
de encontrar a variável antecedente (anterior às variáveis independente e
dependente);
● Especificação: explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis
independente e dependente são válidas (como, onde e quando).

Na análise qualitativa, Reichertz (1992) afirma que o ponto decisivo na análise é a


relação entre as necessidades do caso em questão com as interpretações. Não é a forma do
relato exigida na redação que tem relevância para o leitor, mas a atitude do relato,
demonstrada no texto, que, com certeza, sempre requer o uso de meios semióticos capazes de
detectar fraudes. (REICHERTZ, 1992).

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Lincoln e Guba (1985) delineiam cinco estratégias para ampliar a credibilidade da


pesquisa qualitativa:

● Atividades para aumentar a probabilidade de que sejam produzidos resultados nos


quais possa se acreditar;
● ―Interrogatório de pares‖: encontros regulares com outras pessoas que não estejam
envolvidas na pesquisa a fim de expor os pontos encobertos e de discutir hipóteses
operacionais e resultados;
● Análise de casos negativos no sentido da indução analítica;
● Apropriabilidade dos termos de referência das interpretações e sua avaliação.

5.3 FIGURAS, QUADROS E TABELAS

Tabelas, quadros e figuras (fotos, gráficos, mapas, desenhos, plantas, gravuras) são
representações ilustrativas que servem para organizar e possibilitar a interpretação do trabalho
desenvolvido, de forma clara e objetiva. Para cumprir essa finalidade, devem seguir a práxis
eas recomendações para sua elaboração. As normas adotadas aqui baseiam-se nas
recomendadas pela Fundação IBGE e retiradas do guia de recomendações de teses da USP
(2015).

5.1.1 TABELAS

Representam por meio de dados numéricos e codificações, dispostos em uma ordem


determinada, as variáveis analisadas de um fenômeno e é uma forma não discursiva de
apresentação de informações. Recomenda-se priorizar o uso de tabelas ao invés de gráficos,
pois estes apresentam valores mais precisos.

A tabela deve ser possível de ser entendida sem consulta ao texto. É importante que
não contenha dados além do necessário para que não fique sobrecarregada, deve ser
estruturada de forma simples e objetiva. Podem ser dispostas em anexo ou intercaladas no
texto imediatamente após o trecho em que foram citadas.

5.1.2 QUADROS

A apresentação destes é semelhante a das tabelas, porém são formados apenas por
palavras (também dispostas em linhas e colunas) de acordo com as normas da ABNT, sem
indicação de dados numéricos. Apresentam teor esquemático e descritivo e não estatístico.

5.1 FIGURAS

Entende-se por figura gráficos, fotografias, gravuras, mapas, plantas, desenhos, entre
outros. Quando for representada por gráficos, a denominação pode ser feita pela palavra

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gráfico. Os gráficos podem substituir tabelas de maneira mais ilustrativa e atraente. A


informação a ser ilustrada determina o tipo de gráfico a ser utilizado:

 Gráficos de linhas: para dados crescentes e decrescentes: as linhas unindo os


pontos enfatizam movimento;
 Gráficos de círculos: usados para dados proporcionais;
 Gráficos de barras: para estudos temporais; dados comparativos de diferentes
variáveis.

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nessa parte do trabalho devem ser feitos confrontamentos entre fatos encontrados na
pesquisa com aquilo que foi descrito no referencial teórico de forma a fundamentar e embasar
aquilo que foi descoberto ao longo da pesquisa.

A discussão é o estabelecimento dos critérios da verdade e por isso muito mais do que
comparar resultados, se faz estabelecer a relação deles, de forma analítica, com o que foi
verificado por outros em outras condições experimentais (FERREIRA e ABREU, 2007). Na
discussão, o autor deve procurar dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as
principalmente ao referencial teórico. A interpretação significa a exposição do verdadeiro
significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema.
(MARCONI e LAKATOS, 2008).

Marconi e Lakatos (2008) ressaltam a importância de que a interpretação dos dados


seja feita de forma sintética, clara e acessível. Depois de realizar os procedimentos
estatísticos, é chegado o momento de utilizar os conhecimentos teóricos a fim de obter os
resultados previstos, a ligação com a teoria é fundamental.

O autor deve:

● Estabelecer relações entre causa e efeito;


● Deduzir as generalizações e princípios básicos que tenham comprovação nas
observações experimentais;
● Fazer comparação dos resultados obtidos com aqueles apresentados na revisão de
literatura;
● Esclarecer as exceções, modificações e contradições das hipóteses, teorias e
princípios diretamente relacionados com o trabalho realizado;
● Indicar as aplicações teóricas ou práticas dos resultados obtidos, bem como as suas
limitações.

Em alguns casos, a discussão pode estar reunida aos resultados, formando um único
capítulo. Entretanto, quando essa forma for adotada, os resultados devem ser discutidos à
medida que são apresentados.

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Alguns aspectos apontados por Best (1972) podem comprometer a pesquisa, são eles:

● Confusão entre afirmações e fatos: as afirmações devem ser comprovadas, tanto


quanto possível, antes de serem aceitas como fatos;
● Incapacidade de reconhecer limitações: tamanho, capacidade de representação e
a própria composição pode levar a resultados falsos, tanto em relação ao grupo
quanto pelas situações;
● Tabulação descuidada ou incompetente: realizada sem os cuidados necessários,
como traços mal colocados, somas equivocadas etc;
● Procedimentos estatísticos inadequados: leva a conclusões sem validade, em
consequência de conhecimentos errôneos ou limitações de campo;
● Erros de cálculo: os enganos podem ocorrer em virtude de se trabalhar com um
número considerável de dados e de se realizarem muitas operações;
● Defeitos de lógica: falsos pressupostos podem levar a analogias inadequadas, a
confusões entre relação de causa e/ou a inversão de causa e efeito;
● Parcialidade inconsciente do investigador: deixar-se envolver pelo problema,
inclinando-se mais à omissão de resultados desfavoráveis à hipótese e enfatizando
mais os dados favoráveis;
● Falta de imaginação: a imaginação, a intuição e a criatividade podem auxiliar o
pesquisador na descoberta de dados significativos e/ou a capacidade de
generalizações e sutilezas.

7. CONCLUSÃO

A conclusão se refere ao espaço, no artigo, que o autor pode escrever suas impressões
pessoais, sem a necessidade de citar autores da literatura. Mas sempre mantenha o tom
impessoal da redação.

Pode ser escrita por meio da repetição de um trecho anterior que apresenta conclusões
sobre os resultados encontrados. Nesse aspecto, se atente para não escrever algo não
evidenciado no corpo do texto ao longo de outros tópicos. Sobre a redação, tome cuidado com
as ambiguidades, facilite o entendimento ao leitor (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY;
CORREIA; PERES, 1999).

Sauaia (2007) recomenda apresentar nesse item se o objetivo e o problema,


formulados ao início da pesquisa, foram alcançados e/ ou solucionados. O autor deve também
escrever se o estudo contribuiu para a sociedade e/ ou para a ciência. Nesse momento, deve
haver ênfase tanto nos aspectos teóricos quanto nos práticos. Além disso, é imprescindível
apresentar as limitações do estudo e sugerir aspectos a serem melhorados em futuras
pesquisas.

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Lembre-se: uma pesquisa nunca estará perfeita, sempre terá aspectos a serem
aperfeiçoados em futuras investigações. Dessa forma, escrever sobre quais fases poderiam ter
sido feitas de forma diferente não torna o seu artigo pior; ao contrário, mostra a seriedade do
pesquisador.

Exemplo:

Objetivo descrito no resumo do artigo de Picoli e Takahashi (2016) na página 2:

“O objetivo deste artigo é buscar compreender de que maneira se dá o processo


recursivo de capacidade de absorção e de aprendizagem organizacional, por meio de
mecanismos de integração social, na utilização do Programa Paraná Digital em duas
instituições de ensino público de Curitiba - Paraná, no período de 2007 a 2013.”

Parágrafo da conclusão que reflete o objetivo proposto anteriormente:

“Ao se analisar as dimensões que compõem a capacidade de absorção, juntamente


com aspectos relativos à aprendizagem organizacional e mecanismos de integração social,
puderam-se perceber semelhanças e diferenças entre as instituições educacionais quanto à
implantação, compreensão, incorporação e uso do Programa Paraná Digital. As
similaridades permaneceram no campo de obtenção e entendimento inicial dos propósitos do
programa, como consequência da política governamental que introduziu essa novidade no
ambiente escolar (dimensão potencial). Verificaram-se, no entanto, divergências quanto à
forma de internalização e aplicação do conhecimento destinado a gerar melhorias nas
atividades (dimensão realizada). Enquanto em um colégio houve um completo fluxo de
conhecimento do processo de aprendizagem organizacional, que resultou na modificação da
forma de realizar as atividades, no outro o fluxo ocorreu de forma incompleta, sem gerar
mudanças nas rotinas e comportamentos que já estavam estabelecidos. Pôde-se perceber que
esse resultado está atrelado à diferença de mecanismos de integração social existentes nas
duas instituições. Cabe ressaltar que nem todo tipo de mudança implica em aprendizagem em
nível organizacional, pois para tanto é preciso que haja o envolvimento de vários níveis
(indivíduos, grupos e organização), na criação, utilização e institucionalização do
conhecimento (TAKAHASHI, 2007)”

Exercício

Identifique, no trecho do artigo abaixo, quais afirmações se referem à:

● Resposta ao objetivo e ao problema da pesquisa;


● Contribuição para a sociedade e/ ou para a ciência;
● Limitações de estudo;
● Sugestão para novas pesquisas.

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Autores: Érica Augusta Pachêco
Maria Clara Martins de Souza
Juiz de Fora/MG – 01 e 02 de dezembro de 2016

“O presente trabalho teve como objetivo abordar a questão da desaprendizagem


organizacional em uma das Pró-Reitorias da Universidade Federal de Santa Catarina.
Entende-se a importância do trabalho, uma vez que foram encontrados poucos estudos que
abordassem o tema em instituições públicas e, mais especificamente, em instituições de
ensino. Ainda, considera-se que a criação de novos e relevantes conhecimentos e o descarte
dos obsoletos, que já não são mais relevantes, são dois problemas cruciais que as
organizações enfrentam na atualidade (Srithika & Bhattacharyya, 2009)

Como resultados, verificou-se que as mudanças, sejam elas gerais ou específicas,


profundas ou superficiais, estão relacionadas aos fenômenos de aprendizagem e
desaprendizagem. As mudanças, em alguns casos, podem exigir aprendizagem e
desaprendizagem, e são momentos propícios para que esses fenômenos possam acontecer. O
contrário também pode acontecer. No caso específico da desaprendizagem, apesar de esse
fenômeno estar incorporado ao processo de mudança organizacional, ele não tem como
objetivo a melhoria de desempenho por si só; em vez disso, ele é um catalisador para o
processo de mudança (Akgün et al., 2007).

No setor estudado, não foram identificadas estratégias formalizadas para a memória


organizacional, tampouco para a aprendizagem e desaprendizagem. Porém, identificaram-se
ações individuais nesse sentido, favorecendo a visão de que as pessoas, de um modo geral,
têm a noção da importância do conhecimento para o desempenho de suas funções. Assim, a
institucionalização de ações de gestão do conhecimento poderá favorecer o desempenho da
organização.

A partir da percepção dos autores da pesquisa aqui relatada, sugerem-se alguns


pontos para futuros estudos relacionados à desaprendizagem organizacional. Uma vez que
durante o estudo encontrou-se, apesar da íntima relação, dificuldade em separar
aprendizagem e desaprendizagem organizacionais, recomenda-se estudos que possam
delimitar de forma mais clara a relação entre esses constructos. Tal dificuldade foi também
destacada por Tsang e Zahra (2008). Estudos com esse objetivo poderiam facilitar outros
trabalhos empíricos sobre aprendizagem, desaprendizagem e a relação entre os dois
fenômenos.

Uma vez que se verificou, no caso pesquisado, que não existem estratégias para evitar
o esquecimento organizacional, recomendam-se estudos empíricos que possam abordar com
mais profundidade esse fenômeno, relacionando-o também com a perda de conhecimento.

Especificamente no caso da Universidade, recomendam-se estudos que possam


verificar de forma mais ampla a questão da desaprendizagem organizacional. Esses estudos
poderiam favorecer o entendimento do fenômeno na Universidade, em específico, e em
instituições públicas, em geral.

Apesar de os resultados não poderem ser generalizados para toda a Universidade,


eles podem fornecer uma ideia de como ocorre a desaprendizagem organizacional na
instituição e podem também servir de base para futuras pesquisas sobre o tema. Assim, de um

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modo geral, salienta-se a importância da desaprendizagem organizacional para as


organizações, sejam elas privadas ou públicas. Além disso, novos estudos empíricos devem
ser desenvolvidos aproveitando a teoria já existente na literatura para verificar os diferentes
relacionamentos e peculiaridades da desaprendizagem organizacional no âmbito das
organizações.

Embora a pesquisa aqui descrita aumente o conhecimento empírico sobre o fenômeno


da desaprendizagem organizacional, algumas limitações devem ser mencionadas. Apesar de
terem sido tomadas medidas para atenuar riscos do uso, mesmo que complementar, da
observação participante, possíveis vieses dos respondentes podem ter influenciado o estudo.
Ainda, o número reduzido de funcionários entrevistados impossibilita a generalização dos
resultados. Estudos futuros podem ampliar o número de funcionários e setores, utilizando,
por exemplo, uma amostragem por clusters .

O fato de os fenômenos da aprendizagem e desaprendizagem organizacional estarem


intimamente ligados, e a consequente dificuldade em separá-los durante as entrevistas e as
análises, foi uma das dificuldades encontradas no estudo. A abordagem baseada em rotinas
auxiliou essa separação, porém, entende-se que ela funciona também como um limitador do
estudo, uma vez que a inclusão de outras abordagens poderia fornecer uma visão mais ampla
do contexto.‖ (BUCHELE; TEZA; MÜLLER; SOUZA, 2016, p.79 e 80)

8. REDAÇÃO

A prática de redigir um bom texto técnico é adquirida por meio do hábito (SANTOS,
2007). Richardson et al. (1999) afirma que a redação final de um relatório é custoso e, por
isso, o autor deve o quanto antes iniciar o processo e não desistir. Não há uma fórmula mágica
ou inspiração para o trabalho ser redigido ininterruptamente. O mais importante é estar
disposto a escrever e retornar ao já escrito até obter a melhor forma de se comunicar e fazer-se
entender. O primeiro texto dificilmente será o único e o último. Quanto ao estilo, os autores
sugerem se atentar aos seguintes itens:

1) Exatidão: Deve-se perseguir a objetividade científica e as palavras adequadas para


medir, comentar, expor fatos, análises e conclusões. Ao escrever, cuidado com os
adjetivos, pois podem ser enganosos e sujeitos a interpretações e valorações
equivocadas;
2) Sobriedade: Procure não ser prolixo, opte pelos caminhos mais curtos ao
desenvolver suas ideias. Para isso, sempre revise o texto e descarte aquilo que está
repetitivo;
3) Clareza: Esse ponto está relacionado com os dois anteriores. O texto claro é aquele
que persegue a objetividade. Entretanto, observe o público ao qual se destina o seu
artigo. A sobriedade, em excesso, pode tornar o seu texto pouco esclarecedor ao
leitor. A mensagem é: o seu texto deve ser claro e objetivo, mas evitar que a
sobriedade ofusque a boa explicação.

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Sobre o tratamento verbal, opte pela terceira pessoa do singular. Esta é a forma mais
tradicional, reflete a ideia de neutralidade, amplamente defendida pelo positivismo
(VERGARA, 2009). Dessa forma, a impessoalidade do texto é mantida. Evite, portanto,
expressões como: "meu projeto", "meu estudo" e "minha tese". As seguintes formas de escrita
são mais adequadas: "este projeto", ―o presente estudo" e etc (GIL, 2002).

Quanto ao tempo verbal, é permitido utilizar passado ou presente. Entretanto, faça


uma escolha e não os misture. Seguir esta última recomendação tornará o seu texto coerente,
requisito para uma redação adequada (VERGARA, 2009).

Por fim, GIL (2002) complementa as ideias anteriores por meio das seguintes
sugestões de qualidades ao escrever textos técnicos:

1) Utilize a linguagem direta, a argumentação deve ser embasada por dados e provas
e não considerações pessoais;
2) O vocabulário não deve conter duplo sentido, palavras supérfluas;
3) Recorrer a dicionários especializados e outras obras para a precisão conceitual
auxilia ao redigir observações, medições e análises;
4) As ideias devem apresentar coerência, ou seja, manter uma sequência lógica e
ordenada. Dessa forma, mantenha a harmoniosidade do texto por meio de
parágrafos com um único assunto;
5) Cada período deve conter, no máximo duas ou três linhas. Isso garantirá a concisão
textual, sem períodos longos que dificultam a compreensão;
6) A simplicidade na escrita é uma postura adequada. Utilize, portanto, somente
palavras necessárias: evite utilizar sinônimos apenas para aumentar o texto ou
jargões técnicos.

Ao terminar de escrever seu texto, o revise para verificar se a redação está adequada.
A leitura por outras pessoas é altamente positiva e contribui para o seu processo de
aprendizagem sobre como construir um bom artigo. Além disso, busque uma vez mais
averiguar se as ideias de todos os tópicos estão bem relacionadas. A introdução, referencial
teórico, método, resultados, discussão e conclusão devem conduzir o leitor ao pleno
entendimento da pesquisa efetuada.

9. REGRAS DE CITAÇÃO DA ABNT

9.1.1. NBR 10520 - INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO - CITAÇÕES EM


DOCUMENTOS

O objetivo desta normativa é fixar as condições exigíveis para padronização e


coerência da seguridade das fontes indicadas nos textos dos tipos de documentos (ABNT,
2002b).

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9.1 DEFINIÇÕES

 Citação: Menção de uma informação extraída de outra fonte;


 Citação de citação: Citação direta ou indireta de um texto em que não se teve
acesso ao original;
 Citação direta: Transcrição textual de parte da obra do autor consultado;
 Citação indireta: Texto baseado na obra do autor consultado;
 Notas de referência: Notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras
partes da obra onde o assunto foi abordado;
 Notas de rodapé: Indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo
autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer na margem esquerda ou direita
da mancha gráfica;
 Notas explicativas: Notas usadas para comentários, esclarecimentos ou
explanações, que não possam ser incluídos no texto.

9.2 SISTEMA DE CITAÇÃO AUTOR ANO

Consiste na indicação do sobrenome do autor, acompanhado do ano de publicação do


documento. O sobrenome do autor deve ser grafado em letras maiúsculas para sua melhor
visualização. O autor e ano podem fazer parte integrante da frase e/ou intercalados no texto,
entre parênteses.

 Citação de um autor

Citar o último sobrenome conforme consta da lista de referências, seguido do ano da


publicação.

Exemplos

A globalização implica uniformização de padrões econômicos e culturais em âmbito


mundial (LOPEZ, 2013).

LOPEZ (2013) destaca que a globalização implica uniformização de padrões


econômicos e culturais em âmbito mundial.

 Citação de dois autores

Citam-se obrigatoriamente ambos, interligados pela conjunção "e".

Exemplos

Embora o método Kaiser seja pouco conhecido e utilizado, ele foi discutido há,
aproximadamente, 25 anos (LÉBART e DREYFEIS, 1972).

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 Citação de mais de dois autores

Cita-se o primeiro autor seguido da expressão "e col." (abreviatura de "e


colaboradores") ou "et al." (abreviatura da expressão latina "et alii", que significa "e
outros"). É importante manter uma uniformidade em toda a tese, qualquer que seja a
expressão adotada.

Exemplos

CARVALHO e col. (2011) caracterizaram o grupo segundo variáveis sociodemográficas...

CARVALHO et al. (2011) caracterizaram o grupo segundo variáveis sociodemográficas...

9.2.1 CITAÇÕES DIRETAS

Transcrição textual de parte da obra do autor consultado.

É necessário especificar no texto a página, da fonte consultada, nas citações diretas.


Estas deve seguir a data, separadas por vírgula e precedidas pelo termo, que as caracteriza, de
forma abreviada. Nas citações indiretas, a indicação da página consultada é opcional.

 Citações diretas curtas

As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas
duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação.

Exemplos:

Barbour (1971, p. 35) descreve: ―O estudo da morfologia dos terrenos [...] ativos [...]‖

―Não se mova, faça de conta que está morta.‖ (CLARAC; BONNIN, 1985, p. 72).

Segundo Sá (1995, p. 27): ―[...] por meio da mesma ‗arte de conversação‘ que abrange
tão extensa e significativa parte da nossa existência cotidiana [...]‖

 Citações diretas longas

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As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo
de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas.
Exemplo:

A teleconferência permite ao indivíduo participar de um encontro nacional ou


regional sem a necessidade de deixar seu local de origem. Tipos comuns de
teleconferência incluem o uso da televisão, telefone e computador. Através de
áudio-conferência, utilizando a companhia local de telefone, um sinal de áudio pode
ser emitido em um salão de qualquer dimensão. (NICHOLS, 1993, p. 181).

 Citação direta traduzida

Quando a citação incluir texto traduzido pelo autor, deve-se incluir, após a chamada da
citação, a expressão tradução nossa, entre parênteses. Exemplo:

―Ao fazê-lo pode estar envolto em culpa, perversão, ódio de si mesmo [...] pode
julgar-se pecador e identificar-se com seu pecado.‖ (RAHNER, 1962, v. 4, p. 463, tradução
nossa).

9.1.4 CITAÇÃO INDIRETA

Reprodução de ideias e informações sem transcrever as palavras do autor citado.


Assim, não é necessário nenhum tipo de destaque ou aspas.

Exemplos:

Outros estudos, citados pela mesma revisão (HARA et al., 1983; KAWATE et al.,
1979; RAVUSSIN et al., 1994) encontraram que grupos de pessoas que emigraram a
ambientes modernos desenvolveram uma incidência maior do Diabetes Tipo 2, comparados
com as suas contrapartes que permanecem em seus lugares de origem.

Termogêneses, segundo Salbe e Ravussin (2000) se define como um aumento do


RMR em resposta aos estímulos como a ingestão de alimentos, exposição a mudanças de
temperatura ambiental, influência de fatores psicológicos como medo ou estresse ou o
resultado de administração de drogas ou hormônios.

9.1.5 CITAÇÃO DE CITAÇÃO

Citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original. É válido
lembrar que não é indicado utilizar esse tipo de citação. O pesquisador deve sempre recorrer à
obra original.

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Procede-se da seguinte forma: citar o sobrenome do autor do documento não


consultado, seguidos das expressões: citado por, apud, conforme ou segundo, e o sobrenome
do autor do documento efetivamente consultado.

Exemplo

Olson (1977, p. 23) citado por Smith (1991, p. 86), afirma que nossa capacidade para
produzir e compreender tal linguagem falada é, na verdade, um subproduto do fato de sermos
alfabetizados.

Na listagem bibliográfica (referências) deve-se incluir os dados completos do


documento efetivamente consultado e do não consultado.

Exemplo

OLSON, D. R. From utterance to text: the bias of language in speech and writing. Harvard
Educational Review. v. 47, n. 3, p. 257-281, 1977 apud SMITH, F. Compreendendo a leitura:
uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. 2. ed. rev. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.

SMITH, F. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a


ler. 2. ed. rev. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

9.1.6 OUTRAS REGRAS

 Citação de mais de um autor com o mesmo sobrenome

Quando houver coincidência de sobrenomes de autores, acrescentam-se as iniciais de


seus prenomes; se mesmo assim existir coincidência, colocam-se os prenomes por extenso.
Exemplos: (BARBOSA, C., 1958) (BARBOSA, Cássio, 1965); (BARBOSA, O., 1959)
(BARBOSA, Celso, 1965).

 Citação de trabalhos do mesmo autor, publicados em diferentes anos

As citações indiretas de diversos documentos da mesma autoria, publicados em anos


diferentes e mencionados simultaneamente, têm as suas datas separadas por vírgula.
Exemplos: (DREYFUSS, 1989, 1991, 1995) (CRUZ; CORREA; COSTA, 1998, 1999, 2000).

 Múltiplas citações numa mesma frase

As citações indiretas de diversos documentos de vários autores, mencionados


simultaneamente, devem ser separadas por ponto-e-vírgula em ordem alfabética.

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Exemplos: Diversos autores salientam a importância do ―acontecimento


desencadeador‖ no início de um processo de aprendizagem (CROSS, 1984; KNOX, 1986;
MEZIROW, 1991).

 Citação de entidade

Quando a autoria for atribuída a uma entidade, cita-se o nome de acordo com a forma
em que aparece na lista de referências, podendo ou não ser abreviada. Observe os exemplos a
seguir:

Texto:
O número de crianças obesas no mundo, com idade menor a 5 anos, chegou aos 17,6
milhões na década passada (OPAS, 2003).

Referência:

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônico-degenerativas e obesidade:


estratégia mundial sobre a alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília (DF); 2003.

9.2 NBR 6023 - INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO - REFERÊNCIAS –


ELABORAÇÃO

Esta norma refere-se à elaboração de referências bibliográficas para o fim da pesquisa.


Hoje, é possível utilizar softwares que disponibilizam a referência pronta segundo a norma,
tais como Google acadêmico e Mendeley, não sendo necessário a elaboração pelo
pesquisador.

10. REFERÊNCIAS

BEST, J. W. Madrid: Morata. Cómo investigar en educación, 1972.


DOS SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento, 2a.
edição. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2004.
FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. Saraiva, 2005.
FERRAZ, A. P. C. M.; BELHOT, R. V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação
das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
Carlos 17.2 (2010): 421-431.
FERREIRA, A. S; ABREU, M .L. T. Desconstruindo um artigo científico. Revista Brasileira
de Zootecnia, v. 36, p. 377-385, 2007.
FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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