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RESUMO
INTRODUÇÃO
O tema educação financeira tem recebido grande destaque nacional e internacional nas
últimas décadas, como um dos fatores fundamentais a fim de garantir melhor qualidade de
vida, uma vida financeira saudável e equilibrada. (SOUZA, 2012) Por se manter em destaque
e se intensificar com o desenvolvimento bancário e dos mercados financeiros nos últimos
anos, mudanças significativas vêm sendo observadas no perfil do investidor.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (ANBIMA), em 2019 houve um aumento de 10% de pessoas que investiram em
aplicações financeiras contra 8% no ano anterior. E a poupança manteve a liderança como
principal destino dos investimentos, mas vem perdendo participação: 84,2% dos investidores
deixaram os recursos na caderneta em 2019, uma queda de mais de quatro pontos em relação
aos 88% do ano anterior.
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Durante esse período, a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil),
somente em 2018, identificou mais de 1.300 iniciativas, mais do que a metade comparada
com 2013. Observou-se que cresceu o número de iniciativas de Educação Financeira não
apenas junto às escolas, mas também com vistas a atingir um publico mais amplo
Frente a esse cenário, de multiplicação do conhecimento financeiro e gestões pessoais
indo ao encontro de mudanças ainda tímidas, mas relevantes do investidor brasileiro, busca-se
responder a seguinte questão: como as iniciativas de educação brasileira registradas no
segundo mapeamento nacional tem influenciado a formação do investidor brasileiro?
O objetivo principal desse trabalho é realizar uma análise das iniciativas de educação
brasileira registradas no segundo mapeamento nacional e sua influência na formação do
investidor brasileiro. Para tanto analisaremos os seguintes objetivos específicos:
1 - Determinar, conforme a literatura existente, o perfil do investidor brasileiro de
2015 a 2020;
2 - Buscar, conforme literatura existente, os principais programas e iniciativas
desenvolvidos; e
3 - Determinar, durante o período citado, quais foram as principais mudanças e
tendência dos investidores.
Segundo a Associação Brasileira de Planejadores Financiadores (2019):
Para Savoia, Saito e Santana (2007, p. 1125) “[...] não há como negar que a educação
financeira é fundamental na sociedade brasileira contemporânea, visto que influencia
diretamente as decisões econômicas dos indivíduos e das famílias.”
Apesar do material sobre e educação financeira e economia serem diversos e
abundantes, os indicadores de mensuração dos impactos das iniciativas desenvolvidas ainda
são poucos. Assim este estudo é de relevante interesse econômico-social por fomentar a
discussão da correlação e contribuição dos programas sobre educação financeira
desenvolvidos para mudanças no perfil do investidor brasileiro.
Este trabalho terá́ como principal fonte de pesquisa materiais contidos em relatórios
sobre educação financeira e economia, sites e materiais impressos, como livros e artigos
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científicos sobre o tema e outros que tratem do assunto. A principal forma de coleta de dados
e levantamento das informações será́ pelo processo de pesquisa bibliográfica.
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O primeiro passo é ter ideia clara do que é Educação Financeira, compreendida como
o processo no qual as sociedades melhoram a sua compreensão dos conceitos e produtos
financeiros. Com informação, formação e direcionamento claro, os indivíduos adquirem os
valores e as competências necessários para se tornarem conhecedores das oportunidades e dos
riscos a elas associados e, então, façam decisões fundamentadas, saibam onde procurar ajuda
e adotem outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, a Educação Financeira é um
processo que contribui para a formação de cidadãos responsáveis, comprometidos com o
futuro. (NETO, 2014)
De acordo com a OCDE (2012, p.12, tradução nossa) “A educação financeira é
importante tanto para o presente, dando aos indivíduos o conhecimento e as habilidades para
participar plena e efetivamente na sociedade, quanto para o futuro, pois ajuda a expandir o
conhecimento científico e cultural.”. E ainda complementa ao comentar que “Uma população
bem-educada é essencial para o desenvolvimento econômico e social; as sociedades, portanto,
têm um interesse real em garantir que crianças e adultos tenham acesso a uma ampla gama de
oportunidades educacionais.” (OCDE, 2012, p.14, Tradução nossa)
Para Greesnspan (2002, p. 2), a Educação Financeira pode ser muito útil aos
indivíduos, no sentido de
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[...]dotar os indivíduos com conhecimento financeiro necessário para elaborar
orçamentos, iniciar planos de poupança, e fazer investimentos estratégicos
auxiliando nas tomadas de decisões. O planejamento financeiro pode ajudar as
famílias a cumprirem suas obrigações a curto prazo e a longo prazo, e maximizar
seu bem-estar e é especialmente importante para as populações que tem sido
tradicionalmente sub-atendidas pelo nosso sistema financeiro.
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dados coletados no Mapeamento promovem reflexões sobre os desafios e as oportunidades da
área no país. (AEF-Brasil, 2018).
Para Leandro (2018) existem hoje no Brasil quatro grupos predominantes que atuam
na educação financeira. O primeiro envolve iniciativas que privilegiam o ensino de crianças e
jovens. O segundo tem como preocupação introduzir os principais temas financeiros à
população. O terceiro inclui as iniciativas dirigidas a públicos específicos e oferece venda de
treinamento e consultoria. O quarto abrange as iniciativas de empresas privadas para
qualificar seus mercados de atuação e atender a seus clientes, fornecedores e demais
stakeholders.
As iniciativas identificadas não representam a totalidade de ações existentes no brasil,
pois são numerosas, se considerar o tamanho do país e o desenvolvimento do seu sistema
financeiro. O conjunto de projetos educacionais inventariados revela, no entanto, que a
cooperação nesse campo pode ainda ser consideravelmente ampliada, se não induzida, sob
orientação e liderança do estado. (BRASIL, 2011)
A Brasil Bolsa e Balcão (B3) percebendo as mudanças, identificou que a
transformação digital trazida pelo avanço da tecnologia e o maior acesso à informação, amplo
leque disponível, foram cruciais para que o mercado de investimentos se desenvolvesse muito
nos últimos anos no Brasil.
1.2.1 Internet
Atualmente, a internet viabiliza a comunicação e o acesso a informações de maneira
ágil, democrática e eficiente. O aparato tecnológico impulsionou o avanço da disseminação de
informações, tornando acessíveis os dados públicos para fácil leitura e acompanhamento.
(AMARAL, 2019). Diante disso, as Iniciativas digitais ou híbridas tomam um protagonismo
beneficiado por esse avanço, á medida que tendem a atingir maior número de beneficiários.
(ANBIMA, 2020)
A ANBIMA (2020) registrou que acesso a sites de notícias, blogs e fóruns
especializados em finanças e investimentos foi citado por 32% dos investidores em 2019, um
crescimento de quatro pontos percentuais em relação a 2018.
Instituições financeiras conscientes desses fatos e autorizados a operar pelo Banco
Central e pela CVM, oferecem conteúdo para educação e orientação dos investidores. Por
meio do seu Hub de Educação, a B3 verifica e organiza conteúdos educacionais dos principais
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players do mundo de investimentos. Isso sem mencionar os influenciadores digitais através
dos diversos canais pelas mídias sociais. (B3, 2020)
Ainda segundo a B3 (2020, p.14) “[...] a transformação digital trazida pelo avanço da
tecnologia e o maior acesso à informação foram cruciais para que o mercado de investimentos
se desenvolvesse muito nos últimos anos no Brasil.”. E por isso, é importante que as pessoas
estejam cada vez mais atentas.
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Além dessas pequenas mudanças percebidas no raio X do investidor brasileiro, a B3
divulgou no final de dezembro de 2020 o relatório completo da pesquisa do perfil e
comportamento do investidor pessoa física no intuito de identificar quem são e como se
comportam os mais de 2 milhões de pessoas que aplicaram parte de seus recursos em bolsa no
último ano.
A figura 1 destaca um aumento expressivo nos últimos 3 anos, O número de pessoas
que investem em bolsa saltou de 1 milhão em maio de 2019 para quase 3,2 milhões em
outubro de 2020. Sendo que o número de investidores se permanecia constante abaixo dos
600 mil desde 2011 conforme indicado no próprio relatório da B3.
Foram coletados dados de livros, jornais, revistas, relatórios e sites da internet que
identifiquem as características do objetivo do trabalho.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Amâncio (2020), corrobora com esse mesmo conceito de que o ensino sobre educação
financeira é um meio utilizado para que o individuo desenvolva a capacidade financeira, que
permite tomadas de decisões financeiras com fundamento e segurança, postura que vai em
busca do bem-estar. Amadeu (2009) complementa essa opinião informando que é
basicamente oferecer conhecimento e ferramentas para que as famílias consigam atingir
objetivos, tais como poupar, mesmo que em pequenas quantias, gastar com consciência, e
desenvolver habilidades financeiras que propiciem uma melhor gestão do dinheiro.
ANBIMA (2020, p.5) reforça esse tópico ao dizer que pessoas com este conhecimento
“[...] conseguem montar um orçamento, lidar com as despesas e os gastos do dia a dia,
economizar e investir recursos e, mais importante, tirar do papel sonhos como uma viagem ou
casa própria e até mesmo ter uma aposentadoria financeiramente saudável”
Amâncio (2020) identificou em sua pesquisa que apesar da maioria da população não
ter excedente de renda, economizar não era algo extremamente impossível de se alcançar. O
que é conflitante ainda com os resultados do terceiro raio X do investidor Brasileiro levantou,
haja vista que considera um desafio fazer com que mais brasileiros economizem recursos e
invistam, pois ainda existe uma alta combinação de brasileiros que dizem não guardar
dinheiro de forma alguma (49% das pessoas) com aqueles que não utilizam produtos
financeiros para guardar dinheiro (7%). Na soma dos dois grupos, chegamos ao total de 56%
de brasileiros que não são investidores.
Nesse sentido todas as iniciativas sobre o tema Educação financeira desenvolvidos são
de extrema importância para poder superar o desafio citado acima. A ANBIMA (2020) notou
que mais entidades estão preocupadas em disseminar conhecimento sobre educação
financeira, O que pode ser confirmado no segundo mapeamento das iniciativas financeiras
desenvolvido pelo AEF-Brasil. Esse aumento ocorreu principalmente pelo crescimento das
iniciativas escolares, mas ainda há grande diversidade de instituições. Em 2018, foram
mapeadas 72% mais iniciativas do que em 2013. 1383 iniciativas começaram o questionário
versus 803 em 2013. 526 completaram o cadastro versus 317 em 2013.
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O que se destacou durante a pesquisa foi a contribuição significativa que a internet
promoveu nesse setor durante o que conhecemos como 4ª Revolução Industrial trazida pelo
avanço tecnológico, à medida que permitiu maior acesso a informação, importantíssimo no
desenvolvimento do conhecimento financeiro e dos mercados financeiros. O relatório da
AEF-Brasil relatou que “Iniciativas online tem maior alcance”. Das iniciativas digitais 19%
combinam redes sociais e youtube, enquanto outros 19% sites e youtube. A própria B3 (2020)
em sua pesquisa sobre os novos investidores corroboram com este fato ao identificar que na
hora de decidir onde efetivamente eles vão aplicar seu dinheiro 73% deles colhem
informações na internet e 60% o façam por meio de influenciadores, apesar de apenas 36% e
32%, respectivamente, afirmarem que tomariam decisões baseadas em recomendações obtidas
por esses meios.
Ainda a AEF-Brasil percebeu que poucas iniciativas monitoram seu impacto e que
apenas 40% das iniciativas têm avaliações o que vai ao encontro do que Vieira, Moreira e
Poltrich (2019, p.29) comentaram:
De fato, para que no futuro seja possível uma Análise multidimensional dos efeitos
das medidas que o Brasil, ou qualquer outro país, adote para melhoria da educação
financeira, é indispensável que, entre as diversas dimensões de análise, seja incluída
uma dimensão relativa à proficiência, da qual o indicador de educação financeira
pode ser um dos parâmetros.
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adesão à bolsa.” A ANBIMA (2020) ressaltou que o comportamento brasileiro é algo já
arraigado pelo cenário econômico brasileiro, porém os temas como reforma da previdência e
redução da taxa de juros, que impactou a rentabilidade da caderneta de poupança, já
influenciam nas decisões de investimentos.
4. CONCLUSÃO
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pode-se inferir que as mídias sócias, através da internet e influenciadores digitais, têm
influenciado no conhecimento e decisões dos novos investidores da bolsa de valores, visto
que o conhecimento era pouco difundido, o que impedia investimento em ações.
Diante disso, compreende-se melhor como a educação financeira e suas iniciativas
pelo Brasil, em suas diversas modalidades tem ou não mudado a dinâmica pessoal sobre
finanças brasileiras. Para tal, sugere-se um estudo mais completo e aprofundado sobre o
assunto após o quarto raio X do investidor e o terceiro mapeamento nacional de inciativas
sobre educação financeira brasileira.
REFERÊNCIAS
Associação de Educação financeira do Brasil - AEF-Brasil. Relatório anual 2018. São Paulo,
2018. Disponível em:
<https://www.vidaedinheiro.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/relatorio-anual-aefbrasil-
2018.pdf>. Acesso em 18 nov. 2020.
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Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7397.htm.> Acesso
em 08 jun. 2021.
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v. 36, n. 4, p. 2, July-Aug. 2002. Disponível em:
<https://www.proquest.com/openview/b2747181c64cae728b87b16779a780cb/1?pq-
origsite=gscholar&cbl=47758.>. Acesso em 06 jun. 2021.
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Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico. Education at a glance 2012:
Highligths. [s.l], 2012. Disponível em:<https://www.oecd.org/education /highlights.pdf>.
Acesso em: 03 jun. 2021.
SAVOIA, José Roberto Ferreira; SAITO, André Taue; SANTANA, Flávia de Angelis.
Paradigmas da educação financeira no Brasil. Revista de Administração Pública, Rio de
janeiro, v.41, p. 1121-1141, Dez. 2007. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rap/a/XhqxBt4Cr9FLctVvzh8gLPb/abstract/?
lang=pt&format=html>. Acesso em 03 jun. 2021.
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