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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

A Necessidade de Ações Educativas para a Terceira Idade

Silvana Sueli de Oliveira Zilse¹


Gian Carlo Genari²

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA

A Educação Financeira provém da necessidade das pessoas de estabilizar as finanças


pessoais com a possiblidade de mantê-las estáveis a longo prazo, por meio de economia e da
aplicação de recursos. Pode-se afirmar que educar-se financeiramente consiste em aprender a usar o
seu próprio dinheiro sensatamente pelas informações sobre conceitos e produtos financeiros, tais
como juros, inflação, poupança, etc.
Nesse contexto, Melo, Teixeira e Costa (2017, p.10) afirmam que “ser educado
financeiramente é tomar decisões quanto aos recursos de forma vantajosa e natural, é saber como
gastar ou poupar, buscando de alguma forma melhorar a qualidade de vida e alcançar os objetivos”.
Para Negri (2010, p.19, grifo nosso),

[...] a Educação Financeira é um processo educativo que por aplicação de métodos próprios,
pelos quais as pessoas de diversas idades, níveis sociais, raça ou cor, permite que as
pessoas desenvolvam atividades que auxiliem na manipulação do seu dinheiro ou títulos
que as representem; são informações e formações importantes para que as pessoas exerçam
uma atividade, um trabalho, uma profissão e lazer, tendo acesso ao bem-estar, que faz com
que os seres humanos tenham vontade para vencer as dificuldades do dia a dia.

Assim, segundo a referida autora, a Educação Financeira deve abranger diferentes faixas
etárias para que o controle e planejamento financeiro pessoal seja um hábito que reflete em tomadas
de decisão mais acertadas. Como se trata de um tema que causa uma preocupação crescente na
sociedade, existem iniciativas de instituições financeiras e educativas que visam a formação de um
consumidor mais consciente que contribuirá para uma situação econômica geral mais forte.

2.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA TERCEIRA IDADE

Apesar de que haja há algum tempo ações públicas e privadas orientadas à educação
financeira de crianças, jovens e adultos, as atenções na atualidade se voltam ao público da terceira
1 Nome dos acadêmicos
2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Ciências Econômicas (FLX1247) – Prática do Módulo III -
30/08/19
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idade. Com índices de crescimento de inadimplência superiores a qualquer outra faixa etária, os
idosos se veem diante de uma situação para a qual não estavam preparados. Grande parte deste
público ainda trabalha, mesmo sendo aposentados, para complementar a renda que não é suficiente
para solver todos os seus gastos.
A ampliação da longevidade é um dos fatores mais preponderantes nas escolhas financeiras
dos brasileiros com mais de 60 anos nos últimos tempos. De acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida de vida no país saltou de 45,5
anos em 1940 para 76 anos em 2017. Uma vez que se vive mais, se torna primordial gerenciar os
recursos financeiros com vistas ao longo prazo e tal gerenciamento demanda um planejamento
criterioso de gastos e de aplicação de capital. No entanto, a realidade dos idosos no Brasil aponta
para um cenário diferente. Segundo o estudo do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz (2014), mais da
metade dos consumidores da terceira idade (57%) não se preparam para imprevistos ou despesas
extras e não possuem nenhuma reserva financeira ou investimento.
Isso não significa que o idoso não esteja apto a lidar com suas finanças, muito pelo
contrário; sua geração, conservadora e não propensa a gastos supérfluos, é responsável por manter a
poupança e a aquisição de imóveis como investimentos populares no país. Os indivíduos dessa faixa
etária são independentes financeiramente e apresentam um aumento no poder de consumo, mas são,
concomitantemente, chefes de família que provêm a filhos e netos que com eles ainda residem. Ao
referir-se a esta questão, Buaes (2015) considera que, no intuito de auxiliar seus familiares e manter
sua própria qualidade de vida, a terceira idade se endivida e recorre aos empréstimos consignados,
cujas parcelas se descontam automaticamente de seus benefícios previdenciários.

2.2.1 Ações Educativas

O abuso financeiro por parte de instituições privadas de crédito consignado e o forte apelo
comercial voltado ao consumidor idoso retratam a necessidade urgente de práticas educativas que o
ajudem a tomar decisões financeiras mais conscientes. Ainda que se evidencie na internet um vasto
material educativo, como cartilhas, e-books e blogs sobre finanças, cabe lembrar que os indivíduos
da terceira idade recém começaram a usufruir das facilidades da rede e das novas tecnologias, e,
portanto, não estão habituados a obter informações on-line. Por isso, se deve implementar uma
abordagem pedagógica mais próxima à realidade deste público (como, por exemplo, os clubes de
terceira idade), com linguagem mais simples e que se valha de seu conhecimento prévio sobre como
bem usar o dinheiro.
A Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF – criada através do Decreto Federal
7.397/2010 desenvolve, através da AEF-Brasil e em parceria com o Ministério da Fazenda
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(Secretaria da Previdência Social), um projeto de educação financeira para os aposentados do INSS


com renda de um a dois salários mínimos, por intermédio de um conjunto de tecnologias sociais
prontas para serem utilizadas gratuitamente, por quaisquer organizações públicas ou privadas
interessadas (BRASIL, 2019). Iniciativas como esta podem fomentar oficinas, palestras e
minicursos presenciais que abordem os conceitos de finanças pessoais com idosos de forma
inteligível e mais espontânea, com base na oralidade.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

FIGURA 1 – CARTILHA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA IDOSOS

FONTE: PEREIRA, et al. (2017).

A educação financeira para a terceira idade é o objeto desse estudo dessa pesquisa. A
FIGURA 1 se refere a uma cartilha desenvolvida por acadêmicos de Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Tocantins e que remete à importância da orientação aos idosos quanto aos
cuidados com sua finanças. A cartilha trata de forma simplificada conceitos econômicos comuns
como: investimento, planejamento, poupança, inflação, previdência, etc.
O material foi elaborado pelos acadêmicos como projeto da disciplina de Introdução à
Economia II e demonstra que é possível pensar em intervenções educativas a este grupo específico
de novos consumidores. Com uma estratégia didática, a cartilha respeita as limitações e a
vulnerabilidade do idoso, e inclusive, o instrui como se prevenir de fraudes e golpes.
A cartilha carece de uma revisão mais profunda e correção ortográfica e gramatical, não
obstante, cumpre com o papel de educar a terceira idade sobre suas finanças.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados no presente trabalho sugerem que a educação financeira se faz


imprescindível em todas as faixas etárias e que os idosos têm passado a ser o grupo-alvo das
iniciativas de informação e esclarecimento sobre o tema. O potencial de consumo da terceira idade
se evidencia na economia. Hollerweger (2018, p. 16) aponta que “com o aumento da longevidade,
os idosos brasileiros passam a ser vistos como um público potencial para consumir. Nesse contexto,
a publicidade insere os seniores em um nicho de mercado convidativo, com oferta de produtos e
serviços”.
Devido ao papel de provedor conservador que os idosos assumem, eles suprem não somente
as suas necessidades básicas, como também a de familiares mais jovens que vivem sob seu teto e,
em sua maioria, desempregados. A insuficiência de conhecimentos atualizados sobre economia e
finanças pessoais somada a uma renda modesta, conduz o consumidor da terceira idade a uma
situação de fragilidade e insegurança. Ele apresenta dificuldades em fazer uma reserva financeira e,
inclusive, endivida-se por empréstimos consignados que comprometem uma fração substancial do
valor da aposentadoria. “Diante de cenários como esse, o desenvolvimento de ações para promoção
do consumo consciente e proteção dos idosos contra o superendividamento tornam-se urgentes e
podem ser muito efetivas na redução da situação de vulnerabilidade” (SANTOS, 2019, p.22).
Santos (2019) ainda complementa que uma parte dessas ações deve advir da esfera
educacional, por meio de práticas que considerem as experiências do consumidor e que o estimulem
a construir novos conhecimentos que o façam refletir sobre sua postura financeira e suas
prioridades. É, pois, através da educação financeira que os idosos têm a possibilidade de melhorar
sua qualidade de vida e conquistar mais independência e segurança.

REFERÊNCIAS

BRASIL. 2019. Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF. Disponível em: <
http://www.vidaedinheiro.gov.br/>. Acesso em 30 jul. 2019.

BUAES, Caroline Stumpf. Educação Financeira com Idosos em um Contexto Popular. Educação &
Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 1, p. 105-127, jan./mar. 2015. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/edu_realidade>. Acesso em: 30 jul. 2019.

HOLLERWEGER, Leonéia. Educação Financeira de Idosos Apoiada por Tecnologias


Digitais.185 f. (Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. Disponível em: <
https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/189606>. Acesso em: 09 out. 2019.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Em 2017, expectativa


de vida era de 76 anos. 2018. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-
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de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23200-em-2017-expectativa-de-vida-era-de-76-
anos>. Acesso em: 27 jul. 2019.

MELO, Gabriella Silva; TEIXEIRA, Fábio André; COSTA, Ricardo Freitas Martins da. Educação
Financeira: Aprendendo a Lidar com Dinheiro. Folha Acadêmica do CESG. ISSN 2358-2839
(impresso) / ISSN 2358-209X (online). Número XIII, jan./mar. 2017. Disponível em:
<http://periodicos.cesg.edu.br/index.php/folhaacademica>. Acesso em: 29 jul. 2019.

NEGRI, A. L. L. Educação Financeira para o Ensino Médio da Rede Pública: uma proposta
inovadora. 73 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro Universitário Salesiano de São Paulo:
UNISAL, Americana, 2010.

PEREIRA, Ariel et al. Educação Financeira para Idosos. 2017. Disponível em:
<https://docs.uft.edu.br/share/s/ql3nHupoRQK6BgoFRz4wnA>. Acesso em: 27 jul. 2019.

SANTOS, Rafaela Aires Tavares. O Impacto da Educação Financeira sobre a Vulnerabilidade


Econômica em Idosos de Baixa Renda: Uma avaliação do programa “eu e minha aposentadoria –
organizando a vida financeira”. 109 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional).
Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2019. Disponível em:
<http://umbu.uft.edu.br/handle/11612/1240>. Acesso em: 09 out. 2019.

SPC BRASIL. 57% dos consumidores da terceira idade não têm qualquer reserva de dinheiro,
aponta SPC Brasil. 2014. Disponível em:
<https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/spc_brasil_release_idosos_vida_financeira_vf.p
df>. Acesso em: 27 jul. 2019.

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