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Autores:
Érica Augusta Pachêco - ericaapacheco@gmail.com
Maria Clara Martins de Souza – mariaaclaramartins@gmail.com
2016
Juiz de Fora/MG
Minicurso: Construindo Um Bom Artigo
Autores: Érica Augusta Pachêco
Maria Clara Martins de Souza
Juiz de Fora/MG – 01 e 02 de dezembro de 2016
Essa apostila foi construída com o objetivo de auxiliar o leitor na obtenção de um bom
artigo. Para isso, concentra-se nos tópicos mais cobrados pelas revistas científicas, eventos e
também por professores em avaliações ao final dos cursos: resumo, introdução, referencial
teórico, procedimentos metodológicos, resultados, discussão e conclusão.
Dessa forma, ao final do estudo do presente material, o estudante deverá ser capaz de:
Citar os principais tópicos exigidos para a construção de um artigo;
Identificar esses tópicos em artigos científicos construídos por terceiros;
Descrever as características de cada tópico;
Aplicar os conceitos de forma a redigir um artigo científico;
Analisar como melhorar a redação de um artigo.
1. RESUMO
O resumo é a primeira parte do texto e possui uma quantidade predeterminada de
palavras, definida pela revista/evento, mas geralmente é de 250 palavras. No resumo os
autores devem expor o objetivo do artigo, a metodologia utilizada para solucionar o problema
e os resultados alcançados.
É o primeiro contato do leitor com o trabalho, ou seja, deve atrair a atenção e instigar
o leitor sobre o trabalho em questão. Deve ser feito de forma concisa contendo:
● Motivação e importância do trabalho;
● Objetivos;
● Procedimentos metodológicos;
● Principais resultados (de forma sucinta, sem revelar tudo);
● Contribuições.
Embora seja o primeiro elemento do artigo, o resumo deve ser a última parte a ser
elaborada. Já que aborda de maneira sintética todo o trabalho realizado.
Exemplo 1
A sucessão é um dos maiores desafios para as empresas familiares. Assim, o objetivo
geral da pesquisa foi descrever e analisar elementos envolvidos na preparação de
sucessores. Como locus para o estudo de processos sucessórios em empresas
familiares, elegeu-se o município de Chapecó, Santa Catarina. Adotou-se,
predominantemente, a perspectiva da pesquisa qualitativa de caráter descritivo para
a abordagem de um estudo de caso múltiplo. A primeira frente de pesquisa foi a
revisão bibliográfica, seguida por uma pesquisa de campo que coletou dados por
meio de entrevistas, pesquisa documental e registro de observação sistemática. Como
principal resultado, observou-se que a preparação de sucessores passa pelos fatores:
influências do fundador, socialização multigeracional, aspectos demográficos e
aprendizagem.
Palavras-Chave: empresa familiar; sucessão; aprendizagem.
Fonte: Teston e Filippim (2016)
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Exemplo 2
Este artigo tem como objetivo analisar três variáveis de configuração do ambiente
competitivo dos bancos comerciais no Brasil: regulação, concentração da indústria e
tecnologia. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas e um painel Delphi com
treze especialistas do setor bancário, compreendendo executivos, gestores e
acadêmicos. A partir de uma análise de conteúdo, os principais resultados
evidenciados foram: uma tendência de manutenção da concentração da indústria no
País com restritos espaços de atuação para bancos de pequeno e médio porte;
possíveis disrupções na arena de competição devido a novas tecnologias; e a
consolidação do telefone celular como principal catalisador das transações bancárias
e meios de pagamento. A pesquisa dá suporte a argumentos teóricos acerca da
efemeridade de grupos estratégicos e contribui para a discussão e escolha de
indicadores coerentes para a mensuração da vantagem competitiva em bancos
comerciais.
Palavras-Chave: administração estratégica; estratégia competitiva; bancos
comerciais; análise de conteúdo; painel Delphi
Fonte: Lima (2016)
2. INTRODUÇÃO
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Exemplo 3
de sucessão familiar; e (d) compreender quais são as formas pelas quais um sucessor
aprende.
Por meio de uma contextualização sobre o tema da pesquisa, segue uma revisão de
literatura sobre as temáticas abordadas no quadro teórico de referência. Na sequência,
apresentam-se o método adotado para o estudo e a análise dos resultados.
Exemplo 4
2.2. OBJETIVO
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Exemplo 5
Objetivo geral: analisar o processo de inovação da empresa Natura Cosméticos S.A. a partir
de um modelo desenvolvido especificamente para empresas em países emergentes
(ZAWISLAK et al. 2014).
Objetivos específicos:
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2.3 HIPÓTESES
Tentativa de oferecer uma solução possível mediante uma proposição, ou seja, uma
expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa (GIL, 2002). As hipóteses,
respostas possíveis e provisórias em relação às questões de pesquisa tornam-se também
instrumentos importantes como guias na tarefa de investigação (LAKATOS e MARCONI,
1995).
Exemplo:
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O mesmo autor relata que o ciclo das hipóteses é constante, à partir do problema, passam
a reunir-se em sistemas cada vez mais amplos e coerentes até as conclusões finais, obtendo
generalidades cada vez mais aprimoradas, abrangentes e complexas.
Hipóteses
Comprovação das Aceitação/rejeição
correspondem à
hipóteses das hipóteses
expectativa
Algumas questões podem ser feitas de forma que o autor possa refletir sobre seu projeto
de pesquisa e ajudar a nortear o estudo, tais como:
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Exercício
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ainda não muito clara sobre como capacidades que podem se configurar como competências
centrais podem afetar as fronteiras de uma arena de competição ou de um grupo estratégico.
Assim, este estudo coloca em perspectiva os espaços de competição da indústria no
Brasil, cujo mercado é repleto de singularidades e requer um modelo de gestão amiúde
idiossincrático. O estudo procura, assim, revelar insights sobre como novos modelos de
negócio podem preencher espaços na oferta de intermediação, assim como ganhar um
entendimento sobre como players atuais, nacionais e internacionais, podem estar mais
alinhados a questões específicas que caracterizam o mercado brasileiro.
Dentre os diversos fatores de configuração do ambiente competitivo para os bancos, optou-se
pela ênfase em regulação, tecnologia e concentração da indústria, por representarem as
maiores forças de transformação do setor (Dermine, 2013; Facó, Diniz, & Csillag, 2009).
Além disso, a pesquisa exemplifica procedimentalmente um levantamento da situação
competitiva de um setor, além de definir assertivamente variáveis que possam explicar a
competitividade de organizações. Para administradores em geral, este trabalho pode servir
como subsídio para decisões táticas e estratégicas. Com isso, esta pesquisa atende ao critério
rigor-relevância da pesquisa científica, enfatizado por Nowotny, Scott e Gibbons (2001),
Starkey, Hatchuel e Tempesta (2009) e Weick (2001).
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Para alguns trabalhos, a bibliografia não é apenas um elemento, mas o único ou principal.
Isso ocorre quando o estudo científico ocorre por meio de textos já publicados. Entretanto, o
mais comum é ser peça de apoio à pesquisa que será desenvolvida. Essa etapa é fundamental
não apenas antes, mas também durante e após o estudo (RICHARDSON; PERES;
WANDERLEY; CORREIA; PERES, 1999).
O principal objetivo desse tópico, quando a pesquisa se encaixa no último caso, deve ser
descrever estudos anteriores realizados por autores que investigaram o tema do artigo a ser
construído, mais especificamente o problema descrito na introdução. Constitui-se em
oportunidade para buscar o que foi feito, por qual (is) motivo (s) e as dimensões ou
profundidade em que foi abordado a questão/ hipótese a ser estudada. Não é necessário
investigar toda a literatura, mas a mais significativa. Ou seja, o que as autoridades no assunto
afirmam? (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY; CORREIA; PERES, 1999).
Refere-se, dessa forma, a uma revisão da literatura sobre teorias e as críticas inerentes a
essas (VERGARA, 2009). É importante expor a ligação entre a bibliografia pesquisada e a
situação problema, não se trata de apenas apresentar uma relação de referências bibliográficas
(nomes de livros, artigos e autores) (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).
Os insumos podem ser buscados em várias fontes como mídia eletrônica, livros,
periódicos, teses, dissertações, relatórios de pesquisa e etc. Como sugestão, após selecionar
vários materiais, leia o sumário ou o resumo e descarte os que não adicionarão valor à solução
do problema. Em seguida, faça a leitura exploratória dos demais materiais. E, por fim, leia
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Exercício
2) “Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate sobre o impacto social no
âmbito dos programas brasileiros de pós-graduação em Administração de
Empresas.” (WOOD JR; COSTA; LIMA; GUIMARÃES, 2016, p. 22)
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em um artigo, o autor precisa ter como foco a descrição do método, ou seja, o caminho
percorrido para a execução da pesquisa descrita. Entretanto, o entendimento prévio da
metodologia é fundamental para escolhas corretas e adequadas ao problema de pesquisa.
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Dessa forma, esse capítulo é estruturado nos seguintes tópicos: primeiro, descrição da
metodologia quanto à classificação de pesquisas no que se refere a seus objetivos, meios e
abordagens do problema e às classificações inerentes ao processo de coleta de dados (natureza
das variáveis, escalas, tipo de variáveis e instrumentos). Em seguida, será descrito os tópicos
essenciais para escrever o método em um artigo científico.
Ao adentrar esse campo, o leitor perceberá existir uma variedade de autores e taxonomias
de tipos de pesquisa. Nesta apostila, será considerada a seguinte:
Dessa forma, quanto aos objetivos (fins), o estudo pode ser classificado como
exploratório, descritivo e explicativo. O primeiro é adequado quando o campo no qual o
problema a ser pesquisado possui poucos conhecimentos ordenados, sistematizados.
Dessa forma, não é necessário que o pesquisador forneça hipóteses previamente. Porém,
essas poderão ocorrer ao longo da coleta de dados (VERGARA, 2009).
As pesquisas descritivas, por sua vez, possuem como foco descrever uma população
ou fenômeno quanto às características ou estabelecer conexão entre variáveis. Geralmente,
utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados como questionários e observação
sistemática (GIL, 2002). Não possui a incumbência de explicar fenômenos, mas fornece
dados para isso. Como exemplo, as pesquisas de opinião se inserem nessa classificação
(VERGARA, 2009).
pesquisa mais complexo, pois visa explicar o porquê dos eventos ocorrerem. Nas ciências
naturais, o método experimental é o mais utilizado. Entretanto, nas ciências sociais, a
utilização da pesquisa explicativa possui muitas barreiras justificadas nas dificuldades
inerentes ao controle necessário das variáveis que, muitas vezes, é impossível (GIL,
2002).
Os levantamentos são adequados aos pesquisadores que optam por investigar questões
sobre a distribuição de uma variável ou das relações entre características de pessoas ou
grupos. São muito utilizados para análise de fatos e descrições. Diferentemente do tipo de
pesquisa anterior, muitas variáveis podem interferir nos processos estudados. Outra
característica marcante é o estudo de fenômenos que ocorrem naturalmente (MARTINS;
TEÓPHILO, 2009).
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Ao descrever a natureza dos dados, esses poderão ser classificados como primários ou
secundários. Se inseridos no primeiro grupo, significa que o pesquisador é o primeiro a
analisar aqueles resultados de pesquisa, ou seja, nenhum outro autor os interpretou
anteriormente. Exemplos: dados coletados durante entrevistas, grupos de foco ou por meio da
aplicação de questionários. Ao contrário, se os dados utilizados pelo estudo já foram
interpretados e/ ou tratados anteriormente, logo esses se inserem na classificação enquanto
―secundários‖. Geralmente, pesquisas bibliográficas e revisão de literatura utilizam esta fonte
de dados, pois os dados já foram coletados e analisados anteriormente por outro (s)
pesquisador (es).
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1 = terror
2 = aventura
3 = comédia
4 = romance
5 = outros
1+2=3
Quando as variáveis se enquadram no tipo ―ordinal‖, significa haver entre elas uma
relação de > (maior que). Isso significa afirmar que é possível compará-las de acordo com
dimensões (mais alto que, mais complexo que, mais relevante do que e etc). Como exemplo, a
escolaridade pode ser citada:
1 = Pós-graduação
2 = Graduação
3 = Ensino Médio
4 = Ensino Fundamental
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estatísticas paramétricas comuns. Entretanto, o zero, enquanto ponto da escala, não é real e
sim arbitrário. Um exemplo é a temperatura descrita pelas ciências naturais em graus
Centígrados, onde o zero absoluto não possui um ponto exato na escala.
VARIÁVEIS
PROPRIEDADES
Nominais Ordinais Intervalares Razão
Classificação + + + +
Hierarquização - + + +
Distância - - + +
Zero Absoluto - - - +
Essa classificação só é possível se houver uma relação entre elas. As primeiras são
caracterizadas como aquelas que afetam outras variáveis, mas não necessariamente há relação
de causalidade entre elas. Por exemplo, a idade e o gênero podem influenciar a decisão de
migrar do trabalhador. Aqueles do gênero masculino e mais jovens podem ter maior tendência
a migrar para centros urbanos em busca de emprego. Observe que não há qualquer relação de
dependência entre gênero e idade.
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Os efeitos dessas variáveis classificadas no terceiro tipo podem ser: não afetar a
relação entre dependentes e independentes; desaparecer com a relação original e ter efeito
significativo, mas não desaparecer com a relação original.
Muitos são os instrumentos possíveis para a coleta de dados. Serão apresentados nesta
seção: roteiros e protocolos, entrevistas, bases institucionais, questionários, grupo de foco,
treinamentos e testes, grupos teste e controle.
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Dados da entrevista (horário de início, local, tipo de entrevista, forma de registro dos
dados):
Informação sobre o sigilo ou não da identidade do entrevistado:
Outra forma possível de coletar dados é por meio das bases institucionais. Essas são
caracterizadas como os locais onde são armazenados dados de pesquisas oficiais como as
fornecidas pelo Ministério da Educação (MEC) ou o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
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Por fim, os grupos teste e controle são primordiais para a condução de uma pesquisa
experimental. Sobre os participantes, objetos ou fenômenos do primeiro grupo é efetuada a
manipulação das variáveis e, depois, são medidos os efeitos. No grupo controle, não há
qualquer estímulo intencional (manipulação de variáveis) e funciona como padrão de
comparação com a situação anterior (MARTINS; TEÓPHILO, 2009).
Por fim, descreva as estratégias escolhidas para a análise dos dados. Esse tópico
depende de qual forma foi escolhida para a abordagem do problema: qualitativa, quantitativa
ou os dois? Provavelmente, se a opção foi pela primeira forma, foi utilizada alguma técnica
estatística. Se a opção foi pela abordagem qualitativa, talvez técnicas como a análise do
conteúdo ou do discurso foram empregadas.
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Perceba que a sugestão é descrever os itens mais gerais primeiro e depois os mais
específicos. Mas, lembre-se que a organização das ideias permanece de acordo com sua
avaliação sobre a ordem, não existe uma mais correta que a outra. O importante é manter o
texto organizado para facilitar o entendimento pelo leitor.
Exercício
A importância dos dados não está neles mesmos, mas no fato de proporcionarem
respostas às investigações. Análise e interpretação são duas atividades distintas, mas
estreitamente relacionadas. (MARCONI e LAKATOS, 2008).
A análise dos dados é a exposição dos resultados obtidos, ordenada pelos objetivos de
pesquisa. Por ressaltar normalmente os aspectos quantitativos, é comum a utilização de
gráficos, tabelas, quadros e esquemas.
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Hierarquização das
Seleção de ideias (de acordo
ideias/informações com a importância)
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Tabelas, quadros e figuras (fotos, gráficos, mapas, desenhos, plantas, gravuras) são
representações ilustrativas que servem para organizar e possibilitar a interpretação do trabalho
desenvolvido, de forma clara e objetiva. Para cumprir essa finalidade, devem seguir a práxis
eas recomendações para sua elaboração. As normas adotadas aqui baseiam-se nas
recomendadas pela Fundação IBGE e retiradas do guia de recomendações de teses da USP
(2015).
5.1.1 TABELAS
A tabela deve ser possível de ser entendida sem consulta ao texto. É importante que
não contenha dados além do necessário para que não fique sobrecarregada, deve ser
estruturada de forma simples e objetiva. Podem ser dispostas em anexo ou intercaladas no
texto imediatamente após o trecho em que foram citadas.
5.1.2 QUADROS
A apresentação destes é semelhante a das tabelas, porém são formados apenas por
palavras (também dispostas em linhas e colunas) de acordo com as normas da ABNT, sem
indicação de dados numéricos. Apresentam teor esquemático e descritivo e não estatístico.
5.1 FIGURAS
Entende-se por figura gráficos, fotografias, gravuras, mapas, plantas, desenhos, entre
outros. Quando for representada por gráficos, a denominação pode ser feita pela palavra
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Nessa parte do trabalho devem ser feitos confrontamentos entre fatos encontrados na
pesquisa com aquilo que foi descrito no referencial teórico de forma a fundamentar e embasar
aquilo que foi descoberto ao longo da pesquisa.
A discussão é o estabelecimento dos critérios da verdade e por isso muito mais do que
comparar resultados, se faz estabelecer a relação deles, de forma analítica, com o que foi
verificado por outros em outras condições experimentais (FERREIRA e ABREU, 2007). Na
discussão, o autor deve procurar dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as
principalmente ao referencial teórico. A interpretação significa a exposição do verdadeiro
significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema.
(MARCONI e LAKATOS, 2008).
O autor deve:
Em alguns casos, a discussão pode estar reunida aos resultados, formando um único
capítulo. Entretanto, quando essa forma for adotada, os resultados devem ser discutidos à
medida que são apresentados.
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Alguns aspectos apontados por Best (1972) podem comprometer a pesquisa, são eles:
7. CONCLUSÃO
A conclusão se refere ao espaço, no artigo, que o autor pode escrever suas impressões
pessoais, sem a necessidade de citar autores da literatura. Mas sempre mantenha o tom
impessoal da redação.
Pode ser escrita por meio da repetição de um trecho anterior que apresenta conclusões
sobre os resultados encontrados. Nesse aspecto, se atente para não escrever algo não
evidenciado no corpo do texto ao longo de outros tópicos. Sobre a redação, tome cuidado com
as ambiguidades, facilite o entendimento ao leitor (RICHARDSON; PERES; WANDERLEY;
CORREIA; PERES, 1999).
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Lembre-se: uma pesquisa nunca estará perfeita, sempre terá aspectos a serem
aperfeiçoados em futuras investigações. Dessa forma, escrever sobre quais fases poderiam ter
sido feitas de forma diferente não torna o seu artigo pior; ao contrário, mostra a seriedade do
pesquisador.
Exemplo:
Exercício
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Uma vez que se verificou, no caso pesquisado, que não existem estratégias para evitar
o esquecimento organizacional, recomendam-se estudos empíricos que possam abordar com
mais profundidade esse fenômeno, relacionando-o também com a perda de conhecimento.
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8. REDAÇÃO
A prática de redigir um bom texto técnico é adquirida por meio do hábito (SANTOS,
2007). Richardson et al. (1999) afirma que a redação final de um relatório é custoso e, por
isso, o autor deve o quanto antes iniciar o processo e não desistir. Não há uma fórmula mágica
ou inspiração para o trabalho ser redigido ininterruptamente. O mais importante é estar
disposto a escrever e retornar ao já escrito até obter a melhor forma de se comunicar e fazer-se
entender. O primeiro texto dificilmente será o único e o último. Quanto ao estilo, os autores
sugerem se atentar aos seguintes itens:
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Sobre o tratamento verbal, opte pela terceira pessoa do singular. Esta é a forma mais
tradicional, reflete a ideia de neutralidade, amplamente defendida pelo positivismo
(VERGARA, 2009). Dessa forma, a impessoalidade do texto é mantida. Evite, portanto,
expressões como: "meu projeto", "meu estudo" e "minha tese". As seguintes formas de escrita
são mais adequadas: "este projeto", ―o presente estudo" e etc (GIL, 2002).
Por fim, GIL (2002) complementa as ideias anteriores por meio das seguintes
sugestões de qualidades ao escrever textos técnicos:
1) Utilize a linguagem direta, a argumentação deve ser embasada por dados e provas
e não considerações pessoais;
2) O vocabulário não deve conter duplo sentido, palavras supérfluas;
3) Recorrer a dicionários especializados e outras obras para a precisão conceitual
auxilia ao redigir observações, medições e análises;
4) As ideias devem apresentar coerência, ou seja, manter uma sequência lógica e
ordenada. Dessa forma, mantenha a harmoniosidade do texto por meio de
parágrafos com um único assunto;
5) Cada período deve conter, no máximo duas ou três linhas. Isso garantirá a concisão
textual, sem períodos longos que dificultam a compreensão;
6) A simplicidade na escrita é uma postura adequada. Utilize, portanto, somente
palavras necessárias: evite utilizar sinônimos apenas para aumentar o texto ou
jargões técnicos.
Ao terminar de escrever seu texto, o revise para verificar se a redação está adequada.
A leitura por outras pessoas é altamente positiva e contribui para o seu processo de
aprendizagem sobre como construir um bom artigo. Além disso, busque uma vez mais
averiguar se as ideias de todos os tópicos estão bem relacionadas. A introdução, referencial
teórico, método, resultados, discussão e conclusão devem conduzir o leitor ao pleno
entendimento da pesquisa efetuada.
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9.1 DEFINIÇÕES
Citação de um autor
Exemplos
Exemplos
Embora o método Kaiser seja pouco conhecido e utilizado, ele foi discutido há,
aproximadamente, 25 anos (LÉBART e DREYFEIS, 1972).
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Exemplos
As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas
duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação.
Exemplos:
Barbour (1971, p. 35) descreve: ―O estudo da morfologia dos terrenos [...] ativos [...]‖
―Não se mova, faça de conta que está morta.‖ (CLARAC; BONNIN, 1985, p. 72).
Segundo Sá (1995, p. 27): ―[...] por meio da mesma ‗arte de conversação‘ que abrange
tão extensa e significativa parte da nossa existência cotidiana [...]‖
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As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo
de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas.
Exemplo:
Quando a citação incluir texto traduzido pelo autor, deve-se incluir, após a chamada da
citação, a expressão tradução nossa, entre parênteses. Exemplo:
―Ao fazê-lo pode estar envolto em culpa, perversão, ódio de si mesmo [...] pode
julgar-se pecador e identificar-se com seu pecado.‖ (RAHNER, 1962, v. 4, p. 463, tradução
nossa).
Exemplos:
Outros estudos, citados pela mesma revisão (HARA et al., 1983; KAWATE et al.,
1979; RAVUSSIN et al., 1994) encontraram que grupos de pessoas que emigraram a
ambientes modernos desenvolveram uma incidência maior do Diabetes Tipo 2, comparados
com as suas contrapartes que permanecem em seus lugares de origem.
Citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original. É válido
lembrar que não é indicado utilizar esse tipo de citação. O pesquisador deve sempre recorrer à
obra original.
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Exemplo
Olson (1977, p. 23) citado por Smith (1991, p. 86), afirma que nossa capacidade para
produzir e compreender tal linguagem falada é, na verdade, um subproduto do fato de sermos
alfabetizados.
Exemplo
OLSON, D. R. From utterance to text: the bias of language in speech and writing. Harvard
Educational Review. v. 47, n. 3, p. 257-281, 1977 apud SMITH, F. Compreendendo a leitura:
uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. 2. ed. rev. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.
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Citação de entidade
Quando a autoria for atribuída a uma entidade, cita-se o nome de acordo com a forma
em que aparece na lista de referências, podendo ou não ser abreviada. Observe os exemplos a
seguir:
Texto:
O número de crianças obesas no mundo, com idade menor a 5 anos, chegou aos 17,6
milhões na década passada (OPAS, 2003).
Referência:
10. REFERÊNCIAS
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Minicurso: Construindo Um Bom Artigo
Autores: Érica Augusta Pachêco
Maria Clara Martins de Souza
Juiz de Fora/MG – 01 e 02 de dezembro de 2016
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Minicurso: Construindo Um Bom Artigo
Autores: Érica Augusta Pachêco
Maria Clara Martins de Souza
Juiz de Fora/MG – 01 e 02 de dezembro de 2016
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