Você está na página 1de 16

A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E SUA IMPORTÂNCIA

NA GESTÃO FINANCEIRA PESSOAL

Jéssika Cristina Ferraz 1


Dr. Roberto Ari Guindani 2

Resumo: A educação financeira sempre foi muito importante para auxiliar os


consumidores a gerir sua renda da melhor forma, sendo assim, o estudo presente
busca através de pesquisas bibliográficas e documental, esclarecer a importância e a
situação da educação financeira, além de apresentar sugestões para a gerência
financeira segundo o relatório ENEF, formando assim cidadãos com consciência
sobre os aspectos financeiros pessoais, aumentando assim sua qualidade de vida e
de suas famílias. A pesquisa caracteriza- se como qualitativa. Quanto ao modelo
adotado para obter respaldo teórico foram utilizados o levantamento bibliográfico e o
relatório ENEF. Os dados foram obtidos por meio de leitura de artigos, revistas e
pesquisas, e os resultados conclusivos foram que, a cada ano as ações ENEF
voltadas a educação financeira vem conseguindo atingir um público cada vez maior,
pois devido a pandemia suas ações passaram a ser on-line, sendo assim, os objetivos
propostos estão cada vez mais engajados em construir uma sociedade com
consciência e discernimento no que diz respeito à administração de seus recursos, e
tomando assim as melhores decisões. O Brasil está longe de se classificar como um
país com uma educação financeira considerado ideal, porém, as ações nas escolas
são de suma importância para mudarmos esse cenário.
Palavras-chave: educação financeira, qualidade de vida, economia, ENEF.

1. INTRODUÇÃO

A educação financeira é um dos fatores que vem sendo discutido há um bom


tempo na academia como uma forma de transformar o cenário econômico das famílias
brasileiras. Segundo a OCDE (2005), educação financeira é “o processo mediante o
qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos
conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e
orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se
tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos neles envolvidos e, então,
poderem fazer escolhas bem informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras
ações que melhorem o seu bem-estar.

1 Aluna do curso de CST em Processos Gerenciais – IFPR - je_ferraz1@hotmail.com


2Orientador – Pós-Doutor em Antropologia pela Universidad de Salamanca (USAL); Coordenador da
Pós-Graduação em Gestão e Negócios – IFPR – Campus Curitiba. roberto.guindani@ifpr.edu.br
Assim, podem contribuir de modo mais consistente para a formação de
indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro”.

Educação financeira sempre foi importante aos consumidores, para auxiliá-los


a orçar e gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem vítimas de
fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em
decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros, e das mudanças
demográficas, econômicas e políticas. (OCDE, 2004)

O crescimento do endividamento é um dos fatores que desestabiliza as


finanças pessoais das famílias, principalmente as que possuem baixa alfabetização,
baixa renda e desejos por bens tangíveis que são sonhos de consumo das pessoas,
achando que isto trará um conforto para o bem-estar eterno (LOPES, 2012).

Percebe-se que a crise econômica advinda é causada pela covid-19, fez com
que o mundo todo sofresse um impacto econômico financeiro com significativas
proporções. Segundo pesquisa da S&P Finlit Survey (2016), dois a cada três adultos
são analfabetos na educação financeira. O país encontra-se próximo da média
mundial, tendo um índice de 35%, enquanto o índice mundial é em média de 33% nos
países desenvolvidos chega a 55%, além de que o país está em 67º posição entre os
143 países analisados.

Os índices são altos e significativos e lentamente vêm diminuindo no Brasil.


Ações que auxiliam na melhoria destes indicadores é o programa Estratégia Nacional
de Educação Financeira - ENEF, desenvolvido desde 2013 articulando instituições de
governo e da sociedade civil e, por este diferencial, valoriza ações integradas em prol
da sociedade. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da
CNC e da Fecomércio PR apresenta nova redução de endividados.

A Fecomercio-PR (2021) aponta que em setembro de 2021, no Brasil, 74% das


pessoas estão endividadas, enquanto 89,3% dos Paranaenses estão endividados.
Corroboram com estes dados INVESTCURITIBA (2021) que entre 2019 e 2021,
observou- se um aumento nos prazos, as taxas de juros atrativas, houve um
significativo aumento do nível de endividamento das famílias ao ponto de não
conseguirem honrar os compromissos assumidos.
Diante desta problemática, este trabalho tem por objetivo relatar a situação e
ressaltar a importância da educação financeira, de acordo com informações do
relatório ENEF, para a formação de cidadãos com mais consciência das ações
relacionadas às suas finanças.

2 EDUCAÇÃO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Para Guindani, Martins e Cruz (2008) "educação financeira é equalizar os


ganhos e os gastos de tal forma que o saldo seja positivo". Os autores relatam que a
grande maioria das pessoas gastam mais do que recebem, recorrendo a empréstimos
e financiamentos e ao mau uso do cartão de crédito. Ou seja, o segredo é organizar
os custos e gastos, para promover a saúde financeira ideal, dentro do possível, pois
sabemos que itens básicos para o dia a dia, como por exemplo alimentação,
combustível está cada dia mais caro, etc.

Alguns exemplos de definição de educação financeira, segundo alguns autores:

Segundo Teixeira et al., (2010, p. 27) “Educação financeira é a arte de


aplicar os princípios e conceitos de finanças em auxílio à tomada de
decisões financeiras pessoais”. Ou seja, ter o discernimento e
equilíbrio para a tomada de decisões, para a saúde financeira é
fundamental, não é errado ter dívidas, porém para contraí-las deve- se
primeiro ter a certeza que conseguirá pagá-las no futuro.

Peter e Palmeira (2013, p. 03) “Educação financeira é a capacidade de


entender finanças e assuntos relacionados. Mais especificamente, refere-se à
capacidade de um indivíduo de fazer julgamentos bem informados e decisões efetivas
sobre o uso e gerenciamento de seu dinheiro”. Já para Domingos (2014) a educação
financeira, nada mais é do que algo que auxilia a administração dos recursos
financeiros, por meio de um processo de mudança de hábitos e costumes adquiridos
há várias gerações. Portanto, não basta aprender a mexer com números, se não sabe
as vantagens que esse conhecimento pode proporcionar.
As finanças pessoais conforme descritas pelos autores acima, são essenciais
para que se possa gerir as receitas e despesas pessoais e/ ou familiares. Quando não
há esse ajuste e as despesas começam a ser maiores que as receitas, o impacto na
relação e qualidade de vida das pessoas gera situações desconfortáveis, tais como:
stress, intrigas, irritação, mal- humor e preocupações, que no dia a dia acaba
desestruturando os indivíduos.
Guindani, Martins, Cruz (2008), corroboram com esta afirmativa, e justificam
que uma das formas de se resolver tais problemas financeiros causados é porque não
se sabe utilizar corretamente o dinheiro:
Podemos responder que é um bom negócio quando aplicamos o dinheiro em
algo que nos dará um retorno maior do que o valor dos juros. Quase todas as
empresas utilizam um dinheiro mais barato para obter ótimos retornos no futuro.
Portanto, fazer empréstimo pode ser uma boa opção, no entanto depende de onde
será aplicado o dinheiro (vantagens e desvantagens).
Nesta mesma linha de raciocínio, deve-se inicialmente tomar algumas
iniciativas sugeridas pelos autores em relação a solução deste problema que é utilizar
a ferramenta do planejamento financeiro:

Quadro 1- Importância do Planejamento Financeiro

Controle no impulso de Avaliar se realmente é necessário e possível comprar aquilo que


compras se quer naquele momento.

Custos financeiros Analisar rigorosamente as taxas de juros e os custos financeiros


operacionais

Vantagens e desvantagens Avaliar as vantagens e desvantagens de


empréstimos/financiamentos

Planejamento Financeiro Elaborar através de ferramentas controles financeiros


pessoais/familiares
Fonte: Adaptado de Guindani, Martins, Cruz (2008).

Ribeiro (2021) apresenta uma técnica baseada num modelo SWOT para se
elabora o planejamento financeiro pessoal:

Figura 1 – Técnica para o Planejamento FINANCEIRO PESSOAL


Fonte: Ribeiro (2021).

Como o autor utiliza a ferramenta de análise SWOT como base para elaborar
sua técnica de elaboração do planejamento financeiro pessoal, se faz necessário
explicar cada item e o que isto significa:

1. Ter consciência de suas forças e fraquezas: análise do ambiente interno,


aspectos internos da vida, exemplo de força seria o controle de gastos, e
fraqueza poderia ser como exemplo, não conseguir pagar todos os gastos no
prazo pré-determinado.

2. Análise de oportunidade e ameaças - é a análise do ambiente externo, ou


seja, aquilo que não se tem controle. Ex.: Inflação, crise da pandemia, alta do
dólar, políticas públicas.

3. Estabelecer a visão de longo prazo (onde se quer chegar) - Primeiramente


precisa estabelecer um objetivo específico e claro, para poder planejar e saber
quais as ações a serem tomadas para conquistar tal objetivo.

4. Metas de 10 anos, 5 anos e 1 ano- o Planejamento deve conter metas a longo


prazo (10 anos), médio prazo (5 anos) e curto prazo

5. que geralmente são aqueles que duram menos de 1 ano. Devem conter
objetivos claros, por exemplo, um curso para melhorar os proventos, ou poupar
para conseguir reservar uma reserva de emergência, ou pequenas reformas na
casa ou mudança na mobília.

6. Planejamento anual, com revisão semestral ou trimestral- Para isso,


precisa ser realizado um fluxo de caixa, ou seja, um detalhamento dos
proventos e gastos mensais da família. O ideal é ter um controle mensal, para
que possa planejar de forma anual. Deve- se agrupar todas as receitas como
salário, pró-labore, vendas de ativos, e as despesas como moradia,
alimentação, etc. O segredo aqui é quanto mais detalhado e não esquecer de
nada, melhor.

Estes argumentos demonstram que o planejamento financeiro passa a ser


comprovadamente um dos primeiros itens a serem tratados para a melhoria da gestão
dos recursos financeiros. Os itens e fatores que precisam ser atendidos no
planejamento financeiros devem responder a estes questionamentos: observe o que
quer do futuro, imagina onde quer estar daqui a 10 anos, faça planos, compre somente
o que necessitar, tenha sempre um dinheiro guardado, estabeleça cenários de
análise, controle suas receitas e despesas, e seja feliz! Observa-se que este
planejamento resultará em uma melhoria na qualidade de vida.

2.1 COMITÊ NACIONAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA (CONEF)

Para desenvolver ações que auxiliam na educação financeira no Brasil foi


criado o CONEF (comitê nacional de educação financeira). É uma instância voltada
para a direção, fiscalização e fomentação do ENEF, formada por sete órgãos e
entidades do governo e quatro organizações da sociedade civil.

Quadro 1 - Histórico CONEF

LEGISLAÇÃO DESCRIÇÃO

DECRETO Nº 10393, de 9 de Institui a nova Estratégia Nacional de Educação Financeira –


junho de 2020 ENEF e o Fórum Brasileiro de Educação Financeira – FBEF.

DELIBERAÇÃO CONEF Nº 19, de Estabelece diretrizes para o Programa Educação Financeira


16 de maio de 2017 nas Escolas, durante a vigência do programa e ações de
educação financeira no âmbito da ENEF.

DELIBERAÇÃO CONEF Nº 18, de Divulga as entidades escolhidas para representar a


28 de dezembro de 2017 Sociedade Civil no CONEF.

DELIBERAÇÃO CONEF Nº 17, de Aprova Edital para concessão de SELO para iniciativas de
16 de março de 2015 Educação Financeira (SELO ENEF), previsto no Plano
Diretor da Estratégia Nacional de Educação Financeira
(ENEF).

DELIBERAÇÃO Nº 15, de 27 de Divulga as entidades escolhidas para representar a


agosto de 2014 Sociedade Civil no CONEF.
DELIBERAÇÃO Nº 14, de 27 de Estabelece as diretrizes para a atuação da Associação de
agosto de 2014 Educação Financeira do Brasil – AEF-Brasil, na execução do
Convênio de cooperação firmado com o CONEF e dá outras
providências.

DELIBERAÇÃO Nº 16, de 17 de Dispõe sobre a representação do Comitê Nacional de


novembro de 2014 Educação Financeira (CONEF).

AVISO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA Seleção de iniciativas de educação financeira com potencial


Nº 1/2014 de receberem o SELO ENEF.

DELIBERAÇÃO Nº 12, de 21 de Altera o Regimento Interno do Comitê Nacional de Educação


novembro de 2013 Financeira, anexo à Deliberação CONEF nº 1, de 5 de maio
de 2011.

DELIBERAÇÃO Nº 13, de 21 de Institui a Semana Nacional de Educação Financeira,


novembro de 2013 destinada a promover a Estratégia Nacional de Educação
Financeira (ENEF) e a divulgar as ações desenvolvidas
pelos órgãos e entidades representadas no Comitê Nacional
de Educação Financeira (CONEF)
Fonte: CONEF (2021).

Com o crescimento econômico e financeiro aquecido a partir de 2010, o


governo federal sentiu a necessidade de instituir através do CONEF um programa de
Estratégia Nacional de Educação Financeira que por meio do Decreto 7397 de 22 de
dezembro de 2010, com a finalidade de promover a educação financeira e contribuir
para o fortalecimento da cidadania, para a eficiência e a solidez do Sistema Financeiro
Nacional (SFN) e para a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores.
MEC (2020)
O CONEF buscou focar suas ações de educação financeira para as escolas de
nível fundamental e médio, mulheres que são beneficiadas com bolsa família, além
dos aposentados.
Segundo o relatório do CONEF, o mesmo é formado pelo Banco Central do
Brasil (BCB), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (Previc), Superintendência de Seguros Privados (Susep),
Ministério da Fazenda, Ministério da Educação, Ministério da Previdência Social,
Ministério da Justiça, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros
e de Capitais (Anbima), Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa),
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e
Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) e pela Federação Brasileira dos
Bancos (Febraban). MEC (2021).
Segundo o relatório, a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF é
um conjunto de ações voltadas para a promoção de ações voltadas a educação
financeira securitária, previdenciária e fiscal no país, de acordo com o decreto Federal
7.397/2010, e renovada pelo Decreto Federal nº 10.393, de 9 de junho de 2020,
formando assim uma sociedade com mais conhecimento financeiro ajuda
significativamente em um país com uma economia sólida e próspera, além de
promover mais qualidade de vida, pois sabemos dos malefícios que a preocupação
causa na saúde mental e consequentemente, física.
Segundo o relatório ENEF (2018) os "programas da nova ENEF são guiados
pelo Plano Diretor, sua Deliberação e seus Anexos, documentos que consolidam a
atuação da Estratégia Nacional de Educação Financeira. As ações da nova ENEF são
compostas pelos programas transversais e setoriais, coordenados de forma
centralizada, mas executados de modo descentralizado.”

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa é caracterizada como qualitativa, nesse tipo de pesquisa, o


responsável por fazer a análise das informações coletadas é o próprio pesquisador.
Ela se caracteriza por coletar e interpretar as respostas subjetivas dos entrevistados.
Através das pesquisas bibliográficas realizadas e com base no relatório do
ENEF (2020) apresenta algumas soluções financeiras para melhorar a qualidade de
vida das pessoas.
A pesquisa descritiva é focada em descrever um estudo ou conhecimento que
já existe através da pesquisa bibliográfica. Uma pesquisa é descritiva quando o
objetivo é esclarecer ao máximo um assunto que já é conhecido, descrevendo tudo
sobre ele. Nesse caso, o pesquisador deve fazer uma forte revisão teórica envolvendo
o seu objeto de estudo, e deve analisar e comparar as informações.
A pesquisa bibliográfica consiste na coleta de informações a partir de textos,
livros, artigos e demais materiais de caráter científico. Esses dados são usados no
estudo sob forma de citações e referências, e servem de embasamento para o
desenvolvimento do assunto pesquisado. Partindo do ponto de vista dos
procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica é uma das mais comuns, sendo
considerada obrigatória em quase todos os moldes de trabalhos científicos.
As técnicas e os métodos estatísticos são dispensados nesse modelo, visto
que o investigador se foca em características mais complexas e não-quantificáveis,
como o comportamento, as expressões e os sentimentos.
A coleta dos dados primários e secundários foram obtidos com base em artigos,
dissertações e teses sobre o tema Finanças Pessoais. Para o acesso aos materiais
referentes ao tema, foram utilizados o relatório ENEF, Google Acadêmico, SciELO e
outras plataformas de dados científicos publicados.
Trata-se de um método teórico focado em analisar os ângulos distintos que um
mesmo problema pode ter, e onde são consultados autores com diferentes pontos de
vista sobre um mesmo assunto.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Este trabalho tem por objetivo relatar com base nos dados do relatório ENEF a
respeito da educação financeira da população brasileira no atual cenário econômico
no Brasil. Diversos estudos apresentam que a educação financeira é uma barreira
crítica para a inclusão da população no sistema financeiro e para o acesso a serviços
bancários diversos como conta corrente, poupança ou crédito.
Essa questão crítica passa a ser significativo para o bem-estar da população e
para a economia do país de maneira geral, à medida que pessoas não são capazes
de tomar as melhores decisões financeiras no seu dia a dia.
Evidencia- se nisto quando famílias de poder aquisitivo mais baixo não
conseguem melhorar a sua qualidade de vida, em razão de diversos fatores, mas
neste caso enfatizado quando não conseguem entender os princípios financeiros e a
gestão financeira pessoal. Bons investimentos, tais como: poupança, aquisição de
imóveis, compra de automóveis e/ou motocicletas para auxiliar na locomoção em
detrimento da falta da aplicabilidade do orçamento familiar doméstico.
Serão apresentados dados dos resultados encontrados no programa ENEF ao
qual desenvolvem- se anualmente ações a respeito das finanças pessoais, nas
diversas regiões no Brasil.

4.1 MAPA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO MUNDO


Antes de tratarmos especificamente do mapa da educação financeira no Brasil
cabe apresentar dados da temática no mundo.
O estudo da S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey (2016)
desenvolvida no mundo, através de 144 países, evidenciou que para se ter um
controle no gerenciamento e educação financeira pessoal são necessários
conhecimentos em quatro conceitos básicos: aritmética, diversificação de risco,
inflação e juros compostos.
Os resultados da pesquisa podem ser visualizados abaixo em relação à
população em relação à educação financeira no mundo.
Tabela 1 - Educação Financeira no Mundo
País Posição País Posição
Noruega 1º Estados Unidos 14º
Dinamarca 2º Suíça 15º
Suécia 3º Uruguai 34º
Israel 4º Japão 38º
Canadá 5º China 39º
Reino Unido 6º Chile 44º
Holanda 7º Italia 63º
Alemanha 8º Brasil 74º
Austrália 9º Argentina 97º
Finlândia 10º Iêmen 144º
Fonte: S&P Ratings Services (2016).

A OCDE (2005) define a Educação Financeira como: “o conhecimento e o


entendimento de conceitos financeiros e riscos, e as habilidades, motivação e
confiança para aplicar esse conhecimento”.

Pode-se verificar que a Noruega é o país com população mais educada


financeiramente, através do estudo desenvolvido, os Estados Unidos, que são um dos
países mais ricos do mundo, foi considerado o 14º país e, o Brasil em 74º lugar no
ranking mundial, enquanto que o Iêmen é o país que mais necessita de atenção a
esse assunto.

4.2 MAPA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO BRASIL


No Brasil, o ENEF através de suas iniciativas, desenvolveram em tempos de
pandemia através do uso de recursos digitais, que proporcionam atingir um número
maior e diversificado de pessoas, com a estratégia de atingir os estudantes das
diversas escolas.
O ENEF pode incentivar parcerias de conteúdo e formação entre iniciativas
digitais/nacionais e presenciais/locais 63 Maior parte das iniciativas não têm
enfoque em um público específico, atingindo homens e mulheres, jovens,
idosos e grupos de perfil sócio demográfico indiferentemente. (ENEF 2020)

Cabe aqui destacar a importância das iniciativas direcionadas a públicos mais


vulneráveis, como analfabetos, com pouco ou nenhum uso do sistema financeiro e de
menor renda. Um dos motivos encontrados foi que apenas 31% dos professores
passaram por cursos de capacitação e 15% de iniciativas dedicadas à formação de
professores em Educação Financeira.
Fica evidente que parcerias com Secretarias de Educação são fundamentais
para aumentar a capacitação e iniciativas que melhoram o aprendizado e
compreensão do controle, uso e monitoramento dos recursos financeiros.

4.3 ANÁLISE DO RELATÓRIO ENEF


Com base nas ações desenvolvidas, foi publicado o relatório ENEF (2020), que
apresenta algumas soluções financeiras para melhorar a qualidade de vida das
pessoas.
No quadro 2, destacam- se algumas destas soluções apresentadas:

Dia do Orçamento Reserve 1 dia no mês para organizar sua situação financeira, ou seja, seus
proventos e despesas, até mesmo as variáveis, para verificar a situação
financeira.

Defina Prioridades: Caso sua situação esteja comprometida, com muita dívida, deverá fazer um
“pente fino”, buscando priorizar o que é mais importante, o que for menos
importante deverá ser cortado temporariamente até que haja melhora no
orçamento, mas atenção, essa etapa precisa de disciplina.

Aprender a usar o Não adianta se preocupar em como ganhar dinheiro se você não sabe onde
dinheiro: gastá-lo corretamente. É só ver a situação de diversas pessoas que
ganharam na loteria e algum tempo depois se encontram numa situação
preocupante, cheio de dívidas, ou de empresários que acabam cheio de
dívidas. O ideal é buscar conhecimento no assunto com livros, artigos e
cursos sobre o assunto, conhecimento é a única coisa que ninguém nos tira.

Estabeleça Objetivos É bom ter no planejamento financeiro algum objetivo financeiro, como por
financeiros: exemplo, comprar um automóvel de R$15.000,00 em 3 anos, terá de fazer o
planejamento de como chegará a esse objetivo nesse tempo pré-
estabelecido.

Poupar sempre- poupar, sempre que houver a chance de poupar, não desperdice.
Nunca é demais

Aprender a investir- Nesse nível, o ideal é que sobre de 10 a 20% de sua renda, você consegue
honrar com seus compromissos e chegou a hora de fazer o dinheiro trabalhar
a favor do seu patrimônio. No mercado existem diversas formas de investir,
mas ainda acredita- se que por falta de conhecimento de investimentos, a
população ainda elege a poupança como ferramenta preferida de
investimento no geral. O ideal é buscar conhecer as diversas opções de
investimentos que existem no mercado, e ver qual se adequa melhor ao seu
orçamento. O gerente do banco geralmente pode ajudar nessa questão.

Limite ao máximo o Sabemos que no decorrer do dia a dia surge urgências e muitas vezes não é
seu endividamento: possível ter o dinheiro à vista para aquisição de algo que precisamos. Porém,
o ideal é sempre pagar à vista, assim terá mais poder de barganha na hora
da compra, além de não contrair dívidas.

Disciplina, antes de Não adianta nada seguir todos esses passos se não houver
tudo: comprometimento e disciplina. É essencial para o sucesso das ações
tomadas o foco na saúde financeira.

Fuja do crédito fácil: Esse é um dos motivos que a maioria das famílias brasileiras se encontram
endividadas. O crédito fácil parece resolver os problemas que surgem na
rotina, porém, os juros estão ali e bem presentes. Quanto mais fácil o crédito,
maior será o juro sobre aquele crédito.
Fonte: Relatório ENEF (2020).

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico


(OCDE), os governos nacionais, a partir de 2008, começaram a se engajar em ações
que mudassem o cenário do analfabetismo financeiro, visto que é muito prejudicial a
longo prazo, prejudicando a economia e a qualidade de vida dos indivíduos.
A participação de iniciativas voltada para as mudanças desse cenário, seja do
Estado, da iniciativa privada ou sociedade civil é importante para tornar essas
iniciativas concretas e precisas, tornando- se referência para leis, políticas públicas,
ou programas multi setoriais. Em 2017, 60 países possuíam alguma iniciativa voltada
à educação financeira. Fóruns globais como o G20 e a Cooperação Econômica Asia
- Pacífico (APEC) reconhecem a importância dessas ações para o desenvolvimento e
sustentabilidade econômica e social em especial no G20, onde observa- se uma
proliferação no âmbito nacional da educação Financeira.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor
(PEIC, 2017) houve um aumento de 0,6% de famílias endividadas. A pesquisa destaca
ainda que a maioria das famílias endividadas são, na maioria com renda de até 10
salários mínimos, que possuem renda consideravelmente boa, porém não conseguem
se organizar financeiramente devido à falta de educação financeira, e também devido
à facilidade de acesso ao crédito, que muitas vezes é ser é um fator principal que pode
comprometer a saúde financeira de pessoas sem planejamento financeiro prévio.
Os programas de educação financeira desenvolvidos no Brasil através do
ENEF contribuem na melhoria do planejamento e entendimento das finanças da
população brasileira e, consequentemente, o desenvolvimento do mercado e da
economia do país como um todo. (ENEF, 2020).
As figuras abaixo demonstram a evolução e resultados positivos ao longo das
contínuas edições da Semana ENEF a partir de 2014:
Figura 1 - Público Participante

Fonte: ENEF (2020).

Em razão dos efeitos da pandemia da covid 19, o uso de iniciativas online


passou a ser a forma utilizada para promover as ações propostas pelo ENEF (2020).

Figura 2 - Tipo de Iniciativa desenvolvida pelo ENEF

Fonte: ENEF (2020).

Os principais resultados obtidos através das iniciativas por área de atuação.


Destacam- se as cooperativas de crédito com 2.290 ações de um total de 2667, que
representa 85,9% das ações. Os participantes representam 713.109 de um total de
1.103.014 o que significa 64,7% de pessoas envolvidas nestas iniciativas.
Ainda tratando- se das iniciativas, quando se trata de áreas de atuação x
campanha x alcance, pode- se destacar que as 545 campanhas das cooperativas de
crédito alcançaram 55.895.330; os bancos e outras instituições financeiras
impactaram 10.842.000 e as associações de classe com 6 campanhas atingiram
38.942.201. Essas três áreas de atuação tiveram um impacto e alcance em 99,8%
dos partícipes.
Com base no relatório da 7ª semana nacional de educação financeira, que
aconteceu em 2020, (iniciada em 2014) "a Semana ENEF cumpriu seu papel de
divulgar temas de educação financeira, previdenciária, securitária e fiscal, contando
sempre com o apoio de todos os órgãos parceiros e pessoas envolvidas."(ENEF,
2020).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo relatar a situação da educação financeira, de


acordo com informações do relatório ENEF. As finanças pessoais têm 2 fatores
fundamentais que devemos levar em consideração: fatores internos e externos.
Internos seria basicamente a disciplina, organização e inteligência para escolha.
Externos seria a pandemia, inflação, política, etc.
Devemos sempre estar atentos aos fatores externos, pois são esses que
determinam o futuro de uma nação, e o que dá segurança alimentar, e profissional
(assegurando o direito ao trabalho), para que consigamos ter uma vida digna e
qualidade de vida.
Fatores internos estão ligados a inteligência de gerenciamento de recursos sob
o aspecto de influências externas pois é inevitável não dar importância a mesma. A
inteligência emocional, ou seja, não se deixar levar por promoções atentados, ou não
comprar coisas supérfluas ajudam a manter o controle das finanças pessoais, visto
que a inflação de preço de coisas básicas na rotina como alimentação, transporte
(combustível), aluguel está cada vez mais pesando no orçamento do brasileiro, visto
que a inflação é mundial, ou seja, a alta nos preços é consequência das medidas de
lockdown para conter o vírus da Covid 19.
As ações que o ENEF proporciona à comunidade é de suma importância para o
desenvolvimento de cidadãos com consciência nas tomadas de decisões referente as
finanças e assim melhorarem a qualidade de vida, e consequentemente aumentar a
economia regional e nacional.
Podemos perceber que a educação financeira está diretamente relacionada ao
PIB nacional, pois é a economia per capita que faz a economia girar e assim tornar o
local mais próspero e com um nível de qualidade muito alto na questão de estilo de
vida (pessoas menos endividadas, mais felizes).
O instituto Federal participou da semana ENEF (2021), através de quatro
alunos voluntários nos cursos de gestão pública e processos gerenciais, sob
orientação de dois professores dos respectivos cursos. Os temas tratados foram:
planejamento financeiros, créditos financeiros disponíveis, moedas digitais e
investimentos. Por fim, foi também ministrado um curso sobre matemática financeira
na comunidade.
Sugere-se que mais ações desta natureza sejam desenvolvidas junto à
população para que a mesma aprenda como gerir seus recursos próprios, e tenha
uma qualidade de vida melhorada, e consequentemente gerando e melhorando sua
qualidade de vida e relacionamento familiar e social.
Sendo assim, sugere- se um estudo mais aprofundado a respeito de como
podemos atingir mais a comunidade no sentido de fazer mais iniciativas voltadas à
educação financeira, para que possamos ser eficazes no sentido de divulgar e dar
acesso à todas as inciativas do ENEF para a população.

REFERÊNCIAS

ACCORSI, R. de S., LOPES, J. R. M., de LAMES, E. R., MACHADO, R. de Q., &


LAMES, L. da C. J. (2018). Influência do curso de Administração nas finanças
pessoais de seus alunos. Acta Negócios, 1(2), 79–106.
https://doi.org/10.19141/2594-7680.actanegocios.v1.n2.p79-106
Fecomércio Paraná, disponível em : https://www.fecomerciopr.com.br/sala-de-
imprensa/noticia/peic-set2021/, acessado em 30/11/2021.
FLORES, Silvia A. M. VIEIRA, Kelmara M. CORONEL, Daniel A. Influência de
fatores comportamentais na Propensão ao Endividamento. Revista de Administração
Faces Journal. Vol 12, nº2. Jun. 2013.
Gerenciador Financeiro Organizze, disponível em : https://financaspessoais.or
ganizze.com.br/3-dicas-para-criar-uma-reserva-financeira-agora/, acessado em
30/11/2021.
Mapa da Educação Financeira no país, disponível em: https://www.vidaed
inheiro.gov.br/mapas/ ; acessado em 15/11/2021.
Mapeamento de Iniciativas da Educação Financeira, disponível em: http://www.vid
aedinheiro.gov.br/wpcontent/uploads/2018/05/Mapeamento_2018.pdf; acessado em
15/11/2021.
Ministério da economia, disponível em:
http://www.edufinanceiranaescola.gov.br/como-esta-a-educacao-financeira-dos-
jovens-brasileiros/, acessado em 30/11/2021.
NEIVA DE JESUS, L. M. (2019). FINANÇAS PESSOAIS: UM ESTUDO SOBRE AS
CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A QUALIDADE DE VIDA.
Textura, 13(21), 74 - 82. https://doi.org/10.22479/desenreg2019v13n21p74-82
PINTO, Margarete O. C.; SANTOS, Natalia O.; PAIXÃO, Márcia V.; ARANTES,
Elaine; TAKAO, Eduardo L.; GUINDANI, Roberto A. A Contribuição de ações
extensionistas para a gestão das finanças pessoais. III MOSTRA DE PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA IFPR Campus
Pinhais, p. 06, ago. 2017.
Relatório da 7ª Semana Enef, de 2020, disponível em:
https://cdn.cosmicjs.com/1d17a0f0-c3ca-11eb-b193-5346a49faa02-
v7relatriosenef2020verso2.pdf , acessado em 30/11/2021.
Relatório da 7º semana Nacional de Educação Financeira edição de 2020,
disponível em: https://imgix.cosmicjs.com/1d17a0f0-c3ca-11eb-b193-5346a49faa02-
v7relatriosenef2020verso2.pdf, acessado em 30/11/2021.
Relatório Enef, disponível em: https://www.vidaedinheiro.gov.br/relatorio-
anual/?doing_wp_cron=1632286618.0595059394836425781250, acessado em
15/11/2021.
Revista Insper, disponível em: https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-
conhecimento/centro-de-financas/parcerias/educacao-financeira/, acessado em
15/11/2021.
SERTEK, P.; GUINDANI, R. A.; MARTINS, T. S. Administração e Planejamento
Estratégico. Curitiba: InterSaberes, 2012.

Você também pode gostar