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O conteúdo deste livro está adequado à proposta
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Língua Portuguesa Direção de Arte


7o ano do Ensino Fundamental Elto Koltz

Lécio Cordeiro Projeto gráfico


Hilka Fabielly
Editor
Lécio Cordeiro
Coordenação editorial
Revisão de texto Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda.
Dárfini Lima Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha
Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310
Editoração eletrônica Fone: (81) 3205-3333
Adriana Ribeiro CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67
Marcos Durant
Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Capa direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/ Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em
Sophia karla edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Fotos: kenny1/shutterstock.com
Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
uma nova pontuação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram


modificações com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN: 978-85-7797-708-6
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Manual do Educador

Apresentação
Inúmeros estudos no campo da Linguística e a sociedade nos últimos anos desse período,
da Linguística Aplicada — além da própria rea- impulsionadas sobretudo pela globalização, e
lidade, avaliada oficialmente pelo Saeb e pelo a impressionante capacidade de multiplicação
Enem, entre outros instrumentos — têm impos- do conhecimento decorrente das novas tecnolo-
to um grande desafio aos professores e pes- gias da informação e da comunicação geraram
quisadores da área da educação linguística: re- a necessidade de novos parâmetros para a for-
pensar o ensino voltado para a metalinguagem mação dos cidadãos2.
gramatical1, que, devido a vários fatores, não se Assim, consensualmente o objetivo maior está
mostra mais suficiente para atender às inúme- definido já faz algum tempo: desenvolver a com-
ras demandas comunicativas que envolvem os petência linguística do aluno de forma a ampliar
aprendizes neste grande ambiente multimodal sua habilidade comunicativa e facilitar seu trân-
em que estão inseridos: a sociedade densa- sito entre as mais diferentes situações de uso
mente semiotizada em que vivemos (BRASIL, efetivo da língua. Em outras palavras, é nossa
2000). Como bem lembram Dionísio e Vascon- missão, enquanto agentes de socialização, pro-
celos (2013, p. 19), “nossa história de indivíduos mover o letramento dos nossos alunos, levá-los
letrados começa com nossa imersão no univer- a compreender como essa competência funciona
so em que o sistema linguístico é apenas um e como podem fazer para que funcione melhor.
dos modos de constituição dos textos que ma- Entre os imperativos dessa “nova realidade”
terializam nossas ações sociais”. está a indispensável necessidade de trabalhar a
Segundo Rojo (2009, p. 87), entre os anos leitura e a escrita com ênfase na multiplicidade
1970 e 1990, com a chamada virada pragmá- de gêneros textuais. Mas não só isso. É funda-
tica, “propostas, programas e materiais didáti- mental abrir espaço nas nossas aulas para ativi-
cos passaram a se pronunciar decisivamente dades de reflexão sobre a língua e a linguagem,
em favor da presença do texto, e mais, de uma que visam não à metalinguagem técnica, mas à
diversidade de textos, em especial das mídias concepção de que um ensino eficaz se proces-
de grande circulação, em sala de aula”. Assim, sa por meio do percurso
os currículos de Língua Portuguesa se descen-
tralizaram dos conteúdos gramaticais e passa- uso reflexão uso
ram a se caracterizar como centrados em pro-
cedimentos — eixos procedimentais de leitura Ou seja: esse trânsito não é possível se não
e de produção de textos (ROJO, 2009). Desse for feito a partir dos textos. Como não existe tex-
modo, nas últimas décadas do século passado to sem gramática, o grande desafio é conseguir
começaram a se configurar os atuais paradig- unir toda essa teoria, as gramáticas e as boas
mas para o ensino da língua materna. As trans- intenções e transformar tudo em prática — cla-
formações sociopolíticas pelas quais passou ra, interessante e eficiente.

1 Não identificamos essa prática com o ensino tradicional. Percebemos a tradição como um conjunto de práticas pedagógicas cristalizadas ao longo
dos anos, o que não implica, portanto, um posicionamento pejorativo. Como bem lembra Mendonça (2009: 201), “aspectos dessa tradição podem ser
hoje questionados com o devido distanciamento, que nos possibilita um olhar menos envolvido e mais objetivo, mas isso não significa desprezar todo
o trabalho feito em determinados momentos da nossa educação. Por exemplo, na escola tradicional, também há práticas de letramento significativas,
algumas das quais deveriam ser resgatadas, mesmo com outra roupagem. É o caso da recitação de poemas, dos saraus na escola, em que os alunos
eram solicitados a conhecer textos poéticos, memorizá-los e declamá-los, para uma audiência de colegas, professores e pais. Era, enfim, um evento
de letramento significativo dentro da vida escolar”.
2 Cf. Brasil (2000) e Rojo (2009).

III

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Esta coleção foi escrita justamente com esse desde o início. Isto é, propor uma abordagem
propósito, pois muito se discute sobre a viabili- ampla da competência comunicativa por meio
dade de se ensinar gramática na escola, mas das três bases fundamentais:
esse não é o maior problema. A grande ques-
tão é ter bastante claro o que devemos ensinar, leitura, análise linguística
como devemos ensinar e com que finalidade. É e produção textual
essa compreensão que vem norteando o nosso
trabalho pedagógico há quase dez, tanto nos li- Durante esta reformulação, procuramos acres-
vros didáticos que temos publicado quanto em centar ainda mais temas transversais, conscien-
nossa prática nas salas de aula. Talvez por isso, tes de que o aperfeiçoamento dessa competência
desde a publicação da primeira edição, em 2013, deve conduzir, necessariamente, à formação de
esta coleção tem rendido muitos elogios, tanto cidadãos flexíveis, democráticos e protagonistas,
dos estudantes quanto dos professores, que se capazes de realizar leituras múltiplas — a leitura
mantêm fiéis à nossa proposta pedagógica des- na vida e a leitura na escola.
de então. Para nossa felicidade, a excelente re- Por tudo isso, agradecemos a todos os pro-
cepção nos quatro cantos do País nos mostrou fessores e estudantes que acreditam no nosso
que estamos no caminho certo, buscando uma trabalho e permitem a nossa participação na
verdadeira renovação nas formas de ensinar e sua vida. Nada disso teria sentido sem o apoio
aprender a nossa língua. de todos vocês. Muito obrigado!
Nesta segunda edição, buscamos manter o Desnecessário dizer que este trabalho não se
mesmo princípio que norteou o nosso trabalho finda aqui. Ele se estenderá à sua prática diária,
como agente de letramento. Seria um equívo-
co supor que a abordagem feita nos livros dos
alunos é suficiente para alcançar essa forma-
ção. Como acontece em todo trabalho coletivo,
o sucesso será resultado da participação efetiva
de todos. Nada fará sentido se não buscarmos
juntos o mesmo objetivo incansavelmente.
Nesse sentido, para facilitar nosso diálogo,
elaboramos este Manual do Educador. Nele
procuramos trazer subsídios para ampliar ain-
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da mais sua prática e enriquecer a abordagem


do livro do aluno. Desnecessário dizer, também,
que todos os comentários feitos são sugestões
e que nos colocamos sempre a disposição para
dialogar com todos e todas em busca de aper-
feiçoamento. Tenham certeza de que cada su-
gestão e crítica será recebida e analisada com
carinho.

Lécio Cordeiro
leciocordeiro@editoraconstruir.com.br

IVIV

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Manual do Educador

O que
ensinar?
No que se refere ao ensino de língua, um cuschi (2008), isso seria substituir uma metodo-
questionamento é inevitável: por que ensinar o logia inadequada por outra. Na verdade, essa
português aos brasileiros, que o têm como lín- sistematização envolverá uma série de estraté-
gua materna? É aparentemente uma contradi- gias que, por meio da epilinguagem, levarão os
ção: há utilidade em ensinar o que o aluno já alunos a perceber que a língua é perpassada
sabe? Se aprofundarmos ainda mais esta ques- por uma infinidade de saberes, crenças, práti-
tão, podemos nos fazer outra pergunta, conse- cas, papéis sociais, intenções, relações de po-
quência natural da primeira: então, quando se der, etc. Esse conhecimento lhes mostrará que
ensina língua, o que se ensina de fato? a língua não é neutra, e essa consciência permi-
Ora, todos os falantes refletem em algum mo- tirá que, de posse dos recursos que ela mesma
mento sobre a língua que falam. O que ensinar? lhes oferece, eles possam alcançar efeitos de
Em várias ocasiões ela é alvo de avaliações posi- sentido muito mais amplos.
tivas, negativas, estéticas, críticas. É essa a base É claro que muito disso eles já sabem. Não
da atividade epilinguística. Cabe a nós, como é na escola, por exemplo, que eles aprendem
agentes de letramento e socialização, ajudar os que devem se dirigir a determinadas pessoas
alunos a sistematizar essas avaliações para que por meio de senhor, senhora, e que com outras
ampliem a sua competência comunicativa. podem usar você. Mas há uma infinidade de co-
Na prática, isso não quer dizer que as aulas nhecimento que lhes é revelado apenas no am-
de análise sintática devem ser substituídas por biente escolar. Ou seja, devemos levá-los não
aulas de linguística, análise do discurso, filoso- a aprender a língua, mas a ampliar sua compe-
fia da linguagem, etc. Como bem lembra Mar- tência comunicativa.
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Língua e
gramática
Trabalhar com uma língua natural signifi- à outra, à tarde; e à outra, à noite. Como jamais
ca lidar com um objeto científico “escondido”, puderam sair dessa clausura, essas pessoas
como supostamente defendia Ferdinand de veriam a realidade de forma bastante reduzida.
Saussure. Em conformidade com os preceitos Para a primeira, ela seria diáfana; para a segun-
existencialistas, o teórico argumentou no Curso da, crepuscular; e para a terceira, obscura. Qual
de linguística geral (Cultrix, 1972:15) que, para delas estaria certa? Considerando-se o posicio-
revelar e estudar esse objeto, precisamos dis- namento adotado, todas elas seriam adequa-
por previamente de um ponto de vista sobre ele. das. Era exatamente sobre isso que Saussure
Segundo ele, “bem longe de dizer que o obje- certamente falava: o ponto de vista, de fato, cria
to precede o ponto de vista, diríamos que é o o objeto.
ponto de vista que cria o objeto”. Seguindo esse Por outro lado, há de se perceber que a visão
raciocínio, Marcuschi (2008, p. 50) observa que que cada uma delas tinha sobre a realidade,
“o ensino, seja lá do que for, é sempre o ensino apesar de adequada, era incompleta. Os lin-
de uma visão do objeto e de uma relação com guistas são como os presos da caverna. Fazem
ele. Isto vale para o nosso objeto: a língua”. A suas pesquisas e seus questionamentos e todo
forma como a percebemos aponta diretamente resultado a que chegam é — e sempre será —
para os fenômenos linguísticos aos quais nos incompleto. Externalizar esse “objeto escondi-
dedicamos nesta Coleção: o texto, os gêneros, do” e teorizar sobre ele é tarefa extremamente
a compreensão e a análise gramatical. penosa, um verdadeiro trabalho de Sísifo1. E se
Acontece, porém, que várias teorias lançam concebermos a linguagem como o fez Pinker2,
pontos de vista sobre nosso objeto. Para ilus- essa tarefa perdurará talvez por todo o sempre.
trar bem essa pluralidade de concepções de lín- Não obstante, os estudos linguísticos apon-
gua, vale recontar o famoso mito da caverna, tam normalmente em quatro grandes direções
de Platão. Mas, como dizia Machado de Assis, no sentido de desvendar esse “objeto escondi-
quem conta um conto aumenta um ponto. No do”. Cada uma delas conduz a uma noção de
mito original, algumas pessoas vivem presas gramática bastante específica:
no interior de uma caverna, sempre de costas a. A língua é uma estrutura. Essa definição pri-
para a entrada. O único contato que têm com vilegia a análise interna dos elementos lin-
a realidade são as sombras das pessoas que guísticos (fonemas, morfemas, sintagmas e
passam pela entrada da caverna refletidas na proposições) e sua relação entre si. Cabe à
parede. Imagine, entretanto, que, por alguma gramática descrever as diferentes maneiras
razão, três dessas pessoas só pudessem ver de organização dessa estrutura.
esses vultos em períodos específicos do dia: a b. A língua é um somatório de “usos exempla-
uma só é permitido ver as sombras pela manhã; res”. Essa noção leva à concepção de que

1 O mito de Sísifo narra a trajetória de um homem ardiloso que, tendo enganado a morte e meia dúzia de deuses, foi condenado a rolar uma rocha
imensa até o cume de uma escarpada montanha. Mas sempre que chegava ao alto, a pedra despencava, e ele era obrigado a recomeçar a estafante
e ininterrupta tarefa.
2 “O funcionamento da linguagem está tão distante de nossa consciência quanto os fundamentos lógicos da postura de ovos para as moscas”
(Pinker, 2004:13).

VIVI

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Manual do Educador

a gramática deve prescrever, em termos de d. A língua é uma atividade sociointerativa situa-


certo ou errado, a forma como devemos fa- da, perspectiva que se volta para a sociointe-
lar e escrever. Não há aqui qualquer relação ração relacionada a aspectos históricos e dis-
com a realidade de uso dos falantes, mas cursivos. Por essa perspectiva, a gramática é
com um conceito de norma ideal restrita ape- estrutura, cognição, funcionamento, história
nas a essa gramática. e, fundamentalmente, interação entre os su-
c. A língua é um conjunto de processos mentais jeitos.
e estruturantes. Por essa perspectiva, a lín-
gua direciona sua finalidade para a criação Ao longo da produção desta Coleção, a defi-
e expressão do pensamento, levando à no- nição de língua como uma atividade sociointe-
ção de gramática cognitiva-funcionalista. Se rativa situada guiou toda a abordagem dos con-
reduzido, esse ponto de vista a resumiria à teúdos, pois está mais do que provado que se
sua condição exclusiva de fenômeno mental mostra a mais abrangente para a consecução
e sistema de representação conceitual. dos nossos objetivos.

Leitura, produção e
análise linguística
A proposta de língua que norteia a coleção dão. Feito isso, passamos a gramática tradicio-
deixa clara nossa visão acerca da leitura, da pro- nal em revista e procuramos ao máximo fazer
dução de textos e do trabalho com a gramática. uma abordagem teórico-prática que consideras-
Dessa forma, esses três pilares são trabalhados se as demandas comunicativas da nossa so-
de maneira interligada. Há uma influência recí- ciedade e, sobretudo, observasse nuanças im-
proca entre eles: um repercute no outro e todos portantes do português brasileiro que até então
são importantes para a produção de sentido. têm sido veementemente ignoradas pelos livros
Tendo isso em vista, procedemos a uma aná- didáticos. Como dissemos, é uma continuação,
lise bastante criteriosa de textos: literários e revista e ampliada, do estudo iniciado em Con-
não literários, verbais e não verbais, etc. Nosso textualizando a gramática. O professor que tra-
critério sempre se pautou na escolha de textos balhou com este livro encontrará aqui bastantes
cuja leitura e análise despertasse o interesse do subsídios para renovar sua prática de ensino de
aluno e, concomitantemente, contribuísse efe- língua portuguesa.
tivamente para a sua formação enquanto cida-

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A reformulação
Inúmeros propósitos nos levaram a reformular Essa sugestão de organização dos conteúdos
esta coleção, mas o principal foi, sem dúvida, o em sequências didáticas nos pareceu a mais
desejo de continuar participando ativamente da viável para guiar a coleção. Por meio dela, po-
transformação pela qual vem passando o ensino demos abranger vários gêneros e trabalhá-los
de língua portuguesa em benefício da formação em espiral, sempre buscando uma abordagem
cidadã dos nossos alunos. A percepção clara gradativamente mais profunda. É o que reflete a
desse objetivo guiou todos os passos dados du- estrutura dos livros e dos capítulos.
rante todo o trabalho. Cada livro da Coleção está dividido em oito
Desde o início, o desafio e a responsabili- capítulos, segmentados em duas partes e no-
dade de produzir um trabalho sério e honesto meados conforme o gênero e os temas trans-
impuseram a necessidade de assumir um po- versais abordados. Seguindo a proposta de
sicionamento definido a respeito do ensino da Schneuwly e Dolz, na etapa de elaboração do
leitura, da produção de textos e da análise lin- esboço, selecionamos os gêneros que seriam
guística, ponto de vista que já apresentamos trabalhados ao longo dos livros e os agrupamos
em detalhes anteriormente. Feito isso, passa- conforme a sua tipologia textual. A partir daí, pu-
mos a projetar um esboço da coleção de modo demos traçar um roteiro de abordagem dos con-
a contemplar efetivamente esses três eixos nor- teúdos que possibilitasse um trabalho integrado
teadores e as diretrizes recomendadas pelos com os três eixos norteadores da nossa prática
PCN. Nesse esboço, montamos a estrutura dos e passível de realização em tempo hábil.
livros tendo como base a leitura de Schneuwly e
Dolz (2004), que trazem uma proposta de agru-
pamento dos gêneros a partir de noções como Todo o planejamento foi pensado para
domínio social de comunicação, capacidades contemplar aproximadamente 37 aulas
de linguagem, tipologias textuais, etc. Eles pro- teórico-práticas por bimestre, consideran-
põem um trabalho espiralado com gêneros e do o ano com 180 dias letivos e 5 aulas
tipos organizados em sequências didáticas. por semana, incluídas aí as avaliações.
Grosso modo, a ideia é apresentar aos alunos Como há 8 capítulos em cada livro, a in-
ciclicamente tipos e gêneros textuais de forma tenção é trabalhar 2 capítulos por bimes-
a habilitá-los a conhecer e dominar, ao final do tre, ou seja, 1 capítulo a cada 18 aulas.
processo, o máximo de competências possível.
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Manual do Educador

A produção textual
e a leitura

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Em substituição às deno­minadas “aulas de junto destes), des­de a observação analítica de
redação”, o professor de Língua Portuguesa um acontecimento ou leitura atenta de um artigo
atualmente lida com o desafio de trabalhar a lei- científico ou cartum, por exemplo, até a seleção
tura e a escrita sob um termo mais maduro e das palavras e da organização estru­tural que ca-
abran­gente: “produção textual”. Ma­duro porque racterizarão o produ­to final.
implica as diversas etapas da construção do De acordo Bortone e Braga Martins (2008),
conhe­cimento envolvidas na confecção de um saber escrever é hoje, mais do que nunca, uma
texto; abrangente porque não mais se restringe ne­cessidade de sobrevivência em so­ciedades
à composi­ção escrita metódica baseada em es- como a nossa, em que tudo, ou quase tudo,
quemas limitados. é intermedia­ do pela escrita. A escola, infeliz­
Nesse caso, os conceitos de texto também mente, costuma ensinar a produ­ção textual de
têm recebido, na escola, significados plurais e forma inadequada, e isso, em vez de contribuir
mais firmados nas práticas cotidianas, quando para que o sujeito adquira proficiência na es­
se aplicam aos textos ver­bais e não verbais e crita, ajuda a promover bloqueios e temores em
ao serem leva­dos para a sala de aula exemplos relação a essa prática. O sistema escolar, ao
reais de gêneros e tipos textuais. Essa nova avaliar a redação do aluno, preocupa-se em ver
prática pedagógica com certeza representa um somente os erros gramaticais, como ortografia,
avanço na educação de alunos críticos e ca­ acentuação e pon­tuação. Embora todos esses
pazes de bem lidar com os recur­sos disponíveis ele­mentos gramaticais possam incidir sobre a
de sua língua, para proveito próprio e da socie- coerência e coesão textual, por si só não são
dade. elementos sufi­cientes para organizar a tessitura
Sim, quando falamos em produção textual, do texto. Nessa perspectiva, a prá­tica da escrita
nos referimos a todas as atividades necessárias escolar não observa a autoria do aluno, a cria-
para que se construa um enuncia­do (ou um con- tividade, a progressão temática, a função so­cial

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e a intencionalidade do autor do texto. Ao tra- fatoriamente uma primeira e de­cisiva etapa de
balhar com a reda­ção escolar, comete-se uma seu processo de letramento e alfabetização, ten­
série de equívocos, entre eles: do, inclusive, se apropriado de al­gumas práticas
mais complexas e menos cotidianas (relaciona-
• Solicitar que o aluno escreva sem um desti- das a esferas públicas de uso da lin­guagem),
natário real. seja de leitura e escri­ta, seja de compreensão
• Solicitar que o aluno escreva para completar e produ­ção de textos orais. Essas práticas apre-
o tempo da aula. sentam padrões linguísticos e textuais que, por
• Solicitar que o aluno escreva para se atribuir sua vez, deman­dam novos tipos de reflexão so-
uma nota. bre o funcionamento e as propriedades da lin-
• Solicitar que o aluno escreva aquilo que o guagem em uso, assim como a sistematização
professor quer. dos conhecimen­tos linguísticos correlatos mais
re­levantes. Portanto, cabe ao ensino de língua
Sabemos das deficiências que muitos dos materna, nesse nível de ensino-aprendizagem,
nossos alunos enfren­tam no processo de lei- aprofundar o processo de inserção qualificada
tura e es­crita e do empenho reforçado que um do aluno na cultura da escrita:
ensino que abarque tais obje­tivos requer. Ainda
assim, é pa­pel da escola tornar seus alunos efi- • Aperfeiçoando sua formação como leitor e
cientes produtores de textos, acompanhando-os produtor de textos escritos.
em todas as etapas necessárias. • Desenvolvendo as compe­tências e habilida-
O ensino de Língua Portu­guesa nos quatro des de leitura e escrita requeridas por esses
anos finais do Ensino Fundamental apresenta novos níveis e tipos de letramento.
características próprias, devidas tanto ao per- • Ampliando sua capacidade de reflexão sobre
fil escolar do aluna­do desse nível quanto às as propriedades e o funcionamento da língua
deman­das sociais que a ele se apresen­tam, ao e da linguagem.
final do período. • Desenvolvendo as compe­tências e habilida-
Primeiramente, espera-se que o aluno ingres- de associadas a usos escolares, formais e/
sante nesse seg­mento já tenha cumprido satis­ ou públi­cos da linguagem oral.
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Manual do Educador

Em segundo lugar, a trajetória desse aluno Considerando-se tanto as demandas de co-


em direção à autono­mia relativa nos estudos e municação e/ou conhecimentos linguísticos im­
ao ple­no exercício da cidadania pode ser con- plicadas no quadro acima des­crito quanto as
siderada, por um lado, mais de­lineada; e, por recomendações expressas por diretrizes, orien­
outro, ainda não sa­tisfatoriamente consolidada. tações e parâmetros curriculares oficiais. O en-
O que deverá implicar, no processo de en­sino- sino de Língua Por­tuguesa, nos quatro últimos
aprendizagem escolar desses anos, um maior anos do Ensino Fundamental, deve or­ganizar-se
peso relativo para esses eixos de formação. de forma a garantir ao aluno:
Finalmente, o destino do alu­no, ao final des-
se período de es­colarização obrigatória, é bas- • O desenvolvimento da lin­guagem oral, a
tante diversificado. E, muitas vezes, im­plica a apropriação e o desenvolvimento da lingua-
interrupção temporária ou mesmo definitiva de gem escrita, especialmente no que diz res-
sua educação escolar, motivo pelo qual o Ensino peito a demandas oriundas seja de situações
Fundamental deve garantir a seus egressos um e instâncias pú­blicas e formais de uso da
domínio da escri­ta e da oralidade suficiente para língua, seja do próprio processo de ensi­no-
as demandas básicas do mundo do trabalho e aprendizagem escolar.
do pleno exercício da cidadania, inclusive no • O pleno acesso ao mundo da escrita.
que diz respeito à fruição da literatura em língua • A proficiência em leitura e escrita, no que diz
portuguesa. Tais circuns­tâncias atribuem a es- respeito a gê­neros discursivos e tipos de tex­to
ses anos do Ensino Fundamental uma respon­ representativos das principais funções da es-
sabilidade ainda maior, no que diz respeito ao crita em diferentes esferas de atividade social.
processo de formação tanto do leitor e do pro- • A fruição estética e a apre­ ciação crítica
dutor pro­ficiente e crítico de textos quanto do lo- da produção literá­ria associada à língua
cutor capaz de uso adequado e eficiente da lin- portugue­sa, em especial a da literatura bra-
guagem oral em situações privadas ou públicas. sileira.

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• O desenvolvimento de ati­tudes, competên- Já as atividades de compreen­são e interpre-
cias e habilida­des envolvidas na compreen- tação do texto têm como objetivo final a forma-
são da variação linguística e no con­ vívio ção do leitor (inclusive a do leitor li­terário) e o
democrático com a diversi­dade dialetal, de desenvolvimento da proficiência em leitura.
forma a evitar o preconceito e valorizar as Portan­to, só podem constituir-se como tais na
dife­
rentes possibilidades de expres­ são lin- medida que:
guística.
• O domínio das normas ur­banas de prestígio, • Encararem a leitura como uma situação de
especialmen­ te em sua modalidade escrita, interlocução lei­ tor/autor/texto socialmente
mas também nas situações orais públicas con­textualizada.
em que seu uso é social­mente requerido. • Respeitarem as convenções e os modos de
• As práticas de análise e re­flexão sobre a ler próprios dos di­ferentes gêneros, tanto lite-
língua, na medida em que se revelarem rários quanto não literários.
pertinen­tes, seja para a (re)construção dos • Desenvolverem estratégias e capacidades
sentidos de textos, seja para a compreensão de leitura, tanto as relacionadas aos gêne-
do funcionamento da língua e da linguagem. ros propos­tos, quanto as inerentes ao nível
de proficiência que se pretende le­var o aluno
Nesse sentido, as atividades de leitura e es- a atingir.
crita, assim como de produção e compreensão
oral, em situações contextualizadas de uso, de- Por fim, as propostas de produção es­crita
vem ser prioritárias no ensino-aprendizagem des- devem visar à formação do produtor de texto e,
ses anos de escolarização e, por con­seguinte, na portanto, ao desenvolvimento da proficiência em
proposta pedagógica dos livros didáticos de Por- escrita. Nesse sentido, não po­dem deixar de:
tuguês (LDP) a eles destinados. Por ou­tro lado,
as práticas de reflexão, assim como a constru- • Considerar a escrita como uma prática so-
ção correla­ta de conhecimentos linguísticos e a cialmente situada, propondo ao aluno, por-
descrição gramatical, devem justificar-se por sua tanto, con­dições plausíveis de produção do
funcionalida­de, exercendo-se, sempre, com base texto.
em textos produzidos em condições sociais efe- • Abordar a escrita como pro­cesso, de forma a
tivas de uso da língua, e não em situações di­ ensinar expli­citamente os procedimentos en­
dáticas artificialmente criadas. volvidos no planejamento, na produção, na
No trabalho com o texto, em qualquer de suas revisão e na reescri­ta dos textos.
dimensões (lei­tura e compreensão, produção de • Explorar a produção de gê­neros ao mesmo
textos orais e escritos, constru­ção de conheci- tempo diversos e pertinentes para a conse-
mentos linguísti­ cos), é fundamental a diversi- cução dos objetivos estabelecidos pelo nível
dade de estratégias, assim como a ar­ticulação de ensino visado.
entre os vários aspectos envolvidos, de forma a • Desenvolver as estratégias de produção rela-
garantir a progressão nos estudos. Além des­ses, cionadas tanto ao gênero proposto quanto ao
em cada um dos componentes de Língua Portu- ao grau de proficiência que se pretende levar
guesa outros cri­térios afiguram-se fundamentais o aluno a atingir.
para garantir à coleção um desem­penho ao me-
nos satisfatório, em termos metodológicos.

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Manual do Educador

A leitura antecede e acompanha


a produção textual
A leitura regular e de quali­dade não serve Não duvidamos da importân­cia de outras for-
apenas como ar­cabouço de modelos de textos mas de veicula­ção de informação e conteúdo.
a serem apreendidos pelo estudan­te. A prática De fato, o valor da mensagem pode estar além
da leitura, aliada aos constantes exercícios, fará da forma com que é conduzida e, em muitos ca-
com que o aluno assimile, em seu co­tidiano, as sos, essa forma acrescenta interesse à própria
melhores formas de posicionar seus pensamen- mensagem. No entanto, não podemos negar
tos em um texto. que alguém habituado a dialogar com textos nos
Dessa forma, o professor deve, antes de tudo, seus variados formatos e veí­culos torna-se um
ensinar seus alunos a serem bons leitores. Essa melhor leitor, pois abrange sua capacidade de
árdua tarefa não se esgota, é contínua em todas recepção estética.
as aulas e está atrelada aos momentos de pro- Assim, os textos escritos devem continuar fa-
dução tex­tual propriamente ditos: leitura e es- zendo parte da rotina dos alunos e, tal iniciativa,
crita são habilidades que dialo­gam entre si, se deve ser incentivada pela escola a ser tomada
complementam e se aperfeiçoam. durante as aulas.
É notório, todavia, o distan­ciamento ocorrido, Tanto este manual como o li­vro do aluno com o
cada vez mais, entre os jovens e os textos escri­ qual ele inte­rage estão permeados de exem­plos,
tos em suas práticas cotidianas. Ainda que a In- exercícios e orientações de abordagem atrelados
ternet, principal espaço de compartilhamento de aos diferen­tes tipos de texto, em suas for­mas ver-
informações atualmente, ofereça a leitura de di- bais e não verbais. Acredi­tamos na diversidade
versos textos ver­bais, as imagens (especialmen- de conteúdo como uma importante ferramen­ta
te vídeos) e as músicas têm tornado o contato para o aperfeiçoamento do tra­balho do educador
com os textos escritos menos assíduo. bem como do aprendizado do aluno.

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Manual do Educador

Competências específicas
de língua portuguesa para
o ensino fundamental
1. Compreender a língua como fenômeno cultu- 6. Analisar informações, argumentos e opiniões
ral, histórico, social, variável, heterogêneo e manifestados em interações sociais e nos
sensível aos contextos de uso, reconhecen- meios de comunicação, posicionando-se
do-a como meio de construção de identida- ética e criticamente em relação a conteúdos
des de seus usuários e da comunidade a que discriminatórios que ferem direitos humanos
pertencem. e ambientais.
2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhe- 7. Reconhecer o texto como lugar de manifes-
cendo-a como forma de interação nos dife- tação e negociação de sentidos, valores e
rentes campos de atuação da vida social e ideologias.
utilizando-a para ampliar suas possibilidades 8. Selecionar textos e livros para leitura integral,
de participar da cultura letrada, de construir de acordo com objetivos, interesses e proje-
conhecimentos (inclusive escolares) e de se tos pessoais (estudo, formação pessoal, en-
envolver com maior autonomia e protagonis- tretenimento, pesquisa, trabalho etc.).
mo na vida social.
9. Envolver-se em práticas de leitura literária
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos que possibilitem o desenvolvimento do senso
e multissemióticos que circulam em diferen- estético para fruição, valorizando a literatu-
tes campos de atuação e mídias, com com- ra e outras manifestações artístico-culturais
preensão, autonomia, fluência e criticidade, como formas de acesso às dimensões lúdi-
de modo a se expressar e partilhar informa- cas, de imaginário e encantamento, reconhe-
ções, experiências, ideias e sentimentos, e cendo o potencial transformador e humaniza-
continuar aprendendo. dor da experiência com a literatura.
4. Compreender o fenômeno da variação lin- 10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferen-
guística, demonstrando atitude respeitosa tes linguagens, mídias e ferramentas digitais
diante de variedades linguísticas e rejeitando para expandir as formas de produzir sentidos
preconceitos linguísticos. (nos processos de compreensão e produ-
5. Empregar, nas interações sociais, a varieda- ção), aprender e refletir sobre o mundo e rea-
de e o estilo de linguagem adequados à si- lizar diferentes projetos autorais.
tuação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e
ao gênero do discurso/gênero textual.

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Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental – anos finais:
práticas de linguagem, objetos
de conhecimento e habilidades
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o jornalísticos – informativos e opinativos – e os
adolescente/jovem participa com maior critici- publicitários são privilegiados, com foco em es-
dade de situações comunicativas diversificadas, tratégias linguístico-discursivas e semióticas vol-
interagindo com um número de interlocutores tadas para a argumentação e persuasão. Para
cada vez mais amplo, inclusive no contexto es- além dos gêneros, são consideradas práticas
colar, no qual se amplia o número de professo- contemporâneas de curtir, comentar, redistribuir,
res responsáveis por cada um dos componen- publicar notícias, curar etc. e tematizadas ques-
tes curriculares. Essa mudança em relação aos tões polêmicas envolvendo as dinâmicas das re-
anos iniciais favorece não só o aprofundamen- des sociais e os interesses que movem a esfera
to de conhecimentos relativos às áreas, como jornalística-midiática. A questão da confiabilida-
também o surgimento do desafio de aproximar de da informação, da proliferação de fake news,
esses múltiplos conhecimentos. A continuida- da manipulação de fatos e opiniões têm desta-
de da formação para a autonomia se fortalece que e muitas das habilidades se relacionam com
nessa etapa, na qual os jovens assumem maior a comparação e análise de notícias em diferen-
protagonismo em práticas de linguagem realiza- tes fontes e mídias, com análise de sites e ser-
das dentro e fora da escola. viços checadores de notícias e com o exercício
No componente Língua Portuguesa, amplia- da curadoria, estando previsto o uso de ferra-
-se o contato dos estudantes com gêneros tex- mentas digitais de curadoria. A proliferação do
tuais relacionados a vários campos de atuação discurso de ódio também é tematizada em todos
e a várias disciplinas, partindo-se de práticas de os anos e habilidades relativas ao trato e respei-
linguagem já vivenciadas pelos jovens para a to com o diferente e com a participação ética e
ampliação dessas práticas, em direção a novas respeitosa em discussões e debates de ideias
experiências. são consideradas. Além das habilidades de lei-
Como consequência do trabalho realizado tura e produção de textos já consagradas para
em etapas anteriores de escolarização, os ado- o impresso são contempladas habilidades para
lescentes e jovens já conhecem e fazem uso de o trato com o hipertexto e também com ferra-
gêneros que circulam nos campos das práticas mentas de edição de textos, áudio e vídeo e pro-
artístico-literárias, de estudo e pesquisa, jorna- duções que podem prever postagem de novos
lístico/midiático, de atuação na vida pública e conteúdos locais que possam ser significativos
campo da vida pessoal, cidadãs, investigativas. para a escola ou comunidade ou apreciações e
Aprofunda-se, nessa etapa, o tratamento dos réplicas a publicações feitas por outros. Trata-se
gêneros que circulam na esfera pública, nos de promover uma formação que faça frente a fe-
campos jornalístico-midiático e de atuação na nômenos como o da pós-verdade, o efeito bolha
vida pública. No primeiro campo, os gêneros e proliferação de discursos de ódio, que possa

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promover uma sensibilidade para com os fatos seus contextos de produção, o que contextualiza
que afetam drasticamente a vida de pessoas e e confere significado a seus preceitos. Trata-se
prever um trato ético com o debate de ideias. de promover uma consciência dos direitos, uma
Como já destacado, além dos gêneros jorna- valorização dos direitos humanos e a formação
lísticos, também são considerados nesse campo de uma ética da responsabilidade (o outro tem
os publicitários, estando previsto o tratamento direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho).
de diferentes peças publicitárias, envolvidas em Ainda nesse campo, estão presentes gêne-
campanhas, para além do anúncio publicitário e ros reivindicatórios e propositivos e habilidades
a propaganda impressa, o que supõe habilidades ligadas a seu trato. A exploração de canais de
para lidar com a multissemiose dos textos e com participação, inclusive digitais, também é pre-
as várias mídias. Análise dos mecanismos e per- vista. Aqui também a discussão e o debate de
suasão ganham destaque, o que também pode ideias e propostas assume um lugar de desta-
ajudar a promover um consumo consciente. que. Assim, não se trata de promover o silen-
No campo de atuação da vida pública ga- ciamento de vozes dissonantes, mas antes de
nham destaque os gêneros legais e normativos explicitá-las, de convocá-las para o debate,
– abrindo-se espaço para aqueles que regulam analisá-las, confrontá-las, de forma a propiciar
a convivência em sociedade, como regimentos uma autonomia de pensamento, pautada pela
(da escola, da sala de aula) e estatutos e có- ética, como convém a Estados democráticos.
digos (Estatuto da Criança e do Adolescente e Nesse sentido, também são propostas análises
Código de Defesa do Consumidor, Código Na- linguísticas e semióticas de textos vinculados
cional de Trânsito etc.), até os de ordem mais a formas políticas não institucionalizadas, mo-
geral, como a Constituição e a Declaração dos vimentos de várias naturezas, coletivos, produ-
Direitos Humanos, sempre tomados a partir de ções artísticas, intervenções urbanas etc.

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No campo das práticas investigativas, há ticos, verbetes de enciclopédias colaborativas,
uma ênfase nos gêneros didático-expositivos, vídeos-minuto etc. Trata-se de fomentar uma
impressos ou digitais, do 6º ao 9º ano, sendo formação que possibilite o trato crítico e criterio-
a progressão dos conhecimentos marcada pela so das informações e dados.
indicação do que se operacionaliza na leitura, No âmbito do Campo artístico-literário, trata-
escrita, oralidade. Nesse processo, procedimen- -se de possibilitar o contato com as manifesta-
tos e gêneros de apoio à compreensão são pro- ções artísticas em geral, e, de forma particular
postos em todos os anos. Esses textos servirão e especial, com a arte literária e de oferecer as
de base para a reelaboração de conhecimentos, condições para que se possa reconhecer, valo-
a partir da elaboração de textos-síntese, como rizar e fruir essas manifestações. Está em jogo
quadro-sinópticos, esquemas, gráficos, infográ- a continuidade da formação do leitor literário,
ficos, tabelas, resumos, entre outros, que per- com especial destaque para o desenvolvimen-
mitem o processamento e a organização de co- to da fruição, de modo a evidenciar a condição
nhecimentos em práticas de estudo e de dados estética desse tipo de leitura e de escrita. Para
levantados em diferentes fontes de pesquisa. que a função utilitária da literatura – e da arte
Será dada ênfase especial a procedimentos de em geral – possa dar lugar à sua dimensão hu-
busca, tratamento e análise de dados e informa- manizadora, transformadora e mobilizadora, é
ções e a formas variadas de registro e socializa- preciso supor – e, portanto, garantir a forma-
ção de estudos e pesquisas, que envolvem não ção de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujei-
só os gêneros já consagrados, como apresenta- to que seja capaz de se implicar na leitura dos
ção oral e ensaio escolar, como também outros textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas
gêneros da cultura digital – relatos multimidiá- de sentido, de responder às suas demandas e

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de firmar pactos de leitura. Para tanto, as habi- ser e estar no mundo e, pelo reconhecimento do
lidades, no que tange à formação literária, en- que é diverso, compreender a si mesmo e de-
volvem conhecimentos de gêneros narrativos senvolver uma atitude de respeito e valorização
e poéticos que podem ser desenvolvidos em do que é diferente.
função dessa apreciação e que dizem respeito, Outros gêneros, além daqueles cuja aborda-
no caso da narrativa literária, a seus elementos gem é sugerida na BNCC, podem e devem ser
(espaço, tempo, personagens); às escolhas incorporados aos currículos das escolas e, assim
que constituem o estilo nos textos, na configu- como já salientado, os gêneros podem ser con-
ração do tempo e do espaço e na construção templados em anos diferentes dos indicados.
dos personagens; aos diferentes modos de Também, como já mencionado, nos Anos Fi-
se contar uma história (em primeira ou tercei- nais do Ensino Fundamental, os conhecimen-
ra pessoa, por meio de um narrador persona- tos sobre a língua, sobre as demais semioses
gem, com pleno ou parcial domínio dos acon- e sobre a norma-padrão se articulam aos de-
tecimentos); à polifonia própria das narrativas, mais eixos em que se organizam os objetivos
que oferecem níveis de complexidade a serem de aprendizagem e desenvolvimento de Lín-
explorados em cada ano da escolaridade; ao gua Portuguesa. Dessa forma, as abordagens
fôlego dos textos. No caso da poesia, desta- linguística, metalinguística e reflexiva ocorrem
cam-se, inicialmente, os efeitos de sentido pro- sempre a favor da prática de linguagem que
duzidos por recursos de diferentes naturezas, está em evidência nos eixos de leitura, escrita
para depois se alcançar a dimensão imagética, ou oralidade.
constituída de processos metafóricos e meto- Os conhecimentos sobre a língua, as de-
nímicos muito presentes na linguagem poética. mais semioses e a norma-padrão não devem
Ressalta-se, ainda, a proposição de objeti- ser tomados como uma lista de conteúdos
vos de aprendizagem e desenvolvimento que dissociados das práticas de linguagem, mas
concorrem para a capacidade dos estudantes como propiciadores de reflexão a respeito do
de relacionarem textos, percebendo os efeitos funcionamento da língua no contexto dessas
de sentidos decorrentes da intertextualidade práticas. A seleção de habilidades na BNCC
temática e da polifonia resultante da inserção está relacionada com aqueles conhecimen-
– explícita ou não – de diferentes vozes nos tos fundamentais para que o estudante possa
textos. A relação entre textos e vozes se ex- apropriar-se do sistema linguístico que organi-
pressa, também, nas práticas de compartilha- za o português brasileiro.
mento que promovem a escuta e a produção Alguns desses objetivos, sobretudo aque-
de textos, de diferentes gêneros e em diferen- les que dizem respeito à norma, são transver-
tes mídias, que se prestam à expressão das sais a toda a base de Língua Portuguesa. O
preferências e das apreciações do que foi lido/ conhecimento da ortografia, da pontuação, da
ouvido/assistido. acentuação, por exemplo, deve estar presen-
Por fim, destaque-se a relevância desse cam- te ao longo de toda escolaridade, abordados
po para o exercício da empatia e do diálogo, conforme o ano da escolaridade. Assume-se,
tendo em vista a potência da arte e da literatura na BNCC de Língua Portuguesa, uma pers-
como expedientes que permitem o contato com pectiva de progressão de conhecimentos que
diversificados valores, comportamentos, cren- vai das regularidades às irregularidades e dos
ças, desejos e conflitos, o que contribui para usos mais frequentes e simples aos menos ha-
reconhecer e compreender modos distintos de bituais e mais complexos.

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO – Trata-se, em relação a este Campo, de ampliar e qualificar a participação
das crianças, adolescentes e jovens nas práticas relativas ao trato com a informação e opinião, que estão no
centro da esfera jornalística/midiática. Para além de construir conhecimentos e desenvolver habilidades envolvidas
na escuta, leitura e produção de textos que circulam no campo, o que se pretende é propiciar experiências
que permitam desenvolver nos adolescentes e jovens a sensibilidade para que se interessem pelos fatos que
acontecem na sua comunidade, na sua cidade e no mundo e afetam as vidas das pessoas, incorporem em suas
vidas a prática de escuta, leitura e produção de textos pertencentes a gêneros da esfera jornalística em diferentes
fontes, veículos e mídias, e desenvolvam autonomia e pensamento crítico para se situar em relação a interesses e
posicionamentos diversos e possam produzir textos noticiosos e opinativos e participar de discussões e debates
de forma ética e respeitosa.

Leitura Apreciação e réplica


Relação entre gêneros e mídias

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto

Efeitos de sentido

Produção de textos Relação do texto com o contexto de produção e experimentação


de papéis sociais

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Manual do Educador

HABILIDADES
Vários são os gêneros possíveis de serem contemplados em atividades de leitura e produção de textos para além
dos já trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental (notícia, álbum noticioso, carta de leitor, entrevista
etc.): reportagem, reportagem multimidiática, fotorreportagem, foto-denúncia, artigo de opinião, editorial, resenha
crítica, crônica, comentário, debate, vlog noticioso, vlog cultural, meme, charge, charge digital, political remix,
anúncio publicitário, propaganda, jingle, spot, dentre outros. A referência geral é que, em cada ano, contemplem-
se gêneros que lidem com informação, opinião e apreciação, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do
impresso e gêneros multissemióticos e hipermidiáticos, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
Diversos também são os processos, ações e atividades que podem ser contemplados em atividades de uso e
reflexão: curar, seguir/ser seguido, curtir, comentar, compartilhar, remixar etc.
Ainda com relação a esse campo, trata-se também de compreender as formas de persuasão do discurso
publicitário, o apelo ao consumo, as diferenças entre vender um produto e “vender” uma ideia, entre anúncio
publicitário e propaganda.

(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo
de discurso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso.
(EF69LP02) Analisar e comparar peças publicitárias variadas (cartazes, folhetos, outdoor, anúncios e
propagandas em diferentes mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber a articulação entre elas em
campanhas, as especificidades das várias semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, aos
objetivos do anunciante e/ou da campanha e à construção composicional e estilo dos gêneros em questão, como
forma de ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos pertencentes a esses gêneros.

(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em
reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os
principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em
tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

(EF69LP04) Identificar e analisar os efeitos de sentido que fortalecem a persuasão nos textos publicitários,
relacionando as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados,
como imagens, tempo verbal, jogos de palavras, figuras de linguagem etc., com vistas a fomentar práticas de
consumo conscientes.
(EF69LP05) Inferir e justificar, em textos multissemióticos – tirinhas, charges, memes, gifs etc. –, o efeito de
humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de
recursos iconográficos, de pontuação etc.

(EF69LP06) Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens, reportagens


multimidiáticas, infográficos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião
de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros
próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado
etc.– e cartazes, anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias mídias,
vivenciando de forma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor ou
articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como forma de compreender as condições de produção que
envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas práticas de
linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável, levando-se em consideração
o contexto da Web 2.0, que amplia a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de leitor e
autor, de consumidor e produtor.

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Textualização

Revisão/edição de texto informativo e opinativo

Planejamento de textos de peças publicitárias de campanhas


sociais

Oralidade Produção de textos jornalísticos orais


*Considerar todas as habilidades dos eixos
leitura e produção que se referem a textos ou
produções orais, em áudio ou vídeo

Planejamento e produção de textos jornalísticos orais

Oralidade Participação em discussões orais de temas controversos de in-


teresse da turma e/ou de relevância social

Análise linguística/semiótica Construção composicional

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP07) Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e
circulação – os enunciadores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito
ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse
contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias
de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do
professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos,
reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros,
fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alterando efeitos, ordenamentos etc.
(EF69LP08) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –,
tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos
relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de
edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.
(EF69LP09) Planejar uma campanha publicitária sobre questões/problemas, temas, causas significativas para a
escola e/ou comunidade, a partir de um levantamento de material sobre o tema ou evento, da definição do público-
alvo, do texto ou peça a ser produzido – cartaz, banner, folheto, panfleto, anúncio impresso e para internet, spot,
propaganda de rádio, TV etc. –, da ferramenta de edição de texto, áudio ou vídeo que será utilizada, do recorte e
enfoque a ser dado, das estratégias de persuasão que serão utilizadas etc.
(EF69LP10) Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários,
vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local
ou global e textos orais de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se
por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros.
(EF69LP11) Identificar e analisar posicionamentos defendidos e refutados na escuta de interações polêmicas em
entrevistas, discussões e debates (televisivo, em sala de aula, em redes sociais etc.), entre outros, e se posicionar
frente a eles.
(EF69LP12) Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/ redesign (esses
três últimos quando não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou vídeo, considerando sua
adequação aos contextos em que foram produzidos, à forma composicional e estilo de gêneros, a clareza,
progressão temática e variedade linguística empregada, os elementos relacionados à fala, tais como modulação
de voz, entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos cinésicos, tais como postura corporal,
movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc.
(EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões
polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.
(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica,
explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes
diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma.
(EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na
participação em discussões sobre temas controversos e/ou polêmicos.
(EF69LP16) Analisar e utilizar as formas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como
notícias (pirâmide invertida no impresso X blocos noticiosos hipertextuais e hipermidiáticos no digital, que também
pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etc.), da ordem do argumentar, tais como
artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas:
apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etc.

XXIII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Análise linguística/semiótica Estilo

Efeito de sentido

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA – Trata-se, neste Campo, de ampliar e qualificar a participação dos
jovens nas práticas relativas ao debate de ideias e à atuação política e social, por meio do(a):
• compreensão dos interesses que movem a esfera política em seus diferentes níveis e instâncias, das
formas e canais de participação institucionalizados, incluindo os digitais, e das formas de participação não
institucionalizadas, incluindo aqui manifestações artísticas e intervenções urbanas;
• reconhecimento da importância de se envolver com questões de interesse público e coletivo e compreensão
do contexto de promulgação dos direitos humanos, das políticas afirmativas, e das leis de uma forma geral em
um estado democrático, como forma de propiciar a vivência democrática em várias instâncias e uma atuação
pautada pela ética da responsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho);
• desenvolvimento de habilidades e aprendizagem de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de
textos pertencentes a gêneros relacionados à discussão e implementação de propostas, à defesa de direitos e a
projetos culturais e de interesse público de diferentes naturezas.
Envolvem o domínio de gêneros legais e o conhecimento dos canais competentes para questionamentos,
reclamação de direitos e denúncias de desrespeitos a legislações e regulamentações e a direitos; de discussão
de propostas e programas de interesse público no contexto de agremiações, coletivos, movimentos e outras
instâncias e fóruns de discussão da escola, da comunidade e da cidade.

Leitura Reconstrução das condições de produção e circulação e


adequação do texto à construção composicional e ao estilo de
gênero
(Lei, código, estatuto, código, regimento etc.)

XXIV
XXIV

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP17) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióticos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os
aspectos relativos ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação dos eventos, as escolhas lexicais,
o efeito de imparcialidade do relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumentativos, reconhecendo
marcas de pessoa, número, tempo, modo, a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as formas
de pretérito em relatos; as formas de presente e futuro em gêneros argumentativos; as formas de imperativo em
gêneros publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do
título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e as
estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal,
jogos de palavras, metáforas, imagens).
(EF69LP18) Utilizar, na escrita/reescrita de textos argumentativos, recursos linguísticos que marquem as relações
de sentido entre parágrafos e enunciados do texto e operadores de conexão adequados aos tipos de argumento
e à forma de composição de textos argumentativos, de maneira a garantir a coesão, a coerência e a progressão
temática nesses textos (“primeiramente, mas, no entanto, em primeiro/segundo/terceiro lugar, finalmente, em
conclusão” etc.).
(EF69LP19) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação, os efeitos de sentido de elementos típicos
da modalidade falada, como a pausa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e expressão facial, as hesitações etc.
Trata-se também de possibilitar vivências significativas, na articulação com todas as áreas do currículo e com
os interesses e escolhas pessoais dos adolescentes e jovens, que envolvam a proposição, desenvolvimento e
avaliação de ações e projetos culturais, de forma a fomentar o protagonismo juvenil de forma contextualizada.
Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros já considerados em outras
esferas – como discussão oral, debate, palestra, apresentação oral, notícia, reportagem, artigo de opinião, cartaz,
spot, propaganda (de campanhas variadas, nesse campo inclusive de campanhas políticas) – e de outros, como
estatuto, regimento, projeto cultural, carta aberta, carta de solicitação, carta de reclamação, abaixo-assinado,
petição online, requerimento, turno de fala em assembleia, tomada de turno em reuniões, edital, proposta, ata,
parecer, enquete, relatório etc., os quais supõem o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como
se organizam e dos recursos e elementos linguísticos e das demais semioses envolvidos na tessitura de textos
pertencentes a esses gêneros.
Em especial, vale destacar que o trabalho com discussão oral, debate, propaganda, campanha e apresentação
oral podem/devem se relacionar também com questões, temáticas e práticas próprias do campo de atuação
na vida pública. Assim, as mesmas habilidades relativas a esses gêneros e práticas propostas para o Campo
jornalístico/midiático e para o Campo das práticas de ensino e pesquisa devem ser aqui consideradas: discussão,
debate e apresentação oral de propostas políticas ou de solução para problemas que envolvem a escola ou a
comunidade e propaganda política. Da mesma forma, as habilidades relacionadas à argumentação e à distinção
entre fato e opinião também devem ser consideradas nesse campo.
(EF69LP20) Identificar, tendo em vista o contexto de produção, a forma de organização dos textos normativos
e legais, a lógica de hierarquização de seus itens e subitens e suas partes: parte inicial (título – nome e data
– e ementa), blocos de artigos (parte, livro, capítulo, seção, subseção), artigos (caput e parágrafos e incisos) e
parte final (disposições pertinentes à sua implementação) e analisar efeitos de sentido causados pelo uso de
vocabulário técnico, pelo uso do imperativo, de palavras e expressões que indicam circunstâncias, como advérbios
e locuções adverbiais, de palavras que indicam generalidade, como alguns pronomes indefinidos, de forma a
poder compreender o caráter imperativo, coercitivo e generalista das leis e de outras formas de regulamentação.

XXV

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA
Leitura Apreciação e réplica

Produção de textos Textualização, revisão e edição

Oralidade Discussão oral

Oralidade Registro

Análise linguística/semiótica Análise de textos legais/normativos, propositivos e reivindicatórios

Modalização

XXVI
XXVI

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP21) Posicionar-se em relação a conteúdos veiculados em práticas não institucionalizadas de participação


social, sobretudo àquelas vinculadas a manifestações artísticas, produções culturais, intervenções urbanas e
práticas próprias das culturas juvenis que pretendam denunciar, expor uma problemática ou “convocar” para
uma reflexão/ação, relacionando esse texto/produção com seu contexto de produção e relacionando as partes e
semioses presentes para a construção de sentidos.
(EF69LP22) Produzir, revisar e editar textos reivindicatórios ou propositivos sobre problemas que afetam a vida
escolar ou da comunidade, justificando pontos de vista, reivindicações e detalhando propostas (justificativa,
objetivos, ações previstas etc.), levando em conta seu contexto de produção e as características dos gêneros em
questão.
(EF69LP23) Contribuir com a escrita de textos normativos, quando houver esse tipo de demanda na escola –
regimentos e estatutos de organizações da sociedade civil do âmbito da atuação das crianças e jovens (grêmio
livre, clubes de leitura, associações culturais etc.) – e de regras e regulamentos nos vários âmbitos da escola –
campeonatos, festivais, regras de convivência etc., levando em conta o contexto de produção e as características
dos gêneros em questão.
(EF69LP24) Discutir casos, reais ou simulações, submetidos a juízo, que envolvam (supostos) desrespeitos a
artigos, do ECA, do Código de Defesa do Consumidor, do Código Nacional de Trânsito, de regulamentações
do mercado publicitário etc., como forma de criar familiaridade com textos legais – seu vocabulário, formas de
organização, marcas de estilo etc. -, de maneira a facilitar a compreensão de leis, fortalecer a defesa de direitos,
fomentar a escrita de textos normativos (se e quando isso for necessário) e possibilitar a compreensão do caráter
interpretativo das leis e as várias perspectivas que podem estar em jogo.
(EF69LP25) Posicionar-se de forma consistente e sustentada em uma discussão, assembleia, reuniões de
colegiados da escola, de agremiações e outras situações de apresentação de propostas e defesas de opiniões,
respeitando as opiniões contrárias e propostas alternativas e fundamentando seus posicionamentos, no tempo de
fala previsto, valendo-se de sínteses e propostas claras e justificadas.
(EF69LP26) Tomar nota em discussões, debates, palestras, apresentação de propostas, reuniões, como forma de
documentar o evento e apoiar a própria fala (que pode se dar no momento do evento ou posteriormente, quando,
por exemplo, for necessária a retomada dos assuntos tratados em outros contextos públicos, como diante dos
representados).
(EF69LP27) Analisar a forma composicional de textos pertencentes a gêneros normativos/ jurídicos e a gêneros
da esfera política, tais como propostas, programas políticos (posicionamento quanto a diferentes ações a serem
propostas, objetivos, ações previstas etc.), propaganda política (propostas e sua sustentação, posicionamento
quanto a temas em discussão) e textos reivindicatórios: cartas de reclamação, petição (proposta, suas
justificativas e ações a serem adotadas) e suas marcas linguísticas, de forma a incrementar a compreensão de
textos pertencentes a esses gêneros e a possibilitar a produção de textos mais adequados e/ou fundamentados
quando isso for requerido.
(EF69LP28) Observar os mecanismos de modalização adequados aos textos jurídicos, as modalidades deônticas,
que se referem ao eixo da conduta (obrigatoriedade/permissibilidade) como, por exemplo: Proibição: “Não se
deve fumar em recintos fechados.”; Obrigatoriedade: “A vida tem que valer a pena.”; Possibilidade: “É permitido a
entrada de menores acompanhados de adultos responsáveis”, e os mecanismos de modalização adequados aos
textos políticos e propositivos, as modalidades apreciativas, em que o locutor exprime um juízo de valor (positivo
ou negativo) acerca do que enuncia. Por exemplo: “Que belo discurso!”, “Discordo das escolhas de Antônio.”
“Felizmente, o buraco ainda não causou acidentes mais graves.”

XXVII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA – Trata-se de ampliar e qualificar a participação dos jovens
nas práticas relativas ao estudo e à pesquisa, por meio de:
• compreensão dos interesses, atividades e procedimentos que movem as esferas científica, de divulgação
científica e escolar;
• reconhecimento da importância do domínio dessas práticas para a compreensão do mundo físico e da realidade
social, para o prosseguimento dos estudos e para formação para o trabalho; e
• desenvolvimento de habilidades e aprendizagens de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de
textos pertencentes a gêneros relacionados ao estudo, à pesquisa e à divulgação científica.

Leitura Reconstrução das condições de produção e recepção dos


textos e adequação do texto à construção composicional e ao
estilo de gênero

Relação entre textos

Apreciação e réplica

Estratégias e procedimentos de leitura


Relação do verbal com outras semioses
Procedimentos e gêneros de apoio à compreensão

XXXXVIII
VIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros como apresentação oral,
palestra, mesa-redonda, debate, artigo de divulgação científica, artigo científico, artigo de opinião, ensaio,
reportagem de divulgação científica, texto didático, infográfico, esquemas, relatório, relato (multimidiático) de
campo, documentário, cartografia animada, podcasts e vídeos diversos de divulgação científica, que supõem
o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como se organizam e dos recursos e elementos
linguísticos das demais semioses (ou recursos e elementos multimodais) envolvidos na tessitura de textos
pertencentes a esses gêneros.
Trata-se também de aprender, de forma significativa, na articulação com outras áreas e com os projetos e
escolhas pessoais dos jovens, procedimentos de investigação e pesquisa. Para além da leitura/escuta de textos/
produções pertencentes aos gêneros já mencionados, cabe diversificar, em cada ano e ao longo dos anos, os
gêneros/produções escolhidos para apresentar e socializar resultados de pesquisa, de forma a contemplar a
apresentação oral, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do impresso, gêneros multissemióticos, textos
hipermidiáticos, que suponham colaboração, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
(EF69LP29) Refletir sobre a relação entre os contextos de produção dos gêneros de divulgação científica – texto
didático, artigo de divulgação científica, reportagem de divulgação científica, verbete de enciclopédia (impressa
e digital), esquema, infográfico (estático e animado), relatório, relato multimidiático de campo, podcasts e vídeos
variados de divulgação científica etc. – e os aspectos relativos à construção composicional e às marcas linguística
características desses gêneros, de forma a ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos
pertencentes a esses gêneros.
(EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes,
levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades
e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se
criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
(EF69LP31) Utilizar pistas linguísticas – tais como “em primeiro/segundo/terceiro lugar”, “por outro lado”, “dito de
outro modo”, isto é”, “por exemplo” – para compreender a hierarquização das proposições, sintetizando o conteúdo
dos textos.
(EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as
informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas ou
gráficos.
(EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. na (re)construção dos
sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático – infográfico,
esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas,
infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão
desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.
(EF69LP34) Grifar as partes essenciais do texto, tendo em vista os objetivos de leitura, produzir marginálias (ou
tomar notas em outro suporte), sínteses organizadas em itens, quadro sinóptico, quadro comparativo, esquema,
resumo ou resenha do texto lido (com ou sem comentário/análise), mapa conceitual, dependendo do que for
mais adequado, como forma de possibilitar uma maior compreensão do texto, a sistematização de conteúdos e
informações e um posicionamento frente aos textos, se esse for o caso.

XXIX

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Produção de textos Consideração das condições de produção de textos de
divulgação científica
Estratégias de escrita

Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Estratégias de produção

Oralidade Estratégias de produção: planejamento e produção de


apresentações orais

Estratégias de produção

Análise linguística/semiótica Construção composicional


Elementos paralinguísticos e cinésicos
Apresentações orais

Análise linguística/semiótica Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações


orais

XXX
XXX

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de esquema que considere as
pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de registros de experimentos ou de estudo
de campo, produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, artigo de opinião, reportagem científica, verbete
de enciclopédia, verbete de enciclopédia digital colaborativa , infográfico, relatório, relato de experimento
científico, relato (multimidiático) de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que podem envolver a
disponibilização de informações e conhecimentos em circulação em um formato mais acessível para um público
específico ou a divulgação de conhecimentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e
estudos de campo realizados.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopédia, infográfico, infográfico
animado, podcast ou vlog científico, relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, dentre
outros, considerando o contexto de produção e as regularidades dos gêneros em termos de suas construções
composicionais e estilos.
(EF69LP37) Produzir roteiros para elaboração de vídeos de diferentes tipos (vlog científico, vídeo-minuto,
programa de rádio, podcasts) para divulgação de conhecimentos científicos e resultados de pesquisa, tendo em
vista seu contexto de produção, os elementos e a construção composicional dos roteiros.
(EF69LP38) Organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando
em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral, a
multissemiose, as mídias e tecnologias que serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também
elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição oral de resultados de estudos e pesquisas, no
tempo determinado, a partir do planejamento e da definição de diferentes formas de uso da fala – memorizada,
com apoio da leitura ou fala espontânea.
(EF69LP39) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevistado, levantar informações sobre o entrevistado
e sobre o tema da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, a partir do roteiro, abrindo
possibilidades para fazer perguntas a partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou salvar a
entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, de acordo com os objetivos estabelecidos.

(EF69LP40) Analisar, em gravações de seminários, conferências rápidas, trechos de palestras, dentre outros, a
construção composicional dos gêneros de apresentação – abertura/saudação, introdução ao tema, apresentação
do plano de exposição, desenvolvimento dos conteúdos, por meio do encadeamento de temas e subtemas
(coesão temática), síntese final e/ou conclusão, encerramento –, os elementos paralinguísticos (tais como: tom e
volume da voz, pausas e hesitações – que, em geral, devem ser minimizadas –, modulação de voz e entonação,
ritmo, respiração etc.) e cinésicos (tais como: postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão
facial, contato de olho com plateia, modulação de voz e entonação, sincronia da fala com ferramenta de apoio
etc.), para melhor performar apresentações orais no campo da divulgação do conhecimento.
(EF69LP41) Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais, escolhendo e usando tipos
e tamanhos de fontes que permitam boa visualização, topicalizando e/ou organizando o conteúdo em itens,
inserindo de forma adequada imagens, gráficos, tabelas, formas e elementos gráficos, dimensionando a
quantidade de texto (e imagem) por slide, usando progressivamente e de forma harmônica recursos mais
sofisticados como efeitos de transição, slides mestres, layouts personalizados etc.

XXXI

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Análise linguística/semiótica Construção composicional e estilo
Gêneros de divulgação científica

Marcas linguísticas
Intertextualidade

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO – O que está em jogo neste campo é possibilitar às crianças, adolescentes e
jovens dos Anos Finais do Ensino Fundamental o contato com as manifestações artísticas e produções culturais
em geral, e com a arte literária em especial, e oferecer as condições para que eles possam compreendê-las e
frui-las de maneira significativa e, gradativamente, crítica. Trata-se, assim, de ampliar e diversificar as práticas
relativas à leitura, à compreensão, à fruição e ao compartilhamento das manifestações artístico-literárias,
representativas da diversidade cultural, linguística e semiótica, por meio:
• da compreensão das finalidades, das práticas e dos interesses que movem a esfera artística e a esfera literária,
bem como das linguagens e mídias que dão forma e sustentação às suas manifestações;
• da experimentação da arte e da literatura como expedientes que permitem (re)conhecer diferentes maneiras de
ser, pensar, (re)agir, sentir e, pelo confronto com o que é diverso, desenvolver uma atitude de valorização e de
respeito pela diversidade;
• do desenvolvimento de habilidades que garantam a compreensão, a apreciação, a produção e o compartilhamento
de textos dos diversos gêneros, em diferentes mídias, que circulam nas esferas literária e artística.
Para que a experiência da literatura – e da arte em geral – possa alcançar seu potencial transformador e
humanizador, é preciso promover a formação de um leitor que não apenas compreenda os sentidos dos textos,
mas também que seja capaz de frui-los. Um sujeito que desenvolve critérios de escolha e preferências (por
autores, estilos, gêneros) e que compartilha impressões e críticas com outros leitores-fruidores.
Leitura Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
Apreciação e réplica

XXXII
XXXII

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP42) Analisar a construção composicional dos textos pertencentes a gêneros relacionados à divulgação
de conhecimentos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, imagens ilustrativas de conceitos,
relações, ou resultados complexos (fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, figuras,
tabelas, mapas) etc., exposição, contendo definições, descrições, comparações, enumerações, exemplificações
e remissões a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou links; ou título, contextualização
do campo, ordenação temporal ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos verbais com fotos,
ilustrações, áudios, vídeos etc. e reconhecer traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo
uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem (ou de pessoalização, se o tipo de publicação
e objetivos assim o demandarem, como em alguns podcasts e vídeos de divulgação científica), 3ª pessoa,
presente atemporal, recurso à citação, uso de vocabulário técnico/especializado etc., como forma de ampliar suas
capacidades de compreensão e produção de textos nesses gêneros.
(EF69LP43) Identificar e utilizar os modos de introdução de outras vozes no texto – citação literal e sua
formatação e paráfrase –, as pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor e dos
outros autores citados (“Segundo X; De acordo com Y; De minha/nossa parte, penso/amos que”...) e os elementos
de normatização (tais como as regras de inclusão e formatação de citações e paráfrases, de organização de
referências bibliográficas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão sobre o modo como a intertextualidade e a
retextualização ocorrem nesses textos.
A formação desse leitor-fruidor exige o desenvolvimento de habilidades, a vivência de experiências significativas
e aprendizagens que, por um lado, permitam a compreensão dos modos de produção, circulação e recepção das
obras e produções culturais e o desvelamento dos interesses e dos conflitos que permeiam suas condições de
produção e, por outro lado, garantam a análise dos recursos linguísticos e semióticos necessária à elaboração da
experiência estética pretendida.
Aqui também a diversidade deve orientar a organização/progressão curricular: diferentes gêneros, estilos, autores
e autoras – contemporâneos, de outras épocas, regionais, nacionais, portugueses, africanos e de outros países –
devem ser contemplados; o cânone, a literatura universal, a literatura juvenil, a tradição oral, o multissemiótico, a
cultura digital e as culturas juvenis, dentre outras diversidades, devem ser consideradas, ainda que deva haver um
privilégio do letramento da letra.
Compete ainda a este campo o desenvolvimento das práticas orais, tanto aquelas relacionadas à produção de
textos em gêneros literários e artísticos diversos quanto as que se prestam à apreciação e ao compartilhamento
e envolvam a seleção do que ler/ouvir/assistir e o exercício da indicação, da crítica, da recriação e do diálogo, por
meio de diferentes práticas e gêneros, que devem ser explorados ao longo dos anos.

(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos
literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e
culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa
(de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para selecionar
obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD´s, DVD´s etc.),
diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do
livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.

XXXIII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de


sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e
multissemióticos

Adesão às práticas de leitura

Produção de textos Relação entre textos

Consideração das condições de produção


Estratégias de produção: planejamento, textualização e
revisão/edição

Oralidade Produção de textos orais

XXXXXIV
XIV

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/ manifestações


artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers,
redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível,
comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para
jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts
culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes,
posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de
manifestação da cultura de fãs.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada
gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical
típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes
dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso
direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a
narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da
caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes
no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras
e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada
gênero narrativo.
(EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação,
rimas, aliterações etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico- espacial (distribuição da mancha
gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções
culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um
desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas
marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
(EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de romances, contos, mitos, narrativas de enigma e de
aventura, novelas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando as rubricas para caracterização
do cenário, do espaço, do tempo; explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens e dos seus
modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de
variação linguística (dialetos, registros e jargões) e retextualizando o tratamento da temática.
(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e reescrita,
tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações
da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e
considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.
(EF69LP52) Representar cenas ou textos dramáticos, considerando, na caracterização dos personagens,
os aspectos linguísticos e paralinguísticos das falas (timbre e tom de voz, pausas e hesitações, entonação e
expressividade, variedades e registros linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o figurino e
a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo autor por meio do cenário, da trilha sonora e da exploração
dos modos de interpretação.

XXXV

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Oralidade Produção de textos orais
Oralização

Análise linguística/semiótica Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos


pertencentes aos gêneros literários

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Variação linguística

XXXXXVI
XVI

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror;
crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o
professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura
infanto-juvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais,
contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando
a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o
ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-
-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etc., gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja
para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras
dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de forma livre quanto de
forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e
cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas
e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que
convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os
recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas,
as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras
de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e
a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa
quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como
comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos
de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções
adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na
caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito


linguístico.
(EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita
nas quais ela deve ser usada.

XXXVII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos

Caracterização do campo jornalístico e relação entre os


gêneros em circulação, mídias e práticas da cultura digital

Apreciação e réplica

Relação entre textos

Estratégia de leitura
Distinção de fato e opinião
Estratégia de leitura: identificação de teses e argumentos
Apreciação e réplica

Efeitos de sentido

Efeitos de sentido
Exploração da multissemiose

XXXXXVIII
XVII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF06LP01) Reconhecer a impossibilidade de uma (EF07LP01) Distinguir diferentes propostas editoriais


neutralidade absoluta no relato de fatos e identificar – sensacionalismo, jornalismo investigativo etc. –, de
diferentes graus de parcialidade/ imparcialidade forma a identificar os recursos utilizados para impactar/
dados pelo recorte feito e pelos efeitos de sentido chocar o leitor que podem comprometer uma análise
advindos de escolhas feitas pelo autor, de forma a crítica da notícia e do fato noticiado.
poder desenvolver uma atitude crítica frente aos textos
jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas
enquanto produtor de textos.
(EF06LP02) Estabelecer relação entre os diferentes (EF07LP02) Comparar notícias e reportagens sobre
gêneros jornalísticos, compreendendo a centralidade da um mesmo fato divulgadas em diferentes mídias,
notícia. analisando as especificidades das mídias, os processos
de (re)elaboração dos textos e a convergência das
mídias em notícias ou reportagens multissemióticas.
(EF67LP01) Analisar a estrutura e funcionamento dos hiperlinks em textos noticiosos publicados na Web e
vislumbrar possibilidades de uma escrita hipertextual.
(EF67LP02) Explorar o espaço reservado ao leitor nos jornais, revistas, impressos e on-line, sites noticiosos etc.,
destacando notícias, fotorreportagens, entrevistas, charges, assuntos, temas, debates em foco, posicionando-
se de maneira ética e respeitosa frente a esses textos e opiniões a eles relacionadas, e publicar notícias, notas
jornalísticas, fotorreportagem de interesse geral nesses espaços do leitor.
(EF67LP03) Comparar informações sobre um mesmo fato divulgadas em diferentes veículos e mídias,
analisando e avaliando a confiabilidade.
(EF67LP04) Distinguir, em segmentos descontínuos de textos, fato da opinião enunciada em relação a esse
mesmo fato.

(EF67LP05) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e argumentos em textos


argumentativos (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica etc.), manifestando concordância ou
discordância.
(EF67LP06) Identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical, topicalização de elementos e
seleção e hierarquização de informações, uso de 3ª pessoa etc.
(EF67LP07) Identificar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração
do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e
perceber seus efeitos de sentido.
(EF67LP08) Identificar os efeitos de sentido devidos à escolha de imagens estáticas, sequenciação ou
sobreposição de imagens, definição de figura/fundo, ângulo, profundidade e foco, cores/tonalidades, relação com
o escrito (relações de reiteração, complementação ou oposição) etc. em notícias, reportagens, fotorreportagens,
foto-denúncias, memes, gifs, anúncios publicitários e propagandas publicados em jornais, revistas, sites na
internet etc.

XXXIX

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Estratégias de produção: planejamento de textos informativos

Textualização, tendo em vista suas condições de produção,


as características do gênero em questão, o estabelecimento
de coesão, adequação à norma-padrão e o uso adequado de
ferramentas de edição

Estratégias de produção: planejamento de textos


argumentativos e apreciativos

Textualização de textos argumentativos e apreciativos

Produção e edição de textos publicitários

Oralidade Planejamento e produção de entrevistas orais

XL
XL

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP09) Planejar notícia impressa e para circulação em outras mídias (rádio ou TV/vídeo), tendo em vista as
condições de produção, do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. –, a partir
da escolha do fato a ser noticiado (de relevância para a turma, escola ou comunidade), do levantamento de dados
e informações sobre o fato – que pode envolver entrevistas com envolvidos ou com especialistas, consultas a
fontes, análise de documentos, cobertura de eventos etc.–, do registro dessas informações e dados, da escolha de
fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc. e a previsão de uma estrutura hipertextual (no caso de publicação em
sites ou blogs noticiosos).
(EF67LP10) Produzir notícia impressa tendo em vista características do gênero – título ou manchete com verbo
no tempo presente, linha fina (opcional), lide, progressão dada pela ordem decrescente de importância dos fatos,
uso de 3ª pessoa, de palavras que indicam precisão –, e o estabelecimento adequado de coesão e produzir
notícia para TV, rádio e internet, tendo em vista, além das características do gênero, os recursos de mídias
disponíveis e o manejo de recursos de captação e edição de áudio e imagem.
(EF67LP11) Planejar resenhas, vlogs, vídeos e podcasts variados, e textos e vídeos de apresentação e
apreciação próprios das culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado
etc.), dentre outros, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos
e mídia de circulação etc. –, a partir da escolha de uma produção ou evento cultural para analisar – livro, filme,
série, game, canção, videoclipe, fanclipe, show, saraus, slams etc. – da busca de informação sobre a produção
ou evento escolhido, da síntese de informações sobre a obra/evento e do elenco/seleção de aspectos, elementos
ou recursos que possam ser destacados positiva ou negativamente ou da roteirização do passo a passo do game
para posterior gravação dos vídeos.
(EF67LP12) Produzir resenhas críticas, vlogs, vídeos, podcasts variados e produções e gêneros próprios das
culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado etc.), que apresentem/
descrevam e/ou avaliem produções culturais (livro, filme, série, game, canção, disco, videoclipe etc.) ou evento
(show, sarau, slam etc.), tendo em vista o contexto de produção dado, as características do gênero, os recursos
das mídias envolvidas e a textualização adequada dos textos e/ou produções.
(EF67LP13) Produzir, revisar e editar textos publicitários, levando em conta o contexto de produção dado,
explorando recursos multissemióticos, relacionando elementos verbais e visuais, utilizando adequadamente
estratégias discursivas de persuasão e/ou convencimento e criando título ou slogan que façam o leitor motivar-se a
interagir com o texto produzido e se sinta atraído pelo serviço, ideia ou produto em questão.
(EF67LP14) Definir o contexto de produção da entrevista (objetivos, o que se pretende conseguir, porque aquele
entrevistado etc.), levantar informações sobre o entrevistado e sobre o acontecimento ou tema em questão,
preparar o roteiro de perguntar e realizar entrevista oral com envolvidos ou especialistas relacionados com o fato
noticiado ou com o tema em pauta, usando roteiro previamente elaborado e formulando outras perguntas a partir
das respostas dadas e, quando for o caso, selecionar partes, transcrever e proceder a uma edição escrita do texto,
adequando-o a seu contexto de publicação, à construção composicional do gênero e garantindo a relevância das
informações mantidas e a continuidade temática.

XLI

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Leitura Estratégias e procedimentos de leitura em textos legais e
normativos

Contexto de produção, circulação e recepção de textos e


práticas relacionadas à defesa de direitos e à participação
social

Relação entre contexto de produção e características


composicionais e estilísticas dos gêneros (carta de solicitação,
carta de reclamação, petição on-line, carta aberta,
abaixo-assinado, proposta etc.)
Apreciação e réplica

Estratégias, procedimentos de leitura em textos reivindicatórios


ou propositivos
Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos reivindicatórios
ou propositivos

CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA


Leitura Curadoria de informação

Produção de textos Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Oralidade Conversação espontânea

Procedimentos de apoio à compreensão


Tomada de nota

Análise linguística/semiótica Textualização


Progressão temática

Textualização

XLII
XLII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP15) Identificar a proibição imposta ou o direito garantido, bem como as circunstâncias de sua aplicação, em
artigos relativos a normas, regimentos escolares, regimentos e estatutos da sociedade civil, regulamentações para o
mercado publicitário, Código de Defesa do Consumidor, Código Nacional de Trânsito, ECA, Constituição, dentre outros.
(EF67LP16) Explorar e analisar espaços de reclamação de direitos e de envio de solicitações (tais como
ouvidorias, SAC, canais ligados a órgãos públicos, plataformas do consumidor, plataformas de reclamação),
bem como de textos pertencentes a gêneros que circulam nesses espaços, reclamação ou carta de reclamação,
solicitação ou carta de solicitação, como forma de ampliar as possibilidades de produção desses textos em casos
que remetam a reivindicações que envolvam a escola, a comunidade ou algum de seus membros como forma de
se engajar na busca de solução de problemas pessoais, dos outros e coletivos.
(EF67LP17) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas de solicitação
e de reclamação (datação, forma de início, apresentação contextualizada do pedido ou da reclamação, em
geral, acompanhada de explicações, argumentos e/ou relatos do problema, fórmula de finalização mais ou
menos cordata, dependendo do tipo de carta e subscrição) e algumas das marcas linguísticas relacionadas à
argumentação, explicação ou relato de fatos, como forma de possibilitar a escrita fundamentada de cartas como
essas ou de postagens em canais próprios de reclamações e solicitações em situações que envolvam questões
relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.
(EF67LP18) Identificar o objeto da reclamação e/ou da solicitação e sua sustentação, explicação ou justificativa,
de forma a poder analisar a pertinência da solicitação ou justificação.
(EF67LP19) Realizar levantamento de questões, problemas que requeiram a denúncia de desrespeito a direitos,
reivindicações, reclamações, solicitações que contemplem a comunidade escolar ou algum de seus membros e
examinar normas e legislações.

(EF67LP20) Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente, usando fontes indicadas e
abertas.
(EF67LP21) Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais, painéis, artigos de divulgação
científica, verbetes de enciclopédia, podcasts científicos etc.
(EF67LP22) Produzir resumos, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o uso adequado de paráfrases e citações.
(EF67LP23) Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e em discussões ou atividades
coletivas, na sala de aula e na escola e formular perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF67LP24) Tomar nota de aulas, apresentações orais, entrevistas (ao vivo, áudio, TV, vídeo), identificando e
hierarquizando as informações principais, tendo em vista apoiar o estudo e a produção de sínteses e reflexões
pessoais ou outros objetivos em questão.
(EF67LP25) Reconhecer e utilizar os critérios de organização tópica (do geral para o específico, do específico
para o geral etc.), as marcas linguísticas dessa organização (marcadores de ordenação e enumeração, de
explicação, definição e exemplificação, por exemplo) e os mecanismos de paráfrase, de maneira a organizar mais
adequadamente a coesão e a progressão temática de seus textos.
(EF67LP26) Reconhecer a estrutura de hipertexto em textos de divulgação científica e proceder à remissão a
conceitos e relações por meio de notas de rodapés ou boxes.

XLIII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Relação entre textos

Estratégias de leitura
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade
Efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos
linguísticos e multissemióticos
Produção de textos Construção da textualidade
Relação entre textos

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Fono-ortografia
Elementos notacionais da escrita
Léxico/morfologia

Morfossintaxe

XLIV
XLIV

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP27) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema,
teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas,
personagens e recursos literários e semióticos
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infanto-
juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras,
narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e
fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto
lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
(EF67LP29) Identificar, em texto dramático, personagem, ato, cena, fala e indicações cênicas e a organização do
texto: enredo, conflitos, ideias principais, pontos de vista, universos de referência.

(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de suspense, mistério, terror, humor,
narrativas de enigma, crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens
realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narração de fatos
passados, empregando conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos
direto e indireto.
(EF67LP31) Criar poemas compostos por versos livres e de forma fixa (como quadras e sonetos), utilizando
recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e vídeo-poemas,
explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros
recursos visuais e sonoros.

(EF67LP32) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.
(EF67LP33) Pontuar textos adequadamente.
(EF06LP03) Analisar diferenças de sentido entre (EF07LP03) Formar, com base em palavras primitivas,
palavras de uma série sinonímica. palavras derivadas com os prefixos e sufixos mais
produtivos no português.
(EF67LP34) Formar antônimos com acréscimo de prefixos que expressam noção de negação.
(EF67LP35) Distinguir palavras derivadas por acréscimo de afixos e palavras compostas.
(EF06LP04) Analisar a função e as flexões de (EF07LP04) Reconhecer, em textos, o verbo como o
substantivos e adjetivos e de verbos nos modos núcleo das orações.
Indicativo, Subjuntivo e Imperativo: afirmativo e
negativo.
(EF06LP05) Identificar os efeitos de sentido dos modos (EF07LP05) Identificar, em orações de textos lidos ou
verbais, considerando o gênero textual e a intenção de produção própria, verbos de predicação completa e
comunicativa. incompleta: intransitivos e transitivos.

XLV

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Morfossintaxe

Sintaxe

Elementos notacionais da escrita/morfossintaxe

Semântica
Coesão

Coesão

XLVI
XLVI

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de (EF07LP06) Empregar as regras básicas de


concordância nominal (relações entre os substantivos e concordância nominal e verbal em situações
seus determinantes) e as regras de concordância verbal comunicativas e na produção de textos.
(relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).
(EF07LP07) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, a estrutura básica da oração: sujeito, predicado,
complemento (objetos direto e indireto).
(EF07LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, adjetivos que ampliam o sentido do substantivo
sujeito ou complemento verbal.
(EF07LP09) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, advérbios e locuções adverbiais que ampliam o
sentido do verbo núcleo da oração.
(EF06LP07) Identificar, em textos, períodos compostos
por orações separadas por vírgula sem a utilização de
conectivos, nomeando-os como períodos compostos
por coordenação.
(EF06LP08) Identificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP10) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
orações como unidades constituídas em torno de um linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais,
núcleo verbal e períodos como conjunto de orações concordância nominal e verbal, pontuação etc.
conectadas.
(EF06LP09) Classificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
os períodos simples compostos. própria, períodos compostos nos quais duas orações
são conectadas por vírgula, ou por conjunções que
expressem soma de sentido (conjunção “e”) ou
oposição de sentidos (conjunções “mas”, “porém”).
(EF06LP10) Identificar sintagmas nominais e verbais
como constituintes imediatos da oração.
(EF06LP11) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
linguísticos e gramaticais: tempos verbais, concordância
nominal e verbal, regras ortográficas, pontuação etc.
(EF06LP12) Utilizar, ao produzir texto, recursos de (EF07LP12) Reconhecer recursos de coesão
coesão referencial (nome e pronomes), recursos referencial: substituições lexicais (de substantivos
semânticos de sinonímia, antonímia e homonímia e por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes
mecanismos de representação de diferentes vozes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos).
(discurso direto e indireto).
(EF67LP36) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros
recursos expressivos adequados ao gênero textual.

XLVII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Coesão

Sequências textuais

Modalização

Figuras de linguagem

XLXLVIII
VIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF07LP13) Estabelecer relações entre partes do texto,


identificando substituições lexicais (de substantivos
por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes
anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos),
que contribuem para a continuidade do texto.
(EF67LP37) Analisar, em diferentes textos, os efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos linguístico-
discursivos de prescrição, causalidade, sequências descritivas e expositivas e ordenação de eventos.
(EF07LP14) Identificar, em textos, os efeitos de
sentido do uso de estratégias de modalização e
argumentatividade.
(EF67LP38) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora,
metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.

XLIX

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos
Caracterização do campo jornalístico e relação entre os
gêneros em circulação, mídias e práticas da cultura digital

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto


Apreciação e réplica

Relação entre textos

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto


Apreciação e réplica

Efeitos de sentido

Efeitos de sentido
Exploração da multissemiose

Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos informativos

LL

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP01) Analisar os interesses que movem o campo jornalístico, os efeitos das novas tecnologias no campo e
as condições que fazem da informação uma mercadoria, de forma a poder desenvolver uma atitude crítica frente
aos textos jornalísticos.
(EF08LP01) Identificar e comparar as várias editorias (EF09LP01) Analisar o fenômeno da disseminação de
de jornais impressos e digitais e de sites noticiosos, de notícias falsas nas redes sociais e desenvolver estratégias
forma a refletir sobre os tipos de fato que são noticiados para reconhecê-las, a partir da verificação/avaliação do
e comentados, as escolhas sobre o que noticiar e veículo, fonte, data e local da publicação, autoria, URL,
o que não noticiar e o destaque/enfoque dado e a da análise da formatação, da comparação de diferentes
fidedignidade da informação. fontes, da consulta a sites de curadoria que atestam a
fidedignidade do relato dos fatos e denunciam boatos etc.
(EF89LP02) Analisar diferentes práticas (curtir, compartilhar, comentar, curar etc.) e textos pertencentes a
diferentes gêneros da cultura digital (meme, gif, comentário, charge digital etc.) envolvidos no trato com a
informação e opinião, de forma a possibilitar uma presença mais crítica e ética nas redes.
(EF89LP03) Analisar textos de opinião (artigos de opinião, editoriais, cartas de leitores, comentários, posts de blog
e de redes sociais, charges, memes, gifs etc.) e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa
frente a fatos e opiniões relacionados a esses textos.
(EF08LP02) Justificar diferenças ou semelhanças no (EF09LP02) Analisar e comentar a cobertura da
tratamento dado a uma mesma informação veiculada imprensa sobre fatos de relevância social, comparando
em textos diferentes, consultando sites e serviços de diferentes enfoques por meio do uso de ferramentas de
checadores de fatos. curadoria.
(EF89LP04) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e implícitos, argumentos e contra-
argumentos em textos argumentativos do campo (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica
etc.), posicionando-se frente à questão controversa de forma sustentada.
(EF89LP05) Analisar o efeito de sentido produzido pelo uso, em textos, de recurso a formas de apropriação textual
(paráfrases, citações, discurso direto, indireto ou indireto livre).
(EF89LP06) Analisar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do
título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e seus
efeitos de sentido.
(EF89LP07) Analisar, em notícias, reportagens e peças publicitárias em várias mídias, os efeitos de sentido
devidos ao tratamento e à composição dos elementos nas imagens em movimento, à performance, à montagem
feita (ritmo, duração e sincronização entre as linguagens – complementaridades, interferências etc.) e ao ritmo,
melodia, instrumentos e sampleamentos das músicas e efeitos sonoros.
(EF89LP08) Planejar reportagem impressa e em outras mídias (rádio ou TV/vídeo, sites), tendo em vista as
condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. – a partir da
escolha do fato a ser aprofundado ou do tema a ser focado (de relevância para a turma, escola ou comunidade),
do levantamento de dados e informações sobre o fato ou tema – que pode envolver entrevistas com envolvidos
ou com especialistas, consultas a fontes diversas, análise de documentos, cobertura de eventos etc. -, do
registro dessas informações e dados, da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc., da produção de
infográficos, quando for o caso, e da organização hipertextual (no caso a publicação em sites ou blogs noticiosos
ou mesmo de jornais impressos, por meio de boxes variados).

LI

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Estratégia de produção: textualização de textos informativos

Estratégia de produção: planejamento de textos argumentativos


e apreciativos

Textualização de textos argumentativos e apreciativos

Estratégias de produção: planejamento, textualização, revisão


e edição de textos publicitários

Oralidade Estratégias de produção: planejamento e participação em


debates regrados

Estratégias de produção: planejamento, realização e edição de


entrevistas orais

LII
LII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP09) Produzir reportagem impressa, com título, linha fina (optativa), organização composicional (expositiva,
interpretativa e/ou opinativa), progressão temática e uso de recursos linguísticos compatíveis com as escolhas
feitas e reportagens multimidiáticas, tendo em vista as condições de produção, as características do gênero, os
recursos e mídias disponíveis, sua organização hipertextual e o manejo adequado de recursos de captação e
edição de áudio e imagem e adequação à norma-padrão.
(EF89LP10) Planejar artigos de opinião, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/
espectadores, veículos e mídia de circulação etc. –, a partir da escolha do tema ou questão a ser discutido(a), da
relevância para a turma, escola ou comunidade, do levantamento de dados e informações sobre a questão, de
argumentos relacionados a diferentes posicionamentos em jogo, da definição – o que pode envolver consultas
a fontes diversas, entrevistas com especialistas, análise de textos, organização esquemática das informações e
argumentos – dos (tipos de) argumentos e estratégias que pretende utilizar para convencer os leitores.
(EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista (EF09LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em
o contexto de produção dado, a defesa de um ponto vista o contexto de produção dado, assumindo posição
de vista, utilizando argumentos e contra-argumentos diante de tema polêmico, argumentando de acordo
e articuladores de coesão que marquem relações de com a estrutura própria desse tipo de texto e utilizando
oposição, contraste, exemplificação, ênfase. diferentes tipos de argumentos – de autoridade,
comprovação, exemplificação princípio etc.
(EF89LP11) Produzir, revisar e editar peças e campanhas publicitárias, envolvendo o uso articulado e
complementar de diferentes peças publicitárias: cartaz, banner, indoor, folheto, panfleto, anúncio de jornal/revista,
para internet, spot, propaganda de rádio, TV, a partir da escolha da questão/problema/causa significativa para a
escola e/ou a comunidade escolar, da definição do público-alvo, das peças que serão produzidas, das estratégias
de persuasão e convencimento que serão utilizadas.
(EF89LP12) Planejar coletivamente a realização de um debate sobre tema previamente definido, de interesse
coletivo, com regras acordadas e planejar, em grupo, participação em debate a partir do levantamento de
informações e argumentos que possam sustentar o posicionamento a ser defendido (o que pode envolver
entrevistas com especialistas, consultas a fontes diversas, o registro das informações e dados obtidos etc.), tendo
em vista as condições de produção do debate – perfil dos ouvintes e demais participantes, objetivos do debate,
motivações para sua realização, argumentos e estratégias de convencimento mais eficazes etc. e participar de
debates regrados, na condição de membro de uma equipe de debatedor, apresentador/mediador, espectador (com
ou sem direito a perguntas), e/ou de juiz/avaliador, como forma de compreender o funcionamento do debate, e
poder participar de forma convincente, ética, respeitosa e crítica e desenvolver uma atitude de respeito e diálogo
para com as ideias divergentes.
(EF89LP13) Planejar entrevistas orais com pessoas ligadas ao fato noticiado, especialistas etc., como forma
de obter dados e informações sobre os fatos cobertos sobre o tema ou questão discutida ou temáticas em
estudo, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, partindo do levantamento de informações
sobre o entrevistado e sobre a temática e da elaboração de um roteiro de perguntas, garantindo a relevância
das informações mantidas e a continuidade temática, realizar entrevista e fazer edição em áudio ou vídeo,
incluindo uma contextualização inicial e uma fala de encerramento para publicação da entrevista isoladamente ou
como parte integrante de reportagem multimidiática, adequando-a a seu contexto de publicação e garantindo a
relevância das informações mantidas e a continuidade temática.

LIII

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Análise linguística/semiótica Argumentação: movimentos argumentativos, tipos de
argumento e força argumentativa
Estilo

Modalização

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos legais e normativos

Contexto de produção, circulação e recepção de textos e


práticas relacionadas à defesa de direitos e à participação
social

Relação entre contexto de produção e características


composicionais e estilísticas dos gêneros
Apreciação e réplica

Estratégias e procedimentos de leitura em textos


reivindicatórios ou propositivos

LIV
LIV

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP14) Analisar, em textos argumentativos e propositivos, os movimentos argumentativos de sustentação,


refutação e negociação e os tipos de argumentos, avaliando a força/tipo dos argumentos utilizados.
(EF89LP15) Utilizar, nos debates, operadores argumentativos que marcam a defesa de ideia e de diálogo
com a tese do outro: concordo, discordo, concordo parcialmente, do meu ponto de vista, na perspectiva aqui
assumida etc.
(EF89LP16) Analisar a modalização realizada em textos noticiosos e argumentativos, por meio das modalidades
apreciativas, viabilizadas por classes e estruturas gramaticais como adjetivos, locuções adjetivas, advérbios,
locuções adverbiais, orações adjetivas e adverbiais, orações relativas restritivas e explicativas etc., de maneira a
perceber a apreciação ideológica sobre os fatos noticiados ou as posições implícitas ou assumidas.

(EF89LP17) Relacionar textos e documentos legais e normativos de importância universal, nacional ou local
que envolvam direitos, em especial, de crianças, adolescentes e jovens – tais como a Declaração dos Direitos
Humanos, a Constituição Brasileira, o ECA -, e a regulamentação da organização escolar – por exemplo, regimento
escolar -, a seus contextos de produção, reconhecendo e analisando possíveis motivações, finalidades e sua
vinculação com experiências humanas e fatos históricos e sociais, como forma de ampliar a compreensão dos
direitos e deveres, de fomentar os princípios democráticos e uma atuação pautada pela ética da responsabilidade
(o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho).
(EF89LP18) Explorar e analisar instâncias e canais de participação disponíveis na escola (conselho de escola,
outros colegiados, grêmio livre), na comunidade (associações, coletivos, movimentos, etc.), no munícipio ou no
país, incluindo formas de participação digital, como canais e plataformas de participação (como portal e-cidadania),
serviços, portais e ferramentas de acompanhamentos do trabalho de políticos e de tramitação de leis, canais de
educação política, bem como de propostas e proposições que circulam nesses canais, de forma a participar do
debate de ideias e propostas na esfera social e a engajar-se com a busca de soluções para problemas ou questões
que envolvam a vida da escola e da comunidade.
(EF89LP19) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas abertas, abaixo-
assinados e petições on-line (identificação dos signatários, explicitação da reivindicação feita, acompanhada ou
não de uma breve apresentação da problemática e/ou de justificativas que visam sustentar a reivindicação) e a
proposição, discussão e aprovação de propostas políticas ou de soluções para problemas de interesse público,
apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação, identificando suas marcas linguísticas, como forma de
possibilitar a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos dessa natureza e poder se posicionar
de forma crítica e fundamentada frente às propostas
(EF89LP20) Comparar propostas políticas e de solução de problemas, identificando o que se pretende fazer/
implementar, por que (motivações, justificativas), para que (objetivos, benefícios e consequências esperados),
como (ações e passos), quando etc. e a forma de avaliar a eficácia da proposta/solução, contrastando dados e
informações de diferentes fontes, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a
poder compreender e posicionar-se criticamente sobre os dados e informações usados em fundamentação de
propostas e analisar a coerência entre os elementos, de forma a tomar decisões fundamentadas.

LV

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos reivindicatórios ou
propositivos

Oralidade Escuta
Apreender o sentido geral dos textos
Apreciação e réplica
Produção/Proposta
Análise linguística/semiótica Movimentos argumentativos e força dos argumentos

Leitura Curadoria de informação


Produção de textos Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Oralidade Conversação espontânea

Procedimentos de apoio à compreensão


Tomada de nota

Análise linguística/semiótica Textualização


Progressão temática

Textualização

Modalização

LVI
LVI

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP21) Realizar enquetes e pesquisas de opinião, de forma a levantar prioridades, problemas a resolver ou
propostas que possam contribuir para melhoria da escola ou da comunidade, caracterizar demanda/necessidade,
documentando-a de diferentes maneiras por meio de diferentes procedimentos, gêneros e mídias e, quando for
o caso, selecionar informações e dados relevantes de fontes pertinentes diversas (sites, impressos, vídeos etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, que possam servir de contextualização e fundamentação de
propostas, de forma a justificar a proposição de propostas, projetos culturais e ações de intervenção.
(EF89LP22) Compreender e comparar as diferentes posições e interesses em jogo em uma discussão ou
apresentação de propostas, avaliando a validade e força dos argumentos e as consequências do que está sendo
proposto e, quando for o caso, formular e negociar propostas de diferentes naturezas relativas a interesses
coletivos envolvendo a escola ou comunidade escolar.

(EF89LP23) Analisar, em textos argumentativos, reivindicatórios e propositivos, os movimentos argumentativos


utilizados (sustentação, refutação e negociação), avaliando a força dos argumentos utilizados.
(EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis.
(EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias
colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.
(EF89LP26) Produzir resenhas, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o manejo adequado das vozes
envolvidas (do resenhador, do autor da obra e, se for o caso, também dos autores citados na obra resenhada),
por meio do uso de paráfrases, marcas do discurso reportado e citações.
(EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF89LP28) Tomar nota de videoaulas, aulas digitais, apresentações multimídias, vídeos de divulgação científica,
documentários e afins, identificando, em função dos objetivos, informações principais para apoio ao estudo e
realizando, quando necessário, uma síntese final que destaque e reorganize os pontos ou conceitos centrais e
suas relações e que, em alguns casos, seja acompanhada de reflexões pessoais, que podem conter dúvidas,
questionamentos, considerações etc.
(EF89LP29) Utilizar e perceber mecanismos de progressão temática, tais como retomadas anafóricas (“que,
cujo, onde”, pronomes do caso reto e oblíquos, pronomes demonstrativos, nomes correferentes etc.), catáforas
(remetendo para adiante ao invés de retomar o já dito), uso de organizadores textuais, de coesivos etc., e analisar
os mecanismos de reformulação e paráfrase utilizados nos textos de divulgação do conhecimento.
(EF89LP30) Analisar a estrutura de hipertexto e hiperlinks em textos de divulgação científica que circulam na Web
e proceder à remissão a conceitos e relações por meio de links.
(EF89LP31) Analisar e utilizar modalização epistêmica, isto é, modos de indicar uma avaliação sobre o valor de
verdade e as condições de verdade de uma proposição, tais como os asseverativos – quando se concorda com
(“realmente, evidentemente, naturalmente, efetivamente, claro, certo, lógico, sem dúvida” etc.) ou discorda de (“de
jeito nenhum, de forma alguma”) uma ideia; e os quase-asseverativos, que indicam que se considera o conteúdo
como quase certo (“talvez, assim, possivelmente, provavelmente, eventualmente”).

LVII

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Relação entre textos

Estratégias de leitura
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos


de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísti-
cos e multissemióticos
Produção de textos Construção da textualidade

Relação entre textos

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/ semiótica Fono-ortografia

Léxico/morfologia

Morfossintaxe

LVIII
LVIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências,


alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas
(cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o
texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
(EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos
contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas,
crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como
haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
preferências por gêneros, temas, autores.
(EF89LP34) Analisar a organização de texto dramático apresentado em teatro, televisão, cinema, identificando
e percebendo os sentidos decorrentes dos recursos linguísticos e semióticos que sustentam sua realização como
peça teatral, novela, filme etc.
(EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura
e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os
constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de
produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
(EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos (como poemas concretos,
ciberpoemas, haicais, liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), explorando o uso de recursos
sonoros e semânticos (como figuras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações entre imagem e
texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.

(EF08LP04) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos (EF09LP04) Escrever textos corretamente, de acordo
linguísticos e gramaticais: ortografia, regências e com a norma-padrão, com estruturas sintáticas
concordâncias nominal e verbal, modos e tempos complexas no nível da oração e do período.
verbais, pontuação etc.
(EF08LP05) Analisar processos de formação de
palavras por composição (aglutinação e justaposição),
apropriando-se de regras básicas de uso do hífen em
palavras compostas.
(EF08LP06) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP05) Identificar, em textos lidos e em produções
própria, os termos constitutivos da oração (sujeito e próprias, orações com a estrutura sujeito-verbo de
seus modificadores, verbo e seus complementos e ligação-predicativo.
modificadores).
(EF08LP07) Diferenciar, em textos lidos ou de (EF09LP06) Diferenciar, em textos lidos e em
produção própria, complementos diretos e indiretos produções próprias, o efeito de sentido do uso dos
de verbos transitivos, apropriando-se da regência de verbos de ligação “ser”, “estar”, “ficar”, “parecer” e
verbos de uso frequente. “permanecer”.

LIX

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/ semiótica Morfossintaxe

Elementos notacionais da escrita/morfossintaxe

Semântica

Coesão

LX
LX

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF08LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP07) Comparar o uso de regência verbal e
própria, verbos na voz ativa e na voz passiva, regência nominal na norma-padrão com seu uso no
interpretando os efeitos de sentido de sujeito ativo e português brasileiro coloquial oral.
passivo (agente da passiva).
(EF08LP09) Interpretar efeitos de sentido de
modificadores (adjuntos adnominais – artigos definido
ou indefinido, adjetivos, expressões adjetivas) em
substantivos com função de sujeito ou de complemento
verbal, usando-os para enriquecer seus próprios textos.
(EF08LP10) Interpretar, em textos lidos ou de produção
própria, efeitos de sentido de modificadores do
verbo (adjuntos adverbiais – advérbios e expressões
adverbiais), usando-os para enriquecer seus próprios
textos.
(EF08LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, agrupamento de orações em períodos,
diferenciando coordenação de subordinação.
(EF08LP12) Identificar, em textos lidos, orações (EF09LP08) Identificar, em textos lidos e em
subordinadas com conjunções de uso frequente, produções próprias, a relação que conjunções (e
incorporando-as às suas próprias produções. locuções conjuntivas) coordenativas e subordinativas
estabelecem entre as orações que conectam.
(EF08LP13) Inferir efeitos de sentido decorrentes do
uso de recursos de coesão sequencial: conjunções e
articuladores textuais.
(EF09LP09) Identificar efeitos de sentido do uso de
orações adjetivas restritivas e explicativas em um
período composto.
(EF08LP14) Utilizar, ao produzir texto, recursos de
coesão sequencial (articuladores) e referencial (léxica
e pronominal), construções passivas e impessoais,
discurso direto e indireto e outros recursos expressivos
adequados ao gênero textual.
(EF08LP15) Estabelecer relações entre partes do texto, (EF09LP10) Comparar as regras de colocação
identificando o antecedente de um pronome relativo pronominal na norma-padrão com o seu uso no
ou o referente comum de uma cadeia de substituições português brasileiro coloquial.
lexicais.

LXI

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Coesão

Modalização

Figuras de linguagem

Variação linguística

LXII
LXII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF09LP11) Inferir efeitos de sentido decorrentes do


uso de recursos de coesão sequencial (conjunções e
articuladores textuais).
(EF08LP16) Explicar os efeitos de sentido do
uso, em textos, de estratégias de modalização e
argumentatividade (sinais de pontuação, adjetivos,
substantivos, expressões de grau, verbos e perífrases
verbais, advérbios etc.).
(EF89LP37) Analisar os efeitos de sentido do uso de
figuras de linguagem como ironia, eufemismo, antítese,
aliteração, assonância, dentre outras.
(EF09LP12) Identificar estrangeirismos, caracterizando-
-os segundo a conservação, ou não, de sua forma
gráfica de origem, avaliando a pertinência, ou não, de
seu uso.

LXIII

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Uma coleção que inovará
a sua prática pedagógica
Os capítulos foram elaborados
com base em temas
transversais que contextualizam
os conteúdos trabalhados. A disposição sistemática
dos temas facilita o estudo.

io
Ár Histórias do cotidiano
su M Capítulo
Crônica
3 Primeiro momento – No meu tempo ---------------------------92
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------94
• Análise linguística ----------------------------------------------------98
– Revisando os verbos -------------------------------------------98

Capítulo
Conto
1 Lá vem história...
Primeiro momento – Isso é coisa de menino amarelo --12
• Os modos verbais ---------------------------------------------------99
• Aspecto verbal --------------------------------------------------------101
• Prática linguística ----------------------------------------------------102
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------18 • É hora de produzir ---------------------------------------------------105
• Análise linguística ----------------------------------------------------21 Segundo momento – O “jeitinho brasileiro” é inimigo
– Os nomes: substantivo e adjetivo ---------------------------21 da prevenção ---------------------------108
• Prática linguística ----------------------------------------------------24 • Desvendando os segredos do texto ----------------------------110
• É hora de produzir ---------------------------------------------------28 • Análise linguística ----------------------------------------------------113
Segundo momento – A luz é como a água ------------------30 – Os advérbios ------------------------------------------------------113
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------34 • Prática linguística ----------------------------------------------------114
• Análise linguística ----------------------------------------------------37 • É hora de produzir ---------------------------------------------------116
– As preposições ---------------------------------------------------37 • A escrita em foco -----------------------------------------------------118
• Prática linguística ----------------------------------------------------39 – Uso das consoantes s, z e x----------------------------------118
• É hora de produzir ---------------------------------------------------42 • A escrita em questão ------------------------------------------------120
• A escrita em foco -----------------------------------------------------44
– Uso do x e do ch ------------------------------------------------44
Por dentro dos fatos
4
• A escrita em questão ------------------------------------------------45
Capítulo
Primeiro momento – Internet e mídias sociais: O Universo
reportagem numa janela ------------------------------128

Capítulo
Mito e lenda
2 De volta às origens
Primeiro momento – Eco e Narciso ----------------------------52
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------133
• Análise linguística ----------------------------------------------------136
– Formas nominais dos verbos ---------------------------------136
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------57 – A estrutura dos verbos------------------------------------------138
• Análise linguística ----------------------------------------------------60 – Conjugação verbal ----------------------------------------------139
– Os pronomes e a coesão --------------------------------------60 – As vozes dos verbos --------------------------------------------145
• Prática linguística ----------------------------------------------------62 • Prática linguística ----------------------------------------------------146
• É hora de produzir ---------------------------------------------------65 • É hora de produzir ---------------------------------------------------151
Segundo momento – O uapé -------------------------------------68 Segundo momento – Religiões africanas são alvo
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------70 de intolerância--------------------------154
• Análise linguística ----------------------------------------------------72 • Desvendando os segredos do texto ----------------------------158
– Pronomes possessivos, indefinidos e relativos ----------72 • Análise linguística ----------------------------------------------------161
• Prática linguística ----------------------------------------------------76 – O modo imperativo ----------------------------------------------161
• É hora de produzir ---------------------------------------------------80 • Prática linguística ----------------------------------------------------163
• A escrita em foco -----------------------------------------------------83 • É hora de produzir ---------------------------------------------------168
– Os ditongos ei, eu e oi -----------------------------------------83 • A escrita em foco -----------------------------------------------------170
• A escrita em questão ------------------------------------------------83 – Verbos regulares e irregulares -------------------------------170
• A escrita em questão ------------------------------------------------171

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Todos os capítulos do livro são


divididos em dois momentos, o que
As propostas de produção
favorece a abordagem em espiral.
textual são verdadeiras
oficinas de escritores.

LXIV
LXIV

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Manual do Educador

Os pontos fortes
desta coleção
Ao aliar as três bases do ensino de língua portuguesa (leitura, produção e análise
linguística) de maneira contextualizada, esta coleção possibilita um trabalho eficiente e
divertido em sala de aula. Conheça os principais pontos da nossa proposta:

Ênfase no trabalho reflexivo com a língua.

Abordagem gramatical renovada.

Trabalho inovador com o português brasileiro.

Abordagem de temas transversais.

Abordagem em espiral da leitura, da análise


linguística e da produção textual.

Propostas de produção de textos voltadas para a realidade.

Questões de concursos voltados para o segmento (Colégios


de Aplicação, Institutos Federais, Colégio Militar, etc.).

Interpretação de texto focada no processo de inferência.

Manuais do educador elaborados para auxiliar


a prática pedagógica de forma eficiente.

E mais: todo o conteúdo é enriquecido com as tirinhas de Preá e Café e seus


amigos da escola! Juntos eles têm enfrentar as excentricidades de uma professora
ranzinza que não mede esforços para manter a língua portuguesa tal como era nos
tempos de Camões.

LXV

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AL
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M
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ç DO
n h e UCA 1 Reprodução do livro do aluno
C o ED
o
ul
p ít
Ca 18

Cada página do manual traz uma


DO
Para discutir
Aprenda 1. Qual a ideia central do texto?
Sugestão de Abordagem mais!
2. O que Pincelo acha sobre comer comidas esquisitas?
O conto faz parte do 3. No início do conto, Aquarelita tem desejos de comer comidas
universo da literatura em
diferentes devido à gravidez. Ela queria comer giz de cera. Se
Para as questões da seção Para
que seres fantasiosos
ela não comesse, o que poderia acontecer? É possível isso

página do livro do aluno em tamanho


ou situações ficcionais

discutir, propomos as seguintes


interagem com o leitor. acontecer?
Assim como vários 4. Como você pode ver, nesse texto a autora explora o sentido
gêneros literários, o
respostas para discussão: conto apresenta narrador,
personagens e enredo.
da expressão coisa de menino amarelo. Você já ouviu essa
expressão? O que ela significa no conto?

1. O comportamento de um me- Tradicionalmente, o

reduzido. Ou seja, reproduzimos todo


conto se define como
nino amarelo que é conhecido uma estrutura fechada,
em que o conflito se
por fazer trelas e badernas. desenvolve em direção
a um desenlace claro.
Desvendando os segredos do texto
2. Pincelo acha que pode fazer
Essa é uma das principais
diferenças entre o conto

mal e não é comida de gente.


e gêneros narrativos mais
extensos, como o romance,
que possui conflitos
1. O texto Isso é coisa de menino amarelo faz alusão ao mun-
secundários. do das artes, particularmente à pintura. Como é possível dedu-
3. O menino poderia nascer com zir tal informação?
cara de giz de cera. O nome da mãe, Aquarelita, de aquarela, e o nome do pai, Pincelo,

4. A expressão é usada para de-


signar travessuras de crianças
desobedientes, dissimuladas,
travessas, etc.
que faz referência ao pincel.

2. “A cidade inteira ficou agitada com a notícia que estava se


espalhando.” O que podemos inferir do lugar onde a família do
menino amarelo morava?
o conteúdo destinado ao aluno lado a
Que era uma cidade pequena e por isso todos se conheciam.

3. “Dona Aquarelita deu à luz um bebê amarelo. Amarelo de


verdade.” A partir dessa afirmação feita pelo narrador, que
outro(s) sentido(s) pode ter a expressão menino amarelo?
Amarelo pode ser uma referência a alguma doença. Uma criança
lado com o conteúdo preparado para
da raça amarela, tom de pele associado aos asiáticos.

Leitura Complementar
18

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auxiliar o seu trabalho. Na prática,
Uma forma de entretenimento indis- Na revista Língua Portuguesa isso, ele expõe as opiniões de
sociável da vida dos seus alunos é (Editora Segmento) de outubro estudiosos e de escritores.
o video game. E essa mídia, com
o avanço da tecnologia, oferece
jogos cada vez mais sofisticados,
de 2010, há uma reportagem de
Edgard Murano sobre o assunto:
Os video games viram arte nar-
O modelo mais simples é o do jo-
gador que dá vida, pelo joystick,
a um ou mais personagens que
temos dois livros em uma só brochura,
o que torna ainda mais prático o seu
que tecem tramas tão complexas rativa. Lá, o autor escreve: “Re- têm desafios a serem superados,
que já há quem os tome por expe- sultado da interatividade aliada dentro de um roteiro bem defini-
riências tão realistas quanto o cine- ao enredo, os games começam do, com direito a clímax, come-
ma e tão imersivas quanto a litera- a sedimentar uma forma própria ço, meio e fim.
tura. de contar histórias”. Para provar

1818

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desempenho em sala de aula.

Manual do Educador

Conto

33
Capítulo
1
Diálogo com
o professor

Perguntas inferenciais são


aquelas cujas respostas

Área lateral dos manuais


não estão na superfície do
texto, mas são extraídas de
“pistas”, informações que
permitem ao leitor levantar
hipóteses. Elas estimulam o
loridos liberados do aquário da mãe, que eram os únicos que raciocínio e, para respondê-
flutuavam vivos e felizes no vasto lago iluminado. No banheiro,
flutuavam as escovas de dentes de todos, [...] os potes de cre-
-las, o aluno precisa aces-
me e a dentadura de reserva da mãe, e o televisor da alcova sar ainda mais seu conheci-
principal flutuava de lado, ainda ligado no último episódio do
mento de mundo, segundo

Nas áreas laterais do seu


filme [...]. No final do corredor, flutuando entre duas águas, Totó
estava sentado na popa do bote, agarrado aos remos e com a o que lhe é oferecido no tex-
máscara no rosto, buscando o farol do porto até o momento em
que houve ar nos tanques de oxigênio, e Joel flutuava na proa to. A questão 11 da seção
buscando ainda a estrela polar com o sextante, e flutuavam
pela casa inteira seus 37 companheiros de classe, eternizados
Dicionário
Desvendando os segredos
no instante de fazer xixi no vaso de gerânios, de cantar o hino A esmo – Sem direção
definida.
do texto na página seguinte
é um bom exercício para a
da escola com a letra mudada por versos de deboche contra o Alcova – Quarto.
diretor, de beber às escondidas um copo de brandy da garrafa Gerânios – São plantas de

capacidade de inferir.

manual, você encontrará todo o


pequeno porte que vivem
do pai. Pois haviam aberto tantas luzes ao mesmo tempo que
bem no clima temperado.
a casa tinha transbordado, e o quarto ano elementar inteiro da Têm flores de formatos
escola de São João Hospitalário tinha se afogado no quinto variados, sempre muito
coloridas.
andar do número 47 do Paseo de la Castellana. Em Madri de
Brandy – Produto
Espanha, uma cidade remota de verões ardentes e ventos ge- resultante da destilação do
lados, sem mar nem rio, e cujos aborígines de terra firme nunca vinho; conhaque.
foram mestres na ciência de navegar na luz.
Dezembro de 1978.
MÁRQUEZ, Gabriel García. Doze contos peregrinos.
Sugestão de
Abordagem

conteúdo preparado para apoiar


Rio de Janeiro: Record, 1992. pp. 65–66.

33
Para os pais de Totó e Joel,
o que seria maturidade?

o seu trabalho, enriquecendo a


Peça para seus alunos re-
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 33 29/03/18 07:30

fletirem sobre isso. Será que


Anotações o texto nos dá alguma pis-
ta? Depois, questione o que
eles acham que é maturida-
de e se consideram Totó e
Joel maduros ou imaturos.
Por fim, convide-os a refletir
sobre si mesmos, segundo
suas próprias opiniões. sua abordagem com variadas
informações.
33

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Manual do Educador

Anotações
Conto

29
Capítulo
1
Elovich | Shutterstock

Photographee.eu | Shutterstock
Vasilyev Alexandr | Shutterstock

Os manuais contam com áreas


Sugestão de
Abordagem
2.

4. Para enriquecer a propos-


Vasilyev Alexandr| Shutterstock

1. ta, seria interessante levar


para a sala de aula mais

específicas para você realizar suas


3.
Planejamento imagens que possam servir
Para produzir seu conto, pense nisto:
como tema para a produ-
1. Narrador-personagem – Identifique quem é o narrador,
imagine sua história de vida, quem são seus antagonistas, ção do conto.
o que acontece com ele…
2. Fatos narrados – Selecione os fatos que você desenvolve-
rá no conto, procurando colocá-los em ordem crescente de

anotações de forma organizada,


tensão até atingir o clímax. BNCC – Habilidades gerais
3. Espaço – Onde se passa o conto?

4. Personagens – Quais são os outros personagens do conto? EF69LP05 EF69LP53


EF69LP44 EF69LP54
Avaliação EF69LP47 EF69LP56
1. Peça a um colega para avaliar o seu texto. A avaliação de- EF69LP51
verá contemplar os seguintes aspectos:

registrando todas as informações


Aspectos analisados Sim Não
Há narrador-personagem? BNCC – Habilidades específicas
O enredo está estruturado?
Há descrição da cena? EF67LP28 EF67LP33
Os personagens estão caracterizados? EF67LP30 EF07LP10
EF67LP32

importantes referentes à aula


2. Após a avaliação, discuta com seu colega sobre os comen-
tários que ele fez do seu conto. Que sugestões ele tem para
melhorar seu texto?
3. Agora, no seu caderno, reescreva os trechos que julgar ne-
cessários.
29

realizada. Assim, ficará muito mais


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Anotações

fácil localizá-las depois, inclusive


nos anos seguintes.
29

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o
1
ul
p ít
Ca 10

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo 1 Lá vem
deve ser capaz de: história...

Objetivos pedagógicos
• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas fun-
ções sociais: o que é um con- 1. Os textos estão por todos os lados.
Conhecimentos prévios

to? Para quem é escrito? Por E, no nosso dia a dia, utilizamos uma
quantidade enorme deles. Você já
quê? Para quê? E como é feito? percebeu isso?
2. Os textos são muito variados. Uns
• Expressar-se de forma oral e compartilham algumas característi-

escrita sobre os temas abor-


cas; outros são completamente di-
ferentes. Reflita: como são os textos
dados nos textos. que contam histórias?

No início dos capítulos,


3. O conto é um desses textos em que
• Reconhecer mais de um tipo se conta uma história. Você conhe-
ce mais algumas características dos
textual em um mesmo texto. contos?

• Realizar leituras inferenciais.

enfatizamos quais são os objetivos


• Identificar fenômenos da lingua-
gem — ambiguidade, argumen- Caracterizando o gênero
tação, informações implícitas e
explícitas — e o valor semântico Neste capítulo, vamos estudar o conto, um gênero textual em que a nar-
rativa é sempre curta. Essa qualidade do conto acarreta outras caracte-
de algumas palavras no texto. rísticas, como poucos personagens, esquemas temporal e ambiental

pedagógicos que pretendemos


mais simples e uma ou poucas ações, o que não permite tramas
• Realizar prática e análise linguís- secundárias, diferentemente de gêneros narrativos mais lon-

tica: substantivos e adjetivos,


gos, como a novela e o romance.

pronomes, o uso do x e do ch.


• Planejar, produzir e avaliar um
conto. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 10 29/03/18 07:30

Anotações
alcançar. Esses tópicos ajudarão
bastante a elaboração do seu
1010

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planejamento bimestral.

LXVI
LXVI

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Manual do Educador

o
1
Diálogo com o professor
ul
p ít
Ca 40
Texto 1
Aprenda
mais! A raposa e as uvas

Os manuais da coleção foram


Uma raposa faminta viu uns cachos de uva pendurados à
Diálogo com Na língua portuguesa,
existem dois tipos de
palavras: as lexicais e as
grande altura, em uma videira que crescia ao longo de uma
o professor gramaticais. As palavras
treliça, e fez de tudo para alcançá-los, saltando o mais alto
lexicais são aquelas que,
como o próprio nome faz
que podia. Mas seu esforço foi em vão, pois os cachos estavam
A confusão que se faz sobre o
supor, compõem o léxico
da língua, isto é, o seu fora de seu alcance. Por isso, ela desistiu de tentar.
uso das preposições se des-
vocabulário. São, portanto,
palavras com as quais Afastou-se e, com um ar de dignidade e indiferença, falou:
dobra em muitos outros casos,
nomeamos os seres, as
ações, as qualidades, etc. — Eu pensei que aquelas uvas estavam maduras, mas vejo
Já as palavras gramaticais
como o emprego do acento dife- são aquelas que, quando agora que elas eram, na verdade, bastante azedas.

produzidos buscando um diálogo


isoladas, são desprovidas
rencial. Não é a presença ou não de significado. Na nossa
comunicação, essas
Moral da história: Quem desdenha quer comprar.
SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 3.
do acento que determina o sen- palavras se apoiam nas
lexicais para compor

tido de uma palavra, mas o seu estruturas maiores. As


preposições são, portanto,
Texto 2

emprego. Não é necessário o O gato e os pássaros


palavras gramaticais.
Observe:

auxílio da grafia para saber se a Você prefere sorvete Um gato, certa vez, ouviu que as aves de um aviário es-

palavra ponto diz respeito a um


com ou sem calda?

permanente com o professor.


tavam todas doentes. Então ele se disfarçou de médico e,
Se retirarmos desse

lugar onde esperamos o ônibus exemplo a preposição


com, que sentido ela
levando consigo alguns instrumentos próprios da profissão
médica, apresentou-se à porta
ou a um tipo de bordado ou a um
teria? Nenhum. O mesmo do local, perguntando pela
aconteceria com a palavra

conceito geométrico. E assim


sem. Fora do contexto, saúde das aves.
as palavras gramaticais
— Nós vamos ficar muito bem — elas responderam, sem
sucessivamente, provavelmente
não têm sentido. Construir
o sentido com uma
deixar o gato entrar — quando não existirem mais gatos para
com todas as palavras.
dessas palavras só seria

Assim, utilizamos estes boxes para


possível se elas fossem
inseridas, portanto, nos comer.
num contexto. É o que
As regras de acentuação são acontece neste diálogo,
Moral da história: Um mau amigo é pior que um inimigo.
em que a preposição com, SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 4.

as únicas que se baseiam mais mesmo isolada, permite a


produção de sentido, mas,
3. Estudamos que as preposições são uma classe de palavras
ou menos solidamente na fala. ainda assim, apoiado na
pergunta: invariáveis, o que quer dizer que não se alteram, independente-
Assim, é um engano imaginar, — Você prefere sorvete
mente do gênero, grau ou número das palavras que ligam. Às

por exemplo, que, ao se mudar


com ou sem calda? vezes, no entanto, as preposições se unem a outras palavras

esclarecer nosso posicionamento


— Com. para estabelecer uma adequada relação de concordância entre
o acento da palavra sabiá para os termos. É essa união que chamamos de locução prepositi-

o a da primeira sílaba, tem-se o 40

adjetivo sábia. E, se não houver


nenhum acento, tem-se um ver- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 40 29/03/18 07:30

bo, sabia. Ora não é a mudança


de posição ou a eliminação do
acento gráfico que transforma
uma palavra em outra, mas é
o fato de a palavra ser uma ou
BNCC – Habilidades gerais

EF69LP44
EF69LP53
EF69LP56
Anotações
sobre controvérsias teóricas e deixar
claros os motivos que nos levaram a
ser outra que exige a colocação
do acento em uma ou em outra BNCC – Habilidades específicas
sílaba ou que não haja nenhum
EF67LP28 EF07LP06
acento gráfico. EF67LP36 EF07LP12

4040

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adotar certas posturas.

Manual do Educador

Sugestão de abordagem
Conto

31
Capítulo
1
— Parabéns — disse o pai. — E agora?
— Agora, nada — disseram os meninos. — A única coisa
que a gente queria era ter o barco no quarto, e pronto. Sugestão de
Na noite de quarta-feira, como em todas as quartas-feiras, os
pais foram ao cinema. Os meninos, donos e senhores da casa, Abordagem
fecharam portas e janelas e quebraram a lâmpada acesa de um

No segundo momento deste ca-

Ao longo do seu manual, você encontrará


lustre da sala. Um jorro de luz dourada e fresca feito água co-
meçou a sair da lâmpada quebrada, e deixaram correr até que
o nível chegou a quatro palmos. Então desligaram a corrente, Dicionário pítulo, o texto principal, de García
Márquez, traz a riqueza da litera-
tiraram o barco e navegaram com prazer entre as ilhas da casa.
E assim continuaram navegando nas noites de quarta-feira, Louros – Folhas do
aprendendo a mexer com o sextante e a bússola, até que os loureiro arrumadas em
tura fantástica para a sala de aula.

inúmeras sugestões de como abordar


formato de grinalda,
pais voltavam do cinema e os encontravam dormindo como an-
jos em terra firme. Meses depois, ansiosos por ir mais longe,
usadas pelos gregos e
pelos romanos para coroar Partindo do pressuposto de que a
pediram um equipamento de pesca submarina. Com tudo: más-
sua literatura é feita com elemen-
os vencedores de torneios.
Renitente – Teimoso.
caras, pés de pato, tanques e carabinas de ar comprimido.
tos do dia a dia, como ele pró-
Gardênia – Flor grande e
— Já é ruim ter no quarto de empregada um barco a remo aromática nativa de regiões
que não serve para nada — disse o pai. — Mas pior ainda é
prio afirma em Cheiro de goiaba
tropicais e subtropicais,

querer ter, além disso, equipamento de mergulho.


muitas vezes cultivada

(Record), podemos buscar boas


como ornamental.
— E se ganharmos a gardênia de ouro do primeiro semes- Devido à delicadeza e à
tre? — perguntou Joel. exclusividade da gardênia,

— Não — disse a mãe, assustada. — Chega.


no texto subentende-
-se que a gardênia de ouro
ideias no Festival Internacional
O pai reprovou sua intransigência. seria a premiação máxima
de Teatro de Objetos (Fito), que

melhor os conteúdos em sala de aula.


— É que estes meninos não ganham nem um prego por conferida pela escola

cumprir seu dever — disse ela —, mas por um capricho são


aos alunos com melhor
desempenho. reúne artistas do mundo inteiro.
O objetivo é revelar, como García
capazes de ganhar até a cadeira do professor.

Márquez, “a poesia dos utensí-


lios domésticos”. Assim, criamos

De visitas técnicas a filmes relacionados


boas possibilidades de trabalho:
1. Produção de texto: seus alu
nos podem escrever sobre brin-
cadeiras com objetos. Uma cama
que se torna um navio, um balde
que vira tambor, etc. Cada um

31
pode relatar como lidava, na in-
fância, com o mundo a sua volta.
2. Festival de cinema ou de
teatro: dividindo a turma em
ao tema trabalhado, procuramos trazer
sugestões úteis para a sua prática
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 31 29/03/18 07:30

grupos, solicite que cada gru-


po crie uma narrativa com ob-
Anotações jetos, utilizando os conceitos de
enredo, personagem, narrador,
cena, clímax, etc. A ideia é que

pedagógica. Com isso, ficará muito mais


eles produzam curtas-metra-
gens ou encenações teatrais e
se apresentem em um festival.

31

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fácil planejar as suas aulas.

o
1 Leitura complementar
ul
p ít

Nesta seção, trazemos pequenos


Ca 18
Para discutir
Aprenda 1. Qual a ideia central do texto?
Sugestão de Abordagem mais!
2. O que Pincelo acha sobre comer comidas esquisitas?
O conto faz parte do 3. No início do conto, Aquarelita tem desejos de comer comidas
universo da literatura em
diferentes devido à gravidez. Ela queria comer giz de cera. Se
Para as questões da seção Para

textos teóricos associados ao


que seres fantasiosos
ou situações ficcionais ela não comesse, o que poderia acontecer? É possível isso

discutir, propomos as seguintes


interagem com o leitor. acontecer?
Assim como vários 4. Como você pode ver, nesse texto a autora explora o sentido
gêneros literários, o
respostas para discussão: conto apresenta narrador,
personagens e enredo.
da expressão coisa de menino amarelo. Você já ouviu essa
expressão? O que ela significa no conto?

1. O comportamento de um me- Tradicionalmente, o


conto se define como
nino amarelo que é conhecido uma estrutura fechada,
em que o conflito se
por fazer trelas e badernas.

conteúdo trabalhado no capítulo. A


desenvolve em direção
a um desenlace claro.
Desvendando os segredos do texto
2. Pincelo acha que pode fazer
Essa é uma das principais
diferenças entre o conto

mal e não é comida de gente.


e gêneros narrativos mais
extensos, como o romance,
que possui conflitos
1. O texto Isso é coisa de menino amarelo faz alusão ao mun-
do das artes, particularmente à pintura. Como é possível dedu-

nossa intenção foi enriquecer ainda


secundários.
3. O menino poderia nascer com zir tal informação?
cara de giz de cera. O nome da mãe, Aquarelita, de aquarela, e o nome do pai, Pincelo,
que faz referência ao pincel.
4. A expressão é usada para de-
signar travessuras de crianças
desobedientes, dissimuladas,
2. “A cidade inteira ficou agitada com a notícia que estava se
espalhando.” O que podemos inferir do lugar onde a família do

mais a sua prática com sugestões


travessas, etc. menino amarelo morava?
Que era uma cidade pequena e por isso todos se conheciam.

3. “Dona Aquarelita deu à luz um bebê amarelo. Amarelo de


verdade.” A partir dessa afirmação feita pelo narrador, que
outro(s) sentido(s) pode ter a expressão menino amarelo?
Amarelo pode ser uma referência a alguma doença. Uma criança
da raça amarela, tom de pele associado aos asiáticos.

Leitura Complementar
18

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de textos teóricos coadunados com
Uma forma de entretenimento indis- Na revista Língua Portuguesa isso, ele expõe as opiniões de
sociável da vida dos seus alunos é (Editora Segmento) de outubro estudiosos e de escritores.
o video game. E essa mídia, com
o avanço da tecnologia, oferece
jogos cada vez mais sofisticados,
de 2010, há uma reportagem de
Edgard Murano sobre o assunto:
Os video games viram arte nar-
O modelo mais simples é o do jo-
gador que dá vida, pelo joystick,
a um ou mais personagens que
a nossa abordagem. Com isso,
que tecem tramas tão complexas rativa. Lá, o autor escreve: “Re- têm desafios a serem superados,
que já há quem os tome por expe- sultado da interatividade aliada
riências tão realistas quanto o cine-
ma e tão imersivas quanto a litera-
tura.
ao enredo, os games começam
a sedimentar uma forma própria
de contar histórias”. Para provar
dentro de um roteiro bem defini-
do, com direito a clímax, come-
ço, meio e fim. criamos um elo interessante entre a
1818

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teoria e a prática.

LXVII

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o n o
ça lu
h e oa
n d 2
o
C ro Capítulo
De volta

li v
às origens
1. Quando falamos em um lugar fechado e

Conhecimentos prévios
amplo, ouvimos nossa voz repercutir no
ambiente. É o que chamamos de eco.
Você sabe por que isso ocorre?
2. Imagine-se na Grécia Antiga, por volta

ck
to
rs
do século VI a.C. Como você acha que

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os gregos naquele tempo entendiam o

oz
ar
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que é o eco?

lia
ta
na
3. Ao longo da História, os seres humanos
sempre procuraram entender a nature-
za. Qual seria a fonte de conhecimento
dos primeiros seres humanos sobre os
fenômenos da natureza?

Caracterizando o gênero
O que estudaremos neste capítulo:
• Características e funções dos mitos
Os mitos são histórias que narram, de modo fantasioso, a origem dos misté-
rios, da vida, dos fenômenos da natureza, do homem. Essas histórias foram • Os pronomes e o mecanismo da coesão
• Pronomes possessivos, indefinidos e

Abertura de
criadas pelos povos para satisfazer sua necessidade de encontrar explica-
ções para esses elementos. Como o conhecimento científico é produ- relativos
zido lentamente através dos tempos, nem sempre esses povos dis- • Os ditongos ei, eu e oi
punham de dados concretos para explicá-los. A solução? Bem, a

Capítulo
solução foi recorrer à fantasia, ao misticismo, à imaginação…

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Conhecimentos prévios Caracterizando o gênero


Nesta seção, iniciamos o trabalho com o capítulo. Depois de checar o que você já
Aqui você encontrará perguntas cujo objetivo é sabe sobre o gênero, é hora de
despertar a sua curiosidade e o seu interesse pelo sistematizar esse conhecimento,
gênero textual que será tema do estudo. A intenção observando a sua função
é investigar os conhecimentos que você já tem social e suas características
sobre o gênero. composicionais.

O MOMeNTO Mito
e ir Eco e Narciso
iM
Pr
Antes de começar a ler
— Não aguento mais essa tagarela da Eco — segredou um
dia a deusa dos bosques a uma das suas ninfas.
De fato, não era só Diana que não suportava mais o falatório
da ninfa; nenhuma das suas amigas podia mais vê-la pela fren-
te sem fugir de sua língua incansável. Apesar de ser tão bela
quanto a mais bela das ninfas, Eco tinha a mania incontrolável
de falar pelos cotovelos.

O objetivo aqui é
Antes de — Por que não se cala de vez em quando? — diziam-lhe as
começar a ler amigas.
O texto que você vai — Homem algum suportará uma mulher que fale sem parar,
ler agora foi retirado do mesmo sendo tão bela como você.

apresentar informações
livro As 100 melhores Mas Eco não se corrigia e prosseguia falando até a exaus-
histórias da mitologia,
uma excelente coletânea tão. Um dia, porém, meteu-se com Juno, a esposa de Júpiter, e
de mitos greco-romanos isso foi a sua ruína.
organizada por Carmen O deus dos deuses tinha dado mais uma de suas escapadas,
Seganfredo e A. S.
Franchini. Neste texto, é e Juno andava por perto, farejando o seu rastro. A própria Eco

importantes para a
narrada a história da ninfa já gozara dos favores de Júpiter e prometera ocultar, a pedido
Eco e de Narciso, um do grande deus, os amores que ele agora mantinha com outra
jovem e vaidoso caçador.
ninfa. A deusa dos bosques não queria saber de fofocas e, por
isso, fazia vistas grossas ao namoro. Afinal, meter-se com o
deus supremo podia trazer-lhe problemas funestos.
Certo dia, porém, Juno, tomada pela cólera, chegou quase
a tempo de flagrar o esposo nos braços da tal ninfa. Eco, após compreensão do texto
que será lido. Mais uma
alertar o casal, dissera a Júpiter:

vez, entram em cena os


conhecimentos prévios,
O primeiro e o
MoMEnTo
Do
Conto
n A luz é como a água
gu
necessários para a sE

segundo momentos
No Natal, os meninos tornaram a pedir um barco a remo.
52 — De acordo — disse o pai —, vamos comprá-lo quando

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 52 29/03/18 06:42


produção de sentido. Antes de
começar a ler
O conto que você vai ler
voltarmos a Cartagena.
Totó, de 9 anos, e Joel, de 7, estavam mais decididos do que
seus pais achavam.
— Não — disseram em coro. — Precisamos dele agora e aqui.
é um dos mais belos da
— Para começar — disse a mãe —, aqui não há outras águas

Cada capítulo traz dois


literatura mundial. Foi
escrito pelo prêmio Nobel navegáveis além da que sai do chuveiro.
de Literatura de 1982, o Tanto ela como o marido tinham razão. Na casa de Carta-
colombiano Gabriel García
Márquez (1927-2014), e gena de Índias, havia um pátio com um atracadouro sobre a

textos principais que


faz parte do seu livro Doze baía e um refúgio para dois iates grandes. Em Madri, porém,
contos peregrinos. Nesse
viviam apertados no quinto andar do número 47 do Paseo de
texto, García Márquez usa
do realismo mágico, ponto la Castellana. Mas, no final, nem ele nem ela puderam dizer
muito marcante em sua obra. não, porque haviam prometido aos dois um barco a remo com

exemplificam o gênero
sextante e uma bússola se ganhassem os louros do terceiro
Em 1967, o escritor publicou
seu livro mais importante,
Cem anos de solidão. Nessa ano primário, e tinham ganhado. Assim sendo, o pai comprou
obra, ele narra a trajetória
tudo sem dizer nada à esposa, que era a mais renitente em
dos Buendía na cidade
imaginária de Macondo, pagar dívidas de jogo. Era um belo barco de alumínio com um
desde a sua fundação até a fio dourado na linha de flutuação.
— O barco está na garagem — revelou o pai na hora do
sétima geração. Essa obra
ganhou destaque mundial
desde as primeiras semanas
de sua publicação, sendo
considerada um marco da
literatura latino-americana.
almoço. — O problema é que não tem jeito de trazê-lo pelo ele-
vador ou pela escada, e na garagem não tem mais lugar.
No entanto, na tarde do sábado seguinte, os meninos con-
trabalhado. Procuramos
No início deste capítulo, vimos vidaram seus colegas para carregar o barco pelas escadas e
que, muitas vezes, um escritor
se inspira para escrever um
conto a partir de um mote. Foi
o que aconteceu com Gabriel
conseguiram levá-lo até o quarto de empregada.
sempre selecionar
textos interessantes que
García Márquez. Veja como
ele explica a origem desse
conto:
“Esta aventura fabulosa foi o
resultado de uma leviandade
minha quando participava de
um seminário sobre a poesia
dos utensílios domésticos.
Totó me perguntou como
era que a luz acendia só
com a gente apertando um
botão, e não tive coragem
pudessem contribuir para
para pensar no assunto duas

Para discutir
vezes. — A luz é como a
água — respondi. — A gente
abre a torneira, e sai.” a formação/consolidação
30
Aprenda
mais!
O conto faz parte do
1. Qual a ideia central do texto?
2. O que Pincelo acha sobre comer comidas esquisitas?
3. No início do conto, Aquarelita tem desejos de comer comidas
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 30 29/03/18 07:30
do hábito da leitura.
universo da literatura em
diferentes devido à gravidez. Ela queria comer giz de cera. Se
que seres fantasiosos
ou situações ficcionais ela não comesse, o que poderia acontecer? É possível isso
interagem com o leitor. acontecer?
Assim como vários 4. Como você pode ver, nesse texto a autora explora o sentido
gêneros literários, o
conto apresenta narrador,
da expressão coisa de menino amarelo. Você já ouviu essa
personagens e enredo. expressão? O que ela significa no conto?

Tradicionalmente, o
conto se define como
uma estrutura fechada,
em que o conflito se
desenvolve em direção
a um desenlace claro.
Essa é uma das principais Desvendando os segredos do texto
diferenças entre o conto
e gêneros narrativos mais

Para discutir
extensos, como o romance,
que possui conflitos
1. O texto Isso é coisa de menino amarelo faz alusão ao mun-
secundários. do das artes, particularmente à pintura. Como é possível dedu-
zir tal informação?
O nome da mãe, Aquarelita, de aquarela, e o nome do pai, Pincelo,
que faz referência ao pincel.

2. “A cidade inteira ficou agitada com a notícia que estava se


espalhando.” O que podemos inferir do lugar onde a família do
Este é o momento de expressar oralmente as
suas opiniões sobre o texto lido. As questões
menino amarelo morava?
Que era uma cidade pequena e por isso todos se conheciam.

que trouxemos enfatizam aspectos discursivos


3. “Dona Aquarelita deu à luz um bebê amarelo. Amarelo de
verdade.” A partir dessa afirmação feita pelo narrador, que
outro(s) sentido(s) pode ter a expressão menino amarelo?

importantes e ressaltam que a língua não é um


Amarelo pode ser uma referência a alguma doença. Uma criança
da raça amarela, tom de pele associado aos asiáticos.

18

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 18 29/03/18 07:30


meio de comunicação neutro.

LXVIII
LXVIII

LPemC_ME_7A_2018_BNCC_Paginas_Iniciais.indd 68 24/05/18 18:04


Manual do Educador

Desvendando os
Capítulo
2
Para discutir

segredos do texto
1. Com que finalidade os gregos criaram o mito de Eco e Narciso?
2. Numa de suas mais conhecidas canções, Caetano Veloso faz
a seguinte afirmação: “Narciso acha feio o que não é espe-
lho”. O que ele quis dizer?
3. Como vimos, as ninfas eram criaturas cuja única ocupação
era cuidar de sua própria beleza. Na tela de J. W. Waterhouse,

Nas questões de
a ninfa Eco está retratada segundo os padrões de beleza do
século XIX. Esse padrão mudou muito em relação ao que
temos hoje?
4. Com base nessa leitura e no que vimos no capítulo anterior,
aponte duas diferenças básicas que podemos estabelecer
entre o mito e o conto.

compreensão textual, você Análise linguística


Capítulo
1

Desvendando os segredos do texto


terá de assumir muitas Os nomes: substantivo e adjetivo
1. No primeiro parágrafo do texto, como Diana é identificada? Leia a tirinha a seguir:

vezes o papel de detetive Análise linguística


A deusa dos bosques. XAXADO/Antonio Cedraz

© 2015 King Features Syndicate/Ipress.


das informações ditas e
2. No mito, a ninfa Eco apresenta uma característica que a tor-
na insuportável. Responda qual era essa característica e trans-
creva do texto três expressões utilizadas pelos autores para se

Nesta seção você verá que


referir a esse traço negativo da ninfa.

não ditas pelo autor. Aqui


Falar demais. As expressões utilizadas: tagarela; língua incan-
sável; falar pelos cotovelos; prosseguia falando até a exaustão. 1. O humor da tirinha é possibilitado pela surpresa representada
no último quadrinho. Por quê?
2. Na tirinha, podemos identificar três personagens: Marieta,

você perceberá que os estudar gramática não é


3. Analise o terceiro parágrafo do mito e responda às ques- Xaxado e Zé Pequeno. Para Marieta e Xaxado, o que é o
tões. melhor amigo do homem?
3. Quais são os argumentos utilizados por Xaxado e Marieta
“— Por que não se cala de vez em quando? — di- para convencer Zé de que o livro lhe faria bem?
ziam-lhe as amigas. — Homem algum suportará
uma mulher que fale sem parar, mesmo sendo tão
bela como você.” textos escondem muitos
4. Como se classificam as palavras Zé, amigo, homem, vida?
As palavras Zé, amigo, homem, vida são utilizadas para
nomear, por isso fazem parte do grupo dos nomes. Os nomes
decorar regras complicadas.
compreendem palavras com forte valor referencial (com eles,

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 57
57

29/03/18 06:42
segredos…
podemos fazer referência aos seres, falar sobre eles) e outras
com grande potencial qualificativo. Daí o fato de os nomes es-
tarem divididos tradicionalmente em dois grandes grupos: os
substantivos e os adjetivos.
Na verdade, como não
A força referencial, no entanto, não é exclusiva dos substan-
tivos. É o que acontece com o pronome ele no primeiro quadri-
nho da tirinha. Observe:
existe texto sem gramática,
Ele não morde.

O livro ela é uma ferramenta


Na fala de Xaxado, o pronome ele está sendo utilizado no
lugar de um substantivo (livro), por isso é considerado uma pa-
lavra com valor substantivo. indispensável para a
21

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 21 29/03/18 07:30


produção de sentidos.

Prática linguística

A origem do mundo

Prática linguística
Na origem, nada tinha forma no universo. Tudo se confundia,
e não era possível distinguir a terra do céu nem do mar. Esse
abismo nebuloso se chamava caos. Quanto tempo durou? Até
hoje não se sabe.
Uma força misteriosa, talvez um deus, resolveu pôr ordem
nisso. Começou reunindo o material para moldar o disco ter-
restre, depois o pendurou no vazio. Em cima, cavou a abóbada
celeste, que encheu de ar e de luz. Planícies verdejantes se es-
tenderam então na superfície da Terra, e montanhas rochosas
se ergueram acima dos vales. A água dos mares veio rodear as
terras. Obedecendo à ordem divina, as águas penetraram nas
bacias para formar lagos, torrentes desceram das encostas, e
É hora de praticar os
rios serpearam entre os barrancos.
Assim, foram criadas as partes essenciais do nosso mundo.
Elas só esperavam seus habitantes. Os astros e os deuses logo
iriam ocupar o céu, depois, no fundo do mar, os peixes de esca-
conhecimentos estudados
na seção Análise linguística.
mas luzidias estabeleceriam domicílio, o ar seria reservado aos
pássaros e a terra a todos os outros animais, ainda selvagens.
Era necessário um casal de divindades para gerar novos
deuses. Foram Urano, o céu, e Gaia, a Terra, que puseram no
mundo uma porção de seres estranhos.
Pouzadoux, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001. p. 12.
Lembre-se: nada de decorar
regras! O mais importante é
entender como funciona a
estrutura da nossa língua e
76
É hora de produzir
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 76 29/03/18 06:42
usá-la em nosso favor.
Antes de começar a escrever
Mitos pertencem a uma tradição oral, ou seja, são passados

Proposta
de geração para geração sem registro escrito, oralmente. Por
isso, é muito comum encontrarmos vários mitos que propõem
Dicionário
explicações para os mesmos fenômenos.
Várias foram as civilizações encontradas pelos europeus
Conhecida comumente
pelo nome de onze-horas
quando chegaram ao continente americano. Com uma tradição
(Portulaca grandiflora), bastante rica, essas civilizações dispunham de uma infinidade
essa bela planta é de mitos.

Todo o trabalho
tipicamente brasileira. Seu
nome é uma referência
a uma particularidade
sua muito especial: suas
Proposta
flores se abrem, como se
A seguir, você encontrará um parágrafo introdutório (A e B)
acordassem, sempre às
Capítulo
2
onze horas e se fecham no
decorrer do dia.
de dois mitos indígenas e algumas informações sobre seus
personagens. Seu trabalho será dar continuidade a um desses
parágrafos introdutórios utilizando as informações disponíveis realizado com a leitura
A escrita em foco
para produzir a sua versão do mito. Sim, sua história deverá

A escrita em foco
propor uma explicação para o surgimento da onze-horas.
Depois do trabalho, o professor reunirá todas as histórias
produzidas pela turma em um livro, que será doado à biblioteca e a análise linguística Os ditongos ei, eu e oi

conduz às propostas de
da escola.

Devemos acentuar a vogal dos ditongos abertos éi, éu e ói


Cobra Norato (ou Honorato)
quando tônicos em palavras oxítonas e monossílabas.
Parágrafo A

Conta-se que, em uma tribo da Amazônia,


uma índia deu à luz dois bebês gêmeos que, produção textual, pois
papéis céu herói Niterói ilhéu carretéis

É importante observar que, com o novo Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 2009, esses di-
Para encerrar os
na verdade, eram cobras: um menino, Hono- Aprenda
tongos deixaram de receber acento gráfico quando tônicos em
rato, ou Norato, e uma menina, Maria Cani-
nana…
os textos são o ponto de
palavras paroxítonas. Veja:

Como era Como é


mais!
Mito e lenda são
gêneros textuais bastante
semelhantes. Entre
capítulos, trouxemos
tópicos interessantes e
• Norato era bom, mas sua irmã era perversa. idéia ideia outras características
comuns, ambos são
• Para que Norato se transformasse definitivamente em hu-
mano, era necessário fazer a serpente beber leite e feri-la na
cabeça até sair sangue. partida e de chegada de bóia boia predominantemente
narrativos, têm origem na
tradição oral e remontam a
tempos imemoriais.
80

todo o nosso estudo.


As principais diferenças
entre esses gêneros dizem
respeito à sua identificação
importantes relacionados
à escrita, como o
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 80 29/03/18 06:42
A escrita em questão cultural e aos temas
abordados. Enquanto
os mitos pertencem
a uma civilização, um
1. Leia a lenda a seguir e responda às questões: povo (mitologia grega,
nórdica, romana, iorubá,

A Cuca
guarani, muduruku, etc.),

emprego de letras
as lendas se relacionam
a determinadas regiões
A Cuca é, sem dúvida, um dos principais seres do folclore (algumas são contadas
brasileiro, principalmente pelo fato de o personagem ter sido apenas na Região

específicas e a ortografia
Nordeste, outras apenas na
descrito por Monteiro Lobato em seus livros infantis e de ter
Região Sul) e fazem parte
sido adaptado para a televisão no programa Sítio do Pica-Pau do seu folclore. Os mitos
Amarelo. A Cuca se originou de outra lenda: a Coca, uma tradi- abordam temas ligados aos
deuses, à origem de tudo,
ção trazida para o Brasil na época da colonização.
à finalidade da vida, etc. Já

de certas palavras que


Segundo a lenda, a Cuca é uma velha feia que tem forma de as lendas falam de fatos
jacaré e que rouba as crianças desobedientes, sendo usada, históricos, personagens
reais, heróis populares,
muitas vezes, como uma forma de fazer medo a crianças que
santos, etc.
não querem dormir.

83

rA
M
En
To Capítulo
1
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 83 29/03/18 06:42
costumam nos confundir.
CE r
En
1. Neste capítulo, conhecemos um pouco das características do conto, um gêne-
ro textual marcado pela narração. Podemos perceber muitas dessas característi-

Encerramento
cas nas histórias em quadrinhos, ou simplesmente HQs. Nelas, cada quadrinho
cria um efeito temporal, mostrando ao leitor a passagem do tempo e a sequência
de ações praticadas pelos personagens. Por esse motivo, dizemos que as HQs
são narrativas sequenciais. Observe esses aspectos no exemplo a seguir, de
Orlandeli.

Na reta final do capítulo,


Capítulo
1
Mídias em contexto

revisamos os principais 1. O tema central da história em quadrinhos Peixe Grande é a relação de dominação que
o Peixe Grande exerce sobre os peixinhos. Essa relação está baseada na admiração que

Mídias em contexto
os peixinhos têm pelo grandalhão, justamente por serem menores. Sabendo disso, o Pei-
xe Grande se exibe com exuberância e imponência. No entanto, no final da HQ, quando

conteúdos trabalhados vemos que a história não se passa no oceano, mas em um pequeno aquário, percebemos
que essa dominação não faz sentido. Pensando nisso, discuta com os seus colegas e o seu
professor:
a) Vocês conhecem algum filme cuja temática se assemelha a essa? Qual?

realizando atividades b) Em que situações do cotidiano podemos perceber uma relação de dominação como
essa? Nesse contexto, quem é o Peixe Grande e quem são os peixinhos?

Finalizamos o capítulo
bastante reflexivas e
2. Um filme muito interessante em que podemos perceber uma relação temática com a
HQ de Orlandeli é o famoso Vida de Inseto, lançado em 1998 pela Pixar. Apesar de ser um

levando a reflexão para


Divulgação.

filme claramente voltado para o público infantil, Vida de Inseto apresenta em seu enredo
abordagens próprias dos adultos, com uma narrativa intensa que o transforma em um filme
mais sobre a natureza humana que sobre a vida dos insetos. A base do enredo é a relação

Aprenda mais! contextualizadas. A de dominação que os gafanhotos exercem sobre as formigas, que são escravizadas por
eles para juntar comida.
a) No enredo do filme, o gafanhoto Hopper, o vilão, é um
o universo virtual. A
intenção aqui é refletir e
Walmir Americo Orlandeli é cartunista, quadrinista e ilustrador, formado no curso de Publicidade e Propaganda.
Atua na área de cartum e ilustração desde 1994. Nas HQs “Sic”, Orlandeli apresenta algo bem diferente do padrão personagem bastante parecido com o Peixe Grande.
literário, tendo como principal base o formato de tira dupla e uma narrativa com formato mais curto. Seus textos
possuem influência na linguagem literária, tendo como resultado final algo bem próximo de pequenos “contos
Indique o que há em comum entre esses personagens.
gráficos”. b) Hopper odeia novas ideias. Em uma cena do filme,

47
ele assassina três gafanhotos de sua gangue sem de-
monstrar qualquer sinal de remorso somente porque
intenção é levar você
opinar. tiveram a ideia de que talvez não fosse mais necessá-
rio voltar ao formigueiro para aterrorizar as formigas.
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 47 29/03/18 07:30 Em outra cena, quando faz um discurso incisivo para
as formigas, ele diz exatamente o que pensa sobre ter
ideias:
compreender melhor
Divulgação.

— Que isso sirva de lição para todas vocês, formigas.

esse ambiente e
Ideias são coisas muito perigosas. Vocês são furado-
ras de terra desmioladas colocadas neste mundo para
nos servir.
Nesse contexto, explique por que Hopper considera as
ideias “coisas muito perigosas”.
c) No filme, que personagem representa as ideias novas,
uma ameaça ao domínio de Hopper? perceber como ele útil
49

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 49 29/03/18 07:30


para o seu estudo.

LXIX

LPemC_ME_7A_2018_BNCC_Paginas_Iniciais.indd 69 24/05/18 18:04


RIO
Á
M
SU

Capítulo
Conto
1 Lá vem história...
Primeiro momento – Isso é coisa de menino amarelo---12
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------18
• Análise linguística-----------------------------------------------------21
– Os nomes: substantivo e adjetivo----------------------------21
• Prática linguística-----------------------------------------------------24
• É hora de produzir----------------------------------------------------28
Segundo momento – A luz é como a água-------------------30
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------34
• Análise linguística-----------------------------------------------------37
– As preposições----------------------------------------------------37
• Prática linguística-----------------------------------------------------39
• É hora de produzir----------------------------------------------------42
• A escrita em foco------------------------------------------------------44
– Uso do x e do ch-------------------------------------------------44
• A escrita em questão-------------------------------------------------45

Capítulo
Mito e lenda
2 De volta às origens
Primeiro momento – Eco e Narciso-----------------------------52
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------57
• Análise linguística-----------------------------------------------------60
– Os pronomes e a coesão---------------------------------------60
• Prática linguística-----------------------------------------------------62
• É hora de produzir----------------------------------------------------65
Segundo momento – O uapé--------------------------------------68
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------70
• Análise linguística-----------------------------------------------------72
– Pronomes possessivos, indefinidos e relativos-----------72
• Prática linguística-----------------------------------------------------76
• É hora de produzir----------------------------------------------------80
• A escrita em foco------------------------------------------------------83
– Os ditongos ei, eu e oi------------------------------------------83
• A escrita em questão-------------------------------------------------83

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3
Histórias do cotidiano
Capítulo
Primeiro momento – No meu tempo----------------------------92
Crônica • Desvendando os segredos do texto-----------------------------94
• Análise linguística-----------------------------------------------------98
– Revisando os verbos--------------------------------------------98
• Os modos verbais----------------------------------------------------99
• Aspecto verbal---------------------------------------------------------101
• Prática linguística-----------------------------------------------------102
• É hora de produzir----------------------------------------------------105
Segundo momento – O “jeitinho brasileiro” é inimigo
da prevenção----------------------------108
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------110
• Análise linguística-----------------------------------------------------113
– Os advérbios-------------------------------------------------------113
• Prática linguística-----------------------------------------------------114
• É hora de produzir----------------------------------------------------116
• A escrita em foco------------------------------------------------------118
– Uso das consoantes s, z e x-----------------------------------118
• A escrita em questão-------------------------------------------------120

4
Por dentro dos fatos
Capítulo
Primeiro momento – Internet e mídias sociais: O Universo
Reportagem numa janela-------------------------------128
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------133
• Análise linguística-----------------------------------------------------136
– Formas nominais dos verbos----------------------------------136
– A estrutura dos verbos-------------------------------------------138
– Conjugação verbal-----------------------------------------------139
– As vozes dos verbos---------------------------------------------145
• Prática linguística-----------------------------------------------------146
• É hora de produzir----------------------------------------------------151
Segundo momento – Religiões africanas são alvo
de intolerância---------------------------154
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------158
• Análise linguística-----------------------------------------------------161
– O modo imperativo-----------------------------------------------161
• Prática linguística-----------------------------------------------------163
• É hora de produzir----------------------------------------------------168
• A escrita em foco------------------------------------------------------170
– Verbos regulares e irregulares--------------------------------170
• A escrita em questão-------------------------------------------------171

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RIO
Á
M
SU

5
Fontes de informação
Capítulo
Primeiro momento – Um barato de inseto--------------------182
Artigo de • Desvendando os segredos do texto-----------------------------185
divulgação • Análise linguística-----------------------------------------------------188
científica – Sujeito e predicado-----------------------------------------------188
Texto expositivo • Prática linguística-----------------------------------------------------190
em livro didático • É hora de produzir----------------------------------------------------195
Segundo momento – Vários “Brasis” dentro do Brasil--198
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------200
• Análise linguística-----------------------------------------------------202
– Sujeito simples, composto e desinencial-------------------202
• Prática linguística-----------------------------------------------------204
• É hora de produzir----------------------------------------------------209
• A escrita em foco------------------------------------------------------211
– Uso dos porquês-------------------------------------------------211
• A escrita em questão-------------------------------------------------212

Palavras carregadas de significado


Capítulo
Letra de
6 Primeiro momento – Ser diferente é normal-----------------220
Desvendando os segredos do texto-------------------------------222
Análise linguística------------------------------------------------------225
música
– Sujeito indeterminado-------------------------------------------225
Poema – Oração sem sujeito-----------------------------------------------226
Prática linguística-------------------------------------------------------228
É hora de produzir------------------------------------------------------234
Segundo momento – Texto 1: Sinal fechado----------------236
Texto 2: Não tenho pressa----------237
Desvendando os segredos do texto-------------------------------238
Análise linguística------------------------------------------------------240
– Concordância verbal---------------------------------------------240
Prática linguística-------------------------------------------------------242
É hora de produzir------------------------------------------------------246
A escrita em foco-------------------------------------------------------248
– Uso de ç, s e ss - ------------------------------------------------248
A escrita em questão--------------------------------------------------250

LPemC_ME_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 8 25/05/18 15:17


7
O que penso sobre…
Capítulo
Primeiro momento – A internacionalização do mundo---258
Artigo de Desvendando os segredos do texto-------------------------------260
opinião Análise linguística------------------------------------------------------264
– Transitividade verbal---------------------------------------------264
– Verbo de ligação--------------------------------------------------266
Prática linguística-------------------------------------------------------267
É hora de produzir------------------------------------------------------272
Segundo momento – Para que serve a celebridade?-----274
Desvendando os segredos do texto-------------------------------277
Análise linguística------------------------------------------------------280
– Objeto direto e objeto indireto---------------------------------280
– Predicativo do sujeito e do objeto----------------------------282
Prática linguística-------------------------------------------------------283
É hora de produzir------------------------------------------------------287
A escrita em foco-------------------------------------------------------289
– Uso de mas e mais, a e há, mal e mau-------------------289
A escrita em questão--------------------------------------------------290

Capítulo
Editorial
8 Defendendo opiniões
Primeiro momento – Inteligências------------------------------300
Desvendando os segredos do texto-------------------------------303
Análise linguística------------------------------------------------------306
– Tipos de predicado-----------------------------------------------306
Prática linguística-------------------------------------------------------308
É hora de produzir------------------------------------------------------312
Segundo momento – A violência das torcidas--------------314
Desvendando os segredos do texto-------------------------------316
Análise linguística------------------------------------------------------320
– Concordância nominal-------------------------------------------320
Prática linguística-------------------------------------------------------324
É hora de produzir------------------------------------------------------327
A escrita em foco-------------------------------------------------------330
– Uso de sc, sç e xc-----------------------------------------------330
A escrita em questão--------------------------------------------------330

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o
1
ul
p ít
Ca 10

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo 1 Lá vem
deve ser capaz de: história...
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas fun-
ções sociais: o que é um con- 1. Os textos estão por todos os lados.

Conhecimentos prévios
to? Para quem é escrito? Por E, no nosso dia a dia, utilizamos uma
quantidade enorme deles. Você já
quê? Para quê? E como é feito? percebeu isso?
2. Os textos são muito variados. Uns
•• Expressar-se de forma oral e compartilham algumas característi-

escrita sobre os temas abor-


cas; outros são completamente di-
ferentes. Reflita: como são os textos
dados nos textos. que contam histórias?
3. O conto é um desses textos em que
•• Reconhecer mais de um tipo se conta uma história. Você conhe-
ce mais algumas características dos
textual em um mesmo texto. contos?

•• Realizar leituras inferenciais.


•• Identificar fenômenos da lingua-
gem — ambiguidade, argumen- Caracterizando o gênero
tação, informações implícitas e
explícitas — e o valor semântico Neste capítulo, vamos estudar o conto, um gênero textual em que a nar-
rativa é sempre curta. Essa qualidade do conto acarreta outras caracte-
de algumas palavras no texto. rísticas, como poucos personagens, esquemas temporal e ambiental
mais simples e uma ou poucas ações, o que não permite tramas
•• Realizar prática e análise linguís- secundárias, diferentemente de gêneros narrativos mais lon-

tica: substantivos e adjetivos,


gos, como a novela e o romance.

pronomes, o uso do x e do ch.


•• Planejar, produzir e avaliar um
conto. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 10 29/03/18 07:30

Anotações

1010

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Manual do Educador

Conto

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Diálogo com
o professor

Como sabemos, trabalhar


habilidades de leitura, inter-
pretação e linguística sig-
nifica lançar mão de vários
textos, verbais e não ver-
bais, de diferentes gêneros,
em situações reais de uso

om
.c
ck
da língua. O conto é um gê-

to
rs
tte
hu
|S
nero narrativo cuja riqueza
oz
ar
m_
lia
ta
na

reside no infinito imaginário


humano, que é muito pre-
sente no uso da língua.

Anotações

o que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções do conto
• Adjetivos, substantivos e o processo
de substantivação
• As preposições
• Uso do x e do ch

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Sugestão de Abordagem

Antes de apresentar aos seus conceitos que eles certamente já


alunos novos textos, aproveite a dominam, mas de forma intuitiva
oportunidade para checar o que e inconsciente. Nosso papel é
eles conhecem, suas próprias aprofundar e expandir o domínio
histórias, etc. Enredo, tempo, nar- consciente e desenvolver a habi- POE, Edgar Allan.
Histórias extraordinárias.
rador, personagem e clímax são lidade e o uso reflexivo da língua. Companhia das letras.

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o
1
ul
p ít
Ca 12
MoMEnTo
o Conto
E ir
iM Isso é coisa de menino amarelo
Pr
Sugestão de Era uma vez... Mas não
era uma vez igual a todas as
Abordagem vezes. Era uma vez bem espe-
cial. Era uma vez uma moça toda
cheia de beleza e graça que se
Filmes, desenhos anima- Antes de chamava Aquarelita. Essa moça
começar a ler
dos, novelas e seriados são estava grávida. Qualquer dia, um
bebê iria sair para brincar fora da
bons exemplos para se tra-
Ceci Calado é uma
pernambucana que
sua barriga.
inventou de escrever
balhar a construção de uma e ilustrar histórias para
crianças e jovens. Tudo
Aquarelita até que era uma pes-
soa bem normal, mas sempre tinha
personagem e as variações começou com Coralice, a
menina que escorregou
umas vontades estranhas de comer
coisas esquisitas. O coitado do Pin-
linguísticas decorrentes da do céu. Logo em seguida,
escreveu A incrível história celo, seu marido, rodava a cidade
identidade dela. Neles, dia-
do peixe que engoliu um
inteira procurando as comidas que
rio e O menino que não
ela queria: carne de jacaré com
riamente, são encenadas
tinha cartão de crédito.
O conto Isso é coisa de manga-espada, brigadeiro com
menino amarelo se propõe
diferentes situações de co- a dar uma explicação
maionese, quindim com goiaba-
da e mel, feijoada com sorvete
sobre o que vem a ser
municação. esse comportamento de
gente “amarela”. Nesse
de graviola, canjica com cebola
caramelada...
Essa é uma boa hora para
caso, Raul é o menino
amarelo da nossa história. Num bendito dia chuvoso,
ela quis saborear jabutica-
estimular um espectador
Ele era amarelo mesmo!
E adorava provocar, trelar
bas maduras e prateadas.
mais atento!
e badernar o tempo todo.
Acabou ficando muito Mas essa fruta ainda não
conhecido. Depois, passou existe. Pincelo teve o maior

Os alunos podem obser-


a se sentir triste. Como o
trabalho para realizar esse
próprio título sugere, neste
desejo maluco. Então, ele
var de que forma a seleção
conto Ceci Calado explora
o sentido da expressão imaginou uma ideia fabu-
coisa de menino amarelo.
vocabular colabora para a
losa! Comprou uma tinta
Leia o texto com atenção
procurando entender qual é especial na confeitaria
construção de uma perso- o sentido dessa expressão. do bairro e pintou todas
as jabuticabas que havia
nagem. Por exemplo, um vi- encontrado exatamente

lão que tem um bordão que da cor de prata.


Aquarelita estava com
vira a sua marca, ou como tanta água na boca para

ele muda o tom e as pala-


experimentar as jabutica-
bas que nem examinou di-
vras quando está sozinho e 12
quando está diante de seus
inimigos; as personagens- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 12 29/03/18 07:30

-tipo: o “feirante”, o “taxista”,


o “malandro”, etc. BNCC – Habilidades gerais
Interessante notar, também, o Anotações
EF69LP44 EF69LP53
papel normalmente conferido
EF69LP47 EF69LP54
à fala dos nordestinos, entre EF69LP49
outros, falares nas novelas.
E como essa representação
contribui para a propagação BNCC – Habilidades específicas
de preconceitos.
EF67LP28 EF67LP38

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Manual do Educador

Conto

13
Capítulo
1
reito o pacote. Meteu uma porção de frutinhas na boca. Comeu logo de cinco em
cinco. Muito gulosa ela era!
Houve outro dia em que ela acordou querendo comer um negócio que nin-
guém vai adivinhar... Foi o desejo mais louco de todos! E não foi que Dona
Aquarelita teve vontade de engolir uma caixa de giz de cera todinha de lápis
amarelo?!?!?!
Seu esposo ficou doido. Não conseguiu ficar calado dessa vez:
— Mulher, isso não pode! Você vai ficar doente! Não se pode comer giz de
cera, lápis de cor, borracha, papel, régua, tesoura... Quem já viu uma trela
dessas? Isso lá é comida de gente!
E ela respondeu:
— Que conversa, Pincelo! Grávida pode comer tudo! Se eu não comer essa
comidinha gostosa, meu menino vai nascer com cara de lápis de cera.
Aquarelita foi dizendo isso e começando a mudar de cor. Foi ficando verde,
vermelha, roxa... E, para evitar um problema dos grandes, seu esposo prome-
teu que iria até a livraria mais perto de casa para comprar a desejada caixa de
lápis!
Quando Pincelo chegou, sua esposa quase que engoliu os lápis com caixa
e tudo... Pois não é que ela devorou quatro lápis de cera amarelos!
Não se passou nem uma hora e a gritaria começou:
— Pincelo! Pincelo! Pincelo! O menino está chutando muito! Socorro! Ou ele
vai nascer agora ou ele queria mesmo era ter comido giz de cera azul!
Pincelo deu um pulo agoniado, feito bode brabo, e saiu arrastando a esposa
para ir à maternidade.
Você não sabe o que aconteceu! A cidade inteira ficou agitada com a notícia
que estava se espalhando:
— Aquarelita deu à luz um bebê amarelo! Amarelo de verdade! Da cor da
gema do ovo!
No começo era tudo novidade. A casa dessa família ficou muito movimenta-
da. Todo mundo queria ver o tal bebê amarelo. Até gente da televisão tinha ido
conhecer o menino. Até gente do Japão tinha ido conhecer o menino! Até avião
pousava na janela do quarto para conhecer o menino amarelo!
Colocaram o nome dele de Raul. E Raul foi crescendo todo cheio de direito
e... amarelo! Só porque era diferente e conhecido por todo mundo, o menino
ficava ainda mais cheio de direito — como dizia sua mãe.
E ele gostava de uma novidade, de um papo comprido, de umas mentiri-
nhas aqui, de umas baguncinhas ali... Raul sempre fazia seus pais passarem
vergonha na rua: falava alto, esperneava, fazia escândalos, trelas e muitas
mugangas...
Tudo o que ele aprontava, as pessoas comentavam:
— Que amostração! Isso só pode ser coisa do menino amarelo!

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Sugestão de
Abordagem

Tipos de conto
O conto, após ter adquirido identi-
dade própria, vem se manifestan-
do das mais diversas maneiras,
de modo que dificilmente é fiel a
uma classificação fixa, devido, jus-
tamente, a essa liberdade que os
autores têm de imprimir novas ca-
racterísticas a cada conto que pro-
duzem. Além disso, não existem,
mesmo dentro de qualquer classi-
ficação, contos puros. Todo conto
apresenta múltiplas características,
porém com predominância de uma
que lhe dá sua localização em de-
terminada categoria.
Conto fantástico ou de fantasia:
é uma das formas mais livres de es-
crever, pois permite à imaginação
um vasto desenvolvimento. Tome-
mos como exemplo as histórias de
Harry Potter, que é a representação 14
de um mundo fruto da imaginação.
Conto de ação: é o tipo mais co- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 14 29/03/18 07:30

mum; começou com As mil e uma Assombramento, que abre o volu- Conto de efeitos emocionais:
Noites. Nos dias atuais, os contos me Pelo Sertão, de Afonso Arinos. visa simular uma sensação no lei-
policiais e de mistério lhe dão con- É uma extensa narrativa em torno tor, de terror, de pânico, de surpre-
tinuidade. de um mal-entendido. sa, etc., como nas histórias de Hoff-
Conto de ideia: veículo de doutri- mann, Poe e outros. Em geral, vem
Conto de cenário ou atmosfe-
nas filosóficas, estéticas, políticas, mesclado com o conto de ideia.
ra: nele predominam o cenário e o
ambiente sobre o enredo e os pro- etc., é mais utilizado e frequente
Disponível em: www.recantodasletras.com.br/
tagonistas. Na Literatura Brasileira, que o de ambiente e atmosfera. teorialiteraria/382403. Acesso em 16/06/2015.

temos como exemplo o Conto de

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Manual do Educador

Conto

15
Capítulo
1
Assim, a fama de Raul foi crescendo e se espalhando pelo bairro, pela cida-
de, pelo estado, pelo país... E, quando qualquer menino não queria obedecer à
mãe, logo ouvia:
— Vini, que coisa tão boba! Isso é coisa de menino amarelo!
— Laura, que coisa mais feia! Isso é coisa de menino amarelo!
— Rafaela, que coisa cabulosa! Isso é coisa de menino amarelo!
— Manu, que coisa mais chata! Isso é coisa de menino amarelo!
Nenhuma criança gostava de ouvir essas frases porque coisa de menino
amarelo era igual a coisa boba, coisa feia, coisa mal-educada, coisa chata...
Foi uma pena, mas foi bem assim que o menino amarelo começou a ficar
conhecido.
Quando ele completou dez anos de idade, ganhou uma caixa enorme e cheia
de lápis amarelo. Do jeito que ele queria.
E Raul saiu riscando e pintando de amarelo tudo o que encontrava pela fren-
te. Ninguém segurava mais esse menino!
Certa vez, numa festa de São João, no meio de uma praça cheia de gente,
ele aprontou uma bagunça das grandes. Mergulhou numa poça d’água e encheu
a boca de barro! O menino amarelo comeu barro e ficou totalmente lambuzado.
— Rauuuuuul! Pelo amor de Deus, menino! Por que você fez isso? Por que
você sujou sua roupa nova de barro? Quer me deixar zangada, é?! — perguntou
Aquarelita!
— Não, mãe! Eu só queria comer um pouquinho de barro! Eu estava com
muita vontade — respondeu o garoto, sorrindo meio desconfiado.
Pois foi exatamente aí que uma menina gritou para a praça inteira ouvir:
— Pronto! Agora a desculpa do menino amarelo é comer barro!
E esse acontecimento também caiu na boca do povo. Toda criança que fazia
alguma baderna e tentava dar explicação inventada aos pais escutava essa
piadinha:
— Sei... Desculpa de menino amarelo é comer barro!
Mas... E o que aconteceu depois? O que aconteceu depois foi bem triste...
O menino amarelo não tinha mais amigos, não tinha mais colegas e quase que
não tinha mais nome! Ninguém nem se lembrava de que seu nome era Raul.
Todo mundo só o chamava de Menino Amarelo. Nenhum menino e nenhuma
menina queriam brincar com Raul. Nenhum menino queria ser chamado de me-
nino amarelo. Até os bichos da natureza olhavam meio de banda para o menino.
O menino amarelo, quer dizer, Raul foi ficando triste, tão triste que até o seu
amarelo foi clareando. Depois ele resolveu que não ia sair de casa nunca mais.
Trancou-se no quarto sozinho e ligou a televisão. Começou a chorar baixinho.
De repente, apareceu na TV o desenho de um menino vermelho. Ele era
alegre, educado e muito querido pelas pessoas e pelos animais. Então, Raul

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Ca

16 teve uma ideia muito diferente. Parecia ser um plano


perfeito.
O menino saiu correndo pela casa gritando:
— Mãe! Mãe! Eu não quero mais ser amarelo! Eu
não quero mais ser amarelo!
Aquarelita saiu da cozinha apressada:
— Que conversa é essa, Raul? Quem já viu mudar
de cor assim. Que conversa de menino a... a... a...
Ela viu que ia falar besteira e desistiu. Raul emendou:
— Quando eu morava na sua barriga, a senhora co-
meu um montão de lápis de cor amarela. E foi por isso
que eu nasci desse jeito. Não foi?
— Sim. É verdade. Eu tive uma vontade incontrolável de
comer giz de cera amarelo e você nasceu assim: da cor da
gema do ovo.
— Pois agora eu decidi que não quero mais ser amarelo.
Eu vou comer uma caixa de lápis de cor vermelha para mudar
de cor. Eu quero ser vermelho! Cansei de amarelo!
— Olha, Raul, não sei se essa mágica vai funcionar. Mas, se
é para você voltar a ser um menino alegre, vou pedir ao seu pai
para comprar esses lápis.
E foi o que ela fez. O pai de Raul achou essa invenção uma
maluquice, mas comprou a caixa de giz vermelho e voltou voan-
do. Aquarelita fez uma panela de brigadeiro, misturou com os
lápis picados e colocou tudo num prato fundo. Raul
veio em disparada, sentou-se numa cadeira
e devorou aquela misturada com
a rapidez de um leão faminto.
E olha que ele ainda achou a
gororoba uma delícia.
— Filho, é melhor você ir
tirar uma soneca e esperar o
resultado sem pressa nenhu-
ma — aconselhou seu pai.
O menino voltou para o
quarto e se deitou relaxado e
sonolento. Estava bastante
cansado do dia cheio que
havia tido. Dormiu num pis-
car de olhos. Só acordou na

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Manual do Educador

Conto

17
Capítulo
1
manhã seguinte... VERMELHO, que nem um tomate maduro!
— Viva! Viva! Viva! Eu agora sou vermelho! — saiu gritando
pela casa, pela rua, pela cidade, pelo país, pelo mundo...
Sugestão de Abordagem
Os pais de Raul acordaram surpresos e felizes com a notícia
que estavam ouvindo e seguiram o menino na sua corrida es-
tabanada. Aquarelita não suportou a tremenda estripulia que Seria interessante utilizar o con-
Raul estava fazendo e, aflita, segurou o menino pelo braço:
— Calma, Raul! Você vai acabar sendo atropelado por um teúdo do boxe Dicionário — com
Dicionário
carro. Ande devagar!
E o menino prontamente respondeu:
palavras extraídas do texto Isso
— Mãe! Eu não faço uma coisa dessas... Não vê que isso é
Mugangas – Expressão
facial cômica. é coisa de menino amarelo —
como mote para trabalhar o dicio-
coisa de menino amarelo? Cabulosa – Chata,
E todo mundo ao redor caiu na maior gargalhada. complicada.

nário em sala de aula. De acordo


Baderna – Confusão,
Raul, agora um menino vermelho, saiu com essa frase diverti- bagunça.
da. Gororoba – Comida de
Assim, nunca mais ninguém chamou Raul gosto ruim e de aparência com o Minidicionário Houaiss da
esquisita.
de menino amarelo. Nunca mais ninguém
olhou atravessado para ele. Agora todo
Estabanada – Desajeitada língua portuguesa (2010), o di-
cionário é uma “listagem, geral-
na maneira de fazer as
mundo queria ser amigo do Menino coisas; desastrada.
Estripulia – Ato de fazer
mente em ordem alfabética, das
Vermelho chamado Raul, porém... travessura.
Até hoje as pessoas grandes cos-
tumam falar para os meninos da- palavras e expressões de uma
nados, quando eles aprontam
alguma bobeira: língua ou um assunto com seus
— Isso é coisa de menino
amarelo...
respectivos significados ou sua
CALADO, Ceci. Isso é coisa de menino
amarelo. Recife: Prazer de Ler, 2015.
equivalência em outro idioma” (p.
258).
Você poderia iniciar mostrando a
importância da ordem alfabética
em contextos sociais em que ela
é usada. Em seguida, promova
um jogo de adivinhação. Para
isso, divida a turma em grupos.
Todos os grupos consultarão o
dicionário escolhendo palavras
17 pouco usadas e anotarão no ca-
derno o seu significado. Em se-
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guida, cada grupo revelará para
os demais as palavras escolhidas
Leitura Complementar para que elaborem supostas de-
finições. Ao final, um grupo lerá
O Dicionário Houaiss da Língua as suas definições para o outro,
Portuguesa é dos mais completos que deverá dizer qual a definição
do País. Ele tem 229 mil verbetes, denotativa e qual a formulada pe-
416 mil sinônimos, 27 mil antônimos los colegas.
e 57 mil palavras em estilo arcaico.
É praticamente impossível você
não encontrar nele o que procura!

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Ca 18
Para discutir
Aprenda 1. Qual a ideia central do texto?
Sugestão de Abordagem mais!
2. O que Pincelo acha sobre comer comidas esquisitas?
O conto faz parte do 3. No início do conto, Aquarelita tem desejos de comer comidas
universo da literatura em
diferentes devido à gravidez. Ela queria comer giz de cera. Se
Para as questões da seção Para
que seres fantasiosos
ou situações ficcionais ela não comesse, o que poderia acontecer? É possível isso

discutir, propomos as seguintes


interagem com o leitor. acontecer?
Assim como vários 4. Como você pode ver, nesse texto a autora explora o sentido
gêneros literários, o
respostas para discussão: conto apresenta narrador,
personagens e enredo.
da expressão coisa de menino amarelo. Você já ouviu essa
expressão? O que ela significa no conto?

1. O comportamento de um me- Tradicionalmente, o


conto se define como
nino amarelo que é conhecido uma estrutura fechada,
em que o conflito se
por fazer trelas e badernas. desenvolve em direção
a um desenlace claro.
Desvendando os segredos do texto
2. Pincelo acha que pode fazer
Essa é uma das principais
diferenças entre o conto

mal e não é comida de gente.


e gêneros narrativos mais
extensos, como o romance,
que possui conflitos
1. O texto Isso é coisa de menino amarelo faz alusão ao mun-
secundários. do das artes, particularmente à pintura. Como é possível dedu-
3. O menino poderia nascer com zir tal informação?
cara de giz de cera. O nome da mãe, Aquarelita, de aquarela, e o nome do pai, Pincelo,
que faz referência ao pincel.
4. A expressão é usada para de-
signar travessuras de crianças
desobedientes, dissimuladas,
2. “A cidade inteira ficou agitada com a notícia que estava se
espalhando.” O que podemos inferir do lugar onde a família do
travessas, etc. menino amarelo morava?
Que era uma cidade pequena e por isso todos se conheciam.

3. “Dona Aquarelita deu à luz um bebê amarelo. Amarelo de


verdade.” A partir dessa afirmação feita pelo narrador, que
outro(s) sentido(s) pode ter a expressão menino amarelo?
Amarelo pode ser uma referência a alguma doença. Uma criança
da raça amarela, tom de pele associado aos asiáticos.

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Leitura Complementar
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Uma forma de entretenimento indis- Na revista Língua Portuguesa isso, ele expõe as opiniões de
sociável da vida dos seus alunos é (Editora Segmento) de outubro estudiosos e de escritores.
o video game. E essa mídia, com de 2010, há uma reportagem de O modelo mais simples é o do jo-
o avanço da tecnologia, oferece Edgard Murano sobre o assunto: gador que dá vida, pelo joystick,
jogos cada vez mais sofisticados, Os video games viram arte nar- a um ou mais personagens que
que tecem tramas tão complexas rativa. Lá, o autor escreve: “Re- têm desafios a serem superados,
que já há quem os tome por expe- sultado da interatividade aliada dentro de um roteiro bem defini-
riências tão realistas quanto o cine- ao enredo, os games começam do, com direito a clímax, come-
ma e tão imersivas quanto a litera- a sedimentar uma forma própria ço, meio e fim.
tura. de contar histórias”. Para provar

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Manual do Educador

Conto

19
Capítulo
1
4. Conforme o texto, “Raul foi crescendo todo cheio de direito
e... amarelo”. Retire do texto o fato que explica o senso de au-
toridade do menino amarelo.
BNCC – Habilidades gerais
Porque era diferente e conhecido por todo mundo.

EF69LP44 EF69LP49
5. O conto Isso é coisa de menino amarelo foi escrito a par- EF69LP47 EF69LP54
tir de uma expressão popularmente conhecida. Não é possível
definir precisamente a origem da maioria das expressões e dos
ditados populares. Isso porque eles são transmitidos oralmente

Anotações
de geração para geração. No texto, a autora utiliza um dita-
do popular relacionado à expressão coisa de menino amarelo.
Que ditado é esse?
Desculpa de menino amarelo é comer barro.

6. Agora, explique qual é o sentido desse ditado de acordo


com o conto de Ceci Calado.
O sentido do ditado está associado ao com-
portamento de quem sempre procura repassar
para alguém a culpa por ter feito algo errado.

7. Entre os ditados populares a seguir, qual deles possui o


sentido apontado na questão anterior?
a) Desculpa de aluno que tira nota ruim é reconhecer que não
estudou.
b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
c) Gato escaldado tem medo de água fria.
d) Desculpa de jogador ruim é chuteira frouxa.

8. Nesse conto, o narrador participa dos fatos narrados ou


apenas observa o desenrolar das ações? Como podemos clas-
sificar esse tipo de narrador?
O narrador apenas observa os fatos, por esse motivo é classifi-
cado como observador.

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Os limites da história, a liberda- que os conceitos básicos de nar-


de de ir e vir e o olhar do jogador rativa, que dão suporte ao conto,
(que pode ser primeira ou terceira já fazem parte da sua prática dis-
pessoa) variam, mas o resultado é cursiva.
sempre o de uma experiência nar-
rativa única: o da interatividade.
Seria interessante levar esse tema
para conversar em sala. A inten-
ção é fazer o aluno compreender

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o
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Ca 20
9. No conto, normalmente o enredo é estruturado em torno de
um único conflito, que pode variar bastante, desde a oposição
entre dois personagens ao dilema existencial de um protago-
Sugestão de nista consigo mesmo. É o conflito que possibilita o clima de ten-
Abordagem são que geralmente envolve o conto. À medida que o conflito
aumenta, a narrativa vai se tornando mais tensa, até atingir o
clímax, isto é, a tensão máxima. Após o clímax, vem o desfe-
Aproveite a questão 9 como Aprenda
mais!
cho, o fim do enredo, no qual os autores procuram surpreender
o leitor com um final inesperado, impactante. Esse jogo entre
ponto de partida para re- O menor conto
conflito, clímax e desfecho é responsável por despertar e pren-

lembrar os alunos concei- do mundo der o interesse do leitor durante a narrativa.


No conto Isso é coisa de menino amarelo, essas características
tos importantes relaciona-
Embora muitos estudiosos
da Teoria da Literatura não
do conto podem ser identificadas. Pensando nisso, explique:

dos à construção do texto a) Qual é o conflito desenvolvido ao longo do texto?


reconheçam o miniconto
como um gênero, ele tem

narrativo, como narrador, No conto, o conflito corresponde à postura do menino amarelo,


chamado a atenção de
muitos escritores. Por uma
questão de economia de que, aproveitando-se de sua fama, faz tudo o que quer, da forma
personagens, espaço, tem- palavras, nos minicontos
que quer, sem se preocupar com as consequências dos seus
po narrativo, etc.
é muito mais importante
sugerir que mostrar,
deixando para o leitor o atos.
trabalho de “preencher” a
narrativa a partir de sua
imaginação. O escritor
guatemalteco Augusto b) Em que momento da narrativa o conflito atinge o seu limite,
Monterroso é o autor do isto é, o clímax?
miniconto mais conhecido
do mundo, escrito com O clímax acontece quando, devido ao seu comportamento, o
apenas 37 letras:
menino amarelo perde seus amigos e sua identidade, ficando
Diálogo com “Quando acordou,
o dinossauro ainda muito triste e sozinho.
estava lá.”
o professor
Nos minicontos, o número
de letras não é rígido, mas,

O conto tem origem desconhecida


como se vê, quanto menos,
melhor. Em 2004, o escritor c) Como ocorre o desfecho dessa narrativa?
e remonta aos primórdios da pró-
pernambucano Marcelino
Freire publicou a obra O desfecho ocorre quando, triste e sozinho, o menino amarelo
Os cem menores contos
pria arte literária. No século XIX, o brasileiros do século, pela liga a televisão, assiste a um desenho em que aparece um me-

conto se distancia da novela e do


editora Ateliê Editorial. Para
compor o livro, Marcelino nino vermelho e decide mudar de cor.
procurou grandes escritores

romance, adquirindo espaço pró- brasileiros com o seguinte


desafio: escrever um

prio. Grandes contistas surgem miniconto de até cinquenta


letras.

no mundo inteiro, por exemplo,


Edgar Allan Poe, nos Estados Uni- 20

dos; Maupassant, na França; Eça


de Queirós, em Portugal e Macha- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 20 29/03/18 07:30

do de Assis, no Brasil.
meios narrativos. Essa preferên- O espaço físico da narrativa nor-
Na estrutura do conto, normal- cia pela concisão e a concen- malmente não varia muito devido
mente há um só drama, um só tração dos efeitos torna o conto à própria dimensão do conto. A
conflito. Rejeitam-se as digres- uma narrativa curta. Uma carac- variação temporal em geral não
sões e as extrapolações, pois terística importante é que ele ter- importa: o passado e o futuro
busca-se um só objetivo, um só mina justamente no clímax, ao do fato narrado são irrelevantes.
efeito. Com isso, a dimensão do contrário do romance, em que o Caso seja necessário, o contista
conto é reduzida: o autor usa a clímax aparece em algum ponto condensa o passado e o expõe
contração, isto é, a economia dos antes do final. ao leitor em poucas linhas.

2020

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Manual do Educador

Conto

21
Capítulo
1
Análise linguística
Sugestão de
Os nomes: substantivo e adjetivo Abordagem
Leia a tirinha a seguir:
XAXADO/Antonio Cedraz
Para as questões discur-

© 2015 King Features Syndicate/Ipress.


sivas lançadas na seção
Análise linguística, propo-
mos estas respostas:
1. Porque o leitor é sur-
1. O humor da tirinha é possibilitado pela surpresa representada
no último quadrinho. Por quê? preendido em sua expec-
2. Na tirinha, podemos identificar três personagens: Marieta,
Xaxado e Zé Pequeno. Para Marieta e Xaxado, o que é o
tativa, pois, de acordo
melhor amigo do homem? com o que os dois primei-
3. Quais são os argumentos utilizados por Xaxado e Marieta
para convencer Zé de que o livro lhe faria bem? ros quadrinhos sugerem,
4. Como se classificam as palavras Zé, amigo, homem, vida? Zé Pequeno estaria com
As palavras Zé, amigo, homem, vida são utilizadas para
nomear, por isso fazem parte do grupo dos nomes. Os nomes
medo de um cachorro
compreendem palavras com forte valor referencial (com eles, (o melhor amigo do ho-
mem), mas na verdade
podemos fazer referência aos seres, falar sobre eles) e outras
com grande potencial qualificativo. Daí o fato de os nomes es-
tarem divididos tradicionalmente em dois grandes grupos: os ele está com medo dos
substantivos e os adjetivos.
A força referencial, no entanto, não é exclusiva dos substan- livros.
tivos. É o que acontece com o pronome ele no primeiro quadri-
nho da tirinha. Observe: 2. Os livros.
Ele não morde.
3. Ele não morde; é o me-
O livro lhor amigo do homem;
é um amigo para toda a
Na fala de Xaxado, o pronome ele está sendo utilizado no
lugar de um substantivo (livro), por isso é considerado uma pa- vida.
lavra com valor substantivo.
4. São substantivos.
21

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Devido a essas características Essas características do con- BNCC – Habilidades gerais


— pequena extensão e pouca to podem variar de uma época
variação espacial e temporal —, para outra, mas essas variações EF69LP05 EF69LP56
o número de personagens que ocorrem em maior ou menor grau, EF69LP55
participam do conto é pequeno. constituindo sempre uma estrutu-
Também não há espaço para ra básica que configura o gênero. BNCC – Habilidades específicas
personagens complexas: a ênfa- Disponível em: www.proativa.vdl.ufc.br/primei-

se é colocada em suas ações e


roaprender/curso_portugues/aula33/programa-
cao/02.html. Acesso em 08/03/2015. Adaptado.
EF67LP08 EF07LP06
EF67LP32
não em seu caráter.

21

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Da mesma forma, o potencial de qualificar não é exclusivo
dos adjetivos. Algo parecido acontece, por exemplo, em ela bri-
lha, em que o verbo (brilhar) parece qualificar o pronome ela,
Diálogo com Aprenda que, como vimos anteriormente, é um pronome substantivo,
mais! pois exerce a função de um substantivo.
o professor É importante observar que os nomes podem se combinar:
Há substantivos que só
podem ser usados no os adjetivos sempre acompanham um substantivo (ou palavra
com valor de substantivo), qualificando-o. Nesse caso, a ideia
A propósito do miniconto,
plural, como óculos,
núpcias e fezes. Outros de qualificar significa apenas atribuir uma característica, que
na seção Aprenda mais na
são usados tanto no plural
quanto no singular, mas, não necessariamente será positiva.
Assim, ao possibilitar a referenciação e a qualificação, subs-
página 20, seria interessan-
para sabermos o seu
número (plural ou singular), tantivos e adjetivos são palavras fundamentais para nos comu-
é necessário observar o
te trazer para o debate em seu determinante. Veja:
o ônibus, os ônibus; este
nicarmos.

sala a twitteratura: a litera- pires, estes pires; meu


lápis, meus lápis, etc.
Palavras que determinam o substantivo
tura que se faz no Twitter, Leia o texto a seguir:

site de relacionamento de Por que às vezes nosso espirro “foge”?


sucesso mundial. por Yuri Vasconcelos

Com um limite de 140 ca- Simples! Porque a vontade passa. Mas, para entender
por que ela passa, é preciso, antes, saber que o espirro é
racteres, milhares de au- um mecanismo de defesa do nosso nariz contra partícu-
las ou substâncias que causem irritação da mucosa na-
tores, conhecidos ou não, sal […]. Poeira, pólen, pelo de animais, ácaros ou subs-
veiculam, através do site, tâncias voláteis, como perfumes e produtos de limpeza,
são alguns dos agentes causadores do espirro. Quando
contos, poemas, crônicas, essas substâncias entram em contato com a mucosa do
notícias, enfim, todo tipo de nariz, provocam irritação e acionam no organismo um
mecanismo de defesa para expulsá-las […].
conteúdo, literário ou não. http://mundoestranho.abril.com.br/saude/vezes-nosso-espirro-foge-611510.
shtml. Acessado em 16/12/2010

A discussão é interessan- Analisando o título desse texto, observamos que o pronome


te porque o microblog faz nosso acompanha o substantivo espirro, determinando o seu
sentido. Essa determinação inclui uma série de fatores, que
parte da realidade de boa vão desde a simples concordância com o substantivo (mascu-
parte dos alunos. Para o jor- lino e plural) à expressão de sentidos. Nesse caso, ao utilizar
esse pronome possessivo, o jornalista procura criar mais pro-
nalista, escritor e apresenta- ximidade entre ele e seu leitor, pois se inclui entre as pessoas

dor Marcelo Tas, “o Twitter é cujo espirro, às vezes, “foge”.

uma maquininha de cutucar 22


corações e mentes na ve-
locidade da Luz. Em 140 LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 22 29/03/18 07:30

toques ou menos, a imagi-


nação é o limite”. A relação
dos jovens com o ambiente Anotações
virtual será discutida no li-
vro do 9º ano, capítulo 5.

2222

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Manual do Educador

Conto

23
Capítulo
1
Outro exemplo interessante de palavras que determinam os substantivos ocorre quando,
em algumas regiões, os falantes utilizam artigo antes de nomes de pessoas para indicar
Anotações
maior afetividade, como em:

A Paula é uma pessoa muito especial.

Essas palavras que acompanham os substantivos delimitando seu sentido são chama-
das de determinantes. Várias classes de palavras podem desempenhar esse papel:

• Adjetivos e locuções adjetivas

cabelos cacheados (adjetivo)


suco de laranja (locução adjetiva)
cardápio de hoje (locução adjetiva)
pneus de trás (locução adjetiva)

• Numerais, pronomes e artigos


Aprenda
dois textos (numeral) mais!
aquela onda (pronome demonstrativo) Chamamos de locução
o policial (artigo definido) a reunião de duas ou Por isso, as aulas de português,
uma plantação (artigo indefinido)
em geral, não se dedicam a com-
mais palavras de classes
gramaticais diferentes
que se juntaram para
A substantivação exercer a função de um
único termo. Com isso,
preender a língua que se fala,
Agora, leia a capa do livro O que é o saber?, de Oscar Brenifier. podemos entender que
locução adjetiva é a
mas a corrigir uma lista de su-
Observe que, no título, a palavra saber, que reconhecemos
normalmente como um verbo, está sendo usada como substan-
união de palavras que têm
valor de adjetivo, ou seja,
postos erros. Com resultado nulo.
tivo. Na nossa comunicação diária, frequentemente utilizamos
como substantivos palavras de outras classes. Esse fenômeno
qualificam um substantivo.
Geralmente, as locuções Imaginem se o mesmo ocorresse
com botânica ou zoologia: a tare-
adjetivas são formadas por
é chamado de substantivação e ocorre sempre com o auxílio preposição + substantivo,

fa dos professores seria ensinar


de um artigo. Veja outros exemplos: como suco de laranja,
amor de mãe, consumo
de energia.
O olhar dela chamava muito minha atenção.
(verbo substantivado)
os alunos a corrigir plantas e bi-
Uma das melhores tarefas da vida é praticar o bem. chos!
Só há uma saída para a esco-
(advérbio substantivado)
Ela é uma artista que vive à procura do belo.
(adjetivo substantivado) la: aceitar a mudança da língua
A bonitinha da minha filha ficou na recuperação. como um fato. Isso não deve sig-
nificar que a escola deve aceitar
(adjetivo substantivado)

23 “qualquer jeito de escrever”, que


não deve mais corrigir. O que a
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escola precisa fazer é ler e ana-
lisar textos escritos em diversos
Repensando o estilos, chamar a atenção para
Ensino da Gramática as diferentes construções, levar
os alunos a escreverem e rees-
A maioria dos cidadãos pensa dos. Mesmo as pessoas cultas creverem até “chegarem perto”
que gramática é um compêndio que sabem que as línguas mu- de dominar estes estilos.
com regras definitivas, seguidas dam pensam, no fundo, que as
por escritores, e que todos de- línguas mudavam antigamente, O que a escola não deve mais é
vem seguir em toda circunstân- mas, agora, não. Acontece que fazer listas para os alunos deco-
cia, sob pena de estarem erra- estão mudando na nossa cara! rarem.

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Prática linguística
Repensando o
Leia a charge a seguir:
Ensino da Gramática
Aprenda
mais!
O ensino de gramática na es-
A charge é um gênero
cola deve surgir paralelo ao textual por meio do qual o

trabalho do texto. Assim, de-


autor expressa criticamente
sua opinião sobre fatos do
dia a dia. Para isso, ele
vemos lembrar sempre que o procura criar uma situação
inusitada e engraçada. As

texto é constituído em determi- charges sempre abordam


acontecimentos atuais e de

nado contexto sócio-histórico interesse público.

e ideológico para proporcio-


nar aos educandos um olhar 1. Podemos afirmar que o autor desse quadrinho criticou:

mais crítico sobre os termos a) Os jovens brasileiros que não estudam.


b) O seu avô, que costumava lhe dar muitas ordens.
gramaticais. c) O comportamento dos idosos.
d) Os jovens que não atendem aos pedidos dos idosos.
Nessa perspectiva, as teo- e) A educação dos jovens brasileiros em língua portuguesa.

rias enunciativas têm possi- 2. Para produzir esse quadrinho, podemos afirmar que Duke

bilitado novos estudos sobre teve como mote:


a) Uma recordação de sua infância.
a linguagem, sobretudo pela b) Uma notícia.
possibilidade de analisar a c) Um livro.
d) Uma opinião sua a respeito da educação.
língua como uma dispersão e) Um pensamento de seu avô.

de regularidades linguísticas 3. Na frase “Leia esta notícia para mim”, podemos identificar

constituídas historicamente. um ato de fala, isto é, uma ação verbal realizada pelo idoso.

Pensemos, por exemplo, no


Esse ato de fala expressa:
a) Uma dúvida.
conceito de adjetivo apresen- b) Um arrependimento.
c) Uma ordem.
tado comumente nas gramá- d) Uma afirmação.

ticas normativas. Em geral, e) Um alerta.


24
esse conceito é fundamenta-
do na tese platoniana de que
“a existência do ser precede
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ser. Ou seja, a palavra, enquan- predominância do ser sobre o


o seu nome”. Isto é, os nomes
to adjetivo, designa, fornece o nome, como falsa e provável
devem se adequar às coisas
modo de ser ou representa algo em gravidez falsa e provável
que representam, pois o ser
que surge para nossos sentidos candidato.
preexiste à linguagem. Nesse
como uma entidade identificada
sentido, embora com algumas
fora da linguagem. Apesar disso,
variações, o adjetivo é concei-
é comum encontrarmos expres-
tuado normalmente como a
sões enunciativas em que pala-
palavra que atribui caracterís-
vras não se conformam à ideia da
tica, aparência ou estado do

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Manual do Educador

Conto

25
Capítulo
1
4. Que palavra da frase expressa claramente esse ato de fala?
Explique. Compartilhe
ideias Sugestão de Abordagem
O verbo ler, que está flexionado no modo imperativo.

A questão 7 é uma ótima opor-


5.
tunidade para dar continuidade
As falas do menino também representam atos de fala. O
que esses atos representam?
Os atos de fala do menino representam dúvidas, pois ele não ao trabalho com adjetivos. Po-
sabe ler direito. deríamos desenvolver uma dinâ-
6. Como são classificadas as frases proferidas pelo menino? mica dos adjetivos focando na
Frases de situação. valorização do próximo. O obje-
7.
tivo seria destacar as qualidades
Leia as duas frases abaixo e responda à questão proposta.
dos alunos/colegas, não seus
O menino chegou cansado da escola.
O menino cansado chegou da escola.
defeitos. Para realizar a dinâmi-
ca, divida a turma em 2 grupos.
As duas frases têm o mesmo sentido? Justifique.
Em seguida, oriente cada grupo
Não. Na primeira, o adjetivo cansado qualifica o menino quando
chegou da escola, expressando um estado passageiro. Na se-
a perguntar a cada colaborador
gunda, o adjetivo qualifica o menino, expressando um estado da escola um adjetivo positivo,
de cansaço permanente. sabendo que as qualidades não
poderão ser repetidas. Estabele-
8. A adjetivação é um fenômeno que ocorre quando uma pa-
ça um total de qualidades para
lavra originalmente de outra classe gramatical assume a função cada grupo.
de adjetivo. Marque a sentença em que observamos esse me-
canismo gramatical. Depois de os alunos anotarem
a. A prova ontem foi dificílima, segundo Fábio.
b. Já dizia a sábia música: “Falem bem, falem mal, mas falem os respectivos adjetivos positi-
de mim!”.
c. Rolou um clima muito chato durante a festa, daí resolvi dar
vos, deverão escolher 5 qualida-
uma sumida e puxei meu carro. des mais marcantes e confeccio-
d. Paula correu, correu, correu, mas não encontrou um cristão
que a ajudasse naquela tarefa. nar faixas com elas e para fixar
e. É muito simples a construção do enredo desse conto. no mural da escola. A moral da
25 dinâmica se define no seguinte
pensamento: todos nós temos
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defeitos, mas nossas qualidades
são os maiores suportes, desa-
BNCC – Habilidades gerais fios e reflexos da nossa perso-
Anotações nalidade. Ao realizar essa dinâ-
EF69LP05 mica, você dará oportunidade
EF69LP56 aos alunos de pensarem que é
necessário valorizar as pessoas
BNCC – Habilidades específicas dizendo adjetivos que as deixem
com o dia mais feliz e tranquilo.
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9. Existe um gênero textual ainda mais conciso que o conto: o chamado miniconto, ou
microconto. Nele, um pequeno punhado de palavras, que, por vezes, não ultrapassa uma
linha, cria uma história, deixando a cargo do leitor o preenchimento, por meio de sua inter-
pretação, das possíveis lacunas deixadas no texto devido à sua concisão. Leia, a seguir,
um exemplo de miniconto:

O menino, olhando uma foto na parede, pergunta ao pai:— Pai, por que a
mamãe foi pro céu?
Diálogo com Enquanto apertava forte a mão do menino, ele respondeu:
— Pra não deixar teu irmãozinho sozinho lá, filho.
o professor Marcelo Spalding. In: CHAFFE, Laís; SPALDING, Marcelo. Minicontos e muito menos. Porto Alegre: Casa
Verde, 2009.

Acreditamos que o mo- Baseado nos seus conhecimentos sobre o tipo textual narrativo e o gênero conto, responda
às questões a seguir.
mento de produção tex- a. Que tipo de narrador identificamos nesse microconto?
tual, seja em sala, seja em Narrador-observador.

casa, é especial e deve ser b. Apesar do tamanho minúsculo, esse conto apresenta conflito, nó e desenlace. Identifique

contínuo e muito bem pla-


esses elementos na narrativa.
“Pai, por que a mamãe foi pro céu?”, conflito; “Enquanto apertava forte a mão do menino”,
nejado. Se for realizado em
nó; “Pra não deixar teu irmãozinho sozinho lá, filho”, desenlace.
sala de aula, reserve um
tempo adequado para que
10. Nos textos narrativos, é muito comum o emprego da conotação, isto é, a utilização de
palavras ou expressões de maneira diferente do habitual, literal.
os alunos possam traba- a. Identifique no microconto uma expressão de sentido conotativo.

lhar bem. Reforce e valori- “Foi pro céu.”

ze a ideia de que eles são b. Dizemos que a conotação diz respeito a uma maneira pessoal de ver o mundo, as pes-
soas, as situações. Pensando nisso, avalie o uso da expressão identificada no item A. Esse
autores e, por isso, respon- uso foi adequado? Justifique.

sáveis pelo que escrevem. A expressão foi empregada adequadamente, pois simula a fala de uma criança e a maneira

Deixe-os à vontade para como a morte é percebida no universo infantil.

consultar o dicionário e a 11. As narrativas comumente apresentam uma sucessão de fatos, que caracterizam a

gramática. Por fim, consi- passagem do tempo. No enredo do microconto, percebemos a referência a dois fatos ocor-
ridos antes da cena principal.
dere nossas propostas de a. Que fatos são esses?

trabalho como um guia, e A morte do irmão e a morte da sua mãe.

não um limitador.
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BNCC – Habilidades específicas


Anotações
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Manual do Educador

Conto

27
Capítulo
1
b. Esses fatos ocorreram ao mesmo tempo? Explique.
Não. A morte do irmão ocorreu primeiro.

12. Sobre o emprego dos artigos no texto, analise as afirmações a seguir.


I. Em “uma foto”, o artigo determina o sentido do substantivo.
II. Na oração “ele respondeu”, o artigo se refere ao pai.
III. Em “o menino”, o artigo poderia ser substituído por um, sem prejuízo da correção gra-
matical e do sentido.
Está correto o que se afirma apenas em:
a. I. b. II. c. III. d. I e II. e. II e III.

13. Costuma-se falar que substantivo é a palavra que dá nome aos seres, mas esse é um
conceito um tanto incompleto, dado que existem também palavras que originalmente per-
tencem a outras classes gramaticais, mas que, em algumas situações, comportam-se como
substantivos, quando colocamos um artigo antes delas, por exemplo. A esse fenômeno
dá-se o nome de substantivação. Logo, é muito mais lógico conceituar substantivo como
toda palavra que pode ser antecedida por um determinante (artigo, pronome possessivo/
demonstrativo, numeral cardinal/ordinal). Agora, leia as frases a seguir:

I. Dizem que mais importante que o receber é o dar.


II. A beleza de cada pessoa não se resume à aparência física, tenha certeza disso.
III. Depois que limpei a casa toda, o inteligente do Rodrigo passou com a sandália toda suja
de terra!
IV. A charge é um gênero textual humorístico cuja função é criticar um acontecimento ou
personalidade pública.
V. Só os ousados saem na frente neste serviço.

Ocorre o processo de substantivação apenas em:


a. I, II e IV. b. I, IV e V. c. I, III e V. d. II, III e IV. e. II, IV e V.

14. Observe o título da série a seguir, originária da Netflix.


a. Como se classifica a palavra defensores nesse contexto? Ex-
plique.
Como um substantivo, pois foi substantivada pelo emprego do
artigo.

b. Escreva uma frase utilizando a palavra defensores e a classifi-


que de acordo com o sentido que você lhe atribuir.
Divulgação.

Resposta pessoal.

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Ca 28
É hora de produzir

Leitura Antes de começar a escrever


Complementar Da utilidade dos animais
Terceiro dia de aula. A professora é um não sabe que o cachorro é o maior amigo
amor. Na sala, estampas coloridas mos- da gente? Cachorro faz muita falta. Mas
tram animais de todos os feitios. “É preciso não é só ele não. A galinha, o peixe, a
A tipologia de Norman Fried-
querer bem a eles”, diz a professora, com vaca… Todos ajudam […].”
man um sorriso que envolve toda a fauna, pro- ANDRADE, Carlos Drummond de. Da utilidade dos animais.
In: De notícias e não notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro:
tegendo-a. “Eles têm direito à vida, como
Propondo uma tipologia mais
José Olympio, 1975.
nós, e além disso são muito úteis. Quem

sistemática e, ao mesmo tem- No início do conto Da utilidade dos animais, você percebeu

po, mais completa, Norman Compartilhe que duas vozes se cruzam: a do narrador e a da professora. O
narrador é a voz utilizada pelo autor para fazer sua narração,
ideias
Friedman levanta as princi- por isso não podemos confundir autor e narrador.

pais questões a que é preciso


Em uma narrativa, o narrador pode contar os fatos a partir
de dois pontos de vista, ou seja, dois focos narrativos, o que
responder para tratar do nar- determina o tipo de narrador. Relembrando:
Foco narrativo em primeira pessoa – o narrador é também
rador: Quem conta a história? personagem da própria história que conta, isto é, ele vivencia

Trata-se de um narrador em os fatos narrados. Por essa razão, esse foco narrativo determi-
na o que chamamos de narrador-personagem.
primeira ou terceira pessoa? Foco narrativo em terceira pessoa – o narrador não par-

Não há ninguém narrando?


ticipa da história; ele apenas observa o desenrolar dos fatos e
narra-os com certo distanciamento, por isso é definido como
De que posição ou ângulo em narrador-observador.
Agora, você certamente percebeu que o trecho do conto Da
relação à história o narrador utilidade dos animais foi produzido com foco narrativo em ter-
conta (Por cima? Na periferia? ceira pessoa, e seu narrador, portanto, é apenas um observa-
dor, não participa dos fatos narrados. Sua tarefa será reescre-
No centro? De frente? Mudan- ver o trecho do conto lido acima, adotando o foco narrativo em

do?)? Que canais de infor-


primeira pessoa. Como narrador-personagem, reescreva esse
fragmento imaginando-se como um dos alunos da turma.
mação o narrador usa para Proposta
comunicar a história ao leitor Nesta atividade, você produzirá um conto com foco narrativo
(palavras? Pensamentos? Sen- em primeira pessoa, ou seja, o narrador será também perso-
nagem. Ao final, a turma poderá reunir todos os contos produ-
timentos do autor ou do perso- zidos e compor um livro. Escreva seu conto baseado em uma
nagem? Ações? Falas do au- 28
destas imagens:

tor? Falas do personagem? Ou


uma combinação disso tudo?) LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 28 29/03/18 07:30

A que distância ele coloca o geral para o particular: “da decla-


leitor da história (próximo? Dis- ração à inferência, da exposição
tante? Mudando?) à apresentação, da narrativa ao Anotações
A tipologia do narrador de drama, do explícito ao implícito,
Friedman procura fornecer da ideia à imagem”.
elementos para responder a
Disponível em: http://www.ufrgs.br/proin/
essas questões em cada caso. versao_1/foco/index03.html. Adaptado. Acesso
Essa distinção vai nortear a em 22/06/2015.

suas ideias, organizadas do

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Manual do Educador

Conto

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Capítulo
1

Elovich | Shutterstock

rstock
Photographee.eu | Shutte
Vasilyev Alexandr | Shutterstock

Sugestão de
Abordagem
2.

4. Para enriquecer a propos-


Vasilyev Alexandr| Shutterstock

1. ta, seria interessante levar


3.
para a sala de aula mais
Planejamento imagens que possam servir
Para produzir seu conto, pense nisto:
como tema para a produ-
1. Narrador-personagem – Identifique quem é o narrador,
imagine sua história de vida, quem são seus antagonistas, ção do conto.
o que acontece com ele…
2. Fatos narrados – Selecione os fatos que você desenvolve-
rá no conto, procurando colocá-los em ordem crescente de
tensão até atingir o clímax. BNCC – Habilidades gerais
3. Espaço – Onde se passa o conto?
4. Personagens – Quais são os outros personagens do conto? EF69LP05 EF69LP53
EF69LP44 EF69LP54
Avaliação EF69LP47 EF69LP56
1. Peça a um colega para avaliar o seu texto. A avaliação de- EF69LP51
verá contemplar os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


Há narrador-personagem? BNCC – Habilidades específicas
O enredo está estruturado?
Há descrição da cena? EF67LP28 EF67LP33
Os personagens estão caracterizados? EF67LP30 EF07LP10
2. Após a avaliação, discuta com seu colega sobre os comen-
EF67LP32
tários que ele fez do seu conto. Que sugestões ele tem para
melhorar seu texto?
3. Agora, no seu caderno, reescreva os trechos que julgar ne-
cessários.
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Anotações

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Ca 30
MoMEnTo
Do
Conto

u n A luz é como a água


g
sE No Natal, os meninos tornaram a pedir um barco a remo.
— De acordo — disse o pai —, vamos comprá-lo quando
voltarmos a Cartagena.
Antes de Totó, de 9 anos, e Joel, de 7, estavam mais decididos do que
começar a ler
seus pais achavam.
O conto que você vai ler — Não — disseram em coro. — Precisamos dele agora e aqui.
Sugestão de é um dos mais belos da
literatura mundial. Foi
— Para começar — disse a mãe —, aqui não há outras águas
navegáveis além da que sai do chuveiro.
Abordagem escrito pelo prêmio Nobel
de Literatura de 1982, o Tanto ela como o marido tinham razão. Na casa de Carta-
colombiano Gabriel García
Márquez (1927-2014), e gena de Índias, havia um pátio com um atracadouro sobre a
faz parte do seu livro Doze
Para ampliar o conhecimento de
baía e um refúgio para dois iates grandes. Em Madri, porém,
contos peregrinos. Nesse
viviam apertados no quinto andar do número 47 do Paseo de
texto, García Márquez usa
mundo dos alunos, sugira uma do realismo mágico, ponto
muito marcante em sua obra.
la Castellana. Mas, no final, nem ele nem ela puderam dizer
não, porque haviam prometido aos dois um barco a remo com
pesquisa sobre Cartagena de Ín- Em 1967, o escritor publicou
seu livro mais importante,
sextante e uma bússola se ganhassem os louros do terceiro

dias, uma belíssima cidade por- ano primário, e tinham ganhado. Assim sendo, o pai comprou
Cem anos de solidão. Nessa
obra, ele narra a trajetória
tudo sem dizer nada à esposa, que era a mais renitente em
tuária ao norte da Colômbia, elei-
dos Buendía na cidade
imaginária de Macondo, pagar dívidas de jogo. Era um belo barco de alumínio com um
fio dourado na linha de flutuação.
ta patrimônio histórico e cultural
desde a sua fundação até a

— O barco está na garagem — revelou o pai na hora do


sétima geração. Essa obra
ganhou destaque mundial

da humanidade. Sua história está desde as primeiras semanas


de sua publicação, sendo
almoço. — O problema é que não tem jeito de trazê-lo pelo ele-
vador ou pela escada, e na garagem não tem mais lugar.
inserida, é claro, nas narrativas considerada um marco da
literatura latino-americana. No entanto, na tarde do sábado seguinte, os meninos con-

sobre as descobertas do novo No início deste capítulo, vimos


que, muitas vezes, um escritor
vidaram seus colegas para carregar o barco pelas escadas e
conseguiram levá-lo até o quarto de empregada.
mundo: ela foi colônia espanhola.
se inspira para escrever um
conto a partir de um mote. Foi
o que aconteceu com Gabriel

Também seria muito interessante


García Márquez. Veja como
ele explica a origem desse

estimular seus alunos a pesqui-


conto:
“Esta aventura fabulosa foi o

sarem sobre o Paseo de la Cas-


resultado de uma leviandade
minha quando participava de
um seminário sobre a poesia
tellana, em Madri. Esta famosa dos utensílios domésticos.
Totó me perguntou como

avenida já foi curso de um anti- era que a luz acendia só


com a gente apertando um

go rio. Mais adiante, no conto, botão, e não tive coragem


para pensar no assunto duas

aparece o seguinte: “saía pelas


vezes. — A luz é como a
água — respondi. — A gente

varandas, derramava-se em tor-


abre a torneira, e sai.”

rentes pela fachada e formou um 30

leito pela grande avenida, numa


correnteza dourada que iluminou LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 30 29/03/18 07:30

a cidade até o Guadarrama”.


BNCC – Habilidades gerais
Anotações
EF69LP44 EF69LP53
EF69LP47 EF69LP54
EF69LP49

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28 EF67LP38
Pôr do sol em Cartagena de Índias.

3030

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Manual do Educador

Conto

31
Capítulo
1
— Parabéns — disse o pai. — E agora?
— Agora, nada — disseram os meninos. — A única coisa
que a gente queria era ter o barco no quarto, e pronto. Sugestão de
Na noite de quarta-feira, como em todas as quartas-feiras, os
pais foram ao cinema. Os meninos, donos e senhores da casa, Abordagem
fecharam portas e janelas e quebraram a lâmpada acesa de um
lustre da sala. Um jorro de luz dourada e fresca feito água co-
meçou a sair da lâmpada quebrada, e deixaram correr até que
No segundo momento deste ca-
o nível chegou a quatro palmos. Então desligaram a corrente, Dicionário pítulo, o texto principal, de García
Márquez, traz a riqueza da litera-
tiraram o barco e navegaram com prazer entre as ilhas da casa.
E assim continuaram navegando nas noites de quarta-feira, Louros – Folhas do
aprendendo a mexer com o sextante e a bússola, até que os loureiro arrumadas em
formato de grinalda, tura fantástica para a sala de aula.
pais voltavam do cinema e os encontravam dormindo como an-
jos em terra firme. Meses depois, ansiosos por ir mais longe,
usadas pelos gregos e
pelos romanos para coroar Partindo do pressuposto de que a
pediram um equipamento de pesca submarina. Com tudo: más-
sua literatura é feita com elemen-
os vencedores de torneios.
Renitente – Teimoso.
caras, pés de pato, tanques e carabinas de ar comprimido.
tos do dia a dia, como ele pró-
Gardênia – Flor grande e
— Já é ruim ter no quarto de empregada um barco a remo aromática nativa de regiões
que não serve para nada — disse o pai. — Mas pior ainda é
prio afirma em Cheiro de goiaba
tropicais e subtropicais,

querer ter, além disso, equipamento de mergulho.


muitas vezes cultivada

(Record), podemos buscar boas


como ornamental.
— E se ganharmos a gardênia de ouro do primeiro semes- Devido à delicadeza e à
tre? — perguntou Joel. exclusividade da gardênia,

— Não — disse a mãe, assustada. — Chega.


no texto subentende-
-se que a gardênia de ouro
ideias no Festival Internacional
O pai reprovou sua intransigência.
— É que estes meninos não ganham nem um prego por
seria a premiação máxima
conferida pela escola
de Teatro de Objetos (Fito), que
cumprir seu dever — disse ela —, mas por um capricho são
aos alunos com melhor
desempenho. reúne artistas do mundo inteiro.
O objetivo é revelar, como García
capazes de ganhar até a cadeira do professor.

Márquez, “a poesia dos utensí-


lios domésticos”. Assim, criamos
boas possibilidades de trabalho:
1. Produção de texto: seus alu
nos podem escrever sobre brin-
cadeiras com objetos. Uma cama
que se torna um navio, um balde
que vira tambor, etc. Cada um
pode relatar como lidava, na in-
31 fância, com o mundo a sua volta.
2. Festival de cinema ou de
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teatro: dividindo a turma em
grupos, solicite que cada gru-
po crie uma narrativa com ob-
Anotações jetos, utilizando os conceitos de
enredo, personagem, narrador,
cena, clímax, etc. A ideia é que
eles produzam curtas-metra-
gens ou encenações teatrais e
se apresentem em um festival.

31

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o
1
ul
p ít
Ca 32

Sugestão de
Abordagem

“[…] mergulharam como tu-


barões mansos por baixo
dos móveis e das camas e
resgataram do fundo da luz
as coisas que durante anos
No fim, os pais não disseram que sim ou — Deus te ouça — respondeu a mãe.
tinham-se perdido na escu- que não. Mas Totó e Joel, que tinham sido Na quarta-feira seguinte, enquanto os
ridão.” os últimos nos dois anos anteriores, ganha-
ram em julho as duas gardênias de ouro e o
pais viam A batalha de Argel, as pessoas
que passaram pela Castellana viram uma
reconhecimento público do diretor. Naquela cascata de luz que caía de um velho edifí-
Essa passagem pode ser mesma tarde, sem que tivessem tornado a cio escondido entre as árvores. Saía pelas
um bom mote para discus- pedir, encontraram no quarto os equipamen- varandas, derramava-se em torrentes pela

são. Como será que seus


tos em seu invólucro original. De maneira fachada e formou um leito pela grande ave-
que, na quarta-feira seguinte, enquanto os nida, numa correnteza dourada que iluminou
alunos compreendem luz e pais viam O último tango em Paris, enche-
ram o apartamento até a altura de duas bra-
a cidade até o Guadarrama. Chamados com
urgência, os bombeiros forçaram a porta do
escuridão no universo des- ças, mergulharam como tubarões mansos quinto andar e encontraram a casa coberta

se conto?
por baixo dos móveis e das camas e resga- de luz até o teto.
taram do fundo da luz as coisas que durante O sofá e as poltronas forradas de pele
de leopardo flutuavam na sala a diferentes
Aproveite para realçar a
anos tinham-se perdido na escuridão.
Na premiação final, os irmãos foram acla- alturas, entre as garrafas do bar e o pia-
construção insólita em “do mados como exemplo para a escola e ga- no de cauda com seu xale de Manilha que
nharam diplomas de excelência. Dessa vez, agitava-se com movimentos de asa a meia
fundo da luz” e refletir com não tiveram que pedir nada, porque os pais água como uma arraia de ouro. Os utensí-

eles sobre como isso con- perguntaram o que queriam. E eles foram
tão razoáveis que só quiseram uma festa
lios domésticos, na plenitude de sua poesia,
voavam com suas próprias asas pelo céu
tribui para a construção da em casa para os companheiros de classe. da cozinha. Os instrumentos da banda de
guerra, que os meninos usavam para dan-
imagem poética e do argu-
O pai, a sós com a mulher, estava radiante.
— É uma prova de maturidade — disse. çar, flutuavam a esmo entre os peixes co-
mento. 32

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Leitura Complementar Anotações

SOLÉ, Isabel (1998).


Estratégias de leitura.
Porto Alegre: Artmed.

3232

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Manual do Educador

Conto

33
Capítulo
1
Diálogo com
o professor

Perguntas inferenciais são


aquelas cujas respostas
não estão na superfície do
texto, mas são extraídas de
“pistas”, informações que
permitem ao leitor levantar
hipóteses. Elas estimulam o
loridos liberados do aquário da mãe, que eram os únicos que raciocínio e, para respondê-
flutuavam vivos e felizes no vasto lago iluminado. No banheiro,
flutuavam as escovas de dentes de todos, [...] os potes de cre-
-las, o aluno precisa aces-
me e a dentadura de reserva da mãe, e o televisor da alcova sar ainda mais seu conheci-
principal flutuava de lado, ainda ligado no último episódio do
filme [...]. No final do corredor, flutuando entre duas águas, Totó mento de mundo, segundo
estava sentado na popa do bote, agarrado aos remos e com a o que lhe é oferecido no tex-
máscara no rosto, buscando o farol do porto até o momento em
que houve ar nos tanques de oxigênio, e Joel flutuava na proa to. A questão 11 da seção
buscando ainda a estrela polar com o sextante, e flutuavam
pela casa inteira seus 37 companheiros de classe, eternizados
Dicionário
Desvendando os segredos
no instante de fazer xixi no vaso de gerânios, de cantar o hino A esmo – Sem direção
definida.
do texto na página seguinte
é um bom exercício para a
da escola com a letra mudada por versos de deboche contra o Alcova – Quarto.
diretor, de beber às escondidas um copo de brandy da garrafa Gerânios – São plantas de
do pai. Pois haviam aberto tantas luzes ao mesmo tempo que pequeno porte que vivem
bem no clima temperado. capacidade de inferir.
a casa tinha transbordado, e o quarto ano elementar inteiro da Têm flores de formatos
escola de São João Hospitalário tinha se afogado no quinto variados, sempre muito
coloridas.
andar do número 47 do Paseo de la Castellana. Em Madri de
Brandy – Produto
Espanha, uma cidade remota de verões ardentes e ventos ge- resultante da destilação do
lados, sem mar nem rio, e cujos aborígines de terra firme nunca vinho; conhaque.
foram mestres na ciência de navegar na luz.
Dezembro de 1978.
MÁRQUEZ, Gabriel García. Doze contos peregrinos.
Sugestão de
Rio de Janeiro: Record, 1992. pp. 65–66.
Abordagem
33
Para os pais de Totó e Joel,
o que seria maturidade?
Peça para seus alunos re-
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fletirem sobre isso. Será que


Anotações o texto nos dá alguma pis-
ta? Depois, questione o que
eles acham que é maturida-
de e se consideram Totó e
Joel maduros ou imaturos.
Por fim, convide-os a refletir
sobre si mesmos, segundo
suas próprias opiniões.

33

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o
1
ul
p ít
Ca 34
Desvendando os segredos do texto
Sugestão de Abordagem 1. Nesse conto, podemos identificar a presença de que tipo de
narrador?

Além das palavras que selecio-


Narrador em terceira pessoa.

namos para o vocabulário, seria 2. Quando os pais negaram o barco a remo, os filhos disse-
ram em coro: “Precisamos dele agora e aqui”. Como se trata de
interessante trabalhar o sentido um ato de fala, podemos afirmar que essa frase expressa:
de outras: a) Um pedido urgente.
b) Um lamento.
Aprenda
Sextante é um instrumento de mais! c) Uma ordem impensada.
d) Um grito de socorro.
navegação que permite medir a Sempre que falamos ou
escrevemos para alguém,
e) Um pedido de paciência.

altura dos astros, apesar da ins- temos uma intenção: fazer


um convite, alertar sobre 3. Para justificar a inutilidade de os filhos terem em casa um

tabilidade do observador. Seria um perigo, pedir licença, barco a remo, a mãe argumentou: “Para começar, aqui não há
outras águas navegáveis além da que sai do chuveiro”. Nessa
prometer algo, agradecer

produtivo mostrar uma imagem e um favor, desculpar-nos,


etc. Assim, tudo que fala, podemos identificar a presença da ironia. O que ela quis

contar um pouco sua história. No


falamos são ações. Essas dizer na verdade?
ações que se dão por
Como a ironia consiste em afirmar o contrário daquilo que se
conto, com o sextante, Joel bus-
meio da palavra são o que
chamamos de atos de
fala. O menor ato de fala é pensa, na verdade ela quis dizer que era impossível navegar
ca a estrela polar, que é tradi- definido como frase.
dentro de casa.
cionalmente utilizada como ponto
de referência náutica, uma antiga
4. Com base no texto, podemos supor que a família possuía
boas condições financeiras ou vivia em dificuldades? Como era
orientação para a humanidade. Aprenda o contexto econômico em que vivia a família? Justifique sua
mais! resposta com uma frase do texto.
Totó estava sentado na popa do A compreensão do A família certamente dispunha de boas condições de vida. “Na
bote, que é a parte traseira de
contexto econômico
e social que envolve a casa de Cartagena de Índias, havia um pátio com um atraca-

todas as embarcações. É onde


narrativa é fundamental
para a criação da obra e, douro sobre a baía e um refúgio para dois iates grandes.”
consequentemente, para
tradicionalmente fica o aparelho a construção do sentido 5. Leia:

de manobra. Daí a expressão de


do texto por parte do leitor.
Dessa forma, a descrição
— Para começar — disse a mãe —, aqui não há ou-
vento em popa, geralmente usa-
dos personagens e do
espaço contribuem para tras águas navegáveis além da que sai do chuveiro.
que o texto seja coerente.
da com otimismo, quando as coi- No Primeiro Momento deste capítulo, vimos que é muito co-

sas na vida parecem favoráveis. 34

Joel estava na proa, que é justa-


mente a “frente” da embarcação.
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Totó segurava os remos, e Joel ou aborígenes, são povos autóc- terra firme realça a caraterística
se orientava por estrelas. tones, sociedades nativas de um de um povo acostumado a viver
O narrador termina assim: “Em determinado lugar. num lugar “sem mar nem rio”?
Madri de Espanha, uma cidade A pesquisa sobre essas palavras Será que a força da palavra abo-
remota de verões ardentes e ven- e a reflexão sobre seus usos no rígine contribui para isso? É uma
tos gelados, sem mar nem rio, e texto irão enriquecer a intepreta- boa pergunta para eles.
cujos aborígines de terra firme ção dos seus alunos. Por exem-
nunca foram mestres na ciência plo, o texto nos permitiria pensar
de navegar na luz”. Aborígines, que a expressão aborígine de

3434

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Manual do Educador

Conto

35
Capítulo
1
mum o emprego da conotação nos textos narrativos. Que figura de linguagem percebemos
nesse trecho?
A ironia. BNCC – Habilidades gerais
6. Identificamos o uso de uma figura de linguagem no titulo do texto.
EF69LP47
a) Que figura é essa?
EF69LP49
Comparação.

b) Como essa figura contribui para o aspecto extraordinário da narrativa?


Na narrativa, a comparação passa a ser real, instaurando o aspecto fantástico. BNCC – Habilidades específicas
7. Em A luz é como a água, temos Totó e Joel como personagens principais e desenca-
EF67LP28
deadores de um enredo extraordinário. Desde o princípio da narrativa, os dois demonstram
grande interesse por equipamentos para mergulho e por um barco. Tal desejo gera estra- EF67LP38
nhamento nos pais, pois no pequeno apartamento que habitavam em Madri, Espanha, não
havia “outras águas navegáveis além da que sai do chuveiro”. Como os meninos venceram
esse obstáculo?
Os meninos quebraram uma lâmpada acesa e viram um jorro de luz inundar a casa. A
partir de então, começaram a navegar pela luz.

8. No discurso que fez na cerimônia em que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em


1982, Gabriel García Márquez se referiu a si mesmo como descendente de uma linhagem
de “inventores de fábulas que acreditam em tudo”. Morto em 17 de abril de 2014, aos 87
anos, ele deixou uma obra envolvente, permeada pelo chamado realismo mágico. Com
base no texto lido, explique o que você entende por realismo mágico.
Resposta pessoal. Esperamos que os alunos percebam, a partir do conto, que o realismo
Anotações
mágico consiste na mistura entre o real e a fantasia, construída com tanta naturalidade que
envolve o leitor e o leva a acreditar em qualquer coisa.

9. O realismo mágico está muito presente nesse conto. A esse respeito, analise as afirma-
ções a seguir.
I. A luz é vista como fantástica somente pelos meninos, que navegam nela quando estão
sozinhos.
II. O fantástico é visto naturalmente como real, por isso a luz é, de fato, líquida como a água.
III. O conto revela uma realidade em que não há distinção entre o possível e o impossível.

É correto o que se afirma apenas em:


a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

35

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35

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o
1
ul
p ít
Ca 36
10. A caracterização do personagem, como o próprio termo sugere, é a soma de todas as
suas características, tudo o que pode ser descoberto por meio de uma análise cuidadosa:
idade, aparência, temperamento, escolhas, atitudes, modo de falar, etc. Nos textos nar-
Sugestão de rativos em geral, a caracterização é feita ao longo da história, revelando os personagens
Abordagem basicamente em três dimensões: física, sociológica e psicológica. De fato, muitos aspectos
fazem parte dessa qualificação, porém um dos mais importantes é o perfil psicológico.
Esse perfil corresponde à sua maneira de agir, pensar, falar, etc. A caracterização pode
Para as questões da seção Aná- ser feita de maneira direta ou indireta. Quando o narrador descreve o personagem, por
lise linguística, propomos estas exemplo, está caracterizando-o diretamente. Já a caracterização indireta ocorre quando o
narrador não descreve os personagens, mas deixa pistas sobre como ele é, pensa, age.
respostas: a) No conto, o narrador opta pela caracterização direta ou indireta dos personagens?
1. Não é possível jogar no campo O narrador opta pela caracterização indireta.
devido à grande quantidade b) Descreva o perfil psicológico do pai de Totó e Joel. Selecione um trecho do texto que
de lixo. denote esse perfil.
O pai dos meninos parece ser bastante compreensivo e gosta de satisfazer os gostos dos
2. Complementando o sentido do
filhos. No início do conto, quando eles tornam a pedir um barco a remo, ele imediatamente
verbo jogar com o termo lixo:
concorda em atender ao pedido. Adiante, para cumprir a promessa feita aos meninos, ele
“Proibido jogar lixo”.
compra o barco e não diz nada à mulher.
3. A palavra em expressa uma
c) Descreva também o perfil psicológico da mãe dos meninos.
noção de lugar.
A mãe dos meninos parece ser bastante racional e questionadora. Não atende aos capri-
Para a questão 11, sugerimos es- chos dos filhos sem que tenha uma boa justificativa para isso. Nas duas ocasiões em que
tas respostas eles pediram presentes, ela lhes negou com intransigência.
a) Afirmação falsa. “No Natal, os
11. Agora, você analisará as afirmações a seguir e indicará se são verdadeiras ou falsas
meninos tornaram a pedir um com base nas suposições que podemos fazer sobre as informações presentes no texto.
barco a remo.” Para justificar sua resposta, escreva no seu caderno uma frase do texto que esclareça cada
uma delas. Em alguns casos, é possível admitir mais de uma justificativa.
b) Afirmação verdadeira. “O pai
a) No Natal, os meninos pediram pela primeira vez um barco a remo.
reprovou sua intransigência.” b) O pai dava mais atenção aos pedidos dos filhos que a mãe.
c) Afirmação verdadeira. “Mas, c) Os meninos eram determinados a alcançar seus objetivos.
d) Os pais conheciam muitos filmes.
no final, nem ele nem ela pude- e) Cartagena de Índias não é uma cidade litorânea.
ram dizer não, porque haviam f) O barco dos meninos flutuou na luz porque, sendo de madeira, não poderia ser utilizado
prometido aos dois um barco na água para não apodrecer.
g) O edifício onde a família morava era alto, com mais de três andares.
a remo com sextante e bússo- h) O edifício onde a família morava era velho e ficava no centro da cidade.
la se ganhassem os louros do i) Certamente alguém da família gostava de música clássica.

terceiro ano primário, e tinham 36

ganhado.”
d) Afirmação verdadeira. “Na noi- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 36 29/03/18 07:35

te de quarta-feira, como em to- compreendendo-o globalmente, luz até o teto.”


das as quartas-feiras, os pais é possível afirmar que os meninos h) Afirmação verdadeira. “Na quarta-
foram ao cinema.” navegaram na luz porque não po- -feira seguinte, enquanto os pais
e) Afirmação falsa. “Na casa de deriam fazê-lo na água, dentro de viam A batalha de Argel, as pes-
Cartagena de Índias, havia um casa, afinal “a luz é como a água”, soas que passaram pela Castella-
pátio com um atracadouro so- fantasia que revela o realismo má- na viram uma cascata de luz que
bre a baía e um refúgio para gico do texto. caía de um velho edifício escondi-
dois iates grandes.” g) Afirmação verdadeira. “Chama- do entre as árvores. Saía pelas va-
f) Afirmação falsa. Não há fra- dos com urgência, os bombeiros randas, derramava-se em torren-
se no texto que possa justi- forçaram a porta do quinto andar tes pela fachada e formou um leito
ficar a resposta. No entanto, e encontraram a casa coberta de pela grande avenida, numa cor-

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Manual do Educador

Conto

37
Capítulo
1
Análise linguística
Diálogo com
o professor
As preposições
Leia a tirinha: Optamos por uma defini-
SILVESTRE/Eudson de Paula ção mais simples de pre-
posição, mesmo sabendo
que tal simplicidade po-
deria gerar problemas de
ordem didática. Como ain-
da não trabalhamos com a
1. Para Silvestre, por que é impossível jogar no campo?
sintaxe propriamente dita,
2. Ao que parece, a placa colocada pelo homem na árvore à preferimos seguir por esta
beira do campo está com o sentido incompleto, o que des-
perta o aborrecimento de Silvestre. Como poderíamos des- linha para não confundir os
fazer esse problema de sentido? alunos. No entanto, depen-
3. Na tira, qual é a relação de sentido expressa pela palavra em?
dendo do nível de conheci-
Nesse contexto, a palavra em é classificada como uma pre-
posição. As preposições são palavras invariáveis que unem mentos prévios da turma,
Aprenda
dois termos e contribuem para a construção de sentido entre
eles. Assim, elas podem indicar posse (Aquele carro é de Jor- mais! evidentemente podemos
ge), lugar (Paula está em casa), companhia (Moro com meus O conceito de preposição aprofundar a abordagem e
pais), instrumento (Ela se cortou com a faca), meio (Viajamos
ampliar a definição. Segun-
vem do latim praepositione
de avião), origem (Viemos do Recife), tempo (Vou esperá-los e quer dizer “ato de colocar

até 7 horas), etc. do Azeredo (2008, p. 196),


antes”. Assim, podemos
entender que preposição
As preposições contribuem bastante para a construção do é a palavra que ocupa
sentido e não podem ser utilizadas aleatoriamente. Por isso, uma posição anterior. “chama-se preposição a
Na prática, ela une dois
não faria sentido se, na tirinha, substituíssemos a preposição
em por com. Nesse caso, a preposição mais adequada é mes-
termos, fazendo com que o
segundo fique subordinado
palavra invariável que pre-
mo em, que estabelece uma relação de sentido de lugar. ao primeiro.
cede uma unidade nomi-
nal — substantivo, prono-
No entanto, em muitas situações, não escolhemos a prepo-
sição pensando no seu significado. Nesses casos, ela nos é
imposta pela própria dinâmica da língua, ou seja, ela é determi- me substantivo, infinitivo
nada pela palavra que a precede (verbo, substantivo, adjetivo
ou advérbio): —, convertendo-a em um
37 constituinte de uma unida-
de maior”.
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renteza dourada que iluminou a


cidade até o Guadarrama.”
Diálogo com o professor
i) Afirmação verdadeira. “O sofá e
A propósito do trabalho com a ta de música clássica, mas não
as poltronas forradas de pele
de leopardo flutuavam na sala questão 11, é importante desta- obrigatoriamente. O importante é
a diferentes alturas, entre as car que certas informações ape- que o aluno reconheça como vá-
garrafas do bar e o piano de nas nos permitem supor algo lidas as suas próprias hipóteses,
cauda com seu xale de Ma- dentro da narrativa. Por exemplo, desde que possíveis dentro do
nilha que agitava-se com mo- a presença de um piano de calda texto. Afinal, é ele quem preen-
vimentos de asa a meia água no apartamento nos possibilita che as lacunas e “escreve” a his-
como uma arraia de ouro.” apenas supor que alguém gos- tória com o autor.

37

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o
1
ul
p ít
Ca 38
Gosto de estudar.
Preciso de você.
Confio em você.
Ela estava confiante em mim.
BNCC – Habilidades gerais Ele foi derrotado pelos aborrecimentos.

EF69LP05 As preposições podem se contrair, formando outra preposi-


ção, ou se combinar com outras palavras, originando uma lo-
EF69LP56 cução prepositiva, isto é, um grupo de palavras que funciona
como uma preposição. Observe:

AMIGO/ Eudson de Paula

Repensando o
Ensino da Gramática

O uso das preposições tem ge- Você sabe qual é o melhor amigo do homem?

rado muitas dificuldades para os


alunos, por ter uma relação ín- DE - preposição + O - artigo = DO - preposição (contração)

tima com as regências nominal


e verbal. Seria interessante que Observe que, na contração, a preposição sofre alguma mu-
dança, o que não ocorre na combinação. Veja outros exemplos:
fossem levantadas questões de
regência de alguns nomes e Gosto muito daquele livro.
(preposição de + pronome aquele = contração)
verbos com os quais os alunos
precisam lidar diariamente em Ela estuda num colégio religioso.
(preposição em + artigo um = contração)
sua vida, como na frase “Profes-
sor, posso ir ao banheiro?”. Esse
exemplo pode servir de âncora
para a reflexão sobre variação 38
linguística e situações de comu-
nicação. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 38 29/03/18 07:30

Você pode destacar para os


alunos que, no dia a dia deles, as imposições da gramática tra-
não é gerado nenhum problema dicional, o que é outra discus- Anotações
de comunicação quando dizem são. Importa dizer que, em todos
“Professor, posso ir no banhei- os casos, o sentido da sentença
ro?”, pois a situação de fala é não é dado exclusivamente pela
capaz de esclarecer o objeti- preposição, mas pelo contexto
vo comunicativo. O problema é sociodiscursivo em que o enun-
confrontar essa realidade com ciado é proferido.

3838

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Manual do Educador

Conto

39
Capítulo
1
É possível ver o suspeito através do vidro.
(locução prepositiva = combinação)

Há muita poeira em cima do armário.


(locução prepositiva = combinação)

Prática linguística

1. Complete as lacunas com a preposição adequada:

a) Estávamos ansiosos para o primeiro encontro. (com – para)

b) O médico o considerou apto para o trabalho. (com – para)

c) Mostrou-se atenciosa com todos os colegas. (por – com)

d) Nenhum artista é imune a críticas. (a – para)

e) Tinha antipatia a algumas pessoas. (para – a)

f) Os grandes amigos são solidários uns com os outros. (para


– com)
Dicionário
g) O cigarro é nocivo para o organismo. (com – para)
As fábulas são narrativas
h) A obra era composta de pedaços de madeira. (em – de) curtas cujos personagens
são animais que agem
como seres humanos. A
i) Não guardo ressentimento por vocês. (a – por) intenção é distrair e, ao
mesmo tempo, passar
j) Minha mãe é avessa a brigas. (a – por) algum ensinamento,
expresso por meio de uma
k) Senti falta de minha família. (por – de) lição moral.

2.Os textos a seguir são classificados como fábulas, um gê-


nero textual que compartilha algumas características com os
contos. Leia esses textos procurando preencher as lacunas.
Em seguida, proponha uma lição moral.

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o
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Ca 40
Texto 1
Aprenda
mais! A raposa e as uvas
Uma raposa faminta viu uns cachos de uva pendurados à
Diálogo com Na língua portuguesa,
existem dois tipos de
palavras: as lexicais e as
grande altura, em uma videira que crescia ao longo de uma
o professor gramaticais. As palavras
treliça, e fez de tudo para alcançá-los, saltando o mais alto
lexicais são aquelas que,
como o próprio nome faz
que podia. Mas seu esforço foi em vão, pois os cachos estavam
A confusão que se faz sobre o
supor, compõem o léxico
da língua, isto é, o seu fora de seu alcance. Por isso, ela desistiu de tentar.
uso das preposições se des-
vocabulário. São, portanto,
palavras com as quais Afastou-se e, com um ar de dignidade e indiferença, falou:
dobra em muitos outros casos,
nomeamos os seres, as
ações, as qualidades, etc. — Eu pensei que aquelas uvas estavam maduras, mas vejo
Já as palavras gramaticais
como o emprego do acento dife- são aquelas que, quando
isoladas, são desprovidas
agora que elas eram, na verdade, bastante azedas.

rencial. Não é a presença ou não de significado. Na nossa


comunicação, essas
Moral da história: Quem desdenha quer comprar.
SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 3.
do acento que determina o sen- palavras se apoiam nas
lexicais para compor

tido de uma palavra, mas o seu estruturas maiores. As


preposições são, portanto,
Texto 2

emprego. Não é necessário o O gato e os pássaros


palavras gramaticais.
Observe:

auxílio da grafia para saber se a Você prefere sorvete Um gato, certa vez, ouviu que as aves de um aviário es-

palavra ponto diz respeito a um


com ou sem calda?
tavam todas doentes. Então ele se disfarçou de médico e,
Se retirarmos desse

lugar onde esperamos o ônibus exemplo a preposição


com, que sentido ela
levando consigo alguns instrumentos próprios da profissão
médica, apresentou-se à porta
ou a um tipo de bordado ou a um
teria? Nenhum. O mesmo do local, perguntando pela
aconteceria com a palavra

conceito geométrico. E assim


sem. Fora do contexto, saúde das aves.
as palavras gramaticais
— Nós vamos ficar muito bem — elas responderam, sem
sucessivamente, provavelmente
não têm sentido. Construir
o sentido com uma
deixar o gato entrar — quando não existirem mais gatos para
com todas as palavras.
dessas palavras só seria
possível se elas fossem
inseridas, portanto, nos comer.
num contexto. É o que
As regras de acentuação são acontece neste diálogo,
Moral da história: Um mau amigo é pior que um inimigo.
SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 4.
em que a preposição com,
as únicas que se baseiam mais mesmo isolada, permite a
produção de sentido, mas,
3. Estudamos que as preposições são uma classe de palavras
ou menos solidamente na fala. ainda assim, apoiado na
pergunta: invariáveis, o que quer dizer que não se alteram, independente-
Assim, é um engano imaginar, — Você prefere sorvete
mente do gênero, grau ou número das palavras que ligam. Às

por exemplo, que, ao se mudar


com ou sem calda? vezes, no entanto, as preposições se unem a outras palavras
— Com. para estabelecer uma adequada relação de concordância entre
o acento da palavra sabiá para os termos. É essa união que chamamos de locução prepositi-

o a da primeira sílaba, tem-se o 40

adjetivo sábia. E, se não houver


nenhum acento, tem-se um ver- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 40 29/03/18 07:30

bo, sabia. Ora não é a mudança


de posição ou a eliminação do BNCC – Habilidades gerais
acento gráfico que transforma
Anotações
EF69LP44 EF69LP56
uma palavra em outra, mas é
EF69LP53
o fato de a palavra ser uma ou
ser outra que exige a colocação
do acento em uma ou em outra BNCC – Habilidades específicas
sílaba ou que não haja nenhum
EF67LP28 EF07LP06
acento gráfico. EF67LP36 EF07LP12

4040

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Manual do Educador

Conto

41
Capítulo
1
va. Temos um exemplo desse tipo de locução em:
a) Ela disse aos amigos que estava ocupada.
b) Confio em todos que me ajudaram.
c) Ela esperou a encomenda com alegria.
d) Joice passou por aqui.
e) Eu gosto de você.

4. Comumente, vemos nas gramáticas que as preposições estabelecem relações de sen-


tido, como posse, lugar, companhia, meio, origem, tempo, etc. No entanto, não é apenas
a preposição, isoladamente, que expressa essas relações. Na verdade, o sentido é cons-
truído por meio do conjunto das palavras empregadas no contexto. Por esse motivo, uma
mesma preposição pode ajudar a construir diferentes sentidos. Observe:

Joel e Totó ganharam um barco de alumínio. (Valor semântico de matéria.)


O barco era de Joel e Totó. (Valor semântico de posse.)

Atentando para as relações de sentido, leia as alternativas a seguir e marque a(s) incorreta(s).
a) A costureira se feriu com a tesoura. (Valor semântico de instrumento.)
b) A mala que encontramos na sala é de Marina. (Valor semântico de posse.)
c) Irei com meus primos ao acampamento. (Valor semântico de companhia.)
d) Os turistas vinham do Pará. (Valor semântico de lugar.)
e) Alice viveu de ilusão por muito tempo. (Valor semântico de meio.)
f) Após o diagnóstico, o paciente saiu transtornado do hospital. (Valor semântico de tempo.)
g) Faz 10 anos que tenho uma casa de praia em Paratibe. (Valor semântico de lugar.)
h) Joana todos os dias vem de Camaragibe pro centro do Recife a trabalho. (Valor semân-
tico de companhia.)
i) Gostaria de saber até quando as pessoas ficarão caladas diante de tanta impunidade.
(Valor semântico de tempo.)
j) Fernanda sempre esteve com as amigas nos momentos difíceis. (Valor semântico de
conteúdo.)
k) O tomate está a R$ 3,00. (Valor semântico de preço.)

5. Sabendo que em “Nada se compara ao amor de mãe” o termo em destaque é uma lo-
cução adjetiva, podemos afirmar que:
a) Na locução adjetiva, a preposição deve concordar em gênero e número com o substan-
tivo ao qual se refere.
b) As locuções adjetivas são formadas, necessariamente, por uma preposição e um subs-
tantivo, conforme o exemplo acima.
c) As locuções adjetivas sempre atribuem aos substantivos uma qualidade positiva.
d) Locução adjetiva é a união de duas palavras que, juntas, possuem valor de adjetivo.
e) No exemplo acima, temos uma locução formada por uma preposição e um adjetivo.

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Ca

42 É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Como vimos, nos contos o narrador pode adotar o foco nar-
rativo em primeira ou em terceira pessoa, pois ele pode parti-
cipar ou não das ações que narra. Além disso, outra distinção
importante diz respeito à forma como ele “gerencia” as vozes
do texto. Esse gerenciamento nada mais é que a forma como
ele coloca o discurso dos personagens, que pode ocorrer de
três formas:

• Discurso direto – O narrador reproduz as falas dos perso-


nagens de maneira direta. No texto escrito, essas falas são
apontadas pelo travessão (—) ou pelas aspas (“ ”) e segui-
das, normalmente, de verbos como falar, perguntar, dizer e
responder — os chamados verbos dicendi (de dizer). Ex.:
Aprenda — Quanto tempo devo esperar? — perguntou Vanina quan-
mais! do chegou apressada ao consultório.

Os verbos dicendi são • Discurso indireto – O próprio narrador reproduz, com suas
usados para demonstrar palavras, as falas dos personagens. Nesse caso, a fala não
um comportamento do
personagem ou uma é indicada com travessão ou aspas e não é seguida de um
característica de sua fala. verbo dicendi. Ex.: Quando chegou apressada ao consultó-
Comumente, eles vêm rio, Vanina tratou logo de perguntar quanto tempo deveria
empregados depois da
fala: esperar.

— Pode entrar. — • Discurso indireto livre – Nesse caso, o narrador onisciente


sussurrou Carmem, ao mistura a fala do personagem à sua e a reproduz de maneira
vê-lo.
indireta (sem travessão ou aspas e verbo dicendi), de forma
Podemos imaginar o modo que não podemos identificar com precisão de quem é a fala.
como a personagem falou. Esse tipo de discurso proporciona a transmissão indireta tan-
Não foi gritando, nem
to das falas quanto dos sentimentos e pensamentos dos per-
rápido. Ela sussurrou...
sonagens. Ex.: Quando chegou ao consultório, que pressa!,
Vanina logo perguntou quanto tempo deveria esperar. Não
há tempo a perder.

Proposta
Agora, você escreverá um conto com foco narrativo em ter-
ceira pessoa baseando-se em uma destas cenas:

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Manual do Educador

Conto

43
Capítulo
1

| Shuttestock
filmlandscape | Shuttestock

André Klaassen
Sugestão de
Abordagem

Cena 3
Para realizar a roda de lei-
Cena 1
tura, é interessante instruir
os alunos a ler pelo menos
Robert Adrian Hillman | Shuttestock
uma vez seu conto em voz
stock
Everett Historical | Shutte

alta antes da apresentação.


A intenção é desinibi-los e
Cena 2 Cena 4 ajudá-los a perceberem as
nuanças da narrativa: de-
talhes do texto em que de-
Planejamento verá alterar a voz, realizar
1. Defina quem serão os personagens. gestos, etc. Por meio de
2. Caracterize os personagens e o local onde se desenvolverá a cena. contrato didático, é neces-
3. Antes de começar a escrever seu texto, planeje a sequência narrativa:
sário estabelecer uma or-
dem de leitura e mediar um
Introdução
Criação de um problema
Conflito
pequeno debate após cada
Início da cena. que levará à tensão. sessão, para que os alunos
façam os comentários que
julgarem pertinentes sobre
cada leitura.
Clímax Desfecho
Auge do conflito, Resolução do
tensão extrema. problema.

BNCC – Habilidades gerais


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EF69LP05 EF69LP53
EF69LP44 EF69LP54
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EF69LP47 EF69LP56
EF69LP51

Anotações
BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28 EF67LP33
EF67LP30 EF07LP10
EF67LP32

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o
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Ca

44 Avaliação
1. Você trabalhará com um colega para avaliarem o texto um do outro. Avalie o texto do
seu amigo considerando os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O conto apresenta foco narrativo em terceira pessoa?
A sequência narrativa está bem estruturada (introdução,
conflito, clímax, desfecho)?
A trama cativa o leitor?
O texto está claro?
O desfecho surpreende o leitor?

2. Troquem as avaliações que fizeram do texto um do outro e analisem as observações


feitas. Caso discordem, discutam a fim de chegar a um consenso. Se necessário, rees-
creva seu texto para torná-lo ainda mais interessante.

3. Finalizados os trabalhos, o professor organizará com a turma uma roda de leitura para
que cada um possa apresentar seu conto.

A escrita em foco

Uso do x e do ch
Utilizamos x

• Em palavras de origem indígena, árabe ou africana:

abacaxi maxixe mexerica enxaqueca

• Logo após um ditongo:

caixa caixote peixe faixa frouxo

• Após me- no início de palavras:

México mexer mexilhão

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Manual do Educador

Conto

45
Capítulo
1
• Após en- no início de palavras:

enxada enxabido (sem gosto) enxaguar Sugestão de


Abordagem
Atenção! São exceções:
• As palavras derivadas de cheio:
Ex.: encher, preencher, etc.
• As palavras derivadas de charco.
Palavras com x oriundas
Ex.: encharcar, encharcado. de outras línguas oferecem
• A palavra enchova (um tipo de peixe).
• A palavra mecha (conjunto de fios). uma boa oportunidade para
falar um pouco mais sobre
Utilizamos ch
Para o uso do ch, não há regras específicas. Basta conhe-
a formação da língua portu-
cer, portanto, os casos em que devemos utilizar o x e atentar guesa. Palavras de origem
para a grafia de palavras que usamos diariamente:
indígena, árabe e africana,
chuchu, concha, cachorro, colcha, etc.
tão comuns no nosso léxi-
co, servem para mostrar a
rica mistura de culturas que
forma a nossa.
A escrita em questão Para ampliar o trabalho com
essas palavras, podemos
1. Assinale a alternativa que apresenta erro de ortografia. solicitar aos alunos uma
a) Enchofre.
b) Enchente.
pesquisa de palavras escri-
c) Chave. tas com x e suas origens.
d) Cacho.
e) Cachorro.

2. Escreve-se com x:
a) __ileno. Anotações
b) Bai__ela.
c) __in__ila.
d) __inelo.
e) __inês.

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Ca 46
3. Indique a alternativa em que a grafia de uma das palavras
Compartilhe apresenta desvio ortográfico.
ideias
a) Chip, capricho.
b) Bolacha, bruxa.
BNCC – Habilidades gerais c) Colchão, baichista.
d) Cachimbo, xícara.
e) Xadrez, charco.
EF69LP05 EF69LP47
EF69LP14 EF69LP49 4. Escreve-se com ch:
a) Fle__a.
b) Encai__otar.
c) Bai__inho.
d) Maca__eira.
BNCC – Habilidades específicas e) Me__ido.

EF67LP08 5. Indique a palavra que, segundo a ortografia oficial, deve ser


grafada com x.
EF67LP27 a) Lanxa.
b) Conxa.
c) Xiclete.
d) Xarope.
e) Bolixe.

Anotações 6. Indique a palavra que, segundo a ortografia oficial, deve ser


grafada com ch.
a) Licheira.
b) Licho.
c) Licha.
d) Mochila.
e) Peiche.

7. (Consulplan) Observe as palavras próximo e ameixa. Elas


apresentam a mesma letra x, mas com sons diferentes. A op-
ção em que o x ocorre com os mesmos sons das palavras des-
tacadas é, respectivamente:
a) Tórax, anexo.
b) Expuseram, extraordinário.
c) Exame, exército.
d) Táxi, trouxe.
e) Máximo, caixa.

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Manual do Educador

Conto

47
nTo Capítulo
1
E
A M
r
CE r
En
1. Neste capítulo, conhecemos um pouco das características do conto, um gêne-
ro textual marcado pela narração. Podemos perceber muitas dessas característi-
cas nas histórias em quadrinhos, ou simplesmente HQs. Nelas, cada quadrinho
cria um efeito temporal, mostrando ao leitor a passagem do tempo e a sequência
de ações praticadas pelos personagens. Por esse motivo, dizemos que as HQs
são narrativas sequenciais. Observe esses aspectos no exemplo a seguir, de
Orlandeli.
Divulgação.

Aprenda mais!
Walmir Americo Orlandeli é cartunista, quadrinista e ilustrador, formado no curso de Publicidade e Propaganda.
Atua na área de cartum e ilustração desde 1994. Nas HQs “Sic”, Orlandeli apresenta algo bem diferente do padrão
literário, tendo como principal base o formato de tira dupla e uma narrativa com formato mais curto. Seus textos
possuem influência na linguagem literária, tendo como resultado final algo bem próximo de pequenos “contos
gráficos”.

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Ca
a) Como vimos, um recurso comum nos textos narrativos é a caracterização dos perso-
48 nagens. Como é feita a caracterização dos personagens nessa HQ?
Os personagens são caracterizados por meio das descrições feitas nos textos verbais e
pelas próprias imagens.

b) Que recursos visuais o autor utiliza para caracterizar psicologicamente os personagens?


O autor enfatiza bem a expressão facial dos personagens para caracterizá-los psicologica-
mente. Assim, o Peixe Grande possui aparência sisuda, má, denotando um ar superior. Já
os peixinhos são desenhados com aparência ingênua.

2. Nos quadrinhos em geral, as falas, os pensamentos, as emoções, etc. dos personagens


são apresentados ao leitor por meio de balões.
a) Na HQ Peixe Grande, o autor utiliza balões para expressar a fala dos personagens?
Não. Os personagens não falam.

b) De quem é a fala que aparece nos quadrinhos?


É a fala do narrador.

c) Reflita: por que em alguns quadrinhos a fala aparece dentro de uma caixa, mas em ou-
tros não?
A caixa é utilizada em alguns quadrinhos para possibilitar uma melhor leitura do texto.

3. O humor dessa HQ é despertado no último quadrinho, quando há uma quebra de ex-


pectativa do leitor em função do espaço onde se passa a história. Explique.
A sequência dos quadrinhos nos leva a pensar que a história se passa no oceano, mas no
último quadrinho percebemos que, na verdade, tudo ocorre em um pequeno aquário.

4. Ao longo da narrativa, o Peixe Grande é caracterizado como uma criatura exuberante


e imponente, por isso é admirado e temido pelos peixinhos. Com a quebra de expectativa,
essa caracterização se mantém?
Não. Quando percebemos que o Peixe Grande é admirado em uma realidade pequena e
isolada (o aquário), sua superioridade é diminuída, pois em “outros mares” há peixes bem
maiores que ele.

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Manual do Educador

Conto

49
Capítulo
1
Mídias em contexto
Sugestão de
1. O tema central da história em quadrinhos Peixe Grande é a relação de dominação que Abordagem
o Peixe Grande exerce sobre os peixinhos. Essa relação está baseada na admiração que
os peixinhos têm pelo grandalhão, justamente por serem menores. Sabendo disso, o Pei-
xe Grande se exibe com exuberância e imponência. No entanto, no final da HQ, quando
vemos que a história não se passa no oceano, mas em um pequeno aquário, percebemos
Ao abordar o filme Vida
que essa dominação não faz sentido. Pensando nisso, discuta com os seus colegas e o seu de Inseto, nosso objetivo
traçar um paralelo entre o
professor:
a) Vocês conhecem algum filme cuja temática se assemelha a essa? Qual?
b) Em que situações do cotidiano podemos perceber uma relação de dominação como seu enredo e o enredo da
essa? Nesse contexto, quem é o Peixe Grande e quem são os peixinhos?
HQ Peixe Grande. Para as
2. Um filme muito interessante em que podemos perceber uma relação temática com a
HQ de Orlandeli é o famoso Vida de Inseto, lançado em 1998 pela Pixar. Apesar de ser um
questões propostas, pode-
filme claramente voltado para o público infantil, Vida de Inseto apresenta em seu enredo mos trabalhar com as res-
abordagens próprias dos adultos, com uma narrativa intensa que o transforma em um filme
mais sobre a natureza humana que sobre a vida dos insetos. A base do enredo é a relação postas a seguir.
de dominação que os gafanhotos exercem sobre as formigas, que são escravizadas por
eles para juntar comida. a) Do mesmo modo que
a) No enredo do filme, o gafanhoto Hopper, o vilão, é um o Peixe Grande, o ga-
fanhoto Hopper, o vilão
personagem bastante parecido com o Peixe Grande.
Indique o que há em comum entre esses personagens.
b) Hopper odeia novas ideias. Em uma cena do filme, da história, exerce do-
minação sobre criaturas
ele assassina três gafanhotos de sua gangue sem de-
monstrar qualquer sinal de remorso somente porque
tiveram a ideia de que talvez não fosse mais necessá-
rio voltar ao formigueiro para aterrorizar as formigas.
que considera inferiores.
Em outra cena, quando faz um discurso incisivo para Entretanto, seu domínio
as formigas, ele diz exatamente o que pensa sobre ter
ideias: se limitar ao âmbito do
formigueiro, exatamente
Divulgação.

— Que isso sirva de lição para todas vocês, formigas.

como o aquário em que


Ideias são coisas muito perigosas. Vocês são furado-
ras de terra desmioladas colocadas neste mundo para
nos servir.
Nesse contexto, explique por que Hopper considera as
vivem os peixinhos.
ideias “coisas muito perigosas”.
c) No filme, que personagem representa as ideias novas,
b) Hopper é contra ideias
uma ameaça ao domínio de Hopper? porque, ao colocá-las em
49 prática, as formigas se-
riam capazes de mudar a
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap1.indd 49 29/03/18 07:30 realidade, a escravização
de que eram vítimas.
c) No enredo do filme, as
Anotações novas ideias são repre-
sentadas por Flick, o pro-
tagonista, que é inventor.
Sugestão: podemos fazer
um contraponto interessante
entre essas duas obras e o
Mito da Caverna, de Platão.

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Ca 50

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo 2 De volta
deve ser capaz de: às origens
•• Demonstrar conhecimento
básico sobre os gêneros e
suas funções sociais: o que 1. Quando falamos em um lugar fechado e

Conhecimentos prévios
é um mito? Para quem são amplo, ouvimos nossa voz repercutir no
ambiente. É o que chamamos de eco.
escritos/narrados? Por quê? Você sabe por que isso ocorre?

Para quê? 2. Imagine-se na Grécia Antiga, por volta


do século VI a.C. Como você acha que

•• Expressar-se sobre os temas


os gregos naquele tempo entendiam o
que é o eco?
abordados. 3. Ao longo da História, os seres humanos
sempre procuraram entender a nature-
•• Ler, planejar, escrever e ava- za. Qual seria a fonte de conhecimento
dos primeiros seres humanos sobre os
liar um mito, refletindo sobre fenômenos da natureza?

as possibilidades de uso que


a língua lhes oferece.
•• Reconhecer os tipos e fun-
Caracterizando o gênero
ções dos pronomes no uso
da língua. Os mitos são histórias que narram, de modo fantasioso, a origem dos misté-
rios, da vida, dos fenômenos da natureza, do homem. Essas histórias foram
•• Reconhecer os ditongos tra- criadas pelos povos para satisfazer sua necessidade de encontrar explica-

balhados no capítulo. ções para esses elementos. Como o conhecimento científico é produ-
zido lentamente através dos tempos, nem sempre esses povos dis-
punham de dados concretos para explicá-los. A solução? Bem, a
solução foi recorrer à fantasia, ao misticismo, à imaginação…

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Anotações

5050

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Manual do Educador

Mito

51
Diálogo com
o professor

Ao final deste capítulo, é


fundamental que os alunos
não apenas compreendam
o que é um mito, mas enten-
dam também de que forma
essas narrativas colaboram
para a formação da cultu-
ra e da língua de um povo.
rs
to
ck
Não deixe de inserir em sala
de aula mais mitos.
tte
hu
|S
oz
ar
_m
lia
ta
na

Anotações

O que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções dos mitos
• Os pronomes e o mecanismo da coesão
• Pronomes possessivos, indefinidos e
relativos
• Os ditongos ei, eu e oi

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Ca 52
MOMeNTO
O Mito
e ir Eco e Narciso
iM
Leitura Pr — Não aguento mais essa tagarela da Eco — segredou um
dia a deusa dos bosques a uma das suas ninfas.
De fato, não era só Diana que não suportava mais o falatório
Complementar da ninfa; nenhuma das suas amigas podia mais vê-la pela fren-
te sem fugir de sua língua incansável. Apesar de ser tão bela
quanto a mais bela das ninfas, Eco tinha a mania incontrolável
Narciso de falar pelos cotovelos.
Há muito tempo, na floresta, pas- Antes de
começar a ler
— Por que não se cala de vez em quando? — diziam-lhe as

seava Narciso, o filho do sagrado


amigas.
O texto que você vai — Homem algum suportará uma mulher que fale sem parar,
rio Kiphissos. Era lindo, porém ti- ler agora foi retirado do
livro As 100 melhores
mesmo sendo tão bela como você.
Mas Eco não se corrigia e prosseguia falando até a exaus-
nha um modo frio e egoísta de ser, histórias da mitologia,
uma excelente coletânea tão. Um dia, porém, meteu-se com Juno, a esposa de Júpiter, e

era muito convencido de sua bele-


de mitos greco-romanos isso foi a sua ruína.
organizada por Carmen O deus dos deuses tinha dado mais uma de suas escapadas,
za e sabia que não havia no mun-
Seganfredo e A. S.
Franchini. Neste texto, é e Juno andava por perto, farejando o seu rastro. A própria Eco

do ninguém mais bonito que ele.


narrada a história da ninfa já gozara dos favores de Júpiter e prometera ocultar, a pedido
Eco e de Narciso, um do grande deus, os amores que ele agora mantinha com outra
Vaidoso, a todos dizia que seu
jovem e vaidoso caçador.
ninfa. A deusa dos bosques não queria saber de fofocas e, por
isso, fazia vistas grossas ao namoro. Afinal, meter-se com o
coração jamais seria ferido pelas deus supremo podia trazer-lhe problemas funestos.

flechas de Eros, filho de Afrodite,


Certo dia, porém, Juno, tomada pela cólera, chegou quase
a tempo de flagrar o esposo nos braços da tal ninfa. Eco, após
pois não se apaixonava por nin- alertar o casal, dissera a Júpiter:

guém.
As coisas foram assim até o dia
em que a ninfa Eco o viu e ime-
diatamente se apaixonou por ele.
Ela era linda, mas não falava.
O máximo que conseguia era re-
petir as últimas sílabas das pala-
vras que ouvia.Narciso, fingindo-
-se desentendido, perguntou:
— Quem está se escondendo
aqui perto de mim? 52

— … de mim — repetiu a ninfa


assustada. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 52 29/03/18 06:42

— Vamos, apareça! — ordenou.


pente. — Por acaso pensa que tigado pelo mal que havia feito.
— Quero ver você!
eu nasci para ser um da sua es- Um dia, quando estava passean-
— … ver você! — repetiu a
pécie? Sua tola! do pela floresta, Narciso sentiu
mesma voz em tom alegre.
— Tola! — repetiu Eco, fugindo sede e quis tomar água. Ao debru-
Assim, Eco aproximou-se do
rapaz. Mas nem a beleza e nem de vergonha. çar-se num lago, viu seu próprio
o misterioso brilho nos olhos da A deusa do amor não poderia rosto refletido na água. Foi naquele
ninfa conseguiram amolecer o deixar Narciso impune depois de momento que Eros atirou uma fle-
coração de Narciso. fazer uma coisa daquelas. Resol- cha direto em seu coração.
— Dê o fora! — gritou, de re- veu, pois, que ele deveria ser cas- Sem saber que o reflexo era de

5252

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Manual do Educador

Mito

53
Capítulo
2
— Deixem comigo, eu a distrairei en- — ...adeus, idiota... — repetiu Eco e
quanto vocês escapam. tapou rapidamente a boca com as duas
E assim fez realmente. Tão logo Juno mãos. BNCC – Habilidades gerais
chegou, Eco apoderou-se dela com uma A notícia da maldição de Juno espalhou-
longa conversa, repleta de digressões e -se ligeiro por entre as ninfas:
subterfúgios. Mas Juno, acostumada às — Bem feito, sua ordinária — disse um EF69LP44 EF69LP53
desculpas esfarrapadas do marido, com- dia uma rival a Eco. EF69LP47 EF69LP54
preendeu logo a intenção da ninfa, que se — ...sua ordinária... — respondeu Eco,
achava mais esperta do que realmente era: que ao menos podia, às vezes, responder EF69LP49
— Cale a boca! — disse empurrando-a. à altura os desaforos que escutava.
— Pensa que me engana com sua conver- Assim vagou a ninfa por entre os bos-
sa mole, sua atrevida? ques durante muitos anos, até que, um dia,
Eco, assustada e com as mãos da furio- caminhando pelas montanhas, encontrou BNCC – Habilidades específicas
sa deusa impressas nos ombros, calou-se. Narciso, um jovem caçador que havia se
Mas era tarde demais. extraviado de seus colegas. Eco, ao colo-
— Porque pretendeu me fazer de boba, car os olhos sobre a beleza do jovem, to- EF67LP28
a punirei fazendo com que nunca mais mou-se imediatamente de amores por ele. EF67LP38
possa dizer nada a não ser as últimas pa- Seguiu-o por um longo tempo imaginando
lavras que escutar — amaldiçoou Juno. qual o melhor meio de se aproximar dele,
— ...as últimas palavras que escutar... até que, ao pisar num galho solto, desper-

Anotações
— repetiu Eco, em cuja boca o feitiço já tou finalmente a atenção do moço.
começava a atuar. — O que foi isto? — perguntou o rapaz.
— Aí está o que ganhou com seu atre- — Há por aqui mais alguém?
vimento — disse Juno, vingada. — Adeus, — ...mais alguém... — repetiu Eco.
idiota!

53

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seu próprio rosto, Narciso ime- dias e dias sem comer nem be- volveu. Ao despertar, Eco viu que
diatamente se apaixonou pela ber, ficando cada vez mais fraco. Narciso não estava mais ali, mas
imagem. Quando se abaixou Assim, acabou morrendo ali em seu lugar havia uma bela flor
para beijá-la, seus lábios se en- mesmo, com o rosto pálido volta- perfumada. Hoje, ela é conheci-
do para as águas serenas do lago. da pelo nome de narciso, a flor
costaram na água e a imagem
da noite.
se desfez. A cada nova tentativa, Esse foi o castigo do belo Narciso,
Narciso ia ficando cada vez mais cujo destino foi amar a si próprio. ABREU, Ana Rosa et al. (2000). Contos
tradicionais, fábulas, lendas e mitos. Brasília:
desapontado e recusando-se a Eco ficou chorando ao lado do Fundescola/SEF-MEC.
sair de perto da lagoa. Passou corpo dele, até que a noite a en-

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Ca

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— Chegue mais perto — disse Narciso, — ...quero o seu amor... — repetiu a
sem ver ninguém. ninfa, vendo Narciso dar-lhe as costas e
— ...mais perto... — disse Eco e mos- escapar rapidamente por uma vereda do
trou-se, finalmente, tendo antes o cuidado bosque.
de ajeitar os cabelos. Mas, em matéria de amor, Eco era um
Decepcionado por ver que não era ne- desastre. Consciente de seu fracasso, a
nhum de seus companheiros, Narciso sim- pobre ninfa recolheu-se para o interior de
plesmente perguntou: uma caverna no bosque. Ali, após enfadar
— Diga-me, ninfa, como faço para sair durante longos anos as paredes da gruta
daqui? com seus lamentos e lágrimas, viu seu cor-
— ...sair daqui — replicou Eco, agonia- po, aos poucos, dissolver-se na escuridão
da, pois a última coisa que desejava era da caverna até passar a fazer parte dela.
que ele fosse embora. Da pobre ninfa, só restou sua voz cava e
Não podendo expressar com suas pró- profunda a repetir sempre as últimas pala-
prias palavras o seu amor, sem que antes o vras que os passantes pronunciassem.
estranho o declarasse para ela, a ninfa de- Narciso prosseguiu com suas caçadas
sesperou-se e resolveu tomar uma medida e a tratar com rudeza as ninfas que o per-
drástica. Estendendo os braços, lançou-se seguiam. O jovem caçador era pretensioso
para ele num frenético abraço. “Talvez ele e arrogante, e mulher alguma parecia bas-
entenda os meus sentimentos”, pensou. tar à sua vaidade. Inclusive havia um mito
— O que está fazendo? — exclamou que dizia que, quando Narciso nasceu, um
Narciso, atirando-a ao solo com um empur- oráculo teria anunciado que ele poderia vi-
rão. — Não quero o seu amor! ver muito tempo se jamais enxergasse a si

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Manual do Educador

Mito

55
Capítulo
2
próprio. Seu pai, por via das dúvidas, que- árvores, nas margens, inclinavam-se para
brou todos os espelhos da casa. Temendo longe do espelho cristalino de suas águas,
que o filho procurasse o próprio reflexo em como que tentando escapar de seu intenso
alguma outra parte, adquiriu um espelho reflexo.
mágico, no qual Narciso via sua imagem Narciso, chegando à margem, debru-
sempre distorcida. Mesmo assim, sua be- çou-se para tomar alguns goles da límpida
leza era tal que o arrogante rapaz não des- água. Ao fazê-lo, percebeu que alguém o
grudava do bendito espelho. observava de dentro da água. Fascinado
— Como sou lindo... — dizia sempre com a beleza daquele semblante iniguala-
que tinha o espelho nas mãos. velmente belo, Narciso teve de admitir que
Um dia, porém, durante uma caçada era mais perfeito ainda do que o seu pró-
mais agitada, o espelho que trazia sempre prio rosto.
em seu bolso partiu-se. Juntando os cacos, — Quem é você, rosto adorável, que me
pôde ver apenas, com lágrimas nos olhos, contempla deste jeito? — perguntou à efí-
o reflexo estilhaçado da própria beleza. gie encantadoramente bela, que o mirava
— Que lindos pedaços! — ainda se ad- apaixonadamente nos olhos.
mirou, numa vaidade residual e fragmen- O rosto lindo, porém, não lhe respondia,
tária. nem a essa nem às outras solicitações.
Abalado e cansado da caça, Narciso me- Por várias vezes, Narciso tentou, sem su-
teu-se dentro das profundezas do bosque, cesso, seduzir aquele rosto magnífico. Um
próximo da gruta onde Eco vivia. Ali per- dia, debruçou-se a ponto de encostar os
to, havia um pequeno lago, absolutamente lábios à liquefeita boca da imagem. Po-
deserto e silencioso. Sobre suas plácidas rém, ao fazê-lo, viu o belo estranho turvar-
águas, nem um único cisne deslizava. As -se, o que o encheu de pânico.

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— Não, não fuja! — exclamou, assustado, descolando rapi-
damente os lábios da água, o que fez a imagem retomar, aos
poucos, a sua anterior nitidez.
Leitura Complementar — Por que rejeita meus beijos?
Pela primeira vez, Narciso descobria o que era a dor do amor
não correspondido.

Não existe “o oral”, mas “os orais” Apesar de o jovem erguer cada vez mais a voz, Eco, que ou-
via tudo, excepcionalmente não lhe repetia as últimas palavras.
em múltiplas formas, que, por ou- Vítima da crueldade de Narciso, gozava agora, secretamente, a

tro lado, entram em relação com


sua vingança. O único ruído que escapava da caverna era um
riso baixinho, que o vento produzia ao passar pelas fendas das
os escritos, de maneiras muito di- Dicionário
pedras.

versas: podem se aproximar da


O jovem caçador foi perdendo a sua cor. Suas faces mur-
chavam, seu cabelo crescia desmesuradamente — a ponto de
escrita e mesmo dela depender
Ninfas – Divindades que a franja cair-lhe pelos olhos —, e seu nariz, perfeitamente aqui-
habitavam rios, fontes,
lino, apresentava uma coriza continuamente a escorrer. Mas
— como é o caso da exposição
bosques, montes e prados
e cuja maior ocupação era nada disso era o bastante para fazer com que ele deixasse de
amar aquele rosto magnificamente belo. Assim foi definhando
oral ou, ainda mais, do teatro e
cuidar da própria beleza.
Funestos – Que causam
lentamente o pobre Narciso, às margens do lago. Sem poder
da leitura para os outros —, como
ou pressagiam a morte.
Digressões – Divagações. consumar o seu amor, acabou se transformando numa bela flor
Subterfúgios – Frases de
também podem estar mais distan-
roxa de folhas brancas, sempre debruçada sobre o leito das
sentido vago, com que se
evita responder a alguma águas. Sua sombra infeliz embarcou no mesmo dia na barca de
ciados — como nos debates ou, pergunta de maneira
direta; desculpa ardilosa,
Caronte, atravessando o Estige rumo ao país das trevas. Mas
nem o severo barqueiro pôde impedi-lo de, enquanto fazia a
é claro, na conversação cotidiana. esperta, com o propósito
de enganar. travessia, reclinar-se outra vez para mirar-se nas águas do rio

Não existe uma essência mítica


Frenético – Tomado de infernal.
frenesi, em completo ABREU, Ana Rosa et al. (2000). Contos tradicionais, fábulas,

do oral que permitiria fundar sua


delírio; louco, delirante. lendas e mitos. Brasília: Fundescola/SEFMEC.
Vereda – Caminho estreito.
Efígie – Representação
didática, mas práticas de lingua-

reprodução
plástica da imagem de

gem muito diferenciadas, que se


um personagem real ou
simbólico.
Liquefeita – Que se tornou
dão, prioritariamente, pelo uso da líquido.
Aquilino – Curvado como
palavra (falada), mas também por o bico de uma águia.
Definhando – Do verbo

meio da escrita, e são essas prá- definhar; perder as forças,


tornando-se fraco, magro,

ticas que podem se tornar obje- abatido.


Severo – Que impõe as

tos de um trabalho escolar. Essas


condições com todo o rigor;
rígido, rigoroso.

práticas tomam, necessariamente, Eco e Narciso (1903), obra do pintor

as formas mais ou menos estáveis


britânico John William Waterhouse.

que denominamos gêneros, dan-


56

do continuidade, diversificando e
especificando uma velha tradição
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escolar e retórica. Essa concepção


do oral como realidade multiforme BNCC – Habilidades gerais
Anotações
levanta numerosas questões im- EF69LP05
portantes: que gêneros trabalhar EF69LP47
e por quê? Que relação instaurar
com a escrita? Como definir a rela-
ção fala e escuta? BNCC – Habilidades específicas

SCHNEUWLY; DOLZ et al. (2004). Gêneros orais


EF67LP27
e escritos na escola. Campinas: Mercado de EF67LP28
Letras, p. 114.

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Manual do Educador

Mito

57
Capítulo
2
Para discutir Sugestão de
1. Com que finalidade os gregos criaram o mito de Eco e Narciso? Abordagem
2. Numa de suas mais conhecidas canções, Caetano Veloso faz
a seguinte afirmação: “Narciso acha feio o que não é espe-
lho”. O que ele quis dizer? Para as questões da seção Para
3. Como vimos, as ninfas eram criaturas cuja única ocupação discutir, sugerimos estas respostas:
era cuidar de sua própria beleza. Na tela de J. W. Waterhouse,
a ninfa Eco está retratada segundo os padrões de beleza do 1. Para explicar a origem do eco
e da flor roxa de folhas bran-
século XIX. Esse padrão mudou muito em relação ao que
temos hoje?
4. Com base nessa leitura e no que vimos no capítulo anterior,
aponte duas diferenças básicas que podemos estabelecer
cas, o narciso.
entre o mito e o conto.
2. Caetano quis dizer que, por se
achar tão belo, Narciso achava
tudo o mais feio. Na nossa co-
Desvendando os segredos do texto municação, a expressão quer
dizer, portanto, que só achamos
1. No primeiro parágrafo do texto, como Diana é identificada? bonito o que é nosso.
A deusa dos bosques. 3. Mudou bastante, principalmen-
2. No mito, a ninfa Eco apresenta uma característica que a tor- te no que se refere ao ideal de
na insuportável. Responda qual era essa característica e trans-
creva do texto três expressões utilizadas pelos autores para se
beleza feminina da nossa socie-
referir a esse traço negativo da ninfa. dade. Hoje, com a superexpo-
Falar demais. As expressões utilizadas: tagarela; língua incan- sição na mídia, para boa parte
sável; falar pelos cotovelos; prosseguia falando até a exaustão.
das pessoas a mulher bonita
tem seios, pernas e glúteos bem
3. Analise o terceiro parágrafo do mito e responda às ques- contornados, cintura fina, pele
bronzeada, corpo malhado, etc.,
tões.

“— Por que não se cala de vez em quando? — di- sendo muito diferente da mulher
ziam-lhe as amigas. — Homem algum suportará
uma mulher que fale sem parar, mesmo sendo tão bela do século XIX.
4. O mito tem a finalidade didáti-
bela como você.”

57 ca, enquanto o conto se desti-


na ao entretenimento; no mito,
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os personagens são fantásti-
cos, e no conto são humanos.
Sugestão de Abordagem

A propósito da questão 2, na ção, o que significa “quando eu te hipóteses. Você pode também,
seção Para discutir, não deixe encarei frente a frente não vi o meu junto aos seus alunos, analisar
de levar a canção de Caeta- rosto/ chamei de mau gosto o que se há algo em comum entre
no para seus alunos. Por mais vi, de mau gosto o mau gosto/ é essa canção e os tipos narrati-
simples que pareça a resposta, que Narciso acha feio o que não vos e descritivos.
será sempre melhor fazer uma é espelho”? O texto oferece pistas
análise contextualizada. Na can- suficientes que permitirão levantar

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Ca 58
a) Podemos identificar nesse trecho uma ação verbal desem-
penhada pelas ninfas. Que ação é essa?

Leitura Complementar Aprenda Dar um conselho.


mais!
b) Qual era a intenção das ninfas ao desempenharem essa
Na Grécia Antiga, o
ação?
culto aos deuses era
Urano e Gaia realizado nos mais Alertar Eco para a necessidade de falar menos, pois, se conti-
diversos locais: desde
templos magníficos (ainda
Da união deles nasceram primei-
nuasse falando tanto, nenhum homem a quereria.
existem algumas ruínas)

ro seis meninos e seis meninas, os


até lugares naturais,
como cavernas, bosques 4. Transcreva, do sexto parágrafo do texto Eco e Narciso, três
e nascentes. Os gregos expressões nominais utilizadas pelos autores para identificar o
Titãs e as Titânides, todos de natu- atribuíam aos deuses
várias responsabilidades,
deus Júpiter.
reza divina, como seus pais. Eles como a criação do
Universo, os naufrágios,
O deus dos deuses, o grande deus, o deus supremo.

também tiveram filhos. as tempestades, as


boas e más colheitas, 5. No sexto parágrafo do mito, lemos a seguinte frase:

Um deles, Hiperíon, uniu-se à sua


os sentimentos, etc. Os
deuses pareciam muito

irmã Teia, que pôs no mundo Hélio,


com os humanos: sentiam “O deus dos deuses tinha dado mais uma de suas
amor, raiva, inveja; eram escapadas, e Juno andava por perto, farejando o
o Sol, e Selene, a Lua, além de Eos,
muito inteligentes e belos.
A grande diferença é que
seu rastro.”

a Aurora. Outro, Jápeto, casou-se


eles eram imortais.
a) O que quer dizer a expressão dar uma escapada nesse

com Clímene, uma filha de Oceano.


Por retratar histórias contexto?
fascinantes de deuses,
Significa que o deus dos deuses havia traído Juno.
Ela lhe deu quatro filhos, entre eles
heróis, simples mortais,
semideuses, a mitologia

Prometeu. O mais moço dos Titãs,


greco-romana sempre
inspirou belas produções b) O que quer dizer a expressão farejar o rastro nesse con-
cinematográficas, tais texto?
Crono, logo, logo ia dar o que falar. como o grandioso 300 e o
épico Troia. Significa que Juno andava observando-o, desconfiando de que
A descendência de Urano e Gaia estava sendo traída.
não parou nesses filhos. Conce-
c) Qual é a relação semântica estabelecida pela palavra e nes-
beram ainda seres monstruosos se trecho?

como os Ciclopes, que só tinham Consequência.

um olho, bem redondo, no meio da d) Nesse trecho, podemos perceber que a deusa Juno perse-
testa, e os Cem-Braços, monstros guia Júpiter como um animal. Que palavra permite essa inter-

gigantescos e violentos. Os coita-


pretação?
O verbo farejar.
dos viviam no Tártaro, uma região
escondida nas profundezas da ter- 58

ra. Nenhum deles podia ver a luz


do dia, porque seu pai os proibia LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 58 29/03/18 06:42

de sair. Estava muito escuro lá, mas o aí — ou quase... Algumas gotas


Gaia, a mãe, quis libertá-los. Ela luar lhe permitiu ver seu pai, que de sangue da ferida de Urano
apelou para seus primeiros filhos, roncava tranquilo. Com um golpe caíram na terra e a fecundaram,
os Titãs, mas todos se recusaram de foice, cortou-lhe os testícu- dando origem a demônios, as
a ajudá-la, exceto Crono. Os dois los. Urano, mutilado, berrou de erínias, a outros monstros, os gi-
arquitetaram juntos um plano que raiva, enquanto Gaia dava gritos gantes, e às ninfas, as melíades.
deveria acabar com o poder tirâ- de alegria. Esse atentado punha
nico de Urano. fim a uma autoridade que ela es- POUZADOUX, Claude (2001). Mitos e lendas da
mitologia grega. São Paulo: Companhia das Letras.
Certa noite, guiado pela mãe, tava cansada de suportar, e a
Crono entrou no quarto dos pais. inútil descendência deles parava

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Manual do Educador

Mito

59
Capítulo
2
6. Para se proteger de Juno, que andava “farejando o seu ras-
tro”, Júpiter recorria a subterfúgios. Transcreva do texto a expres-
são que os autores utilizaram para classificar esses subterfúgios.
Sugestão de
Desculpas esfarrapadas.
Abordagem
7. Para proteger Júpiter da ira de Juno, Eco utiliza subterfú-
Os filmes 300, Troia e A
gios e digressões. Transcreva do texto a expressão que a deu-
sa utiliza para se referir à divagação da ninfa. odisseia possuem fortes ce-
Conversa mole. nas de violência, o que os
8. Como você certamente percebeu, o mito é um texto narrati- classifica como impróprios
vo em que há o desenrolar progressivo de ações, isto é, a nar- para a média de idade da
rativa segue o tempo cronológico. Isso fica claro no seguinte
parágrafo: turma. Antes de trabalhar
“Assim vagou a ninfa por entre os bosques durante mui- Aprenda
com eles, é importante ava-
tos anos, até que, um dia, caminhando pelas montanhas,
encontrou Narciso, um jovem caçador que havia se ex-
mais! liar a maturidade de seus
traviado de seus colegas. Eco, ao colocar os olhos sobre Nos textos míticos, o
tempo cronológico diz
alunos.
a beleza do jovem, tomou-se imediatamente de amores
respeito ao desenrolar
por ele. Seguiu-o por um longo tempo imaginando qual o
dos fatos ao longo do
melhor meio de se aproximar dele, até que, ao pisar num tempo. Ou seja, na
galho solto, despertou finalmente a atenção do moço.” narrativa, percebemos
que a passagem do tempo
segue uma ordem linear
Identifique as expressões utilizadas pelos autores para marcar (passado – presente –
a passagem do tempo. Essas expressões deixam claro qual é futuro). Essa passagem
o momento histórico? é apresentada ao leitor
por meio dos marcadores
Durante muitos anos; por um longo tempo. Essas expressões temporais.

não deixam claro o momento histórico. Nos mitos, o momento


histórico em que se
passa a narrativa não é
9. Os personagens (muitas vezes deuses ou semideuses)
especificado. Assim, para
agem em um local normalmente caracterizado como sagrado, indicar esse momento,
o chamado espaço mítico, e a época em que se passa a narra- normalmente são feitas
indicações temporais
tiva remonta a um tempo muito distante, relacionado às origens distantes: muito tempo
da Terra ou da humanidade. No mito de Eco e Narciso, qual é o atrás; quando surgiram os

Outro filme interessante que


espaço mítico? deuses... Essas indicações
são feitas por meio de

traz informações úteis sobre


Um bosque. expressões temporais e
das flexões dos verbos e

a mitologia grega é A odis-


não remetem ao tempo
10. Ao se deparar com Eco, qual foi a reação de Narciso? real, mas ao tempo
imaginário.
Indiferença; decepção. seia, de Francis Ford Cop-
59 pola.

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Anotações

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Ca 60
Compartilhe
ideias Análise linguística
Sugestão de
Abordagem
Os pronomes e a coesão
Para as questões da seção Leia o cartum abaixo:

Análise linguística, propo-

www.dukechargista.com.br.
mos estas respostas:
1. Não, pois o filho dela
se transformou em um
“monstro”.
2. Porque a mãe o criou
desde a infância com
muita liberdade, ela nun-
ca lhe disse “não”.
1. No cartum, a mãe afirma que seu filho é “um adolescente muito
3. a) Pronome pessoal. bem-criado”. É isso que a linguagem não verbal sugere?
2. Para responder à questão acima, você teve de analisar a
b) “Meu filho”. imagem, isto é, a linguagem não verbal, e percebeu que o
jovem de quem as mulheres falam não se transformou em
um adolescente, digamos, comum. Por que isso aconteceu?
3. No primeiro balão do cartum, encontramos a seguinte fala:

BNCC – Habilidades gerais “Nunca disse ‘não’ para meu filho. Sempre deixei
ele ter o que queria e fazer o que queria.”
EF69LP05 EF69LP56
a) Como se classifica a palavra destacada nessa fala?
EF69LP55 b) Muitas palavras desempenham o papel de fazer referên-
cia às coisas do mundo, que transformamos em assunto
de nossas comunicações. No texto, qual é o referente da
BNCC – Habilidades específicas palavra ele?

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EF07LP12
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Anotações

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Manual do Educador

Mito

61
Capítulo
2
Na língua portuguesa, a palavra ele é classificada como pro-
nome pessoal, pois exerce a função de identificar a pessoa
do discurso. Nesse caso, ele representa a terceira pessoa, Leitura
isto é, a pessoa de quem se fala. Complementar
Nos textos, os pronomes desempenham uma função mui-
to importante: eles são uma ferramenta que contribui bastante
para a coesão textual. A coesão é um recurso textual que nos
Para Perini (2009), as condi-
auxilia na expressão de nossas ideias, tornando nosso texto Dicionário
mais claro, direto e atraente para nosso leitor/ouvinte. E os ções que governam a corre-
ferência de pronomes com
pronomes entram nesse jogo para possibilitar a indicação das Nos atos comunicativos,
pessoas do discurso, dos objetos de que falamos, dos nossos podemos identificar,
sentimentos, ou seja, eles funcionam como elementos de refe- por meio dos pronomes
pessoais, a pessoa do os demais sintagmas nomi-
renciação e nos ajudam a não repetir palavras e expressões
nais da oração são surpreen-
discurso:
de maneira desnecessária. Observe: A primeira pessoa –
A pessoa que fala. É
identificada por meio dos dentemente complexas, e a
tentativa de explicitá-las tem
pronomes pessoais eu e
O pronome ele retomou nós.
o termo meu filho.
sido um dos grandes temas
A segunda pessoa – A
pessoa com quem se fala.

de pesquisa em sintaxe e
É identificada por meio
dos pronomes pessoais

semântica nos últimos anos.


tu e vós (este em desuso
— Nunca disse “não” para meu filho. Sempre deixei ele ter o no português brasileiro)

Na sua Gramática descritiva


que queria e fazer o que queria. Hoje, é um adolescente muito e pelos pronomes de
tratamento você, vossa
bem-criado.
santidade, vossa
Omissão do termo excelência, etc.
A terceira pessoa – A
do português, ele apresenta
meu filho.
pessoa de quem se fala. É
identificada por meio dos
uma análise suficiente para
pronomes pessoais ele,
ela, eles e elas.
dar conta da maioria dos ca-
O pronome lo retomou sos do português.
— Queria muito conhecê-lo! o termo meu filho.

O pronome ele retomou


o termo meu filho.

— Ele está bem aí, atrás de você!

PERINI, Mário (2009).


Gramática descritiva do português. São
61 Paulo: Ática.

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Anotações

61

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o
2
ul
p ít
Ca 62

Prática linguística
Aprenda
mais! 1. Leia o trecho a seguir, retirado do mito Eco e Narciso, e
BNCC – Habilidades gerais responda às questões:
A reiteração

Chamamos de reiteração
EF69LP47 EF69LP56 a relação por meio da “Mas Eco não se corrigia e prosseguia falando até
qual retomamos de algum a exaustão. Um dia, porém, meteu-se com Juno, a
EF69LP53 modo os elementos do
esposa de Júpiter, e isso foi a sua ruína.”
texto. Os pronomes são um
dos recursos que temos à
disposição para reiterar os a) Antes da forma verbal meteu-se, houve a omissão de um
elementos textuais. Assim,
termo. Indique qual foi o termo omitido.
BNCC – Habilidades específicas cada vez que substituímos
um termo por um pronome,
Eco.
estamos promovendo a
continuidade do texto, sua
b) Indique a ação que o pronome demonstrativo isso reitera.
EF67LP36 EF07LP13 coesão.
Meteu-se com Juno.
EF07LP12
c) A palavra sua também se refere a um termo expresso ante-
riormente. Qual é esse termo?
Eco.

Anotações 2. O mito a seguir nos apresenta o deus dos oceanos, Posêi-


don. Leia-o e responda às questões.

Posêidon
O palácio dourado do deus marinho cintilava nas águas pro-
fundas e calmas de uma ilha. Posêidon vivia ali em companhia
da rainha Anfitrite. Às vezes, saía do fundo arenoso; o mar en-
tão se abria para deixar seu carro passar. E, ao lado dele, se
viam as ninfas e os monstros pulando de alegria.
Seus passeios nem sempre eram de bom agouro. O deus
era muito irritadiço.
Quando sua raiva chegava ao auge, ele surgia das águas
brandindo seu tridente. Podia desencadear tempestades e pro-
mover a subida da água dos rios, que transbordavam. Também
sabia fazer o chão tremer, provocando os terremotos. Por isso,
os homens o temiam e tomavam a precaução de lhe oferecer
esplêndidos sacrifícios antes de iniciar uma viagem no mar.
ABREU, Ana Rosa et al. (2000). Contos tradicionais, fábulas,
lendas e mitos. Brasília: Fundescola/SEFMEC.

62

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Manual do Educador

Mito

63
Capítulo
2
a) Por que Posêidon era um deus muito temido?
Ele era temido devido ao seu temperamento irritadiço e ao seu
poder.

b) O que poderia acontecer quando Posêidon tinha seus ata-


ques de ira?
Tempestades, terremotos e inundações.

c) Como Posêidon é identificado no primeiro período do texto?


Ele é identificado como deus marinho. Aprenda
mais!
d) Como vimos, não só os pronomes contribuem para a coesão
de um texto, mas também outras classes de palavras. Obser- Um recurso muito comum
vando o primeiro parágrafo do texto, indique qual é a expressão nos textos em geral é a
utilização de sinônimos,
nominal substituída pela palavra ali.
isto é, o emprego de
palavras de sentido
Palácio dourado.
semelhante com o objetivo
de evitar repetições
e) Analisando o terceiro parágrafo do texto, indique qual é o ter- desnecessárias
mo que pode ser substituído pelos pronomes ele (…ele surgia
A relação de sinonímia
das águas…) e o (…os homens o temiam…). entre as palavras deve
considerar sempre
O deus. o contexto de uso e,
fundamentalmente, as
3. No processo de escrita, é muito comum, ao falarmos sobre relações de sentido
expressas. Por exemplo,
algo, utilizarmos diferentes formas de referência para evitarmos as palavras homem e
repetições desnecessárias. Formalmente, chamamos esse re- garoto tanto podem
curso de referenciação. Essa referência se dá principalmen- apresentar relações de
sentido semelhantes
te por meio da utilização de pronomes, mas outros recursos quanto opostas. Veja:
também podem ser empregados, como sinônimos. Analise as
sentenças a seguir e marque aquela em que a referenciação 1. Nasceu meu garoto; é
um homem!
não resulta em uma imagem pejorativa (negativa) do referente. 2. Tenho 30 anos, sou
a) Pensei que Rodrigo iria me ajudar na arrumação, mas o um homem; não sou
bonitinho saiu de campo. nenhum garoto!

b) Viram o cachorro de Fernanda chegar no parque e devem Na frase 1, a relação de


ter pensado, “o que é ‘aquilo’?”. sentido é de semelhança.
c) Fábio fez a prova sem saber que passar não é pra qual- Já na frase 2, o sentido é
de oposição. Chamamos
quer um. de antônimas as
d) Falam que a crise veio para nos afundar, porque ela surtiu palavras que, no contexto,
um efeito rebote. apresentam sentido
contrário.
e) Tudo bem que eu não compareço em todas as reuniões do
grupo, mas me chamar de interesseira já é demais.
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o
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Ca 64
4. Agora, você lerá o texto abaixo procurando preencher as lacunas da melhor forma pos-
sível, mas atentando sempre para o sentido e a coesão. Para isso, utilize as palavras ou
expressões do quadro.

Diálogo com
Ele – cervos – ajudou-a – ele – Um dia – selvagem – uma mulher –
o professor Imediatamente – pelagem – gêmea – dele – A deusa – ela – armas –

Ao desenvolver a questão 4, Ártemis

nossa intenção foi retomar o


Deusa da natureza selvagem , Ártemis era irmã gêmea
de Apolo. Nascera, como ele , dos amores de Zeus com Letó,
estudo das classes de pala- uma mortal. Sua atividade favorita era a caça, e, por isso, de
vras vistas no livro do 6º ano, manhã até a noite, ela percorria os vales e as florestas num

a partir da perspectiva de carro puxado por dois cervos . Gostava de viver nos lugares

uso. O conceito de classe de


selvagens, longe das cidades e dos homens, tendo como única
companhia caçadoras que haviam feito voto de castidade.
palavras que aqui seguimos Um dia , voltando de uma caçada proveitosa, Ártemis

é o de Azeredo (2008), para se preparava para banhar o corpo cansado nas águas claras

quem o que determina uma


de uma fonte. As companheiras tinham acabado de lhe tirar as
armas, as sandálias e a túnica, quando de repente apareceu
classe é a confluência de três um jovem caçador chamado Actéon. Ele se espantou tan-
propriedades: to quanto a deusa e se deteve, fascinado com o espetáculo.

1. um modo de significar;
Sem suas armas , Ártemis não podia reagir. Com um
gesto rápido, tapou a nudez e jogou água na cabeça do caça-
2. um conjunto de aspectos dor, enfeitiçando-o. Imediatamente , surgiram chifres

formais; na testa do infeliz; seus pés se transformaram em cascos, e o


corpo se cobriu da pelagem de um cervo. Actéon quis
3. sua posição no interior da gritar, mas sua voz já não era humana. Então fugiu. Seus pró-
oração. prios cães, não reconhecendo o dono, correram atrás dele ,
fincaram-lhe os dentes e o dilaceraram.
O modo de significar conside-
ra um critério lógico-semânti-
co, que permite a distinção en-
tre substantivos (designam
seres, entidades, sentimentos, 64
objetos, de forma genérica ou
específica), verbos (localizam LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 64 29/03/18 06:42

no tempo ações, processos e


atributos), adjetivos (confe- de adjetivos e verbos), artigos terjeições não desempenham
rem atributos, estados, quali- (precedem os substantivos ape- função na estrutura sintagmá-
dades aos substantivos), pro- nas para indicar se são deter- tica, optamos por não classifi-
nomes (referem-se aos seres minados — conhecidos — ou cá-las como uma classe. Sua
sem discriminá-los), numerais não) e conectivos (são palavras conceituação e classificação
(representam quantidades gramaticais que, interpostas a pode ser conferida no segun-
exatas), advérbios (denotam palavras lexicais, expressam re- do capítulo do livro do 6º ano.
circunstâncias e intensidades lações semânticas). Como as in-

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Manual do Educador

Mito

65
Capítulo
2
A deusa se mostrou cruel porque não suportou a ideia de ser vista nua por um
homem. Mas também sabia ser uma deusa prestativa e oferecer sua proteção, em particu-
lar às grávidas. De fato, desde pequena ela se revelara hábil na arte de auxiliar uma
Sugestão de
mulher a dar à luz. Mal saíra da barriga da mãe, Letó, ajudou-a no parto de
Apolo, o irmão gêmeo.
Abordagem
ABREU, Ana Rosa et al. (2000). Contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos.
Brasília: Fundescola/SEFMEC.

Do mito proposto para tra-


É hora de produzir balho na questão 4, retira-
mos estas palavras: 1. sel-
Antes de começar a escrever vagem; 2. gêmea; 3. ele; 4.
Como vimos, os mitos normalmente são povoados de deuses, que podem ser persona- ela; 5. cervos; 6. Um dia;
7. Ele; 8. armas; 9. Imedia-
gens principais ou não. Conheça agora alguns deles, que serão personagens no mito que
você escreverá daqui a pouco.
Zeus – É o principal deus da mitologia grega, o deus dos deuses. Entre os romanos, tamente; 10. pelagem; 11.
era identificado como Júpiter. Era o sexto filho do deus do tempo, Cronos, e, como
seus irmãos, teria um destino trágico — ser devorado pelo pai —, mas conseguiu es- dele; 12. A deusa; 13. uma
capar.
mulher; 14. ajudou-a.
Hera – Esposa e irmã de Zeus. Protegia o casamento, as famílias e as crianças. Entre
os romanos, era conhecida como Juno.
Nossa intenção é levar os
Palas Atena – Era uma deusa virgem, e a ela se atribuía a sabedoria. Nasceu já adul-
ta e era profunda conhecedora de táticas de guerra. Foi ela quem inspirou o nasci- alunos a perceber certos
mento da maior cidade grega: Atenas. Conta a mitologia que ela conquistou os gregos
quando os presenteou com a oliveira, principal árvore da Grécia. Entre os romanos,
aspectos da gramática da
Palas Atena era conhecida como Minerva. nossa língua.
Apolo – Era o deus do Sol e protetor das artes. Filho de Zeus, criou o oráculo de
Delfos, que dava conselhos aos gregos através de uma sacerdotisa que entrava em
transe ao aspirar vapores vindos das profundezas da Terra. Entre os romanos, era
conhecido como Febo.
Ártemis – Irmã gêmea de Apolo, era poderosa caçadora e protetora dos animais, das
cidades e das mulheres. Entre os romanos, Ártemis era conhecida como Diana. BNCC – Habilidades gerais
Ares – Deus da guerra. Era o filho detestado de Zeus e Hera, mas protegido por Ha-
des (deus do inferno), pois povoava o inferno com os numerosos mortos das guerras EF69LP05 EF69LP53
que provocava. Era muito respeitado entre os gregos devido à sua força e ao seu
temperamento agressivo. Entre os romanos, era conhecido como Marte.
EF69LP44 EF69LP54
Afrodite – Era a deusa do amor e da beleza. Era esposa de Hefaísto (deus do fogo e EF69LP47 EF69LP56
dos ferreiros) e amante de Ares, a quem deu vários filhos, entre os quais se destacam EF69LP51
Fobos (medo) e Demos (terror). Entre os romanos, era conhecida como Vênus.

65

BNCC – Habilidades específicas


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EF67LP27 EF67LP32
EF67LP28 EF67LP33
Anotações EF67LP30 EF07LP10

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o
2
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Ca 66
Proposta
O mito que você leu na abertura deste capítulo narra o sur-
gimento do eco e de uma flor bastante bela: o narciso. Agora,
Diálogo com você produzirá um mito para explicar a origem de um dos ele-
mentos abaixo:
o professor

Skylines | Shutterstock
O processo de escrita requer
a observação de uma sequên-
cia de etapas. Nas seções de

peresanz | Shutterstock
produção de texto, seria inte-
ressante discutir essas etapas
com os seus alunos. 1. Neve

Acreditamos que o momento


de produção textual, seja em
sala, seja em casa, é especial 2. Chuva
Igor Zh. | Shutterstock

e deve ser contínuo e muito


bem planejado. Se for realiza-
do em sala de aula, reserve
um tempo adequado para que
eles possam trabalhar bem.

ock
Reforce e valorize a ideia de

Igor Zh. | Shutterst


3. Eclipse

que são autores e, por isso,


responsáveis pelo que es-
crevem. Deixe-os à vontade
para consultar o dicionário e a
gramática. Por fim, considere 4. Cometa

nossas propostas de trabalho


como um guia, e não um limi- 66

tador. Fique à vontade para


fazer as modificações que jul-
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gar necessárias.
Nesta proposta, comece mente, de se delinear suas Anotações
pela ideia de como iniciar posturas comportamentais
uma narrativa. Dialogue com e de desenvolver o enredo
eles acerca de expressões tendo em vista a explicação
que, geralmente, anunciam o para os fenômenos naturais
início de uma narração, fale representados na proposta.
da importância de se pen- Vale lembrar a importância
sar os personagens previa- do clímax e do desfecho.

6666

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Manual do Educador

Mito

67
Capítulo
2
Planejamento
Para produzir seu texto, pense nos seguintes aspectos: Leitura
1. Planeje a sequência narrativa, criando uma cena introdutó-
Complementar
ria, um conflito, um clímax e um desenlace.
2. Identifique quais são as características do elemento que
você escolheu. Qual a sua importância para o homem?
Será que ele teve origem em uma desgraça ou em uma feli-
cidade? Foi criado por algum deus ou surgiu naturalmente? Aprenda
3.
mais!
A quais valores ou comportamentos humanos esse elemen-
to poderia ser associado? Mitologias africanas

4. Descreva bem o espaço mítico e siga o tempo cronológico, Como vimos, os mitos
fazem parte da cultura
indicando, quando necessário, a sua passagem. Ex.: Mui- de diferentes povos, que
tos anos depois… Algum tempo depois… buscaram, através dos
tempos, explicações
5. Crie um título para seu mito. para os fenômenos
incompreensíveis do seu
dia a dia. As culturas
Avaliação africanas são bastante ricas
nesse tipo de narrativa, em
geral de fundo sagrado,
1. Para avaliar o seu texto, sente ao lado de um colega. Cada que procura explicar as
um lerá o texto do outro, avaliando os seguintes aspectos: origens ou transformações
da natureza, dos seres
Aspectos analisados Sim Não humanos ou de uma BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia
sociedade. Para conhecer grega. Volumes. I, II e III. Vozes:
A sequência narrativa está bem estruturada? um pouco mais esse
universo fantasioso, vale a
Petrópolis, 2009.
O mito apresenta uma versão para a origem pena conferir:
de um dos elementos apresentados nas fotos? Xangô,

O texto apresenta as ideias expostas com cla-


o Trovão
(Companhia
Esta caixa reúne os três
das Letrinhas),
reza? de Reginaldo
Prandi, e
volumes da obra de Junito
O texto apresenta um espaço mítico bem carac- Gosto de

terizado?
África (Global),
de Joel Rufino
de Souza Bandão. Uma co-
dos Santos.
O texto apresenta um título coerente com a letânea aprofundada sobre
narração?
mitologia grega, essencial
2. Agora, com base na avaliação do seu colega, procure aper-
feiçoar o seu mito para apresentá-lo ao seu professor e aos a qualquer estudante ou
colegas em uma roda de leitura.
pesquisador do assunto.

67

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Anotações

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o
2
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Ca 68 MoMenTo
do Mito
g un
Se
Sugestão de
Abordagem

Antes de começar a leitura


do mito do uapé, podemos
solicitar aos alunos uma
pesquisa sobre textos que
narram o surgimento de O uapé
elementos da natureza. Ao
Pitá e Moroti amavam-se muito; e, se ele era o mais esforça-
do dos guerreiros da tribo, ela era a mais gentil e formosa das
final, podemos promover Antes de
donzelas. Porém, Nhandé Iara não queria que eles fossem feli-

uma sessão de contação


zes; por isso encheu a cabeça da jovem de maus pensamentos
começar a ler
e instigou a sua vaidade.
para que cada aluno narre Como vimos, os mitos
são narrativas que se
Uma tarde, na hora do pôr do sol, quando vários guerreiros e
donzelas passeavam pelas margens do Rio Paraná, Moroti disse:
seus mitos. passam em um tempo
muito distante, e as cenas — Querem ver o que este guerreiro é capaz de fazer por
se desenrolam em plena mim? Olhem só!
Após a sessão de contação natureza — sempre temida
e respeitada pelos povos
E, dizendo isso, tirou um de seus braceletes e atirou-o na

dos mitos pesquisados, se- primitivos por ser a origem água. Depois, voltando-se para Pitá, que, como bom guerreiro
de tudo, a fonte da vida. guarani, era um excelente nadador, pediu-lhe que mergulhasse
ria interessante questionar
Vimos, também, que os para buscar o bracelete. E assim foi.
mitos nos mostram como
Em vão esperaram que Pitá retornasse à superfície. Moroti
os alunos a respeito das
esses povos explicavam o
mundo, os fenômenos da e seus acompanhantes, alarmados, puseram-se a gritar… Mas

características comuns aos


natureza, os sentimentos, era inútil, o guerreiro não aparecia.
etc.
A desolação logo tomou conta de toda a tribo. As mulheres
textos narrados a fim de tra- O mito que você vai ler
agora pertence à cultura
choravam e se lamentavam, enquanto os anciãos faziam pre-

balhar a forma composicio-


dos indígenas guaranis ces para que o guerreiro voltasse. Só Moroti, muda de dor e de
e narra o surgimento do arrependimento, como que alheia a tudo, não chorava.
nal do gênero Mito.
uapé, a vitória-régia.
O pajé da tribo, Pegcoé, explicou o que ocorria. Disse ele,
com a certeza de quem já tivesse visto tudo:

Em seguida, solicite aos — Agora Pitá é prisioneiro de I Cunhã Pajé. No fundo das
águas, Pitá foi preso pela própria feiticeira e conduzido ao
alunos que leiam o mito do seu palácio. Lá, Pitá esqueceu-se de toda a sua vida anterior,

uapé, procurando identifi-


esqueceu-se de Moroti e aceitou o amor da feiticeira; por isso,
não volta. É preciso ir buscá-lo. Encontra-se agora no mais
car os seguintes pontos: 68

•• Qual é a função desse


mito? LPemC_2018_BNCC_7A_Cap2.indd 68 16/05/18 11:56

•• Como são caracterizados


os personagens princi- BNCC – Habilidades gerais
Anotações
pais? EF69LP44 EF69LP53
•• Onde se passa a história? EF69LP47 EF69LP54
•• Em que época? EF69LP49

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28 EF67LP38

6868

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Manual do Educador

Mito

69
Capítulo
2
rico dos quartos do palácio de I Cunhã Pajé. E, se o palácio
é todo de ouro, o quarto onde Pitá se encontra agora, nos
braços da feiticeira, é todo feito de diamantes. E dos lábios
da formosa I Cunhã Pajé, que tantos belos guerreiros nos tem
roubado, ele sorve esquecimento. É por isso que Pitá não
volta. É preciso ir buscá-lo.
— Eu vou! — exclamou Moroti. — Eu vou buscar Pitá!
— Você deve ir, sim — disse Pegcoé. — Só você pode res-
gatá-lo do amor da feiticeira. Você é a única e, se de fato o ama,
é capaz de vencer, com esse amor humano, o amor maléfico da
feiticeira. Vá, Moroti, e traga Pitá de volta!
Moroti amarrou uma pedra aos seus pés e atirou-se ao rio.
Durante toda a noite, a tribo esperou que os jovens apare- Dicionário
cessem — as mulheres chorando, os guerreiros cantando, e os
anciãos esconjurando o mal. Instigou – Do verbo
Com os primeiros raios da aurora, viram flutuar sobre as águas instigar; estimular, induzir,
as folhas de uma planta desconhecida: era o uapé. E viram apare- incitar.
Desolação – Grande
cer uma flor muito linda e diferente, tão grande, bela e perfumada sofrimento causado por
como jamais se vira outra na região. As pétalas do meio eram uma desgraça; tristeza,
brancas; e as de fora, vermelhas. Brancas como o nome da don- consternação.
Sorve – Do verbo sorver;
zela desaparecida: Moroti. Vermelhas como o nome do guerreiro: beber aspirando, fazendo
Pitá. A bela flor exalou um suspiro e submergiu nas águas. ruído.
Então, Pegcoé explicou aos seus desolados companheiros Esconjurando – Do
verbo esconjurar; fazer
o que ocorria: desaparecer (males,
— Alegria, meu povo! Pitá foi resgatado por Moroti! Eles se perigos, azares) por meio
amam de verdade! A malévola feiticeira, que tantos homens já de preces.
Exalou – Do verbo exalar;
roubou de nós para satisfazer o seu amor, foi vencida pelo amor lançar, emitir.
humano de Moroti. Nessa flor que acaba de aparecer sobre as
águas, eu vi Moroti nas pétalas brancas, que eram abraçadas
e beijadas, como num rapto de amor, pelas pétalas vermelhas.
Estas representam Pitá.
E são descendentes de Pitá e Moroti esses belos uapés que
enfeitam as águas dos grandes rios. No instante do amor, as
belas flores brancas e vermelhas do uapé aparecem sobre as
águas, beijam-se e voltam a submergir. Elas surgem para lem-
brar aos homens que, se para satisfazer um capricho da mulher
amada um homem se sacrificou, essa mulher soube recuperá-lo,
sacrificando-se também por seu amor. E, se a flor do uapé é tão
bela e perfumada, isso se deve ao fato de ter nascido do amor e
do arrependimento.
ABREU, Ana Rosa. Alfabetização. V. 2. Brasília:
Fundescola/SEF – MEC, 2000. pp. 123–125.

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o
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Ca 70
Compartilhe
ideias Desvendando os segredos do texto

Diálogo com 1. Quem são e como são caracterizados os protagonistas do

o professor mito O uapé?


Pitá e Moroti. Ele é caracterizado como o mais esforçado dos

Na questão 5, buscamos
guerreiros da tribo e excelente nadador; e ela, a mais gentil e

deixar clara para os alu-


formosa das donzelas.

nos a estrutura narrativa do 2. Como se dá a passagem do tempo nesse mito?

mito trabalhado. A ênfase A passagem do tempo é linear, isto é, progressiva.

foi dada à realização das 3. Retire do primeiro parágrafo os termos utilizados pelo nar-

ações e suas consequên-


rador para se referir à índia Moroti.
Ela e a jovem.
cias.
4. Por que somente Moroti poderia salvar Pitá?
Porque ela o amava verdadeiramente.

5. Complete a sequência de ações:


BNCC – Habilidades gerais
1.
Pitá pulou na água para buscar o bracelete de Moroti e
EF69LP47 EF69LP53 demorava para voltar.
EF69LP49
2.
O pajé da tribo explicou o que ocorria e incitou Moroti a
ir buscar Pitá.

BNCC – Habilidades específicas


3.
Moroti amarrou uma pedra nos pés e atirou-se ao rio.
EF67LP27
EF67LP28
4.
Com os primeiros raios da aurora, viram flutuar sobre
as águas as folhas do uapé.

70

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Anotações

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Manual do Educador

Mito

71
Capítulo
2
6. Qual é a função desse mito?
Narrar o surgimento do uapé, a vitória-régia.

7. Por meio do mito, podemos supor que os indígenas respei-


tavam muito os mais velhos. Explique.
Porque eles sempre ouviam o pajé, que, pela tradição, normal-
mente é um homem velho, pois, para os povos indígenas, a
velhice significa sabedoria.

8. Por que a flor do uapé é bela e perfumada?


Porque nasceu do amor e do arrependimento.

9. Que tipo de narrador encontramos nesse mito?


Narrador em terceira pessoa, narrador-observador.

10. Seria possível narrar um mito participando dos fatos narra-


dos? Explique.
Não, pois os mitos remontam a um tempo muito distante e,
como fazem parte de uma tradição oral, isto é, foram transmiti-
das oralmente através das gerações, são narrados sempre na
terceira pessoa, como se o narrador fosse o próprio povo, a
comunidade.

11.Há semelhanças entre o espaço onde se passa o mito O


uapé e o lugar onde Narciso e Eco se encontram?
Sim, em ambos os textos o espaço é um bosque, no meio da
natureza.

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o
2
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Ca 72
Análise linguística
Repensando o
Ensino da Gramática Pronomes possessivos,
indefinidos e relativos
Os pronomes possessivos expres- Pronomes possessivos
sam um vínculo qualquer, cons-
Leia esta tirinha:
tante ou eventual, entre o objeto SILVESTRE/Eudson de Paula

ou assunto de que se fala e cada


uma das pessoas do discurso. Os
pronomes possessivos se flexio-
nam em gênero e número, concor-
dando com o substantivo (a coisa
possuída) que determinam, com 1. No segundo quadrinho, o fumante retira um pegador do
exceção das formas dele, dela, varal e o entrega a Silvestre. Por quê?
2. No terceiro quadrinho, Silvestre entrega ao homem uma flor
deles, delas e de vocês, que e diz: “Toma… Pra sua coroa de flores!”. O que ele quis di-
concordam com o possuidor. zer com isso?
3. Agora observe:
Na prática, preferimos expor para — Toma… Pro seu nariz!
— Toma… Pra sua coroa de flores!
o aluno os dois subsistemas pre-
sentes no português brasileiro,
Qual é a relação semântica estabelecida
pelas palavras destacadas?
para que ele observe essa distin-
Nessas falas, as palavras destacadas são pronomes pos-
ção tendo como base a realida- sessivos. Esses pronomes estabelecem uma relação de pos-
de de uso. A bem da verdade, se, permanente ou não, entre o objeto ou assunto de que se
fala e cada uma das pessoas do discurso. Assim, no segundo
o subsistema I, apresentado nas balão (Pro seu nariz!), a “posse do nariz” é de Silvestre, ou

gramáticas escolares brasileiras,


seja, a segunda pessoa do discurso (pessoa com quem se fala,
neste caso, você). O mesmo acontece no terceiro balão (Pra
não corresponde, fielmente, nem sua coroa de flores!): a posse da coroa também é da segunda

mesmo ao uso padrão escrito


pessoa, que, nesse caso, é o homem que fuma.

72
corrente do português brasilei-
ro (Azeredo, 2008: 176), pois o
pronome vosso (e variações)
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tem uso restrito e ritualizado e a


Sugestão de Abordagem
forma seu (e variações) dá lugar,
principalmente na língua falada,
Para as questões da seção Aná- 2. Ele quis dizer que, como o
à forma dele (e variações).
lise linguística, propomos estas fumo leva à morte, as flores
Em todo caso, optamos por apre- respostas: serviriam para enfeitar o veló-
sentar aos alunos os dois sub- rio do fumante.
1. O pegador serviria para Sil-
sistemas, identificando o I como
vestre colocar no nariz e não 3. Relação de posse.
restrito aos contextos formais.
sentir o cheiro da fumaça do
cigarro.

7272

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Manual do Educador

Mito

73
Capítulo
2
Os pronomes possessivos concordam em número e gênero
com a coisa possuída: sua casa, seus relógios, minhas ami-
gas, meu amigo, nossas obrigações. Apenas as formas dele,
dela, deles, delas e de vocês concordam com o possuidor: a Repensando o
Aprenda
casa dele, os livros dela.
No português brasileiro, os pronomes possessivos podem
mais! Ensino da Gramática
É preciso atenção
ser agrupados em dois subsistemas: o primeiro é mais ade-
No subsistema I, restrito aos re-
quanto à utilização dos
quado para quando escrevemos ou falamos em contextos mais pronomes possessivos,
formais, e o segundo é mais apropriado em situações de co- pois eles podem causar
municação menos formais, como na conversação espontânea. ambiguidade durante a
leitura ou na construção de
gistros escritos formais e ritualiza-
Observe: uma narrativa. Observe:
dos, os pronomes seu, sua, seus,
Subsistema I (contextos formais) Pedro e Silvana
choraram quando seu suas se referem à terceira pessoa.
• Primeira pessoa do singular (eu): meu, minha, meus, minhas
Já no subsistema II, de uso mais
brinquedo quebrou.

• Segunda pessoa do singular (tu): teu, tua, teus, tuas


corrente, mesmo em contextos
Nesse caso, não fica
• Terceira pessoa do singular (ele, ela): seu, sua, seus, suas claro a quem pertence
• Primeira pessoa do plural (nós): nosso, nossa, nossos,
formais, os pronomes seu, sua,
o brinquedo. Para
desfazer esse problema
nossas
seus, suas se referem, sobretu-
de sentido, podemos
• Segunda pessoa do plural (vós): vosso, vossa, vossos, empregar os pronomes
vossas dele ou dela, que, como

• Terceira pessoa do plural (eles, elas): seu, sua, seus, suas


vimos, concordam com o
possuidor.
do, à segunda pessoa. Azeredo
Subsistema II (contextos informais)
(2008: 177) complementa: “Nes-
• Primeira pessoa do singular (eu): meu, minha, meus, mi-
te caso, os riscos de ambiguida-
nhas de são contornados pelo uso de
• Segunda pessoa do singular (tu): teu, tua, teus, tuas
• Segunda pessoa do singular (você): seu, sua, seus, suas dele, dela, deles, delas como
• Terceira pessoa do singular (ele, ela): dele, dela possessivos de terceira pessoa.
• Primeira pessoa do plural (nós): nosso, nossa, nossos,
nossas Nas variedades coloquiais e infor-
• Segunda pessoa do plural (vocês): de vocês
• Terceira pessoa do plural (eles, elas): deles, delas mais, servidas pelo subsistema II,
é comum a utilização combinada
Pronomes indefinidos
Leia este trecho da história do uapé:
de formas dos dois grupos de se-
Uma tarde, na hora do pôr do sol, quando vários guerreiros
gunda pessoa, o que possibilita
e donzelas passeavam pelas margens do rio Paraná, Moroti construções como Você sabia
que hoje é o aniversário do seu
disse:
— Querem ver o que este guerreiro é capaz de fazer por
mim? Olhem só! (ou teu) irmão?. Por outro lado, se
73 o interlocutor é plural, o pronome
pessoal é necessariamente vo-
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cês — já que vós é forma restrita
BNCC – Habilidades gerais a modelos textuais cristalizados
—, e a expressão possessiva pre-
Anotações EF69LP05 EF69LP56 ferida é de vocês. Frases como
EF69LP55
Onde estão seus pais? ou Gostei
muito da sua cidade são dirigidas
BNCC – Habilidades específicas a um interlocutor no singular. Se
o interlocutor é mais de um indiví-
EF67LP36 EF08LP13
duo, a construção usual é Onde
EF07LP12 EF08LP15
estão os pais de vocês?, Gostei
EF07LP13
muito da cidade de vocês.”

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Ca
Se nos questionarmos sobre quanto vale a palavra vários,
74 destacada no mito do uapé, não teríamos uma resposta preci-
sa. Essa palavra, assim como um, alguns, poucos, muitos,
tudo, etc., representa uma quantidade indeterminada e não
se refere a nenhum termo do contexto. Por isso, é classificada
como pronome indefinido.

Os pronomes indefinidos podem resultar da recategorização


de outras palavras. Observe:

Seus conselhos estavam certos.

adjetivo

Certos conselhos não são bons.

pronome indefinido: certos = alguns

Ele foi o terceiro colocado no concurso.

numeral

Ele sempre procurava beneficiar terceiros.

pronome indefinido: terceiros = alguns

Tradicionalmente, os pronomes indefinidos são classificados


quanto à sua capacidade de se flexionar:
• Variáveis em gênero e número – um, algum, certo, deter-
minado, muito, nenhum, outro, pouco, próprio, quanto, tanto,
todo, vários.
• Variáveis apenas em número – qual e qualquer.

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Manual do Educador

Mito

75
Capítulo
2
• Invariáveis – cada, demais, mais, menos, que, quem, algo,
alguém, nada, ninguém, outrem, quanto, tudo e as locuções Compartilhe
o que quer que e quem quer que. ideias

É importante notar que os pronomes indefinidos qual, quan-


to, que, o que e quem introduzem frases interrogativas, o que
os levou a serem classificados por muito tempo como prono-
mes interrogativos.

Que/O que você sabe sobre mim?


Qual é a sua dúvida?
Quanto você tem?
Quem é aquela mulher?

Por essa lógica, esses mesmos pronomes deveriam ser


classificados como exclamativos em frases como:

Que susto!
Qual não foi meu desgosto quando ela morreu!
Quanta sorte!
Quem diria!

Em todo caso, nesses exemplos, tais pronomes conservam


seu valor semântico indefinido, por isso a melhor saída é clas-
sificá-los como pronomes indefinidos.

Pronomes relativos
Como o próprio nome sugere, esses pronomes relacionam
termos de uma oração. Observe:

Os livros que ela me emprestou.


A casa cujo telhado caiu.
Ela é uma pessoa em quem confiamos.

Nesses três exemplos, as palavras destacadas referem-se


a um termo anterior, impedindo que ele se repita, ao mesmo
tempo que o relacionam ao restante da oração. Daí sua classi-
ficação como pronomes relativos.
Em todas as variedades da língua, o que é o pronome rela-
tivo mais empregado. Já os outros (quem, cujo e o qual) são
utilizados em contextos mais formais.

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Prática linguística

A origem do mundo
Na origem, nada tinha forma no universo. Tudo se confundia,
e não era possível distinguir a terra do céu nem do mar. Esse
abismo nebuloso se chamava caos. Quanto tempo durou? Até
hoje não se sabe.
Uma força misteriosa, talvez um deus, resolveu pôr ordem
nisso. Começou reunindo o material para moldar o disco ter-
restre, depois o pendurou no vazio. Em cima, cavou a abóbada
celeste, que encheu de ar e de luz. Planícies verdejantes se es-
tenderam então na superfície da Terra, e montanhas rochosas
se ergueram acima dos vales. A água dos mares veio rodear as
terras. Obedecendo à ordem divina, as águas penetraram nas
bacias para formar lagos, torrentes desceram das encostas, e
rios serpearam entre os barrancos.
Assim, foram criadas as partes essenciais do nosso mundo.
Elas só esperavam seus habitantes. Os astros e os deuses logo
iriam ocupar o céu, depois, no fundo do mar, os peixes de esca-
mas luzidias estabeleceriam domicílio, o ar seria reservado aos
pássaros e a terra a todos os outros animais, ainda selvagens.
Era necessário um casal de divindades para gerar novos
deuses. Foram Urano, o céu, e Gaia, a Terra, que puseram no
mundo uma porção de seres estranhos.
Pouzadoux, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001. p. 12.

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Manual do Educador

Mito

77
Capítulo
2
1. Esse mito narra a origem do mundo. Quando se passam os Leitura
acontecimentos narrados?
Complementar
A época não é especificada pelo narrador, mas pode-se dizer
que se passou há muito tempo, no início de tudo.
Exclusivas das variedades
2.
formais da língua, as formas
cujo, cuja, cujos e cujas
Como era o formato das coisas antes da origem do mundo?
Nada possuía forma, era um caos.
são as únicas que o prono-
me relativo apresenta na po-
3. No primeiro parágrafo, podemos identificar dois pronomes
indefinidos que se opõem semanticamente. Identifique-os. sição de determinante. Seu
Nada e tudo. valor semântico é equivalen-
4. Podemos afirmar com certeza que foi um deus que decidiu
te ao de pronomes posses-
ordenar o caos? Justifique sua resposta com uma passagem sivos, mas, do ponto de vista
sintático, é um conectivo de
do texto.

subordinação como os de-


Não. O narrador não sabe ao certo se foi um deus: “Uma força
misteriosa, talvez um deus…”.
mais pronomes relativos, ori-
ginando, no papel de trans-
5.
positor, sintagmas adjetivos
Para os gregos, como seria o formato da Terra?
A Terra teria a forma de um disco.
oriundos de orações. Cujo
vem imediatamente seguido
6. Apesar de ser apenas um observador, o narrador desse
mito coloca-se entre os seres humanos. Transcreva do texto a
frase em que isso fica claro. do substantivo ou de grupo
“Assim, foram criadas as partes essenciais do nosso mundo.” nominal formado por adjeti-
vo + substantivo (A árvore
7. Para responder à questão anterior, você identificou uma pa- cujo tronco apodreceu [cf.
seu tronco] / O problema
lavra que indicava essa relação entre o narrador e o mundo.
Como se classifica essa palavra?
Pronome possessivo. cuja solução encontrei [cf.
sua solução] / Os sinais cuja
77
origem investiguei [cf. sua
origem]).
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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
EF69LP47
EF69LP49

BNCC – Habilidades específicas


AZEREDO, José Carlos de (2008). Gramática
Houaiss da língua portuguesa. São Paulo:
EF67LP28 EF07LP12 Publifolha/Instituto Antônio Houaiss.
EF67LP36

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8. Transcreva, do terceiro parágrafo, o referente do pronome pessoal elas.

“As partes essenciais do nosso mundo.”

9. Leia a última frase do texto:

“Foram Urano, o céu, e Gaia, a Terra, que puseram no mundo uma porção
de seres estranhos.”

a) Como se classifica a palavra que destacada na frase acima?


Pronome relativo.

b) Quais são os referentes dessa palavra?


Urano e Gaia.

10. Para criar um tom de proximidade com o leitor, o autor do mito A origem do mundo usa
um recurso bem interessante: colocar o leitor como seu interlocutor. Isso fica claro no(s)
parágrafo(s):
a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 2 e 4.

11. Como o próprio nome sugere, os pronomes possessivos são utilizados para expres-
sar uma relação de posse. No entanto, outras palavras e expressões podem desempe-
nhar também essa função. Pensando nisso, entre as opções abaixo, assinale aquela em
que a palavra destacada indica essa relação de sentido.
a) No início, não era possível diferenciar a terra do céu nem do mar.
b) Uma força misteriosa começou a pôr ordem no caos.
c) Montanhas rochosas se ergueram acima dos vales.
d) Era necessário um casal de divindades para gerar novos deuses.
e) Urano e Gaia eram pais de seres estranhos.

12. Pressupostos e subentendidos são informações implícitas em um texto, isto é, não


estão expressas formalmente. Assim, para percebê-los, é preciso ler nas “entrelinhas”.
Cabe ao leitor, em uma leitura habilidosa, ir além da informação que se encontra explícita,
identificando e compreendendo o que está escondido, implícito.

Os pressupostos são sugeridos por marcas linguísticas presentes no texto. Exemplos:

João precisa parar de comer carne vermelha.


Pressuposto: João come carne vermelha.

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Manual do Educador

Mito

79
Capítulo
2
João finalmente parou de comer carne vermelha.
Pressuposto: Demorou algum tempo para João parar de comer carne vermelha.
BNCC – Habilidades gerais
Os subentendidos não possuem marcas linguísticas, por isso são sugeridos pelo contex-
to. Cabe ao interlocutor usar seu conhecimento de mundo e as informações presentes no EF69LP05
contexto para poder interpretá-los. Veja:
EF69LP56
Quando sair de casa, não se esqueça de levar um casaco.
Subentendido: Está frio lá fora.
BNCC – Habilidades específicas
Já estou com a garganta seca de tanto falar.
Subentendidos: Quero beber um copo de água ou quero parar de falar
neste momento. EF67LP08
EF67LP36
Agora, leia a tirinha a seguir.

Para perceber o humor da tirinha, é preciso ler o que está implícito no primeiro quadrinho.
Essa leitura nos permite entender que:
I. O menino está conversando com um adulto, provavelmente seu pai.
Anotações
II. Há uma conversa entre os personagens anterior ao primeiro quadrinho.
III. O menino está pedindo algo que não tem, mas seus amigos sim.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) I. b) II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III.

13. Outro recurso utilizado na tira para despertar o humor foi o uso dos pronomes indefini-
dos. Sobre esse uso, podemos afirmar que:
a) A expressão todo mundo representa, literalmente, todas as pessoas do mundo.
b) Há uma gradação no uso dos pronomes indefinidos.
c) O pronome alguns tem sentido mais definido que vários.
d) A expressão a maioria é sinônima de alguns.

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Ca 80
É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Sugestão de Mitos pertencem a uma tradição oral, ou seja, são passados
Abordagem de geração para geração sem registro escrito, oralmente. Por
isso, é muito comum encontrarmos vários mitos que propõem
Dicionário
explicações para os mesmos fenômenos.
Nesta proposta, comece Várias foram as civilizações encontradas pelos europeus

pela ideia de como iniciar


Conhecida comumente
pelo nome de onze-horas
quando chegaram ao continente americano. Com uma tradição
(Portulaca grandiflora), bastante rica, essas civilizações dispunham de uma infinidade
uma narrativa. Dialogue essa bela planta é
tipicamente brasileira. Seu
de mitos.

com os alunos acerca de nome é uma referência


a uma particularidade
Proposta
expressões que, geral- sua muito especial: suas
flores se abrem, como se
A seguir, você encontrará um parágrafo introdutório (A e B)
mente, anunciam o início
acordassem, sempre às
onze horas e se fecham no de dois mitos indígenas e algumas informações sobre seus

de uma narração; fale da


decorrer do dia. personagens. Seu trabalho será dar continuidade a um desses
parágrafos introdutórios utilizando as informações disponíveis
importância de pensar os para produzir a sua versão do mito. Sim, sua história deverá
propor uma explicação para o surgimento da onze-horas.
personagens previamente, Depois do trabalho, o professor reunirá todas as histórias
de delinear suas posturas produzidas pela turma em um livro, que será doado à biblioteca
da escola.
comportamentais e, assim,
Cobra Norato (ou Honorato)
desenvolver o enredo ten-
do em vista a continuação Parágrafo A

do parágrafo escolhido e as Conta-se que, em uma tribo da Amazônia,


informações lançadas para uma índia deu à luz dois bebês gêmeos que,

complementar a história.
na verdade, eram cobras: um menino, Hono-
rato, ou Norato, e uma menina, Maria Cani-

Vale lembrar a importância


nana…

do clímax e do desfecho, que • Norato era bom, mas sua irmã era perversa.
trará, necessariamente, uma • Para que Norato se transformasse definitivamente em hu-
mano, era necessário fazer a serpente beber leite e feri-la na
versão para o surgimento da cabeça até sair sangue.

onze-horas. 80

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BNCC – Habilidades gerais

EF69LP47 EF69LP51 Anotações


EF69LP49 EF69LP56

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP30 EF07LP10
EF67LP33 EF07LP12
EF67LP32

8080

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Manual do Educador

Mito

81
Capítulo
2
A gruta dos amores
Compartilhe

shutterstock I DSdesign
ideias Sugestão de
Abordagem
Caso prefira, em acordo di-
dático com a turma, pode-
ríamos realizar também a
contação das histórias pro-
duzidas. Seria interessante
convidar a família dos alu-
nos para vir à escola, uma
boa oportunidade para es-
treitar laços. Como estamos
Parágrafo B trabalhando elementos da
cultura popular, podería-
mos promover um grande
Itanhantã era um valente jovem índio tamoio,
responsável pela caça para alimentar sua tribo.
Todas as manhãs, ele saía com sua canoa na banquete após a contação,
com muitos pratos típicos
direção da Ilha de Paquetá, onde caçava ani-
mais enormes com suas flechas certeiras. Na
ilha, vivia a bela índia Poranga…
da nossa culinária.
• Poranga ajudava o amado nas caçadas, mas ele não corres-
pondia.
• Depois das caçadas, Poranga e Itanhantã descansavam
numa gruta, sempre separados: ela ficava do alto da pedra Leitura
que formava a gruta observando-o descansar embaixo.
Complementar
Planejamento CASCUDO, Câmara. Litera-
Antes de começar seu trabalho, planeje suas ideias: tura oral no Brasil. São Pau-
1. Em que lugar mítico se desenvolverá a sua história? lo: Global.

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LISPECTOR, Clarice. Como
nasceram as estrelas. Rio
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de Janeiro: Rocco.

Anotações

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2. Quem serão os outros personagens que contracenarão
com a Cobra Norato ou com Poranga e Itanhantã?
3. Qual será o conflito pelo qual passarão os seus protagonis-
tas?
4. Procure definir previamente o surgimento da onze-horas.

5. Algum deus terá participação no seu mito?

6. Se necessário, indique a passagem do tempo. Algumas


expressões podem ajudá-lo nesse propósito, como pouco
depois, dias depois, muitos anos se passaram, etc.
7. Quando a narrativa atingir o clímax, como se dará o desfe-
cho?
8. Crie um título para a sua história.

Avaliação
1. Agora, você mesmo avaliará seu texto. Para isso, considere
a tabela abaixo:

Aspectos analisados Sim Não


Você seguiu uma das duas propostas a partir
do parágrafo introdutório fornecido?
No seu texto, você utilizou as informações
dadas?
Sua história propõe uma explicação para o
surgimento da onze-horas?
A sequência narrativa está clara?
O texto apresenta as ideias expostas com cla-
reza?
O texto apresenta um espaço mítico bem ca-
racterizado?
O texto apresenta um título coerente com a
narração?

2. Agora, com base na sua avaliação, procure aperfeiçoar o


seu texto e apresente-o ao seu professor, para compor uma
coletânea de mitos que será disponibilizada aos outros alunos
na biblioteca da escola.

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Manual do Educador

Mito

83
Capítulo
2
A escrita em foco

Os ditongos ei, eu e oi
Devemos acentuar a vogal dos ditongos abertos éi, éu e ói
quando tônicos em palavras oxítonas e monossílabas.

papéis céu herói Niterói ilhéu carretéis

É importante observar que, com o novo Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 2009, esses di-
Aprenda
tongos deixaram de receber acento gráfico quando tônicos em mais!
palavras paroxítonas. Veja:
Mito e lenda são
Como era Como é gêneros textuais bastante
semelhantes. Entre
idéia ideia outras características
comuns, ambos são
bóia boia predominantemente
narrativos, têm origem na
tradição oral e remontam a
tempos imemoriais.

As principais diferenças
entre esses gêneros dizem
respeito à sua identificação
A escrita em questão cultural e aos temas
abordados. Enquanto
os mitos pertencem
a uma civilização, um
1. Leia a lenda a seguir e responda às questões: povo (mitologia grega,
nórdica, romana, iorubá,

A Cuca
guarani, muduruku, etc.),
as lendas se relacionam
a determinadas regiões
A Cuca é, sem dúvida, um dos principais seres do folclore (algumas são contadas
brasileiro, principalmente pelo fato de o personagem ter sido apenas na Região
Nordeste, outras apenas na
descrito por Monteiro Lobato em seus livros infantis e de ter
Região Sul) e fazem parte
sido adaptado para a televisão no programa Sítio do Pica-Pau do seu folclore. Os mitos
Amarelo. A Cuca se originou de outra lenda: a Coca, uma tradi- abordam temas ligados aos
deuses, à origem de tudo,
ção trazida para o Brasil na época da colonização.
à finalidade da vida, etc. Já
Segundo a lenda, a Cuca é uma velha feia que tem forma de as lendas falam de fatos
jacaré e que rouba as crianças desobedientes, sendo usada, históricos, personagens
reais, heróis populares,
muitas vezes, como uma forma de fazer medo a crianças que
santos, etc.
não querem dormir.

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a) Segundo o texto, qual é a principal razão de a Cuca ser um
84 Compartilhe
ideias
personagem muito conhecido do nosso folclore?
O que tornou a Cuca conhecida foi, principalmente, o fato de
ela ter sido descrita por Monteiro Lobato em sua obra.

b) De que outra lenda se originou a Cuca?


A lenda da Coca.

c) A Cuca é um personagem do folclore brasileiro que atormen-


ta todas as crianças?
Não. A Cuca atormenta apenas as crianças desobedientes e as
que não querem dormir.

d) Nesse texto, podemos recortar duas palavras que apresen-


tam o ditongo tônico ei: brasileiro e feia. Por que esses diton-
gos, mesmo tônicos, não recebem acento gráfico?
Porque não são ditongos abertos e recaem na penúltima sílaba
dessas palavras (paroxítonas), não na última (oxítonas).

2. O conhecimento da classificação dos ditongos é fundamen-


tal para as regras de acentuação. Assim, assinale a alternativa
em que todas as palavras apresentam ditongos abertos acen-
tuados graficamente no português brasileiro.
a) Baleia, ideia, traqueia.
b) Destroi, doi, aldeia.
c) Veia, chapeu, nos.
d) Quero, deixe, quis.
e) Heroi, ceu, reu.

3. Conforme a ortografia oficial brasileira, não recebe acento


gráfico a palavra:
a) Heroi.
b) Heroico.
c) Constroi.
d) Chapeis.
e) Mausoleu.

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Manual do Educador

Mito

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TO Capítulo
2
eN
M
rrA
Ce 1. Neste capítulo, estudamos, entre outros objetos de apren- BNCC – Habilidades gerais
eN dizagem, o que é um mito. É dessa palavra que vem o verbo
mitar, que provavelmente você já utilizou em alguma conver-
sa ou mesmo compartilhou nas suas redes sociais um meme EF69LP01 EF69LP24
Aprenda com ele. EF69LP05 EF69LP30
mais!
EF69LP13 EF69LP44
PARABÉNS!

Henk Bogaard/Shutterstock.com
Meme é um termo criado
em 1976, por Richard EF69LP14 EF69LP56
Dawkins, para denominar
a unidade mínima da
EF69LP15
memória humana. Os
usuários da Internet
tomaram emprestado
o termo para criar um
personagem, de traços
BNCC – Habilidades específicas
toscos, a partir de editores
de imagem simples,
para a elaboração de EF67LP08 EF89LP02
charges, tirinhas, entre
outros gêneros, sobre EF67LP20 EF89LP22
VOCÊ MITOU!
acontecimentos e reflexões
do dia a dia.

Qual é o significado do verbo mitar no meme acima?


Esse verbo é uma gíria que surgiu na Internet e significa “tor-

Anotações
nar-se mito”, “destacar-se de maneira positiva”, “mandar bem
em algo”.

Mas, como a Internet


é muito dinâmica, os
memes rapidamente se 2. Um dos recursos que podemos utilizar para compreender
transformaram. Hoje os melhor uma palavra consiste em buscar o seu significado a par-
tir da etimologia, ou seja, seu significado original. A palavra
criadores utilizam editores
de imagem que dispõem de
mais recursos e combinam, mito é de origem grega e tem relação direta com os verbos
simultaneamente, textos mytheyo e mytheo, que significam, respectivamente, “narrar
verbais e fotografias.
algo para alguém” e “nomear algo”, “designar”. Na Grécia Anti-
ga, cabia aos poetas-rapsodos a função de narrar os mitos.

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TasfotoNL/Shutterstock.com
Na Grécia Antiga, os poetas-rapsodos
eram as autoridades responsáveis por
narrar todos os acontecimentos, tudo
o que havia acontecido em outros
tempos — tão antigos que remetem
ao surgimento do Universo. Nesse
contexto, faça uma pesquisa na Inter-
net ou em livros e revistas para res-
ponder às questões a seguir.

Considerado o pai da História, Heródoto de Halicarnasso foi o primeiro a


mencionar os concursos de rapsodos. Em um deles, Pisístrato teria passado e
escrito as obras de Homero. Na foto, representação de Heródoto no edifício do
parlamento austríaco, em Viena.

a) De onde vinha a autoridade desses poetas? Por que eles eram credenciados a narrar os
mitos?
Acreditava-se que a autoridade desses poetas havia sido atribuída pelas divindades, o que
fortalecia a legitimidade do que estava sendo narrado.

b) Os poetas não podiam alterar parte alguma das narrações míticas. Explique por quê.
A sociedade grega acreditava que, todas as vezes em que um mito era narrado, a história
acontecia novamente, como se o Universo e tudo o mais fossem sempre reiniciados, re-
criados. Assim, havia grande preocupação com a verdade da narrativa mitológica, pois a
alteração da narrativa alteraria o que estava sendo criado.

3. O compromisso com a verdade do mito está presente, também, em outras narrativas


míticas de outros locais além da Grécia. O texto a seguir é de origem africana e, por meio
da fala de um diéli, que seria o equivalente, para alguns povos africanos, ao poeta-rapsodo
grego, podemos confirmar a importância desse compromisso:

Divinamente exata e deve-se ser exato com ela.


A língua que falseia a palavra
Vicia o sangue daquele que mente.
Quem estraga sua palavra estraga a si mesmo.

O aviso dado pelo diéli africano adverte para o perigo de falsear a palavra, que foi conce-
dida ao poeta-rapsodo e ao próprio diéli pelas divindades, sob o risco de se autodestruir

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Manual do Educador

Mito

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Capítulo
2
ao desvirtuar a narrativa em sua verdade original. Nesse contexto, analise as afirmações
abaixo.
I. Tanto o poeta-rapsodo como o diéli eram escritores que registravam os mitos em livros a
fim de evitar alterações nas narrativas.
II. Sempre que ocorria algo muito grandioso, como a erupção de um vulcão ou uma tempes-
tade, a causa poderia ser interpretada como resultado de alterações nas narrativas míticas.
III. A preocupação com a narrativa mitológica não fazia sentido para as civilizações antigas,
pois sabiam que o Universo e tudo que o compõe não poderiam ser recriados.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) I.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I, II e III.

4. As narrativas mitológicas começaram a existir há muito tempo, e sua existência servia


para trazer respostas e para orientar muitas ações, mas se costuma dizer que, com o tem-
po, os mitos foram substituídos pelo pensamento filosófico. Sobre o pensamento mitológi-
co, marque a alternativa certa.
a) Os mitos foram substituídos pela Filosofia, pois enquanto aqueles contavam mentiras,
esta aceitava a verdade.
b) A Filosofia e o mito são tentativas diferentes de explicar a realidade e que, por serem
diferentes, não devem ser comparados ou separados, como se um negasse a outro.
c) O mito não é tão correto quanto a Filosofia, pois ela se preocupa mais com a verdade.
d) Tanto o mito quanto a Filosofia preocupam-se, cada um ao seu modo, com a verdade,
mas só a última alcança uma verdade absoluta.
e) A Filosofia foi criada para negar as mentiras contadas nos mitos.

5. Ao estudar História, estamos sempre lendo sobre pessoas e acontecimentos de outras


épocas, alguns tendo ocorrido nos mesmos lugares em que vivemos e outros em terras
muito distantes. Algumas vezes, essas pessoas e situações são também muito diferentes
de nós e do mundo de que fazemos parte, por isso precisamos saber que:
a) O modo como vivemos hoje é o correto e que o de outras épocas é errado.
b) O modo como vivemos hoje é errado, pois no passado tudo era feito de maneiras melho-
res.
c) Cada época possui seus próprios sentidos e que o que é correto em um momento pode
ser considerado errado em outro.
d) O futuro é sempre melhor do que o passado, pois as pessoas do passado sabiam de
poucas coisas.
e) Não existe nada certo ou errado e que devemos aceitar tudo, até atos de violência do
presente e do passado.

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6. Atualmente, a mitologia grega é muito mais conhecida por nós. De alguma maneira,
já tivemos contato com ela na nossa vida. Desenhos animados, filmes, seriados, cader-
nos escolares, decorações de festas de aniversário com inspiração na mitologia grega são
exemplos de sua presença no nosso imaginário cotidiano. Por outro lado, as mitologias
africana e indígena são bem pouco conhecidas. Muitas vezes, quando conhecemos al-
guma narrativa, especialmente de nativos brasileiros, ela é tratada como lenda do folclore,
sem conteúdo filosófico, existencial, ou mesmo como infantis, primitivas ou representações
“do mal”. Discuta com os seus colegas e o seu professor: por que conhecemos tão pouco
as mitologias africanas e indígenas? De onde vem a maneira preconceituosa com que co-
mumente são vistas? Convidem o professor de História para fazer parte desse debate.

Muitos dos mitos que se perpetuaram com o tempo, como o do Minotauro (acima), ficaram na
História por terem sido contados pelos povos dominantes.

o
Mídias em context

1. Neste capítulo, vimos que os mitos não são meras historinhas contadas ao redor da fo-
gueira dos povos antigos, mas, sim, conhecimentos que dizem respeito a uma forma espe-
cífica de ver o mundo, forma que não divide, que agrega e procura relacionar tudo o que há
no Universo. Vimos, também, que existem narrativas mitológicas em todo o mundo e que
cada povo tem seu conjunto de mitos que compõem sua cosmovisão, o seu entendimento

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Manual do Educador

Mito

89
Capítulo
2
sobre a origem de tudo, a finalidade da vida, etc. E ampliamos o
nosso conhecimento sobre mitos tratando de narrativas herda-
das de povos africanos e indígenas do Brasil. Pensando nisso,
Aprenda
vamos criar agora um portfólio com ilustrações referentes às mais!
mitologias estudadas neste capítulo.
Você deverá reunir imagens interessantes para postar no Você sabia que o Pinterest
Pinterest, uma rede social para compartilhamento de proje- foi criado para funcionar
como um assistente
tos visuais criativos autorais ou não. Para isso, caso não tenha pessoal de ideias, como
uma conta no aplicativo, será necessário abrir uma. O cadastro um quadro (board) para
“inspiração”? O que
é rápido e gratuito. Veja o passo a passo:
ele faz, basicamente, é
ajudar o usuário a criar
1. Acesse a página do Pinterest (www.pinterest.com). Feito seu próprio board virtual
para organizar todas as
isso, coloque um e-mail e uma senha. Digite o nome e so- suas coisas favoritas e
brenome e idade. tê-las sempre à disposição
(vídeos, fotos, memes,
2. Em seguida, configure seu perfil com áreas de seu interesse. tirinhas, músicas, etc.).

3. Pronto. Seu perfil está concluído. É importante confirmar o


cadastro em um e-mail enviado pelo Pinterest na sua conta.

Exemplo do perfil de uma conta do Pinterest.

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Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo
3 Histórias do
deve ser capaz de: cotidiano
•• Demonstrar conhecimento bási-
co sobre o gênero e suas fun-
ções sociais: o que é uma crô- 1. Muitas vezes, acontecimentos do nosso

Conhecimentos prévios
nica? Para quem é escrita? Por dia a dia nos surpreendem. Que fatos
costumam chamar mais a sua atenção?
quê? Para quê? E como é feito? 2. Esses fatos normalmente despertam em
você reflexões?
•• Expressar-se na forma oral e 3. Muitos escritores costumam escrever

escrita sobre os temas abor-


sobre os pensamentos que esses fatos
lhes despertam. Você já pensou sobre
dados. isso?

•• Ler, planejar, escrever e avaliar


uma crônica, refletindo sobre
sua linguagem, estrutura e fun- Caracterizando o gênero
ção social.
•• Reconhecer os tipos e fun- A princípio, a crônica se limitava ape-
nas a relatos verdadeiros e nobres, sendo
Com linguagem simples, clara, direta
e com marcas da oralidade, esse gênero
ções dos advérbios no uso da uma compilação de fatos históricos apre- pode ser predominantemente narrativo
(possui uma trama leve, com conflitos e
língua.
sentados segundo uma sequência tem-
poral. Eram textos que relatavam o dia a personagens muito simples, o que o dife-

•• Empregar adequadamente as
dia na corte, as histórias dos reis, seus rencia do conto), argumentativo (defesa
atos, etc. Somente a partir do século XIX, de pontos de vista) ou expositivo (apre-
letras s, z e x em palavras que escritores famosos começaram a utilizar sentação de informações). Seus temas
a crônica para refletir criticamente sobre são bastante diversificados, mas, em sua
as utilizam para identificar o fo- o cotidiano, os costumes, a vida social, a maioria, pertencem ao cotidiano imediato.

nema /z/. política.

Leitura Complementar LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 90 29/03/18 06:45

Um cronista tem pouquíssimo tem- das crônicas de Ruy Castro. O li- ditam repetir o processo em seres
po para atrair o leitor. Um flash, vro é do tipo que pula os muros humanos. Ruy parte daí para falar
tempo traduzido em uma linha, a da escola, provoca inquietação sobre o excesso de informação a
resumir-se a uma palavra. O tem- e riso. A abrangência dos temas que estamos submetidos, enquan-
po de um título. Por isso, o cronista permite tirar leite até de notícias to nos tornamos seres desprovidos
tem de ser um sujeito arguto. bizarras. Em Rãs sem cabeça, por da capacidade de pensar.
Em Crônicas para ler na escola exemplo, traz a experiência de clo- Revista Língua Portuguesa nº 65. Março de
(Editora Objetiva, 2010), Formigas nagem em que cientistas criaram 2011. São Paulo: Segmento

no computador é o título de uma embriões descerebrados, e acre-

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Manual do Educador

Crônica

91
Diálogo com
o professor

Para realçar a importância


do tempo no gênero crô-
nica, podemos comentar
que o próprio nome pos-
sui o mesmo radical que
cronômetro, cronologia,
e sua origem está ligada à
mitologia grega: Cronos, o
Deus do tempo, que devo-
rava seus filhos. O tempo
devora todas as coisas? É
sobre o transitório, sobre a
passagem das coisas pelo
cotidiano que o cronista
se debruça? Eis algumas
r
to
c

questões para trabalhar


Vi
y
ki
ls
to
as
IZ

em sala.
s
to
ho
itp

O que estudaremos neste capítulo:


os
ep
D

• Características e funções da crônica


• Revisando os verbos
• Os advérbios
• Uso das consoantes s, z e x

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Anotações

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O mOmeNTO Crônica
e ir No meu tempo
92 im
Pr No meu tempo de frequentador de aulas (estudante seria um
exagero), era assim. A não ser quando a professora ou o pro-
fessor designasse o lugar de cada um segundo alguma ordem,
como a alfabética — e, nesse caso, eu era condenado pelo
sobrenome a sentar no fundo da sala, junto com os Us, os Zs e
outros Vs —, os alunos se distribuíam pelas carteiras de acordo
com uma geografia social espontânea, nem sempre bem defini-
Antes de da, mas reincidente.
começar a ler Na frente, sentava a Turma do Apagador, assim chamada
O texto que você vai ler porque era a eles que a professora recorria para ajudar a limpar
agora foi escrito por Luis o quadro-negro e os próprios apagadores. Nunca entendi bem
Fernando Verissimo, um por que se sujar com pó de giz era considerado um privilégio,
dos maiores escritores
brasileiros de todos os mas a Turma do Apagador era uma elite, vista pelo resto da
tempos. Ele nasceu em turma como favoritos do poder e invejada e destratada com a
Porto Alegre, em 1936, mesma intensidade. Quando passavam para os graus superio-
filho do também renomado
escritor Erico Verissimo, e res, os Apagadores podiam perder sua função e deixar de ser
vem publicando crônicas os queridinhos da tia, mas mantinham seus lugares e sua pose,
diariamente em jornais de esperando o dia da reabilitação, como todas as aristocracias
todo o País. Nesta, ele
rememora seus tempos de tornadas irrelevantes.
menino, na escola. Não se deve confundir a Turma do Apagador com os Certi-
nhos e os Bundas de Aço. Os Certinhos ocupavam as primei-
ras fileiras para não se misturarem com a Massa, que sentava
atrás; os Bundas de Aço, para estarem mais perto do quadro-
-negro e não perderem nada.

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Manual do Educador

Crônica

93
Capítulo
3
Todos os Apagadores eram Certinhos, mas nem todos os
Certinhos eram Apagadores, e os Bundas de Aço não eram ne-
cessariamente Certinhos. Muitos Bundas de Aço, por exemplo,
eram excêntricos, introvertidos, ansiosos — enfim, esquisitos.
Já os Certinhos autênticos se definiam pelo que não eram. Não
eram nem puxa-sacos como os Apagadores, nem estranhos
como os Bundas de Aço, nem medíocres como a Massa, nem
bagunceiros como as Criaturas do Abismo, que sentavam no
fundo. Sua principal característica eram os livros encapados
com perfeição.
Atrás dos Apagadores, dos Certinhos e dos Bundas de Aço,
ficava a Massa, dividida em núcleos, como o Núcleo do Nem Dicionário
Aí, formado por três ou quatro meninas que ignoravam as au-
las, davam mais atenção aos próprios cabelos e, já que tinham Reincidente – Que se
esse interesse em comum, sentavam juntas; o Clube de De- repete.
Destratada – Maltratada.
bates, algumas celebridades (a garota mais bonita da turma, o Protodark – O prefixo
cara que desenhava quadrinho de sacanagem) e seus respec- proto significa primeiro de
tivos círculos de admiradores; e nós do Centrão Desconsolado, todos; e uma pessoa dark
era aquela que se vestia
que só tínhamos em comum a vontade de estar em outro lugar. inteiramente de preto, uma
E, no fundo, sentavam as Criaturas do Abismo, cuja única moda da época.
comunicação com a frente da sala eram os ocasionais mísseis
que disparavam lá de trás e incluíam desde o gordo que arrota-
va em vários tons até uma protodark, provavelmente a primei-
ra da história, com tatuagem na coxa.
Mas isso tudo, claro, foi na Idade Média.
VERISSIMO, Luis Fernando. Rio de Janeiro: O Globo, Opinião, p. 7 , 10 jan. 2008.

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Para discutir
1. A crônica em questão descreve um estado de coisas num tem-
po aparentemente estático. Considerando o que estudamos
Leitura até aqui, você acha que isso seria possível em um conto?

Complementar 2. Que tipo de alunos há na crônica? São muito diferentes da


sua turma atual? Aproveite para pesquisar no dicionário os
sentidos da palavra estereótipo e veja como ela se encaixa

“[…] os fatos que sucedem


na discussão.
3. Uma turma de colégio pode ser uma espécie de sociedade

em uma história — e os ele- em miniatura. Uma das características da sociedade é a von-


tade das pessoas de pertencer a um grupo. Você se sente
mentos que a compõem parte de algum grupo? Para você, por que se formam esses

(cenário, personagens, pro-


agrupamentos?
4. Luis Fernando Verissimo, apesar de se apresentar como um
blema, ação, resolução) — aluno mediano, tornou-se um famoso escritor. O que as pes-
soas fazem na escola determina quem elas serão no futuro?
nos permitem prever o que
vai acontecer; é um proces-
so que deve ser ensinado e
Desvendando os segredos do texto
aprendido. Quando um pro-
fessor formula aos alunos 1. Que tipo de narrador encontramos nessa crônica?

suas próprias previsões, é Narrador-personagem.


importante explicar-lhes em
que se baseia para formulá- 2. Identifique, no primeiro parágrafo do texto, a palavra que
-las; também seria conve- resume todos os fatos relatados nele.

niente que algumas de suas Assim.

previsões não se realizassem


e que verificasse com as 3. Resumidamente, na narração, temos o desenrolar de fa-
tos imaginários; no relato, temos o desenrolar de fatos reais;
crianças por que isso aconte- e, na descrição, temos a apresentação de características de
ceu. Assim, elas perceberiam personagens, espaços, objetos, etc. Nessa crônica, temos a
predominância da narração, do relato ou da descrição?
que o importante não é a exa-
Da descrição.
tidão, mas o ajuste e a coe-
rência” (SOLÉ, 1998, p. 28). 94

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Sugestão de Abordagem

Para as questões da seção Para tudava, era mau aluno. consolado, que só tínhamos
discutir, propomos estas res- 3. Sim, a última frase do texto em comum a vontade de estar
postas: prova isso: “Mas isso tudo, em outro lugar.”
1. Resposta pessoal. claro, foi na Idade Média”.
2. Provavelmente porque não es- 4. Não. “…e nós do Centrão Des-

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Manual do Educador

Crônica

95
Capítulo
3
4. A descrição dos personagens pode ser feita de várias ma-
Compartilhe
neiras, desde a simples atribuição de adjetivos até a indicação
da maneira de agir, das reações, etc. que o personagem apre-
ideias Diálogo com
senta. Nessa crônica, Verissimo apresenta alguns personagens o professor
não individualmente, mas em grupo. Pensando nisso, indique
os adjetivos ou as expressões adjetivas que poderíamos atri-
buir a cada um dos grupos a seguir (atenção: é possível mais Do ponto de vista da for-
mação de leitores, é funda-
de uma resposta).

– Turma do Apagador
a) ( ) Era uma elite.
mental chamar a atenção
b) ( ) Queridinha da tia. dos alunos para o fato de
c) ( ) Teimosa.
d) ( ) Excêntrica.
as crônicas depositarem
e) ( ) Prestativa. um olhar sobre o cotidiano.
– Os Bundas de Aço Um bom modo de introduzi-
a) ( ) Dedicados.
-las em sala de aula é tra-
b) ( ) Alguns eram solitários.
c) ( ) Comunicativos. balhar a leitura da coleção
d) ( ) Queridinhos da tia.
e) ( ) Esquisitos.
Para gostar de ler, com suas
coletâneas de crônicas de
grandes escritores, como
– Os Certinhos
a) ( ) Não eram sempre Apagadores.
b) ( ) Nunca eram Bundas de Aço. Carlos Drummond de An-
c) ( ) Bajuladores.
d) ( ) Comportados. drade, Rubem Braga, Paulo
e) ( ) Cuidadosos.
Mendes Campos, Fernando
5. De que modo os Certinhos se definiam? Sabino e Luiz Fernando Ve-
a) Por não serem puxa-sacos como os Apagadores nem estra-
nhos como os Bundas de Aço. rissimo. Outros autores de
b) Por serem idênticos aos alunos da Turma do Apagador. referência são João do Rio,
c) Por não desejarem ser excêntricos e estranhos como os
Bundas de Aço. Stanislaw Ponte Preta e Má-
d) Por serem puxa-sacos e excêntricos como os Bundas de Aço.
rio Prata.

BNCC – Habilidades gerais


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Anotações

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6. “Quando passavam para os graus superiores, os Apagado-
res podiam perder sua função [...]” (segundo parágrafo). Mar-
que a alternativa em que o termo destacado no trecho acima foi
Leitura substituído, mas não ocorreu mudança de sentido.
Complementar a) Porque passavam para os graus superiores, os Apagadores
podiam perder sua função [...].
b) Se passassem para os graus superiores, os Apagadores po-
diam perder sua função [...].
c) No instante em que passavam para os graus superiores, os
Apagadores podiam perder sua função [...].
d) Do mesmo modo que passavam para os graus superiores,
os Apagadores podiam perder sua função [...].

7. De acordo com o texto, qual era a única comunicação man-


tida entre as Criaturas do Abismo e a frente da sala?
a) Os sinais ocasionais.
b) Os ocasionais bilhetes.
c) Os barulhos ocasionais.
d) Os ocasionais mísseis disparados.

8. Em que posição da sala ficava a Massa?


a) Ao lado dos Apagadores, dos Certinhos e dos Bundas de Aço.
ANDRADE, Carlos Drummond de b) Entre os Apagadores, os Certinhos e os Bundas de Aço.
(2009).Boca de luar. c) Na frente dos Apagadores, dos Certinhos e dos Bundas de Aço.
São Paulo: Record. d) Atrás dos Apagadores, dos Certinhos e dos Bundas de Aço.

9. “Nunca entendi bem por que se sujar com pó de giz era


considerado um privilégio [...]” (segundo parágrafo). Assinale a
alternativa que substitui a expressão destacada nesse trecho
sem alteração de sentido.
a) A condição de.
b) O motivo pelo qual.
c) A causa de.
d) A explicação.

10. Em seu tempo de escola, o narrador se considera um:


a) Aluno estudioso.
b) Frequentador de aula.
c) Aluno preocupado com sua aparência.
d) Aluno cumpridor de seus deveres.

11. O narrador do texto se incluiu em que grupo de alunos?


SABINO, Fernando (1997). a) Turma do apagador. c) Centrão Desconsolado.
As melhores crônicas. b) Certinhos. d) Criaturas do Abismo.
São Paulo: Record.
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Anotações

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Manual do Educador

Crônica

97
Capítulo
3
12. Ao ocuparem fileiras da frente da sala, os Bundas de Aço Leitura
tinham que finalidades?
a) Estar mais perto do quadro e não perder nada. Complementar
b) Estar ao lado dos Certinhos e não perder nada.
c) Estar mais perto do quadro e ao lado dos Certinhos.
d) Estar mais perto da professora e do quadro.
Contar fatos banais de
13. No penúltimo parágrafo, foi empregada a palavra cuja, pro-
nome cujo em sua forma feminina. A que termo do parágrafo
forma interessante
esse pronome se refere?
a) Às Criaturas do Abismo.
b) À única comunicação. O trunfo de inspirar-se no
c) À frente da sala.
d) A uma protodark. cotidiano é saber extrair
14. Como vimos, a crônica é um gênero textual que tem relação uma ideia original de uma
com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidia- situação que parece, mui-
tas vezes, banal. Fernando
no em linguagem literária, conotativa. A crônica pode receber
diferentes classificações: a lírica, em que o autor é nostálgico
e sentimental; a humorística, em que o autor faz graça com o
cotidiano; a crônica-ensaio, em que o cronista, ironicamente,
Sabino escreveu uma crô-
tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de
Aprenda
nica na qual ele está num
poder; a filosófica, que reflete sobre um fato ou evento; e a
jornalística, que apresenta aspectos particulares de notícias
mais! restaurante e entram três
ou fatos, podendo ser policial, esportiva ou política. Nessa A crônica e a realidade
pessoas de origem humil-
crônica, temos a predominância de qual classificação? No nosso dia a dia,

Classificação humorística.
várias cenas passam
despercebidas por nós:
de: um homem, uma mulher
15. A palavra crônica é derivada do grego chrónos (tempo).
uma criança brincando,
um jardim florido, um
e uma criança. Eles se sen-
No Brasil, esse gênero ficou associado aos jornais impressos,
pássaro se banhando em
uma fonte, etc. Imagens tam à mesa com um bolo
e o cronista utiliza a realidade como matéria-prima, inspiran-
do-se nos fatos do cotidiano e apresentando-os sob um ponto
sublimes como essas, que
fazem parte da realidade, pequeno, e descobrimos
que se trata do aniversário
são captadas pelo olhar
de vista pessoal e geralmente poético ou humorístico. Nesse certeiro do cronista. Mas

da menina. Isso proporcio-


contexto, como a crônica é vinculada aos jornais, podemos não são simplesmente
afirmar que ela tem compromisso com a verdade, como as reproduzidas em seu

na ao cronista um comen-
texto: com seu talento,
notícias? Explique. o cronista se apropria

tário que mobiliza as emo-


dessas cenas e as
A crônica não tem o compromisso de informar fatos reais. Ela transforma em palavras
segundo sua interpretação,
ções, sentimentos e ideias
até pode ter inspiração na realidade, mas é possível que o cro- conferindo-lhes valor
nista utilize a ficção ao produzir seu texto. literário, humorístico,
crítico, podendo misturar
realidade e ficção.
do leitor para que ele veja o
cotidiano de outra maneira.
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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
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EF69LP54

BNCC – Habilidades específicas


Revista Língua Portuguesa nº 61.
Novembro de 2010.
EF07LP12 EF89LP01 São Paulo: Segmento.
EF07LP13 EF89LP02

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Ca 98
Análise linguística

Leitura
Revisando os verbos
Complementar
Leia, a seguir, o início do conto As formigas, de Luiz Vilela:

“Foi a coisa mais bacana a primeira vez que as formigas


O presente conversaram com ele. Foi a que escapuliu da procissão
expressando o futuro que conversou: ele estava olhando para ver aonde que
ela ia, e aí ela falou para ele não contar pro padre que
O presente simples pode ser ela tinha escapulido — o padre, ele já tinha visto que era

usado para expressar um


o formigão da frente, o maior de todos, andando posudo.”
VILELA, Luiz. Tarde da noite. São Paulo: Ática, 1988. p. 128.

evento futuro (normalmente 1. O que as palavras em negrito indicam sobre os personagens?


acompanhado de uma ex- 2. E a palavra sublinhada, o que indica a respeito do persona-

pressão temporal que elimina


gem?
3. Podemos dizer que essas palavras apresentam a mesma
a ambiguidade). Por exemplo: marca temporal. Qual é?

Amanhã bem cedo eu te tele- Todas as palavras destacadas nesse trecho são classificadas
como verbos. Do ponto de vista da significação, os verbos são
fono. Esse uso não vale para palavras que denotam ações, estado ou fenômenos da natureza.

eventos previstos como muito Já do ponto de vista estrutural, a expressão do tempo é a principal
característica dos verbos, pois é muito clara a associação que po-
remotos no futuro. Assim, po- demos fazer entre suas formas — como precisei, preciso, preci-
sarei — e as noções cronológicas de passado, presente e futuro.
de-se dizer O Sol vai se extin- Assim, gramaticalmente, os verbos variam, isto é, flexionam-
guir dentro de dois bilhões de -se: além de indicar essas noções de tempo, eles indicam o
modo, o número e a pessoa do discurso nos enunciados atra-
anos, mas não O Sol se extin- vés das suas desinências.

gue dentro de dois bilhões de


anos, embora se possa dizer Tempo – pretérito perfeito

O Sol nasce dentro de cinco Modo – indicativo

minutos.
Precisei
Número – singular

O presente Desinência verbal


Pessoa – primeira pessoa (eu)

expressando o passado
O presente simples é usado 98

às vezes para expressar um


evento passado. Isso aconte- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 98 29/03/18 06:45

ce quando se deseja dar um


caráter mais vivo a uma narra- corrido, usa-se o presente se a
ção, como em Entrei no quarto condição descrita é ainda verda- Anotações
e o que é que eu vejo? A Anita deira. Por exemplo: Ele é uma pes-
rasgando todos os vestidos. soa doente desde 1999; Há doze
dias que ela não para de tossir; Eu
O presente em expressões moro aqui há mais de dez anos.
de tempo decorrido
Em frases modificadas por um PERINI, Mário (2010).
Gramática do português brasileiro.
sintagma que indica tempo de- São Paulo: Parábola, pp. 222-223.

9898

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Manual do Educador

Crônica

99
Capítulo
3
Os modos verbais Sugestão de
Dependendo dos nossos interesses, quando nos comunica- Abordagem
mos podemos expressar diferentes posicionamentos em nos-
sos enunciados: certeza, condição ou ordem.
Para as questões introdu-
O modo indicativo Aprenda
mais! tórias da seção Análise lin-
O modo indicativo é utilizado quando se deseja expressar algo
que aconteceu, acontece ou acontecerá, independentemente Variações no uso do
presente
guística, propomos estas
de condições. É, portanto, o modo pelo qual expressamos cer-
teza. O indicativo pode ser flexionado da seguinte forma:
Em algumas situações, a
forma verbal relacionada
respostas:
Presente – Expressa eventos ou estados que ocorrem no
1. Indicam as ações que
ao presente pode
expressar um evento
momento em que falamos ou que se estendem a esse mo-
eles desempenharam.
futuro, como ocorre em:
mento. São, portanto, eventos ou estados atuais. Exemplos:
Chego amanhã bem cedo.
Eu gosto de caminhar.
2. Indica um estado.
Em outros casos, o
São sete horas. presente pode ser usado
em expressões que
Pretérito – Expressa eventos já ocorridos, podendo se pro-
3. Passado.
indicam tempo decorrido:
cessar de três maneiras básicas: Ema mora em Brasília desde
1980.

Pretérito perfeito O presente pode, também,


Ele viajou para o Rio. expressar o passado. Isso
Indica ação concluída. ocorre normalmente em
textos narrativos, quando
há intenção de conferir
mais vivacidade ao texto:
Ele viajava para o Rio. Pretérito imperfeito Cheguei ao aeroporto
cedo, para despachar logo
Indica ação não concluída.

Anotações
as bagagens, mas o que
acontece? Filas dando voltas
no saguão.

Ele já tinha viajado Pretérito mais-que-perfeito composto O presente ainda pode


ser progressivo (estar
quando se arrependeu. + gerúndio). Ele é
Indica ação concluída antes do
pretérito perfeito. usado para expressar
um evento que ocorre
simultaneamente ao
momento da fala (Ela está
Note que o pretérito mais-que-perfeito composto é construído estudando Português)
com o verbo ter no imperfeito + particípio verbal. Essa forma ver- e para exprimir uma

bal é uma evolução do mais-que-perfeito simples (desejara, ad-


situação passageira (Estou
trabalhando num novo
mitira, sentira, fora, comera, amara), que, hoje, praticamente projeto).
não é utilizado no português brasileiro, mesmo em textos cultos
escritos. Atualmente, dizemos tinha desejado, tinha admitido,
tinha sentido, tinha sido, tinha comido, tinha amado.

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Futuro – Expressa eventos ainda não ocorridos, podendo se
Compartilhe processar de três formas básicas:
ideias
Leitura Futuro simples
Cantarei
Complementar Acontecerá depois do presente.

Futuro composto
Com o verbo estar
Vou cantar Forma mais usual que o futuro

Finalmente, o presente simples do


simples para indicar um fato que
acontecerá depois do presente.

verbo estar se usa para expressar


uma condição atual: A porta está Futuro condicional

fechada. A razão é provavelmente


Cantaria Indica ação que aconteceria em
relação a outra já passada.

a impossibilidade de usar estar no


O futuro simples (gostarei, seremos, chegará) é de uso
presente progressivo, o que nos da- muito raro no português brasileiro, ficando restrito basicamente

ria uma sequência de dois verbos a textos cultos escritos. Geralmente, o futuro é indicado por meio
do verbo ir + infinitivo, formando o chamado futuro composto:
iguais: *a porta está estando fecha-
Tenho certeza de que vou gostar dela.
da. Igualmente, não se faz o futuro Nós vamos ser os padrinhos.
de ir usando o mesmo verbo como Ela vai chegar amanhã à tarde.

auxiliar: em vez de *eu vou ir, se diz Já o futuro condicional (também chamado de futuro do

eu vou. No entanto, tenho tido, tinha pretérito) é utilizado para indicar um evento que poderia acon-
tecer sob algumas condições:
tido ocorrem normalmente. Ele viajaria se tivesse tempo.
Eu comeria cinco pães se pudesse.

O presente progressivo O modo subjuntivo

O presente progressivo (estar + O modo subjuntivo é utilizado para expressar uma suposi-
ção, um evento que se realizaria, dependendo de algumas con-
gerúndio) se usa para exprimir um dições. Exemplos:

evento visto como simultâneo ao Se eu pudesse, viajaria agora.


momento da fala. Por exemplo: Si- Se ela soubesse da armadilha, teria mais cuidado.
Tomara que ela conheça Roberto.
lêncio, porque os meninos estão
dormindo; A Lucinha já está fa- 100

zendo o almoço. O presente pro-


gressivo é também usado para LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 100 29/03/18 06:45

comunicar a ideia de uma situação


transitória, em oposição ao presen- trabalhar na escola recentemen- a gente está indo para Goiânia;
te simples que, no mesmo contex- te, ou que vejo meu emprego lá Dentro de cinco minutos eles
to, expressa uma situação perma- como transitório; [2] significa que estarão servindo o jantar. Essa
nente. eu tenho um emprego perma- interpretação depende da pre-
[1] Eu estou trabalhando nesta nente na escola. sença de elementos contextua-
escola. O presente progressivo pode lizadores, como amanhã, dentro
também ser usado para expres- de cinco minutos, etc.
[2] Eu trabalho nessa escola.
sar um futuro imediato: Amanhã
[1] significa que eu comecei a PERINI, Mário (2010). Gramática do português
brasileiro. São Paulo: Parábola, pp. 223-224.

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Manual do Educador

Crônica

101
Capítulo
3
O subjuntivo pode se flexionar de três maneiras:
Presente – Indica um desejo ou evento provável, mas ainda
incerto. Geralmente, ocorre depois de expressões como é
possível que, talvez, tomara que, etc.

Tomara que a gente encontre a resposta.


Talvez ela saiba onde fica a Rua das Calçadas.

Pretérito imperfeito – Expressa um evento que poderia


ocorrer, dependendo de uma condição. É construído com o
auxílio da palavra se.

Se eu entendesse de cálculos, faria meus próprios pagamentos.


Se ele soubesse falar inglês, seria contratado na hora.

Futuro – Expressa um evento possível de se realizar. É


construído com o auxílio das palavras se ou quando.

Quando eu comprar meu carro, vou viajar bastante.


Se fizer sol, vou à praia mais tarde.

Aspecto verbal
Como relembramos ainda há pouco, cada tempo de um
modo revela algum sentido. Dizer que alguém “partiu” ou al-
guém “partia” nos informa que, no primeiro caso, a ação foi
completamente concluída, enquanto no segundo apresentou
uma continuidade no passado. Essa compreensão acerca da
duração de uma dada ação é o que chamamos de aspecto
verbal. Além disso, é possível perceber a atitude do falante em
relação ao que está sendo dito. Veja este exemplo:

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As diversas orações que compõem o texto da página ante-
rior estão associadas a atitudes da personagem. Variando de
“Eu não vou fazer” para “Sim, eu fiz!”, cada uma das ações
Diálogo com relaciona-se a uma dada postura física da personagem e é dis-
posta em uma gradação do menor para o maior nível. E isso
o professor nos indica que há uma valoração, concorda? Passa-se de uma
postura negativa para uma positiva, de realização.

A propósito da canção A
banda, de Chico Buarque, Prática linguística
é interessante notar a apro-
ximação entre o gênero crô-
Texto 1

Horóscopo
nica e letra de música. Mui- ÁRIES: de 21/3 a 20/4

tas letras são pensadas a


Regente: Marte

partir de fatos do cotidiano


Poderá haver demora nas questões referentes à vida pro-
fissional, mas sem provocar maiores problemas. Ao contrário,
ou mesmo relatos pessoais, tudo pode funcionar como uma pausa para você decidir com
mais segurança. Terá a proteção de pessoas poderosas e mui-
contos, etc. Essa percep- ta sorte se não tiver pressa nem se afobar.

ção é interessante para


Jornal do Commercio, 24/8/06, Caderno C.

1. (Ipad) As pessoas do signo de Áries que acreditam em ho-


mostrar aos alunos que não róscopo deverão entender que precisam de:
existe um limite claramen- a) Pressa para resolver problemas profissionais.
b) Sorte, por estarem em situação crítica.
te definido entre os gêne- c) Desconfiança em relação às pessoas poderosas.

ros. Pensando nisso, vale a d) Pressão para fazer tudo funcionar bem.
e) Cautela para tomar decisões com segurança.
pena conferir a letra de Alu-
2. No trecho “[…] se não tiver pressa nem se afobar”, qual é o
cinação e Paralelas, ambas tempo e o modo em que está flexionada a forma verbal destacada?
de Belchior. Essas canções Futuro do subjuntivo.
se aproximam bastante do 3. Sobre as formas verbais poderá haver e pode funcionar,
formato da crônica. podemos afirmar que:
a) Expressam incerteza sobre eventos futuros.
b) Expressam certeza sobre eventos futuros.
c) Fazem referência a eventos passados.
BNCC – Habilidades específicas d) Estão flexionadas no pretérito mais-que-perfeito composto.
e) Exprimem referência ao presente progressivo.
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Anotações

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Manual do Educador

Crônica

103
Capítulo
3
4. Identifique o tempo, o modo, a pessoa e o número referen-
Compartilhe Repensando o
tes ao verbo ter no trecho: “Terá a proteção de pessoas pode-
ideias Ensino da Gramática
rosas […]”.
Tempo: futuro simples; modo: indicativo; pessoa: terceira pessoa;
número: singular. Seria interessante observar
com os alunos que a prin-
5. Identifique a palavra que, no trecho destacado na questão cipal diferença entre o pre-
anterior, determina a flexão do verbo ter.
térito perfeito e o pretérito
imperfeito é que o primeiro
Você.

6. No contexto comunicativo, a quem se refere essa palavra


focaliza limites temporais
que determina a flexão do verbo ter?
Ao leitor do texto, possivelmente uma pessoa do signo de Áries.
da situação descrita no
enunciado, enquanto o se-
gundo expressa um evento
ou estado habitual, ou uma
Texto 2

qualidade entendida como


Estava à toa na vida, o meu amor me chamou
pra ver a banda passar cantando coisas de amor.
A minha gente sofrida despediu-se da dor
pra ver a banda passar cantando coisas de amor.
verdadeira para um longo
O homem sério que contava dinheiro parou. período do passado. Assim,
O faroleiro que contava vantagem parou.
A namorada que contava as estrelas parou para ver, em Ele viajou para o Rio,
ouvir e dar passagem. temos a descrição de uma
viagem única. O verbo traz
A moça triste que vivia calada sorriu.
A rosa triste que vivia fechada se abriu.
A meninada toda se assanhou pra ver a banda
passar cantando coisas de amor. [...]
os limites temporais (início
Chico Buarque de Hollanda. A banda. e fim) claramente definidos.
7. (Vunesp) A passagem da banda provocou no povo da cida- Já em Ele viajava para o
de: Rio, temos a descrição de
a) Indignação com o tumulto.
b) Apatia diante do fato. um evento habitual. O verbo
c) Hesitação quanto às atitudes a serem tomadas.
d) Intransigência com a desordem.
deixa, então, os limites tem-
e) Transformação do comportamento. porais em aberto, indicando
103
certa frequência na ocorrên-
cia desse fato no passado.
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Anotações

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8. (Vunesp) Na expressão minha gente (verso 3), o uso do
pronome possessivo minha indica:
a) Indiferença.
Sugestão de b) Desprezo.
Abordagem c) Ironia.
d) Cortesia.
e) Afeto.
Continuação do texto 9. (Vunesp) Nos versos 5 e 6, as palavras que destacadas re-
Os Teixeiras moravam em frente. ferem-se, respectivamente, a:
a) Homem sério e faroleiro.
[…] b) Faroleiro e dinheiro.
As Teixeiras tinham um pecado c) Dinheiro e vantagem.
d) Vantagem e homem sério.
fundamental: elas não compreen- e) Homem sério e banda.
diam que em uma cidade estran- 10. (Vunesp) No verso “[…] pra ver a banda passar cantando

gulada entre morros, nós, a infân- coisas de amor […]”, tem-se o seguinte:
a) Passar como ação posterior a cantando.
cia, teríamos de andar muito para b) Passar como ação anterior a cantando.
arranjar um campo de futebol; e, c) Passar como ação simultânea a cantando.
d) Ver como ação anterior a passar.
portanto, o nosso campo natural e) Ver como ação posterior a passar.

para chutar uma bola de borracha 11. Leia os versos abaixo e responda às questões propostas:

ou de meia era a rua mesmo. A moça triste que vivia calada sorriu.
Jogávamos descalços, a rua A rosa triste que vivia fechada se abriu.

era calçada de pedras irregulares a) Quais são os termos que determinam a flexão do verbo viver
nessas duas ocorrências?
(só muitos anos depois vieram os A moça triste e a rosa triste.
paralelepípedos, e eu me lembro b) Nesses versos, o verbo viver denota uma ação que aconte-
que os achei feios, com sua cor ceu uma única vez ou uma ação que acontecia frequentemente?

de granito, sem a doçura das pe- A ação era frequente.

dras polidas entre as quais me- c) Qual tempo verbal expressa esse tipo de ação?

drava o capim; e achei o nome


O pretérito imperfeito.
d) Em ambos os versos, o adjetivo triste determina uma qualida-
também horroroso, insuportável, de passageira ou permanente dos termos aos quais se refere?
paralelepípedos, nome que o pre- Permanente.

feito dizia com muita importância, 104

parece que a grande glória de


Cachoeiro e o progresso supremo LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 104 29/03/18 06:45

da humanidade residia nessa pa- daço do “campo” que era melhor, ro contando coisas de Cachoeiro,
lavra imensa e antipática — para- era do lado da extrema direita de isto é uma injustiça; a prova aqui
lelepípedos); mas, como eu ia di- quem jogava de baixo para cima, está: eu reconheço que o Está-
zendo, a gente dava tanta topada tinha uma pedra grande, lisa, e dio do Maracanã é maior que o
que todos tínhamos os pés esca- depois um meio metro só de ter- nosso campo, até mesmo o Pa-
lavrados: as plantas dos pés eram ra com capim, lugar esplêndido caembu é bem maior. Só que
de couro grosso, e as unhas eram para chutar em gol ou centrar. nenhum dos dois pode ser tão
curtas, grossas e tortas, principal- Tenho horror de contar vanta- emocionante, nem jamais foi dis-
mente do dedão e do vizinho dele. gem, muita gente acha que eu putado tão palmo a palmo ou pé
Até ainda me lembro de um pe- quero desmerecer o Rio de Janei- a pé, topada a topada, canelada

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Manual do Educador

Crônica

105
Capítulo
3
É hora de produzir
BNCC – Habilidades gerais
Antes de começar a escrever
No início deste capítulo, vimos que a crônica é um texto re- Aprenda
EF69LP47 EF69LP53
lativamente curto e com poucos personagens, linguagem sim- mais! EF69LP49
ples, normalmente publicado em jornais e revistas. Seus temas
são colhidos do cotidiano. Fatos inusitados, imagens interes- Como as crônicas trazem
um trabalho especial com
santes, cenas absurdas são retratados pela sensibilidade ou as palavras, que são
criticidade do cronista a partir de sua ótica. Nesta atividade,
você será um cronista. No entanto, antes disso, leia o trecho de
carregadas de sentido
pelos autores, dizemos BNCC – Habilidades específicas
que são textos produzidos
uma das crônicas escritas por Rubem Braga: entre a linguagem
jornalística e a literária. EF67LP27 EF67LP33
Os Teixeiras moravam em frente
Diversos escritores, como
o capixaba Rubem Braga EF67LP28 EF07LP10
(1913–1990), produziram
Para não dar o nome certo, digamos assim: os Teixeiras mo- crônicas para serem EF67LP30
ravam quase defronte lá de casa. publicadas regularmente
em jornais e revistas.
Não tínhamos nada contra eles: o velho, de bigodes brancos, Aproveitando a qualidade
era sério e cordial e, às vezes, até nos cumprimentava com defe- artística desses textos,
rência. O outro homem da casa tinha uma voz grossa e alta, mas as editoras costumam
reuni-los e republicá-los em
nunca interferiu em nossa vida e passava a maior parte do tempo livros.

Anotações
em uma fazenda fora da cidade; além disso, seu jeito de valen-
tão nos agradava, porque ele torcia para o mesmo time que nós.
Mas havia as Teixeiras. Quantas eram, oito ou vinte, as ir-
mãs Teixeiras? Sei que era uma casa térrea muito, muito longa,
cheia de janelas que davam para a rua, e, em cada janela, ha-
via sempre uma Teixeira espiando. Havia umas que eram boa-
zinhas, mas, em conjunto, as irmãs Teixeiras eram nossas ini-
migas, acho que principalmente as mais velhas e mais magras.
Capa do livro Crônicas, de
[…] Rubem Braga, publicado
pela editora Autêntica.
BRAGA, Rubem. Casa dos Braga: memória de infância. 2. ed.
Rio de Janeiro: Record, 1997. p. 45.

Proposta
Agora, leia as duas propostas abaixo, escolha uma e produ-
za seu texto:
1. Primeira proposta – Por que as Teixeiras eram inimigas
das crianças do bairro? Produza uma continuação para
essa crônica, com um final humorístico. Depois disso, o
professor lerá o desfecho original para que você entenda
por que as Teixeiras eram odiadas.
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a canelada, às vezes tapa a tapa. zes jogavam cinco contra seis, pois
Não consigo me lembrar se a a gente punha dois menores para
marcação naquele tempo era em equilibrar um vaca-brava maior.
diagonal ou por zona; em todo Eu disse que as partidas eram
caso a técnica do futebol era dife- emocionantes; até hoje não com-
rente, o jogo era ao mesmo tem- preendo como as Teixeiras jamais
po mais cavado e mais livre, por se entusiasmaram pelos nossos
exemplo: não era preciso ter onze prélios.
jogadores de cada lado, podia ser
qualquer número, e mesmo às ve-

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2. Segunda proposta – Como vimos, fatos corriqueiros po-
dem ser captados pelo cronista e desenvolvidos segundo
sua interpretação. Assim, uma fonte interessante de temas
para crônicas são os jornais. A seguir, reproduzimos algu-
mas capas de jornais. Leia as manchetes e selecione uma
para ser o tema de sua crônica. Se quiser, você poderá es-
colher uma manchete de um jornal da sua cidade. Use sua
imaginação para desenvolver suas ideias. Importante: seu
texto deverá propor uma reflexão crítica ao leitor.

Planejamento
Para produzir seu texto com mais facilidade, pense nisto:

1. Quais elementos farão parte da sua história? Como serão


os personagens, o espaço, o tempo?
2. Observe que, caso escolha a primeira proposta, sua con-
tinuação deverá trazer necessariamente um narrador-per-
sonagem. Já na segunda proposta, você está livre para
produzir sua crônica com narrador-personagem ou narra-
dor-observador.
3. Procure imprimir um tom pessoal, particular, ao seu texto.

4. Elabore um rascunho das suas ideias procurando estruturá-las.

5. Tenha em mente que a crônica geralmente é um texto breve.

6. Produza um título atraente para sua crônica.

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Manual do Educador

Crônica

107
Capítulo
3
Durante a produção do seu texto, procure utilizar uma lin-
guagem simples e clara, adequada ao seu público leitor: seus Compartilhe
colegas da escola. No final dessa atividade, sua turma e seu ideias
BNCC – Habilidades gerais
professor poderão reunir todas as crônicas produzidas e con-
feccionar um livro para ser doado à biblioteca da escola.
EF69LP05
Avaliação EF69LP56
1. Para avaliar seu trabalho, procure responder às seguintes
questões:
BNCC – Habilidades específicas
Aspectos analisados Sim Não
Caso você tenha escolhido a primeira propos- EF67LP07 EF07LP01
ta, a continuação que você produziu está coe-
rente com o texto inicial de Rubem Braga? Sua EF67LP30 EF07LP10
crônica traz um desfecho humorístico? EF67LP32 EF08LP01
Caso você tenha escolhido a segunda propos- EF67LP33
ta, há coerência entre a manchete que você
escolheu e o seu texto?
Ainda em relação à segunda proposta, seu tex-

Anotações
to traz uma reflexão crítica para seu leitor?
A linguagem que você utilizou está simples e
clara?
Os elementos da narrativa (personagens, es-
paço, tempo) estão bem caracterizados? É
necessário esclarecer alguma ideia? Todas as
partes do texto estão claras?

2. Agora, faça as modificações que julgar necessárias para


que seu texto se torne uma crônica bastante atraente para
seus leitores.
3. Finalizado o texto, digite-o para poder compor o livro de
crônicas.
4. Junto com o professor e a turma, o próximo passo será a
produção do livro. Para isso, definam um título para ele,
criem uma capa, elaborem uma dedicatória, estruturem o
sumário, encadernem tudo, e boa leitura!

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Ca 108 mOmeNTO
DO Crônica
g uN
Se O “jeitinho brasileiro” é inimigo da
Leitura prevenção
Complementar Somos o país do “jeitinho” e nos orgulhávamos disso, pois si-
nalizava nossa capacidade de improvisar, encarar as situações
mais complexas e oferecer soluções práticas. Nos tornamos
Jeitinho brasileiro pode reféns desta história quando a exceção passou a ser regra e
transformamos em definitivas medidas que tinham caráter pro-
configurar ato de corrupção Antes de visório. Poucos duvidam que o Brasil não consiga realizar os
começar a ler Jogos de 2016, pois sabem que na hora certa se faz um puxa-
Não declarar Imposto de Renda, A crônica que você vai dinho, pede-se emprestado, decreta-se feriado ou se oferece
falsificar carteirinha de estudante
ler agora foi escrita pelo
atendimento especial para privilegiados e pedimos compreen-
jornalista e radialista
são aos demais, em nome da nação […].
ou, simplesmente, furar uma fila.
Milton Jung. O trabalho
no rádio lhe rendeu dois O “jeitinho brasileiro” deixa aberta a porta corta-fogo do prédio
livros: Conte sua história
para o ar circular, faz galhofa com as simulações de incêndio
A maior parte da população não de São Paulo, baseado
em um quadro da CBN organizadas por solitários brigadistas — quando eles existem
considera essas atitudes erradas São Paulo, e um manual
dedicado a estudantes de
—; entrega para o mestre de obras a função de engenheiro e

e as encaram como parte do co-


substitui o projeto do arquiteto por rabiscos no papel de pão —
jornalismo: Jornalismo de
Rádio, adotado por vários esse não existe mais com certeza. As placas de trânsito são me-
tidiano. Pesquisa realizada pela cursos universitários. Em
2008, Jung criou a rede
ramente ilustrativas: se o limite é 60 km, andamos a 80 km, pois
temos certeza de que não haverá problema; se o sinal é de pare,
Universidade Federal de Minas Adote um vereador, na
qual os cidadãos são lemos reduza a velocidade. Problemas de saúde, resolvemos no

Gerais (UFMG) e Instituto Vox Po-


convidados a acompanhar balcão da farmácia; exames preventivos são perda de tempo.
e fiscalizar o trabalho dos
Em um resort no litoral baiano, construído com dinheiro de
puli revela que 23% dos brasilei-
legisladores municipais.
fundo de pensão, as normas de segurança eram muito rígidas,

ros acreditam que dar dinheiro a


um guarda para evitar uma multa
não chega a ser um ato corrup-
to. Mas esses atos, conhecidos
como o famoso “jeitinho brasilei-
ro”, podem ser mais graves do
que parecem e configuram, até
mesmo, ato de corrupção.
O coordenador em Goiás da cam-
panha do Ministério Público “O que
108
você tem a ver com a corrupção”,
o promotor de Justiça Rodrigo
Bolleli observa que essas atitudes
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já foram banalizados e enraizados


culturalmente. Por isso, a campa- preciso conscientizar as pessoas eficácia disso, ele cita o exemplo
nha visa mostrar à população que de que tudo começa com os pe- de uma escola de Uruana, no in-
esses pequenos atos, tidos como quenos atos e uma coisa leva a terior do Estado. Segundo conta,
normais, também são desvios de outra”, acredita. depois de uma semana de orien-
conduta e devem ser repensados. O promotor lembra que o des- tação no local, as crianças da
“O Brasil ainda não sedimentou pertar dessa consciência deve instituição montaram uma cantina
os princípios básicos da honesti- ser trabalhado na base, ou seja, como nome “Honestidade”. No
dade e o conceito de ética varia. É nas escolas. Para demonstrar a lugar, não tinha a figura do caixa

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Manual do Educador

Crônica

109
Capítulo
3
Anotações
a ponto de me chamar a atenção. Não precisei muito tempo
para descobrir o motivo: o seguro de vida feito por executivos
estrangeiros exige a estrutura para pagar indenização em caso
de acidente. A obsessão pela prevenção que nos causa incô-
modo é obrigatória em países da Europa e nos Estados Uni-
dos. Por isso, enquanto no Brasil tanto faz como tanto fez, nos
prédios americanos as portas abrem para fora. É para a rua
que se vai quando há situação de risco, e o acesso tem de ser
facilitado.
Precisamos implantar a cultura da prevenção, e as escolas se-
rão importantes nesta iniciativa. Não defendo a criação de uma
matéria específica para o assunto, a grade escolar já está com- Dicionário
pletamente ocupada. Podemos, porém, discutir o assunto com os
alunos de forma interdisciplinar, em palestras, atividades extracur- Provisório – Passageiro,
riculares e campanhas internas. Que escola realiza treinamento temporário.
Puxadinho – Construção
de fuga, preparando seus estudantes para casos de risco? […].
irregular.
Os governos — União, estados e municípios — devem usar Galhofa – Gracejo, piada.
as verbas publicitárias, desperdiçadas em propaganda política, Brigadistas – Funcionários
de indústrias responsáveis
para mobilizar a sociedade. São Paulo, ano passado, incenti-
por zelar pela prevenção
vou o respeito à faixa de segurança e diminuiu os acidentes nos de acidentes de trabalho.
pontos em que a campanha se concentrou.
Em casa, na empresa, na igreja, na sociedade em que atua,
é sua a responsabilidade. Com seus filhos, pais, parentes, ami-
gos e colegas, insista na ideia de que o “jeitinho brasileiro” é
inimigo da cultura da prevenção.
Disponível em: http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/platb/miltonjung/2013/01/29/o-
-jeitinho-brasileiro-e-inimigo-da-prevencao/. Acesso em 11/02/2015.

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para receber o pagamento. Os BNCC – Habilidades gerais


alunos simplesmente retiravam o
lanche e deixavam o dinheiro no EF69LP10 EF69LP45
local. “O que demonstrou o prin- EF69LP13 EF69LP47
cípio da honestidade”, diz. EF69LP16 EF69LP53
EF69LP21 EF69LP54
Disponível em: http://rota-juridica.jusbrasil.
com.br/noticias/100176733/jeitinho-brasileiro- EF69LP44 EF69LP56
pode-configurar-ato-de-corrupcao. Acesso em
26/02/2015.

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Ca 110
Desvendando os segredos do texto

1. A partir do texto lido, como podemos caracterizar o “jeitinho brasileiro”?


Leitura
Maneira hábil, improvisada, astuciosa de conseguir algo.
Complementar
2. Podemos afirmar que o autor é a favor do “jeitinho brasileiro”? Justifique sua resposta.

O autor procu-
Não. Ele é contra, porque o jeitinho brasileiro é inimigo da cultura da prevenção.
3. Como vimos no início deste capítulo, a crônica é um texto cujo tema é retirado do co-
ra combinar os tidiano normalmente com o objetivo de divertir ou de propor uma reflexão a partir de um
instrumentos da enfoque crítico. Nessa crônica, qual foi o tema escolhido por Milton Jung e qual foi o seu

Sociologia, do Di-
objetivo ao produzir esse texto?
O seu tema foi o fato de o brasileiro, segundo ele, recorrer ao jeitinho para tentar burlar uma
reito, da História lei ou ter privilégios sobre os demais membros da sociedade. Seu objetivo foi criticar esse
e da Ciência Polí- comportamento.
tica para elaborar 4. “Somos o país do jeitinho e nos orgulhávamos disso, pois
um estudo que vai desde a co- sinalizava nossa capacidade de improvisar, encarar as situa-

lônia até a revolução de 1930. O


ções mais complexas e oferecer soluções práticas.” Conforme
esse trecho, responda às alternativas:
clientelismo, as dificuldades em a) Por que o brasileiro se orgulha do “jeitinho brasileiro”?
separar o patrimônio público dos Pela capacidade de improvisar nas situações complicadas.
bens privados, os obstáculos b) O autor da crônica deixa clara sua ironia quando justifica o

para a construção de um Estado Aprenda orgulho do cidadão sobre o jeitinho para tudo. Baseado nisso,
mais! no seu dia a dia quais são os outros “jeitinhos” que você obser-
Moderno, baseado nos preceitos Como vimos, o
va? Discuta com o professor o que foi pesquisado.

legais, são algumas característi- cronista parte de um


acontecimento banal para
Resposta pessoal.

cas da realidade que Raymundo construir seu texto. Nessa c) Pesquise em dicionários o que é malandragem e, em segui-
construção, ele lança sobre da, relacione o seu significado ao tema da crônica.
Faoro pretende analisar nesta o tema um ponto de vista
particular, dando relevo a Resposta pessoal.
obra, em busca de suas origens
detalhes que normalmente
passariam despercebidos
5. A corrupção é uma ação exclusiva dos políticos? Justifique
e especificidades.
do leitor. Para construir
essa visão peculiar, é sua resposta a partir do texto.
comum que o cronista
recorra a figuras de Não. A corrupção também está atrelada ao dia a dia da popula-
linguagem, como a ironia.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Globo, ção quando esta burla as leis.
2001.
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Resultado de uma
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pesquisa que ten-


ta desvendar o tuoso. E faz as seguintes pergun- vador de serviço? A lista é lon-
perfil do brasileiro, tas para pessoas de diferentes ga, e a maioria das respostas é
este livro vai dar o grupos sociais: deixar alguém oposta do que se imagina, mos-
que falar. A partir passar à frente na fila é jeitinho, trando que o Brasil é complexo,
de dados estatísti- favor ou corrupção? Um empre- mas não incompreensível.
cos de excepcional amplitude, o gado deve se dirigir ao seu pa-
autor apresenta conclusões que trão por ‘senhor’ ou por ‘você’? ALMEIDA, Carlos Almeida. A cabeça do
brasileiro. Rio de Janeiro. Editora Record. 2007.
mostram como somos um país Empregados de edifícios devem
ainda conservador e preconcei- utilizar o elevador social ou o ele-

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Manual do Educador

Crônica

111
Capítulo
3
6. No dia a dia, quando alguém burla regras ou até leis para obter alguma vantagem, isso
também é corrupção? Descreva situações que exemplifiquem essa afirmativa.
Resposta pessoal, mas espera-se que o aluno veja esse comportamento como uma forma
BNCC – Habilidades gerais
de corrupção.
EF69LP13 EF69LP44
7. “Precisamos implantar a cultura da prevenção, e as escolas serão importantes nesta ini- EF69LP14 EF69LP47
ciativa. Não defendo a criação de uma matéria específica para o assunto, a grade escolar já
está completamente ocupada. Podemos, porém, discutir o assunto com os alunos de forma
EF69LP16 EF69LP49
interdisciplinar, em palestras, atividades extracurriculares e campanhas internas.” Proponha, EF69LP21
juntamente com seu professor e seus colegas de turma, campanhas que podem ser desen-
volvidas tanto na sala de aula quanto na escola para acabar com o “jeitinho brasileiro”.
Resposta pessoal.

8. “Jeitinho” é uma expressão tipicamente brasileira, é um modo de agir usado para driblar Anotações
normas e convenções sociais. Pensando nisso, marque a alternativa que não apresenta
esse “jeitinho”.
a) Ceder um lugar no ônibus.
b) Furar a fila do cinema.
c) Comprar produtos falsificados.
d) Copiar as respostas do colega na prova.

9. Normalmente as crônicas são estruturadas em introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução
Apresentação do fato que servirá de tema.
Desenvolvimento
Abordagem do fato apresentando a visão do cronista.
Conclusão

a) Considerando o sentido da palavra conclusão, explique com suas palavras o que é essa
etapa do texto.
Resposta pessoal. Esperamos que o aluno perceba que a conclusão corresponde ao fecha-
mento do texto, o encerramento da discussão.
b) Escreva, de forma resumida, o argumento que Milton Jung utilizou para concluir a sua
crônica.
Em todos os lugares, ao falar com as pessoas, devemos defender que o “jeitinho brasileiro”
é inimigo da cultura da prevenção.

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10. As crônicas podem apresentar, simultaneamente, trechos
Aprenda narrativos, trechos descritivos e trechos argumentativos,
mais!
mas um desses tipos textuais deve prevalecer.
Sugestão de Lista aponta dez práticas a) Na crônica de Milton Jung, que tipo textual predomina?
de corrupção comuns no
Abordagem dia a dia do brasileiro Na crônica de Milton Jung, predomina o tipo textual argumen-
Os números refletem o
quanto atitudes ilícitas
tativo.

Não deixe de explorar ou- estão enraizadas em parte


da sociedade brasileira e
b) O que caracteriza esse tipo textual?

tros tipos de crônica, além


acabam sendo encaradas
A defesa de um ponto de vista por meio de argumentos.
como parte do cotidiano.

das de forte caráter literá- • Não dar nota fiscal.


• Não declarar Imposto de 11. Nas crônicas, é comum o autor escrever em tom de conver-

rio, para as abordagens lin- sa descontraída, para conquistar a simpatia do leitor e prender
Renda.
• Tentar subornar o guarda
sua atenção. Para criar esse tom de conversa e se aproximar
guísticas. Como exemplo,
para evitar multas.
• Falsificar carteirinha de do leitor, Milton Jung utiliza um recurso que fica bastante claro
na flexão de vários verbos. Que recurso é esse?
há a crônica esportiva, a
estudante.
• Dar/Aceitar troco errado.
• Roubar TV a cabo.
crônica social, a política, a
Ele emprega vários verbos na primeira pessoa do plural, o que
• Furar fila.
• Comprar produtos significa que ele, o leitor e os brasileiros são cúmplices do “jei-
policial, etc. Peça para seus falsificados.
• No trabalho, bater o tinho”.
alunos selecionarem crôni- ponto pelo colega.
• Falsificar assinaturas.
12. Leia a tira abaixo:
cas para ler em sala, dis- PREÁ/Eudson e Lécio

cutindo o uso dos tempos e


modos verbais.
Para as questões da seção
Análise linguística, propo-
mos estas respostas:
1. Estar sempre de bom
humor. Que relação podemos fazer entre essa tirinha e o texto O “jeitinho brasileiro” é inimigo da
prevenção?

2. Significa começar bem o A tira mostra, por meio da atitude de Preá, que ele não entende o sentido da palavra corrupção,

dia. que pode acontecer nas situações mais banais do dia a dia. Por esse motivo, ele decide colar
da prova do colega para conseguir uma nota melhor. Ou seja, ele dá um “jeitinho” para obter
3. Sempre. uma vantagem.

4. Denota a frequência com 112

que ocorre a ação de le-


vantar com o pé direito e LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 112 29/03/18 06:45

o estado de bom humor.


BNCC – Habilidades gerais
Anotações
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EF69LP21 EF69LP55

BNCC – Habilidades específicas

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Manual do Educador

Crônica

113
Capítulo
3
Análise linguística

Os advérbios
Leia a tirinha a seguir: XAXADO/Antonio Cedraz
© 2015 King Features Syndicate/Ipress.

1. Qual é a característica da personalidade do Saci que Xaxado admira?


2. Na nossa cultura, o que significa iniciar o dia com o pé direito?
3. Qual é a frequência com que essa característica se manifesta no Saci?
4. O que denota a palavra sempre nas duas ocorrências nessa tirinha?

A palavra sempre, como você percebeu, indica a frequência com que ocorrem a ação de
levantar (levanto) e o estado de bom humor do Saci (estar). Assim, dizemos que sempre
atua sobre esses verbos modificando-os semanticamente. Para que isso fique claro, basta
confrontarmos os seguintes enunciados:

Eu sempre levanto com o pé direito.


X
Eu nunca levanto com o pé direito.

Nesses enunciados, nunca e sempre modificam o verbo levantar. Além dessa função
modificadora, essas palavras guardam ainda outras duas características típicas:

Primeira característica – Não exercem concordância com a palavra que modi-


ficam, isto é, elas não se flexionam, são invariáveis. Nunca e sempre não são
singular nem plural, não indicam a pessoa nem o modo verbal.

Segunda característica – Podem ocupar diferentes posições em relação ao termo


que modificam:

Eu sempre levanto com o pé direito.


Eu levanto sempre com o pé direito.
Sempre eu levanto com o pé direito.
Eu levanto com o pé direito sempre.

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Essas características nos levam à definição dos advérbios: são palavras invariáveis
que exercem função modificadora de outra palavra (verbo, adjetivo ou advérbio) e podem
ocupar diferentes posições em relação a esta.
A língua dispõe de uma infinidade de advérbios, porém os mais comuns são os que
Repensando o localizam no tempo ou no espaço (lugar) os objetos ou fatos a que nos referimos quando
nos comunicamos. Assim, podemos identificar os advérbios de tempo (ontem, hoje, cedo,
Ensino da Gramática tarde, amanhã, antes, agora, depois, então, logo, já, ainda, sempre, nunca) e os advérbios
de lugar (acima, abaixo, aqui, ali, dentro, fora, atrás).
Menos numerosos são os advérbios que indicam circunstância de intensidade (muito,
Frequentemente, as aulas de pouco, bastante, menos, mais, apenas, quase, demais), de modo (assim, bem, mal, rapi-
gramática se resumem a expli- damente, silenciosamente), de dúvida (talvez, porventura), de adição/inclusão (também,
inclusive, até, ainda), de focalização (só, apenas, sobretudo, até) e de negação (não).
cações parciais, quando não a
Locuções adverbiais
argumentos de autoridade (tal Aprenda
mais!
construção é correta; a função
Quando duas ou mais palavras funcionam como um advér-
bio na frase, elas formam uma locução adverbial. Observe:
sintática é tal). Mas não precisa
O advérbio e a noção
de grau Eles chegaram ontem à tarde.
ser assim. Alguns advérbios que
não indicam situação
Locução adverbial de tempo
ou posição definida
Eles chegaram de repente.
Por exemplo: a certa altura, os no espaço-tempo são
passíveis de gradação,

alunos se defrontam com lições exatamente como os Locução adverbial de modo


adjetivos; por isso, podem

sobre “adjetivos” com função


vir precedidos de um
advérbio de intensidade

adverbial, como em Eles andam Prática linguística


(muito cedo, bastante
tarde, mais longe,
pouco perto) ou receber
rápido. Pode-se fazê-los deco- um sufixo de grau — a
1. Leia a charge abaixo e responda às questões propostas.
exemplo do coloquial -inho
rar esses casos. Mas também é (cedinho, pertinho) e do
formal -íssimo, de uso
possível convencê-los de que se restrito a alguns advérbios
(tardíssimo, cedíssimo).
trata mesmo de uma construção AZEREDO, José Carlos
de. Gramática Houaiss da

em que uma palavra com cara Língua Portuguesa.


São Paulo: Publifolha, 2008.

de adjetivo funciona como um


p. 196.

advérbio. Basta variar o gênero


do sujeito, ou seu número: Ele
anda rápido / Ela anda rápido / a) Qual é o tema central dessa charge?

Eles andam rápido / Elas andam A epidemia de dengue no Brasil.

rápido, bem como se pode trocar 114

rápido por rapidamente.


Além disso, pode-se verificar ou-
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tro fato: Eles andam rápidos / Elas


BNCC – Habilidades gerais
andam rápidas / Ela anda rápida Anotações
são construções corretas, mas EF69LP05 EF69LP54
que não são sinônimas das an- EF69LP47 EF69LP56
teriores. No primeiro caso, andar EF69LP49
é caminhar; no segundo, é estar.

POSSENTI, Sírio. Revista Língua Portuguesa nº BNCC – Habilidades específicas


62. São Paulo: Segmento. Dezembro de 2010.
Texto adaptado.
EF67LP08 EF07LP09

114
114

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Manual do Educador

Crônica

115
Capítulo
3
b) Um dos fenômenos linguísticos mais interessantes é a intertextualidade: o “diálogo”
entre os textos. Podemos dizer que essa charge “dialoga” com outro texto. Você saberia
dizer qual é?
Essa charge dialoga com placas informativas instaladas em grandes corredores de pedes- Repensando o
tres com a finalidade de orientá-los sobre sua localização. São muito comuns em grandes Ensino da Gramática
shoppings, avenidas muito movimentadas, cruzamentos em grandes cidades, etc.
c) Como se classifica a palavra aqui, que aparece na charge?
Normalmente, a tradição grama-
tical tem dividido os advérbios
Advérbio de lugar.

d) Podemos observar que o autor da charge quis fazer uma crítica ao problema da dengue
no País. De acordo com o desenho, onde está o mosquito da dengue, na verdade? de tempo em dois subgrupos:
Está em todo o País.
Primeiro subgrupo – ontem, hoje
2. Leia a estrofe: e amanhã. Esses advérbios são
Eu marco o tempo na base da embolada, utilizados em relação ao dia em
da rima bem ritmada, do pandeiro e do ganzá. que ocorre a enunciação, sendo,
VALENÇA, Alceu. Na embolada do tempo. Indie Records/Universal Music, 2005.
portanto, um caso típico de dêi-
a) Como se classifica a palavra destacada no texto acima?
xis. Ex.: Hoje é feriado; Ontem
foi feriado; Amanhã será feriado.
Advérbio.
b) Indique uma palavra que poderia substituir bem nessa estrofe.
Bastante/Muito. Segundo subgrupo – agora, an-
Horas para gastar
tes, depois e então. Esses advér-
Eu mesma me surpreendo ao perceber quantas horas por ano tenho para gastar. Capa-
bios são utilizados em ocasiões
cito-me de que, na realidade, tenho mais tempo do que penso — e isso significa que vivo arbitrárias, relativas ao momen-
mais do que imaginei. Isso se fizermos as contas das horas do dia, da semana, do mês, do
ano. Quem fez o cálculo foi um inglês, não sei seu nome. to em que ocorre a enunciação
Um ano tem 365 dias — ou seja, 8.760 horas. Não é enganoso não, são oito mil se-
(função dêitica) ou a um ponto
tecentas e sessenta horas. Deduzam-se oito horas por dia de sono. Agora, deduzam-se
cinco dias de trabalho por semana, a oito horas por dia, durante 49 semanas (descontando, de referência localizado dentro
digamos, o mínimo de duas semanas de férias e mais uns sete dias de feriado). Deduza
duas horas diárias empregadas em condução, para quem mora longe do local de trabalho.
do próprio discurso (função ana-
Nessa base, sobram-lhe 1.930 horas por ano. Mil novecentas e trinta horas para se fazer fórica). Exemplos: Agora / An-
tes / Depois vamos ao cinema
o que se quiser ou puder. A vida é mais longa do que a fazemos. Cada instante conta.
LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo: crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. pp. 433–434.

(função dêitica); Primeiro ficou


115
inquieto e depois com dor de
barriga (função anafórica).
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Sugestão de Abordagem

Professor, talvez se faça ne- encontramos outra saída senão capítulo 7). Assim, poderemos
cessário levar os alunos a dife- enveredar pelos caminhos da mostrar-lhes que os advérbios
renciar locuções adverbiais de sintaxe, observando que certos não são necessários à estrutura
lugar dos objetos diretos loca- verbos exigem necessariamen- sintática, enquanto os comple-
tivos. Embora signifique certa te um complemento locativo (cf. mentos verbais o são.
antecipação no conteúdo, não noção de transitividade verbal,

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Ca
3. (Colégio de Aplicação – UFPE) A frase que melhor expressa a ideia principal do texto é:

116
a) Não existe vida sem cálculo.
b) Na vida, é importante aproveitar cada segundo do nosso tempo.
c) Temos mais tempo para gastar do que imaginamos.
d) Podemos usar nossas horas para fazer o que quisermos.
4. (Colégio de Aplicação – UFPE) Qual das alternativas abaixo apresenta sinônimos res-
pectivos, no contexto do texto, para capacito-me de, deduzam-se e condução?
a) Descubro, subtraiam, metro.
b) Reflito, adivinhem, ônibus.
c) Penso, concluam, veículo.
d) Dou-me conta de, retirem, transporte.
5. No penúltimo parágrafo do texto, encontramos o seguinte trecho:

“Deduza duas horas diárias empregadas em condução, para quem mora longe
do local de trabalho.”
a) Como se classifica a palavra longe?
Advérbio de lugar.
b) Nesse trecho, qual é a palavra modificada por longe?
O verbo morar.

É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Na crônica de Milton Jung, vimos que o cronista pode tomar como tema um fato social e
desenvolvê-lo criticamente, propondo ao leitor uma reflexão. A seguir, reproduzimos um tre-
cho de uma crônica de Mário Prata, um dos maiores cronistas brasileiros. Leia este trecho
procurando identificar qual é a reflexão proposta por ele.
Faço as minhas compras no supermercado, pego o meu talão de cheques, vou
preencher. A mocinha:
— Pode deixar, que a máquina faz isso!
Fico uns segundos atabalhoado, olho para o cheque.
— Faço questão de eu mesmo preencher.
E preenchi.
A cena é corriqueira, não é? Mas ali, naquele momento, aquela mocinha estava
me tirando o prazer de colocar a minha letra no cheque. Afinal, pensei eu naquele
momento, é a única coisa que eu escrevo à mão: o cheque.
PRATA, Mário. Acabaram com a nossa letra. In: O Estado de S. Paulo, 12/11/1997.

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Manual do Educador

Crônica

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Capítulo
3
Proposta Sugestão de
Agora, você produzirá uma crônica com o objetivo de levar
seu leitor a refletir sobre um problema muito comum hoje em
Abordagem
dia. Leia o cartum a seguir e identifique qual será o tema da
sua crônica:
No trecho da crônica da
seção Antes de começar a
escrever, Mário Prata suge-
re uma reflexão sobre o fato
de muitas pessoas não es-
creverem mais à mão.

www.dukechargista.com.br Leitura
Planejamento Complementar
Antes de começar seu trabalho, planeje suas ideias:

1. Procure compreender claramente o tema do seu texto. Para


No livro Só dói quando eu
isso, observe a sequência narrativa e a relação causa-efeito respiro, Caulos aborda uma
indicada no primeiro e no último quadrinho, respectivamente.
série de problemas da vida
2. O personagem representado no cartum será o personagem
central da sua crônica. em uma sociedade capita-
3. Como é a vida desse personagem? lista, como a degradação
4. Procure caracterizá-lo bem.
ambiental, a poluição, a
exploração do trabalhador,
5. Que outros personagens farão parte da sua crônica?
6. Qual será a reflexão proposta?
7. Produza um título adequado para o seu texto.
etc., em cartuns que po-
dem servir perfeitamente
como propostas de produ-
117 ção para crônicas.

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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas

EF69LP07 EF69LP15 EF67LP08 EF67LP32


EF69LP08 EF69LP44 EF67LP30 EF07LP10
EF69LP13 EF69LP47 EF67LP33
EF69LP14 EF69LP54
CAULOS (1981).
Só dói quando eu respiro.
Porto Alegre: L&PM.

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o
3
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Ca 118
Avaliação
1. Sente-se ao lado de um colega para avaliarem o texto um
do outro. A avaliação deverá contemplar os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O tema do cartum foi interpretado corretamente?
Leitura A crônica está de acordo com o tema?
Complementar O personagem principal é o mesmo do cartum?
O personagem principal foi bem caracterizado?
Ao contrário do que muitas pes- A crônica apresenta um desfecho condizente
soas pensam, aprender ortogra- com o tema?

fia não é só uma questão de me-


O título está adequado?

mória. Nem sempre, para acertar 2. Agora, finalizados os textos, o professor organizará a turma

a grafia das palavras, é neces-


em um grande círculo e promoverá uma roda de leitura.

sário decorar sua forma corre-


ta. Nossa intenção é examinar
como está organizada a norma
ortográfica de nossa língua: que
correspondências letra-som são A escrita em foco
regulares e, portanto, podem ser
incorporadas pela compreensão, Uso das consoantes s, z e x
e quais são irregulares, exigin- Na Língua Portuguesa, muitas vezes utilizamos letras dife-
rentes para tentar representar um mesmo som. É o que ocorre,
do que o aprendiz as memorize. por exemplo, com as letras s, z e x. Em algumas palavras, o
s e o x podem nos confundir quando têm o som de z. Então,
Essa distinção nos permite com- observe:
preender que erros ortográficos Usamos a letra s
não são “coisas idênticas”, pois
• Nas palavras terminadas em -ês, -esa, -isa, -osa, -oso e -ense.
erros semelhantes em sua apa-
rência – porque envolvem a “tro- maltês freguesa poetisa gasosa venoso campinense

ca de uma letra por outra” – têm


naturezas diferentes. 118

Tomemos um exemplo: Pedro, LPemC_2018_BNCC_7A_Cap3.indd 118 29/03/18 06:45

aluno do terceiro ano, produziu


uma história em que apareciam
grafias como *sidade (cidade), não há nenhuma regra ou princípio
*oje (hoje), *cachoro (cachorro) que possa nos ajudar a saber por
e *honrrado (honrado). Embora que essas palavras se escrevem,
todas as palavras contenham er- respectivamente, com C e H. Já no
ros, podemos nos perguntar se caso de cachorro e honrado, sem
eles são devidos a motivos dife- termos que decorar cada palavra iso-
rentes ou se têm uma única razão ladamente, podemos compreender MORAIS, Artur Gomes de (2009).
Ortografia: ensinar e aprender.
de ser. No caso de cidade e hoje, por que se escrevem com rr e r. São Paulo: Ática.

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Manual do Educador

Crônica

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Capítulo
3
• Depois de ditongos.
Compartilhe
ideias
lousa coisa faisão causa

• Nas formas dos verbos pôr e querer.

puser pusesse quisesse quiser

• Nas terminações -ase, -ese, -ise e -ose.

fase catequese crise osmose sacarose

Usamos a letra z

• Em substantivos abstratos femininos (terminados em -ez e


-eza) que têm origem em adjetivos.

grávida – gravidez esperto – esperteza

• Nas palavras terminadas em -izar (verbos) e -ização (subs-


tantivos).

escravo – escravizar – escravização


canal – canalizar – canalização

• Antes das terminações -ada, -al, -eiro/-eira, -inho/-inha,


nos casos em que estas se ligam a palavras não terminadas
em s ou s + vogal.

guri + -ada = gurizada


capim + -al = capinzal
cajá + -eiro = cajazeiro
bom + -inho = bonzinho

Usamos a letra x

• Em palavras iniciadas por e, excetuando-se esôfago e eso-


térico (e derivadas).

exagero exalar exame exato exausto


exemplo exibir existir exótico exultar

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120 Compartilhe
ideias A escrita em questão

Texto

Assista hoje,
na Band,
à grande final
entre Brasil
e África do Sul.

(Se depender da nossa transmissão, este amistoso vai ter o


clima de uma decisão.)
Publicado na Revista IstoÉ, em fev. de 2006. (adaptado)

1. (Ipad) O texto acima trata de uma:


a) Emissora de TV.
b) Revista semanal.
c) Partida de futebol internacional.
d) Final de Copa do Mundo.
e) Transmissão na África do Sul.

2. (Ipad) Leia atentamente as afirmativas abaixo e marque o


número daquelas que estão corretas.
1. O autor pretende convencer o leitor a assistir à transmissão
da Band.
2. O principal objetivo do autor é vender a revista IstoÉ.
3. O locutor (quem fala no texto) está representado pela Band.
4. O locutor (quem fala no texto) dirige-se ao leitor da revista
IstoÉ.
5. A palavra clima, no texto, significa condições meteorológicas.

Estão corretas, apenas:


a) 1, 2 e 3. b) 1, 3 e 4. c) 1, 3 e 5. d) 2, 3 e 4. e) 2, 4 e 5.

3. (Ipad) No texto, este amistoso refere-se a:


a) Assista hoje.
b) Na Band.
c) Partida entre Brasil e África do Sul.
d) Nossa transmissão.
e) O clima.

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Crônica

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Capítulo
3
4. (Ipad) O elemento de apelo usado na mensagem está evi-
dente, principalmente, nos segmentos:
a) Assista hoje/na Band.
b) Brasil/África do Sul.
c) Este amistoso/vai ter.
d) Grande final/clima de uma decisão.
e) Se depender/da nossa transmissão.

5. (Ipad) Assinale a alternativa em que a letra s representa o


som / z / nas duas ocorrências destacadas.
a) Assista/Brasil.
b) Brasil/Sul.
c) Se/nossa.
d) Transmissão/este.
e) Amistoso/decisão.

6. Preencha as lacunas abaixo com x, s ou z.

a) E x istir h) Catequi z ar
b) Camponê s i) Cateque s e
c) Duque s a j) Industriali z ação
d) Pau s a k) Urbani z ação
e) Estabili z ar l) E x igência
f) Fiscali z ação m) E x onerar
g) Náu s ea n) Ê x ito

7. Nas alternativas a seguir, temos gru-


pos de palavras nas quais s e x apresen-
tam som de z. Utilizando seus conheci-
mentos, assinale a única alternativa em
que todas as palavras estão escritas de
maneira adequada, de acordo com as re-
gras que estudamos de uso dessas três
letras.
a) Visita, ezausto, enraizar.
b) vasar, maizena, exemplo.
c) pausa, executar, realisar.
d) modernizar, exato, amoroso.
e) esercer, atencioso, exibir.

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TO
eN
m
rA
Texto

Ce r
BNCC – Habilidades gerais eN O império do silicone
Ando espantado com o número de pessoas que vêm fazen-
EF69LP06 EF69LP14 do plástica e lipoaspiração. Conheço uma senhora que deve
Aprenda ter sido a pioneira das operações. Pelos meus cálculos, tem
EF69LP07 EF69LP16 mais! uns 70 anos. A aparência é absolutamente indefinível:
EF69LP08 EF69LP44 A crônica que você vai — Quando sua família veio do Japão? — perguntei gentil-
ler agora foi escrita por mente.
EF69LP11 EF69LP47 Walcyr Carrasco, escritor
e jornalista, autor de — Não há nenhum oriental na minha família!
vários livros de literatura Seus olhos são tão puxados que eu juraria... Faz parte da épo-
infantojuvenil, peças ca em que se esticava tudo. Os olhos chegavam às orelhas. Uma
teatrais, crônicas e roteiros
atriz, certa vez, ficou sem fechar os olhos seis meses. De tão es-
BNCC – Habilidades específicas
para a televisão. Suas
histórias são geralmente ticada, não conseguia. Dormia com máscara. Atualmente, a plás-
muito criativas, divertidas tica avançou. Mas, no passado, tudo isso era feito discretamente.
e relacionadas ao
Senhoras de mais idade se recusam a confessar as plásticas.
EF67LP05 EF67LP34 cotidiano. Entre os seus
livros de crônicas, é muito — Nunca precisei — garante uma conhecida, embora suas
EF67LP07 EF07LP14 interessante O golpe do orelhas, de tão puxadas, já estejam se encontrando atrás da
aniversariante e outras
cabeça.
EF67LP32 EF89LP02 crônicas, editado pela
Ática. Walcyr Carrasco Tornou-se chique falar em pôr silicone, fazer lipo. As mais
EF67LP33 também escreveu famosas anunciam aos quatro ventos:
inúmeras novelas para a
televisão, como Amor à — Vou fazer o peito, o braço, os joelhos...
vida (2013), Êta mundo Meu vizinho já entrou na lipo umas seis vezes. Arranca as
bom! (2016) e O outro lado gorduras. Mal se recupera, vai à churrascaria. Dali a pouco, a
do paraíso (2017).
calça não fecha de novo.
— Está na hora de fazer uma recauchutagem — avisa.
Aconselho:
— Lipo não é para emagrecer. Só deve ser feita depois do
regime!
Ele concorda, sorrindo. E se interna no dia seguinte.

Anotações
Dicionário Claro que não resisti. Fui fazer uma consulta. Tirei a camisa
e mostrei a barriga. Parecia um barril. Mas a plástica não faz
Lipoaspiração – Um
milagres?
processo cirúrgico para O médico me observou. Por um instante, pensei que fosse
extração de gorduras prescrever uma camisa de força. Apalpou-me.
superficiais.
Pioneira – A primeira; a
— Bem que eu gostaria de tirar sua barriga — explicou. —
precursora. Nesse caso, saberia o que fazer com a minha, que é bem pior.
Recauchutagem – Abriu a camisa. O umbigo derramou-se para fora. Explicou
Restauração de algo
desgastado pelo uso.
que temos o mesmo tipo de abdome, com gordura espalhada.
Lipo não adiantaria. Só uma operação. A barriga ficaria estica-

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Manual do Educador

Crônica

123
Capítulo
3
díssima. Eu teria de ficar dobrado em dois durante alguns meses, até a barriga recuperar
a flexibilidade.
— Tem garantia contra torresmos? — perguntei.
Olhou-me dolorosamente. Não, não havia. Bastavam algumas picanhas bem gordurosas
para eu voltar a ser o que sou!
Fui visitar uma amiga, conhecida pelos decotes. Estava murcha.
— Tirei o silicone — revelou.
— Por quê?
— É mais ou menos como mudar o corte de cabelo. Uma hora a gente põe, outra hora
tira. Na semana que vem, faço o rosto.
Fiquei pensando: será que daqui a alguns anos vamos esquecer como eram os narizes,
as orelhas, o jeito do rosto, antes de todo mundo querer atingir determinado padrão de bele-
za? Orelhas grandes não têm charme? Nariz torto? Tudo bem querer ficar mais bonito. Mas
ainda não consigo entender por que as pessoas andam fazendo tanta plástica.
CARRASCO, Walcyr. Pequenos delitos e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2004 (adaptado).

1. Como vimos no início deste capítulo, a crônica é um texto cujo tema é retirado do co-
tidiano, normalmente com o objetivo de divertir ou de propor uma reflexão a partir de um
enfoque crítico. Nessa crônica, qual foi o tema escolhido por Walcyr Carrasco e qual foi o
seu objetivo ao produzir esse texto?
O seu tema foi o fato de as pessoas recorrerem cada vez mais a cirurgias estéticas em
busca de determinado padrão de beleza. Seu objetivo foi criticar esse comportamento.

2. Podemos afirmar que o autor é contra as cirurgias plásticas? Justifique sua resposta.
Não. Ele é contra à prática indiscriminada desse tipo de cirurgia em busca exclusivamente
da beleza.

3. De acordo com o texto, podemos afirmar que o autor foi ao médico com que objetivo?
Ele queria diminuir a barriga.

4.O vizinho citado no texto tinha o costume de fazer lipoaspiração. O que ele fazia logo
depois?
Ele tornava a comer alimentos gordurosos.

5. Identifique, no texto, qual foi o adjetivo utilizado pelo autor para caracterizar a aparência
da senhora de 70 anos depois da plástica.
Indefinível.

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6. Nas crônicas, os fatos narrados podem não ser necessariamente reais. Eles podem ser
imaginários ou ser parte verídicos, parte ficção. Muitas vezes, esses fatos nem acontece-
ram com o cronista, mas com alguém que ele conhece. Sendo verídicos ou não, na crônica,
os fatos ganham uma aparência de realidade, ou seja, são verossimilhantes. Identifique,
no texto, ao menos dois recursos que o cronista utilizou para levar o leitor a acreditar que
os fatos narrados realmente aconteceram.
Sugestão de resposta: O uso do narrador em primeira pessoa e a linguagem simples do
texto, que lembra uma conversa.

7. O médico, ao ser consultado, mostrou ao paciente:


a) O quanto ficou magro com a cirurgia.
b) A roupa que usava para disfarçar a barriga.
c) A tabela de preços referentes às cirurgias.
d) Uma lista de alimentos que não engordam.
e) Que também tinha problemas com excesso de peso.

8. Na frase “Ando espantado com o número de pessoas que vêm fazendo plástica […]”,
a palavra espantado pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:
a) Indiferente. b) Feliz.
c) Assustado. d) Satisfeito.
e) Conformado.

9. No trecho reproduzido na questão anterior, podemos dizer que o verbo andar denota:
a) Uma ação.
b) Um estado.
c) Uma ação ainda não concluída.
d) Um fenômeno da natureza.
e) Um evento que ainda não aconteceu.

10. “Atualmente, a plástica avançou.” O verbo avançou tem sentido contrário ao de:
a) Adiantou. b) Regrediu.
c) Evoluiu. d) Prosseguiu.
e) Progrediu.

11. Na frase “Quando sua família veio do Japão?”, a palavra quando apresenta sentido de:
a) Tempo. b) Oposição.
c) Comparação. d) Conclusão.
e) Finalidade.

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Crônica

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Capítulo
3
o
mídias em context

Neste capítulo, vimos que a crônica é um gênero textual que pretende apreender os
fatos da vida social contemporânea do seu autor fazendo uma reflexão sobre os costumes
e o cotidiano do “agora”. Na crônica O império do silicone, por exemplo, Walcyr Carrasco
propõe uma interessante reflexão sobre uma questão muito marcante nos dias de hoje: até
onde somos capazes de ir em busca de um padrão de beleza?
Vimos, também, que o local mais típico para a circulação de uma crônica é a imprensa,
espaço privilegiado para abordar os últimos acontecimentos. Comumente, com os autores
mais populares, há uma posterior compilação das crônicas para a composição de um livro-
-coletânea.
Mas, com a facilidade de acesso à In-
ternet, esse gênero passou a ser veiculado
em diferentes serviços do ambiente digital
— blogs, jornais digitais, posts em redes
sociais, etc. —, revolucionando a figura do
autor, de modo que hoje é muito mais fácil
divulgar material na rede. Esse cenário pro-
moveu uma considerável democratização
dos espaços de divulgação de texto, dando
voz àqueles que não estão amparados pe-
las grandes instituições midiáticas. O blog
“para não jogar fora”, do cineasta e publici-
tário Victor Brunetti, é um exemplo de pági-
na destinada à publicação de crônicas.
Hoje, qualquer um de nós pode criar e manter uma página na Internet. Com a facilidade
de acesso às plataformas de criação de blogs, por exemplo, é possível criar uma página
sobre qualquer assunto. Pensando nisso, você e um colega criarão um blog no qual publi-
carão as crônicas que produziram neste capítulo.
Normalmente, a criação de um blog é bastante simples. A seguir, listamos o passo a
passo mais comum para realizar essa tarefa:
1. Juntamente com o professor, você e seus colegas deverão escolher uma plataforma
para se registrar ou fazer o login caso o professor já possua uma conta.
2. Escolham um template, isto é, o modelo do blog.
3. Organizem-se de forma que cada um possa abrir o gerenciador do blog e criar o seu
próprio post.
4. Criem categorias e organizem os posts da forma que desejarem.
5. Publiquem seus posts.
6. Publiquem o blog e o conectem ao respectivo domínio.
7. Divulguem o blog em outras turmas da escola e nas suas redes sociais.

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Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Cap
ítu lo4 Por dentro
deve ser capaz de: dos fatos
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas 1. A curiosidade é considerada uma qua-

funções sociais: o que é uma lidade fundamental para a profissão de

Conhecimentos prévios
jornalista. Você concorda com essa afir-
reportagem? Para quem é? Por mação?

quê? Para quê? E como é feita?


2. Nas notícias, o jornalista pode aprofun-
dar a abordagem do fato relatado, de-

•• Ler (ou ouvir / assistir a) uma


senvolvendo-o sob diferentes pontos de
vista?
reportagem refletindo sobre o 3. Os textos jornalísticos muitas vezes são
qualificados como imparciais, isto é, li-
meio, o público-alvo e a sele- mitam-se a apresentar os fatos despro-

ção da linguagem.
vidos de juízos de valor, opiniões, etc.
Discuta com os seus colegas e o seu

•• Planejar, produzir e avaliar uma


professor: os textos jornalísticos são
realmente neutros?
reportagem.
•• Identificar a estrutura dos ver-
Caracterizando o gênero
bos / alguns verbos irregulares.
•• Reconhecer e utilizar o modo A reportagem, gênero textual que estu- com base na própria notícia, o repórter de-
daremos neste capítulo, é o resultado do senvolve detalhadamente uma sequência
imperativo. trabalho de um ou mais repórteres que se investigativa, buscando esclarecer as ra-
detêm em um tema, pesquisando-o a fundo zões e os efeitos do fato. Assim, podemos
e sob vários ângulos. Para entender bem dizer que, na reportagem, o repórter pro-
como se configura esse gênero, podemos cura esgotar o fato, mas, na notícia, não.
compará-lo com a notícia. Em geral, a notí- Então, resumindo, a reportagem se dife-
cia relata o fato e, no máximo, aponta suas rencia da notícia por seu conteúdo, sua
consequências. Já a reportagem vai além: extensão e sua profundidade.

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Sugestão de
Abordagem
Antes de iniciar o trabalho com o de um indivíduo, ou mesmo de portagens feitas para um pú-
capítulo, é importante checar os uma comunidade inteira? blico específico? Afinal, não é
conhecimentos prévios dos alunos todo mundo que se interessa,
•• Quais as características da
a respeito do gênero. Alguns ques- por exemplo, por pesca ou
linguagem ao se compor um
por economia. Chame aten-
tionamentos podem ser feitos: texto que alcança diferentes
ção para outros pontos funda-
•• De que forma uma reportagem classes sociais?
mentais, como a importância
pode mudar o comportamento •• E como é a linguagem das re- das fontes, da precisão dos

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Manual do Educador

Reportagem

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Anotações

s
to
ho
itp
os
ep
/d
ia
ed
m
ire
w
ay
H

O que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções da reportagem
• A estrutura dos verbos
• O modo imperativo
• Verbos regulares e irregulares

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dados, a questão da “impar-


cialidade” e a extrema res-
ponsabilidade de compor um
texto formador da opinião pú-
blica. Essas são boas “pau-
tas” para se debater em sala,
para pesquisa e trabalho.

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O mOmeNTO
e iR
Reportagem
im Internet e mídias sociais:
PR O Universo numa janela
A velocidade com que as redes sociais na Internet conquis-
taram adeptos é, no mínimo, assustadora. Elas são sites cons-
truídos para a interação entre pessoas, combinando textos,
Diálogo com imagens, sons e vídeos. No Brasil, mais de 80% dos internau-
tas participam de alguma dessas mídias, segundo o instituto de
o professor Antes de pesquisa Ibope. Twitter, MySpace, YouTube, Facebook, Flickr,
começar a ler LinkedIn e tantos outros são usados para troca de mensagens,

Um dos “riscos” de se trabalhar A reportagem que você


vai ler agora foi retirada
compartilhamento de interesses, atualização de perfis. Informa-
ção do mundo para o mundo. Bem diferente de alguns anos
com o gênero reportagem é a de um site educacional
e traz informações muito
atrás, quando a comunicação de massa era de um para todos:

possibilidade de trazer para sala interessantes sobre a


da TV para o telespectador, do jornal para o leitor, do rádio para
Internet e as mídias sociais. o ouvinte.
de aula assuntos que, embora Enquanto o rádio levou 38
anos para atingir 50 milhões
Os números mostram uma verdadeira revolução. Para se ter
uma ideia, o rádio levou 38 anos para alcançar 50 milhões de
façam parte do cotidiano, não de usuários, a televisão
precisou de 13, e a Internet usuários. A TV levou 13. A Internet, 4 anos. O Facebook adicio-

estão inseridos na realidade dos


— acredite —, 4 anos. nou 100 milhões de usuários em menos de 9 meses. Aliás, se o
Entenda, agora, as razões
Facebook fosse um país, seria o terceiro maior do mundo. No
alunos. Esse é um gênero cujas
para esse crescimento tão
veloz e por que as redes microblog Twitter, a cantora Britney Spears já tem mais seguido-

funções sociais são mais nítidas


sociais são um fenômeno. res do que as populações inteiras da Suécia, de Israel, da Suíça,
da Irlanda, da Noruega e do Panamá somadas. O YouTube já é
na medida em que interferem de o segundo maior sistema de busca do Planeta, com mais de 100

forma imediata na vida das pes-


milhões de vídeos. Tanta força conseguiu o que ninguém achou
que seria possível na rede. Esses sites de relacionamento des-
soas, o que nos leva a conside- bancaram a pornografia como a atividade número 1 da Internet.
E os conteúdos crescem na velocidade da luz. Estima-se
rar sua importância para eles en- que a quantidade de novas informações geradas no mundo

quanto futuros cidadãos. Assim,


em 2009 é maior do que a acumulada nos últimos 5 mil anos.
A atualização acontece por minuto. Estudos mostram que as
ao selecionarmos os textos para gerações Y e Z já consideram o e-mail uma coisa antiquada.

compor este capítulo, procura-


Quais são essas gerações? Crianças e adolescentes que sa-
bem muito mais de computador do que seus pais, seus avós e
mos abordar conteúdos que se até seus professores.

aproximassem da realidade de- #Pequenos gênios


les, de seus interesses, mas não Para muitos pais que passaram a infância convivendo com
nos limitamos a isso, pois um dos a máquina de escrever, quase sem nenhum acesso a apare-
lhos eletrônicos, ver o filho pequeno ensinando os mais ve-
objetivos básicos da Educação é
levar os alunos a superar a sua 128

realidade imediata.
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BNCC – Habilidades gerais

EF69LP03 EF69LP15 Anotações


EF69LP13 EF69LP16
EF69LP14 EF69LP18

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP05 EF07LP14
EF67LP07

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
lhos a usar o computador chega a ser algo Um dia, cheguei na sala e o vi digitando o
fascinante. Caso do engenheiro eletrônico nome de um desenho animado de que ele
Fabiano Falvo. Ele colocou seu filho Felipe, gosta no Google Images. Eu não fazia ideia
de 5 anos, em contato com o computador de que ele sabia usar essa ferramenta.”
quando ele mal conseguia ficar em pé sozi- Mas tanta desenvoltura com a máquina
nho, e, em poucos dias, o garotinho já ma- exigiu medidas de segurança. Os dois com-
nuseava o mouse como se tivesse nascido putadores da casa de Fabiano ficam nos
para aquilo. A aprendizagem na escola es- cômodos de uso comum, protegidos com
tendeu-se para a tecnologia: Felipe apren- senha. “Se ele quer usar, pede-nos para
deu a digitar as palavras no Paintbrush an- desbloquear o acesso. Isso evita que ele en-
tes de saber como escrevê-las com o lápis tre na internet quando nós não estivermos
no papel. Tinha 5 anos recém-completos e olhando.” O tempo de uso também é contro-
já dominava todo o vocabulário da rede. “A lado. Em média, duas horas por semana são
alfabetização dele foi no computador. Digi-
tava as frases, apertando o espaço para se-
reservadas somente para os sites de jogui-
nhos infantis e para assistir a desenhos no
Para despertar nos alunos o in-
parar as palavras, e o nome das pessoas YouTube. “Daqui a dois anos, quando ele teresse pela leitura de jornais e
revistas, é preciso aproximá-los
da família. Hoje, tão novinho, ele ensina a estiver com 7 e começar a precisar do com-
avó a usar o computador. É engraçado vê- putador para trabalhos escolares, também
-lo falar ‘Vó, o seu browse está minimizado. penso em instalar bloqueadores de conteú- fisicamente desse material de
leitura.
Maximiza!’”, conta o pai, cheio de orgulho. do inadequado”, conta Fabiano.
As descobertas não pararam aí. Um dia, Fa- Mas montar estratégias para evitar si-
biano o flagrou pesquisando no Google. “Eu
Além da hemeroteca de sala, é
tuações de risco é coisa para os pais que
nunca o ensinei a entrar em sites de busca. falam a linguagem do computador. Tatiane
possível criar um vínculo de lei-
tura com os alunos a partir da
associação de conteúdos estu-
dados em sala e nos livros di-
dáticos às matérias, notícias e
reportagens publicadas perio-
dicamente na mídia impressa.
Essa associação é muito impor-
tante para entender aspectos
da nossa realidade e, com isso,
compreender melhor o mundo
pela leitura de jornais e revistas
Estudos mostram que as gerações Y e Z já O contato com o computador e o mundo que ele
consideram o e-mail uma coisa antiquada. proporciona começa cada vez mais cedo.

129
[...].

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Para desenvolver o trabalho com o
jornal na sala de aula, não é preci-
so ler todo o conteúdo dos perió-
Diálogo com o professor dicos. Por isso, é importante iden-
tificar com os alunos as editorias
O professor que trabalha cons- crianças. Isso se justifica diante da e os cadernos que subdividem os
tantemente com o jornal em sala possibilidade de o jornal vir a ser jornais e as partes referentes a di-
de aula, e não apenas eventual- um instrumento de reflexão e de ferentes temas.
mente, necessita de objetivos e ensino da leitura e da escrita re- BORTONE, Márcia Elizabeth; MARTINS, Cátia
de planejamento coerentes com flexiva desde a mais tenra idade, Regina Braga (2008).A construção da leitura e
da escrita. São Paulo: Parábola.
o processo de aprendizagem das desde a Educação Infantil.

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Martins Vieira, auxiliar de enfermagem, libe- um desconhecido, quando entrei no álbum
rou o uso da máquina para Taiane, hoje com de fotos virtual dele e encontrei muitas ima-
14 anos, um pouco mais tarde, quando ela gens de mulheres nuas.”
Sugestão de Abordagem tinha 11. Tatiane estava pronta para acom- Essa fiscalização se torna ainda mais efi-
panhá-la, com todas as informações sobre caz se for dosada com diálogo. Não só para
o mundo virtual de que precisava, e passou que as crianças estejam protegidas do mun-

Chame a atenção da turma para o a monitorar os acessos. “Internet só quando


estamos em casa. E o tempo no computa-
do virtual, mas também para que cresçam de
forma saudável. Marcia Coutinho Krahforst,
trecho Vó, o seu browser está mi- dor é limitado.” Além disso, a mãe possui psicóloga, tem três filhos: Larissa, de 13

nimizado. Maximiza!. Essa passa-


todas as senhas de Taiane para entrar em anos, Natalie, de 11, e Marcello, de 9. Con-
todas as contas dela e descobrir conversas ta que nunca teve problemas com eles em
gem é uma excelente oportunidade que não sejam adequadas e possíveis situa- relação à Internet, porque todas as normas
de uso do computador são seguidas religio-
para falar sobre:
ções perigosas.
Mesmo sendo tão vigilante, um dia Tatia- samente. Porém, a preocupação da mãe
ne levou um susto: a filha estava recebendo não é apenas com as páginas inadequadas.
1. A formação de um verbo, a par- mensagens de um homem mais velho em Sempre os orienta para que entendam a
um site de relacionamento. “Quando olhei a
tir de outras classes gramaticais:
importância de também viverem no mundo
foto do sujeito, achei que fosse meu cunha- real. “Isso significa jogar jogos concretos, fa-
mínimo e máximo. do, a foto era parecida, e, a princípio, não zer esportes, visitar amigos em casa, brincar
me importei. Só depois fui descobrir que era com o cachorro e ler livros”, diz Marcia.
2. O domínio internalizado da gra-
mática da parte de todos os fa-
Dmitriy Shironosov/shutterstock

lantes de uma língua, a exemplo


da criança de cinco anos que a
utiliza perfeitamente, e como as
novas tecnologias da comunica-
ção colaboram para isso.

Outra possibilidade de abordagem


interessante consiste em chamar a
atenção da turma para a configu-
ração visual da reportagem. Alguns
questionamentos:
•• Qual é a função e a importância Uma porta aberta para o mundo para quem ainda tem pouca experiência de vida.

das imagens numa reportagem? 130

•• Qual é a importância das legen- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 130 29/03/18 06:46

das para as imagens?


•• As imagens presentes nessa
reportagem traduzem de forma Anotações
adequada o que está sendo
dito?

130
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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
#Você abriria a porta para um estranho?

O mesmo cuidado que os pais têm com os filhos em qualquer espaço público, eles devem ter em relação à internet.

Impedir o acesso dos pequenos ao in- Claro, sem usar de autoritarismo, afir-
finito mundo de conexões da Internet é o ma o psicólogo. “Proibir não resolve. O
mesmo que querer segurar uma represa mais importante é construir uma relação de
com uma só mão. Agora, cuidar para que confiança. Da mesma forma como os en-
eles não se machuquem nesse processo de sinamos a irem à escola sozinhos e a não
conhecimento não só é possível, como ne- conversar com estranhos, assim devemos
cessário. As dicas são de quem entende do apresentar os passos para que eles na-
assunto: Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor veguem na rede com responsabilidade”,
de prevenção da ONG Safernet Brasil, orga- porque, apesar de os jovens entenderem
nização sem fins lucrativos que discute os tudo de computador, ainda há muito o que
graves problemas relacionados ao uso inde- aprender. “Ética, cidadania e responsabi-
vido da Internet. “Você deixaria o seu filho lidade, por exemplo. Os adolescentes su-
sozinho no meio do centro da cidade? Ou perconectados entendem da parte técnica,
permitiria que ele saísse de carro com uma mas apenas os pais dominam a educação
pessoa desconhecida? Esse mesmo cui- para a vida”, explica Rodrigo Nejm. “O de-
dado que um pai tem com as crianças e os safio é manter a proteção sem ferir a priva-
adolescentes em qualquer espaço público, cidade do jovem.”
ele deve ter em relação à Internet.” […]

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Ca
Sinais de alerta
132 Sintomas que mostram que a criança ou o adolescente está
passando dos limites na rede:

• Faz uso intenso da internet, a portas fechadas ou durante a


madrugada.
• Deleta histórico de sites acessados.
• Quando um adulto se aproxima, troca a tela do site acessa-
do rapidamente ou desliga o computador.
• Desliga ou reduz o som do computador, passando a utilizá-
-lo com fone de ouvido.
• Manifesta mau humor e irritabilidade quando alguém tenta
usar seu computador pessoal.
• Apresenta introspectividade acima do normal.
• Mostra queda de rendimento escolar.
• Demonstra pouco interesse em atividades físicas e reuniões
familiares.
• Demora para apresentar-se ou ausenta-se no horário das
refeições em família.

#Para evitar o perigo


• A família deve deixar o computador num cômodo da casa
em que há grande circulação de pessoas, como na sala.
Isso facilita o acompanhamento e faz com que a criança se
sinta desencorajada a entrar em páginas inadequadas.
• Os pais podem sentar-se com seu filho em frente ao com-
putador e pedir que ele mostre quais sites visita, os amigos
do Facebook e o seu blogue. O ideal é que crianças e ado-
lescentes não entrem em sites de relacionamento; mas, se
os pais permitirem, devem acompanhar a página do perfil.
• Limitar o tempo de uso da web também é importante. Uma
a duas horas por dia, em período de aulas, está bom.
• Informar os filhos sobre os riscos em fornecer dados pessoais
e imagens ou marcar encontros com pessoas desconhecidas.
• Os pais devem procurar informar-se sobre o funcionamento
Dicionário da internet, dos sites de relacionamento e dos chats de con-
versação on-line, de forma a entender os recursos disponi-
Adeptos – Seguidores.
Autoritarismo – Qualidade
bilizados por essas ferramentas e as maneiras de coletar
de quem é autoritário; que dados relevantes a uma futura identificação de situações
impõe; dominação. tendenciosas, praticadas pelos criminosos que se escon-
dem por trás das conexões.
www.educacional.com.br/reportagens/redes-sociais/default.asp
132 Acessado em 12/05/2011. Adaptado.

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Manual do Educador

Reportagem

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Sugestão de
Abordagem

Não deixe de enfatizar essa


“revolução” protagonizada
pelos sites de relaciona-
mento. Eles não apenas
desbancaram a pornogra-
fia como atividade número
um. Eles mudaram a anti-
ga configuração do indiví-
duo que apenas recebe as
informações para a atual
configuração, em que o
indivíduo também produz
informação, mas também
permitiu uma participação
maior da juventude na po-
lítica, na cidadania, e na
busca por seus direitos.
Abaixo-assinados, vídeos-
-denúncia, mobilizações,
tudo articulado por sites de
relacionamento. Abra es-
paço para que seus alunos
expressem seus pontos de
vista. Quantos bons exem-
plos de mudanças efetivas
na comunidade, ou mesmo
no País, existem e podem
Diálogo com o professor ser levados para sala?
As respostas às questões
O subitem Para evitar o perigo possui da seção Para discutir são
características típicas de um texto in- de cunho pessoal.
juntivo. Uma marca desse tipo textual
é o modo verbal imperativo, visto no
capítulo anterior. Seria interessante
relembrar.

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4. Os sites de relacionamento são apontados como protago-
nistas de uma revolução, capazes de realizar feitos considera-
dos por muitos como impossíveis. Qual foi o maior trunfo prota-
gonizado por esses sites?
Eles desbancaram a pornografia como a atividade número um
Aprenda
mais! da Internet.
Repensando o O gerenciamento de
vozes 5. Em apenas quatro anos, a Internet desbancou o rádio e a
Ensino da Gramática Para conferir mais televisão em uma série de fatores, principalmente em relação
credibilidade à reportagem à rapidez de comunicação. Dentre as frases abaixo, retiradas
e ampliar as informações,

Ao reproduzir a fala de alguém é comum o repórter do texto, indique aquela que não se refere diretamente a essa
recorrer a depoimentos. velocidade.
em conversas informais, muitas Durante a produção do
texto escrito ou a edição
a) A velocidade com que as redes sociais na Internet conquista-
ram adeptos é, no mínimo, assustadora. (primeiro parágrafo)
vezes mudamos o tom da nos-
de imagens ou sons, o
repórter seleciona os b) Twitter, MySpace, YouTube, Facebook, Flickr, LinkedIn e

sa voz, gesticulamos diferente,


trechos mais importantes tantos outros são usados para troca de mensagens, com-
dos depoimentos e os
partilhamento de interesses, atualização de perfis. (primeiro
para dar um toque mais claro,
acrescenta à reportagem.
Assim, ele precisa fazer o parágrafo)
c) Os números mostram uma verdadeira revolução. (segundo
ou mais grave, ou mais irônico,
gerenciamento de vozes,
isto é, conciliar a sua voz
à do seu entrevistado para parágrafo)
etc. Seria interessante chamar não haver confusão. No
texto escrito, normalmente
d) E os conteúdos crescem na velocidade da luz. (terceiro pa-

a atenção da turma para esses


rágrafo)
a voz do entrevistado é
destacada por aspas, que e) A atualização acontece por minuto. (terceiro parágrafo)
aspectos e mostrar que esta- indicam o discurso direto.
Já na reportagem filmada 6. De acordo com as informações presentes na reportagem,
mos fazendo um gerenciamento ou radiofônica, o repórter
utiliza a própria voz do podemos afirmar que o número de usuários da rede só tende

de vozes: damos pistas de que


entrevistado, que, portanto, a aumentar. Esse crescimento se deve a vários fatores, entre
não se confunde com a eles:
não se trata da nossa voz, da
sua.
a) Ao fato de as redes sociais serem sites construídos para a
No texto escrito, a fala do

nossa fala. Esses são recursos


entrevistado é introduzida interação entre as pessoas, combinando textos, imagens,
ou seguida por um verbo sons e vídeos.
riquíssimos da linguagem fala-
dicendi, como dizer,
b) À importância crescente da televisão como meio de comuni-
afirmar, negar, explicar,
argumentar, desabafar. cação de massa.
da. As aspas, os verbos dicendi, A utilização desses verbos c) Ao fato de o Facebook ter adicionado 100 milhões de usuá-

entre outros, são recursos da lin-


ajuda o leitor a perceber a
rios em menos de 9 meses.
intenção, o tom de voz ou a
atitude do entrevistado ao d) À certeza de que o YouTube já é o segundo maior sistema de
guagem escrita. Ambos utilizam prestar seu depoimento. busca do Planeta, com mais de 100 milhões de vídeos.
e) Ao fato de o contato com o computador e o mundo que ele
da voz do outro apenas o que proporciona começar cada vez mais cedo.
interessa. Ou seja, nós, falantes
e escritores, sabemos “pinçar” 134
no discurso alheio aquilo que é
suficiente para a compreensão LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 134 29/03/18 06:46

do nosso discurso. E não ape-


nas isso, sabemos também enri-
BNCC – Habilidades gerais
quecer essas informações com Anotações
os recursos expressivos. EF69LP05 EF69LP16
EF69LP13
Visto isso, selecionar apenas o
que colabora para a composi-
ção de um texto e um discurso BNCC – Habilidades específicas
não é novidade se tivermos um
EF67LP36 EF07LP12
objetivo claro. Fazemos isso o
EF07LP09 EF07LP13
tempo todo.

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Manual do Educador

Reportagem

135
Capítulo
4
7. No corpo dessa reportagem, encontramos o subtítulo #Pe-
quenos gênios. Transcreva o termo que o repórter utiliza para
identificar quem são esses pequenos gênios.
As gerações Y e Z.

8.Transcreva, do quarto parágrafo, o adjetivo utilizado pelo


Aprenda
repórter para definir a forma como muitos pais veem seus filhos mais!
pequenos demonstrando seus conhecimentos em computação.
A reportagem escrita é
Fascinante. estruturada em quatro
partes:
9. Leia o trecho abaixo, retirado do oitavo parágrafo, e respon- • Manchete – É o título do
texto. Tem o objetivo de
da às questões: resumir o que será dito e
deve atrair a atenção do
“Conta que nunca teve problemas com eles em re- leitor.
• Linha fina – É o subtítulo.
lação à Internet, porque todas as normas de uso do Tem a função de apoiar
computador são seguidas religiosamente.” o título, lançando mais
informações sobre a
a) Qual é o termo que determina a flexão do verbo contar? reportagem, com o
objetivo de cativar o leitor.
Marcia Coutinho Krahforst. • Lide – É basicamente
o primeiro parágrafo do
texto jornalístico. Sua
b) Quais são os referentes do termo eles? função é apresentar
resumidamente as
Três filhos. informações mais
importantes do texto.
• Corpo – É o texto
c) Como se classifica a palavra religiosamente? propriamente dito,
estruturado em introdução
Advérbio.
(início), desenvolvimento
(meio) e conclusão (fim).
d) Substitua a palavra religiosamente por outra equivalente.
Rigorosamente, rigidamente, etc.

10.O que o repórter quis dizer com a frase “Impedir o acesso


dos pequenos ao infinito mundo de conexões da Internet é o
mesmo que querer segurar uma represa com uma só mão.”?
(penúltimo parágrafo)
Ele quis dizer que é impossível impedir o acesso das crianças
à Internet.

11. No último parágrafo, qual é o referente do pronome eles?


As crianças e os adolescentes.

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Análise linguística
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Formas nominais dos verbos
As formas nominais do verbo cumprem funções semelhantes
às dos nomes, ou seja, de substantivos, adjetivos e advérbios.
Dependendo do nome, são discriminadas em infinitivo, gerún-
dio e particípio.

Infinitivo
O verbo se apresenta com valor de um substantivo. A marca
do infinitivo é a terminação -r. Veja o exemplo a seguir:

Disponível em: http://www.mensa-


gens10.com.br/mensagem/1001.
Aprenda
mais!
O particípio faz parte da
formação dos tempos
compostos dos verbos e
indica, sobretudo, uma
ação totalmente concluída.

Particípio
O particípio apresenta o valor de adjetivo. A marca do parti-
cípio é a terminação -do. Observe:

Quem parte também fica partido.

O particípio partido funciona como adjetivo de “Quem parte”,


ou seja, as pessoas que vão embora também se sentem mal,
ficam desoladas, “partidas”.

Gerúndio
Apresenta o valor de adjetivo ou de advérbio. Observe:
advérbio
Você já passou muito tempo jogando videogame.
Eu vi muitos carros correndo.
adjetivo

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
Agora, leia a tirinha a seguir:
CAFÉ/Eudson e Lécio

eu vou estar fazendo uma Gerundismo!


atividade com vocês.
eu vou estar pedindo
para vocês algumas frases
sobre...

Provavelmente, você já deve ter ouvido construções como


as da tira acima, não é? As expressões verbais destacadas em
negrito são exemplos do que se costuma chamar de gerun-
dismo. Como a terminação -ismo denuncia, a palavra estaria
associada ao uso inadequado de gerúndios. Estaria? Sim, o
futuro do pretérito não foi usado à toa: estaria relacionado, se
houvesse mesmo uso inadequado de gerúndios. Releia a tira
acima. O que as frases têm em comum? Atente para elas:

Eu vou estar fazendo uma atividade com vocês.


Eu vou estar pedindo para vocês algumas frases sobre...

Agora, compare com as seguintes:

Vou ficar estudando até tarde.


Vou continuar acreditando que o saldo será positivo.

Os dois grupos revelam traços semelhantes? Você deve ter


observado que todas as orações apresentam verbo que indica
ação futura (ir), verbo no infinitivo que indica estado e verbo no
gerúndio. No entanto, só as primeiras são enquadradas como
exemplos de gerundismo, o que não está relacionado apenas
ao uso do gerúndio. O que ocorre, na verdade, é uma incom-
patibilidade aparente, que pode nos causar alguma estranhe-
za, entre o uso de um verbo que indica estado junto de outro
que indica movimento. Essa construção tem se popularizado
principalmente em função do uso excessivo por atendentes de
telemarketing, e alguns creditam a origem dessa estrutura às
traduções do inglês (I’m going to be studying…).
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A estrutura dos verbos
Leia a tirinha a seguir:
Sugestão de CAFÉ/Eudson e Lécio

Abordagem

Na análise da tirinha, podemos


questionar a turma:
1. Para produzir humor, foi utiliza-
do um jogo de sons e signifi-
cados entre os verbos emergir Agora observe:

e imergir. Explique. emergiu imergiu

2. Em que o ônibus imergiu? Sabemos que essas palavras são verbos, principalmente
porque denotam ações. Sabemos também que, nos dois ca-
No primeiro questionamento, es- sos, essas ações foram executadas no passado. Isso fica claro
devido à terminação -iu, que indica o modo (indicativo), o tem-
peramos que os alunos obser- po (passado), a pessoa (terceira pessoa – ele) e o número
(singular). Gramaticalmente, essa terminação é chamada de
vem a sequência narrativa dos desinência verbal. Na prática, é ela quem varia para adaptar
quadrinhos da tira, que mostra o verbo à pessoa do discurso pela qual é regido (executando
o mecanismo da concordância) e indicar o modo e o tempo
o ônibus em um ambiente sau- verbal. Veja:
dável, o campo (primeiro quadri-
nho), e em um ambiente poluído,
Terceira pessoa do plural = Eles
a cidade (último quadrinho). Ou
seja, o sentido é o de aparecer
Modo - indicativo
Os alunos imergiram na poluição.
na cidade (emergir) e desapare-
Tempo - passado

cer na poluição (imergir).


A desinência indica o modo, Pessoa - terceira
o tempo, a pessoa e o número

Já no segundo questionamento,
Número - plural

os alunos deverão observar que


o ônibus imergiu na poluição da 138
cidade.
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BNCC – Habilidades gerais


Diálogo com
o professor EF69LP05
EF69LP56
Para enriquecer a abordagem efeitos de sentido. No entanto,
inicial do estudo da estrutura dos como esses verbos (emergir e
verbos, produzimos esta tirinha imergir) são de uso muito restri- BNCC – Habilidades específicas
tendo em vista a importância dos to, optamos por trabalhar com o EF06LP04
parônimos como ferramentas in- verbo gostar no estudo da con- EF07LP06
teressantes para a produção de jugação.

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Manual do Educador

Reportagem

139
Capítulo
4
Conjugação verbal
Conjugar um verbo é mudar sua terminação (desinência)
para adaptá-lo à pessoa, ao número, ao tempo e ao modo. Ob-
serve, nos exemplos abaixo, as desinências (em negrito) ligan- Dicionário
do-se ao radical do verbo (sublinhado):
Em uma palavra, o menor
elemento com significado é
Eu gosto
o morfema. Observe:
Tu gostas Gatos
A palavra gatos apresenta
Ele gosta Desinências três morfemas: gat- (radi-
cal), -o (desinência de gê-
Nós gostamos
nero) e -s (desinência de
Vós gostais (vocês gostam) número). Esses elemen-
tos são morfemas, porque
Eles gostam agregam sentido: indicam
que se trata de uma espé-
cie de mamífero, masculino
Radical e plural, respectivamente.
Portanto, um termo só é um
Nesses exemplos, conjugamos o verbo gostar no presente morfema se conferir senti-
do. Por isso, se isolásse-
do indicativo. Observe que há um termo de sua estrutura que mos a letra g, por exemplo,
não muda, o radical. O radical é o elemento portador do sen- não teríamos um morfema,
tido básico do verbo. pois ela por si só não é por-
tadora de significado.
Além das desinências e do radical, os verbos apresentam
também a vogal temática, uma vogal que aparece depois do
radical e indica a qual conjugação o verbo pertence. Por exem-
plo: em entender, a vogal temática é e (segunda conjugação);
já em partir, a vogal temática é i (terceira conjugação).

entend + e + r part + i + r
Aprenda
radical mais!
radical vogal desinência desinência
vogal O verbo pôr e seus
temática do infinitivo do infinitivo
temática derivados pertencem
à segunda conjugação
devido à sua origem latina:
ponere > poner > poer >
Verbos terminados em
pôr.
-ar -er(-or) -ir
Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação
pular comer sair
marcar pôr sentir

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Ca
Conjugação de alguns verbos
140
Pular Comer Partir
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
(terminada em ar) (terminada em er) (terminada em ir)
Presente
Eu pul – o com – o part – o
Tu pul – as com – es part – es
Ele pul – a com – e part – e
Nós pul – amos com – emos part – imos
Vós pul – ais com – eis part – is
Eles pul – am com – em part – em
Pretérito perfeito
Eu pul – ei com – i part – i
Tu pul – aste com – este part – iste
Ele pul – ou com – eu part – iu
Nós pul – amos com – emos part – imos
Vós pul – astes com – estes part – istes
Eles pul – aram com – eram part – iram
Pretérito imperfeito
Eu pul – ava com – ia part – ia
Tu pul – avas com – ias part – ias
Modo indicativo

Ele pul – ava com – ia part – ia


Nós pul – ávamos com – íamos part – íamos
Vós pul – áveis com – íeis part – íeis
Eles pul – avam com – iam part – iam
Pretérito mais-que-perfeito
Eu pul – ara com – era part – ira
Tu pul – aras com – eras part – iras
Ele pul – ara com – era part – ira
Nós pul – áramos com – êramos part – íramos
Vós pul – áreis com – êreis part – íreis
Eles pul – aram com – eram part – iram
Futuro do presente
Eu pul – arei com – erei part – irei
Tu pul – arás com – erás part – irás
Ele pul – ará com – erá part – irá
Nós pul – aremos com – eremos part – iremos
Vós pul – areis com – ereis part – ireis
Eles pul – arão com – erão part – irão
Futuro do pretérito
Eu pul – aria com – eria part – iria
Tu pul – arias com – erias part – irias
Ele pul – aria com – eria part – iria
Nós pul – aríamos com – eríamos part – iríamos
Vós pul – aríeis com – eríeis part – iríeis
Eles pul – ariam com – eriam part – iriam

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
(terminada em ar) (terminada em er) (terminada em ir)
Presente
Que eu pul – e com – a part – a
Que tu pul – es com – as part – as
Que ele pul – e com – a part – a
Que nós pul – emos com – amos part – amos
Que vós pul – eis com – ais part – ais
Que eles pul – em com – am part – am
Modo subjuntivo

Pretérito imperfeito
Se eu pul – asse com – esse part – isse
Se tu pul – asses com – esses part – isses
Se ele pul – asse com – esse part – isse
Se nós pul – ássemos com – êssemos part – íssemos
Se vós pul – ásseis com – êsseis part – ísseis
Se eles pul – assem com – essem part – issem
Futuro
Quando eu pul – ar com – er part – ir
Quando tu pul – ares com – eres part – ires
Quando ele pul – ar com – er part – ir
Quando nós pul – armos com – ermos part – irmos
Quando vós pul – ardes com – erdes part – irdes
Quando eles pul – arem com – erem part – irem

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


(terminada em ar) (terminada em er) (terminada em ir)
Infinitivo pessoal
Eu pul – ar com – er part – ir
Tu pul – ares com – eres part – ires
Formas nominais

Ele pul – ar com – er part – ir


Nós pul – armos com – ermos part – irmos
Vós pul – ardes com – erdes part – irdes
Eles pul – arem com – erem part – irem
Infinitivo impessoal
Pular Comer Partir
Gerúndio
Pul – ando Com – endo Part – indo
Particípio
Pul – ado Com – ido Part – ido

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4
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Ca
Os verbos auxiliares
142 Verbos auxiliares são os que ajudam a conjugar o verbo principal.

Modo indicativo
Ter
Pretérito Pretérito Pretérito mais- Futuro do Futuro do
Presente
imperfeito perfeito -que-perfeito presente pretérito
Eu tenho tinha tive tivera terei teria
Tu tens tinhas tiveste tiveras terás terias
Ele tem tinha teve tivera terá teria
Nós temos tínhamos tivemos tivéramos teremos teríamos
Vós tendes tínheis tivestes tivéreis tereis teríeis
Eles têm tinham tiveram tiveram terão teriam
Ser
Pretérito Pretérito Pretérito mais- Futuro do Futuro do
Presente
imperfeito perfeito -que-perfeito presente pretérito
Eu sou era fui fora serei seria
Tu és eras foste foras serás serias
Ele é era foi fora será seria
Nós somos éramos fomos fôramos seremos seríamos
Vós sois éreis fostes fôreis sereis seríeis
Eles são eram foram foram serão seriam
Haver
Pretérito Pretérito Pretérito mais- Futuro do Futuro do
Presente
imperfeito perfeito -que-perfeito presente pretérito
Eu hei havia houve houvera haverei haveria
Tu hás havias houveste houveras haverás haverias
Ele há havia houve houvera haverá haveria
Nós havemos havíamos houvemos houvéramos haveremos haveríamos
Vós haveis havíeis houvestes houvéreis havereis haveríeis
Eles hão haviam houveram houveram haverão haveriam
Estar
Pretérito Pretérito Pretérito mais- Futuro do Futuro do
Presente
imperfeito perfeito -que-perfeito presente pretérito
Eu estou estava estive estivera estarei estaria
Tu estás estavas estiveste estiveras estarás estarias
Ele está estava esteve estivera estará estaria
Nós estamos estávamos estivemos estivéramos estaremos estaríamos
Vós estais estáveis estivestes estivéreis estareis estaríeis
Eles estão estavam estiveram estiveram estarão estariam

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Manual do Educador

Reportagem

143
Capítulo
4
Modo subjuntivo
Ter Ser Haver Estar
Presente
Que eu tenha seja haja esteja
Que tu tenhas sejas hajas estejas
Que ele tenha seja haja esteja
Que nós tenhamos sejamos hajamos estejamos
Que vós tenhais sejais hajais estejais
Que eles tenham sejam hajam estejam
Pretérito imperfeito
Se eu tivesse fosse houvesse estivesse
Se tu tivesses fosses houvesses estivesses
Se ele tivesse fosse houvesse estivesse
Se nós tivéssemos fôssemos houvéssemos estivéssemos
Se vós tivésseis fôsseis houvésseis estivésseis
Se eles tivessem fossem houvessem estivessem
Futuro
Quando eu tiver for houver estiver
Quando tu tiveres fores houveres estiveres
Quando ele tiver for houver estiver
Quando nós tivermos formos houvermos estivermos
Quando vós tiverdes fordes houverdes estiverdes
Quando eles tiverem forem houverem estiverem

Modo imperativo
Ter Ser Haver Estar
Afirmativo
Tem (tu) sê (tu) há (tu) está (tu)
Tenha (você) seja (você) haja (você) esteja (você)
Tenhamos (nós) sejamos (nós) hajamos (nós) estejamos (nós)
Tende (vós) sede (vós) havei (vós) estai (vós)
Tenham (vocês) sejam (vocês) hajam (você) estejam (vocês)
Negativo
Não tenhas (tu) não sejas (tu) não hajas (tu) não estejas (tu)
Não tenha (você) não seja (você) não haja (você) não esteja (você)
Não tenhamos (nós) não sejamos (nós) não hajamos (nós) não estejamos (nós)
Não tenhais (vós) não sejais (vós) não hajais (vós) não estejais (vós)
Não tenham (vocês) não sejam (vocês) não hajam (vocês) não estejam (vocês)

Formas nominais
Infinitivo impessoal Gerúndio Particípio
ter ser tendo sendo tido sido
haver estar havendo estando havido estado

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Formas nominais
Infinitivo pessoal

Leitura ter
teres
haver
haveres
ser
seres
estar
estares
Complementar ter
termos
haver
havermos
ser
sermos
estar
estarmos
terdes haverdes serdes estardes
terem haverem serem estarem

Sermão do Bom Ladrão


Os verbos abundantes
Nelly Carvalho,
São chamados abundantes os verbos que apresentam duas ou mais formas em certos
Jornal do Commercio, 06/04/2012. Texto adaptado.
tempos, modos ou pessoas.
Geralmente, essas variantes ocorrem no particípio.
Este foi o título da corajosa peça
oratória pronunciada pelo Padre
Veja, no quadro abaixo, alguns verbos abundantes que têm mais de uma forma de particípio.

Antônio Vieira, no ano de 1655, na Verbos Particípios Verbos Particípios

Capela da Misericórdia de Lisboa. absolver absolvido, absolto imprimir imprimido, impresso

Vieira foi um observador sagaz


aceitar aceitado, aceito incluir incluído, incluso
acender acendido, aceso incorrer incorrido, incurso

dos (já) desregrados costumes da anexar anexado, anexo inserir inserido, inserto

colônia. Embora o sermão tenha


assentar assentado, assente isentar isentado, isento
benzer benzido, bento limpar limpado, limpo
sido pregado no centro do poder, contundir contundido, contuso matar matado, morto

Lisboa, é ao Brasil seiscentista despertar despertado, desperto morrer morrido, morto

que se refere e ao de todos os


dispersar dispersado, disperso nascer nascido, nato, nado
(pouco usado)

tempos. Relido, parece artigo-de-


eleger elegido, eleito pagar pagado, pago
entregar entregado, entregue pegar pegado, pego (ê ou é)
núncia de um combativo jornalista erigir erigido, ereto prender prendido, preso

de hoje. Surpreende a semelhan- expelir expelido, expulso romper rompido, roto

ça com os fatos atuais: “O ladrão


expressar expressado, expresso sepultar sepultado, sepulto
exprimir exprimido, expresso soltar soltado, solto

que furta para comer não vai nem expulsar expulsado, expulso submergir submergido, submerso

leva para o inferno: os que vão e


extinguir extinguido, extinto suprimir suprimido, supresso
frigir frigido, frito surpreender surpreendido, surpreso
também levam são os ladrões de ganhar ganhado, ganho suspender suspendido, suspenso

maior calibre e de mais alta esfe- gastar gastado, gasto tingir tingido, tinto

ra. Não são só ladrões os que rou-


bam bolsas. Também são ladrões 144
aqueles que governam províncias
e cidades, pois roubam e despo- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 144 29/03/18 06:46

jam os povos. Os outros roubam


apenas um homem, estes cida- deza”. Nos excertos do sermão, por todos os modos. Furtam pelo
des e povos […] Enquanto os pri- consta declaração de S. Francis- modo indicativo, indicando os ca-
meiros são castigados, os outros co Xavier sobre a Índia, onde os minhos de poder abarcar tudo;
roubam e castigam […] Diógenes, governantes conjugavam o verbo pelo modo imperativo, porque
sábio grego, ao ver ministrantes rapio (roubar) em todos os tem- ordenam o furto; pelo modo infi-
da Justiça com uma grande tropa pos, modos e pessoas. “Do cabo nitivo, porque não tem fim o furtar
levar à forca dois ladrões, gritou: da Boa Esperança para cá”, con- com o fim do governo”. Continua
já vão os ladrões grandes enfor- firma Vieira, referindo-se ao Brasil dizendo que furtam em todas as
car os pequenos! O roubar pouco colônia, “conjuga-se igualmen- pessoas: “A primeira é a sua, a
é culpa, o roubar muito é gran- te o verbo furtar porque furtam dos donos do poder; a segunda,

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Manual do Educador

Reportagem

145
Capítulo
4
As relações entre os tempos verbais
Anotações
Os tempos e os modos verbais se inter-relacionam nos pe-
ríodos. Veja:

Futuro do subjuntivo Futuro do presente do indicativo

Se nós chegarmos cedo, teremos tempo.

Pretérito imperfeito Futuro do pretérito do indicativo


do subjuntivo

Se nós chegássemos cedo, teríamos tempo.

As vozes dos verbos


A voz do verbo nos informa sobre a relação existente entre
o fato expresso pelo verbo e quem pratica e/ou sofre a ação.
Assim, temos três vozes verbais:

Voz ativa – indica que a pessoa do discurso a que o verbo


se refere é o agente da ação.

Bruna viajou para a Espanha.

Voz passiva – indica que a pessoa do discurso é o alvo da


ação verbal. A voz passiva é formada com um dos verbos ser,
estar ou ficar acompanhado de particípio.

Aquela escultura foi feita por meu pai.

Voz reflexiva – indica que a ação verbal não tem outro ser
como alvo. Nesse caso, a ação pode:

Ter o próprio agente Atuar reciprocamente entre


como alvo. mais de um agente.

Eu me vesti. Eles se amam.

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de seus auxiliares; e a terceira, e furtarão, e haveriam de mais aceitar o fato de não só vermos os
para os de seu interesse. Furtam furtar se mais houvesse. Ao final ladrões conservados nos lugares
em todos os tempos: no presen- da conjugação em voz ativa, ten- onde roubam senão depois de
te; no passado, porque perdoam do as províncias miseráveis su- roubarem serem promovidos a
dívidas que interessa; no futuro, portado toda a passiva, os chefes postos mais altos?” A indagação
porque empenham rendas, ante- retornam mais ricos que antes, e que, há mais de quatro séculos,
cipam contratos. as províncias ficam consumidas”. Vieira fez para a Corte de Lisboa
Não escapam os tempos perfei- Conclui com uma pergunta que continua atual.
to, imperfeito, mais-que-perfeito, não quer calar, que ecoa do sécu-
pois furtam, furtaram, furtavam lo XVI até os nossos dias: “Como

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Prática linguística

Sua presença em minha vida foi fundamental


Engraçado, eu não tenho um professor inesquecível. Tenho
muitos professores inesquecíveis. A primeira professora que mi-
Sugestão de nha memória gravou não tinha carinho comigo. Botava todos os
Abordagem meninos branquinhos no colo, mas a mim não. Um dia, sentei no
colo dela por minha conta, e ela me botou no chão (deve ser por
isso que até hoje sou maluco por colo feminino...). Era uma esco-
Chame a atenção da turma la particular, papai não tinha como pagar as mensalidades, era o

para o estilo de escrita de


patrão dele quem pagava. Vai ver daí vinha minha falta de prestí-
gio com a professora. Devia ter esquecido o nome dela, mas não
Ziraldo, que nos dá a sensa- esqueci. Ela se chamava Dulce, mas não era nada doce.
Felizmente, não fiquei muito tempo nessa escola, mas, por
ção de estar, pessoalmen- causa dela, vim vindo pela vida curtindo uma enorme carência

te, falando conosco. Dois afetiva. Que consegui transformar em desenhos, livros, peças
de teatro, logotipos, cartazes e ilustrações — tudo a preços mó-
questionamentos: dicos (pelo menos no início. Agora, depois da fama, a preços
mais condizentes. Com a fama...).
•• Por que isso ocorre? Minha segunda professora marcante foi Dona Glorinha d’Ávila,
mãe do poeta e escritor mineiro João Ettiene Filho. Ela era dis-
•• Provavelmente, qual é a cípula de Helena Antipoff, que revolucionou o Ensino Básico de
Minas na década de 1940. Dona Helena percebeu logo que não
sua intenção ao escrever dava pra mudar a cabeça das professoras mineiras, que tinham

dessa forma?
ainda penduradas na parede da sala de aula as assustadoras pal-
matórias. Então, formou 150 jovens idealistas e as espalhou por
Minas Gerais, com a missão de mudar a escola por dentro. Uma
•• Essa aproximação com dessas jovens era a Dona Glorinha, que, entre outras coisas e
o informal no texto de Zi- contra a vontade das velhas professoras do Grupo Escolar e de
sua rabugenta diretora, retirou a palmatória furadinha da parede
raldo se dá, por exemplo, de minha classe. Só mais tarde foi que percebi a luta de Dona
Glorinha. Que ela venceu. Descobrindo — bem mais tarde — que
em “[...] sua presença sua presença em minha vida tinha sido fundamental para que não
em minha vida tinha sido a perdesse por aí. A vida, digo. Um domingo, fiz a primeira comu-

fundamental para que eu


nhão, e não ganhei santinho. Na segunda-feira, ela mandou me
chamar na secretaria. “Você fez primeira comunhão ontem, não
não a perdesse por aí. A fez?” Como é, meu Deus, que uma pessoa adulta, tão importan-
te, pôde prestar atenção num menininho pardo fazendo primeira
vida, digo”. Outros ques- comunhão naquela catedral tão grande? (Pois minha cidadezinha

tionamentos: 146

•• Por que Ziraldo precisou


retomar o nome vida no LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 146 29/03/18 06:47

final da oração?
•• Você acha que Ziraldo BNCC – Habilidades gerais
Anotações
escreve errado? EF69LP47 EF69LP53
•• Como podemos reescre- EF69LP49 EF69LP54
ver a declaração de Ziral-
do de forma que não seja
necessário escrever “A
vida, digo”, no final?

146
146

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Manual do Educador

Reportagem

147
Capítulo
4
tinha catedral...) Ela aí perguntou: “Você ganhou um santinho de recordação?” Não havia ga-
nho, não. Aí, ela abriu a gaveta, tirou um santinho lindo e escreveu uma dedicatória onde li as
palavras brilhante e futuro, que, na hora, não fizeram o menor sentido para mim. Somente um
pouco mais tarde descobri que ela sabia tudo da minha vida, vinha me observando no meio de
centenas de alunos do velho grupo e até já havia mandado chamar meu pai pra conversar...
Engraçado, agora, remoendo essas lembranças, descubro que tive uma professora ma- Sugestão de
luquinha, sim. Foi a Dona Glorinha d’Ávila, tão pequenininha, tão frágil, tão bonitinha... Abordagem
Ziraldo. Nova escola, set./98, p. 58

1. Podemos dizer que esse texto se enquadra em qual gênero? Seria interessante traba-
Crônica.
lhar o sentido da palavra
2. Indique três características formais que esse texto apresenta para se enquadrar no gê- maluquinha. O que é ser
nero que você apontou na questão anterior.
“maluquinho(a)” no imagi-
nário de Ziraldo? Por que
É um texto narrativo, literário, curto, a linguagem é simples, etc.

3. (Colégio Militar) Marque a única opção correta em relação ao texto.


Ziraldo afirma que Dona
a) Dona Helena tentou mudar “a escola por dentro”, formando um grupo de professoras
mineiras. Glorinha d’Ávila foi a sua
b) O narrador lembra-se de três professoras da sua infância, que são Dulce, Dona Glorinha
d’Ávila e Helena Antipoff.
“professora maluquinha”?
c) Parte da fama que o narrador tem atualmente se deve à influência da antiga professora
Dulce. No texto, outros termos
d) O narrador guardava, com carinho, lembranças de suas professoras, porque todas o haviam merecem igualmente uma
análise mais atenta. Obser-
tratado de um modo especial.
e) Dona Glorinha d’Ávila tinha ideias tradicionais acerca do Ensino Básico.

4. (Colégio Militar) A primeira professora de Ziraldo foi inesquecível para ele porque:
ve este trecho: “[...] 150 jo-
a) Ela transmitiu a ele uma visão da realidade, das atividades humanas em geral e da vida. vens idealistas e as espa-
b) Fez com que ele se transformasse em um brilhante escritor.
c) Veio a inspirar futuramente um de seus livros. lhou por Minas Gerais, com
d) Ela deixou marcas negativas, ou seja, más impressões na vida dele. a missão de mudar a esco-
e) Fez com que ele valorizasse o fato de o patrão do pai pagar as mensalidades.
la por dentro”. Qual o sen-
5. (Colégio Militar) Em “Botava todos os meninos branquinhos no colo [...]” (primeiro pa-
rágrafo), a expressão em destaque informa que a professora:
tido da palavra idealista?
a) Botava várias crianças branquinhas no colo. O que é ser um idealista e
b) Botava algumas crianças branquinhas no colo.
c) Botava uns alunos branquinhos no colo. que relação essa palavra
d) Botava somente os meninos branquinhos da sala de aula no colo. tem com o verbo mudar?
e) Botava a maioria das crianças da sala de aula no colo.

147 Agora, chame a atenção


dos alunos para a funcio-
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 147 29/03/18 06:47 nalidade do pronome a no
trecho “para que eu não a
perdesse”. Nesse caso, o
Anotações pronome evita a repetição
do nome vida. Do contrário,
o trecho ficaria assim: “[...]
sua presença em minha
vida tinha sido fundamental
para que eu não perdesse
minha vida por aí”.

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6. (Colégio Militar) No fragmento “Descobrindo — bem mais tar-
Compartilhe de — que sua presença em minha vida tinha sido fundamental
ideias para que não a perdesse por aí.” (terceiro parágrafo), o autor quis:
Repensando o a) Mostrar que, mais tarde, ele poderia ser um professor tão
Ensino da Gramática competente como Dona Glorinha.
b) Dizer que Dona Glorinha tinha um bom coração, era amoro-
sa e atenciosa para com os alunos, tornando-se inesquecí-

É essencial levar os alunos vel para ele.


c) Enfatizar que a presença da professora foi importante na
a compreenderem, no texto, orientação do aluno em vista do seu futuro.
d) Falar que às vezes esquecemos os professores que deixam
a função do pretérito mais- fortes impressões e que eles nos acompanham por toda a
-que-perfeito, como ocorre no vida.
e) Enfatizar que o incentivo da professora fez com que Ziraldo
trecho: “Só mais tarde foi que ficasse mais tempo na escola.
percebi a luta de Dona Glori- 7. (Colégio Militar) A única opção correta acerca das professo-
nha. Que ela venceu. Desco- ras inesquecíveis de Ziraldo é:
a) Dona Dulce não se enquadra no papel de “professora ines-
brindo – bem mais tarde – que quecível”, pois não “era nada doce” e discriminava Ziraldo.
sua presença em minha vida b) Dona Glorinha d’Ávila tornou-se inesquecível por ser mãe do

tinha sido fundamental para


poeta e escritor mineiro João Ettiene Filho, amigo de Ziraldo.
c) Tanto Dona Dulce quanto Dona Glorinha eram professoras “à
que não a perdesse por aí”. moda antiga”: usavam a palmatória para corrigir seus alunos.
d) Dona Glorinha d’Ávila foi professora de Ziraldo depois que
Destaquemos dois aconteci- estudou com Helena Antipoff.
e) Para ele, uma professora torna-se inesquecível apenas por
mentos no passado de Ziraldo: ser boa, justa e carinhosa.

1. “A presença da professora 8. (Colégio Militar) Analisando a estrutura do texto, é correto

em sua vida”. afirmar que:


a) É narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente, pois

2. “Ele não perdeu a vida por aí”, ele fala dos sentimentos de todos os personagens.
b) É narrativo-descritivo, porque apresenta trechos descritivos,
que é consequência de (1). com narrativas de alguns episódios da vida do narrador.
c) O texto é essencialmente narrativo, pois apresenta as partes
Não ter “perdido a vida por aí” é estruturais: apresentação, complicação, clímax e desfecho.
d) O tempo da narrativa é cronológico, porque todo o texto se-
um fato, na linha do tempo, mais gue uma ordem sequencial.
próximo do autor do que a “pre- e) O narrador usa estritamente a linguagem formal em suas
recordações.
sença da professora”: dois mo-
mentos diferentes no passado, 148

mas que se relacionam. Logo,


para diferenciar um do outro e LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 148 29/03/18 06:47

deixar mais clara a ordem, o pri- subjuntivo: “para que não a per-
meiro fica no mais-que-perfeito: desse por aí”. Ora, como o sub-
sua presença tinha sido (fora) juntivo nos ajuda a tratar de hipóte-
fundamental. O segundo, mais ses, o fato concreto, consequência
recente, no perfeito: “eu não per- da presença da professora na vida
di minha vida por aí”. de Ziraldo, é ele ter “dado certo”
Mas, no texto, o verbo perder na vida. Mas Ziraldo prefere falar
não está no pretérito perfeito do do contrário, do que “não aconte-
indicativo, está no imperfeito do ceu”, de uma hipótese.

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
9. (Colégio Militar) Assinale a única opção incorreta.
a) As palavras destacadas no trecho “Então, formou 150 jovens
idealistas e as espalhou por Minas Gerais, com a missão de
mudar a escola por dentro” (terceiro parágrafo) não perten-
cem à mesma classe gramatical.
b) Em “[...] tenho muitos professores inesquecíveis” (primeiro
parágrafo), a expressão destacada funciona como modifica-
dor do nome.
c) Os verbos botava (primeiro parágrafo), tinham (terceiro pa-
rágrafo), sabia (final do terceiro parágrafo) estão no pretérito
perfeito do indicativo.
d) A oração “[...] por causa dela, vim vindo pela vida curtindo
uma enorme carência afetiva” (segundo parágrafo) dá uma
ideia de causa.
e) Em “Devia ter esquecido o nome dela, mas não esqueci”
(primeiro parágrafo), o verbo destacado está no pretérito
perfeito.

10. (Colégio Militar) No trecho “[...] que sua presença em minha


vida tinha sido fundamental...” (terceiro parágrafo), a locução
verbal tem o mesmo sentido que o verbo destacado em:
a) Que sua presença em minha vida foi fundamental.
b) Que a sua presença em minha vida era fundamental.
c) Que a sua presença em minha vida é fundamental.
d) Que a sua presença em minha vida fora fundamental.
e) Que a sua presença em minha vida será fundamental.

11.Sobre o verbo destacado em “Botava todos os meninos


branquinhos no colo, mas a mim não”, podemos afirmar que:
a) O tempo e o modo em que está flexionado indicam que a
ação acontecia com frequência no passado.
b) Está flexionado no pretérito mais-que-perfeito composto.
c) É um verbo da segunda conjugação.
d) O tempo e o modo em que está flexionado indicam que a
ação acontecia com pouca frequência.
e) O tempo e o modo em que está flexionado indicam que a
ação aconteceu uma única vez.

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12. Imagine que ocorreu um atropelamento de um ciclista e
dois jornais noticiaram esse fato das seguintes maneiras:

Sugestão de “Motorista atropela ciclista” (jornal 1)


Abordagem “Ciclista é atropelado por motorista” (jornal 2)

Você acha que as duas manchetes informam do mesmo modo?


Durante a leitura da seção Em cada uma delas, sobre qual participante recai a ênfase?
Explique:
Antes de começar a es- Resposta pessoal.
crever, procure ampliar o
horizonte de compreensão 13. (Unicamp – Adaptada) Leia este aviso, comum em vários
dos alunos expondo outros ambientes:

exemplos sobre o campo de


atuação de um jornalista.
Em seguida, discuta com
eles as dicas dadas no tex-
to O passo a passo da re-
portagem.
a) As pessoas que não gostam de ser filmadas prefeririam uma
mensagem que dissesse o contrário. Para atender a essas pes-
soas, reescreva o aviso, usando a primeira pessoa do plural e
BNCC – Habilidades gerais
fazendo as modificações necessárias.
“Sorríamos, nós não estamos sendo filmados.”
EF69LP05 EF69LP08
EF69LP06 EF69LP13 b) Criou-se, recentemente, a palavra gerundismo para desig-
EF69LP07 EF69LP16 nar o uso abusivo do gerúndio. Na sua opinião, esse tipo de
desvio ocorre no aviso acima? Explique.
Não, porque o gerúndio está sendo empregado adequadamente

BNCC – Habilidades específicas no interior de uma locução verbal e indicando uma ação que es-
taria ocorrendo no momento da leitura do aviso em seu contexto

EF67LP04 EF89LP08 real.

EF67LP33 EF89LP09
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EF07LP01 EF08LP14
EF07LP10
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Anotações

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Manual do Educador

Reportagem

151
Capítulo
4
É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Geralmente, a reportagem é produzida para atender à solicitação da chefia, que enca-
minha a pauta (tema) para o repórter. No entanto, muitas vezes o próprio repórter escolhe
o assunto e o sugere a seus superiores. Nesse caso, a pauta sugerida normalmente é de
interesse desse jornalista — algo que, além de ser prazeroso ou desafiador para ele pes-
quisar, atende aos interesses do público leitor. Assim, um repórter que se interessa pela
cultura do estado onde mora provavelmente gostaria de fazer uma reportagem sobre a
música local, por exemplo. Por essa razão, em geral, a redação dos jornais é dividida em
setores que tratam de temas específicos, como esportes, cultura, economia, política, etc.
Portanto, é muito comum um repórter atuar em um único setor, no qual se torna um espe-
cialista. Como uma das maiores qualidades do texto jornalístico é a clareza, é fundamental
que esse profissional conheça bem a área relacionada à pauta de sua reportagem. Ou seja,
muito raramente um repórter de esportes escreverá sobre política, e vice-versa.

Aprenda mais!
O passo a passo da reportagem
Há algumas instruções fundamentais que todos os repórteres podem seguir para que suas
reportagens atendam às expectativas do leitor:
1. Escolha uma abertura atraente, que prenda o leitor.
2. Mesmo que a reportagem seja sobre um assunto já conhecido, procure iniciar o texto com
algum fato novo ou que tenha passado despercebido.
3. Se sua reportagem tiver começo, meio e fim, será muito maior a possibilidade de que o
leitor consiga acompanhá-la sem esforço e sem largá-la no meio.
4. Ordene os fatos. Eles são muitos numa reportagem e, por isso, deverão ser agrupados
em blocos que tenham relação entre si.
5. Não confie na memória: anote tudo que vir ou ouvir. Na hora de escrever o texto final,
será sempre preferível ter material em excesso a faltar informações para completar a
reportagem.
6. Seja rigoroso na apuração dos fatos e na seleção dos dados. Confira e verifique todos
os detalhes. Em caso de dúvida, faça consultas posteriores com especialistas, vá ao ar-
quivo. Tudo se justifica para que a reportagem não contenha nenhum erro ou informação
incompleta.
7. Informações sobre o ambiente, quando relacionadas com os fatos descritos na reporta-
gem, contribuem para enriquecê-la e torná-la mais viva e completa.
8. Sempre que possível, procure saber o máximo sobre o assunto que vai transformar em
reportagem. Você se sentirá muito mais seguro dessa forma.

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9. Trace um roteiro para as grandes reportagens; caso contrário, você poderá perder-se na
coleta dos dados.
Sugestão de 10. Faça o mesmo para redigir a reportagem: se ela for de pequena extensão, poderá ser
ordenada mentalmente, o que se consegue com a experiência. Reportagens muito lon-
Abordagem gas, porém, de uma página ou mais, devem ser antecipadamente divididas em retrancas
estanques para que o trabalho se torne mais fácil.
11. Considere a pauta da reportagem apenas um roteiro ou uma indicação (a menos que

No item 2 do Planejamen- você tenha instruções determinantes para não se desviar do assunto); sua sensibilida-
de dirá quando você pode dirigir a reportagem para caminhos jornalisticamente mais
to, orientamos os alunos a compensadores.
12. Colha todas as versões que puder para o mesmo fato, confronte-as e, a partir daí, se-
definirem quem serão as lecione as mais verossímeis. Se for absolutamente impossível optar por algumas delas,

pessoas que contribuirão


registre-as e mostre ao leitor os contrastes.
13. Confie especialmente no que viu. Informações obtidas de outras pessoas devem ser in-
na produção da reporta- cluídas com cautela e critério no texto, mencionando-se sempre a fonte. Caso esta não
possa aparecer, tente conferir a informação com outra fonte […].
gem. Nesse ponto, pode- 14. Selecione, se possível, mais de um especialista ou entrevistado que você pode incluir na

mos indicar que procurem


reportagem; nem sempre você vai conseguir falar com aquele que quer.
15. Finalmente, pense sempre que os assuntos são cíclicos no noticiário. Por isso, uma con-

os funcionários da esco- sulta ao arquivo, antes de você começar a preparar a reportagem, o ajudará a buscar
ângulos novos e a não repetir aquilo que o jornal já explorou exaustivamente.
la. Seria interessante para MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. São Paulo: Moderna, 2006. p. 255–256.

aproximá-los uns dos ou-


Proposta
tros. Secretários, serven- Para produzir esta reportagem, forme um grupo com mais dois colegas. Vocês serão os
tes, seguranças, estagiá- repórteres; e o seu professor, seu chefe. Os grupos decidirão a pauta que levarão para o

rios, professores, enfim,


chefe, que, em reunião com cada um, orientará o trabalho para adequar o texto aos leitores
(os próprios alunos da escola, os pais, os professores, etc.).
pessoas que, presentes
diariamente, compõem a
Para essa reportagem, a pauta deverá seguir dois critérios:
1. Ser relevante para a sociedade.
comunidade escolar, mas 2. Estar inserida em um destes campos:

geralmente não participam • Educação. • Lazer.


• Cultura. • Esportes.
do processo de ensino- • Saúde. • Cidades.
-aprendizagem.
Planejamento
Trabalhe com seus alunos
o gênero entrevista. Esco-
1. Antes de começar a escrever a reportagem, façam um levantamento dos pontos mais
importantes da pauta. O que a reportagem de vocês deve abordar?
lha com eles alguém para
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levar para sala de aula, al-
guém que se disponha a
contar sua história de vida.
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Desse diálogo pode surgir


um tema para reportagem Anotações
que acarretará outras de-
mandas. Leve-os a refletir
sobre a melhor forma de
abordagem, quais palavras
escolherão para compor as
perguntas, etc.

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Manual do Educador

Reportagem

153
Capítulo
4
2. Definam quem serão as pessoas que poderão dar depoimentos para aumentar a credi-
bilidade da reportagem e entrem em contato com elas para marcar um encontro.
3. Elaborem previamente um roteiro de perguntas a serem feitas aos seus entrevistados.
4. Façam uma pesquisa aprofundada em livros, revistas e na Internet para ficar por dentro
da pauta.
5. Realizem as entrevistas. Para não perderem nenhuma informação relevante, é impor-
tante anotar (e, se possível, gravar) as respostas dos entrevistados.
6. Agora, mãos à obra. Comecem a escrever a reportagem. Nessa etapa:
• Procurem utilizar uma linguagem adequada a seus leitores.
• É importante seguir uma sequência de abordagem com começo, meio e fim, para fa-
cilitar tanto a escrita quanto a leitura.
• Apresentem a pauta já no lide, procurando produzir uma abertura atraente para seus
leitores.
• Selecionem os trechos mais importantes dos depoimentos e procurem encaixá-los no
texto. Nesse ponto, observem o uso das aspas e dos verbos dicendi.
• Pesquisem imagens ou tirem fotografias para enriquecer a sua reportagem. Não se
esqueçam das legendas e de citar as fontes consultadas.
• Produzam uma manchete e um lide adequados aos seus objetivos.
• Valorizem a diagramação do texto, isto é, a sua apresentação gráfica (imagens, boxes
explicativos, tabelas, cores, tipos de fonte, etc.). A diagramação contribui muito para
que uma reportagem se torne atraente.

Avaliação
1. Agora, os grupos trocarão as reportagens para que cada um seja avaliado pelo outro.
Nessa avaliação, analisem os seguintes pontos:

Aspectos analisados Sim Não


A pauta da reportagem atendeu aos dois critérios apontados na proposta?
A reportagem traz informações interessantes?
A linguagem está adequada aos seus leitores?
Há depoimentos enriquecendo o texto?
O texto se configura visualmente como uma reportagem?

2. Feita a avaliação, os grupos devolverão os textos uns aos outros para que sejam feitas
as adaptações necessárias. Depois, o professor os recolherá.

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mOmeNTO
DO
Reportagem

u N
G Religiões africanas são
Se
Diálogo com alvo de intolerância
o professor O número de denúncias referentes à intolerância religiosa
no Brasil, feitas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Hu-

Professor, é interessante nes-


manos da Presidência da República, aumentou de 15 em 2011
Antes de para 109 em 2012. Os principais alvos de discriminação são as
se momento fazer uma pes- começar a ler religiões de origem africana, como candomblé e umbanda.
Entre os casos está a invasão de terreiros em Olinda, Per-
quisa sobre as influências A reportagem que você nambuco, em que “evangélicos com faixas e gritando palavras
africanas na cultura e socie-
vai ler agora foi escrita
pelo jornalista Fernando
de ordem realizaram protesto em frente a um terreiro de reli-
Caulyt, para o jornal gião de matriz africana e afro-brasileira”, como descreve um
dade brasileira. Você pode alemão Deutsche welle.
A reportagem Religiões
denunciante. Outro caso foi o uso, por uma igreja, de imagens

trazer para a sala de aula africanas são principal alvo


de mães de santo, “chamando de feitiçaria e difundindo o ódio
da intolerância religiosa no pelas redes sociais”, afirma outra pessoa.
lideranças religiosas a fim brasil relata o preconceito
contra confissões como o
“O Brasil tem um histórico de negação das tradições não cris-

de promover uma discussão candomblé e a umbanda.


tãs. Essa negação não é exatamente da religião, mas do valor
No texto, veremos de todas as tradições de matriz africana. Na verdade, para nós,
saudável e de respeito ao é racismo”, afirma Silvany Euclenio, secretária de Políticas das
que esse preconceito
chega a extremos,
Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Pro-
próximo. Para saber mais,
como depredação de
casas, espancamentos moção da Igualdade Racial (Seppir).

sugerimos leitura do artigo


de pessoas e até Embora existam também atritos entre algumas religiões cris-
assassinatos. Além do
tãs, eles acabam não sendo tão violentos porque essas reli-
Influência africana no pro-
preconceito, Caulyt vê uma
lógica de mercado na briga giões têm uma origem comum e compartilham os mesmos va-
entre as religiões. Ao final
cesso de formação da cultu-
lores. No caso das religiões de matriz africana, a intolerância
dessa leitura, nos faremos
a seguinte pergunta: como
recebe outra dimensão e resulta em violência, como na depre-
ra afro-brasileira, escrito por podemos acabar com essa
intolerância?

Maria do Carmo S. de Jesus.


Você pode ler no endereço
eletrônico abaixo:
http://www.portaleduca-
cao.com.br/pedagogia /
artigos/56217/a-influencia-
-africana-no-processo-de-
-formacao-da-cultura-afro-
-brasileira 154

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Leitura Complementar

A presença dos fundamentalis- em crescente contato direto) não


mos, a instrumentalização dos nos permitem fechar os olhos
credos religiosos para fins béli- para a intolerância religiosa. Nes-
cos e a inquietude espiritual (que se livro, o autor trata o tema com
para muitos supõe a presença clareza e honestidade, procuran-
em paralelo das religiões num do contribuir para o diálogo entre
QUEIRUGA, A. T. O diálogo das
mundo como o atual, que as põe as religiões. religiões. São Paulo: Paulus, 1997.

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Manual do Educador

Reportagem

155
Capítulo
4
dação de casas, espancamento de pessoas e até mesmo as-
sassinatos. “Recebemos denúncias de norte a sul do País, e de
forma crescente”, diz Euclenio. Sugestão de
Abordagem
Mercado religioso

Em certo espisódio, o pro-


O professor de Ciências da Religião Frank Usarski, da Ponti-
fícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), afirma que
a tensão mais visível é entre algumas igrejas pentecostais e
as religiões afro-brasileiras, apesar de existirem também atritos
grama da TV Brasil Cami-
entre religiões que tenham a mesma raiz. “Isso tem muito a ver nhos da Reportagem mostra
como os principais líderes
com a lógica do mercado religioso. Hoje em dia, não é mais
uma convivência idealista, mas, sim, uma luta de segmentos,
da necessidade de conquistar certa parcela da população. religiosos do País refletem
sobre a questão do pre-
Dessa forma, o outro é estigmatizado, desvalorizado e inferio-
rizado”, acrescenta, dizendo que a briga entre as religiões se
orienta por uma lógica capitalista.
Ele cita, como exemplo, a briga entre vertentes da religião
conceito. Referências para
budista no Brasil, em que houve briga jurídica para impedir a o budismo, o judaísmo, o
protestantismo, o catolicis-
entrada de líderes religiosos no País. Além disso, um grupo rei-
vindica um templo para si e o outro não quer devolvê-lo. “Não
são só brigas simbólicas, mas também jurídicas.” mo e outras religiões com-
partilham suas visões sobre
Para o professor aposentado de Ética e Teologia Ubirajara
Calmon, da Universidade de Brasília (UnB), existe intolerância
religiosa no Brasil, mas nada comparável ao que acontece em
outros lugares do mundo, como na Europa. “Acredito que há
como enfrentar a intolerân-
poucas manifestações. O Brasil nunca chegou a uma situação, cia e construir uma socie-
dade mais pacífica e iguali-
por exemplo, a luta entre católicos e protestantes na Irlanda do
Norte”, frisa.
tária. Você pode assistir ao
vídeo através do link:
w w w.yo u tube.c o m
watch?v=_6W92bGNhLo.

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP03 EF69LP16
155 EF69LP13 EF69LP18
EF69LP14
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BNCC – Habilidades específicas


Anotações EF67LP04 EF67LP07
EF67LP05 EF07LP14

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Internet
O mundo virtual reflete a situação do mundo real. De 2006 a
2012, a organização não governamental SaferNet Brasil, atra-
vés da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos
Leitura (CNDCC), recebeu 247.554 denúncias anônimas de páginas
e perfis em redes sociais que continham teor de intolerância
Complementar religiosa.
Muitas vezes, uma página ou um perfil é denunciado deze-
nas, centenas ou até milhares de vezes. Dessa forma, nesse
Em outubro de 1999, o jornal Fo- período, 15.672 páginas foram reportadas por conter teor de

lha Universal estampou em sua


intolerância religiosa. A tendência é de queda: de 2.430 páginas
em 2006 para 1.453 em 2012.
capa uma foto da iyalorixá Gildá- Essa tendência não implica que o número de casos reporta-
dos de intolerância religiosa tenha diminuído. “Uma das razões
sia dos Santos e Santos, a Mãe é a classificação feita pelo usuário. Mesmo páginas reporta-
das por possuir conteúdo antissemita ou homofóbico têm,
Gilda, em publicação com o título também, conteúdo referente à intolerância religiosa”, explica
“Macumbeiros charlatões lesam Thiago Tavares, coordenador da CNDCC.
O maior problema é a impunidade. “Quanto maior a dificulda-
o bolso e a vida dos clientes”. A de de punir esses crimes, maior é a tendência de uma parcela

casa da Mãe Gilda foi invadida, da comunidade de internautas de querer utilizar a rede para
essa finalidade. A impunidade é o combustível da criminalida-
seu marido foi agredido verbal de”, declarou Tavares, afirmando ainda que percebe um cresci-

e fisicamente e seu terreiro, de-


mento, desde 2010, das manifestações de intolerância e tam-
bém da radicalização do discurso de ódio na Internet brasileira.
predado por integrantes de ou- Não só anônimos postam comentários que envolvem into-
lerância religiosa ou até mesmo o ódio em sites e perfis nas
tro segmento religioso. Mãe Gil- redes sociais. “Vemos casos de autoridades religiosas também.
Há certa permissividade, uma dificuldade de monitorar e efeti-
da morreu em 21 de janeiro de vamente punir”, diz Euclenio.
2000, vítima de um infarto. Para
combater atitudes discriminató-
rias e prestar homenagem a Mãe
Gilda, foi instituído, em 27 de
dezembro de 2007, pela Lei nº
11.635, o Dia Nacional de Com-
bate à Intolerância Religiosa.
Veja o que dizem algumas lideran- 156

ças religiosas sobre a tolerância:


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Judaísmo
Catolicismo der a questões humanas, que são
“O judaísmo nasce como uma tra-
comuns” (Padre Marcus Barbosa,
dição em direção ao diálogo. Isso “Desde 1965, com o Concílio Va-
Comissão da Conferência Nacio-
não significa, no entanto, que ao ticano II, a Igreja Católica iniciou
nal dos Bispos do Brasil (CNBB).
longo de tantos anos a postura uma forma mais clara de busca de
sempre tenha sido tolerante. Mas, comunhão e diálogo com as igre- Religiões islâmicas
de maneira geral, temos vários jas cristãs e grandes tradições reli- e muçulmanas
exemplos de tolerância e de diálo- giosas. Para os católicos, vivenciar “Nossa religião é clara: quem mata
go” (Sergio Napchan, Confedera- o Evangelho é reconhecer que to- uma alma, mata a humanidade
ção Israelita do Brasil). das as religiões procuram respon- inteira. Nossa educação é que

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
Tecnologia esbarra na falta de infraestrutura
Depois que a denúncia é recebida pela CNDCC, um sistema
é acionado para coletar informações disponíveis na rede, como
texto, fotos e demais informações do provedor onde a página
está hospedada. Essas informações são compiladas em um
banco de dados ao qual apenas a Polícia Federal e o Ministério
Público (MP) têm acesso.
Assim, o MP pode iniciar uma investigação para descobrir
quem foi o autor do crime. O poder judiciário notifica o provedor
que hospeda a página para fornecer dados e indícios que pos-
sam ajudar os investigadores a identificar o usuário. “Mas isso
nem sempre é possível. Aí o caso fica impune”, diz Tavares.
Ele explica que muitas pessoas usam a retórica de que os Dicionário
crimes da Internet não são punidos por causa da falta de uma
lei específica. Mas na verdade serve para mascarar o principal Intolerância – Falta de
Espiritismo
problema: a falta de estrutura. “De todos os 27 estados brasilei- compreensão.
ros, há somente oito delegacias especializadas. E elas funcio- Antissemita – Que é
contrário especialmente
“Entendemos que todas as re-
ligiões devem ser tratadas com
nam de forma precária”, frisa. aos judeus.
A Polícia Federal tem duas divisões que cuidam de crimes Homofóbico – Que tem
cibernéticos. Uma é a contra crimes financeiros, que tem boa preconceito contra os
homossexuais. respeito e reconhecimento às
condições e à liberdade de culto
estrutura e é bem aparelhada, sendo responsável por mais de Retórica – Fala clara
1.200 prisões nos últimos oito anos. Já a divisão relacionada e atraente que visa
com os direitos humanos tem estrutura muito deficiente. “É clara
e pensamento. O mundo em que
convencer o interlocutor.

a prioridade do Estado brasileiro de investigar crimes contra o


patrimônio e não os relacionados aos direitos humanos”, con- vivemos não admite o isolamento
em grupos ou clãs. A única forma
clui Tavares.
Disponível em: http://www.dw.de/religi%C3%B5es-africanas-s%C3%A3o-principal-alvo-

de pensar a convivência e o res-


-da-intoler%C3%A2ncia-religiosa-no-brasil/a-16576050. Acesso em 01/03/2015. gualtiero boffi / shutterstock.com

peito é estabelecendo o diálogo“


(Antonio Cesar Perri, Federação
Espírita Brasileira).
Protestantismo
“O protestantismo não pratica
intolerância religiosa. Você não
vê um cristão protestante ma-
tar, bater ou discriminar alguém
157
por causa de sua fé em Cristo.
Se fizer isso, ele não é um cris-
tão verdadeiro ou nunca foi. O
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vivamos em paz com outras reli- rumo para as pessoas, esclarecer. protestantismo tem sua fé pauta-
giões. Quem vai julgar as pessoas Tenho grandes amigos de outras da na  Bíblia Sagrada  e entende
é Deus. É preciso tratar o próximo religiões. Com a tolerância, ganha- que algumas coisas são boas e
com amor e carinho” (Sheikh Kha- mos a união. Todos ficam mais outras coisas são ruins” (Pastor
led Taky El Din, Conselho de Teólo- fortes. O ideal seria que se tives- Carlos Oliveira, Conselho Fede-
gos Islâmicos no Brasil). se um problema na minha casa, ral de Pastor).
fosse conversar com um pastor
Candomblé
ou um padre para saber a opinião Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
humanos/noticia/2015-01/no-dia-de-combate-
“O candomblé tem por princípio o deles” (Iyalorixá  Dora Barreto, do intolerencia-religiosa-lideres-alertam-sobre.
acolhimento, receber bem, dar um terreiro Ilê Axé T’Ojú Labá). Acesso em 04/02/2015t

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Desvendando os segredos do texto
Diálogo com
o professor 1. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Pre-
sidência da República, houve um aumento considerável de de-
núncias de discriminação contra as religiões. Segundo o texto,
É importante planejar as ativida- qual foi o motivo desse aumento das denúncias?

des de modo a estimular a par- A conscientização das pessoas contra atos de intolerância.

ticipação dos alunos a serem


2. Leia:

agentes diretos do processo de


Entre os casos está a invasão de terreiros em Olinda,
Pernambuco, em que ‘evangélicos com faixas e gritando
aprendizagem. Ainda deve ser palavras de ordem realizaram protesto em frente a um ter-
reiro de religião de matriz africana e afro-brasileira’, como
enfatizada a importância de que descreve um denunciante. Outro caso foi o uso, por uma

o docente conheça a realidade igreja, de imagens de mães de santo, ‘chamando de feiti-


çaria e difundindo o ódio pelas redes sociais’, afirma outra
dos seus educandos, para pro- pessoa.

porcionar aulas com conteúdos a) Nesse trecho, a palavra feitiçaria foi empregada com senti-
significativos. do positivo ou negativo? Explique.
A palavra feitiçaria corresponde a práticas incomuns, realiza-
Visto isso, pode-se destacar, as- das para conseguir algo por meios sobrenaturais. Assim, o seu
sim, a importância de se abordar sentido é negativo.
a temática da pluralidade cul- b. A partir de uma breve pesquisa, explique: qual é a diferença
tural, especialmente durante a de religião de matriz africana e religião afro-brasileira?

formação dos indivíduos na es- Religiões de matriz africana são aquelas cuja essência teo-
lógica e filosófica é oriunda das religiões tradicionais africanas.
cola. O tema diz respeito ao co-
nhecimento e à valorização das
Religiões afro-brasileiras são as religiões que foram trazidas
para o Brasil pelos africanos, na condição de escravos, e que
características étnicas e culturais absorveram ou adotaram costumes e rituais brasileiros.
dos diferentes grupos sociais
3. “O Brasil tem um histórico de negação das tradições não
que convivem no Brasil. Assim, cristãs. Essa negação não é exatamente da religião, mas do
é fundamental o papel da escola valor de todas as tradições de matriz africana.” Sobre isso, res-

como instituição formadora dos


ponda:

158
indivíduos que serão atuantes no
cenário da sociedade, pois cabe
especialmente à escola o papel
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desafiador de formar uma cons-


ciência baseada na existência Anotações
da diferença entre pessoas e no
respeito mútuo que deve existir e
permear as relações sociais.

158
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Manual do Educador

Reportagem

159
Capítulo
4
a) Juntamente com seu professor, faça uma pesquisa sobre a
influência do continente africano sobre o Brasil.
Resposta pessoal.

b) No Brasil, há uma tradição de negar as tradições africanas.


Por quê?
Resposta pessoal.

4. Sabemos que a diferença entre notícia e reportagem é


que a primeira informa fatos de maneira mais objetiva e apon-
ta as razões e os efeitos. A segunda vai mais a fundo, faz in-
vestigações, produz comentários, levanta questões, debate e
argumenta. Pensado nisso, qual foi o argumento utilizado pelo
professor Frank Usarki sobre a tensão entre as religiões?
A tensão é provocada pela lógica capitalista de angariar fiéis,
desvalorizando e inferiorizando os demais.

5. Leia:

O maior problema é a impunidade. ‘Quanto maior a di-


ficuldade de punir esses crimes, maior é a tendência de
uma parcela da comunidade de internautas de querer uti-
lizar a rede para essa finalidade. A impunidade é o com-
bustível da criminalidade’ […].

Baseado nisso, responda às questões abaixo.


a) A que classe gramatical pertence a palavra impunidade?
Substantivo.

b) Pesquise, no dicionário, as palavras impunidade e crimina-


lidade e relacione o significado delas ao texto.
Impunidade: condição de impune; ausência de punição; sem
castigo. Criminalidade: qualidade ou particularidade de impune;
em que há tolerância ao crime. No trecho do texto, fica clara a
ideia de que a impunidade provoca a criminalidade.
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6 Releia a seguinte frase: “Vemos casos de autoridades reli-
giosas também” (12º parágrafo). A partir disso, responda:

Diálogo com a) Essa frase é um período? Por quê?

o professor Sim. Porque está estruturada em torno de um verbo.


b) Quantas orações há nessa frase?

Além disso, sugerimos a site Há apenas uma oração.

c) Como se classifica o sujeito da forma verbal vemos?


Portal da cultura afro-brasi- Aprenda
leira, que esclarece, de for-
Desinencial, oculto ou elíptico.
mais!

ma clara e didática, como a Prender a atenção para


informar
7 Leia:

cultura africana chegou ao A intenção da reportagem


É clara a prioridade do Estado brasileiro de investigar
crimes contra o patrimônio e não os relacionados aos
Brasil com os povos escra-
é relatar os fatos ao leitor
ou ao telespectador de direitos humanos.

vizados trazidos da África


forma ampla e clara, o que
implica uma qualidade Por que a prioridade do Estado é investigar crimes contra o
fundamental a um bom
durante o longo período em
patrimônio? Qual a consequência dessa prioridade para o com-
repórter: a capacidade de
se expressar bem, seja bate aos crimes que atentam contra os direitos humanos?
que durou o tráfico negreiro na escrita, seja na fala.
Isso é necessário para
Nos crimes contra o patrimônio, há um valor monetário que o

transatlântico. A diversidade que ele consiga cativar


seus leitores, ouvintes
Estado pode resgatar. Já nos crimes de direitos humanos há,

cultural da África refletiu-se


ou telespectadores.
principalmente, um valor ético e moral. Nesse sentido, é mais
Cada repórter possui

a partir de diversas etnias


um estilo de relatar os “vantajoso” economicamente combater os crimes contra o pa-
acontecimentos.

que falavam idiomas dife-


Além disso, o próprio jornal trimônio.
ou revista também tem seu

rentes e trouxeram tradi-


estilo, que varia de acordo
8 Agora, releia o seguinte trecho:
com seu público-alvo.

ções distintas. Para acessar


Para o leitor, o ouvinte
ou o telespectador, isso Assim, o MP pode iniciar uma investigação para desco-
o Portal da cultura afro-bra-
é ótimo, pois ele pode
optar por reportagens cuja brir quem foi o autor do crime. O poder judiciário notifica
o provedor que hospeda a página para fornecer dados e
sileira, indicamos o site:
linguagem lhe comunique
mais claramente. indícios que possam ajudar os investigadores a identificar
o usuário. “Mas isso nem sempre é possível. Aí o caso fica
www.faecpr.edu.br/site/por- impune”, diz Tavares.

tal_afro_brasileira/index. Substitua o verbo destacado por outro que expresse melhor o


php. que o entrevistado provavelmente sentiu quando fez essa afir-
mação.
Lamenta, desabafa.

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Sugestão de Abordagem

Comente que o imperativo é um de necessidade. Por exemplo, sair”, “não jogue lixo no chão”,
recurso da língua muito presente como eles se sairiam ao compor etc.? São infinitas as possibilida-
no nosso cotidiano: em receitas, um texto publicitário? Ou mesmo des. A realidade da sala de aula,
instruções de uso, em propagan- simplesmente escrevendo uma e fora dela, está cheia de deman-
das, etc. Antes de simplesmente lista de instruções comportamen- das textuais que podem ser usa-
conceituar, é importante colo- tais para a sala de aula, ou para das para flagrar o aluno no uso
car os alunos em uma situação a escola, como “apague a luz ao de todos os recursos.

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Manual do Educador

Reportagem

161
Capítulo
4
Análise linguística

O modo imperativo
Leia a receita abaixo:

Ingredientes B o lo d e
c h o c o la te

Depositphotos | livfriis
Bolo:
• 1 colher (sopa) de fermento em pó
• ½ colher (chá) de baunilha
• 1 e ½ xícara (chá) de farinha de trigo
• ½ xícara (chá) de chocolate em pó
• ¾ de xícara (chá) de café com leite
• 2 xícaras (chá) de açúcar
• 4 ovos

Creme de chocolate:
• 200 gramas de chocolate em barra
• 2 colheres (sopa) de licor de laranja
• 4 colheres (sopa) de açúcar
• 2 colheres (sopa) de água
• 1 xícara (chá) de creme de leite
• ½ xícara (chá) de nozes moídas
• 2 claras de ovo

Modo de preparo
Bolo: Bata as gemas com o açúcar até obter uma gemada clara. Misture a
farinha, o chocolate, o fermento, a baunilha e o café com leite. Bata até levan-
tar bolhas na massa. Junte, por fim, delicadamente, as claras em neve firme,
misturando com uma colher em movimentos de baixo para cima. Leve ao forno
médio durante 50 minutos. Espete um palito na massa. Se sair limpo, o bolo
está assado. Caso contrário, deixe mais um pouco. Espere esfriar e vire sobre
um prato de vidro. Cubra com o creme de chocolate.
Creme de chocolate: Dissolva o chocolate em banho-maria com a água e
o licor. Bata as claras em neve firme. Coloque o açúcar e bata até obter um
merengue espesso. Misture delicadamente o chocolate, incorporando-o bem.
Adicione o creme de leite bem gelado. Corte o bolo ao meio, recheie-o e
cubra-o com o creme de chocolate. Polvilhe com as nozes moídas e leve à
geladeira durante 4 horas antes de servir.
http://www.livrodereceitas.com/doces/doce1123.htm
Acessado em 11/01/2011.

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1. Podemos classificar esse texto como um exemplo de que
gênero?
2. O texto se divide em duas partes. Qual é a função de cada
Diálogo com uma delas?
3. Observe os verbos destacados em negrito. A quem eles se
o professor dirigem?
4. O que esses verbos expressam?

Duas diferenças importantes


Diariamente, damos e recebemos ordens e orientações para
fazer algo. O modo verbal que utilizamos para expressar es-
podem ser estabelecidas entre sas ações é o imperativo. Além de ordens e orientações, utili-

o modo imperativo e os outros Aprenda zamos o modo imperativo para expressar conselhos, pedidos,
mais! convites. No entanto, essas ações verbais só podem ficar claras
modos verbais (indicativo e sub- O imperativo é usado
dentro de contextos comunicativos, que consideram, entre ou-
tros elementos, os papéis sociais dos interlocutores, o ambien-
juntivo): comumente em textos
instrucionais, que têm te em que se encontram e a entonação com que os enunciados
como objetivo mostrar são proferidos. Por exemplo: se uma mãe surpreender o filho
•• No indicativo e no subjuntivo, formas de realizar algo
por meio de um passo a
pequeno saindo para a rua movimentada e gritar Venha para
cá!, sua fala será entendida pelo menino como uma ordem. Já
o verbo se flexiona para situar passo, como nas receitas
culinárias e nos manuais em outra situação, se o menino estiver com dificuldade para
os fatos em intervalos de tem-
de usuário. dormir, ela poderá convidá-lo, com uma voz suave, para dormir
em seu quarto: Venha para cá! Nesse caso, o enunciado seria
po diferentes. No imperativo, compreendido não como uma ordem, mas como um convite.

não há flexão de tempo. Assim, é preciso ter atenção para o fato de que o imperativo
é caracterizado pela desinência verbal, não pelo sentido global

•• Considerando as funções da
dos enunciados. Devido à grande riqueza expressiva da nossa
língua, é possível expressarmos ordens, pedidos, conselhos,
linguagem propostas por Ro- etc. de diferentes formas, inclusive por meio dos outros modos

man Jakobson, o indicativo e


e tempos verbais. Por exemplo: proferida em tom de ameaça,
uma pergunta pode ser também uma ordem (Você não vem?),
o subjuntivo se aplicam a to- uma declaração pode ser uma ordem (Você vai estudar ago-
ra), uma declaração pode ser uma pergunta (Gostaria de sa-
das as funções da linguagem. ber o horário da prova).

Já o imperativo se limita aos


Além disso, podemos dar ordens por meio de simples inter-
jeições, como psiu!, para fazer silêncio.
usos em que o emissor se diri-
A formação do imperativo
ge explicitamente ao receptor,
A ação verbal expressa no modo imperativo pode ser afirma-
normalmente identificado com tiva ou negativa. Como no imperativo quem fala se dirige direta-
um vocativo, por isso fica res- mente a alguém, o verbo só pode ser flexionado considerando
a pessoa com quem se fala:
trito à função conativa.
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Repensando o LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 162 29/03/18 06:47

Ensino da Gramática

O valor semântico dos atos de fala de maneira diferente. No Sudeste, “A forma de primeira pessoa
sobre os quais comentamos aqui por exemplo, a forma mais comum do plural, dada nas gramáticas
pode ser melhor aprofundado no do imperativo é igual à terceira como façamos, é formada no
Capítulo 2 do livro do 6o ano. pessoa do singular no presente do português brasileiro com uma
É importante frisar para os alunos indicativo: Faz um favor pra mim. forma de ir: Vamos fazer um san-
que, na fala espontânea, eviden- Já no Nordeste, o imperativo mais duíche!” (Cf. Perini, 2010: 309).
temente o imperativo se processa usual é idêntico ao subjuntivo:
Faça um favor pra mim.

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Manual do Educador

Reportagem

163
Capítulo
4
• A segunda pessoa do singular (tu) e do plural (vós).
• A terceira pessoa do singular e do plural, quando a pessoa
com quem se fala é tratada por meio de um pronome: se- Sugestão de
nhor, você… Abordagem
• A primeira pessoa do plural (nós), indicando que quem fala
também cumprirá a ordem, a orientação, o pedido, etc. ex-
presso pelo verbo.
Para as questões da seção
No imperativo afirmativo, a segunda pessoa do singular
(tu) e a segunda pessoa do plural (vós) têm origem na segunda Análise linguística, propo-
pessoa do presente do indicativo (singular e plural), sem o s. mos estas respostas:
Já as outras formas do imperativo afirmativo correspondem às
formas do presente do subjuntivo.
1. Receita.
No imperativo negativo, as formas verbais correspondentes
a todas as pessoas são as mesmas do presente do subjuntivo.
No quadro abaixo, observe a conjugação do verbo tentar no
2. 1º - Apresentar os ingre-
modo imperativo: dientes; 2ª - Ensinar a
Presente do Imperativo Presente do Imperativo preparar.
indicativo afirmativo subjuntivo negativo
eu tento ––––––
tenta tu
eu tente
tu tentes
––––––
não tentes tu
3. Eles se dirigem ao leitor.
tu tentas -S

ele tenta
nós tentamos
tente você
tentemos nós
ele tente
nós tentemos
não tente você
não tentemos nós
4. Ordens, orientações.
vós tentais -S tentai vós vós tenteis não tenteis vós
eles tentam tentem vocês eles tentem não tentem vocês

BNCC – Habilidades gerais


Prática linguística
EF69LP05 EF69LP56
Leia a tirinha abaixo e, em seguida, responda às questões pro-
postas: EF69LP55
PREÁ E CAFÉ/Eudson e Lécio

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Anotações

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1. Na tirinha, percebemos que os alunos estão em uma aula
Compartilhe de português. Qual é o tema dessa aula?
ideias
Sugestão de O modo imperativo.

Abordagem 2. Que classe de palavras se relaciona a esse conteúdo gra-


matical?

Imagens também podem Os verbos.

ser imperativas: 3. Na nossa comunicação diária, qual é a função desse con-

teúdo?
É por meio do modo imperativo que normalmente formulamos
ordens.

4. Essa função pode ser exercida somente pela classe de pala-


vras indicada na questão 2? Como isso é mostrado na tirinha?
Não. Observamos que a professora passa uma ordem à turma
por meio de um substantivo: silêncio.

5. Entre as afirmações abaixo, indique aquela que justifica o


motivo da dúvida do menino expressa no último quadrinho:
a) Como não estava atento à aula, o menino não entendeu o
conteúdo ensinado.
b) A professora explicou muito bem o conteúdo.
c) A professora ensinou um conceito que não corresponde ne-
cessariamente à realidade.
d) A fala da professora expressa no primeiro quadrinho foi bas-
tante clara, por isso o menino não a entendeu.

Texto

À caça de novidades
Crianças descobrem o sabor do consumo e
desestabilizam orçamento familiar

Proponha uma pesquisa


Caio, de 6 anos, Tainá, de 4, e Rafael, de 2, espalham-se no
supermercado como se percorressem quartos e salas da casa
sobre imagens cujo sentido onde vivem em Brasília. Caio e Tainá selecionam os brinque-

é imperativo.
dos. O pequeno Rafael vai direto aos biscoitos. No lar de Maria
de Fátima e Fernando Teixeira Guimarães, os filhos determi-
nam os gastos do mês. Dia de compras é dia de festa. Caio é o
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Repensando o
Ensino da Gramática

Enfatize para seus alunos que súplica, ordem. Não é à toa que em tom de súplica, porque elas
o imperativo não é somente um ele é muito usado nas propagan- envolvem sentimentos fortes. Por
tempo verbal, é um modo de se das, que falam diretamente com exemplo, o Pai Nosso, para quem
comunicar. Tempo diz respeito ao as pessoas: “Beba Coca-Cola!”. é cristão: “perdoai (vós) as nos-
passado, ao presente e ao futuro. Nas rezas, principalmente nas sas ofensas”.
O imperativo pressupõe um diá- ladainhas, também é comum o
logo, por que expressa pedido, emprego do modo imperativo

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Manual do Educador

Reportagem

165
Capítulo
4
que mais consome. Recebe R$ 20,00 por semana, mas gasta
tudo em três dias. Quando se depara com uma novidade na TV,
inferniza a vida de Maria de Fátima e Fernando até obtê-la. O
que é bonito e está na moda se torna objeto de desejo.
Com 11 anos, Victor Lima Abrão recebe R$ 10,00 do avô por
semana. Gasta-os imediatamente. “Dinheiro não é para ficar no
bolso”, diz. Há 2 anos, convenceu os familiares a presenteá-lo
com dinheiro em datas festivas. “Ele quer sempre o mais caro,
está sempre pedindo”, reclama Maria Rita Abrão, a financiado-
ra do filho. “É difícil ensinar-lhe o valor do dinheiro.” Dizer não
exige mais dos pais. Mas os resultados compensam. Na edu-
cação e no bolso.

Educação a longo prazo – Guia para os pais


• Mostre às crianças a diferença entre comprar o que se quer
e adquirir o que é necessário.
• Chame-as para participar da montagem da lista de super-
mercado.
• Eduque-as, desde pequenas, para saberem identificar o que
é caro e o que é barato.
• Se o orçamento permitir, estabeleça uma mesada.
• Não tema impor restrições aos gastos, mesmo que o dinhei-
ro seja o da mesada.
• Estimule-as a participar da divisão do orçamento doméstico.
• Não se torture por não dar aos filhos tudo o que eles pedem.
Maria Clarice Dias
http://epoca.globo.com/edic/20000605/soci11.htm (adaptado).
Acessado em 11/01/2011.

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6. (Colégio de Aplicação – Uerj) Copie do primeiro parágrafo do texto uma frase com-
pleta que indique o grande entusiasmo dos três irmãos — Caio, Tainá e Rafael — com o
consumo.
Uma dentre as frases:
• Dia de compras é dia de festa.
• Caio, de 6 anos, Tainá, de 4, e Rafael, de 2, espalham-se no supermercado como se per-
corressem quartos e salas da casa onde vivem em Brasília.

7. (Colégio de Aplicação – Uerj) Leia:

“Não se torture por não dar aos


filhos tudo o que eles pedem.”

a) Esse conselho poderia ajudar a mãe de Victor Lima Abrão, de 11 anos. Explique por quê.
Porque a mãe está sempre atendendo às vontades do filho, que não se preocupa com os
gastos.

b) A quem se dirije esse conselho?


Aos pais que estão lendo a reportagem.

c) Em que modo verbal está flexionado o verbo destacado?


Imperativo negativo.

8. Vimos que o modo verbal imperativo é aquele que emite uma ordem, um comando ou
um pedido. As formas verbais que o representam são facilmente identificáveis, pois são
bastante expressivas. Mas há diferentes maneiras de se apresentar uma ordem sem que
se perceba a carga hierárquica de quem proferiu o comando. Sabendo disso, identifique os
enunciados que manifestam o imperativo de maneira camuflada, mas que obtenha o mes-
mo efeito, e, em seguida, assinale a alternativa correta.

I. Parados!
II. Vem pessoal, vem moçada!
III. Por favor, não sentar nos lugares reservados.
IV. Sem problemas! Você me traz o prometido amanhã.
V. Fique na sua!

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, IV e V.
d) II, IV e V.
e) Todas estão corretas.

9. Considerando a noção de imperativo que trabalhamos na questão anterior, é correto


afirmar que:
a) Também podemos exprimir, por meio dos verbos no imperativo, uma ação que ainda não
foi concluída, como é o caso da forma verbal andando.
b) Por meio desse modo verbal podemos, entre outras opções, transmitir alguma orien-
tação, como nas receitas culinárias, nas quais os verbos ali empregados têm por objetivo
guiar o leitor sobre o que ele deve fazer para elaborar determinada receita.
c) Esse modo verbal permite a expressão de um fato já ocorrido, como em “ele estudava
dia e noite”.
d) O modo imperativo é usado, também, para indicar um fato futuro, ou seja, que ainda não
ocorreu, como em “ele viajará daqui a três meses”.
e) Com os verbos no imperativo, podemos falar de coisas que poderiam ter acontecido,
como em “eu teria ido à festa se o carro não tivesse quebrado”.

Texto

Influenza A (Gripe Suína)

Se você esteve ou manteve contato com pessoas da área de risco e apresenta


os seguintes sintomas:

• Febre alta repentina e superior a 38 graus.


• Tosse.
• Dor de cabeça.
• Dores musculares e nas articulações.
• Dificuldade respiratória.
Entre em contato imediatamente com o Disque Epidemiologia: 0800-283-2255.

Evite a contaminação

• Quando tossir ou espirrar, cubra sua boca e nariz com lenço descartável.
Caso não o tenha, utilize o antebraço. Se utilizar as mãos, lave-as
rapidamente com água e sabão.

• O uso de máscaras é indicado para prevenir contaminações.

BRASIL. Ministério da Saúde, 2009. Adaptado.

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10. (Enem) O texto tem o objetivo de solucionar um problema social:
a) Descrevendo a situação do país em relação à gripe suína.
b) Alertando a população para o risco de morte pela Influenza A.
c) Informando a população sobre a iminência de uma pandemia de Influenza A.
d) Orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e procedimentos para evitar a
contaminação.
e) Convocando toda a população para se submeter a exames de detecção da gripe suína.

11. (Enem) Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campa-
nha institucional incluem:
a) O emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos.
b) O uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
c) O emprego de pronomes como você e sua e o uso do imperativo.
d) A construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
e) O fornecimento de número de telefone gratuito para contato.

É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Leia a parábola:

A gansa dos ovos de ouro


Um homem e sua mulher tinham a sorte de possuir uma gansa que todos os dias punha
um ovo de ouro.
Mesmo com toda essa sorte, eles acharam que estavam enriquecendo muito devagar,
que assim não dava…
Imaginando que a gansa devia ser de ouro por dentro, resolveram matá-la e pegar aque-
la fortuna toda de uma vez. Só que, quando abriram a barriga da gansa, viram que, por
dentro, ela era igualzinha a todas as outras.
Foi assim que os dois não ficaram ricos de uma vez só, como tinham imaginado, nem
puderam continuar recebendo o ovo de ouro que todos os dias aumentava um pouquinho
sua fortuna.
Moral: Não tente forçar demais a sorte.
ABREU, Ana Rosa. Alfabetização. V. 2. Brasília: Fundescola/SEF-MEC, 2000. p. 100.

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Manual do Educador

Reportagem

169
Capítulo
4
Como vimos, em uma reportagem, tanto a linguagem quanto a diagramação devem se
adequar ao suporte em que ela será publicada e aos leitores aos quais ela se destina. Isso
fica bastante claro na manchete.
Nesta atividade, imagine que você é repórter de todas as revistas descritas abaixo: Sugestão de
Revista 1
É comprometida com a informação. Seu público-alvo são pessoas Abordagem
cultas, interessadas em informações sérias.

Seu lema é conseguir o máximo de leitores possível, custe o


A intenção aqui é levar
Revista 2
que custar.

Revista 3 Tem o objetivo único de entreter. Seu público são pessoas


interessadas na vida das celebridades.
os alunos a perceberem
É uma revista de divulgação científica.
as nuanças determinadas
Revista 4
pelo contexto de produ-
ção. Assim, esperamos
Agora, como repórter, imagine que você tivesse de relatar os fatos apresentados nessa
parábola para cada uma dessas revistas. Produza uma manchete para cada situação.
que produzam manchetes
Proposta como:
Agora, imagine que sua reportagem será publicada por um jornal da sua cidade e você
mesmo(a) escolherá a pauta. Mas atenção: ela deverá se inserir em um destes campos: Revista 1 – Ibama pro-
• Cidadania.
• Política. cessa casal que explorava
• Esportes. animal.
• Tecnologia.
• Violência.
• Mundo.
Revista 2 – Gansa mutan-
te é estripada no interior.
Planejamento
Revista 3 – A história da
1. Antes de começar a escrever, elabore um roteiro para sua reportagem.
gansa dos ovos de ouro
2. Defina quem serão seus entrevistados, entre em contato com eles para agendar um
encontro, elabore antecipadamente as perguntas e registre as respostas. vai virar minissérie.
3. Procure se familiarizar com a pauta por meio de uma pesquisa.
Revista 4 – Cientistas ain-
4. Observe a estrutura do texto (começo, meio e fim) e a adequação linguística.
da não conseguiram expli-
5. Enriqueça sua reportagem com gráficos, tabelas, imagens, boxes explicativos, etc.
6. Introduza depoimentos para enriquecer seu texto e ganhar credibilidade. Nessa tarefa, car o fenômeno da gansa
procure utilizar os verbos dicendi adequados e identifique com aspas a fala dos entre- dos ovos de ouro.
vistados quando fizer uso do discurso direto.
7. Produza uma manchete e um lide atraentes para seus leitores.

169 BNCC – Habilidades gerais

LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 169 29/03/18 06:47 EF69LP06 EF69LP13


EF69LP07 EF69LP16
EF69LP08 EF69LP21
Anotações
BNCC – Habilidades específicas

EF67LP04 EF89LP08
EF67LP33 EF89LP09
EF07LP01 EF08LP14
EF07LP10

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Ca 170
Avaliação
1. Para avaliar seu texto, releia-o observando os critérios abaixo:

Aspectos analisados Sim Não


Diálogo com O texto apresenta manchete e lide adequados?
o professor O texto está rico graficamente, com informações complementares nos bo-
xes, nas tabelas, nos gráficos, etc.?

Certa vez, para anunciar


A linguagem e a diagramação estão adequadas ao seu público-alvo?
O texto está enriquecido com depoimentos?
um debate político, um jor- O texto se configura visualmente como uma reportagem?
nal publicou a seguinte 2. Agora, reescreva seu texto fazendo as alterações necessárias e entregue-o ao seu
manchete: “Bonner media professor.

o programa”. O redator se
esqueceu de que o verbo
A escrita em foco
mediar é um dos irregula-
res entre os geralmente re-
Verbos regulares e irregulares
gulares terminados em -iar.
Dizemos que um verbo é regular quando ele se flexiona normalmente, seguindo o seu
São quatro irregulares com padrão de conjugação. Assim, o radical permanece invariável enquanto ele se flexiona. Já
tal terminação: mediar, an- os verbos irregulares são aqueles que, quando se flexionam, sofrem variações no radical.
Devido a essas mudanças, alguns desses verbos geram dúvidas quanto à sua grafia em
siar, incendiar e odiar. situações de uso formal da língua. Conheça a conjugação de dois deles (de acordo com a
norma-padrão) na tabela a seguir.
Então o redator da notícia
Verbo ir Verbo caber
teria escrito melhor: “Bon- INDICATIVO INDICATIVO

ner medeia o programa”. Presente Imperfeito Perfeito Presente Imperfeito Perfeito

É preciso, no entanto, reco-


vou ia fui caibo cabia coube
vais ias foste cabes cabias coubeste

nhecer que há uma tendên- vai ia foi cabe cabia coube

cia à regularização dos


vamos íamos fomos cabemos cabíamos coubemos
ides íeis fostes cabeis cabíeis coubestes

verbos e à simplificação vão iam foram cabem


Mais-que-per-
cabiam couberam
Futuro do pre- Futuro do pre-
Mais-que-per- Futuro do pre- Futuro do pre-
geral da língua, o que ex- feito sente térito feito
coubera
sente
caberei
térito
caberia
plica, em parte, o media do
fora irei iria

170
texto.
Esse é um exemplo interes- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 170 29/03/18 06:47

sante para mostrar aos alu-


nos que, apesar de inade- Leitura Complementar
quada para a norma culta,
a mensagem do jornal não O verbo explodir era considerado defectivo
foi prejudicada. Os veículos (defeituoso, incompleto), quando Chico Any-
de comunicação, sobretu- sio criou o personagem Justo Veríssimo, por
do a imprensa escrita, são isso as formas expludo e a variante explo-
grandes “atualizadores” da do não eram usadas, a não ser na linguagem
língua. oral e raramente na escrita.
MACHADO, Josué. Revista Língua Portuguesa nº 69. Julho de
2011. São Paulo: Segmento.

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Manual do Educador

Reportagem

171
Capítulo
4
foras irás irias couberas caberás caberias
fora irá iria coubera caberá caberia
fôramos iremos iríamos coubéramos caberemos caberíamos
fôreis ireis iríeis coubéreis cabereis caberíeis
foram irão iriam couberam caberão caberiam
SUBJUNTIVO SUBJUNTIVO
Presente Imperfeito Futuro Presente Imperfeito Futuro
vá fosse for caiba coubesse couber
vás fosses fores caibas coubesses couberes
vá fosse for caiba coubesse couber
vamos fôssemos formos caibamos coubéssemos coubermos
vades fôsseis fordes caibais coubésseis couberdes
vão fossem forem caibam coubessem couberem

A escrita em questão

Não vou me adaptar


Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia.
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia.
E quem eu queria bem me esquecia...
[...]
Composição: Arnaldo Antunes. Álbum: Televisão, WEA: 1985.

1. Entre as alternativas abaixo, aponte aquela que expressa o sentimento do eu lírico dian-
te da nova realidade.
a) Esperança. b) Coragem.
c) Desolação. d) Indiferença.
e) Alegria.

2. Nos dois primeiros versos da música, o eu lírico afirma:

“Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia.”

a) O que ele quis dizer com esses versos?


Ele quis dizer que, como cresceu, ele não cabe mais nas roupas que utilizava na infância.

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o
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Ca 172
b) Em que tempo e modo está flexionado o verbo caber?
No presente do indicativo.
Diálogo com 4. Agora, leia a tirinha a seguir.
COXINHA/Eudson e Lécio
o professor

Verbos irregulares fracos


são os que podem mudar
de radical, sem aparente
explicação, ao variar a pes- a) Na tirinha, a professora Norma solicita uma tarefa a Coxinha. Que tarefa foi essa?

soa (ex.: perder, que apre- Ela mandou Coxinha escrever não coube cem vezes em um papel.

b) Por que a professora exigiu essa tarefa do menino?


senta perco e perde; me-
Porque ele conjugou errado o verbo caber quando falou não cabeu.
dir, que apresenta meço
c) Ao solicitar essa tarefa ao aluno, a professora tinha um objetivo. Qual foi esse objetivo?
e mede); irregulares fortes Ela quis mostrar a ele como deveria conjugar o verbo caber corretamente.
são os que apresentam no d) De acordo com a interpretação global da tirinha, essa tarefa
pretérito perfeito um radical rendeu o efeito desejado pela professora? Explique.
Aprenda
diverso do presente (ex.: di- mais!
A tarefa não rendeu o efeito desejado pela professora, pois,

zer, que apresenta dizes e Como vimos, os verbos ao terminar o exercício, o menino conjugou o verbo do mesmo
irregulares sofrem

disseste; saber, que apre- alterações no radical ou modo.


na desinência quando
e) Como podemos perceber, a tarefa exigida pela professora
senta sabes e soubeste;
são conjugados, como
estar, dar, aguar, consistia na repetição, por cem vezes, da forma não coube.
vir, que apresenta vens e
passear, caber, perder,
Para você, esse método de aprendizagem é adequado?
trazer, medir, pedir e rir.
Dentro dessa categoria, Resposta pessoal.
vieste). Irregulares anô- identificamos os verbos
chamados de anômalos,
malos, ou simplesmente pois apresentam muitas 5. Complete as frases abaixo com a forma verbal mais ade-

anômalos, são os verbos


irregularidades no radical quada à norma culta. Se necessário, consulte um dicionário.
ou nas desinências. São
exemplos de verbos a) Nós trouxemos (truxemos–trouxemos) o material.
que apresentam diversida- anômalos: ser, ir e vir.
b) Eu trouxe (trouxe–truxe) meus livros de histórias.
de total de radicais entre c) Eu nunca perco (perco–perdo) um jogo do Sport.
tempos ou mesmo entre d) Eu meço (meço–mido) o tecido com uma régua.
pessoas do mesmo tempo.
São apenas os verbos ser 172

e ir. A anomalia do radical


desses verbos tem expli- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap4.indd 172 29/03/18 06:47

cação histórica: ser reúne


formas provenientes dos BNCC – Habilidades gerais
verbos latinos esse (sou,
Anotações
EF69LP05
és, era, fui) e sedere (ser, EF69LP56
serei, seja); já ir acumula
radicais de três verbos lati-
nos: ire (ia, irei), esse (fui, BNCC – Habilidades específicas
fos-se, for) e vadere (vou,
EF67LP01 EF07LP01
vão). EF67LP03 EF07LP02

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Manual do Educador

Reportagem

173
TO Capítulo
4
EN
M
RRA Texto 1

CE Reportagem especial BNCC – Habilidades gerais


EN Vidas secas: catástrofes atravessaram os séculos
Luiz Cláudio Ferreira
EBC – Agência Brasil
EF69LP05 EF69LP30
22/01/2018 16h35 EF69LP13 EF69LP43
Antes de Sol a pino. Mas o calor ferve também do chão. O que já foi
EF69LP16 EF69LP44
começar a ler
rio se transforma em mais caminho. Mais uma terra rachada. EF69LP17
O texto que você vai Nesta história de passos-jazigos, cruzes se espalham no ce-
ler agora é um trecho nário emoldurado por uma linha do tempo hostil, de marcas
de uma reportagem na pele das pessoas e na alma do País, com terra áspera nas
especial publicada no memórias
site da Empresa Brasil
de Comunicação (EBC), BNCC – Habilidades específicas
do Governo Federal.
A reportagem faz uma
retrospectiva das
principais secas que
EF67LP01 EF67LP26
afligiram o Nordeste do
Brasil desde 1583.
EF67LP20 EF67LP27
Interessante notar, ao EF67LP24
longo do texto, a relação
que se estabelece com
o romance Vidas secas,
de Graciliano Ramos
(1892–1953). Esse diálogo
entre textos é chamado de
intertextualidade.
Acesse o link abaixo
“Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duas man-
para ler a reportagem na chas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, esta-

Anotações
íntegra. vam cansados e famintos.”
http://www.ebc.com.br/ Trecho do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
especiais-agua/vidas-
secas/
Os infelizes estão nas primeiras palavras de Vidas Secas e
não são apenas personagens do olhar de Graciliano Ramos,
em meio ao sertão, no ano de 1938. Oito décadas depois da
descrição dura de um dos gênios da literatura brasileira, o ca-
minho tem outras curvas de dor e de luta em busca de um mes-
mo bem: a água.
As principais secas brasileiras da história ocorreram no Nor-
deste oriental: Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará. São roteiros repetitivos em cenários sertanejos,
Capa da primeira edição da
agrestinos, semiáridos. “Essa é a área de maior irregularidade
obra de Graciliano Ramos,
publicada em 1938.

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o
4
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Ca
espacial e temporal de chuvas. Nos períodos de ‘manchas so-

174
lares’, por exemplo, as secas são mais intensas. Esse fato já
Aprenda vem sendo estudado desde o início do século XX. Quando se
mais! fala em ‘episódios mais graves de secas’, em geral, nos referi-
Vidas secas acompanha a mos àqueles anos em que as consequências socioeconômicas
vida miserável do vaqueiro foram mais intensas”, explica o professor de climatologia Lu-
Fabiano e sua família, civânio Jatobá, pesquisador da Universidade Federal de Per-
que se veem obrigados
a se deslocar de tempos nambuco (UFPE).
em tempos para áreas A professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Kênia
menos castigadas pela Rios ressalta que “a seca não é apenas regida por dados plu-
seca. O estilo narrativo de
Graciliano Ramos é “seco”. viométricos. Trata-se de uma rede de relações políticas e cultu-
Ele é econômico no uso rais. A gente teve o reconhecimento do imperador Dom Pedro
de adjetivos, as frases são II. Ele veio ao Nordeste para conhecer a situação”.
curtas e os personagens
são retratados como Histórias áridas passadas e tão presentes. A rotina das se-
resultado da aridez do cas e a busca por água é enredo de desastres socioambientais,
ambiente em que vivem. registrado nos livros, em documentos, no número incontável
de vítimas e na luta pela sobrevivência. Também não há como
contabilizar os personagens gracilianos, “Fabianos” e outras
tantas famílias não nomeadas espalhadas pelo País.
Dicionário

Pino – O ponto mais alto


a que chega o Sol ou Fazia horas que procuravam uma sombra.
qualquer astro, o zênite.
Jazigo – Local onde A folhagem dos juazeiros apareceu longe,
alguém é enterrado ou através dos galhos pelados da caatinga rala.
sepultado. Trecho do livro Vidas Secas, de Graciliano
Hostil – O que demonstra
agressividade ou rivalidade. Ramos

Brasileiros retirantes são personagens que sofrem muito


mais do que os da ficção. Formaram colunas de migrantes da
seca, fugitivos pela sobrevivência numa realidade contada no
tecido histórico enrugado pelos séculos. “Na maioria das vezes,
quando as secas são mais severas e prolongadas, eles preci-
sam migrar para as cidades ou para outras regiões do Brasil,
como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou a Amazônia. Isso
ocorreu inúmeras vezes na história, em 1877, 1915, 1932, 1958
e 1983”, apontou em artigo o economista Antonio Rocha Maga-
lhães, um dos principais pesquisadores em desenvolvimento
Campo de concentração no bairro de
Pirambu, Fortaleza (CE), em 1932. sustentável do País.
Arquivo Nacional/Divulgação.
Disponível em: http://www.ebc.com.br/especiais-agua/vidas-secas/. Acesso em
05/02/2018.

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Manual do Educador

Reportagem

175
Capítulo
4
1. A seca vem sendo monitorada desde o início século XX, e há momentos mais tensos do
cenário agrestino e menos graves. Mas como determinar se a seca foi mais danosa para a
população?
Devido à seca, as atividades econômicas ficam reduzidas. Com isso, todo o fluxo de ge-
ração de renda torna-se mais lento, chegando a provocar a escassez de itens para suprir as
necessidades básicas da população.

2. Sobre o gênero textual reportagem, podemos citar como características principais o


domínio jornalístico e o objetivo de informar o público sobre temas atuais. Pensando nisso,
discuta com os seus colegas e o seu professor: o que pode ter motivado a reportagem Vi-
das secas: catástrofes atravessaram os séculos?
Professor, aproveite a oportunidade para discutir com os alunos a importância da pauta
para a produção dos textos jornalísticos.

3. Para você, quem é o público-alvo dessa reportagem? Justifique sua resposta.


Sugestão de resposta. Provavelmente o público-alvo são os leitores cultos que têm interes-
se em conhecer mais a seca do Nordeste brasileiro. Interessante ressaltar o registro formal
da linguagem empregada pelo repórter e as referências à obra de Graciliano Ramos.

4. Ao buscar uma relação intertextual com o romance Vidas secas, o repórter utiliza
termos característicos dos textos narrativos. Nesse contexto, identifique na reportagem as
relações que o autor faz entre o romance e a realidade.

No romance Na realidade

a) Personagens Brasileiros retirantes/sertanejos

b) Cenário Sertão/Nordeste oriental

c) Roteiro A seca repetitiva

d) Enredo Rotina da seca e a busca por água

5. Além da relação intertextual com a obra de Graciliano Ramos, o autor utilizou a intertex-
tualidade também para dar mais credibilidade às informações passadas pela reportagem.
Explique.
O autor utilizou a fala de estudiosos para dar credibilidade às informações passadas. Essas
falas vieram certamente de uma entrevista prévia que o repórter fez com eles.

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o
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Ca
6. De acordo com a situação comunicativa, podemos produzir textos com linguagem in-

176 formal ou formal. A opção entre uma maneira ou outra de expressão é o que chamamos
de registro da linguagem. Apesar de parecerem antagônicas, essas formas são variáveis.
Assim, em um texto pode predominar, por exemplo, a formalidade, mas dependendo de
certas intenções comunicativas do autor é possível utilizar também termos informais. Que
opção de registro da linguagem o autor usou nessa reportagem?
O autor usou a formalidade.

7. Sabendo que essa reportagem foi publicada no site da Empresa Brasil de Comunicação
(EBC), do Governo Federal, você considera que o autor utilizou a forma de registro mais
adequada?
Espera-se que o aluno perceba que, tendo em vista o contexto comunicativo, a opção pela
formalidade foi adequada.

Texto 2

Edição do dia 08/02/2018


08/02/2018 22h03 – Atualizado em 08/02/2018 22h03

Após 3 anos de seca, Cidade do Cabo, na


África do Sul, pode ficar sem água
Níveis de barragens estão em 20%. Se chegarem a 13,5%, o chamado
“Dia Zero” vai ser realidade. Torneiras serão fechadas.
Por Pedro Vedova

Depois de três anos seguidos de seca, a Cidade do Cabo, na África do Sul, pode se tor-
nar a primeira metrópole moderna do mundo a ficar sem água.
O gotejamento marca uma regressiva.
Os quatro milhões de habitantes da Cidade do Cabo estão vendo o “Dia Zero” chegar.
É quando as torneiras seriam fechadas e a água só pingaria em 200 pontos espalhados
pelas ruas. É a área urbana mais populosa da África do Sul, e cada um passaria a ter
direito a 25 litros por dia. Só para dar uma noção, um banho de cinco minutos gasta em
média 45 litros d’água.
A turista alemã acha que tudo bem não tomar banho por um ou dois dias. “Isso não de-
veria ser motivo para deixarem de conhecer um lugar tão bonito”, diz.
Mas a indústria de turismo tem medo que as ruas fiquem desertas como os reservatórios.
Os níveis de barragens estão perto de 20%. Se chegarem a 13,5%, o “Dia Zero” vai virar
uma realidade. Caso isso se confirme, seria um baque para um setor que representa quase
10% da economia do País.
O que chama a atenção nesse caso é o problema acontecer numa metrópole. A Cidade
do Cabo é conhecida por ter fortes políticas ambientais, assim como Londres, que vai in-

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Manual do Educador

Reportagem

177
Capítulo
4
vestir mais em fontes e bebedouros públicos. A ideia é estimular as pessoas a usarem me-
nos garrafas plásticas. Em Londres chove com frequência, mas na antiga colônia britânica
a seca já dura três anos.
A Cidade do Cabo reduziu a quantidade de água de 87 litros para 50 litros por dia para
cada um. A especialista em gestão de águas lembra que poucas cidades chegaram perto
dessa crise e cita São Paulo como exemplo. Ela sugere que as pessoas se ajudem para
saírem do aperto. Mas o próprio governo não está confiante. Muita gente vem ignorando
o racionamento. A prefeitura então resolveu disponibilizar um mapa polêmico, que mostra
quais casas vêm respeitando o limite.
Em vez de bisbilhotar os vizinhos, moradores prometem fiscalizar melhor os projetos do
governo e sem nenhum pingo de cerimônia.
Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/02/apos-3-anos-de-seca-cidade-do-cabo-na-africa-do-sul-pode-
-ficar-sem-agua.html. Acesso em 14/02/2018.

Texto 3

Mudança climática, o fenômeno que acabou


com as reservas mundiais de água
AFP
postado em 13/02/2018 12:30

Muito antes da seca na Cidade do Cabo, que poderia privar a urbe sul-africana de água
corrente a partir de maio, e inclusive antes da entrada em cena da mudança climática, o
mundo já vivia uma crise hídrica.
Os sinais de que as reservas de água doce estavam em perigo eram evidentes: grandes
rios bloqueados por represas exploradas até a última gota, lençóis freáticos milenares va-
zios, águas atingidas por diversos tipos de contaminação.
No entanto, a segunda cidade sul-africana não sofria com esses problemas. Em 2014, a
meia dúzia de depósitos que fornecia água para seus quatro milhões de habitantes estava
cheia. Mas, depois de três anos de uma seca histórica, as reservas estão em seu nível mais
baixo e o governo sul-africano teve que declarar nesta terça-feira o estado de “desastre
natural”.
Os especialistas climáticos haviam previsto isso, mas não tão cedo. “A mudança climá-
tica deveria ter nos atingido em 2025 [...] Os serviços meteorológicos da África do Sul fala-
ram comigo que seus modelos já não funcionam”, declarou a responsável da província do
Cabo ocidental, Helen Zille.
Em escala global, a crise hídrica se desenhava há décadas. O Fórum Econômico Mun-
dial inclui a cada ano esse fenômeno entre as ameaças mundiais potencialmente mais
graves, à frente de catástrofes naturais, migrações em massa e ciberataques.
Os lençóis subterrâneos fornecem água potável a ao menos metade da humanidade,
assim como 40% da água usada para a agricultura. Mas os aquíferos não enchem tão fa-
cilmente como um depósito após uma tempestade: na escala do tempo humano, não são
um recurso renovável.

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A maior parte das regiões do mundo já ultrapassou o que o climatologista Peter Gleick

178
chama de “o teto da água”. “As pessoas vivem em lugares onde utilizam toda a água reno-
vável, o que é pior, vivem precariamente bombeando excessivamente as águas subterrâ-
neas não renováveis”, explica à AFP.
Uma superexploração gera ao mesmo tempo infiltrações de água salgada e desmoro-
namento de terrenos, afundando a cada ano um pouco mais dezenas de metrópoles como
México, Jacarta e Tóquio. E “a mudança climática vem se somar a tudo isso”, adverte [...].
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2018/02/13/interna_internacional,937486/mudanca-climatica-o-
-fenomeno-que-acabou-com-as-reservas-mundiais-de-a.shtml.
Acesso em: 14/02/2018.

8. O Texto 2 foi produzido para ser falado pelo jornalista na matéria que foi ao ar em um
telejornal de grande abrangência nacional. Além disso, o texto também foi publicado no site
da emissora de televisão. Já o Texto 3 foi produzido para circular no jornal impresso e na
Internet.
a) Qual dos textos apresenta marcas de informalidade?
O Texto 2 apresenta marcas de informalidade.

b) Por que o autor do texto optou por essa forma de registro?


Porque, como o texto foi produzido para ser falado, a utilização de termos informais contri-
buiria para dar mais dinamismo e descontração à matéria.

c) A notícia é o texto jornalístico mais ágil e dinâmico, responsável por informar as pes-
soas sobre os fatos e, assim, contribuir para que elas conheçam melhor a realidade que
as cerca. Com base nessas informações, que diferenças você apontaria entre esse gênero
textual e a reportagem?
As principais diferenças entre esses gêneros estão na profundidade de abordagem do tema
e na presença ou não da defesa de pontos de vista, argumentação. Desse modo, enquanto
a notícia é, em maior parte, um texto breve e impessoal, restringindo-se à apresentação
resumida dos fatos, a reportagem é mais longa, pois apresenta a abordagem do tema de
forma mais detalhada e comumente contém a defesa de pontos de vista.

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Manual do Educador

Reportagem

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Capítulo
4
o
mídias em context

1. Vimos que, para dar mais credibilidade às informações passadas na reportagem Vidas
secas: catástrofes atravessaram os séculos, o repórter se apoiou na fala de professores
universitários que são referência para o tema reportado. Releia este trecho do texto que
apresenta a fala da professora Kênia Rios, da Universidade Federal do Ceará (UFC):

“a seca não é apenas regida por dados pluviométricos. Trata-se de uma rede de
relações políticas e culturais [...]”.

Podemos dizer, de maneira simples, que a leitura consiste na capacidade de decifrar e


traduzir símbolos. Esses símbolos tanto podem ser, por exemplo, os movimentos do corpo
e dos astros, como as palavras escritas. Em todo caso, é o leitor quem lê o sentido desses
símbolos, atribuindo-lhes significado. Pensando nisso, discuta com os seus colegas e o seu
professor:

a) Como a professora define a seca?


Segundo a professora, a seca é resultado de relações pluviométricas, políticas e culturais.

b) As relações políticas e culturais a que se refere a professora estão claras no texto?


Como podemos identificar essas relações?
As relações a que se refere a professora não estão claras no texto. Assim, para identificá-
-las, é necessário o leitor recorrer ao seu conhecimento de mundo ou a outras fontes de
informação.

c) Utilizando sites de busca, pesquise quais são as causas da seca do Nordeste.


Resposta pessoal.

d) Diante das causas, que soluções você e seus colegas conseguem visualizar para o pro-
blema?
Resposta pessoal.

e) Aproveitem para pesquisar, também, exemplos interessantes de soluções já implemen-


tadas.
Resposta pessoal.

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Ca 180

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


deve ser capaz de:
Capítu
lo 5 Fontes de
informação
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre os gêneros e suas 1. Neste capítulo, estudaremos dois gê-
funções sociais: o que são ar-

Conhecimentos prévios
neros textuais em que predomina o tipo
textual expositivo. O que isso significa?
tigos de divulgação científica 2. Se você fosse escrever um livro didático

e os artigos expositivos em li- como este, que cuidados você teria com
o seu texto?
vros didáticos? Para quem são 3. O conhecimento científico muitas vezes
não é acessível ao público em geral, fi-
escritos? Por quê? Para quê? cando restrito a ambientes específicos,
Como são feitos? como as universidades. Por que será
que isso acontece?
•• Ler, compreender, avaliar e
produzir um artigo de divulga-
ção científica e um texto expo-
sitivo didático. Caracterizando o gênero

•• Identificar o sujeito, o predica- Desde sempre, o grande “motor” para O artigo de divulgação científica bus-
do e suas respectivas funções a produção de conhecimento é o fluxo de ca informar seus leitores sobre o resulta-
informações e a necessidade de se chegar do de uma pesquisa. Com uma linguagem
no uso da língua. a novas respostas. No Capítulo 2, vimos clara e direta, ele procura esclarecer o
que, na falta de conhecimentos científicos grande público a respeito de temas com-
•• Identificar o sujeito simples, suficientes, os povos primitivos procura- plexos ou desconhecidos. Por essa razão,
esse gênero textual se aproxima muito do
composto e desinencial e suas
ram satisfazer essa necessidade produ-
zindo mitos e lendas. Neste capítulo, es- texto expositivo em livro didático. Pro-
funções no uso da língua. tudaremos dois gêneros textuais — muito curando utilizar uma linguagem aces-
parecidos, inclusive — cuja função é divul- sível aos alunos, esse artigo tam-
•• Valer-se corretamente dos gar os conhecimentos científicos adquiri-
dos pelo homem.
bém tem a finalidade básica de
veicular informações.
porquês no uso da língua, de-
monstrando compreensão so-
bre a função de cada um. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 180 29/03/18 07:08

Anotações

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

181
Diálogo com
o professor

O grande desafio dos artigos


de divulgação científica é levar
a ciência, muitas vezes de difícil
entendimento, às pessoas leigas.
A chave é saber usar a linguagem
em favor da clareza e da sim-

u.

do
plicidade. O obstáculo: não ser

s

Ip
s
to
ho
itp
superficial a ponto de prejudicar

os
ep
D
a compreensão. Albert Einstein,
certa vez, assim explicou a sua
teoria da relatividade: “Quando
você está cortejando uma moça
simpática, uma hora parece um
segundo. Quando você se senta
sobre carvão em brasa, um se-
gundo parece uma hora. Isso é a
relatividade”.
O que estudaremos neste capítulo:
Albert Einstein foi um gênio, e a
• Características e funções dos artigos de
divulgação científica e dos textos expositi-
ciência que ele fez foi resultado
vos em livros didáticos de muito trabalho. Se parece sim-
• Sujeito e predicado
• Sujeito simples, composto e desinencial ples, é por que ele, como se não
• Uso dos porquês bastasse, também sabia esco-
lher as palavras.

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Anotações

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o
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Ca 182
mOmeNTO
O Artigo de divulgação científica
e ir
im Um barato de inseto
Leitura Pr
Elas podem dar origem a remédios, são importantes para a
Complementar natureza e campeãs de velocidade. Com vocês, as baratas!

Pense em alguma característica positiva das baratas. À pri-


Antes de meira vista, pode parecer difícil, não é mesmo? Afinal, esses in-
Talvez você já tenha ouvido esta começar a ler setos têm uma péssima reputação junto à maioria das pessoas.
Essa má fama vem do hábito que muitas espécies têm de viver
pergunta em algum lugar. [...] Mui- O texto que você vai
ler agora foi publicado em lugares sujos, como esgotos, e de frequentar nossas ca-
tos motivos poderiam ser mencio- na revista Ciência Hoje
das Crianças, uma das
sas sem serem convidadas. Mas acredite: as baratas são muito

nados. A população apoia os proje-


mais interessantes importantes para o ambiente, podem dar origem a remédios e,
publicações de para completar, ainda são insetos campeões de velocidade!
tos que melhor compreende, o que
divulgação científica
do País. Como se
trata de um texto Gulodice que faz bem ao Planeta
invariavelmente resultará no supor- expositivo, isto é, com
Para as baratas, quase tudo é visto como comida. A matéria
foco na exposição de
te financeiro do poder público, das informações, esse tipo orgânica em decomposição — como restos de animais e de
vegetais — é uma das guloseimas que fazem parte do seu
instituições fomentadoras de pes-
de artigo é sempre
muito rico, com dados
sobre os mais variados cardápio pouco exigente. Por isso, esses insetos são muito im-
quisa ou das empresas privadas. temas. Neste aqui, você
conhecerá informações
portantes para a natureza. Afinal, atuam, de certa forma, como
autênticos faxineiros, promovendo uma limpeza — ou recicla-
Divulgar ciência ajuda a melhorar surpreendentes sobre
um inseto que desperta gem — no ambiente ao comerem o que muitas vezes conside-
a educação. A divulgação atrai jo- uma verdadeira repulsa
em muita gente. Com
ramos apenas lixo.

vens e entusiastas para o convívio


vocês, a barata!

kurt_G | Shutterstock
no meio científico e ajuda a des-
mistificar conceitos equivocados e
mitos sobre o papel do cientista [...].
Não é um trabalho simples, mas
todos envolvidos com ciência de-
veriam fazê-lo. Um trabalho bem
apresentado ao público pode ren-
der reconhecimento e fundos para
continuar as pesquisas. A popula- Um exemplo de barata que vive fora do ambiente urbano.

ção deve ter conhecimento da im-


portância e necessidade desta ou 182

daquela pesquisa.
Outro papel importante do divul- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 182 29/03/18 07:08

gador é a correção de equívocos,


responsabilidade como educador tude é um ótimo começo para gal-
dos conceitos errôneos e da má di-
e combater tais deslizes, falando garmos no caminho da maior entre
vulgação científica. Em nosso meio
habilmente sobre ciência e minimi- todas as aventuras: aprender e pra-
há pessoas que se aproveitam do
zando a propagação de erros. ticar ciência […].
vazio deixado pela ciência na mídia
O mais importante é formar uma Flora Inês Mattos Costa
e se autoproclamam especialistas,
sociedade crítica, com cabeças Fonte: http://www.zenite.nu/
quando muitas vezes não têm se- Acessado em 02/04/2012.
pensantes que tenham as ferra-
quer uma iniciação científica.
mentas necessárias para atuar no
Pelo menos uma vez ou outra,
benefício de todos. Inspirar a juven-
o pesquisador deve assumir sua

182
182

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

183
Capítulo
5
smuayc | Depositphotos

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP29 EF69LP33
EF69LP31 EF69LP34
EF69LP32 EF69LP42

A barata-de-esgoto é muito
comum nas cidades.

Anotações

Insetos que podem voar, nadar e... ser bonitos!


Quando você pensa em barata, provavelmente a imagem que Dicionário
vem à sua cabeça é a da Periplaneta americana, a barata-de-
-esgoto, uma das espécies mais comuns nos ambientes urba- Gulodice – O mesmo que
nos. Mas é fora das grandes cidades que muitas baratas vivem. gula.
Guloseimas – Quaisquer
“Aqui no Brasil, existem muitas espécies silvestres, com formas comidas muito gostosas.
e hábitos curiosos”, conta Roberto Eizemberg, do Instituto de Destreza – Facilidade e
Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro ligeireza nos movimentos.
Em contrapartida – Por
(UFRJ). “Seu tamanho pode variar de poucos milímetros a 10 outro lado.
centímetros. Algumas têm cores que as tornam mais atraentes,
outras têm duros e afiados ‘espinhos’ em suas pernas. Há as
que voam com tanta facilidade como uma borboleta e as que
nadam com grande destreza.” Sem falar nas que se associam
com cupins ou formigas, abrigando-se em seus ninhos, onde,
em contrapartida, oferecem o que fazem de melhor: seus ser-
viços de reciclagem de “lixo”!

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o
5
ul
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Ca
Fabricantes de remédio
184 Mas não é só. Você sabia que um estudo recente, da Uni-
versidade de Nottingham, na Inglaterra, conseguiu separar, no
cérebro de uma espécie de barata, várias moléculas que têm
a capacidade de combater bactérias resistentes a antibióticos,
além de serem pouco tóxicas para o ser humano? Essas mo-
léculas podem, em breve, dar origem a um novo medicamento.

Mestres na arte de se esconder


As baratas são especialistas em escapar do perigo. Para
você ter uma ideia, suas pernas são preparadas para correr, o
que faz com que esses bichos estejam entre os insetos terres-
tres mais velozes de todos. Antigas habitantes da Terra, antes
mesmo de os dinossauros existirem, elas já eram encontradas
por aqui. Por essas e outras, muita gente por aí diz que esses
insetos sobreviveriam até se uma bomba nuclear fosse lançada
e destruísse toda a vida do Planeta. Será?

As baratas colocam seus ovos em uma cápsula protetora chamada ooteca, que parece uma
bolsa fechada e que pode abrigar até cinquenta ovos de uma só vez.

De fato, segundo os especialistas, é bem provável que as


baratas não morressem em um evento como esse, mas não
porque possuem poderes de super-heróis, e sim por causa do
local onde vivem. “Por ficarem escondidas em galerias de es-
goto, elas estariam mais protegidas durante o ataque e assim
teriam mais chances de sobreviver”, conta Roberto Eizemberg.
Depois de ler tudo isso, aposto que a sua opinião sobre es-
ses insetos mudou, não é? Nem que seja um pouquinho!
Fernanda Turino. Instituto Ciência Hoje/RJ
http://chc.cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/janeiro/um-barato-de-inseto.
Acessado em 12/01/2011.

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

185
Capítulo
5
Para discutir Sugestão de
1. Por que alguns animais despertam um sentimento de repulsa Abordagem
em muitas pessoas?
2. Faça uma pesquisa no dicionário para conhecer o significado
da palavra barato. Para as questões da seção Para
discutir, propomos estas res-
3. Qual é o sentido que essa palavra tem no título desse artigo?
4. Aponte uma informação presente no texto que justifique que
a barata é um barato. postas:
1. Por causa de sua aparência,
cheiro, perigo que oferecem,
Desvendando os segredos do texto Aprenda
mais! etc.
1. Qual é a intenção comunicativa desse artigo? Como vimos, a intenção
comunicativa dos artigos
2. Adjetivo: que se vende por
Apresentar as baratas como insetos importantes para o meio de divulgação científica é
apresentar conhecimentos baixo preço; que cobra ou em
que se cobra preço módico;
ambiente e mudar, portanto, a maneira negativa como muitas científicos para leitores não
especializados. Por esse

que não exige gastos eleva-


pessoas as veem. motivo, é necessário que
sejam escritos em uma

dos; sem qualidade, sem ori-


linguagem clara e didática.
Normalmente seus autores
são jornalistas, professores
2. Para tornar o artigo de divulgação científica um texto atraen- e cientistas. ginalidade, banal, comum,
te para o leitor, algumas técnicas podem ser aplicadas. Logo no
primeiro parágrafo, a autora usou uma dessas técnicas. Expli- ordinário; falta de classe, de
que qual.
elegância. Substantivo mas-
culino: comissão paga pelos
Ela escreveu como se estivesse conversando com o leitor.

3. Esse clima de intimidade pretendido pela autora no primeiro


jogadores de carta à pessoa
parágrafo pode ser alcançado por meio de diferentes recursos
linguísticos, como o uso da primeira pessoa, de verbos no im- Dicionário ou estabelecimento que lhes
perativo, perguntas retóricas, etc. Identifique, no primeiro pa-
rágrafo, o uso desses recursos.
fornece um espaço, material
As perguntas retóricas

Verbos no imperativo: pense, acredite; pergunta retórica: “À pri-


são questionamentos de jogo, alimentação, etc.;
aquilo que deleita, pessoa ou
feitos sem a intenção de
obter uma resposta, mas
meira vista, pode parecer difícil, não é mesmo?”; uso da primeira de afirmar ou insinuar algo

pessoa: nossas.
que, antecipadamente, já
é de conhecimento dos
coisa boa, bonita, ou que se
interlocutores.
admira, curtição; aquilo que
está na moda; detalhe, aces-
185
sório; reação psicológica e/
ou física, podendo ou não ser
agradável, provocada pelo
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uso de droga. Advérbio: por


BNCC – Habilidades gerais preço baixo; sem muito custo.
Anotações
EF69LP29 EF69LP42 3. Aquilo que deleita, pessoa ou
EF69LP31 coisa boa, bonita, ou que se
admira, curtição.
4. Sugestão: Elas podem dar ori-
gem a remédios, são impor-
tantes para a natureza e cam-
peãs de velocidade.

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o
5
ul
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Ca
4. Leia este trecho retirado do primeiro parágrafo:
186 “Mas acredite: as baratas são muito
importantes para o ambiente […]”

a) Em que modo verbal está flexionado o verbo acreditar e a


quem ele se dirige?
Modo imperativo. Ele se dirige diretamente ao leitor do texto.

b) Substitua o advérbio de intensidade que aparece nesse tre-


cho por outro que não prejudique o sentido.
Sugestão: extremamente, bastante.

5. Para não repetir uma mesma palavra ou expressão nem


tornar o texto chato e repetitivo, uma boa alternativa é fazer re-
ferência a essas palavras ou expressões de maneiras diferen-
tes. Foi o que a autora fez com o termo baratas nesse artigo.
Entre os trechos abaixo (retirados do texto), aponte aquele em
que o termo destacado não se refere às baratas.
a) “Afinal, esses insetos têm uma péssima reputação […]” (pri-
meiro parágrafo)
b) “[…] são insetos campeões de velocidade!” (primeiro pará-
grafo)
Aprenda c) “Afinal, atuam, de certa forma, como autênticos faxineiros
mais! […]” (segundo parágrafo)
Como textos expositivos, d) “Essas moléculas podem, em breve, dar origem a um novo
os artigos de divulgação medicamento.” (quarto parágrafo)
científica normalmente são
e) “[…] o que faz com que esses bichos estejam entre os in-
veiculados em revistas cujo
público-alvo tem interesse setos terrestres mais velozes de todos.” (quinto parágrafo)
nas ciências em geral, em
curiosidades e investigações 6. Como se trata de um artigo de divulgação científica, esse
científicas, etc. Entre essas
revistas, destacam-se texto é muito rico em informações, por isso é predominante-
a Mundo Estranho, mente expositivo. Considerando as informações nele presen-
Superinteressante, Galileu
tes, é incorreto afirmar que:
e Ciência Hoje. Há também
muitos sites especializados a) A aversão que muitas pessoas têm pelas baratas se deve ao
na publicação de textos fato de muitas espécies viverem em lugares sujos.
desse gênero, e é comum
b) As baratas se alimentam de quase tudo que encontram.
que cientistas divulguem
suas produções nas suas c) As baratas não selecionam muito o que comem.
redes sociais. d) No Brasil, existe uma grande diversidade de baratas.
e) Além de transmitirem doenças, as baratas não oferecem qual-
quer benefício ao ser humano.
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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

187
Capítulo
5
7. Retire do texto uma frase que indique que, quando o pes-
quisador foi entrevistado pela autora do artigo, ele estava no
País. Leitura
“Aqui no Brasil, existem muitas espécies silvestres, com formas Complementar
e hábitos curiosos.”
Por que divulgar ciência?
8. Qual foi a palavra que possibilitou a resposta à questão Um pesquisador tem de explo-
anterior e como ela se classifica?
rar um modo de divulgar o seu
Aqui; advérbio de lugar.
trabalho de maneira clara e pre-
9. Como nas reportagens, nos artigos de divulgação científica
é muito comum o autor fundamentar as informações apre-
cisa. É igualmente bem-vindo
sentadas. Nesse caso, que recurso a autora utilizou explicita- que ele compartilhe o seu conhe-
cimento em ciência básica com
mente para dar credibilidade a algumas das informações apre-
sentadas nesse artigo?
Aprenda
Ela utilizou o depoimento de Roberto Eizemberg, do Instituto de mais! jovens em idade escolar, assim
Bioquímica Médica da UFRJ. Os artigos de divulgação como um atleta divide o seu tem-
científica precisam ser

10. No quinto parágrafo, observe o trecho:


produzidos em linguagem po ensinando sua prática em ini-
ciativas voluntárias.
clara e acessível, mas
muitas vezes são mantidos
Antigas habitantes da Terra, antes mesmo de os dinos- termos e conceitos próprios

sauros existirem, elas já eram encontradas por aqui.


da área do conhecimento
de que trata o tema do
Em seus estudos sobre a vida,
texto. Para dar credibilidade
e fundamentar as
Leonardo da Vinci desenvolveu
A que se refere o advérbio aqui?
a) Ao Brasil.
informações apresentadas,
os autores normalmente uma descrição detalhada da
b) Às florestas.
anatomia humana; porém, suas
recorrem a obras ou
especialistas da área,
c) À Terra.
anotações eram obscuras e ele
reproduzindo suas falas ou
d) Aos grandes centros urbanos. trechos de seus trabalhos.
e) Às galerias de esgoto.
sabia que desenhos seriam mais
11. Leia: bem compreendidos — até por
De fato, segundo os especialistas, é bem provável que as ele próprio. Assim, ele fez uma
baratas não morressem em um evento como esse […].
descrição minuciosa através de
A que se refere o pronome demonstrativo utilizado nesse trecho? ilustrações que até hoje ainda
Ao lançamento de uma bomba nuclear. são vistas em livros de anatomia.
187 Flora Inês Mattos Costa
Fonte: http://www.zenite.nu/
Acessado em 02/04/2012.
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BNCC – Habilidades específicas


Anotações
EF67LP36 EF07LP12
EF07LP09 EF07LP13

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Ca 188

Análise linguística
Repensando o
Ensino da Gramática Sujeito e predicado
Leia a tirinha:
LUÍZA E PREÁ/Eudson e Lécio

Saber como os itens lexicais de


uma língua se originam dentro de
uma sentença é a parte central
da competência linguística dos
seres humanos. Os falantes de
qualquer língua natural têm um
conhecimento inato sobre como Você já observou que, na língua portuguesa, os enunciados
são sempre estruturados? Quer dizer: as palavras seguem uma
os itens lexicais de sua língua se estrutura, não podendo ser ditas em qualquer ordem. Observe:
estruturam para formar expres-
sabe o Luíza sujeito você ? que, é
sões mais e mais complexas, até
chegar ao nível da sentença. Dizemos que esse amontoado de palavras não é um enun-
ciado, pois não apresenta gramaticalidade, isto é, a estrutura-

Nesse sentido, temos uma ca-


ção correta que a língua nos impõe naturalmente para que pos-
samos nos compreender. Assim, temos um enunciado quando
pacidade intuitiva de organizar a gramaticalidade é respeitada:

as palavras da nossa língua de Luíza, você sabe o que é sujeito?


acordo com algumas proprieda-
A estrutura de funcionamento da nossa língua segue uma
des gramaticais que elas com- porção de regras que respeitamos mesmo sem perceber. Por
exemplo: se você tivesse de organizar as palavras pulou, o,
partilham. São essas proprieda- menino, muro, o, para formar um enunciado, certamente você
des e esse conhecimento inato as ordenaria assim:

que nos possibilitam perceber O menino pulou o muro.


as diferenças entre elas. Desde
criança, aprendemos que uma
palavra como cadeira é diferente 188

de quebrar. Uma criança logo diz


quebrou, mas nunca usa cadei- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 188 29/03/18 07:08

rou. Sem que lhe seja ensinado


intencionalmente, ela sabe que não se organizam por acaso qualquer esforço as organizamos
quebrar faz parte de um grupo para formar frases. Mesmo sem para formar uma sentença: o
particular de palavras como jo- passar por um processo formal menino chutou a bola. Portanto,
gar, pular, sorrir; enquanto ca- de ensino, sabemos que uma se- percebemos que essa organiza-
deira se assemelha a outro gru- quência como chutou bola o me- ção não é somente linear, mas
po, como mesa, cama, lápis. nino a não é uma sentença em hierárquica.
Ainda desde muito pequenos, português. Sabemos que é pre-
aprendemos que as palavras ciso combinar as palavras, e sem

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

189
Capítulo
5
Observe que, por estar estruturado em torno de um verbo
(pulou), esse enunciado é uma oração. O verbo, portanto, é o
termo básico de uma oração. Como tem uma estrutura comple-
ta e termina em um ponto-final, essa oração também poderia
ser chamada de período. Mas isso é uma conversa que tere- Aprenda
mos mais para frente… mais!
A oração básica em português poderia ser esquematizada
Cuidado: nem sempre
assim:
o esquema da oração
básica se completa. Às
VERBO vezes, não existe o lugar
A; noutras, é o lugar B que
não existe; noutras ainda,
Lugar A Lugar B só existe o verbo.

Para tornar as coisas mais claras, podemos preencher o es-


quema:

O menino pulou o muro

Lugar A Lugar B

É necessário ressaltar que, seguindo a mecânica da língua,


em um contexto denotativo o lugar B jamais poderia ocupar o
lugar A e vice-versa.
Assim, chegamos à definição do que é, de fato, o sujeito e
o predicado:
Agora, acompanhe. O que aconteceria com o verbo e com o
lugar B se colocássemos Os meninos no lugar A? Isso mesmo:
o verbo iria para o plural (pularam), e o lugar B permaneceria
o mesmo. Essa relação de acompanhamento entre o verbo e o
termo que ocupa o lugar A é o que chamamos de concordân-
cia verbal. Assim, o sujeito também pode ser entendido como Dicionário
o termo com o qual o verbo concorda.
Sujeito – Termo que
Para identificarmos o sujeito, portanto, não é necessário co-
preenche o lugar A na
nhecer de fato o seu referente. Na identificação do sujeito, não estrutura da oração.
consideramos o sentido, mas a relação sintática que existe en- Predicado – O que sobra
tre ele e o verbo. Por isso, não fazem sentido definições como do período depois que
identificamos o sujeito.
o ser que pratica a ação ou o termo sobre o qual se declara
algo.

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Ca 190
Agora, observe os termos que podem ocupar a função de
Compartilhe sujeito:
ideias
Repensando o • Substantivo ou expressão substantiva
Ensino da Gramática O time está completo.

• Pronomes
Vícios de classificação po- Eles merecem uma oportunidade na empresa.
dem ofuscar um dos grandes
• Numerais
papéis da análise de frases Dos quinze convidados, apenas dois chegaram no horário.
e orações: entender como
• Oração
a combinação de palavras
Os moradores que pagaram a taxa já estão liberados.
cria efeitos de sentido. Muita
gente se limita a identificar as
funções das palavras – se te-
Prática linguística
mos diante de nós um sujeito,
complemento nominal, objeto Astrologia: escrito nas estrelas
direto, etc. Mas a análise sin- Houve um tempo em que todo bom cientista sabia fazer um
mapa astral. Esta é uma exposição de como a astrologia foi
tática tem de descrever os decisiva para a origem da ciência moderna

mecanismos e as possibilida- De uma coisa, pouca gente duvida: conhecimentos básicos


des de combinação entre pa- sobre o movimento dos astros no céu são patrimônio da huma-

lavras com o objetivo de pro-


nidade desde que o mundo é mundo. Monumentos pré-histó-
ricos que dão testemunho desse conhecimento aparecem no
duzir sentido. O importante é Planeta todo, e não havia tecnologia avançada — aliás, tecno-
logia nenhuma — para entender o traçado do Sol, da Lua, dos
a funcionalidade dos elemen- planetas e das estrelas. Entre as evidências mais antigas desse

tos sintáticos no processo de saber, estaria uma estatueta de marfim de mamute, com mais
de 30 mil anos de idade, encontrada na Alemanha. Segundo um
comunicação: como formas especialista em arqueoastronomia (os conhecimentos astronô-
micos dos povos antigos), essa estatueta, com forma humana
de articular as palavras ge- estilizada e cabeça de leão, seria uma das representações da
ram variações de significado. constelação de Órion. De qualquer forma, as constelações são
reconhecidas como tais há vários milhares de anos.
Exercitar a análise sintática
pode ajudar as pessoas a 190

concentrarem-se nas frases


em que, por descuido ou de
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forma deliberada, a combi-


nação das palavras leva ao BNCC – Habilidades gerais
Anotações
duplo sentido, como na frase EF69LP29 EF69LP34
Preso vigia acusado de matar EF69LP31 EF69LP42
empresário. Quem está pre-
so? O arranjo entre preso e
o substantivo vigia (quem faz BNCC – Habilidades específicas
vigilância) é matreiro, muda o EF07LP06
sentido do que se diz. EF07LP07

190
190

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

191
Capítulo
5
Quase tão antiga quanto esse conhecimento é a percepção
de que o Sol traça um caminho (que hoje sabemos ser apenas Diálogo com
aparente, pois quem se move é a Terra) pelo céu ao longo do
ano, e que esse trajeto determina as estações, e que algumas o professor
estrelas, chamadas hoje de planetas, movimentam-se também

Outro dado interessante é que,


pela abóbada celeste, enquanto outras permanecem aparente-
mente paradas ali o tempo todo. Monumentos com idade entre
5 mil e 10 mil anos deixam claro que já se sabia calcular mo-
mentos como o solstício de inverno, data usada hoje para mar-
inconscientemente, sabemos que
car o início dessa estação e que define o momento em que um uma sentença se constitui de dois
dos hemisférios da Terra recebe menos luz solar durante o ano.
Ao juntar o conhecimento sobre as constelações com o ca- tipos de itens lexicais: de um lado,
minho que os planetas descrevem no céu, os povos antigos estão aqueles que fazem um tipo
particular de exigência; e, do ou-
passaram a contar com um verdadeiro relógio cósmico, que os
ajudava a prever mudanças relevantes no clima e na natureza.
Isso se tornou ainda mais importante com o avanço da agricul-
tura, porque o único jeito de plantar e colher no tempo certo
tro, os que podem satisfazê-las.
era seguindo os sinais do céu. Não há certeza sobre tais fatos, Por exemplo: em uma sentença
como Josuel escreveu um livro,
pois a história ainda não era registrada sob forma escrita, mas
é bastante provável que a mente desses povos tenha saltado
da conexão entre os acontecimentos celestes e os ciclos da sabemos que a palavra escrever
é do tipo que faz exigências. Es-
natureza para uma relação direta entre os astros e a história de
cada ser humano.
Coincidência ou não, parece ter sido na Mesopotâmia, o mais
antigo berço da agricultura, que a ideia do que hoje chamamos
crever precisa ser acompanhado
de astrologia tomou corpo. Cerca de mil anos antes de Cristo, de duas outras expressões lin-
os assírios e os babilônios já sabiam prever com precisão eclip-
ses do Sol e da Lua. E iam além disso. Nas tabuletas de argila
guísticas: uma que corresponda
usadas como livros por esses povos do atual Iraque, arqueólo- ao que foi escrito e outra a quem
escreveu. Na sentença em ques-
gos encontraram predições que associavam as mudanças no
céu a calamidades na Terra, e é dessa região o mais antigo
mapa astral, traçado para o nascimento de uma criança que
veio ao mundo, no ano de 410 a.C., na atual Bagdá.
tão, Josuel e um livro são termos
Reinaldo José Lopes que satisfazem essas exigências.
Revista Superinteressante, setembro de 2006, pp. 68–69. Editora Abril (adaptado).
Ora, esses termos são necessá-
rios porque, fora de um contexto,
se alguém nos diz escreveu um
livro, nossa primeira reação será
a de perguntar: Quem escreveu
191 um livro?

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Anotações

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Ca 192
1. O texto Astrologia: escrito nas estrelas é um exemplo de
artigo de divulgação científica. Aponte três características que
permitem essa classificação.
Sugestões: É predominantemente expositivo, tem a intenção
Diálogo com
comunicativa de informar, apresenta linguagem acessível.
o professor
2. Qual é o sentido da expressão desde que o mundo é mun-
É importante notar que, segundo do, utilizada no primeiro parágrafo do texto?
Perini (2010: 109), “as condições A expressão significa desde sempre.

que governam a posição do su-


jeito frente ao verbo não são to- 3. Ainda no primeiro parágrafo, observe o termo grifado:

talmente conhecidas”. No entan-


Segundo um especialista em arqueoastronomia (os co-
to, é possível prescrever algumas nhecimentos astronômicos dos povos antigos), essa es-

regras: tatueta, com forma humana estilizada e cabeça de leão,


seria uma das representações da constelação de Órion.

•• A ordem verbo-sujeito só Qual é a função desse comentário?


ocorre na ausência de objeto Explicar o que é a arqueoastronomia.

– Chegaram os meninos? Em 4. Leia:

alguns casos, no entanto, essa […] enquanto outras permanecem aparentemente para-
das ali o tempo todo […] (segundo parágrafo).
ordem é evitada. Isso ocorre
Considerando-se o contexto, a palavra grifada substitui qual ex-
quando o verbo pode ter ob- pressão?
jeto: *Come demais o meu ca- Na abóbada celeste.

chorro. É importante notar que, 5. (FCC) “Isso se tornou ainda mais importante com o avan-
em apenas um caso, a ordem ço da agricultura […]” (terceiro parágrafo). O pronome grifado
refere-se corretamente no texto à possibilidade de:
verbo-sujeito ocorre na pre- a) Juntar o conhecimento sobre as constelações.
sença de um objeto: em frases b) Ter certeza sobre os fenômenos cósmicos.
c) Prever mudanças relevantes no clima e na natureza.
imperativas em que o sujeito é d) Plantar e colher no tempo certo.
fortemente enfatizado: Chame e) Seguir os sinais do céu.

você o táxi. 192

•• A ordem verbo-sujeito é
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comum com verbos intran-
sitivos.
Nesse caso, a inversão é feita b) Quando um sintagma ad- d) Em construções com o ver-
nas seguintes situações: verbial inicia o período: Aqui bo ser: Quem chamou o táxi?
a) Quando há intenção de des- estão os documentos; Naque- Foi ela?; É ela quem vai apre-
tacar o sujeito ou quando ele é le mês nasceu meu filho. sentar o trabalho.
muito longo: Nasceu a primei- c) Em sequências de verbo
ra ninhada da minha cadela; causativo + infinitivo: Fred fez
Existem algumas dúvidas a entrar o grupo todo (sujeito do
serem respondidas. infinitivo).

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

193
Capítulo
5
6. Considerando as informações apresentadas nesse artigo
de divulgação científica, assinale V, para as afirmações verda- Compartilhe
ideias
deiras, ou F, para as afirmações falsas.

a) ( F ) O conhecimento dos povos primitivos sobre o movimen-


to dos astros no céu só começou há pouco mais de 30 mil
anos, na Alemanha.
b) ( F ) Os povos pré-históricos utilizavam seus conhecimentos
tecnológicos para entender o traçado do Sol, da Lua, dos
planetas e das estrelas.
c) ( V ) Denomina-se arqueoastronomia os conhecimentos as-
tronômicos dos povos antigos.
d) ( F ) A estátua de um mamute com mais de 30 mil anos é a
maior prova de que os povos antigos conheciam a cons-
telação de Órion.
e) ( V ) O solstício de inverno corresponde a uma época do ano
em que um dos hemisférios é menos ensolarado.
f) ( V ) A astrologia realmente tomou corpo na Mesopotâmia.
g) ( V ) A Mesopotâmia inclui parte do atual Iraque.
h) ( V ) Muitos anos antes do nascimento de Jesus, povos da
Mesopotâmia já compreendiam o fenômeno dos eclipses.
7. Releia a frase:

De uma coisa, pouca gente duvida: conhecimentos


básicos sobre o movimento dos astros no céu são pa-
trimônio da humanidade desde que o mundo é mundo
(primeiro parágrafo).

a) Como se classifica o termo pouca?


Pronome indefinido.

b) Reescreva esse trecho substituindo o termo pouca gente


por poucas pessoas.
De uma coisa, poucas pessoas duvidam: conhecimentos bá-
sicos sobre o movimento dos astros no céu são patrimônio da
humanidade desde que o mundo é mundo.

c) Qual é o sujeito do verbo ser destacado?


Conhecimentos básicos sobre o movimento dos astros no céu.

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8. (FCC) De acordo com o texto:

a) As noções que o homem mostrava ter na Pré-História apon-


Sugestão de tam para a existência de instrumentos, mesmo primitivos,
que lhe permitiam observar o céu.
Abordagem b) A coincidência entre astrologia e agricultura ocorreu por
mero acaso, pois era impossível ao homem primitivo saber
que alimentos deveria plantar e quando colher.
Segue o texto original utilizado c) O homem primitivo percebia a ocorrência de fenômenos ce-

na seção Antes de começar a lestes, mas era-lhe impraticável observá-los e determinar


suas ações a partir deles.
escrever: d) A percepção que o homem primitivo tinha a respeito da abó-
bada celeste, sem quaisquer meios científicos, deu origem
O que molha mais, correr ou an- a equívocos que ainda hoje se mantêm.
e) Os conhecimentos sobre a mecânica celeste se organiza-
dar debaixo da chuva? ram desde a Antiguidade, embora o homem não contasse
com recursos avançados para a observação da natureza.
Depende. Muitos fatores interfe- 9. (FCC) “[...] com o caminho que os planetas descrevem no

rem nesse resultado como, por céu [...]” (terceiro parágrafo). O verbo flexionado no mesmo
tempo e modo que o do grifado acima está também grifado na
exemplo, a distância percorrida, o frase:
tempo embaixo d’água, a intensi- a) “[...] a percepção de que o Sol traça um caminho [...]”
dade da chuva e a área do corpo. b)
c)
“[...] os povos antigos passaram a contar [...]”
“[...] que os ajudava a prever [...]”
“Os elementos que determinam a d) “[...] era seguir os sinais do céu.”
e)
quantidade de água que uma pes-
“[...] que associavam as mudanças no céu [...]”

soa vai receber são a velocidade 10. (FCC) Conclui-se corretamente do texto que:
a) A curiosidade do homem antigo sobre o movimento dos as-
resultante da chuva e a superfície tros permitiu-lhe conhecer e até mesmo prever aspectos da
de contato. Mas o que importa é o natureza importantes para sua vida.
b) A ausência de técnicas de observação levou os homens a
ângulo que gotas fazem ao atingir imaginarem coisas absurdas e inteiramente equivocadas,

o corpo. Quanto maior o ângulo de em todos os tempos, sobre o movimento dos astros no céu.
c) A inexistência de documentos escritos por povos primitivos
inclinação na vertical, mais chuva dificulta os estudos sobre a astrologia, pois não há dados
confiáveis que levem à origem desse conhecimento.
o cara vai tomar. E isso aumenta à d) As dúvidas existentes ainda hoje a respeito dos conheci-
medida que a velocidade da pes- mentos sobre a abóbada celeste se justificam pela dificul-
dade de interpretação do significado de monumentos pré-
soa fica maior”, explica Cláudio -históricos.

Furukawa, do Instituto de Física da 194


USP. Então, se você não é bom de
conta, melhor mesmo é sempre LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 194 29/03/18 07:08

andar com um guarda-chuva, só


por precaução.
um artigo científico, com suas pró- base no nível de envolvimento
Outra proposta de produção: jun- prias palavras. do aluno. A princípio, não atribua
to aos professores de Ciências, notas: devolva os trabalhos que
Esses artigos, depois de avalia-
História, Geografia, etc., os alunos precisam ser revisados pelo au-
dos, podem ser publicados e dis-
deverão escolher uma curiosidade tor, com as devidas orientações.
tribuídos aos pais, aos funcionários
científica, dentre as sugeridas no Se possível, converse pessoal-
e à comunidade. Seu papel, claro,
livro e fora dele, algo que revele mente com cada um, ou com
será o de dar suporte linguístico.
uma verdade importante, mas que cada equipe.
poucos conhecem, e escreverão A avaliação pode ser feita com

194
194

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

195
Capítulo
5
11. Leia o trecho a seguir, transcrito do último parágrafo do texto:
Compartilhe
“[…] Cerca de mil anos antes de Cristo, os assírios e os ideias
babilônios já sabiam prever com precisão eclipses do
Sol e da Lua. E iam além disso. Nas tabuletas de argila
usadas como livros por esses povos do atual Iraque, ar-
queólogos encontraram predições que associavam as
mudanças no céu a calamidades na Terra […]”

a) Como se deveria flexionar o verbo saber caso trocássemos


o termo os assírios e os babilônios por povos da Mesopo-
tâmia?
A flexão do verbo não se alteraria.

b) Identifique o sujeito do verbo encontrar.


Arqueólogos.

É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Como vimos, os artigos de divulgação científica são textos
expositivos. Portanto, devem trazer as informações de maneira
clara e objetiva.
O texto abaixo foi alterado propositalmente e apresenta, ago-
ra, quatro problemas de clareza. Nesta atividade, reescreva-o
procurando torná-lo mais claro e objetivo, tendo em vista que se
trata de um artigo de divulgação científica. Depois, confronte a
sua versão com a versão do texto original, que o professor lerá
em sala.

O que molha mais, correr ou andar


debaixo da chuva?
Depende. Alguns fatores interferem nesse resultado: a distân-
cia percorrida, o tempo embaixo da água, a intensidade da chuva
e a área do corpo. “Os elementos que determinam a quantidade

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de água que a pessoa vai receber são a velocidade resultante da
chuva e a superfície de contato. Mas o que importa é o ângulo
que as gotas fazem ao atingir o corpo. Quanto maior o ângulo
Diálogo com de inclinação na vertical, mais chuva o cara vai tomar. E isso au-
menta à medida que a velocidade da pessoa fica maior”, explica
o professor Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da USP. Então, se você
não é bom de conta, melhor mesmo é sempre andar com um

Nesta proposta, comece


guarda-chuva, só por precaução.
Fernanda Salla

pela ideia de como iniciar http://mundoestranho.abril.com.br/cotidiano/molha-mais-correr-ou-


andar-debaix-chuva-614347.shtml. Acessado em 13/01/2011.

um texto expositivo. Dialo-


Proposta
gue com os alunos acerca
Agora, você vai produzir um artigo de divulgação científica
de expressões que geral- para, no final, compor com os seus colegas uma revista para
mente anunciam o início de ser lida por seus familiares.
Dentre os temas da lista abaixo, escolha o que lhe parecer
uma exposição e fale da mais interessante para produzir seu artigo. Caso nenhum deles
importância de se pesqui- chame sua atenção, você poderá escolher outro.

sar sobre o tema para le-


rstock

vantar informações relevan-

Shutterstock
Andrey Pavlov | Shutte

tes para a compreensão do

Michael Pettigrew |
fato científico abordado.
2. Aedes aegypti: Um
bichinho perigoso!

BNCC – Habilidades gerais 1. Tamanho não


é documento.

ock
onandia | Shutterst
EF69LP29 EF69LP36
ck
mipstudio | Shuttersto

EF69LP31 EF69LP42

Jarno Gonzalez Zarra


EF69LP35

BNCC – Habilidades específicas


3. Este lanche é uma
bomba!
EF67LP20 EF67LP33 4. Sequoia: Tam
anho é documen
to, sim!

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EF67LP21 EF07LP10
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Anotações

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Manual do Educador

Artigo de divulgação científica

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Capítulo
5
Gwoeii | Shutterstock

tterstock
Sofia Santos | Shu
5. A riqueza que vem do lixo.

quina perfeita!
Planejamento 6. Com vocês, a má

1. Todo artigo de divulgação científica requer conhecimento do


autor a respeito do tema sobre o qual escreverá. Por isso,
uma vez selecionado o assunto, faça uma boa pesquisa.
2. Nos artigos de divulgação científica, o objetivo é expor in-
formações ainda desconhecidas (ou nunca compreendi-
das) para o leitor. Por essa razão, a linguagem deve ser
sempre muito clara e direta. A estruturação do texto em
introdução, desenvolvimento e conclusão, quando bem de-
finidos, ajuda bastante nesse propósito.
3. Para fundamentar as informações apresentadas, dando-
-lhes credibilidade, é interessante utilizar livros, revistas,
etc. ou entrevistas com especialistas na área em que seu
artigo se insere. Essas citações, no entanto, seguem al-
guns padrões. Observe:
• Citação de livro – Deve-se apontar o título e o nome do autor.
• Citação de entrevista – Deve-se citar o nome do entrevista-
do e sua profissão/seu cargo. A fala dele deve ser destaca-
da do restante do texto por meio das aspas.
4. Produza um título sugestivo para seu artigo.
5. Lembre-se de que seu texto deverá ser predominantemen-
te informativo.

Avaliação
Para avaliar seu texto, sente-se ao lado de um colega. Cada
1.
um lerá o texto do outro procurando fazer sugestões que o tor-
nem mais claro e organizado. Assim que receber as sugestões
feitas pelo seu colega, avalie-as e, se necessário, reescreva
seu texto.

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Ca 198
mOmeNTO
DO
Texto expositivo em livro didático

u N
g Vários “Brasis” dentro do Brasil
Se
Sugestão de
Abordagem Antes de
começar a ler

Anton Balazh | Shutterstock


Antes de começar a ler O texto que você vai

o texto, seria interessan-


ler agora faz parte
do livro Geografia
contextualizada – 7o
te convidar o professor de ano. Ele foi escrito pelo
professor Francisco

Geografia da escola para Linhares, que, além


de ser um estudioso

auxiliá-lo nesta aula. Vocês da Geografia, possui


grande experiência em

podem interpretar o tex- sala de aula. Esses


atributos o ajudaram

to juntos, além de discutir A imensa extensão territorial do Brasil permite a existên-


muito a atingir uma das
maiores qualidades do
cia de uma grande diversidade natural (paisagens) e social
questões de meio ambien-
texto expositivo — a
clareza na exposição entre suas regiões.
das informações —,
te. O professor convidado principalmente quando
No aspecto físico-natural, encontramos aqui diversos tipos
de clima, relevo, solo e vegetação. Essa diversidade pode
poderá explicar alguns ter-
ele é produzido para
compor um livro ser observada, por exemplo, quando falta chuva no Nordes-
didático.
te, e chove todos os dias na Região Norte; quando o frio gera
mos que aparecem no tex- neve no Sul, nos meses de inverno, e o calor no Nordeste e
to e fazem parte do domínio no Norte é sempre intenso; ou mesmo quanto à vegetação,
yoshi0511 | Shutterstock

que, no Norte, é exuberante, enquanto a de boa parte do


semântico da Geografia. Nordeste parece morta, ainda que, para surpresa de muitos,
Este encontro certamente seja muito rica; enfim, são inúmeros os casos desse tipo de
diversidade.
tornará a aula dinâmica. Somadas a essas diferenças naturais, as desigualdades
sociais — resultantes de nossa formação ao longo da his-
Durante a leitura, não se tória — caracterizam nosso país e nos permitem dizer que,
esqueça de explorar o gê- dentro do Brasil, podemos encontrar vários “Brasis”. Isso
pode ser constatado, por exemplo, através de dados da Pes-
nero textual artigo expositi- quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
vo, sua estrutura e função A cobertura da rede de iluminação
elétrica continuou avançando no
Realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia
País ao longo do ano de 2008. Esse e Estatística (IBGE) em uma amostra de domicílios brasileiros,
social, enfatizando a im- serviço público se mostrou o de maior
abrangência nacional, pois 98,6% das a Pnad investiga diversas características socioeconômicas da

portância do gênero como


residências brasileiras têm luz elétrica.
sociedade (população, educação, trabalho, rendimento, ha-

ferramenta de ampliação 198


de seu conhecimento de
mundo. LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 198 29/03/18 07:08

BNCC – Habilidades gerais Anotações


EF69LP05 EF69LP32
EF69LP29 EF69LP33
EF69LP30 EF69LP34
EF69LP31 EF69LP42

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

199
Capítulo
5
bitação, previdência social, migração, fe- cípios superior à natural, isto é, 54,2% das
cundidade, nupcialidade, saúde, nutrição, pessoas dessa região não haviam nasci-
etc.) para suprir as necessidades de infor- do no município de moradia. Nas demais
mação sobre o perfil do Brasil, consideran- regiões, os percentuais foram de 43,3%
do diversos aspectos. A pesquisa é feita no Norte, 31,8% no Nordeste, 41,3% no
em todas as regiões do País, incluindo as Sudeste e 44% no Sul. Quanto à taxa de
áreas rurais de Rondônia, do Acre, do Ama- analfabetismo, na faixa etária de 10 a 14
zonas, de Roraima, do Pará e do Amapá. anos, as regiões Sudeste, Sul e Centro-
Com base nos dados da Pnad 2008, po- -Oeste apresentavam um indicador infe-
demos citar alguns exemplos de desigual- rior a 1,5%; enquanto no Norte e Nordeste
dade entre as regiões do Brasil. Quanto ficava em 3,5% e 5,3%, respectivamente.
à estrutura etária, a Região Norte apre- Enfim, esses são apenas alguns dos inú-
sentou maior concentração de jovens, ao meros dados que mostram as diferenças
contrário das regiões Sul e Sudeste, onde regionais de nosso país.
se concentraram os mais velhos. Quanto à Apesar disso, temos de reconhecer
população, enquanto nas regiões Norte e que, pela primeira vez na história do Bra-
Nordeste as pessoas se declaravam pre- sil, começamos por reverter uma situação
dominantemente pardas e pretas, na Re- de desigualdades em vários campos, pro-
gião Sul, 78,7% das pessoas se classifica- longada por séculos, desde nossa forma-
ram como brancas; e a população parda ção colonial até o século XX, sem perder-
cresceu em todas as regiões, menos na mos, contudo, a consciência de que ainda
Centro-Oeste, que, além disso, apresen- temos um longo caminho a percorrer.
tou uma população não natural dos muni- LINHARES, Francisco. Geografia contextualizada – 7º ano.
Recife: Construir, 2010. pp. 171–172.
Member | Shutterstock

Dicionário

Exuberante – Que há em
abundância; viçoso.
Nupcialidade – Número de
casamentos realizados em
determinado período.
Etária – Relativa à idade.
A infraestrutura das cidades brasileiras ainda sofre bastante com o problema
de esgotos, mas apresentou uma ligeira melhora. Segundo dados da Pnad, em
2008 o Brasil tinha 30,2 milhões de domicílios ligados à rede de esgoto, uma
participação 1,4% maior que em 2007.

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Desvendando os segredos do texto

1. O texto expositivo produzido para os livros didáticos deve


Leitura ser organizado em torno de um tema principal, ao qual se ligam
Complementar temas secundários. A articulação entre esses temas deve ser
feita de maneira clara e didática a fim de se alcançar o objetivo Aprenda
principal do texto.
mais!
Embora, naturalmente, sempre a) Qual é o tema principal do texto? Chamamos de livros
didáticos as obras
aprendamos com a leitura que A grande diversidade natural e social existente no Brasil. adotadas nas escolas

realizamos para conseguir ou-


pelos professores
b) Indique alguns temas secundários abordados pelo autor. cujo conteúdo trata do
programa da disciplina

tros propósitos, vamos tratar do Sugestão de resposta: diversidade climática e de vegetação, por eles lecionadas. O
livro didático é conhecido,

objetivo de “ler para aprender” desigualdade social entre as regiões, migração entre regiões, também, como livro-texto,
ou livro de texto.

quando a finalidade consiste analfabetismo, etc.


c) Qual é o objetivo principal do texto expositivo em livro didático?
de forma explícita em ampliar
Expor e explicar didaticamente um tema ao aluno.
os conhecimentos de que dis-
pomos a partir da leitura de um 2. O que sugere a palavra Brasis no título do texto?

texto determinado. Este texto Que o Brasil é um país muito diversificado.

pode ter sido indicado por ou- 3. O que, segundo o texto, permite a existência de vários “Brasis”?

tros, como geralmente acontece A imensa extensão territorial.

na escola e na universidade, ou 4. Qual é a função comunicativa desse texto?

também pode ser fruto de uma Divulgar informações sobre o nosso país.

decisão pessoal, isto é, lemos 5. Para tornar seu texto mais acessível aos alunos, muitos autores de livros didáticos

para aprender um texto selecio- utilizam uma linguagem bastante simples e direta, por vezes próxima de uma conversa,
exatamente como ocorre nos artigos de divulgação científica. Isso fica bastante claro com
nado depois de ler para obter o uso da primeira pessoa, geralmente empregada no plural. Observe:
uma informação geral sobre vá-
No aspecto físico-natural, encontramos aqui diversos tipos de clima, relevo, solo
rios textos. e vegetação (segundo parágrafo).

De qualquer forma, quando por a) Em que modo, tempo e pessoa está empregado o verbo desse período?

decisão pessoal ou para acatar Modo indicativo, presente, primeira pessoa do plural (nós).

decisões de outros, o aluno lê 200

para aprender, sua leitura possui


características diferentes das for- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 200 29/03/18 07:08

mas de ler dominadas por outros


objetivos. Isto é, quando se estu- bre o que lê, a estabelecer rela-
da, pode-se realizar uma leitura ções com o que já sabe, a rever
geral do texto para situá-lo em os novos termos, a efetuar reca-
seu conjunto, e depois as ideias pitulações e sínteses frequentes,
que ele contém são aprofunda- a sublinhar, a anotar…
das. No caso da leitura, o leitor
SOLÉ, Isabel (1998). Estratégias de leitura.
sente-se imerso em um processo Porto Alegre: Artmed.
que o leva a se autointerrogar so-

200
200

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

201
Capítulo
5
b) Quando o autor se inclui no texto, por meio do uso da primeira pessoa, dizemos que o
texto é pessoal. Ao contrário, se ele não se inclui, o texto é impessoal. Transcreva o trecho BNCC – Habilidades gerais
citado tornando-o impessoal.
Sugestão: No aspecto físico-natural, encontram-se aqui diversos tipos de clima, relevo, solo EF69LP29 EF69LP32
e vegetação. EF69LP30 EF69LP43
c) Que outra palavra nesse período, além do verbo, é usada de forma pessoal? EF69LP31
O advérbio aqui.

5. Releia o trecho abaixo:

[…] ou mesmo quanto à vegetação, que, no Norte, é exuberante, enquanto a de


boa parte do Nordeste parece morta, ainda que, para surpresa de muitos, seja
Anotações
muito rica […] (segundo parágrafo).

a) Como se classifica a palavra muito nesses dois casos?


Pronome indefinido e advérbio, respectivamente.

b) Como se classifica o termo boa parte?


Pronome indefinido.

6. Como no artigo de divulgação científica e na reportagem, é muito comum também, no


artigo expositivo em livro didático, a utilização de fontes para fundamentar as informações.
Nesse artigo, que fonte o autor utilizou explicitamente?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

7. Com que finalidade é feita a Pnad?


Suprir as necessidades de informação sobre o perfil dos brasileiros.

8. No artigo expositivo em livro didático, é fundamental o leitor acompanhar a articulação


do raciocínio do autor. Várias palavras ou expressões podem auxiliar nessa articulação
(tanto na produção quanto na compreensão do texto). São os chamados elementos arti-
culadores, que contribuem enormemente para a coesão textual e para a expressão das
ideias. Para perceber isso na prática, releia o penúltimo parágrafo do texto e responda qual
é a relação desempenhada pelos seguintes articuladores:
a) Ao contrário – Oposição entre ideias.
b) Além disso – Adição de ideias .
c) Isto é – Explicação de uma ideia.
d) Enfim – Conclusão das ideias apresentadas.
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Ca 202
Análise linguística
Sugestão de
Abordagem Sujeito simples, composto
e desinencial
Leia o texto abaixo:
Para as questões da seção
Os fungos invadem as fábricas
Análise linguística, propo- Eles mofam pães, estragam sapatos e tingem paredes de
mos estas respostas: manchas verdes. Ao mesmo tempo fonte de remédios e provo-

1. Artigo de divulgação
cadores de doenças, também são mundialmente consumidos
na forma de pratos nobres, como as raríssimas e caras trufas e
científica. o champignon. Pioneiros entre as formas de vida na Terra, são
tão diversos entre si e diferentes de todos os outros seres do
2. A importância dos fun- Planeta que, depois de muita controvérsia sobre sua classifica-
ção, acabaram considerados um reino à parte na natureza. Os
gos no controle de quali- fungos começam a ser cobiçados para ajudar empresas bra-

dade de produtos indus- sileiras no controle de qualidade de produtos industrializados.


De inconvenientes, os bolores e mofos tornaram-se mais um
trializados. instrumento dos cientistas nas pesquisas com medicamentos,
desinfetantes e inseticidas.
3. Eles. Marcelo Affini e Ivonete D. Lucírio
http://super.abril.com.br/superarquivo/1992/conteudo_112965.shtml (adaptado).

4. Para concordar com o


Acessado em 13/01/2011.

seu sujeito: os bolores e


mofos.
5. Eles.

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP55
Africa Studio | Shutterstock

EF69LP56

BNCC – Habilidades específicas


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EF07LP06
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Anotações

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

203
Capítulo
5
1. Em que gênero textual poderíamos enquadrar esse texto?
2. Qual é o tema desse texto? Dicionário
3. Qual é o sujeito do verbo mofar no primeiro período do texto?
4. Por que o verbo tornar-se está flexionado no plural (torna- O núcleo é a palavra mais Leitura
importante do sujeito e do
ram-se) no último período do texto? Complementar
predicado. Essa importân-
5. Indique o sujeito do verbo ser no segundo período do texto. cia se deve ao fato de o nú-
cleo concentrar o significa-
do básico desses termos.
No primeiro período desse texto, o pronome eles funciona sin-
taticamente como sujeito do verbo mofar. Como esse sujeito apre-
A elipse ou omissão de
senta apenas um núcleo, é classificado como sujeito simples: qualquer constituinte da
Eles mofam pães, estragam sapatos e tingem paredes [...] frase é um fato gramatical
relacionado ao princípio ge-
ral da economia linguística,
Sujeito simples – apresenta apenas um núcleo.
segundo o qual cada uni-
Já no último período, observe que o sujeito do verbo tornar- dade de informação requer
-se é formado de dois núcleos: bolores/mofos. Logo, temos
um sujeito composto: apenas uma unidade de
expressão, e a informação
Dicionário
previsível sequer necessita
Os bolores e mofos tornaram-se mais um instrumento dos
cientistas.

Sujeito composto – apresenta mais de um núcleo. Observe que o sujeito de algum material linguís-
desinencial existe; ele
apenas foi ocultado por tico que a expresse. No
Agora observe:
enunciado “Houve ano em
uma questão de economia
linguística. Como a
ocultação dos termos
“Ao mesmo tempo fonte de remédios e da oração é chamada
de elipse, o sujeito
que estranhei tanto roxo
provocadores de doenças, também são
mundialmente consumidos na forma de
desinencial pode ser
identificado também como e o pai logo me rebateu,
pratos nobres [...]” sujeito elíptico, ou oculto.
Observe: deixando-me perplexo”, a
Para identificar o sujeito do verbo ser nesse período, tivemos Eu preciso descansar. forma verbal estranhei in-
de buscá-lo no período anterior: o pronome eles. Como essa
identificação foi possível? Analisando-se a flexão do verbo, isto Sujeito simples dica, pela desinência, que
é, sua desinência. Por essa razão, esse verbo apresenta o que seu sujeito é eu, a pessoa
chamamos de sujeito desinencial.
que fala. Por outro lado, em
[ ] Vou pedir minhas férias!

Elipse do pronome eu –
sujeito oculto
“Cansado eu dormia logo,
embalado pela estranheza
203
de que, nos próximos dias e
noites, ficaria ao lado dele
ajudando-o nos balões”,
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dormia, que não é provido


Anotações de desinência de pessoa,
recebe o sujeito eu. Previsí-
vel, porém, como sujeito de
ficaria, o eu é suprimido.
AZEREDO, José Carlos de (2008).
Gramática Houaiss da língua
portuguesa. São Paulo: Publifolha/
Instituto Antônio Houaiss, pp. 224–225.

203

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Ca 204

Prática linguística

Texto 1

Leitura Matar para proteger

Complementar Caçar animais e derrubar árvores pode ajudar a preservar a


natureza? Na opinião de muita gente, sim. A exploração sus-
tentável — um nome pomposo que significa não retirar do am-
biente mais do que ele pode repor naturalmente — ganha cada
vez mais espaço como estratégia para acomodar os interesses
conflitantes de quem tira da natureza o sustento próprio e de
quem quer ver intocadas as paisagens. A caça controlada, di-
zem alguns pesquisadores, pode evitar a superpopulação de
espécies, além de gerar receita. Isso vem sendo feito com su-
cesso no Rio Grande do Sul, o único estado brasileiro em que
a caça é legal. Todos os anos, a Fundação Zoobotânica indica
quais as espécies disponíveis para caça, em que quantidades
e em que regiões. A novidade, agora, é que algumas espécies
símbolo da preservação, como a onça-pintada e o jacaré, estão
na mira do “uso sustentável”.
FRANCHI, Eglê (1998). A redação na Na Amazônia, o desafio é controlar a extração de madeira,
escola: e as crianças eram difíceis. São uma ameaça à floresta. Proibi-la preservaria a região, mas ti-
Paulo: Martins Fontes. raria o sustento de famílias que trabalham nas madeireiras. A
saída é o manejo sustentável, ou seja, um corte selecionado e
controlado.
Fernanda Campanelli Massarotto
http://super.abril.com.br/ecologia/matar-proteger-460891.shtml
Acessado em 13/01/2011.

GUILHERME, Maria Lucia (2007).


Sustentabilidade sob a ótica global e
local. São Paulo: Fapesp.
204

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Anotações

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

205
Capítulo
5
1. O que é exploração sustentável?
Compartilhe
É não retirar do ambiente mais do que ele pode repor natural- ideias
mente.

2.Transcreva do texto os termos que a autora utilizou para dar


credibilidade às suas informações.
Na opinião de muita gente; alguns pesquisadores; a Fundação
Zoobotânica.

3. Leia o trecho abaixo, retirado do primeiro parágrafo:

A caça controlada, dizem alguns pesquisadores,


pode evitar a superpopulação de espécies, além
de gerar receita.

a) Qual é o sujeito do verbo destacado?


A caça controlada.

b) Como se classifica esse sujeito?


Sujeito simples.
c) Reescreva esse trecho substituindo o termo sublinhado por
a caça sustentável e a conscientização.
A caça sustentável e a conscientização, dizem alguns pesqui-
sadores, podem evitar a superpopulação de espécies, além de
gerar receita.

4. Analisando a estrutura gramatical do último parágrafo, res-


ponda:
a) Qual é o sujeito da forma verbal preservaria?
Proibi-la.

b) Como se classifica o sujeito da forma verbal tiraria?


Sujeito desinencial.

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5. A resposta à primeira pergunta do texto é positiva somente
206 Compartilhe
ideias
se:
a) A caça e a derrubada de árvores forem feitas principalmente
por aqueles que sobrevivem da natureza.
b) Os caçadores obtiverem lucros imediatos com essa atividade.
c) Os responsáveis pelo meio ambiente tornarem a caça um
esporte legalmente permitido.
d) For impedida a entrada de pessoas de outras regiões do
País, para proteger a paisagem.
e) Não houver exploração sustentável da mata e caça controla-
da de certas espécies animais.

6. O texto informa que a permissão da caça no Rio Grande do


Sul tem como objetivo:
a) Valorizar um esporte pouco conhecido e pouco praticado no
Brasil.
b) Agradar os que se preocupam com a conservação das flo-
restas brasileiras.
c) Controlar o número de animais de uma determinada espécie
em algumas regiões.
d) Obter lucros com o pagamento de taxas e impostos por
aqueles que desejam caçar certos animais.
e) Auxiliar a natureza a repor as perdas, especialmente de ár-
vores nativas, em seu próprio ritmo.

7. É correto afirmar que, em relação à Amazônia:


a) Melhor será controlar o manejo da floresta do que impedir o
corte de árvores.
b) A extração de madeira está sob controle dos órgãos gover-
namentais.
c) Muitas madeireiras estão desistindo de oferecer mais em-
pregos na região.
d) Permitir a derrubada de árvores facilita o cultivo de alimentos
para a população nativa.
e) Os grandes lucros obtidos com a derrubada de árvores no-
bres justificam sua exploração.

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

207
Capítulo
5
8. “[...] ou seja, um corte selecionado e controlado” (última fra-
se). Considerando o contexto, a frase reproduzida acima con-
tém uma noção de:
a) Causa.
b) Condição.
c) Concessão.
d) Explicação.
e) Finalidade.

9. “A novidade, agora, é que algumas espécies símbolo da


preservação, como a onça-pintada e o jacaré, estão na mira do
‘uso sustentável’” (final do primeiro parágrafo). Essa afirmativa,
considerando-se o contexto, significa, em outras palavras, que
a onça-pintada e o jacaré:
a) Continuarão sendo o símbolo da preservação da natureza.
b) Continuam sob a proteção das severas leis ambientais.
c) Passam a ser protegidos pela Fundação Zoobotânica, do Rio
Grande do Sul.
d) Devem ser retirados dos projetos de uso sustentável da natureza.
e) Poderão até mesmo ser caçados, com controle dos órgãos
responsáveis.

Texto 2
A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi adota-
da em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (com
abstenção dos seis países do antigo bloco soviético, da Arábia
Saudita e da África do Sul). Nela consta que todos os seres
humanos nascem livres e iguais em direitos e dignidade e que
as liberdades e os direitos especificados na declaração devem
ser garantidos a todos, sem discriminação de raça, cor, sexo,
língua, opinião política e religião. Os direitos enumerados in-
cluem os direitos civis (tais como liberdade de expressão, de
consciência, de movimento, de se reunir e associar pacifica-
mente) e os direitos econômicos e sociais (direito ao trabalho,
a um padrão de vida adequado, à educação e à participação
na vida cultural). O exercício dos direitos e das liberdades indi-
viduais só é limitado pelo respeito aos direitos e às liberdades
de outrem.
Direitos do Homem. Nova Enciclopédia Ilustrada Folha. São Paulo:
Folha da Manhã, 1996.

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10. De acordo com o texto, a Declaração Universal dos Direitos
Compartilhe do Homem:
ideias
a) Foi aceita por quase todos os países, com exceção de uns
poucos, que não a adotaram.
Diálogo com b) Foi um primeiro passo na aceitação dos direitos humanos,
o professor embora não abrangesse todos eles.
c) Foi adotada pelos países do mundo todo, sem exceção, des-
de o século XIX.
d) Limita o exercício de alguns direitos, como o de manifestar a
Nesta proposta de produção, nos- opinião política, em situação de risco para o país.
sa intenção é levar os alunos a re- e) Deixou de lado os direitos econômicos e sociais, embora
eles estejam indicados no texto adotado em 1948.
fletirem sobre a noção de sujei-
to, um conceito tradicionalmente
11. Na oração “Os direitos enumerados incluem os direitos civis
[…]”, o sujeito do verbo incluir é:
ensinado de maneira controversa. a) Enumerados.
b) Os direitos.
O maior problema é, certamente, c) Os direitos enumerados.
entendê-lo em uma perspectiva d) Direitos civis.
e) Composto.
semântica, não sintática. A bem
12. “O exercício dos direitos e das liberdades individuais só é
da verdade, a concepção mera- limitado pelo respeito aos direitos e às liberdades de outrem”
mente gramatical não é perfeita, (final do texto). A frase que tem, com outras palavras, o mesmo

mas sem dúvida evita inúmeros


sentido desta é:
a) A verdadeira liberdade consiste em fazer o que devemos.
desencontros que a concepção b) O destino dos homens é a liberdade.
c) Os direitos de um indivíduo terminam onde começam os de
semântica acarreta. outro.
d) A liberdade é irmã da solidão.
Dessa forma, antes de ser visto e) O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acor-

apenas como o termo sobre o


rentado.

qual se declara alguma coisa ou 13. Após a leitura do texto e com base em seus conhecimentos,
identifique o trecho em que o sujeito da oração é composto.
o que está em ralação de con- a) “A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi adotada
em 1948 […]”
cordância com o verbo, o sujeito b) “Todos os seres nascem livres.”
deve ser estabelecido a partir do c) “O exercício dos direitos e das liberdades só é limitado pelo

enunciado. Desse modo, as defi-


respeito […]”
d) “Os direitos enumerados incluem os direitos civis […]”
nições tradicionais são somente e) “As liberdades e os direitos especificados na declaração de-
vem ser garantidos a todos […]”
pontos de uma definição mais 208

ampla, e não podem, portanto,


ser tomadas como completa- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap5.indd 208 29/03/18 07:08

mente válidas. E diante de tantas


nuanças, fica difícil moldar uma
definição clara e precisa. Na ver-
Anotações
dade, é como se houvesse um
acordo tácito entre nós e a nossa
língua, e o nosso conhecimento
dela é que nos diz o que é, enfim,
o sujeito dentro do enunciado.

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

209
Capítulo
5
14. “Os seres humanos nascem livres e iguais em direitos e dig-
nidade [...]” A afirmativa acima é reforçada no seguinte trecho
do texto:
Sugestão de
a) “A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi adotada Abordagem
em 1948 [...]”.
b) “[...] (com abstenção dos seis países do antigo bloco soviéti-
co, da Arábia Saudita e da África do Sul)”. Seria interessante que os
c) “[...] (direito ao trabalho, a um padrão de vida adequado, à
educação e à participação na vida cultural)”. alunos pesquisassem em
d) “O exercício dos direitos e das liberdades individuais só é li-
mitado pelo respeito aos direitos e às liberdades de outrem”.
outros livros didáticos e em
e) “[...] sem discriminação de raça, cor, sexo, língua, opinião gramáticas a forma como o
sujeito é ensinado. Além de
política e religião”.

ser uma boa oportunidade


É hora de produzir de estudo, a atividade con-
duzirá à reflexão.
Antes de começar a escrever
Os artigos expositivos em livros didáticos devem ser escritos
com uma linguagem acessível e passar as informações neces-
sárias para se atingirem os objetivos propostos. Neste capítulo, BNCC – Habilidades gerais
por exemplo, um dos nossos objetivos foi mostrar a você como
se estrutura o artigo expositivo em um livro como este. Para
isso, procuramos articular as informações necessárias, mos- EF69LP05 EF69LP35
trando como elas se processam dentro do texto. EF69LP29 EF69LP36
EF69LP31 EF69LP42
Proposta
Agora, você produzirá um artigo sobre o que é sujeito, partin-
do do problema abordado nesta tirinha:
PREÁ E CAFÉ/Eudson e Lécio BNCC – Habilidades específicas

EF67LP20 EF67LP33
EF67LP21 EF07LP10

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Anotações

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Imagine que seu artigo será publicado na próxima edição
210 deste livro. Seus leitores, portanto, serão alunos como você!

Planejamento
1. Para produzir seu artigo, revise bem a noção de sujeito
abordada neste capítulo. Se julgar necessário, estenda a
sua pesquisa a outros livros.
2. Como foi dito na proposta, seu texto deverá ter como ponto
de partida a tirinha.
3. Explique por que a definição de sujeito apresentada no primei-
ro quadrinho é problemática.
4. Procure ilustrar seu texto com exemplos.
5. Elabore um título adequado.
6. Enriqueça sua reportagem com gráficos, tabelas, imagens,
boxes explicativos, etc.

Avaliação
1. Para avaliar seu artigo, releia-o, observando os seguintes
pontos:

Aspectos analisados Sim Não


A linguagem está acessível ao leitor?
O problema apresentado na tirinha foi bem
explicado?
Há exemplos ilustrando o texto?
A exposição está clara?

2. Agora, será necessário reescrever o texto? Se sim, faça as


alterações necessárias e, em seguida, entregue o seu texto ao
professor.

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

211
Capítulo
5
A escrita em foco
Sugestão de
Abordagem
Uso dos porquês
Aprenda
A nossa língua oferece quatro possibilidades de construção
Podemos introduzir o estudo dos
mais!
do famoso porquê, cada uma por motivos diferentes. Por essa
porquês a partir da letra Oito
razão, é muito comum se confundir. Conheça agora as regras Para evitar confusão
no uso dos porquês e
que determinam o uso de cada forma:
anos, de Adriana Partimpim (Cal-
agilizar a escrita, é muito
comum o emprego da
• Por que – É utilizado com o sentido de por qual razão ou por sua abreviação (pq) em
qual motivo. Essa forma pode ser empregada também em aplicativos de mensagens canhoto).
substituição a pela qual, pelo qual, pelas quais e pelos quais. instantâneas. Apesar

Durante a leitura/audição da
disso, é importante avaliar
o contexto em que ocorre
Não sei por que aceitei aquele convite.
música, seria interessante pe-
a troca de mensagens
(por qual razão) a fim de identificar o
nível de formalidade
Por que ela não aceitou o presente? (por qual razão)
As alegrias por que passei são minhas melhores lem-
mais adequado para o
uso da língua. Assim,
dir aos alunos explicações para
branças. (pelas quais) em mensagens trocadas
com amigos, por
os questionamentos feitos pela
A rua por que passei ontem estava deserta. (pela qual) exemplo, as abreviações
são adequadas; mas,
criança, o que possibilitaria a re-
• Por quê – É utilizado da mesma forma que por que (no sen- em situações formais
em que se tratam
lação com o gênero estudado no
tido de por qual razão), sendo diferenciado apenas pelo
acento circunflexo. É empregado no final das frases ou antes
temas profissionais, as
abreviaturas e erros de capítulo. Neste trabalho, explore
a relação com o gênero estuda-
de pausas, em geral indicadas por vírgulas: digitação ou gramaticais
normalmente não são bem

do no capítulo. Neste trabalho,


vistos.
O jogador foi expulso, mas não sei por quê.
A agilidade de escrita nos
Não sabia bem por quê, mas estava indo embora.
aplicativos de mensagens explore a relação entre por que
(para perguntas) e porque (para
instantâneas é própria do
• Porque – É utilizado para introduzir uma explicação. ambiente virtual. Assim,

respostas).
a abreviação não ocorre
somente no português.
Ela não veio porque estava trabalhando. Nos países de língua
O jogador foi expulso porque agrediu o adversário. hispânica, por exemplo,
o nosso pq torna-se xq,
pois em espanhol o sinal
• Porquê – É utilizado como um substantivo, indicando a cau- de multiplicação (x) é lido
sa, a razão, o motivo. Nesse caso, deve ser precedido de um como por, como em dos
determinante (artigo, adjetivo, pronome ou numeral). por dos (2 x 2) ou xq te
vas ahora?

O juiz tentou explicar o porquê, mas não conseguiu.


Diga-me o porquê de sua preocupação.

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Anotações

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Tome nota
A escrita em questão

Preencha as lacunas com por que, por quê, porque ou


1.
porquê:
a) Por que tinha de ser assim?
b) Por que amamentar?
c) Por que você saiu cedo?
d) Havia sempre um porquê .
e) Você esqueceu por quê ?
f) Este é o prêmio por que mais me esforcei.
g) Ela escolheu o número sete por quê ?
h) Não sei por que ela não quer sair.
i) Por que ela não quer sair?
j) Não sei o porquê de ela não querer sair.
k) Ela não quis sair porque estava ocupada.

(Consulplan) De acordo com as orações, empregue corre-


2.
tamente: por que, por quê, porque, porquê, numerando a se-
gunda coluna de acordo com a primeira:

1 Por que
2 Por quê
3 Porque
4 Porquê

( ) __________ o homem é o animal mais vestido e calçado?


( ) Quero saber o __________ de se isolar.
( ) Calçar as ruas, __________?
( ) Calça sapatos __________ quer evitar a terra.

A sequência está correta em:


a) 1, 4, 2, 3.
b) 4, 3, 2, 1.
c) 1, 3, 4, 2.
d) 4, 2, 1, 3.
e) 2, 3, 1, 4.

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

213
Capítulo
5
3. Leia as frases a seguir:
I. Afinal, chegou o momento porque tanto esperei.
II. Não sei o porquê de seu entusiasmo.
III. Você está feliz assim, por quê?
IV. Sou feliz porque me ouves.
V. Então por quê não falas claramente?
Estão certas:
a) II, III, IV.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) I, II e V.
e) II, IV, V.

4. Leia as frases abaixo:


I. O porquê de sua demissão está muito claro.
II. Por que não me telefonou?
III. Não me telefonou, por quê?
IV. O motivo por que lhe falei tudo aquilo não interessa.
V. Irei viajar, porque estou em férias.

Estão certas:
a) I, II, III e V.
b) I, III, IV e V.
c) I, II, IV e V.
d) III, IV e V.
e) Todas.

5.(Vunesp) Preencha as lacunas:


— ___ você não resolveu todas as questões da prova?
— Creio que é ___ você não sabe o ___ das regras.

a) Porque, porque, porquê.


b) Por que, porque, porquê.
c) Por que, por que, porquê.
d) Porquê, por que, por quê.
e) Por quê, porquê, por que.`

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NTO
e
A m
214 r
C e r Texto
eN
O que é lixo?

Existe uma diferença entre os conceitos de lixo ao longo de diferentes épo-


cas. Antigamente, boa parte dele virava cinzas, ou seja, era carbonizado em
fogões a lenha. Após a Revolução Industrial, no século XVIII, os resíduos —
como o lixo é chamado tecnicamente — começaram a aumentar em quantida-
de e complexidade. A partir dessa época, o termo lixo passou a ser usado para
tudo que consideramos inútil, velho, sujo e sem valor, coisas que, do nosso
ponto de vista, não servem mais para nada.
Podemos definir o lixo como qualquer material sólido originado em traba-
lhos domésticos e industriais que é eliminado. Em uma linguagem técnica,
é sinônimo de resíduos sólidos e é caracterizado por materiais desprezados
pelas atividades humanas.

Antes da
Revolução
Industrial,
o lixo era
majoritariamente
composto de
resíduos agrícolas
e animais. Após
a Revolução e
com o aumento
populacional,
tornou-se algo
complexo e
extremamente
preocupante.

A partir de 1980, a ideia de lixo como material desprezível e sem possibilidade de ser
reaproveitado sofreu uma notável mudança, pois a humanidade se deu conta de que as
fontes de petróleo e de matérias-primas não renováveis estavam se esgotando e, com elas,
o espaço para receber tanto resíduo.
A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) principiou a distinção entre
resíduos e rejeitos, reconhecendo o resíduo sólido “como um bem econômico e de valor
social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”. Já os rejeitos são definidos
como os “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de trata-
mento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e tecnicamente viáveis, não
apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”
(artigo 3º, inciso XV).
O lixo é um fenômeno exclusivamente humano, não existe na natureza, pois tudo no am-
biente acresce elementos de renovação e reconstrução dele. Na realidade, na natureza não

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

215
Capítulo
5
existe nada que não se transforme e não possa ser reutilizado.
É o Princípio da Conservação da Massa, citado por Antoine-
-Laurent Lavoisier, por volta de 1777, em sua célebre frase: “Na
natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Des-
sa maneira, podemos aprender com a natureza a tratar nossos
resíduos de forma mais adequada. Seguir seu exemplo é mos-
trar respeito com o nosso hábitat e com as futuras gerações.
O acúmulo de lixo em local inadequado não traz apenas
um aspecto visual negativo, comprometendo a paisagem na-
tural; traz também diversos problemas, como a formação de
chorume, líquido proveniente do processo de decomposição
de matéria orgânica que, além de produzir um odor desagra-
dável, é absorvido pelo solo, causando a poluição das águas
subterrâneas. Outro grande problema relacionado ao lixo con-
siste no acúmulo de resíduos no fundo dos rios, ou seja, o as-
soreamento não natural, diminuindo a capacidade de volume Lavoisier é considerado o pai da
química moderna e reconhecido
de água desses rios, o que resulta em enchentes e possíveis por ter enunciado o Princípio da
Conservação da Massa.
deslizamentos de encostas.
CARVALHO, Patrícia. A riqueza que vem do lixo. Recife: Prazer de Ler, 2018.
pp. 6-7. (Adaptado).

1. Analise a formação das palavras a seguir.

paracientífico (prefixo para- + científico): próximo ou relacionado com a ciência.


paramedicina (prefixo para- + medicina): conjunto de atividades relacionadas
ou complementares à Medicina.

a) O texto O que é lixo? faz parte do livro paradidático A riqueza que vem do lixo. Conside-
rando o processo de formação das palavras acima, explique o que é um livro paradidático.
É um livro relacionado ou complementar ao didático. Segundo o Dicionário Houaiss, diz-se
do que, não sendo exatamente didático, é empregado com esse objetivo.

b) Com base no texto lido e no título do livro, escreva em uma frase qual é, para você, o
objetivo do paradidático A riqueza que vem do lixo.
Espera-se que o aluno perceba que o objetivo do livro é levar o leitor a entender o que é o
lixo e que este pode ter utilidade, inclusive como fonte de renda.
c) Qual é o público-alvo do livro paradidático?
Crianças e adolescentes que estão nas escolas.

d) Que disciplina o livro A riqueza que vem do lixo deve complementar?


Espera-se que o aluno perceba que o livro deve complementar o ensino de Ciências.

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Ca 216
Abundância traz consequências
Países mais ricos respondem por quase metade do lixo produzido no mundo...

Sugestão de 44%
Economias de alta
Abordagem renda (OCDE*) 21%
Ásia Oriental
e Pacífico

Na questão 3, é importante 12% América Latina

o aluno perceber que os in-


e Caribe

7% Europa** e Ásia Central


fográficos buscam dialogar 6% Oriente Médio e

com o texto, ampliando o 5% África do Norte (*) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
5%
Econômico. Reúne os 29 países mais desenvolvidos, excluídas
África Sul da

que é exposto verbalmente


as nações emergentes, como a China, o Brasil e o México.
Subsaariana Ásia
(**) Países europeus fora da OCDE.

de forma clara e objetiva. ... e produzem resíduos bem diferentes daqueles produzidos nos países mais pobres.

Assim, espera-se que o alu-


80 %
no perceba que essa com- Nações menos ricas
descartam seis vezes Mais ricos

binação auxilia o leitor na 60


64% menos papel e duas vezes
menos vidro e metal que Mais pobres

compreensão do conteúdo. 46%


os países desenvolvidos.
Mundo
40
31%
28%
20
17% 17% 17%18%
11%
8% 10% 7%
5% 5% 6%
3% 3% 4%

Outros

Anotações Orgânico Papel Plástico Vidro Metal


Fonte: Banco Mundial.

2. Agora, refletindo sobre a formação da palavra infográfico, explique do que se trata.


O infográfico é uma combinação entre textos verbais informativos e elementos gráficos,
como ilustrações.

3. Os infográficos são muito utilizados de forma paradidática em textos expositivos em


geral, como livros didáticos e reportagens. Reflita: por que essa associação é comum?

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216
216

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Manual do Educador

Texto expositivo em livro didático

217
Capítulo
5
4. Debata com os seus colegas e o professor: por que os países mais ricos respondem
por quase metade do lixo produzido no mundo e geram resíduos bem diferentes daqueles
produzidos nos países mais pobres? BNCC – Habilidades gerais
5. Copie o esquema a seguir no seu caderno e procure responder às perguntas feitas a
partir da comparação entre o texto O que é lixo? e o infográfico.
EF69LP05 EF69LP33
EF69LP13 EF69LP34
Texto expositivo
O que é lixo? Qual é o tema? Qual é o objetivo? Que recursos verbais e não verbais utilizou?
EF69LP16 EF69LP35
EF69LP29 EF69LP43
Texto expositivo EF69LP30
Infográfico Qual é o tema? Qual é o objetivo? Que recursos verbais e não verbais utilizou?

BNCC – Habilidades específicas


mídias em contexto
EF67LP08 EF67LP32
1. Neste capítulo, conhecemos com mais detalhes dois gêneros textuais marcados pela EF67LP20 EF67LP33
exposição de informações: o artigo de divulgação científica e o texto expositivo em livro didá-
tico. E ainda há pouco vimos que o infográfico é um recurso paradidático importante para os EF67LP21 EF07LP10
textos expositivos em geral, pois ajuda o leitor a compreender melhor o conteúdo exposto.
Agora, com a ajuda de um colega, você deverá escolher um tema presente em um dos
seus livros didáticos e elaborar um infográfico sobre ele. Assim que vocês definirem o
tema, será necessário delimitar o que será exposto e pesquisar os tópicos que serão
abordados. Nessa atividade, vocês deverão:
1. Utilizar algum aplicativo de design para produzir o infográfico em formato digital.
2. Apresentar para a turma a produção de vocês ao final do trabalho. Anotações
Planejamento
1. Vocês poderão pedir ajuda aos professores da escola durante a produção. O professor
de Matemática, por exemplo, pode ajudar com dados estatísticos, porcentagens, etc.
2. Esquematize suas ideias e a ordem de apresentação.
3. Navegando pelos sites de busca, escolham um software online gratuito que permita
criar infográficos. O Canva.com, por exemplo, oferece uma interface bastante intui-
tiva, com várias opções de templates e um banco de imagens gigante, o que facilita
muito a criação.
4. Definido o template, é hora de passar para o computador o esboço. Reflitam sobre a
hierarquia das informações e a sequência de leitura que será sugerida ao leitor.
5. Finalizada a produção, é hora de compartilhar!

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o
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Ca 218

Objetivos Pedagógicos Ca
p í tu 6 Palavras

as
ar
ot
ot
IF
lo

k
toc
rs
te
ut
Sh
Ao final deste capítulo, o aluno
deve ser capaz de:
carregadas de
•• Demonstrar conhecimento bá- significado
sico sobre os gêneros e suas
funções sociais: o que é um
poemae uma letra de música?
Para quem são escritos? Por 1. Promova com os seus colegas um recital
quê? Para quê? Como se es-

Conhecimentos prévios
poético em sala de aula.

truturam?
2. Entre as poesias recitadas, qual delas
chamou mais a sua atenção? Por quê?
3. Como você definiria o que é a poesia?
•• Expressar-se sobre os temas 4. Para você, em que medida letras de mú-
abordados. sica e poemas se parecem?

•• Planejar, produzir e avaliar um


poema.
•• Demonstrar compreensão da
importância e habilidade no Caracterizando o gênero
trato com a concordância ver-
Como se trata de uma forma de mani- composição bastante rígida, como o sone-
bal conforme a abordagem do festação artística das mais expressivas, to, enquanto outro prefere mais liberdade,

livro. ao longo dos anos o poema sofreu inú-


meras transformações, sem que, contudo,
tanto temática quanto estrutural.
Neste capítulo, seguiremos pelo cami-

•• Demostrar conhecimento orto-


cada nova forma implicasse o abandono nho da liberdade, ou seja, do verso livre,
total das anteriores. Assim, é perfeitamen- da temática do cotidiano…
gráfico no uso do c, ç, s e ss. te natural um poeta cultivar uma forma de

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Diálogo com o professor

Neste capítulo, pretendemos au- de música, e aprimorem habili-


xiliar o seu trabalho fazendo com dades de leitura, interpretação e
que os seus alunos reconheçam produção de textos nesses gê-
as principais características dos neros.
textos poéticos, poema e letra

218
218

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Manual do Educador

Poema e letra de música

219
Leitura
Complementar

LYRA, Pedro. Poema e letra de


música: um confronto entre duas
formas de exploração poética da
palavra. Curitiba: CRV, 2011.

O que estudaremos neste capítulo:


• Caracterização do poema e de letras de
música
• Sujeito indeterminado e oração sem sujeito
• O mecanismo da concordância verbal
• Uso de ç, s e ss

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Leitura Complementar

Interessante o ponto de vista do não sabe que o verbo escutar / Nascimentos — / O verbo tem
poeta Manoel de Barros a respei- não funciona para cor, mas para que pegar delírio.”
to do que é a poesia: “é a infân- som. / Então se a criança muda a BARROS, Manoel de (2000). Livro das
cia da língua”. função de um verbo, ele / Delira ignorãças. Rio de Janeiro: Record.

“(...) a criança diz: Eu escuto a / E pois. / Em poesia que é voz


cor dos passarinhos. A criança de poeta, que é a voz de fazer

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o
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Ca 220
mOmeNTO
O Letra de música e poema
e ir
im
Sugestão de Pr Ser diferente é normal
Todo mundo tem seu jeito singular
Abordagem De ser feliz, de viver e enxergar
Antes de Se os olhos são maiores ou são orientais
Seria interessante deixar claro começar a ler E daí, que diferença faz?

o conceito de poesia, poema Em uma sociedade


Todo mundo tem que ser especial
e letra de música. Para isso,
como a nossa, na qual,
infelizmente, ainda persiste Em oportunidades, em direitos, coisa e tal

sugerimos algumas defini-


muita desigualdade, Seja branco, preto, verde, azul ou lilás
muitas crianças sofrem
preconceito por serem E daí, que diferença faz?
ções que podem contribuir diferentes. Por essa
razão, existem campanhas Já pensou, tudo sempre igual
para a sua prática de ensino. publicitárias para romper
com esse ciclo de Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal

Vejamos: preconceito. Pensando


nisso, a campanha Ser
Já pensou, tudo sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente:
diferente é normal é uma

Poesia é a linguagem sub- iniciativa do Instituto Ser diferente é normal!


MetaSocial para promover

jetiva que utilizamos para a conscientização sobre as


diferenças e a importância
Todo mundo tem seu jeito singular
De crescer, aparecer e se manifestar
exprimir nossos sentimentos
da inclusão social.
Há 20 anos, o Instituto Se o peso na balança é de uns quilinhos a mais

e nossas emoções, em geral MetaSocial desenvolve


ações junto à mídia para
E daí, que diferença faz?

com elementos sonoros (rit-


promover a inclusão
social. A intenção é Todo mundo tem que ser especial

mo, rima e verso).


mostrar de forma positiva, Em seu sorriso, sua fé e no seu visual
alegre e motivadora
Se curte tatuagens ou pinturas naturais
as potencialidades

Poema é a forma da poesia.


de todas as pessoas, E daí, que diferença faz?
independentemente de

Em geral, confundimos poema


suas limitações, levando a
Já pensou, tudo sempre igual?
sociedade a ver que todos
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
com poesia, porque escreve-
possuem o mesmo valor
e, por isso, merecem ser Já pensou, tudo sempre igual?

mos poesia em poema, embo-


tratadas com respeito e
Tá na hora de ir em frente:
dignidade.
Ser diferente é normal!
ra se possa escrever também
Diversos artistas, como
Gilberto Gil e Lenine, Adilson Xavier e Vinicius Castro.
Disponível em: http://www.metasocial.org.br

poesia em prosa. Podemos


gravaram a letra de música
Acesso em 23/02/2015.
Ser diferente é normal,

dizer que o poema é a roupa


de autoria de Adilson
Xavier e Vinicius Castro,
demonstrando, além de
mais comum da poesia, a sua sua versatilidade, seu
engajamento social.

parte concreta, enquanto a


poesia é a parte imaterial. 220

Letra de música é a combi- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 220 29/03/18 07:19

nação harmoniosa dos sons


dos instrumentos acrescida
da musicalidade das pala-
vras. É no ritmo que a canção Leitura Complementar
se distingue um pouco mais
do poema, pois está estrei-
Sugerimos a leitura do artigo Por teúdo através do site da própria
tamente vinculada ao ato de
uma ontologia da canção: poema revista: http://revistacult.uol.com.
cantar. O ritmo é muito ligado
e letra, publicado na revista Cult. br/home/2010/03/por-uma-onto-
à música, aos instrumentos,
Você pode ter acesso ao con- logia-da-cancao-poema-e-letra/
aos arranjos, etc.

220
220

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Manual do Educador

Poema e letra de música

221
Capítulo
6
Para discutir
1. Podemos romper com o preconceito de várias formas. Con-
Diálogo com
forme o texto, como é possível acabar com ele?
Dicionário o professor
2. Preconceito é uma forma de violência? Justifique.
3. O eu lírico da letra se comunica com quem? Singular – Único,
4. Aponte algumas características presentes no gênero letra de individual, exclusivo.
Manifestar – Dar a
O filme Billy Elliot retrata
a vida de um garoto de 11
música.
conhecer, expressar.
5. Nesse texto, há o predomínio de qual tipo textual: descrição,
narração, exposição, injunção, argumentação ou relato? anos que vive em uma pe-
quena cidade mineradora
da Inglaterra. Mesmo obri-
shutterstock I Franzi

gado pelo pai a treinar boxe,


fica fascinado com o balé.
Estimulado pela professora
de dança da academia que
frequenta, ele resolve deixar
a luta de lado e se dedicar
totalmente ao balé e precisa
enfrentar os preconceitos da
sociedade local.

221

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BNCC – Habilidades gerais
Sugestão de Abordagem EF69LP44 EF69LP53
EF69LP48 EF69LP54
EF69LP49
Para as questões da seção Para ral exercido sobre alguém.
discutir, propomos as seguintes 3. Com o leitor.
respostas: BNCC – Habilidades específicas
4. A letra é divida em estrofes
1. Tratando todas as pessoas e versos rimados.Além disso EF67LP28
com igualdade. apresenta intensa musicalidade EF67LP38
2. Sim. No preconceito, há um 5. Argumentação.
constrangimento físico ou mo-
221

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o
6
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Ca 222
Aprenda mais!

Leitura Diferentemente da prosa, cuja organização se dá em parágrafos, a organização interna


dos poemas e das letras de música se dá por meio de versos e estrofes. Verso é cada linha
Complementar do texto, e estrofe é o conjunto de versos.

Nos poemas, os versos podem ser caracterizados pela sua musicalidade, conseguida pela
A linguagem politicamente cor- recorrência da posição de sílabas fortes e fracas, alternadas, no verso (metrificação, versi-
ficação). Já nas letras de música, há mais flexibilidade formal, pois o mais importante é a
reta é a expressão do apareci- musicalidade e o ritmo.

mento na cena pública de iden- As estrofes variam de acordo com o número de versos e podem ser:

tidades que eram reprimidas e Tipo de estrofe Número de versos


Estrofe Versos
recalcadas: mulheres, negros, Dístico Dois
homossexuais e outras minorias Terceto Três

que eram discriminadas, ridi-


Quadra, ou quarteto Quatro
Quinteto, ou quintilha Cinco
cularizadas, desconsideradas. Sexteto, ou sextilha Seis

Pretende-se, com essa lingua-


Sétima, ou septilha Sete
Oitava Oito
gem, combater o preconceito,
proscrevendo-se um vocabu-
lário que é fortemente negativo Desvendando os segredos do texto
em relação a tais grupos sociais.
A ideia é que, alterando-se a lin- 1. Qual é a ideia central do texto?

guagem, mudam-se as atitudes O combate ao preconceito.

discriminatórias. 2. Leia:

De um lado, é verdade que usar “Já pensou, tudo sempre igual?

uma linguagem não marcada por


Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
Já pensou, tudo sempre tão igual?
fortes conotações pejorativas é Tá na hora de ir em frente:
Ser diferente é normal!”
um meio de diminuir comporta- a) Para você, como seria o Planeta se todos fossem iguais?
mentos preconceituosos ou dis- Resposta pessoal.
criminatórios. De outro lado, po-
rém, é preciso atentar para dois 222

aspectos. O primeiro é que o cui-


dado excessivo com a busca de
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eufemismos para designar certos ção social. Isso ocorre porque as como a conotação negativa é uma
grupos sociais revela a existên- condições de produção de dis- questão de grau, não é irrelevan-
cia de preconceitos arraigados cursos sobre a mulher, o negro, o te deixar de usar os termos mais
na vida social... Em segundo lu- homossexual etc. são aquelas de fortemente identificados com ati-
gar, os defensores da linguagem existência de fortes preconceitos tudes racistas, machistas etc.
politicamente correta acreditam em nossa formação social. Isso Há, porém, duas posições de
que existam termos neutros ou significa que não basta mudar a defensores da linguagem politi-
objetivos, o que absolutamente linguagem para que a discrimi- camente correta que contrariam
não é verdade. Todas as palavras nação deixe de existir. Entretanto, a natureza do funcionamento da
são assinaladas por uma aprecia-

222
222

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Manual do Educador

Poema e letra de música

223
Capítulo
6
b) Com o verso “Tá na hora de ir em frente”, o que o eu lírico
quis dizer?
O eu lírico quis dizer que está na hora de vencermos os pre-
Aprenda Sugestão de
conceitos. mais!
Letra de música e poema:
Abordagem
3. Na primeira estrofe da letra de música, qual é o sujeito da uma parceria para ficar

Podemos trabalhar a música


forma verbal são? na memória

a) Todo mundo. Na Antiguidade,

b) Seu jeito.
a importância da
musicalidade se dava Poema, composta por Fre-
c) Os olhos.
jat e Cazuza e interpretada
principalmente em razão
d) Orientais. da necessidade de

e) Ser feliz. por Ney Matogrosso. Para ter


memorização dos poemas.
Com a falta de acesso a

acesso ao conteúdo acesse o


obras manuscritas, era
4. Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, lê-se: essencial que música

link https://www.youtube.com/
e literatura estivessem
aliadas na difícil tarefa de
Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos
watch?v=5VwnB6z6W1g.
contornar a precariedade
os seres humanos, sem que haja discriminação por raça, dos registros.

cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por qualquer outro Dessa forma,


manifestações como as
motivo.
cantigas dos trovadores
eram propagadas e
No texto Ser diferente é normal: popularizadas não somente
I. Podemos afirmar que, nas estrofes 2 e 4, os autores falam pelos temas universais
abordados, mas pela
sobre a importância do direito à educação e ao trabalho. maneira como o ritmo era
II. Podemos perceber o direito à liberdade de opinião nas estro- construído, a fim de facilitar
a repercussão e fixar tais
fes 4 e 5.
melodias no imaginário
III. Na estrofe 5, observamos o direito à liberdade de expressão. coletivo.

Está correto o que se afirma em: Na cultura nacional,

a) I e III apenas.
podemos observar
resquícios dessas
b) I apenas. tradições na atuação dos
c) I, II e III. repentistas, músicos

d) II e III apenas.
populares que, muitas
vezes sem instrução
5. A musicalidade é uma das principais características das
formal, conseguem tecer
improvisos poéticos sobre
letras de música e dos poemas em geral. Ela põe em evidência variados temas utilizando
o caráter oral desses gêneros. Daí o fato de muitos poemas estratégias musicais
semelhantes às dos
serem musicados. trovadores medievais.

Mesmo quando um poema é lido em voz baixa, podemos per-


ceber a música que dá cadência à leitura, facilita a memoriza-
ção e agrada aos ouvidos. Entre os recursos responsáveis pela
musicalidade, estão o ritmo, a rima, a estrofe e o refrão.

etnias. Outra coisa que produz


223

efeito contrário ao pretendido é o


uso de eufemismos francamente
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linguagem e que, portanto, são denotam racismo. Por exemplo, cômicos, para fazer uma designa-
irrelevantes para a causa que dizer que há racismo na expres- ção que é vista como preconcei-
defendem. A primeira é a crença são “nuvens negras no horizonte tuosa: por exemplo, dizer “pessoa
de que a palavra isolada carrega do país” é um equívoco, porque verticalmente prejudicada” em lu-
sentido e apreciação social. Na o sentido conotativo de “situação gar de anão. Isso gera descrédito
verdade, um termo funciona num preocupante”, que aparece no para os que pretendem relações
discurso e não isoladamente. Por discurso político ou econômico, mais civilizadas entre as pessoas.
isso, nem todos os usos do vo- está relacionado à meteorologia, (José Luiz Fiorin. A linguagem politica-
cábulo negro com valor negativo nada tendo a ver com raças ou mente correta. In Linguasagem - UFSCar)

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o
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Ca 224
O ritmo é conseguido pela alternância entre sílabas fortes e
fracas ao longo do verso. Quando os sons se repetem ao longo
do verso ou em versos diferentes, temos a rima. Os versos re-
Aprenda gulares que não rimam são chamados de versos brancos. O
Leitura mais! refrão, por sua vez, é uma estrofe ou grupo de versos que se
Geralmente, a rima é repetem ao longo do texto, ajudando na musicalidade, no ritmo,
Complementar feita no final dos versos, na memorização e na própria construção de sentido.
mas ela pode acontecer,
também, entre palavras
Pensando nisso, analise as afirmações a seguir, referentes ao
Uma das discussões mais fre-
situadas no meio do verso.
São as chamadas rimas texto Ser diferente é normal.
internas.
quentes em grupos de inclusão Ao recorrer a tais recursos,
I. O texto é composto de versos brancos.
social é como chamar as pes-
o autor procura uma
construção poética que II. Como é dividida em estrofes, essa letra não apresenta ritmo.
III. Na terceira estrofe, a palavra frente rima com diferente.
soas que têm deficiência. O que
associe forma e conteúdo
em proporções de igual
IV. Na segunda estrofe, se substituíssemos a palavra lilás por
seria mais adequado falar: por-
importância para sua
produção, sugerindo haver amarelo, prejudicaríamos a musicalidade.
um significado em cada
tador de deficiência, pessoa com detalhe de suas escolhas
Está correto o que se afirma apenas em:
deficiência ou portador de neces-
estilísticas.
a) I e II.
No hip-hop, é comum
a ocorrência dessas
b) II e III.
sidades especiais? ferramentas estilísticas c) I e III.
em função do caráter d) II e IV.
Na Convenção Internacional experimental do gênero.
A variedade de opções
e) III e IV.

para Proteção e Promoção dos na construção das rimas


contribui para a criação de 6. As palavras que ocorrem em um texto têm sempre uma fun-
Direitos e Dignidade das Pes- uma identidade estética de
cada artista: uns optam por
ção determinada. Leia os trechos abaixo e analise a função que

soas com Deficiência, ficou deci-


manter um flow (do inglês, é indicada para os termos destacados.
fluxo) focado na melodia, I. “E daí, que diferença faz?” — O termo que exprime um es-
dido que o termo correto utilizado
com ritmos lentos que
enfatizem a sonoridade
tado de dúvida, de incerteza.
II. “Ser mais do mesmo não é tão legal.” — A palavra tão ex-
seria pessoas com deficiência. O
das palavras; outros
preferem explorar recursos pressa uma intensificação.
movimento foi cunhado pela As- III. “Todo mundo tem que ser especial” — O termo tem exprime
mais avançados, como
as aliterações (um tipo
de figura de linguagem) obrigatoriedade.
sembleia Geral da ONU, a ser e rimas toantes (quando IV. “...em oportunidades, em direitos, coisa e tal” — A expres-
são coloquial coisa e tal é utilizada para quebrar o ritmo.
apenas as vogais possuem
promulgada posteriormente por igualdade sonora); a fim
de gerar continuidade

meio de lei nacional de todos por meio de repetições


prefixais — efeito
Está correto o que se afirma apenas em:
a) I e II.
os países-membros, incluindo o semelhante ao das rimas
internas. b) II e III.
Brasil. c) I e III.
d) II e IV.
Alguns motivos levaram os mo- e) III e IV.

vimentos à expressão pessoas 224

com deficiência. Entre eles: não


esconder ou camuflar a deficiên- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 224 29/03/18 07:19

cia, mostrar com dignidade a


realidade e valorizar as diferen-
ças e necessidades decorrentes
Anotações
da deficiência.
Disponível em: http://www.sena-
do.gov.br/senado/portaldoservi-
dor/jornal/jornal70/utilidade_pu-
blica_pessoas_deficiencia.aspx.
Acesso em 26/02/2015.

224
224

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Manual do Educador

Poema e letra de música

225
Capítulo
6
Sugestão de
Análise linguística
Abordagem
Sujeito indeterminado Para as questões da seção Aná-
Leia a tirinha:
COXINHA/Eudson e Lécio lise linguística, propomos estas
respostas:
1. Esta é uma boa oportunidade
para discutir com os alunos
noções importantes para o
ensino de língua, como a va-
1. No primeiro quadrinho, a professora condena a forma de riação de registro e a dicoto-
falar do aluno. Discuta com os seus colegas e o professor mia certo x errado que pauta
a gramática normativa, cujos
esse posicionamento. Ela está certa?
2. No último quadrinho, a professora afirma que não tem pre-
conceito. Isso é verdade?
3. Nesse contexto, é possível determinar qual é o sujeito da
preceitos não correspondem,
forma verbal podem? necessariamente, às normas
Muitas vezes, proferimos enunciados em que o sujeito não de uso empregadas nas inú-
pode ser determinado, como em Porque podem vê-lo com pre-
conceito. meras variantes que com-
A indeterminação do sujeito pode acontecer por várias ra- põem o português brasileiro.
zões. Uma delas, a que ocorre na tirinha, se deve ao fato de
a professora não querer identificar as pessoas que olhariam a
fala do menino de maneira preconceituosa, inclusive ela.
2. Não. Ela tem preconceito con-
Outra razão, certamente a mais comum, ocorre quando não tra o modo de falar do aluno,
sua classe social e as línguas
sabemos realmente quem é o ser a quem o sujeito da oração
se refere, ou seja, o ser de quem se fala é desconhecido. Por
exemplo: indígenas.
Bateram na porta ontem de madrugada.
3. Como não é possível determi-
Chamaram você na secretaria da escola.
Roubaram o meu carro! nar o sujeito da forma verbal
podem, temos aqui um caso
de sujeito indeterminado.
225

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BNCC – Habilidades gerais

EF69LP05 EF69LP56
Anotações EF69LP55

BNCC – Habilidades específicas

EF07LP06
EF07LP07

225

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o
6
ul
p ít
Ca 226
Outra razão muito comum para o falante indeterminar o su-
jeito é a necessidade de não ser responsabilizado por declara-
ções feitas por outros, conhecidos ou não. É o que acontece,
Leitura por exemplo, em boatos, fofocas:

Complementar Disseram que ela saiu do emprego semana passada.


Eu não concordo, sabe, mas disseram que você é chato.
Estão falando por aí que você ganhou na loteria.
Oficina de Poesia
Observe que a indeterminação do sujeito, nesses casos, é
identificada formalmente de duas maneiras: primeiro, nenhum
1. Sobre o que você quer falar? termo da oração pode funcionar como sujeito, determinando
a flexão verbal; segundo (uma consequência), o verbo fica
Um bom assunto é aquele que na terceira pessoa do plural. Assim, em todos esses casos, é
está mexendo com você ultima- sabido que o sujeito existe, mas sua identidade não pode ser

mente. Pode ser qualquer coi-


determinada.
Essa distinção é importante porque, muitas vezes, o papel
sa, qualquer sentimento. Poesia do sujeito é ocupado por expressões de sentido genérico, in-
definido (muitas pessoas, todo mundo, muita gente). Por
é uma forma de comunicação. serem identificadas na oração e determinarem a flexão do

Pode ser romântica, engraça- verbo, essas expressões funcionam como sujeito determina-
do simples em frases como:
da, de amizade... Você manda!
Muitas pessoas parcelam as compras no Natal.
Todo mundo sabe que ele vai jogar no Flamengo.
2. Soltando as palavras Muita gente desconfia de que o inverno será rigoroso.
Alguém sabe onde deixei minha chave?
Pegue um papel e vá anotan- Aprenda
mais! Algum aluno conseguiu boa nota?
do várias palavras que tenham A indeterminação do

a ver com o assunto. Tente sujeito normalmente só


é possível nos casos
Oração sem sujeito
achar rimas para elas. Não
em que o predicado
se refere a algum ser
Como vimos, os verbos se flexionam para concordar com o
precisa pensar muito. Brinque
humano na função de
sujeito. Essa é uma regra seu sujeito em número e pessoa. Por exemplo:

de rabiscar palavras. Quanto


de funcionamento da
língua. Por essa razão, se Meus amigos e minha família são fundamentais para mim.

mais, melhor. Depois você es-


empregados literalmente,
estes enunciados não Nesse enunciado, temos um sujeito composto que apresen-
ta os traços de terceira pessoa do plural: eles. Nesse caso, di-
colhe as preferidas.
seriam adequados:

Miaram no telhado. zemos que o verbo ser é pessoal, pois apresenta sujeito. Veja
Relincharam no estábulo. outro exemplo:
3. A primeira frase Trabalhamos juntos desde 2005.

Você não precisa acertar logo


226
de cara. É justamente a von-
tade de acertar de primeira LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 226 29/03/18 07:19

que “emperra” o pensamen-


to. Você é livre para escrever
e apagar o que quiser, mudar •• A com B e C com D (primeira Veja este exemplo:
tudo de lugar... Solte o verbo! com segunda e terceira com Eu quero um mundo melhor,
Não tenha medo... quarta), ou Um mundo mais “sim” do que “não”.
•• A com C e B com D (primeira Será que é tão complicado
4. Como rimar?
com terceira e segunda com Ver o outro como irmão?
Existem vários jeitos de combi-
quarta), ou Disponível em: www.divertudo.com.br/oficina/oficina-
nar rimas. Podemos, por exem- txt.html. Acessado em 16/05/2012.
plo, numa poesia de quatro li- •• Apenas B com D (segunda
nhas (A, B, C, D), rimar: com quarta linha).

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Manual do Educador

Poema e letra de música

227
Capítulo
6
Agora, analisando a desinência verbal, identificamos que,
nessa oração, temos um sujeito desinencial (nós), com traços
de primeira pessoa do plural.
[Nós] Trabalhamos juntos desde 2005.

Sujeito desinencial
Aprenda
Assim, por apresentar sujeito, o verbo trabalhar também é mais!
pessoal.
Por outro lado, existem verbos que, empregados literalmen- Em frases imperativas,

te, não admitem sujeito, por isso são chamados de impes-


o sujeito normalmente é
omitido. Isso porque o
soais. Observe: sujeito do imperativo é
sempre o ouvinte:
Choveu ontem. Saia de casa agora.

Observe que o sujeito


Nesse caso, nenhum termo disponível na nossa língua po- é omitido simplesmente
deria ocupar a função de sujeito nesse enunciado. Assim, o su- porque é desnecessário
jeito do verbo chover não é indeterminado; ele simplesmente em termos de informação.

não existe. Isso acontece com os verbos impessoais, que ficam


Em frases imperativas, o
sujeito só aparece quando
sempre na terceira pessoa do singular (ele). Veja alguns exem- é enfatizado:
plos de verbos impessoais: Saia você de casa!

• Os verbos que denotam fenômenos atmosféricos ou cósmi-


cos, como chover, trovejar, relampear, nevar, ventar, gear.

Nevou no Rio Grande do Sul. (oração sem sujeito)

• Haver e ser em orações equivalentes às construídas com


existir.

Há bons restaurantes aqui.


Era uma verdadeira multidão.

• Haver, ter, fazer e ser nas indicações de tempo.

Faz 20 anos que estamos juntos.


Há 20 anos estamos juntos.
Era 4 horas da tarde.

• Passar + de exprimindo tempo.

Passava das 4 da manhã.

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Prática linguística
Leitura
Complementar Texto 1

Formas do nu
O truque para deixar mais legal O homem é o animal Para evitar a terra,
uma poesia é procurar palavras mais vestido e calçado. calça nos pés sapatos,
Primeiro, a pano e feltro, nos sapatos, tapetes,
de tipos diferentes para rimar. se isola do ar abraço. e, nos tapetes, soalhos.

Irmão é um substantivo e não é Depois, a pedra e cal, Calça as ruas: e, como

um advérbio. Não precisa ser na


de paredes trajado, não pode todo o mato,
se defende do abismo para andar nele estende
poesia inteira, mas, se conseguir, horizontal do espaço. passadeiras de asfalto.

ótimo. […] Além disso, inventar Formas do nu. In: A educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto. Rio de Janeiro: Alfaguara.
© by herdeiros de João Cabral de Melo Neto.

novos papéis para as palavras


enriquece sua poesia. Um mun- 1. Esse poema de João Cabral de Melo Neto apresenta o homem como “o animal mais

do sim serve de exemplo porque


vestido e calçado”. Explique.
O poeta defende a ideia de que o homem se isola do mundo ao seu redor por meio de rou-
transformamos o sim (advérbio) pas, calçados, paredes, asfalto.
em adjetivo.
2. Por essa perspectiva, podemos afirmar que o homem vive sempre em contato com a

Vamos tentar, agora, uma poesia natureza? Justifique.

mais curtinha, só de três linhas, Não. O homem vive se isolando.

rimando A com C (primeira com 3. Releia os versos:

terceira). Para evitar a terra,


calça nos pés sapatos,
Meu coração arde... ai, ai! nos sapatos, tapetes,
e, nos tapetes, soalhos.
Tudo chove só porque
ele me disse bye! a) O verbo destacado é pessoal. Por quê?
Porque pode concordar com o seu sujeito em pessoa e número.

Primeiro tive a ideia de rimar ai


(onomatopeia que normalmente 228

indica dor) com a palavra em in-


glês bye (que se pronuncia bai).
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Não é legal? Então, fui imagi-


nando o que combinaria com ai. — hoje chove só porque... — e tudo chove causa impacto. É im-
Pensei na dor de uma paixão não outra melhor ainda (mais senti- possível que as coisas chovam!
correspondida. Depois inventei mento!): tudo chove só porque. Mas isso exprime a tristeza da
a última linha (Ele me disse bye Viu só? A gente vai mudando até situação. Por isso a poesia emo-
= foi embora) e ficou faltando a gostar do conjunto! Você precisa ciona mais do que dizer apenas:
do meio. Dei um jeito de ligar as ficar contente com sua obra! “estou triste porque ele não gosta
duas com a que faltava. Primei- de mim”.
Atenção: chover é um verbo que
ro imaginei isso tudo só porque.
não tem sujeito. Por isso mesmo Evelyn Heine. http://www.divertudo.com.br/
Mas aí veio uma frase mais forte oficina/oficina-txt.html Acessado em 16/05/2012.

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228

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Manual do Educador

Poema e letra de música

229
Capítulo
6
b) Qual é o sujeito do verbo destacado?
gunda? Faça o seguinte: sua
poesia não “encaixou” direito?
O homem.

c) Como se classifica esse sujeito? Parece que fica uma “ponta”


Determinado, simples, desinencial.
sobrando em alguma parte?
4. O que seriam as “passadeiras de asfalto”? Então troque palavras por si-
Estradas asfaltadas. nônimos, inverta a ordem de-
5. Entre as alternativas abaixo, indique aquela que resume o tema principal do poema: las... Até seu ouvido ficar sa-
a) O homem como um animal.
b) O homem e o seu semelhante.
tisfeito. Veja o antes e depois a
c) A vida do homem no mundo. seguir. Compare!
d) O homem como profissional.
e) As lamentações do homem. Antes
6. Por se tratar de um poema, o autor “brinca” com as palavras para resultar no que cha- Pinga o pingo insistente.
mamos de arte. Em um texto em prosa, os dois primeiros versos poderiam ser escritos da Ping, ping ritmado
seguinte forma, sem alteração do sentido:
a) O homem ainda é o animal mais vestido e calçado. só para amolar a gente!
b) O homem é o animal mais vestido e calçado que existe.
c) O homem é o animal mais vestido e calçado hoje em dia. Depois
d) O homem é um animal vestido e calçado.
e) O homem usa roupas e sapatos. Pinga o pingo insistente.
Ping, ping ritmado
7. A segunda estrofe do poema começa com a palavra depois. Essa palavra é um:
a) substantivo. só pra amolar a gente!
b) artigo.
c) adjetivo. Reparou? Um mínimo detalhe
d) advérbio.
e) pronome. fez muita diferença na hora de
falar. Para tem duas sílabas
8. “[...] e, como / não pode todo o mato [...]” De acordo com o contexto, entende-se que o
trecho citado teria sentido completo da seguinte forma: e pra tem uma só. Só isso já
a) E como não pode calçar todo o mato.
b) E como ainda não pode todo o mato.
muda tudo. Veja:
c) E como não pode todo o mato do mundo. pin - gao - pin - go - in - sis - ten - te
d) E porque não pode todo o mato do mundo.
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.
só - pra - a - mo - lar - a - gen - te
Nesses dois versos, há o mes-
229 mo número de sons!
Os poetas de antigamente que-
bravam a cabeça para cada
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verso ter um número certinho


Leitura de sons! Hoje isso não é uma
Complementar obrigação. Também podemos
fazer versos livres, sem tan-
5. Não saia do ritmo! Ba-ta-TI-nha QUAN-do NAs-ce ta preocupação com a forma.
Es-par-RA-ma PE-lo CHÃO Você escolhe!
Uma poesia também pode ter
ritmo. Tente reparar se a leitura Viu que os sons mais fortes da Evelyn Heine
primeira linha estão nos mes- http://www.divertudo.com.br/oficina/oficina-txt.
de sua poesia fica “gostosa” html
mos lugares que os da se- Acessado em 16/05/2012.
ou não. Exemplo:

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9.

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Releia a estrofe:

Calça as ruas: e, como


não pode todo o mato,
para andar nele estende
passadeiras de asfalto.

Sobre o verbo destacado, assinale a alternativa correta:


a) Não apresenta sujeito.
b) Seu sujeito foi omitido.
c) É impessoal.
d) Apresenta sujeito indeterminado.
e) Está flexionado no futuro do subjuntivo.

Texto 2

Memória
Há pouco tempo atrás, Uma farmácia,
aqui havia uma padaria. uma quitanda.
Pronto — não há mais. Pronto — não há mais.

Há pouco tempo atrás, A cidade destrói, constrói,


aqui havia uma casa, reconstrói.
cheia de cantos, recantos, Uma árvore, um bosque.
corredores impregnados Pronto — nunca mais.
de infância e encanto.
MURRAY, Roseana. Paisagens.
Pronto — não há mais. Belo Horizonte: Lê, 1996.

10. (Colégio Militar – Adaptada) Acerca do texto Memória, é correto afirmar que:
a) O eu lírico se mostra muito preocupado com a destruição da cidade, dos estabelecimen-
tos comerciais, das casas, da natureza, mas tem o consolo de que tudo isso poderá ser
reconstruído um dia.
b) O eu lírico tem consciência de que toda a destruição da cidade se faz necessária para o
progresso.
c) Apesar de a mensagem estar impregnada de melancolia com a destruição de tudo, per-
cebe-se, na última estrofe, que o otimismo se presentifica, transmitindo a ideia de que há
uma solução para tudo o que foi destruído.
d) A principal preocupação do eu lírico não é com a destruição arquitetônica da cidade, pois
ele tem consciência de que essa arquitetura será reconstruída um dia.
e) O título do poema relaciona-se com as lembranças do eu lírico e demonstra que ele re-
lembra hoje a destruição ocorrida durante a infância dele.

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Manual do Educador

Poema e letra de música

231
Capítulo
6
11. (Colégio Militar) Com base na leitura e análise do texto Memória, assinale a única opção
lavras com estruturas totalmen-
correta.
a) Se substituirmos o verbo haver (terceiro verso da primeira estrofe) pelo verbo existir, te diferentes. Aí o nome é rima
teremos, de acordo com a norma culta, “Pronto — não existe mais”. preciosa (vê-lo com cabelo, por
b) No primeiro verso da segunda estrofe, identificamos um verbo pessoal.
c) Comparando a primeira e a terceira estrofes, conclui-se que a padaria é bem mais im- exemplo).
portante que a farmácia e a quitanda, pois, na terceira estrofe, os estabelecimentos são
enumerados sem qualquer referência de tempo e lugar. 7. Desenhando com palavras
d) No segundo verso da primeira estrofe, o sujeito do verbo haver é uma padaria.
e) Não há nenhuma diferença de significado no emprego do verbo haver nos versos “Há Veja só isso:
pouco tempo atrás” (primeiro verso da segunda estrofe) e “Pronto — não há mais” (ter-
ceiro verso da terceira estrofe).

12. (Colégio Militar) O poema de Roseana Murray mostra como o crescimento rápido das
cidades vem destruindo os recantos outrora cercados de paz e quietude nos quais as pes-
soas, em especial as crianças, viviam despreocupadamente. O verso em que o eu lírico
expressa a quebra dessa sensação de paz e quietude é:
a) “Há pouco tempo atrás.”
b) “Pronto — não há mais.”
c) “Aqui havia uma casa.”
d) “A cidade destrói, constrói.”
e) “Reconstrói.” As palavras podem formar
desenhos que tenham a ver
13. (Colégio Militar) Sob o ponto de vista do eu lírico, o poema deixa claro que o homem:
a) Aos poucos, vai mudando a estrutura física do lugar onde vive. com o sentido! Não é legal? O
b) Lentamente, vai modificando o meio ambiente em que vive.
c) Ao destruir a flora e a fauna, tem consciência de que nunca mais serão recuperadas.
nome para isso é poesia con-
d) Nas ações de destruir, construir e reconstruir, não se preocupa com a natureza. creta. Concreto é algo que
e) É o principal agente da mudança na vida urbana e nunca mais reconstruirá os prédios
que outrora destruiu. existe mesmo. Você também
pode tentar criar suas poesias
14. (Colégio Militar) Na segunda estrofe, a casa aparece associada à ideia de:
a) Bagunça, pois havia muitas crianças nos corredores. concretas. É divertido!
b) Barulho, pois havia muita gente cantando.
c) Felicidade, pois nela havia encanto. 8. Outras figuras
d) Riqueza, pois era muito grande, cheia de corredores.
e) Desilusão, pois o encanto da casa acabou quando a infância se foi. E tem mais! Em qualquer poe-
sia, também dá para usar figu-
ras sem desenhar nada. Como
assim? São figuras para imagi-
231
nar. Por exemplo:
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 231 29/03/18 07:19 Um mar azul e calmo em minha
alma.
Leitura
Complementar Pode ser o mesmo que Estou
em paz, me sinto bem. Perce-
beu? Existe uma matéria, em
6. Treinando os ouvidos
feita com palavras do mesmo Português, que se chama figu-
Comece a prestar mais aten- tipo (mesma classe gramatical) ras de linguagem. Tem uma
ção às letras de músicas que chama-se rima pobre? Já ou- porção de tipos e com elas po-
ouve. Veja porque algumas ri- tra, feita com palavras de tipos demos brincar com os sons das
mas parecem melhores que ou- diferentes, chama-se rima rica. letras, com a gramática, com os
tras. Você sabia que uma rima Melhor ainda se você rimar pa- sentidos das palavras...

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15. Entre as opções abaixo, retiradas do poema Memória, indi-
Aprenda
mais! que aquela que é uma forma verbal que não apresenta sujeito.
a) Havia.
Uma flor nasceu na rua!
b) Recantos.
Diálogo com A temática do natural
versus o ambiente urbano
c) Destrói.
d) Constrói.
o professor está presente na literatura
desde tempos remotos. e) Reconstrói.
Tal dilema costuma ser
abordado por perspectivas
críticas, elencando 16. Leia o trecho a seguir de A flor e a náusea, de Carlos

O carteiro e
as consequências da
urbanização desenfreada Drummond de Andrade.

o poeta é um
no modo de vida das
pessoas inseridas nas
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da
belíssimo fil-
rotinas caóticas das “selvas
de pedra”. tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
me que conta
No poema A flor e
a náusea, de Carlos Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas

a história da
Drummond de Andrade, em pânico.
o contraste entre as
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e
amizade entre
frustrações humanas e
a vertigem dos grandes o ódio.

o poeta chile-
centros urbanos

a) Existem diferenças entre o modo como as vozes líricas dos


é simbolicamente
interrompido pela
no Pablo Ne- imprevisibilidade de uma
flor nascer no asfalto.
poemas de Drummond e João Cabral estabelecem relações
críticas com o meio urbano?
ruda, exilado político na Itália, Confira no link a seguir a
No poema de Cabral, a descrença diante da urbanização as-
e um homem humilde e semia-
leitura do texto realizada
por Eliza Morenno:
sume uma abordagem mais generalizada, a fim de englobar os
nalfabeto, contratado como seu
https://www.youtube.com/
watch?v=BerOSwF-l20 seres humanos nas ações e características descritas no texto.
carteiro. Em A flor e a náusea, apesar dos pessimismos, diante do pa-
radoxo da flor no asfalto, a voz lírica é tomada por um instante
Diálogo entre Pablo Neruda e o Aprenda
mais!
carteiro:
de euforia, mostrando que, apesar dos percalços, o “homem”
Plift, ploft, still: a porta se descrito no poema de Cabral ainda possui capacidade de se
— Metáforas, homem! abriu
conectar com a natureza, ainda que de formas tão inusitadas.
— Que coisas são essas?
Alcançando seu ápice
de ibope nos anos 1990,
o Castelo Rá-tim-bum
— Para te esclarecer mais ou é considerado uma das

menos imprecisamente, são


principais produções da
televisão brasileira para o
público infantojuvenil.
maneiras de dizer uma coisa Seus criadores tiveram

comparando-as a outra.
a preocupação de situar
o castelo no centro

— Dê-me um exemplo.
Continua...
232
— Bem, quando tu dizes que o
céu está a chorar, o que é que LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 232 29/03/18 07:19

queres dizer?
— Que fácil! Que está a cho-
coisas. Segundo a tua teo- Anotações
ver, pois.
ria, uma coisa pequena que
— Bem, isso é metáfora.
voa não devia ter o nome tão
— E por que sendo tão fácil se
complicado como maripo-
chama uma coisa tão compli-
sa. Pensa que elefante tem
cada?
o mesmo número de letras, é
— Porque os nomes não têm
muito maior e não voa.
nada a ver com a simplici-
dade ou complicação das

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232

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Manual do Educador

Poema e letra de música

233
Continuação
Capítulo
6
b) Ao realizar a mudança imagética do tédio da cidade para pai-
de São Paulo, com a
sagens naturais, nos versos “Do lado das montanhas, nuvens intenção de aproximar as
maciças avolumam-se./ Pequenos pontos brancos movem-se temáticas abordadas no
no mar, galinhas em pânico”, quais as possíveis intenções do programa da realidade Sugestão de
de seus telespectadores,
autor? construindo relações entre
o mundo fantasioso do
Abordagem
O recurso pode ser entendido como uma fuga da realidade pro-
jovem Nino e a realidade
vocada pelo contato momentâneo com a flor, que apesar de urbana de Pedro, Biba e
Zequinha.
Na questão 16, item a, ob-
“feia” soa suficientemente frágil para comover a voz lírica do
servamos que, no poema
Dentre as variadas histórias
entrelaçadas na trama do
poema, causando então esse deslocamento lírico espacial. castelo, uma das principais
girava em torno das
tentativas do especulador
de Cabral, a descrença
17. Quais tipos de rima podem ser notados no trecho do poema
de Drummond e no texto de Cabral (Formas do nu)?
imobiliário Dr. Abobrinha em
convencer o Dr. Victor, o
diante da urbanização as-
Em Formas do nu, presenciamos a ocorrência das rimas toan-
dono do castelo, a permitir
a demolição do imóvel, sume uma abordagem
mais generalizada, a fim de
com a intenção de construir
tes, como em “calçado” e “abraço”; “trajado” e “espaço”, etc. um prédio de cem andares

englobar os seres humanos


em seu lugar.
enquanto no poema de Drummond prevalece o verso branco.
Desse modo, o público era

nas ações e característi-


Vale notar, ainda, a rima interna entre “tédio” e “ódio” no último conduzido de forma didática
e criativa a refletir sobre

cas descritas no texto. Em


verso do poema de Drummond. as problemáticas trazidas
pelo capitalismo no mundo

A flor e a náusea, apesar


imobiliário, por meio de
18. Dialogando simbolicamente com o poema de Roseana episódios que mesclavam
Murray, na letra da música Fora de ordem, ao dizer que “Aqui
dos pessimismos, diante
diversas manifestações
culturais a temáticas
tudo parece que era ainda construção e já é ruína”, Caetano
do paradoxo da flor no as-
universais e relevantes.
Veloso aponta para questões sociais que assolam a sociedade Recentemente, o Memorial

falto, a voz lírica é tomada


desde a ascensão do capitalismo, como o domínio espacial das da América Latina e o
Governo do Estado de
grandes companhias imobiliárias, provocando ações como a
São Paulo criaram o Rá-
demolição de patrimônios históricos em prol da construção de
estabelecimentos modernizados, como shoppings e galerias.
Tim-Bum, o Castelo, uma
das grandes atrações do
por um instante de euforia,
a) Escute a música Fora de ordem, de Caetano Veloso. Dize-
calendário cultural e de
entretenimento de São
mostrando que, apesar dos
mos que há um paradoxo entre construção e ruína. Explique. Paulo. Construído em uma
área de 700 m² anexa ao percalços, o “homem” des-
Chamamos de paradoxo a oposição indireta que fazemos en- Pavilhão da Criatividade,
o espaço reproduz com crito no poema de Cabral
tre palavras. No texto, há uma relação de oposição entre cons-
ainda possui capacidade
o máximo de fidelidade o
desenho original do castelo
trução e ruína.
de se conectar com a na-
do seriado.

b) Você se recorda de lugares ou estabelecimentos que marca-


ram sua infância e não existem mais? O que foi construído no tureza, ainda que de formas
lugar? Converse com seus colegas de classe sobre situações http://www.ratimbumocas- tão inusitadas.
dessa natureza e reflitam a respeito dessas consequências da telo.com.br/materias

urbanização. Resposta pessoal.


Já no item b, o recurso pode
ser entendido como uma
233

fuga da realidade provoca-


da pelo contato momentâ-
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neo com a flor, que apesar


Anotações de “feia” soa suficientemen-
te frágil para comover a voz
lírica do poema, causando
então esse deslocamento
lírico espacial.

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PREÁ/Eudson e Lécio

Diálogo com
o professor

19. De acordo com o contexto da tira, Preá se considerou um sujeito inexistente porque:
a) Ele se considera um aluno ruim.
b) Discordou da professora.
c) Não entendeu o que a professora ensinou.
d) Acredita que a professora ensina errado.
e) Não gosta de estudar português.

20. Considerando as frases que a professora Norma escreveu no quadro, podemos imagi-
nar que ela:
a) Vê os alunos de forma positiva.
b) Acredita que seus alunos são importantes.
c) Ensina o conteúdo com paciência.
Sugerimos o filme Socie- d) Acha que seus alunos já sabem o conteúdo.
e) Vê todos os alunos da mesma maneira.
dade dos poetas mortos,
belíssima obra que mostra
um incomum professor de
literatura mudando as vidas
dos alunos de uma esco- É hora de produzir
la tradicionalista. Para ele
“não lemos e escrevemos Antes de começar a escrever
poesia porque é bonitinho. Na linguagem poética, a seleção cuidadosa e a posição das palavras no verso com
Lemos e escrevemos poe- a intenção de se transmitir uma ideia contribuem bastante para a beleza do poema. Por
essa razão, diz-se que a poesia está em tudo, em todos os lugares, basta, apenas, saber
sia porque somos membros percebê-la e transformá-la em linguagem.

da raça humana e a raça 234


humana está repleta de pai-
xão. Medicina, advocacia, LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 234 29/03/18 07:19

administração e engenharia
BNCC – Habilidades gerais
são objetivos nobres e ne-
cessários para manter-se EF69LP46 EF69LP51 Anotações
vivo. Mas poesia, beleza, EF69LP48 EF69LP53
romance, amor, é para isso
que vivemos”. BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28 EF67LP33
EF67LP31 EF07LP10
EF67LP32

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234

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Manual do Educador

Poema e letra de música

235
Capítulo
6
Proposta
O poema que você produzirá agora terá como assunto a
infância, um tema muito recorrente na poesia. Durante a pro- Aprenda
dução, você poderá fazer comparações entre como era sua mais!
vida quando criança e como ela é hoje. Você poderá também
Criança não trabalha
escrever um poema baseando-se num fato que marcou sua
memória. Fique à vontade para soltar sua imaginação e criar. Na letra de música Criança
não trabalha, Sandra
Os poemas produzidos deverão ser apresentados em um sarau Peres e Paulo Tatit (que
organizado pela turma. compõem o Palavra
Cantada), em parceria
Planejamento com o músico e poeta
Arnaldo Antunes, resgatam
diversos brinquedos e
Para produzir seu texto, siga o planejamento:
brincadeiras da infância
1. Defina o tema do seu poema e, em seguida, anote todas as de várias faixas etárias
e condições sociais. A
ideias, os pensamentos, que vierem à sua mente a respeito intenção é não somente
dele. Algumas dessas ideias, se trabalhadas em linguagem defender o direito à
poética, poderão ser aproveitadas. infância para todas as
crianças, mas também
2. Utilize versos livres para expor suas ideias e escolha se denunciar a desumanidade
dividirá ou não os versos em estrofes. do trabalho infantil.
Há brincadeiras citadas
3. Observe o ritmo, a sonoridade. na música que trazem
4. Dê um título ao seu poema.
boas memórias para
você? Que tal rememorar
passatempos e programas

Avaliação televisivos que marcaram


a sua infância e escrever
sobre eles em sua
1. Para avaliar seu poema, procure analisar os seguintes pontos: produção?

Aspectos analisados Sim Não


Você conseguiu desenvolver o tema com sen-
sibilidade?
O poema está escrito de maneira acessível?
O poema está estruturado em versos livres?
O título está adequado ao poema?
Encarte do CD Canções Curiosas
(1998), do Palavra Cantada.
2. Que aspectos precisam ser melhorados? http://palavracantada.com.br/
cd/cancoes-curiosas/
3. Reescreva seu texto fazendo as alterações necessárias e
entregue a versão final ao seu professor.
4. O próximo passo será a organização do sarau.

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o
6
ul
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Ca 236
mOmeNTO
DO
Letra de música e poema

u N Texto 1
g
Sugestão de Se Sinal fechado
— Olá! Como vai?
Abordagem — Eu vou indo. E você, tudo bem?
— Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no

A persistência da memória, de
futuro… E você?
— Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo…
Salvador Dalí, e o Princípio da Antes de
começar a ler
Quem sabe?
— Quanto tempo!
Teoria da Relatividade, de Eins- Agora, você vai ler dois
— Pois é, quanto tempo!

tein, podem ser um bom começo textos muito interessantes: — Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios!
a letra Sinal fechado, — Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
para debater o tema abordado uma canção do excelente
músico, poeta e compositor
— Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!

nos textos de Paulinho da Viola e


Paulinho da Viola, e o — Pra semana, prometo, talvez nos vejamos… Quem sabe?
poema Não tenho pressa, — Quanto tempo!
Alberto Caeiro.
de Alberto Caeiro, um dos
heterônimos do genial
— Pois é... quanto tempo!
poeta português Fernando — Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira
Pessoa. das ruas…
Paulinho da Viola nasceu — Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
no Rio de Janeiro, em 12
de novembro de 1942, no
— Por favor, telefone. Eu preciso beber alguma coisa rapi-
bairro de Botafogo. Ele damente…
cresceu em um ambiente — Pra semana…
musical, convivendo
com grandes artistas da
— O sinal…
época, amigos do seu — Eu procuro você…
pai, um reconhecido — Vai abrir, vai abrir…
violonista. Sua música
transita entre diversas
— Eu prometo, não esqueço, não esqueço…
tradições populares, como — Por favor, não esqueça, não esqueça…
o Carnaval, o choro e o — Adeus!
samba.
— Adeus!
Fernando Pessoa nasceu
— Adeus!
A persistência da memória.
em Lisboa em 1888 e
morreu em 1935. Sua Paulinho da Viola. Acústico MTV. Sony BMG, 2007.
obra é marcada por uma

Com base nos poemas e nestas


intensa criatividade, que
ele desdobrou por meio

sugestões, podemos levantar al-


da invenção de inúmeras
personalidades poéticas
— os seus heterônimos.
guns questionamentos: Os mais conhecidos são
Alberto Caeiro, Álvaro de

•• A noção de passagem do tem-


Campos e Ricardo Reis.

po é influenciada pela relação


do homem com o espaço? 236

•• O tempo, como os relógios no


quadro de Dalí, pode ser “mo-
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delável”?
BNCC – Habilidades gerais
•• O homem da grande cidade Anotações
tem uma sensação de passa- EF69LP44 EF69LP53
gem do tempo diferente do ho- EF69LP48 EF69LP54
mem do campo? EF69LP49

•• Como se dá a relação do ho-


mem com o tempo, na música BNCC – Habilidades específicas
de Paulinho da Viola e no poe-
EF67LP28 EF67LP38
ma de Alberto Caeiro?

236
236

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Manual do Educador

Poema e letra de música

237
Capítulo
6
Texto 2

Sugestão de Abordagem
Não tenho pressa
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o Sol e a Lua: estão certos. Podemos enriquecer as aulas
apresentando outros tipos de
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas
ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa. poemas, como os de cunho mais
popular. A literatura de cordel usa
Se estendo o braço, chego exatamente onde o meu braço chega —
nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
uma linguagem despreocupada
E isso faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras, com o português-padrão, valori-
zando o regionalismo e a oralida-
mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
e somos vadios do nosso corpo.
PESSOA, Fernando. Poesia completa de Alberto Caeiro.
São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 143.
de para fazer arte de um modo
peculiar e especial. Com temas
sobre amor, desventuras pelo
sertão, humor e ficção, a literatu-
ra de cordel começa a ganhar o
mundo.
Para auxiliar o seu trabalho com
cordéis, sugerimos o site da Aca-
demia Brasileira de Cordel, onde
você encontrará materiais muito
interessantes:
•• http://www.ablc.com.br/
Além disso, você pode apresen-
tar aos alunos animações de cor-
déis disponíveis no YouTube. Se-
237 guem algumas sugestões:
•• ht tps:// w w w.youtube.com/
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 237 29/03/18 07:19
watch?v=2p7gMAPwcaU
•• ht tps:// w w w.youtube.com/
Anotações watch?v=Y3nUM08IR3g
•• ht tps:// w w w.youtube.com/
watch?v=PXa3eYOh96I
•• ht tps:// w w w.youtube.com/
watch?v=Tj_fBdhtSLw
•• ht tps:// w w w.youtube.com/
watch?v=CYzTSjH2b6k

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Ca 238
Desvendando os segredos do texto
Sugestão de 1. Por que o título da música é Sinal fechado?

Abordagem Porque trata do encontro entre duas pessoas no trânsito. Elas se reconhecem e se falam
enquanto o sinal está fechado.

As pessoas têm comumen- 2. No verso 8 de Sinal fechado, o que significa a expressão andar a cem?

te a percepção de que o Significa viver sempre com pressa devido à falta de tempo.

gênero poema se constitui, 3. No verso 10 de Sinal fechado, há uma promessa de reencontro: o verbo prometer

obrigatoriamente, de lingua- flexionado no presente do indicativo expressa certeza. No entanto, uma palavra no verso
esvazia essa certeza. Qual é essa palavra e como ela se classifica?
gem formal. Seria interes- Talvez. Advérbio de dúvida.
sante mostrar aos alunos
4. Analise as afirmativas seguintes, sobre a letra Sinal fechado, assinalando V, para ver-
que isso não é uma regra. dadeira, ou F, para falsa.
Para comprovar isso, pode- a) ( V ) O título do texto faz referência ao local onde se passa o fato.
b) ( F ) O tempo em que ocorre o encontro é longo.
mos solicitar que pesqui- c) ( V ) As pessoas que se encontraram não se viam havia muito tempo.

sem textos de poetas po- d) ( V ) No quarto verso, a expressão sono tranquilo tem o sentido de viver sem preocupações.
e) ( F ) Os dois personagens comumente se encontravam.
pulares e relembrar o que f) ( V ) Não há certeza de que as pessoas se reencontrarão.
g) ( V ) As pessoas tinham muito para dizer uma à outra, mas a pressa as impediu.
vimos sobre Lourival Batis-
ta, o conhecido Louro do 5. Analisando o Texto 1, é correto afirmar que:
a) Trata-se de um monólogo — uma conversa pronunciada por uma única pessoa.
Pajeú, no capítulo 1 do livro b) É um monólogo interior — um pensamento de um personagem (ou seja, transcorre em
do 6º ano, onde desenvol- sua mente).
c) É um diálogo — fala articulada do pensamento de um personagem.
vemos um trabalho interes- d) É um diálogo — uma conversa estabelecida entre duas ou mais pessoas.
e) É um diálogo interior — uma conversa consigo mesmo.
sante sobre a importância
dos fonemas para a cons- 6. Observe o trecho seguinte, analise quanto aos sinais de pontuação e assinale a alter-
nativa incorreta.
trução do sentido. Outro
poeta que lhe dará muitas — Olá! Como vai?
— Eu vou indo. E você, tudo bem?
possibilidades de aborda- — Tudo bem! Eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro…

gem é Zé da Luz.
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Anotações Diálogo com o professor

A poesia popular é fonte ines- interessante apresentar aos alu-


gotável de arte e cultura, embo- nos alguns dos nossos poetas
ra muitos, infelizmente, a vejam, populares, para que conheçam,
por desconhecimento e precon- desde cedo, o mundo da literatu-
ceito, vazia de importância. No ra de cordel.
trabalho com este capítulo, seria

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Manual do Educador

Poema e letra de música

239
Capítulo
6
a) Os travessões foram utilizados para representar falas diretas.
b) As interrogações foram usadas para fazer perguntas.
c) As exclamações foram usadas para expressar ordens. Aprenda
mais!
d) A vírgula foi usada para indicar uma pequena pausa.
A passagem do tempo na
e) As reticências foram utilizadas para indicar uma ideia que poesia popular
ficou por terminar. Em seu poema Amanhã,
o poeta popular cearense
7. De acordo com o uso das palavras e expressões sublinha- Patativa do Assaré
das no Texto 1, é correto afirmar que: (1909–2002) retrata a
passagem do tempo de
a) A palavra tranquilo é usada para caracterizar o tipo de sono forma bilateral: ao passo
que se quer, isto é, a expressão sono tranquilo representa que a sucessão dos dias
pode nos trazer realizações
a busca por paz. e boas aventuranças, ela
b) O adjetivo tranquilo em relação à flexão de gênero (mascu- também nos aproxima do
lino e feminino) é invariável. derradeiro dia de nossa
morte. Historicamente,
c) A palavra pressa é um substantivo concreto por não designar tal argumento tem sua
ser com existência própria. origem na expressão latina
memento mori (“lembre-se
d) A expressão a cem foi usada com a intenção de afirmar que da morte”), que era usada
o falante só dirige a 100 quilômetros por hora. por artistas de diversas
modalidades a fim de
e) A palavra o em o sinal indica que se trata de um sinal de abordar a efemeridade
trânsito qualquer. da vida. Observe como
Patativa abordou o tema da
8. Analisando o poema Não tenho pressa, podemos afirmar que: morte nos versos a seguir:

a) O eu lírico apresenta-se perturbado com a passagem do Com o belo amanhã que

tempo.
ilude a gente,
Cada qual anda alegre e
b) É um poema escrito em versos rimados. sorridente,
c) Seu tema se diferencia de Sinal fechado exatamente pelo Como quem vai atrás de
um talismã.
fato de o eu lírico viver em profunda tranquilidade.
d) Trata do desejo do eu lírico de encontrar a paz.
Com o peito repleto de
esperança,
e) O eu lírico aparece inconformado com o pouco tempo que Porém, nunca nós temos a
tem, exatamente como as duas pessoas que se encontram lembrança

na letra Sinal fechado. De que a morte também


chega amanhã.

9. Relacionando o Texto 1 ao Texto 2, analise as afirmativas a ASSARÉ, Patativa do.


Amanhã. In: Cante lá que eu
seguir. Marque V, para verdadeira, ou F, para falsa. canto cá: filosofia de um tro-

a) ( F ) No Texto 1, as pessoas que se encontram entendem que


vador nordestino. Petrópolis:
Vozes, 1978.
ter pressa é inútil diante do tempo, assim como pensa o
eu lírico do Texto 2.
b) ( V ) O eu lírico do Texto 2 não vive a cem.
c) ( V ) No Texto 1, as pessoas não têm tempo para aproveitar a
vida, enquanto no Texto 2 o eu lírico parece viver cada dia
como se não se preocupasse com nada.
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o
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Ca 240
d) ( V ) No Texto 2, o eu lírico demonstra que está em busca de um sono tranquilo, mas não
tem pressa.
e) ( V ) Os dois textos tratam de um mesmo tema sob perspectivas opostas.
Sugestão de
10. Em Sinal fechado, que elementos formais podem ser considerados recursos tanto da
Abordagem letra de música quanto dos poemas?
A repetição de palavras (“Adeus! Adeus!”), rimas toantes em “prometo” e “esqueço” e apre-
Para as questões da seção sentação em versos.
Análise linguística, propo- 11. Reflita e opine: você consegue imaginar o poema Não tenho pressa sendo transforma-
mos estas respostas: do em música? Quais elementos no texto contribuiriam para tal adaptação?

1. Quer dizer que a vida Resposta pessoal. Sugestão: Na ausência de rimas ao fim dos versos, a repetição da pala-
vra pressa seria útil na construção de uma constante, isto é, um ponto marcante que fosse
das pessoas não mudou
nada, elas continuam en-
capaz de conduzir a música, dando margem para a construção — por exemplo — de um
refrão.
frentando a fome, a seca,
etc.
12. Você se recorda de textos que tratam de assuntos semelhantes a esses? Lembra de
momentos que o memento mori apareceu em filmes, músicas e outras manifestações artís-
2. Não, pois ele não cum- ticas? Comente com seus amigos e seu professor.

pre o que promete aos


eleitores.
Análise linguística
3. As coisas.
4. Através da desinência Concordância verbal
verbal. Leia a tirinha:
XAXADO/Antonio Cedraz
Existem casos em que não
é possível identificar o sujei-
to por meio da desinência
verbal, como nas orações
reduzidas e nas silepses
de pessoa. Como são ca- 1. Na tirinha, Arturzinho afirma que, no Sertão, tudo continua na mesma. O que significa na
mesma para ele?
sos restritos, optamos, por
questões didáticas, por não 240

explicitá-los.
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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
EF69LP05 EF69LP56
EF69LP55

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP08
EF07LP06

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240

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Manual do Educador

Poema e letra de música

241
Capítulo
6
2. O deputado da tirinha é um homem honesto? Explique.
3. Qual é o sujeito do verbo estar no primeiro quadrinho?
4. Como podemos, formalmente, identificar o sujeito de um verbo?
Como vimos, para identificar o sujeito de um verbo, basta Aprenda
analisar a desinência verbal, pois o verbo concorda em pessoa mais!
e número com o sujeito ao qual se refere. Esse é o princípio
básico da concordância verbal. Observe: 3a do plural
Na música 3a do plural, dos
Como estão as coisas aqui no Sertão, Arturzinho? Engenheiros do Hawaii,
há uma crítica em relação
aos indivíduos “ocultos”
que controlam a sociedade,
O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. engenhosamente
construída a partir de um
recurso gramatical.
Assim, podemos formular as regras básicas da concordância
verbal: No decorrer da letra, o
pronome eles é usado em
1. O verbo vai à primeira pessoa do singular se o sujeito é ou várias afirmativas acerca
pode ser representado pelo pronome eu: Espero vocês na das problemáticas geradas
estação. pelo sistema capitalista;
havendo o ápice das ideias
2. O verbo vai à segunda pessoa do singular se o sujeito é ou resumidas no refrão “Quem
pode ser representado pelo pronome tu: Queres sorvete? são eles? / Quem eles
3. O verbo vai à terceira pessoa do singular se o sujeito é ou pensam que são?”. Apesar

pode ser representado pelos pronomes ele, ela ou você:


de a letra não explicitar o
sujeito a que o pronome se
Ele adora música. refere, fica subentendida
4. O verbo vai à primeira pessoa do plural se o sujeito é ou a postura inconformada

pode ser representado pelo pronome nós: Participaremos


do eu lírico diante da
manipulação exercida por
das Olimpíadas em várias modalidades. “eles”, esclarecendo ao
5. O verbo vai à segunda pessoa do plural se o sujeito é ou público o referente sem a

pode ser representado pelo pronome vós (emprego raro,


necessidade de revelá-
-lo. Analise o emprego da
mesmo na escrita formal): Vós precisais de ajuda? terceira pessoa do plural
6. O verbo vai à terceira pessoa do plural se o sujeito é ou nos versos a seguir:

pode ser representado pelos pronomes eles, elas ou vo- Eles querem te vender
cês: Vocês são muito importantes! Eles querem te comprar
Querem te matar (de rir)
Maria e Mariá (= elas) são minhas filhas gêmeas. Querem te fazer chorar
Quem são eles?
Quem eles pensam que

Eu e Lucas (= nós) somos irmãos.


são?
GESSINGER, Humber-
to. 3ª do plural. In: Surfando
Karmas & DNA. São Paulo:
Universal, 2002.

A violência e o desemprego (= eles) são sérios problemas.

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Prática linguística

Texto 1
BNCC – Habilidades gerais
Gato que brincas na rua
EF69LP48 EF69LP53
Gato que brincas na rua
EF69LP49 EF69LP54 Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama. És feliz porque és assim,

Anotações
Todo o nada que tens é teu.
Bom servo das leis fatais Eu vejo-me e estou sem mim
Que regem pedras e gentes Conheço-me e não sou eu.
Que tens instintos gerais PESSOA, Fernando. Poesias. Nota explicati-
E sentes só o que sentes. va de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.
Lisboa: Ática, 1942.

1. O que o eu lírico expressa em relação a si mesmo e o que o faz invejar o gato?

O eu lírico se sente perdido, insatisfeito com sua própria vida, enquanto o gato parece ser
autossuficiente, imperturbável e cheio de confiança.

2. Nesse poema, há um caso especial de concordância: uma figura de linguagem chama-


da silepse. Em qual verso do poema podemos encontrar uma silepse de pessoa, como foi
criada e qual é o efeito gerado por ela?
No verso “Gato que brincas na rua”. Foi criada flexionando-se o verbo na segunda pessoa
do singular (brincas) ao mesmo tempo que usa a palavra gato em vez do pronome tu. O
efeito obtido é o de falar do gato ao mesmo tempo que se dirige a ele.

3. Que característica do gato o eu lírico quis indicar com os versos “E sentes só o que
sentes” e “Todo o nada que tens é teu”?
A simplicidade da vida felina.

4. Identifique no poema e copie abaixo as formas verbais que o eu lírico usa para se dirigir
ao gato, depois responda: em que modo, tempo e pessoa estão flexionadas?
As formas verbais são brincas, tens, sentes, és, flexionadas no modo indicativo, tempo pre-
sente, segunda pessoa do singular.

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Manual do Educador

Poema e letra de música

243
Capítulo
6
Texto 2

Retrato de época
Dicionário
Houve um tempo, acreditem, em que não havia televisão;
houve tempo até em que não havia sequer rádio ou cinema. As A silepse é uma figura de
linguagem que representa
pessoas se distraíam lendo, contando histórias, fazendo a sua
a concordância ideológica,
própria música. Iam ao teatro, quando havia teatro, e às apre- ou seja, a concordância
sentações das bandas nos coretos. Praticamente não havia ci- que se faz com a ideia,
com o elemento que se
dade digna do nome sem uma banda e um coreto.
tem em mente, não com
Mas a grande diversão, a festa que transformava a paisa- o elemento expresso
gem e alegrava os corações, era o circo. É difícil imaginar, no na frase. A silepse pode
ocorrer de três maneiras:
nosso mundo de entretenimento instantâneo e ininterrupto, o
Silepse de gênero – A
que representava a chegada do circo, sobretudo nas pequenas concordância entre os
cidades do interior. A verdade é que já não há espetáculo, por nomes se dá tendo em
grandioso que seja, capaz de superar, em impacto, a presença vista a ideia de gênero.
Ex.: Sua Excelência, o
alegre da lona, que atraía igualmente a todos. O circo era a deputado, está cansado.
quebra da rotina, o grande assunto, a mágica que superava a Nesse caso, o adjetivo
imaginação. Não era à toa que o palhaço era ladrão de mulher cansado concordou com
a ideia de masculino
e que tanta gente fugia com o circo. expressa pelo termo o
[...] deputado, e não com o
Como tantos outros circos de cavalinhos, o Nerino — circo feminino do termo sua
excelência.
muito conhecido que, durante 52 anos, percorreu o Brasil —
Silepse de número – A
nasceu da associação de meia dúzia de artistas, todos aparen- concordância se dá tendo
tados. Na época, circo ainda não era profissão que se apren- em vista a ideia de plural.
desse em escola especializada, mas destino de família. Ex.: Muita gente não gosta
de ópera; as vozes lhes
Cora Rónai. O Globo. Caderno Prosa & Verso. (adaptado).
aborrecem.
Nesse caso, o pronome lhe
5.Apresentando uma escrita autoficcional, o Texto 2 possui as foi flexionado no plural para
características básicas de que gênero textual? concordar com a ideia de
grupo expressa pelo termo
Crônica. ao qual se refere (muita
gente).
Silepse de pessoa – A
6. Considerando o gênero textual em que se enquadra o Texto concordância se dá pela
2, podemos dizer que o Texto 1 dele se aproxima: ideia de pessoa. Ex.:
a) Por se apresentar em prosa. Os brasileiros somos
um povo miscigenado.
b) Por se originar de um fato do cotidiano. Nesse caso, o falante
c) Por ser escrito em versos. fez a concordância na
d) Por apresentar musicalidade. primeira pessoa (nós), e
não na terceira pessoa
(os brasileiros), porque
se incluiu no termo os
brasileiros.

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o
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Ca
7. No primeiro período do Texto 2, em que modo está flexiona-
244 do o verbo acreditar?
No modo imperativo.

8. Qual é o sujeito do verbo acreditar, no primeiro período do


Texto 2?
Aprenda
mais! Os próprios leitores.

Autoficção: há limites
9. Ainda sobre o primeiro período do Texto 2, a autora suspei-
para a escrita?
ta de que o que diz pode parecer:
Aproximando-se
esteticamente de a) Confiável.
elementos da crônica b) Inconcebível.
(a abordagem de temas
c) Indiscutível.
relativos aos causos
do cotidiano, reflexões d) Verossímil.
embasadas em “humor e) Verdadeiro.
ácido”, etc.), a escrita
autoficcional se apresenta
como uma tendência cada
10. No segundo parágrafo do Texto 2, a autora ressalta as pe-
vez mais relevante para um culiaridades do circo. Marque o que não caracteriza o circo.
entendimento mais amplo
a) Itinerante.
das propostas literárias
contemporâneas. b) Popular.
As controvérsias que c) Sedutor.
rondam esse estilo vão d) Rotineiro.
desde a relação entre e) Surpreendente.
autor, leitor e realidade, a
questões sobre até onde a
escrita autobiográfica pode 11. (Cesgranrio) Quando escreve “[...] entretenimento instantâ-
ser considerada literária, neo e ininterrupto [...]” (segundo parágrafo), a autora faz uma
em razão da carga emotiva
exacerbada que textos com alusão ao(à):
aspectos mais pessoais a) Teatro.
costumam apresentar. b) Circo.
c) Show.
d) Bandinha.
e) Televisão.

12. (Cesgranrio) O Texto 2 informa que os circos nasciam, em


geral, da associação de:
a) Seis artistas aparentados.
b) Seis artistas profissionais.
c) Uns poucos artistas aparentados.
d) Grupos de artistas profissionais.
e) Inúmeros artistas aparentados.

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Manual do Educador

Poema e letra de música

245
Capítulo
6
13. (Cesgranrio) Na frase “houve tempo até em que não havia
sequer rádio ou cinema” (primeiro parágrafo), as palavras em Compartilhe
ideias
destaque significam, respectivamente:
a) Ainda – talvez.
b) Ainda – todavia.
c) Não só – mas também.
d) Também – ao menos.
e) Apenas – pelo menos.

14. Considerando o trecho do texto analisado na questão anterior,


sobre as formas verbais houve e havia podemos afirmar que:
a) Não possuem sujeito.
b) Possuem sujeito simples.
c) Apresentam sujeito indeterminado.
d) Apresentam sujeito composto.
e) Possuem o mesmo núcleo do sujeito.

15. (Cesgranrio) Em “[...] o que representava a chegada do cir-


co [...]” (primeiro parágrafo), a palavra em destaque é classifi-
cada como:
a) Substantivo.
b) Adjetivo.
c) Verbo.
d) Advérbio de lugar.
e) Advérbio de tempo.

16. (Cesgranrio) Algumas pessoas se ______ com a leitura,


mas tu só te ______ com a televisão.
a) Distraem, distraes.
b) Distraem, distrais.
c) Distraiem, distrais.
d) Distraiem, distrai.
e) Distraiem, distraes.

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Ca

246 É hora de produzir

Aprenda
mais! Antes de começar a escrever
Empoderamento social por No texto Sinal fechado, que você leu neste capítulo, o poeta
meio da literatura aborda um tema muito atual na nossa sociedade: a pressa. A
Com mais de 16 anos poesia, como outras formas de arte, pode ser entendida como
de atuação na periferia
de São Paulo, o Sarau
uma maneira de compreensão da realidade, seja partindo de
da Cooperifa é um forte uma perspectiva individual — os sentimentos, as paixões, as
exemplo de empoderamento lembranças —, seja partindo de uma perspectiva coletiva — o
social por meio da literatura.
Através de eventos como
mundo que nos cerca, os problemas sociais, a convivência.
Cinema na laje, Sarau nas
escolas, Natal com livros
e Canja poética, o projeto Proposta
tem como base a difusão da
literatura como instrumento Nesta atividade, nós trabalharemos simultaneamente dois
de luta contra os principais gêneros textuais, a reportagem e o poema, para produzir um
problemas enfrentados
jornal de poesia. Para isso, você fará uma pesquisa sobre os
pelos moradores das
comunidades. principais problemas que afligem a sua cidade, como violên-
Criada pelo poeta Sérgio cia, transporte público precário, pobreza, uso de drogas, polui-
Vaz, a cooperativa almeja ção, risco de catástrofes, etc. Depois disso, você selecionará
a desconstrução da visão
tradicional da literatura como
um desses problemas e produzirá uma reportagem, de acordo
manifestação artística restrita com o que vimos no Capítulo 4. Em seguida, você trocará a sua
a parcelas intelectuais da reportagem com um colega, e cada um produzirá um poema
sociedade. Segundo ele,
a necessidade de resistir
baseado no texto um do outro. Quando terminarem, organizem
e persistir na proposta as reportagens lado a lado com os respectivos poemas, enca-
surgiu ao perceber que, dernem o conjunto de produções e promovam, na escola, um
com o advento de iniciativas
inclusivas voltadas para a
evento de lançamento do jornal de poesia para que cada dupla
arte local, os moradores apresente seu trabalho.
sentiriam orgulho de fazer
parte da comunidade e
poderiam ser motivados a Planejamento
contribuir de forma ativa
para o crescimento desses Para planejar bem a reportagem, é importante atentar para
movimentos, construindo
os seguintes pontos:
uma rede orgânica de
ações voltadas para o poder 1. Antes de começar a escrever a reportagem, faça uma boa
transformador social da pesquisa sobre o tema que você escolher. Faça um levanta-
literatura.
mento dos pontos mais importantes da pauta, observando as
Para conhecer mais
a iniciativa, assista à informações que deverão ser necessariamente utilizadas.
reportagem disponibilizada 2. Procure colher depoimentos de pessoas que possam falar
no link: https://www.youtube.
com/watch?v=yBFeiZhRDyQ sobre o tema da reportagem, como moradores, autorida-
des, trabalhadores da região, etc. Isso dará mais credibili-

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Manual do Educador

Poema e letra de música

247
Capítulo
6
dade ao seu texto.
3. Procure utilizar uma linguagem adequada para seus leitores (pais, professores, colegas
da escola, etc.).
Leitura
4. Utilize os trechos mais importantes dos depoimentos colhidos. Para isso, observe o uso Complementar
dos verbos dicendi.
5. Procure enriquecer sua reportagem visualmente. Fotos, boxes, gráficos, legendas, etc.
ajudam o leitor a construir sentido durante a leitura. Em Análise de textos:
6. Produza uma manchete e um lide adequados aos seus objetivos.
fundamentos e práticas,
7. Assim que terminar, releia sua reportagem procurando identificar pontos em que há
falhas, como falta de sentido, trechos confusos, linguagem inadequada, etc. Irandé Antunes traz bons
8. Feito isso, passe a sua reportagem para um colega. Baseado nela, ele produzirá um exemplos de análises. Nas
páginas 109 a 114, ela fez
poema de temática social. Logicamente, você também produzirá um poema, mas com
base na reportagem do seu colega.

Agora, vamos planejar o poema:


um trabalho muito interes-
1. Procure compreender bem a reportagem. Que problema social ela retrata? sante com o poema A mis-
2. Identifique, na reportagem, as informações que podem ajudar você na composição do sa dos inocentes, de Mário
Quintana.
seu poema.
3. Seu poema será estruturado em versos livres ou terá os versos rimados?
4. Procure abordar o tema com sensibilidade e criatividade.
5. Observe a adequação linguística, levando em conta a liberdade que um poeta tem no
uso da linguagem.

Avaliação
1. Agora, as duplas avaliarão o próprio trabalho. A avaliação deverá ser feita pela dupla,
que analisará os trabalhos relacionados (reportagem de um e poema do outro) simul-
taneamente. Depois, avaliem os outros dois trabalhos relacionados (reportagem e poe-
ma) seguindo o mesmo roteiro. Durante a avaliação, pensem nisto:

Aspectos analisados Sim Não


A reportagem traz informações e depoimentos interessantes?
A linguagem da reportagem está adequada aos seus leitores?
O texto se configura visualmente como uma reportagem?
A manchete e o lide estão adequados?
O poema de fato abordou a reportagem?
O tema foi abordado com sensibilidade e criatividade? ANTUNES, Irandé (2010).
Análise de textos:
O poema está estruturado em versos?
fundamentos e práticas.
247 São Paulo: Parábola.

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BNCC – Habilidades gerais

Anotações EF69LP46 EF69LP51


EF69LP48 EF69LP53

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28 EF67LP33
EF67LP31 EF07LP10
EF67LP32

247

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A escrita em foco
Sugestão de
Abordagem Uso de ç, s e ss
Leia o poema:
Mostre aos seus alunos que A namorada
os poemas podem apresen- Havia um muro alto entre nossas casas.
tar diferentes formas. Apre- Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
sente a estrutura do soneto O pai era uma onça.

(pequena composição poé- A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão
e pinchava a pedra no quintal da casa dela.
tica composta de 14 versos, Se a namorada respondesse pela mesma pedra,

com número variável de síla-


era uma glória!
Mas, por vezes, o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira,
bas, sendo o mais frequente e então era agonia.

o decassílabo, e cujo último


No tempo do onça era assim.
BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo.

verso, chamado de chave


Rio de Janeiro: Record, 2001.

de ouro, concentra em si a 1. Nesse poema, o eu lírico explica como se comunicava com


a sua namorada. Em que versos ele descreve como se dava
ideia principal do poema ou essa comunicação?
2. Que versos justificam a necessidade de se comunicar as-
deve encerrá-lo de maneira sim?
a encantar ou surpreender 3. Em que versos o eu lírico deixa claro que os fatos narrados

o leitor) e do haicai (forma


se passaram em uma época diferente dos dias de hoje?
4. Nos versos:
de poesia japonesa surgida O pai era uma onça.
no século XVI e ainda hoje No tempo do onça era assim.

em voga, composta de três a) A palavra onça está empregada no sentido real ou figu-
versos com cinco, sete e rado?
b) Qual é o sentido da palavra onça em cada verso?
cinco sílabas); rememore-os
acerca do que são estrofes,
versos, tercetos, quartetos,
rimas, etc. 248

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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
EF69LP53
EF69LP54

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP28
EF67LP32

248
248

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Manual do Educador

Poema e letra de música

249
Capítulo
6
5. Agora, confronte as palavras a seguir:

difícil onça saída assim

Você reparou que o som do c em difícil é representado por


ç em onça, por s em saída e por ss em assim? Pois é, em
alguns casos esse som pode nos confundir quando devemos
reproduzi-lo na escrita. Então, observe as dicas:

Uso de ç
• Em palavras de origem indígena, africana ou árabe: açúcar
(árabe), caiçara (indígena), açaí (indígena).
• Em substantivos, na terminação -ção, quando estes se ori-
ginam de verbos terminados em -ter, -tir, -der, -mir, e que
mantêm essas terminações: contenção (conter), abstenção
(abster).
• Na terminação -ção em substantivos originados a partir de
verbos que não terminam em -ter, -tir, -der, -mir: disposição
(dispor), composição (compor), reparação (reparar), escova-
ção (escovar).

Uso de ss
• Na terminação -ssão em substantivos originados de verbos
terminados em -der, -dir, -ter, -tir, -mir, nos casos em que
essas terminações desaparecem na formação dos substan-
tivos: cessão (ceder), agressão (agredir), intromissão (intro-
meter), transmissão (transmitir), compressão (comprimir).
• Sempre antes de vogais e nunca depois de consoantes: as-
sado, amassado, necessário, passar.

Uso de s
• Nos substantivos originados de verbos terminados em -der,
-dir, -ter, -tir, nos casos em que essas terminações desapa-
recem na formação do substantivo e o s aparece depois de n
ou r: ascensão (ascender), conversão (converter), diversão
(divertir).
• Na terminação -ense: cabo-friense, recifense, paranaense,
fluminense.

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É importante notar que nem sempre o uso dessas letras se-

250 Compartilhe
ideias
gue uma regra específica. Na verdade, o que determina a forma
escrita de uma palavra é a sua origem. Por exemplo, a palavra
felicidade é escrita com c devido à sua origem latina. Assim,
como nem sempre é possível conhecer a origem das palavras,
na prática o emprego dessas letras é determinado pelo nosso
conhecimento, adquirido ao longo dos anos por meio da leitura e
da escrita. Por essa razão, é muito mais fácil escrever palavras
cotidianas, como solução, do que palavras de uso mais restrito,
como sucção.

A escrita em questão

1. Assinale a alternativa em que o substantivo derivado do


verbo é grafado com -ssão.
a) Repercutir.
b) Descrever.
c) Preparar.
d) Formar.
e) Antecipar.

2. Escreve-se com ss:


a) Felicita__ão.
b) Demi__ão.
c) Imagina__ão.
d) A__ão.
e) Ilumina__ão.

3. (Cesgranrio) Pre__ão/in__êndio/e__emplo.
a) ç – ç – z.
b) ss – c – x.
c) ss – c – z.
d) s – c – s.
e) c – ç – x.

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Manual do Educador

Poema e letra de música

251
NTO 6 Capítulo
e
rAm
C e r 1.
eN Neste capítulo, trabalhamos com dois gêneros textuais intimamente rela-
cionados: letra de música e poema. Sobre o gênero letra de música, é corre-
to afirmar que:
a) É um gênero predominantemente argumentativo, e sua função é convencer
o leitor sobre as qualidades de determinado produto.
b) Apesar de ser estruturado em versos, com recursos de ritmo e métrica, é um
gênero diferente do poema principalmente por sua função social.
c) É um gênero oral literário cuja função é trazer temas que reflitam sobre as
desigualdades sociais.
d) Apresenta como tipo textual predominante o dissertativo, pois pode tratar
sobre qualquer tema.
e) Sempre traz o tema do amor como algo idealizado e inalcançável.

2. Assinale a alternativa verdadeira sobre o gênero poema.


a) Os poemas sempre são escritos em forma de verso e obedecem a um rigo-
roso cálculo métrico e rítmico.
b) Sua criação depende muito da inspiração dos poetas. O trabalho com a
palavra vem para compensar quando a inspiração não é tão intensa.
c) Tem a musicalidade como um recurso indispensável, por isso é comumente
confundido com a letra de música.
d) Pertence às esferas artística e literária, exigindo grande habilidade linguísti-
ca e estilística, ao contrário de se pautarem apenas na inspiração do poeta.
e) Deve usar uma linguagem objetiva, portanto sem margem à metáfora, ironia
ou qualquer outra figura de linguagem, de forma a expressar as emoções de
forma mais clara e direta.

3. Ainda sobre o gênero poema, assinale a opção correta.


a) Sempre trabalha o tema do amor inalcançável de um homem por uma mu-
lher, por isso assuntos do cotidiano e da filosofia, por exemplo, não fazem
parte do perfil temático desse gênero.
b) Como gênero bastante subjetivo, pertence à esfera do cotidiano, manifestan-
do aspectos mentais e emocionais dos agentes dos acontecimentos diários.
c) É uma simples exposição de um tema específico e que utiliza recursos pró-
prios da fala, como repetições, hipercorreções, gírias, expressões vulgares.
d) Possui uma estrutura variável, que apresenta quase sempre título, corpo do
texto e slogan.
e) Exige uma elaboração teórico-artística complexa, pois trabalha recursos
como a métrica, a rima, a lógica argumentativa, absolutamente não se res-
tringindo a um dom ou mera inspiração do poeta.

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Ca 252
4. Leia o poema a seguir, de autoria de Zé da Luz.

Aprenda Ai! Se sêsse!…


Sugestão de mais!
Se um dia nós se gostasse;
Abordagem O poeta popular Severino
de Andrade Silva (1904–
Se um dia nós se queresse;
1965), como Zé da Luz, Se nós dois se impariasse,
publicou apenas um livro, Se juntinho nós dois vivesse!
O poeta popular paraibano chamado Brasil Caboclo:
o sertão em carne e osso
Se juntinho nós dois morasse

Zé da Luz (1904–1965) es- (1936). Um dos principais


conflitos da poesia popular
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
creveu, entre tantos outros, o é a visão preconceituosa
de que é “inferior” à poesia
Se pro céu nós assubisse?

poema Ai se sêsse, que versa


tida como culta. Nesse Mas porém, se acontecesse
contexto, conta-se que o qui São Pêdo não abrisse
sobre o amor. O poema teve
poeta Zé da Luz escreveu
Ai! Se sêsse!... porque lhe
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulice?
como inspiração uma crítica
disseram que, para falar de
amor, é preciso escrever E se eu me arriminasse

que ele recebeu, a respeito de


conforme a norma culta.
O resultado é um poema
e tu cum insistisse,
pra qui eu me arrezorvesse
seu modo de falar e escrever.
rico em imagens poéticas
e versos carregados de e a minha faca puxasse,
significado.

Segundo lhe disseram, para


e o buxo do céu furasse?
Tarvez qui nós dois ficasse
falar desse tema era preciso tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
empregar um português “cor- e as virge tôdas fugisse!

reto”. O poema pode ser en- Disponível em: http://www.ablc.com.br/ai-se-sesse/. Acesso em: 17/02/2018.

contrado no link http://www. a) O poema foi composto em uma norma não padrão da lín-
gua portuguesa. Isso fica claro na ortografia de certas palavras,
jornaldepoesia.jor.br/zedaluz1.
Capa do livro de Zé da Luz.

como virge, quarqué e tarvez, e no emprego dos verbos. Qual

html. Confira também o poema


é o modo verbal que predomina no texto? Em que tempo está?
Os verbos estão empregados no futuro do modo subjuntivo.
declamado pelo cantor Lirinha b) Que efeito de sentido o modo e o tempo desses verbos pro-
Dicionário
no link http://www.youtube. duzem no poema?

com/watch?v=8NBauvFV6bo Impariasse – Forma


popular do verbo
Espera-se que o aluno perceba que o emprego dos verbos no
emparelhar (ficar lado a
Com esse poema, podemos
futuro do subjuntivo estabelece uma relação de condição. É
lado, tornar-se parceiro).
arriminasse – Forma uma noção temporal hipotética, ligada à imaginação.
trabalhar: popular do verbo arrimar
(arrumar-se – conseguir c) Neste capítulo, quando estudamos o mecanismo da concor-
dância verbal, vimos que, de acordo com a norma-padrão, a
boa situação, sob qualquer
1. O caráter de “desejo” e de aspecto).
regra geral é o verbo concordar com o seu sujeito em número e
“se pudesse acontecer ou 252
poderia ter acontecido” que
o verbo no pretérito imper- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 252 29/03/18 07:19

feito do subjuntivo pode ex-


pressar e de que forma isso
3. A linguagem poética.
contribui para a construção BNCC – Habilidades gerais
dos sentidos no texto. A ati- 4. A noção de sujeito e o me-
EF69LP46 EF69LP54
vidade retoma o que vimos canismo de concordância
EF69LP48 EF69LP55
no capítulo 3, sobre o modo verbal na fala popular. EF69LP49 EF69LP56
subjuntivo. EF69LP53
2. A noção de certo e errado
na linguagem.

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Manual do Educador

Poema e letra de música

253
Capítulo
6
pessoa. Essa regra pode ser verificada nos versos do poema? Explique.
Não. No poema, os verbos são empregados na terceira pessoa do singular, independente-
mente da pessoa gramatical representada pelo sujeito.

d) Caso todos os verbos fossem empregados conforme a norma culta, o que aconteceria sente, de indicação de senti-
com a musicalidade do poema?
A musicalidade seria inteiramente prejudicada.
mento presente no ato da fala:
e) A maneira como o autor empregou os verbos prejudicou a construção do sentido do texto
“[…] diz a ela que sem ela não
por parte do leitor? Explique. pode ser / diz-lhe numa prece
Espera-se que o aluno observe que a construção do sentido não é prejudicada pelo empre- / que ela regresse / porque eu
go dos verbos. Como o poeta segue regras gramaticais (ainda que diferentes da norma-pa-
não posso mais viver […]”.
drão), a expressividade do poema é garantida tanto pela sintaxe quanto pela musicalidade.
Logo mais, o eu lírico conti-
nua: “Mas se ela voltar […] /
que coisa linda, que coisa lou-
ca/ pois há menos peixinhos a
mídias em contexto nadar no mar / do que os bei-
jinhos que darei na sua boca
1. Neste capítulo, vimos também que é possível perceber na / dentro dos meus braços os
abraços hão de ser milhões de
literatura regional nordestina a presença de elementos típicos
de outras tradições, como a musicalidade medieval, a herança
lusitana do cordel e até mesmo o uso de versos heroicos (de-
Aprenda abraços […]”.
cassílabos). Nos conteúdos escolhidos, também há diversida- mais!
de: desde adaptações de clássicos da literatura mundial, como
Os miseráveis e As mil e uma noites, até causos que misturam Elemento bastante usado
2. A mudança provocada pela
elementos da cultura regional nordestina com personagens da na poesia popular, o
mote consiste em versos
palavra mas.
cultura pop, provocando situações cômicas e improváveis.
3. O sentido de possibilidade
(geralmente dois, a serem
recitados ao fim do poema)
Grandes responsáveis pela preservação da cultura popular, as apresentados como desafio
famosas mesas de glosa, intensamente difundidas na região nas mesas de glosa para
real que pode ser depreendi-
nordeste do Brasil, são desenvolvidas em torno de um mote e os poetas, que devem

apresentam um fundamento importante para a quebra do pre-


improvisar em tema livre,
de modo a estabelecer
do do verbo voltar, flexionado
conceito com manifestações literárias que não apresentam a
linguagem formal, provando que um poema não deve ser quali-
vínculos engenhosos entre
a ideia fixa do mote e os no futuro do subjuntivo, acom-
panhado do se.
desdobramentos estéticos
ficado unicamente pela sua complexidade, mas por uma soma de cada um.
de atributos que lhe conferem autenticidade.

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4. Logo após, os verbos no pre-
sente e no futuro do indicativo
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produzem mais veemência no
discurso: há/ darei/ hão...
Depois, seria interessante com-
Sugestão de Abordagem
parar os dois textos, o de Zé da
Luz e o de Tom Jobim, e destacar
Outro texto interessante para se Nas suas primeiras estrofes, você como eles nos permitem supor
trabalhar é a letra de Chega de pode abordar: que, no primeiro, há um discur-
saudade, de Tom Jobim, que 1. O presente do indicativo e o so mais distante do objeto dese-
pode ser encontrada neste link modo imperativo (de súplica), jado, mais platônico; enquanto o
http://letras.terra.com.br/tom-jo- e de que forma ele permite segundo parece estar mais próxi-
bim/49028/. expressar a ideia de fato pre- mo do realizável.

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Ca 254
Em estrofes de geralmente dez versos, os autores convidados para as mesas de glosa
se propõem a discorrer sobre temas universais e regionais, optando por linguagens mais
Anotações acessíveis ao público a fim de promover reações imediatas. A cada rodada, é possível não
só observar a capacidade dos autores de elaborar improvisos em pouco tempo e nas mais
sortidas situações, como também perceber marcações estéticas que possam ajudar a ma-
pear com mais precisão o estilo de cada autor.

Nesta atividade, vamos conhecer mais um pouco a poesia popular e os desafios realizados
entre os poetas do improviso.

a) Pesquise na Internet textos da literatura de cordel e escolha dois motes para levar para
a sala de aula.
b) Entre os motes levados por você e pelos seus colegas para a sala de aula, eleja um para
produzir um poema.
A partir desse exercício de produção, espera-se que o aluno se sinta apto a experimentar
componentes estudados durante o capítulo, com a finalidade de aplicar o conhecimento
adquirido de forma autoral e sem receios. A avaliação dos poemas deve acontecer de modo
a valorizar sua capacidade de gerar abordagens criativas para os motes, observando suas
escolhas tanto de estilo quanto de conteúdo.
c) Pesquise vídeos de mesas de glosa e analise o desempenho dos participantes: as per-
formances acontecem sempre no mesmo ritmo? Os autores hesitam durante o improviso?
O que podemos aprender com a visualização prática desse evento? Aproveite, também,
para pesquisar apresentações de rap freestyle.
Ao estabelecer contato com situações práticas de ocorrência das mesas de glosa e de
rap freestyle, espera-se que o aluno compreenda a natureza orgânica da modalidade, isto
é, que tome ciência das eventualidades que podem acontecer em propostas que envolvem
o improviso e não se intimide nas práticas de oralidade.

d) Podemos dizer que há diferenças entre um improviso dessa natureza e um rap freestyle?
Quais elementos embasariam esse argumento?
Diferentemente da mesa de glosa, o freestyle não segue uma métrica específica, tampouco
conta com um mote. Ambas manifestações são ricas em detalhes e atendem com maestria
à mensagem a que se propõem, representando importantes movimentos de resistência
cultural.

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Sugestão de Abordagem

Nos preparativos para o dia da dial que a atividade atravesse o


apresentação, reserve um mo- ambiente institucional e alcance
mento para debater com a tur- instâncias extraescolares, isto é,
ma questões relacionadas a fer- que os poemas circulem em pla-
ramentas de multimídias. Diante taformas acessíveis ao “grande
da proposta de interatividade público”.
característica do slam, é primor- Para isso, você pode sugerir a

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Manual do Educador

Poema e letra de música

255
Capítulo
6
e) Você já havia vivenciado situações de contato com literatura popular no seu cotidiano?
Em sua opinião, quais seriam as soluções plausíveis para promover o respeito ao potencial
artístico e inventivo dessas produções? sugestão de mesclar influências
Espera-se que o aluno, independentemente do contato prévio com manifestações de arte da cultura popular a movimentos
popular, desenvolva uma consciência acerca dos obstáculos sociais que dificultam a pre-
como o hip-hop, escolha o nome
servação da cultura popular, como o pre-conceito causado pelo distanciamento firmado en-
do evento por meio de votação e
organize uma playlist que agre-
tre aquilo que é validado como arte e a recepção pejorativa conferida à literatura de cordel
e afins.
gue ritmos de vários gêneros,
2. Traduzido livremente como “poesia de batida”, o movimento da poetry slam se originou
em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1984 com um estilo semelhante aos das bata-
trazendo desde instrumentais
lhas. Por meio de propostas que visam à clareza e à concisão, essa modalidade vem cada regionais remetentes à música
do repente até batidas melódi-
vez mais conquistando espaço nas agendas culturais do nosso país.

Nesta atividade, você e seus colegas terão de realizar uma performance de poetry slam
em um dia marcado pelo professor. A seguir, listamos quatro dicas para auxiliar vocês na cas oriundas da cultura dos DJs.
Com suporte nos chamados
exploração desse universo, conhecendo suas regras e peculiaridades.

1. Sejam originais: os poemas precisam ser originais. Assim, é fundamental que as


histórias apresentadas na competição sejam de autoria de vocês mesmos. quatro elementos do hip-hop
2. Tempo: cada poeta tem 3 minutos para performar. Enquanto pratica o seu poema,
cronometre a si mesmo para ter certeza de não ultrapassar o tempo limite (os poetas
(grafite, DJ, MC, break dance),
perdem ponto se irem além de 10 segundos!). poderia haver a opção de divi-
3. Simples e relatável: os poemas precisam alcançar o público na primeira vez em que
forem ouvidos. É importante que, antes da competição, os poetas se apresentem dir a turma em alunos que sim-
para a família e os amigos como um treinamento. Nesse treino, pergunte a eles o patizem mais com algum desses
que está claro e o que não está. Escolha temas e assuntos com que várias pessoas
possam se identificar, como relações políticas, religião, segurança pública, problemas elementos específicos. Desse
sociais, respeito, etc. Lembrem-se: os poemas devem ser claros e transmitir uma
mensagem.
modo, teríamos uma distribuição
4. Rítmico e passional: os poemas precisam ter um ritmo que se mostre por meio da de afazeres capaz de abarcar
sua performance de modo passional. Um slam poem comove a audiência pelos dife-
rentes ânimos. Como o poema é performado, a performance é tão importante quanto toda a produção do evento de
seu conteúdo. tal modo a conduzir uma refle-
Além dessas dicas, é importante pesquisar performances poéticas em plataformas multi-
mídias e nas redes sociais. No YouTube, por exemplo, você encontrará diversas iniciativas
xão substancial sobre a impor-
como o Slam das minas, Zap!, Slam da Guilhermina, Slam resistência e O menor slam do tância da integração entre as
mundo.
manifestações artísticas de di-
versas modalidades, formulando
255 uma consciência sociocultural a
ser expandida para além das ati-
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap6.indd 255 29/03/18 07:19 vidades do sarau.
Por fim, esteja sempre atento à
criação de um canal no YouTu- entre escolas, como já é comum importância de estabelecer uma
be para a realização de uploads em países pioneiros no slam harmonia entre o dizer e o ou-
dos arquivos referentes às apre- poetry. vir, ou seja, apesar do caráter
sentações, permitindo que os Sobre artifícios estéticos que competitivo do evento, o maior
alunos divulguem o trabalho rea- contribuam para a ambienta- aprendizado está na partilha:
lizado e alcancem outros proje- ção do evento, sugira elementos é por meio da leitura de outros
tos semelhantes, despertando que tragam originalidade e des- autores que conseguimos tornar
a possibilidade de futuros diálo- pertem o interesse das demais mais consistente a nossa própria
gos e até mesmo competições turmas. Tomando como base a escrita.

255

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o
7
ul
p ít
Ca 256

Objetivos Pedagógicos
7
Ca
O que


t ul
Ao final deste capítulo, o aluno
penso sobre...

o
deve ser capaz de:
ABORTO
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas
funções sociais: o que é? Para
quem é escrito? Por quê? Para 1. Você já leu algum artigo de opinião?

Conhecimentos prévios
2. Que elementos textuais caracterizam o EXPLORAÇÃO
quê? E como é feito? gênero artigo de opinião?
3. Tendo em vista os acontecimentos que
•• Expressar-se sobre os temas viraram notícia ultimamente, você gosta-

abordados.
ria de opinar sobre algum? Qual seria o
seu posicionamento?

•• Planejar, produzir e avaliar um


artigo de opinião.
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o mecanismo de
transitividade verbal e verbo Caracterizando o gênero
de ligação, bem como suas
funções no uso da língua. Em jornais, revistas ou mesmo no jornalismo feito na
Internet, o artigo de opinião é um texto em que o autor
•• Demonstrar conhecimento so- (chamado de articulista) busca apresentar sua opinião
bre os complementos verbais sobre um fato que virou notícia, um tema do momento.
Normalmente, os artigos de opinião vêm assinados e não
e o predicativo do sujeito, bem necessariamente exprimem o posicionamento do órgão

como sua importância no uso


que os publica.

na língua.
•• Perceber as diferenças de uso
das palavras mas / mais, a /
há, mal / mau.
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Anotações

256
256

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Manual do Educador

Artigo de opinião

257
LIXO Diálogo com
o professor
TRABALHO

Desenvolver a habilidade de ar-


gumentar, de defender um ponto
ABORTO PRESERVAÇÃO de vista, hoje, mais do que nun-
FOME NATUREZA ca, é uma condição para a ple-
na integração dos jovens como
membros efetivos nas socieda-
EXPLORAÇÃO RELIGIÃO des — desde os núcleos meno-
res, como a família, a escola, o
bairro, até os maiores, como a
cidade, o País e, sobretudo, as
VIDA FUTEBOL “comunidades globais” nesta era
da Internet.
O mundo está em debate: meio
ambiente, aborto, células-tronco,
política, ética na Internet, sexua-
lidade, família, etc. Não devemos
simplesmente exigir de nossos
O que estudaremos neste capítulo:
alunos interesse e opinião sobre
• Características e funções do artigo de opi-
nião tudo isso. O que devemos fazer é
• O mecanismo da transitividade verbal e o
verbo de ligação
disponibilizar as ferramentas para
• Complementos verbais (objeto direto e pensar e formular pensamentos,
de forma oral e escrita, sobre
objeto indireto) e predicativo do sujeito
• Uso de mas e mais, a e há, mal e mau
questões cuja resolução interfere
em suas vidas de forma direta ou
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 257 29/03/18 07:21 indireta. E que estejam eles con-
vencidos disso, mas de forma au-
tônoma.
Anotações E essas ferramentas estão na
prática. Devemos esperar de
nossos alunos textos de opinião
sobre algo que parta da sua pró-
pria realidade como objeto e que,
com seu texto, haja a chance real
de mudá-la, para ir além de sua
condição imediata.

257

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o
7
ul
p ít
Ca
O mOmeNTO Artigo de opinião
e ir
258 Pr
im A internacionalização do mundo
Fui questionado sobre o que pensava da internacionalização
da Amazônia durante um debate nos Estados Unidos. O jovem
introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de
um humanista, e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que
Antes de um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de
começar a ler partida para uma resposta minha. De fato, como brasileiro, eu
simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia.
O artigo que você vai
ler agora foi escrito pelo Por mais que nossos governos não tenham o devido cuida-
professor da UnB, então do com esse patrimônio, ele é nosso. Respondi que, como hu-
senador, Cristovam
manista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a
Buarque e fez muito
sucesso desde a sua Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como tam-
primeira publicação, pois bém de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
apresenta uma opinião
Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser inter-
completamente diferente
a respeito de um tema nacionalizada, internacionalizemos também as reservas de
muito polêmico: por ser petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o
uma região extremamente
bem-estar da humanidade quanto a Amazônia é para o nosso
rica em biodiversidade,
a Amazônia deve ser futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no di-
propriedade do Brasil ou do reito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou
mundo? Sem pensar muito,
não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse
um brasileiro simplesmente
defenderia que a Amazônia imenso patrimônio da humanidade.
é nossa e de mais nenhum Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deve-
outro país. Mas, se
ria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para
pensarmos no crescimento
e bem-estar de todos os todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela von-
seres humanos, a resposta tade de um dono ou de um país.
é outra. Veja, então, o que
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego pro-
pensa o professor.
vocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para
queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacio-
nalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre
não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é
guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano.
Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o pa-
trimônio natural amazônico, possa ser manipulado e destruído
pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito,
um milionário japonês decidiu enterrar com ele um quadro de
um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido
internacionalizado.

258

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258
258

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Manual do Educador

Artigo de opinião

259
Capítulo
7
Durante o encontro em que recebi a nacionalizemos todos os arsenais nucleares
pergunta, as Nações Unidas reuniam o dos EUA. Até porque eles já demonstraram
Fórum do Milênio, mas alguns presidentes que são capazes de usar essas armas, pro- Sugestão de
de países tiveram dificuldades em compa- vocando uma destruição milhares de vezes Abordagem
recer por constrangimento na fronteira dos maior do que as lamentáveis queimadas fei-
EUA. Por isso, eu disse que Nova York, tas nas florestas do Brasil.
como sede das Nações Unidas, deveria Nos seus debates, os atuais candidatos à
Presidência dos EUA têm defendido a ideia
Durante a leitura do texto, pode-
ser internacionalizada.
Pelo menos Manhattan deveria pertencer de internacionalizar as reservas florestais do mos discutir com a turma alguns
pontos cruciais para a constru-
a toda a humanidade. Assim como Paris, Ve- mundo em troca da dívida. Comecemos usan-
neza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Bra- do essa dívida para garantir que cada criança
sília, Recife, cada cidade, com sua beleza do mundo tenha possibilidade de ir à escola. ção do sentido:
específica, sua história do mundo, deveria Internacionalizemos as crianças, tratan-
pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA que- do-as, todas elas, não importando o país
onde nasceram, como patrimônio que me-
•• Quem sabe o que é ser um hu-
rem internacionalizar a Amazônia, pelo risco
de deixá-la nas mãos de brasileiros, inter- rece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais manista?
do que merece a Amazônia. Quando os diri-
gentes tratarem as crianças pobres do mun- •• Quem não sabe será que
pode, só pelo texto de Cris-
do como um patrimônio da humanidade,
eles não deixarão que elas trabalhem quan-
do deveriam estudar; que morram quando
deveriam viver.
tovam Buarque, se arriscar a
Como humanista, aceito defender a inter- explicar?
nacionalização do mundo. Mas, enquanto
o mundo me tratar como brasileiro, lutarei •• O que é olhar algo pela “ótica
humanista”?
para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.
BUARQUE, Cristovam. Os instrangeiros: a aventura da opi-
nião na fronteira dos séculos. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

Após o debate, seria interessante


pp. 21–23.

Dicionário introduzir os conceitos clássicos


de humanismo no Renascimento,
Arbitrárias – Que não seguem regras e dependem
apenas da vontade da pessoa que age, nesse caso, por meio de imagens e conceitos:
o momento na História em que nós
dos especuladores globais.
Especuladores – Pessoas que fazem investimentos
na intenção de obter lucros excepcionais de acordo
com as mudanças do mercado financeiro.
Volúpia – Sensação de muito prazer.
“assumimos” a responsabilidade
pelo nosso destino, pela criação e
manutenção de nossos valores, e
como, a partir disso, as ciências e
259 a filosofia puderam se desenvol-
ver. Por fim, qual ideia se faz hoje
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 259 29/03/18 07:21 do que é ser um “humanista”?

BNCC – Habilidades gerais


Anotações EF69LP13 EF69LP16
EF69LP14 EF69LP17
EF69LP15 EF69LP18

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP05 EF07LP14
EF67LP07

259

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o
7
ul
p ít
Ca 260
Para discutir

1. Para você, a Amazônia deve continuar sendo propriedade do


Brasil ou é melhor internacionalizá-la?
Aprenda 2. Por que a Amazônia é um patrimônio da humanidade?
mais!
3. O Ibama é o órgão governamental com maior atuação em
Humanos acima de tudo benefício do meio ambiente. Se você fosse diretor do Ibama,
Sugestão de O humanismo marca a
transição do pensamento
o que faria para preservar a Amazônia?
4. A preservação do meio ambiente não depende apenas dos go-
Abordagem teocêntrico (Deus como
centro de todas as coisas) vernantes. Cada um de nós pode e deve contribuir. O que você
para o antropocêntrico faz para preservar nosso planeta?

Pergunte aos seus alunos: uma


(os humanos como
5. Nesse artigo, Cristovam Buarque enumera uma série de ri-
seres mais importantes)
quezas que, como a Amazônia, deveriam ser internaciona-
pessoa pode assumir “óticas” e
difundido na Europa
durante o Renascimento. lizadas sob a perspectiva humanista. Para você, que outras

opiniões diferentes sobre o mes-


A partir dessa mudança, riquezas deveriam ser internacionalizadas?
foram introduzidos fatores
como a valorização da
mo assunto? Isso é válido? É uma racionalidade em atrito
com os ideais dogmáticos

boa oportunidade para discutir a anteriores, e a noção de


que os seres humanos são

noção de ponto de vista; afinal, capazes de modificar e


expandir o mundo.

Cristovam Buarque, em um mes- No contexto de A


internacionalização do

mo texto, aborda duas perspec- mundo, o uso do termo


sugere que o autor Desvendando os segredos do texto
tivas: a de um humanista e a de construa seu argumento
baseado em uma

um brasileiro. Isso é útil para que perspectiva coletiva,


isto é, que pense a
1. Nesse artigo, ficam claras duas opiniões: a do humanista e

os alunos percebam a importân-


questão da Amazônia a do brasileiro. Explique cada uma delas.
em escala mundial.

cia de conhecer o lugar de onde


Portanto, a estratégia A opinião do humanista defende que a Amazônia deve se tornar
usada pelo jovem que fez
propriedade mundial, como tudo que é importante para a hu-
se fala na hora de produzir e/ou
a pergunta visava extrair
uma resposta menos
manidade. Já a opinião do brasileiro defende que a Amazônia
ler um texto.
“tendenciosa” de Cristovam
Buarque, em razão de
sua nacionalidade. Sendo deve continuar sendo propriedade do Brasil.

Na questão 2 da seção Para


assim, é importante frisar
que — a depender do seu

discutir, é importante chamar a


locutor e do contexto em
que é usado — o termo
humanismo pode assumir
atenção dos alunos para os as- diferentes facetas, tendo
seus significados moldados

pectos sociais, econômicos e para servir aos propósitos


daqueles que o manipulam.

ambientais que envolvem a Ama-


zônia. As demais questões são 260

de cunho pessoal.
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Anotações

260
260

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Manual do Educador

Artigo de opinião

261
Capítulo
7
2. Nesse texto, o autor adota uma posição pessoal ou impes-
soal? Leitura
Pessoal.
Aprenda Complementar
mais!
O artigo A
3. Analisando a estrutura textual do segundo parágrafo do tex- internacionalização do
mundo foi publicado pela
O Instituto Brasileiro do Meio
to, responda:
a) Que expressões o autor utilizou para se referir à Amazônia?
primeira vez em 2000,
no jornal O Globo. O Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Iba-
texto rapidamente se
Esse patrimônio/ele. popularizou, ganhando o

ma) é um órgão executivo


mundo através da Internet
e sendo traduzido para

do Estado responsável pela


vários idiomas. Se você
b) Como se classifica o sujeito da forma verbal podia? quiser assistir a uma
entrevista com o autor
Sujeito oculto, desinencial ou elíptico. sobre esse assunto,
pode acessar o link
fiscalização, preservação e
http://br.youtube.com/ conservação do patrimônio
c) Identifique o sujeito da forma verbal sofre. watch?v=awniNjJ0eC0.
natural. Podemos colher vá-
A Amazônia.
rias informações importan-
tes no seu site e no de ou-
4. Ainda sobre o segundo parágrafo, assinale a alternativa
que apresenta uma reescrita do trecho abaixo sem alterar seu tras instituições igualmente
sentido. relevantes:
“Por mais que nossos governos •• http://www.ibama.gov.br/
não tenham o devido cuidado […]”
•• http://www.mma.gov.br/
a) Por mais que os governos internacionais não tenham o cui-
sitio/
ny
iepo
ok
dado devido […] om
|
s.c
b) Mesmo que os governos dos países da América Latina não ph
oto

•• http://www.oeco.com.br/
it
p os
De
tenham cuidado […]
c) Por mais que nossos governos não tenham o cuidado neces-
sário […] •• http://portaldomeioam-
d) Por mais que o governo brasileiro não tenha nenhum cuida-
do […] biente.org.br/
e) Mesmo que nossos governos não tenham nenhuma preocu-
pação […]

261

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Diálogo com o professor


Importante observar que o arti- clusão. A estrutura composicio-
go de opinião não se apresenta nal desse gênero é variada, mas
formalmente cristalizado, com o no geral desenvolve, explícita ou
modelo canônico tradicionalmen- implicitamente, uma opinião, se-
te ensinado na escola: quatro pa- guida de um fecho conclusivo
rágrafos divididos em introdução baseado nas ideias apresenta-
com tese, desenvolvimento (ar- das no desenvolvimento.
gumentação e refutação) e con-

261

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o
7
ul
p ít
Ca 262
5. Na frase abaixo (terceiro parágrafo), podemos identificar a
omissão de um termo, indicado na lacuna:

“Os ricos do mundo ___________ no di-


Diálogo com reito de queimar esse imenso patrimônio
o professor da humanidade.”

a) Que termo foi omitido?


Uma boa argumentação abre A forma verbal sentem-se.
portas. Em um mercado alta-
mente competitivo e em acele- b) Essa omissão é identificada como uma figura de linguagem.
Que figura é essa?
rada mudança, a habilidade de
comunicar ideias e convencer
Elipse.

as pessoas da necessidade de 6. Analisando a estrutura textual do quinto e do sexto parágra-


fos, responda:
mudanças é essencial. Nessas a) O autor compara o desmatamento na região amazônica com

circunstâncias, o domínio das que problema social?

técnicas de persuasão cria um


O desemprego.

diferencial valioso. b) No trecho abaixo, ocorre a omissão de um termo.

Observe algumas virtudes retóri- “Não faz muito ____________ , um milio-

cas que conquistam:


nário japonês decidiu enterrar com ele um
quadro de um grande mestre.”
•• Identificar qual é o público, Que palavra foi omitida?
seus valores, seu comporta- Tempo.
mento e suas expectativas. c) No quinto parágrafo, o autor parece falar por todos os cida-
dãos. Transcreva o trecho em que isso fica claro.
•• Usar uma linguagem simples
“Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para
e clara, adequada ao público.
queimar países inteiros na volúpia da especulação.”
Nessa perspectiva, para escre-
ver um texto argumentativo, o pri-
meiro passo é identificar o leitor
para poder adaptar a linguagem.
262

Sugestão de LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 262 29/03/18 07:21

Abordagem

No trabalho com a questão 6, Anotações


aproveite para indagar os alu-
nos sobre a omissão da palavra
tempo.
Além disso, no item b da ques-
tão 6, seria interessante solicitar
aos alunos um sinônimo para a
forma verbal faz.

262
262

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Manual do Educador

Artigo de opinião

263
Capítulo
7
d) Que palavra lhe permitiu identificar, no trecho que você trans-
creveu, que o autor falava pelos cidadãos do mundo? Explique.
A forma verbal podemos, flexão de primeira pessoa do plural
(nós).

7. Num artigo de opinião, como vimos, a intenção comunica-


tiva do autor é defender seu ponto de vista sobre determinado
tema, ou seja, argumentar. Analisando os trechos do texto re-
produzidos abaixo, assinale aquele em que o autor não está
argumentando.
a) “Fui questionado sobre o que pensava da internacionaliza-
ção da Amazônia durante um debate nos Estados Unidos.”
(primeiro parágrafo)
b) “Por mais que nossos governos não tenham o devido cuida-
do com esse patrimônio, ele é nosso.” (segundo parágrafo)
c) “O petróleo é tão importante para o bem-estar da humani-
dade quanto a Amazônia é para o nosso futuro.” (terceiro
parágrafo)
d) “Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres huma-
nos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou
de um país.” (quarto parágrafo)
e) “O Louvre não deve pertencer apenas à França.” (sexto pa-
rágrafo)
Shutterstock I mescal

8. Por que o trecho que você indicou na questão anterior não


se trata de argumentação?
Porque o autor, naquele trecho, apenas relatou um fato ocorri-
do com ele, sem, com isso, emitir opinião sobre o assunto.

263

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263

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o
7
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p ít
Ca 264

Análise linguística
Diálogo com
o professor
Transitividade verbal
Nos exemplos Paulo é curio- LUÍZA E LUZIA/Eudson e Lécio

so (por natureza), o verbo ser


está ligado ao gênio de Paulo,
a seus atributos; isto é, ao jeito
dele. É o verbo da essência e
das características considera-
das como inerentes e normal-
mente estáveis, como ocorre
Leia a tirinha a seguir:
1. Por que os meninos desmaiaram?
em O livro é verde; João é pro- 2. O que ela estava esperando?
3. O que os meninos pensaram que ela estava esperando?
fessor; Maria é médica; etc.
No Capítulo 5, vimos que alguns verbos exigem termos para
Já em Paulo está curioso (esta se completar e formar a oração básica em português. Você se

tarde), o verbo estar é o verbo


lembra deles? Observe:

que marca mudanças observá- está esperando

veis, como em João está vivo,


Estou morto de cansado; etc.
Lugar A Lugar B

O sistema do português tem as Tendo por base a tirinha acima, nesse exemplo poderíamos
suas regras internas, por isso preencher o lugar A com o termo Luíza, que funcionaria sintati-

não faria muito sentido afirmar


camente como sujeito, lembra? Assim, construiríamos a oração
Luíza está esperando. Observe, no entanto, que essa oração
Paulo está curioso por nature- está incompleta formalmente, isto é, falta preencher o lugar B:
Luíza está esperando o quê? Foi a ausência do termo B que, na
za, a não ser dentro de um con- tirinha, gerou confusão nos meninos. Eles pensaram que Luíza

texto específico. Essa ressalva


estava esperando um bebê, quando, na verdade, ela esperava

nos mostra que essas regras 264


são flexíveis, o que permite
que os usuários expressem li- LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 264 29/03/18 07:21

vremente as suas intenções. BNCC – Habilidades gerais


Por exemplo: a cidade de Jua- Ser é ligado à nossa identi-
EF69LP05
zeiro é fluvial (rios). Mas os es- dade: somos gente, eles são
EF69LP56
tados das coisas mudam, e o jornalistas, sou ministro. Mas
verbo estar pode dramatizar a o ex-ministro Eduardo Porte-
situação de chuvas que cas- la, certa vez, na instável po- BNCC – Habilidades específicas
tiga muitas cidades no Brasil: lítica brasileira, sem garantias
EF07LP05 EF09LP05
A avenida principal está fluvial quanto ao seu futuro, afirmou:
EF07LP07 EF09LP06
há três dias. Estou ministro. EF09LP04

264
264

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Manual do Educador

Artigo de opinião

265
Capítulo
7
o show do cantor canadense Justin Bieber. Dessa forma, o lu-
gar B poderia ser completado de duas maneiras distintas: Leitura Complementar
um bebê

“Produzimos uma argumentação


quando nos comunicamos, bus-
Luíza está esperando

o show de Justin Bieber


cando fazer algo: impressionar o
A natureza do termo B, portanto, é determinada pelo con- outro, buscar reações, convencê-
texto. É a situação que indicará qual será o melhor termo para
completar o lugar B. Observe outros exemplos:
-lo. Esse é um uso argumentativo
da linguagem, em seu sentido
Luíza está esperando a semana de provas.
Luíza está esperando a tia que mora no Rio.
Aprenda
mais!
mais amplo. Somos seres argu-
Luíza está esperando o irmão acordar.
A transitividade e a
mentativos porque objetivamos
Luíza está esperando uma resposta do professor.
argumentação
algo com o uso da linguagem.”
No artigo de opinião
Cada uma dessas possibilidades se adapta a determinada A internacionalização
situação. Elas variam de acordo com nossa intenção comunica- do mundo, o uso do BORTONE, Márcia Elizabeth; MARTINS, Cátia
tiva. São infinitas as possibilidades para completar B, que é um verbo transitivo tratar Regina Braga (2008).A construção da leitura e
termo necessário à oração, ou seja, é exigido pelo verbo espe-
assume interessantes da escrita. São Paulo: Parábola.
comportamentos. Observe:
rar. Essa exigência é chamada, gramaticalmente, de regência
Quando os dirigentes
verbal. Vários verbos exigem complementos. Observe: tratarem as crianças
pobres do mundo como um
Maria ama seus três filhos. patrimônio da humanidade

Lairane e João passaram dias na praia.


[...].
Ao utilizar o termo
Sugestão de
Meu pai produziu uma escultura.
Ele precisa de ferramentas novas.
destacado como
complemento do verbo,
Abordagem
Vanina gosta de torta de chocolate. o autor alcança um
nível de comoção tão

Para as questões da seção


universal quanto o próprio
Em todos esses exemplos, os verbos exigiram o complemen- humanismo que é “exigido”
de seu discurso.
Análise linguística, propo-
to (termo sublinhado). É como se, durante a leitura, o sentido
fosse construído passo a passo, transitando (movimentando- Agora, observe:
-se) de um termo para outro. Por essa razão, são chamados de
verbos transitivos.
Mas, enquanto o mundo
me tratar como brasileiro
mos estas respostas:
[...].
Por outro lado, existem também verbos que não exigem
complementos, como nascer, morrer, trovejar. Nesse caso,
Nesse exemplo, retirado 1. Porque pensaram que
Luzia estivesse grávida.
da conclusão do artigo, o
o sentido não se movimenta, isto é, não transita do verbo para sentido do complemento do
um complemento. Classificamos esses verbos como intransi- verbo é direcionado para o

tivos. Na língua portuguesa, existe um número bem restrito de 2. O show de Justin Bieber.
próprio autor, sinalizando a
visão do brasileiro.
verbos intransitivos. Veja alguns exemplos:

265 3. Um bebê.

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Anotações

265

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o
7
ul
p ít
Ca 266
A impressora quebrou.
O pneu furou.
Ontem choveu.
Diálogo com O avião aterrissou.
o professor Entre os verbos transitivos, existem ainda alguns que exi-
gem mais de um complemento. São os verbos bitransitivos,
como dar:
Como os verbos auxiliares, os
verbos de ligação são classi- Ela deu um presente ao namorado.

ficados como verbos instru-


mentais. Esses verbos não
complementos verbais

fazem qualquer exigência com


relação à classe e ao con- O verbo de ligação
teúdo do sujeito da oração e Diferentemente dos verbos transitivos, os verbos de liga-
ção não fazem exigências para se completarem. Na verdade,
necessariamente introduzem ele liga sempre um substantivo (ou palavra substantiva) a um
predicadores não verbais: adjetivo (ou palavra com função adjetiva). Nesse caso, o termo
que exerce a predicação é o próprio adjetivo. Observe:
•• Ele é meu irmão. (sintagma
nominal)
•• Nós continuamos ótimos.
(sintagma adjetival)
verbo de ligação (ser)

•• Eles parecem bem. (sintag- Aquele tucano é bonito.

ma adverbial)
•• Estou sobre você. (sintag-
ma preposicional)
es
Dizemos que o adjetivo bonito exerce a predicação porque,
A característica dos verbos de
oli
s|
ph
oto na oração, é ele quem faz exigências quanto à natureza do ter-
sit
po mo ao qual se refere. Por exemplo: o adjetivo bonito não seria
ligação de não fazerem exi-
De

comumente usado para qualificar o chão ou um fantasma.

gências quanto à classe e ao


conteúdo do sujeito da oração
fica clara quando os compa-
ramos com os verbos predi-
266

cadores. Falar, por exemplo,


empregado denotativamente,
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é um verbo predicador, pois João é advogado, é o predi-


exige, como argumento, um cativo (advogado) que faz exi- Anotações
sujeito humano, o que torna gências quanto à espécie do
agramatical uma construção sujeito — necessariamente
como *A pedra falou. Já um humano em um emprego de-
verbo de ligação, como ser, notativo. Por isso, é agramati-
admite qualquer sujeito. As- cal uma construção como *A
sim, em uma oração como pedra é advogada.

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266

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Manual do Educador

Artigo de opinião

267
Capítulo
7
Prática linguística
A água pede água
Aqui no planeta Terra, a terra, isto é, os continentes e as
ilhas, ocupa apenas a quarta parte da superfície. Tudo o mais é
água: doce, salgada, sólida, líquida e gasosa.
É nos oceanos e mares que fica a maior parte da água
(97,5%). Mas precisamos mesmo é de água doce para viver.
Só que a maior parte dela está congelada. Resta, então, a água
das reservas subterrâneas, dos lagos, dos pântanos e dos rios.
E ela está acabando no mundo todo!
O Brasil concentra 14% da água doce do Planeta. Por isso,
esbanjá-la é como cometer um crime. O pior é que a maioria
das pessoas desperdiça água sem perceber, deixando a tornei-
ra aberta ao escovar os dentes e em banhos demorados, por
exemplo.
Mas, se cada um fizer a sua parte, com pequenas ações in-
dividuais, podemos ter um grande resultado coletivo.
Você já ouviu a expressão pedir água? É quando alguém

Depositphotos | stockwagon
pede socorro. Chegou a vez de a natureza, ou melhor, de a
água pedir água.
Folha de S.Paulo, 22/03/2008 (adaptado).

267

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o
7
ul
p ít
Ca 268
1. Qual é a fração que a água ocupa no nosso planeta?
Três quartos.

Diálogo com 2. Esse texto é um exemplo de artigo de opinião, por isso ex-

o professor pressa o ponto de vista do seu autor sobre um tema específico.


Nesse caso, qual é o tema abordado pelo autor e qual é a opi-
nião dele?
Outra observação importante O tema é o perigo da escassez de água. Ele defende a opinião

sobre os verbos de ligação diz de que, se cada um fizer a sua parte economizando água, po-

respeito à modalidade e ao as- deremos ter bons resultados.

pecto. Os verbos ser e parecer


se diferenciam quanto à moda-
lidade que expressam (certeza
ou hipótese, respectivamente)
em relação ao conteúdo enun-
3. De acordo com o texto, como se encontra quase toda a
ciado: água necessária para a nossa sobrevivência?

João é nervoso. (certeza) Encontra-se congelada.

João parece nervoso. (hipótese)


Já os demais verbos de ligação 4. Segundo o autor do texto, muitos brasileiros utilizam a água:
se diferenciam com relação ao a) Sem preocupação em economizá-la.

aspecto, ou seja, quanto ao sen- b) Das reservas subterrâneas do sul do País.


c) Dos mares e oceanos, despreocupadamente.
tido dos eventos ou estados que d) Além da capacidade da caixa-d’água da residência.
e) Fazendo a sua parte na preservação do meio ambiente.
indicam. Considerando o cotexto
João ______ nervoso, a escolha 5. Assinale a alternativa correta de acordo com o texto.
a) As pessoas estão pedindo ajuda para obter água.
de estar, ficar, andar ou perma- b) Os brasileiros estão com sede de água pura.
necer nos possibilita representar c) O mundo todo precisa de água, exceto o Brasil.
d) A água doce está acabando no mundo.
o estado de nervoso sob quatro e) A água potável será motivo de guerras no futuro.

aspectos: momentâneo, resulta- 268

tivo, durativo, permansivo.


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Sugestão de
Abordagem
Anotações

No trabalho com a questão 8, é


importante levar os alunos a per-
ceberem que o sucesso de nos-
sa argumentação depende mui-
to de nossas escolhas lexicais.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

269
Capítulo
7
6. Assinale a alternativa que apresenta o mesmo significado
da palavra em destaque no trecho: “[…] com pequenas ações
individuais, podemos ter um grande resultado coletivo”.
a) Em particular.
b) Em conjunto.
c) Em quantidade.
d) Em produção.
e) Individualmente.

7. Considerando a norma culta, assinale a frase gramatical-


mente correta.
a) As pessoas responsável economiza água para os nossos
planeta.
b) As pessoas responsáveis economizam água para o nosso
planeta.
c) As pessoa responsável economizam água para os nosso
planetas.
d) As pessoa responsáveis economiza água para os nossos
planetas.
e) A pessoa responsável economizam água para o nosso pla-
neta.

8. Quando nos comunicamos, fazemos várias escolhas, mes-


mo sem perceber. O mais interessante é que cada escolha ex-
pressa sentidos diferentes. Por exemplo: podemos nos referir
ao autor do artigo A internacionalização do mundo, Cristovam
Buarque, de várias maneiras: professor, senhor, ilustríssimo,
senador, ele, político, você. Embora cada uma dessas formas
se refira à mesma pessoa — Cristovam Buarque —, nenhuma
delas tem o mesmo significado. Observe:
[a] O senador escreveu um artigo ótimo.
[b] O professor escreveu um artigo ótimo.
[c] O senhor escreveu um artigo ótimo.
[d] Você escreveu um artigo ótimo.
Na frase a, demos ênfase à ocupação de senador de Cristo-
vam Buarque, enquanto em b enfatizamos sua atuação como
professor. Já na frase c, Cristovam Buarque é tratado com for-
malidade por meio do pronome senhor, mas, na frase d, o tom
é íntimo, informal; neste caso, quem fala é pessoa próxima ao
senador, por isso pode dispensar a formalidade.

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o
7
ul
p ít
Ca
A mesma variedade de escolha acontece, também, com o

270 lugar ocupado pelo adjetivo ótimo nesses exemplos. Há várias


possibilidades, e cada uma delas também expressa sentidos
diferentes. Pensando nisso, analise as frases a seguir e res-
ponda às questões:
[1] O senador escreveu um artigo interessante.
[2] O professor escreveu um artigo excelente.
[3] O senhor escreveu um artigo péssimo.
[4] Você escreveu um artigo bonzinho.

a) Qual dos adjetivos empregados expressa uma opinião de


desaprovação em relação ao artigo A internacionalização do
mundo?
Péssimo.
b) Em qual dessas frases o adjetivo indica extrema admiração
pelo artigo?
Na frase 2.

c) Qual desses adjetivos expressa certa indiferença pelo artigo,


como se ele não tivesse grandes qualidades?
Bonzinho.

9. Releia o penúltimo parágrafo do texto:

“Mas, se cada um fizer a sua parte, com pequenas ações


individuais, podemos ter um grande resultado coletivo.”

a) Quanto à transitividade, como se classifica o verbo ter nessa


situação?
Transitivo direto.

b) Analisando esse parágrafo, percebemos que a forma verbal


podemos se apresenta flexionada na primeira pessoa do plu-
ral, isto é, nós. De acordo com a interpretação global do texto,
a que pessoas esse pronome se refere?
Todos os brasileiros.

c) Qual é a função sintática exercida pelo termo destacado?


Complemento do verbo transitivo direto.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

271
Capítulo
7
d) Como vimos, a língua nos oferece várias possibilidades co-
municativas, que variam de acordo com nossas intenções. Fa-
zemos escolhas que nos ajudam a alcançar nossos objetivos. Leitura
Para que isso fique claro, analise a seguinte situação: Complementar
Com pequenas ações individuais, podemos ter

um grande resultado coletivo.

I. resultados excelentes.

II. resultados decisivos para o nosso futuro.

I. No boxe I, escreva um objeto direto que acentue ainda mais


o valor positivo do resultado alcançado.
Sugestão: Com pequenas ações individuais, podemos ter re-
sultados excelentes. ABREU, Antônio Suárez (2009).
A arte de argumentar:gerenciando
II. No boxe II, produza um objeto direto que expresse a impor- razão e emoção. Cotia: Ateliê Editorial.
tância de se preservar a água tendo em vista o futuro.
Sugestão: Com pequenas ações individuais, podemos ter re-
sultados decisivos para o nosso futuro.

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP16 EF69LP18
EF69LP17

BNCC – Habilidades específicas

g
EF67LP05 EF06LP01
on

IP
.C
hin
nap
EF67LP07 EF07LP14
ck
sto
tter
hu
S
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Anotações

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o
7
ul
p ít
Ca 272

É hora de produzir

Sugestão de
Antes de começar a escrever
Abordagem
Na nossa sociedade, é muito importante termos uma postura
crítica. Saber expressar bem nossas opiniões tendo em vista
Para ampliar a discussão melhorias sociais é fundamental para o nosso país. Faz parte

gerada na seção Antes de


do exercício da cidadania. Nesse sentido, o artigo de opinião
pode ser uma ferramenta muito útil, pois pode ser uma forma
começar a escrever, pode- de chamar a atenção das pessoas para um problema muito
grave, como o desmatamento. Além disso, devido ao seu cará-
mos também questionar os ter argumentativo, por meio de um artigo de opinião podemos
alunos sobre o que fazemos convencer as pessoas a mudarem suas atitudes e trabalharem
em defesa do uso racional da água, por exemplo.
para preservar nosso plane- O parágrafo que produzimos abaixo é a introdução de um

ta. A sala de aula é o ponto


artigo de opinião e tem como tema exatamente a necessidade
de se utilizar a água de modo racional. Leia-o:
de partida:
Utilize a água racionalmente
•• Mantemos a sala limpa?
Há maneiras muito fáceis, e que não custam nada, de econo-
•• Separamos o lixo em orgâ- mizarmos água no nosso dia a dia. Para lavar panos de chão,

nico, reciclável, etc.? por exemplo, podemos utilizar a água da chuva, e, na limpeza,
usar os produtos na medida certa, para não gastar tanta água
•• E a escola, como um todo, no enxágue. No entanto, embora as medidas sejam muito sim-

é mantida limpa?
ples, poucas pessoas se preocupam em segui-las. Num mundo
em que a água potável é um recurso cada vez mais escasso,
•• Seu lixo é separado? economizá-la é dever de todos.

•• Há desperdício de água,
de energia, alimentos?
Os alunos devem produzir
Depositphotos | fisher.photostudio

uma lista de atitudes que


faltam à sala de aula e à
escola, para, a partir dela,
redigir uma lista de regras.
Depois, peça para elabora-
272

rem, em grupos, artigos de


opinião em que respondam
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à seguinte pergunta: o que


nos falta para sermos me-
lhores para com o nosso BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
meio?
EF69LP06 EF69LP08 EF67LP32 EF89LP10
Atente para o uso reflexivo EF69LP07 EF67LP33 EF08LP03
dos recursos linguísticos EF07LP10 EF08LP14
trabalhados com os alunos EF09LP03
até o final deste capítulo.

272
272

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Manual do Educador

Artigo de opinião

273
Capítulo
7
Proposta
Agora, continuando a introdução da página anterior, você
produzirá um artigo de opinião para ser exposto no mural da
sua escola. Seu artigo deverá responder à seguinte pergunta: Aprenda
Por que devemos economizar água?. mais!
Baseado nos conhecimentos que você adquiriu ao longo de
Um por todos e todos
sua formação e nos textos que você leu até aqui, procure en- por um
riquecer seu artigo com informações importantes. Se necessá-
Você sabia que, segundo
rio, faça uma pesquisa sobre o tema. a CPRM, 1% da vazão
do Rio Amazonas seria
o suficiente para acabar
Planejamento com a falta de água no
Nordeste e Sudeste do
1. Escolha as informações que você utilizará para convencer Brasil? Se nós buscamos
meios de propagar a
seu leitor a economizar água. Boas informações ajudam a sustentabilidade ambiental,
fundamentar seu posicionamento a respeito do tema. como poderíamos erradicar
2. Procure utilizar uma linguagem adequada aos seus leitores. tais problemas de forma
eficaz? Pesquise sobre
3. Seja claro e direto. o assunto e reflita com
4. Evite frases muito longas. Elas podem deixar o seu texto
seus amigos e professor
sobre as possíveis causas
confuso. que inviabilizam essas
5. Procure apresentar suas opiniões com clareza. tentativas de solução,
assim como os interesses
6. Produza um título interessante para seu artigo. econômicos por trás
desses paradoxos.

Avaliação
1. Agora, para avaliar seu texto, faça uma releitura analisando
os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O texto está estruturado como um artigo de
opinião?
Os argumentos estão organizados de manei-
ra lógica?
Há informações fundamentando a defesa do
seu ponto de vista?
A linguagem empregada está adequada aos
leitores?
Há clareza nas suas ideias?

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o
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Ca 274
mOmeNTO
DO
Artigo de opinião

u N
g Para que serve a celebridade?
Se James Cameron é uma celebridade. Concorreu ao Oscar de
melhor diretor com o filme Avatar. Como celebridade, veio ao
Brasil. Não veio filmar. Foi ao Amazonas. Veio protestar contra
Diálogo com a hidroelétrica de Belo Monte. Mobilizou as mídias nacional e
o professor internacional. A cada relato contra a construção da hidroelétri-
ca, murmurava “Washington precisa saber disso. Vou avisar a
Washington”, conforme relato de pessoas que estavam lá.
Antes de
Os seguintes pontos no tex- começar a ler James Cameron não é especialista em Ecologia, hidroelétri-
cas ou mesmo Amazônia. Sua especialidade é filmes de Holly-
to podem ser trabalhados: O artigo a seguir foi
publicado num blog de
wood. Nem mesmo é ativista político e ecologista. Nada em
sua biografia revela anterior engajamento. Na sua biografia no
•• O que é Belo Monte?
opinião muito conhecido no
País, o Blog do Noblat, do Google e no Wikipédia, nada consta. Como não consta nenhu-
jornalista Ricardo Noblat. ma sugestão ou nenhum protesto sobre o fato de o governo
Quais os seus prós e Partindo de um fato do
cotidiano, o autor propõe
americano não ter assinado o Protocolo de Kyoto. Nem se

seus contras? Se você uma discussão sobre o pronuncia sobre o maior desastre ecológico mundial, o vaza-
papel dos famosos na mento provocado pela explosão da plataforma americana de
não encontrou oportuni- sociedade. Até que ponto a
opinião de uma celebridade
perfuração no Golfo do México.

dade para trabalhar esse


deve ser respeitada? É Sua vinda ao Brasil tem, no entanto, objetivo claro: gastar
uma opinião bastante o seu capital midiático como celebridade contra Belo Monte.
conteúdo no capítulo 4,
crítica. Confira.
Não se trata de analisar agora se Belo Monte deve ou não ser
construída. O que chamou a atenção foi o uso instrumental do
esta é a hora. capital midiático que conquistou com a indicação ao Oscar. Até
que ponto esse uso instrumental é legítimo? Até que ponto a
•• O que significa a expres- opinião de uma celebridade deve ser respeitada? Para que ser-

são Washington precisa


ve a celebridade?
Aprenda
mais! Em português, existem as palavras célebre e celebridade.
saber disso? Que impor- Em inglês, não. Inexiste célebre. Existe ou famous, famoso, ou
celebrity, celebridade. Trata-se, portanto, de palavra da cultu-
tância tem Washington
Redigido e assinado em
Kyoto (Japão) em 1997, ra americana. Tem pelo menos dois elementos estruturadores.
o Protocolo de Kyoto
para o mundo? é um acordo firmado
inicialmente entre os 55
Primeiro, a história da pessoa que justifica a celebridade pelo
desempenho que teve. Fez algo que outros não fariam […].

•• O que foi o Protocolo de


países responsáveis pela Esse desempenho confere à celebridade certa autoridade. Im-
emissão de 55% dos
põe respeito.
Kyoto?
gases causadores do
efeito estufa. O objetivo O segundo elemento do conceito de celebridade é a divul-
é se comprometerem a gação, a difusão desse desempenho, o que o faz granjear a
É evidente que você não se
reduzir a emissão e, por
conseguinte, contribuir
atenção da opinião pública. Impõe atenção. Sem presença e
repercussão na mídia, inexiste celebridade. Todos querem ser
aprofundará nesses temas;
para a contenção do
aquecimento global. e são celebridades em potencial […]. Celebridades positivas ou

por isso, a importância de


negativas. Com conteúdo ou sem. Com história ou sem.

um planejamento. Elabore 274

um resumo, que pode ser


em transparência, slide, ou
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mesmo ficha de aula. Ou,


como sempre, use a pesqui- BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
sa feita pelos próprios alu-
nos, seguida de um debate, EF69LP11 EF69LP16 EF67LP05 EF07LP14
como um momento anterior EF69LP13 EF69LP17 EF67LP07
à leitura. O importante é não EF69LP14 EF69LP18
deixá-los à parte desses te- EF69LP15
mas globais.

274
274

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Manual do Educador

Artigo de opinião

275
Capítulo
7
Depositphotos | londondeposit.

romana da persuasão). Signifi-


ca fazer algo por meio do auxí-
lio divino. Mas em que conven-
cer se diferencia de persuadir?
Convencer é construir algo no
campo das ideias. Quando con-
vencemos alguém, esse alguém
passa a pensar como nós. Per-
suadir é construir no terreno das
Quando Zico mobiliza a juventude e cria cia a uma determinada opinião. Impõe res- emoções, é sensibilizar o outro
peito. Por outro, serve para pautar a mídia,
para agir. Quando persuadimos
escolinhas de futebol, ele une a celebridade
que decorre de sua história e impõe respeito influenciar e mobilizar a opinião pública em
e atenção. Quando Kennedy usou de seus
discursos, de sua estética e de sua família
volta dessa mesma opinião. Impõe atenção.
Quando esses dois elementos estão jun-
alguém, esse alguém realiza algo
para defender valores democráticos que con- tos, temos um uso legítimo da celebrida- que desejamos que ele realize.
siderava básicos por sua história pessoal, im- de. Quando só existe o segundo, temos um
punha respeito e atenção. Quando Madonna uso, se não ilegítimo, pelo menos perigoso Muitas vezes, conseguimos con-
vencer as pessoas, mas não con-
fala sobre transgressões e sensualidade na ou apenas propagandístico da celebridade.
interpretação musical, impõe também respei- Ninguém pode retirar de James Cameron
to e atenção. Sabe do que está falando. Mas, o legítimo direito de usar-se, celebridade
que é, como bem aprouver. É um direito de
seguimos persuadi-las. Podemos
quando Madonna vai a um restaurante, seu
elogio pouco me diz da excelência do cozi- cidadania global. Muito menos em defesa de convencer um filho de que o es-
nheiro. Impõe somente atenção.
A pergunta “Para que serve a celebri-
causas ecológicas, hoje um dever da sobre-
vivência de todos. Mas é preciso distinguir
tudo é importante e, apesar dis-
dade?” tem, portanto, duas respostas. Por entre pautar a mídia, chamar a atenção a so, ele continuar negligenciando
suas tarefas escolares. Podemos
um lado, a celebridade serve para dar um uma causa que considera justa e o respeito
cunho de autoridade com base na experiên- que pode esperar de suas opiniões.

275
convencer um fumante de que o
cigarro faz mal à saúde, e, ape-
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sar disso, ele continuar fumando.
Algumas vezes, uma pessoa já
Leitura está persuadida a fazer alguma
Complementar coisa e precisa apenas ser con-
vencida. Precisa de um empur-
Argumentar é a arte de conven- (com + vencer) e não contra o rãozinho racional de sua própria
cer e persuadir. Convencer é sa- outro. Persuadir é saber geren- consciência ou da de outra pes-
ber gerenciar informação, é falar ciar relação, é falar à emoção soa, para fazer o que deseja.
à razão do outro, demonstrando, do outro. A origem dessa pala- ABREU, Antônio Suárez (2009).A arte de
provando. Etimologicamente, sig- vra está ligada à preposição per argumentar: gerenciando razão e emoção.Cotia:
Ateliê Editorial, pp. 25-26.
nifica vencer junto com o outro (por meio de) e a Suada (deusa

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o
7
ul
p ít
Ca
Cameron defendeu que os destinos da Amazônia

276 Dicionário
não são de responsabilidade do Brasil, mas de todo o
mundo. Mais ainda, ontem mesmo na CNN, declarou-
Murmurava – Falava em
-se uma ecologista apenas pós-Avatar e defendeu que
um tom de voz baixo, para o Brasil deveria substituir Belo Monte por projetos de
ninguém ouvir. energia eólica ou solar… Como também ninguém pode
Ativista – Aquele que
trabalha por alguma causa,
retirar-lhe o direito de ir se queixar a Washington sobre
defensor, militante. Belo Monte.
Engajamento – Mas não custa lembrar que a matriz energética do
Participação ativa em
assuntos importantes.
Brasil não dispensa e recomenda o uso de hidroelétri-
Midiático – Relativo cas. Que o Brasil é um país soberano. Aliás, o primeiro
à mídia, aos meios de dever de casa para sua boa causa seria ler o clássico
comunicação.
Granjear – Conquistar,
artigo de Cristovam Buarque sobre a internacionaliza-
atrair. ção da Amazônia.
Cunho – Marca, traço de O uso vazio da celebridade às vezes acaba se vol-
identificação.
Pautar – Direcionar.
tando contra a própria celebridade e a causa que de-
Legítimo – Que pertence a fende. Desinforma em vez de ajudar a informar a opi-
alguém por direito. nião pública. Revela que não detém o conhecimento
Como bem aprouver –
Como bem entender, como
mínimo para propor o que propõe. Ilegitima a si mes-
bem quiser. mo. A opinião pública não se move por atos de fé em
Sensatez – Bom senso. celebridades. Há limites. Como dizia o jurista e diplo-
mata brasileiro Gilberto Amado: querer ser mais do que
se é é ser menos.
Outro dia, um apresentador de televisão no auditório
lotado de audiência magnífica perguntou a uma jovem
artista de novelas da Globo o que ela achava de de-
terminado assunto. Assunto complexo e que nada ti-
nha a ver com sua arte de representar. Contrariando
a tentação das celebridades de em tudo opinarem, ela
respondeu: “Eu sou apenas uma artista. Minha opinião
sobre esse assunto não deve ter importância maior”.
Rara sensatez.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/05/04/para-que-serve-celebrida-
de-288630.asp. Acessado em 17/02/2011.

276

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Manual do Educador

Artigo de opinião

277
Capítulo
7
Desvendando os segredos do texto Sugestão de
1.
Abordagem
Por que James Cameron veio ao Brasil?
Para protestar contra a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte.
Comente com os alunos
que ler sobre um assunto
2.Quais foram as respostas que o autor utilizou para responder à pergunta feita no título
do artigo?
A celebridade serve para dar um cunho de autoridade com base na experiência a uma deter- e poder comparar a infor-
minada opinião. Impõe respeito. A celebridade serve, também, para pautar a mídia, influen- mação com outras fontes
ciar e mobilizar a opinião pública em volta dessa mesma opinião. Impõe atenção. de notícia é muito importan-
3. Transcreva, do segundo parágrafo do texto, um argumento que o autor utiliza para des- te para ajudá-los a formar
qualificar a opinião de James Cameron sobre a construção da Usina Hidroelétrica de Belo melhor sua opinião sobre o
mundo e os fatos.
Monte.
Sugestão: James Cameron não é especialista em Ecologia, hidroelétricas ou mesmo Amazônia.

4. Segundo as ideias apresentadas no texto, a presença de James Cameron em Belo


Monte impôs respeito ou atenção?
Impôs atenção.
BNCC – Habilidades específicas

5. No primeiro parágrafo do texto, o autor afirma que o cineasta James Cameron murmu- EF67LP01 EF67LP05
rava “Washington precisa saber disso”. O que o cineasta quis dizer com essa afirmação?
EF67LP03 EF67LP07
Ele quis dizer que o governo dos EUA precisava tomar conhecimento da construção da
Usina Hidroelétrica de Belo Monte.

6. Qual é a opinião de Cameron sobre os destinos da Amazônia? Anotações


Para ele, os destinos da Amazônia não são de responsabilidade do Brasil, mas de todo o mundo.

7. Na construção de nossos textos (orais ou escritos), sempre utilizamos outros textos —


textos anteriores que lemos ou ouvimos em algum lugar. Esses textos são “coletados” por
nossa mente ao longo da vida e compõem nosso conhecimento de mundo. Essa relação entre
um texto e outro é chamada de intertextualidade. Assim, quando um texto cita outro direta
ou indiretamente, está fazendo uso desse recurso linguístico. No décimo parágrafo do artigo
Para que serve a celebridade?, o autor faz uso da intertextualidade para citar qual texto?
O artigo A internacionalização do mundo, de Cristovam Buarque.

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o
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Ca
8. O autor é contra ou a favor das ideias apresentadas no texto de Cristovam Buarque?

278 A favor.

9. Analisando as ideias apresentadas no texto e, particularmente, o último parágrafo, para


o autor, como as celebridades deveriam se comportar quando perguntadas sobre algo que
desconhecem?
Elas não deveriam opinar.

10. Como vimos, em um texto argumentativo os argumentos


devem ser apoiados em informações. Dessa forma, eles ga-
nham força, o que dificulta a contra-argumentação, isto é, ar-
gumentos contrários à opinião defendida. Para entender isso
na prática, leia o texto abaixo e responda às questões:

A Usina de Belo Monte não deve ser construída porque


ela não vai gerar qualquer benefício para a sociedade.
Além disso, o cineasta James Cameron também é contra
a construção. Se as obras continuarem, esta será a pri-
meira usina hidroelétrica do País, que não tem tecnologia
para administrá-la.

a) Qual é a opinião defendida pelo autor?


O autor defende que a Usina Hidroelétrica de Belo Monte não
deve ser construída.

b) Que argumentos ele utiliza para justificar a sua opinião?


1. A Usina Hidroelétrica de Belo Monte não trará benefícios para
a sociedade. 2. O cineasta James Cameron é contra a constru
ção. 3. O Brasil não tem tecnologia suficiente para administrá-la.
c) Apresente contra-argumentos para essas justificativas.
Sugestão:1. A Usina Hidroelétrica de Belo Monte trará ao me-
nos um benefício para a sociedade, pois gerará energia. 2. O
cineasta James Cameron não é especialista no tema, por isso
sua opinião não tem valor. 3. O Brasil dispõe de tecnologia su-
ficiente para administrá-la, pois já existem várias usinas desse
tipo em atividade no País.
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Manual do Educador

Artigo de opinião

279
Capítulo
7
11. Além da polêmica visita de James Cameron à usina de Belo Monte, outros episódios a
respeito repercutiram na mídia nacional de forma igualmente opinativa. Na Internet, pode-
mos encontrar diversos vídeos em que celebridades manifestam opiniões sobre a constru-
ção da hidrelétrica. Com base no artigo Para que serve a celebridade? reflita e opine:
a) Podemos considerar sensata a atitude de pessoas famosas em fazer uso do “efeito ce-
lebridade” para causar mobilização?
b) Você se recorda de outras situações dessa natureza?
c) Pesquise casos em que celebridades “compraram brigas” contra polêmicas alheias ao
seu campo de atuação. Você considera válida essa interferência?
d) Como os assuntos que você pesquisou passaram a ser tratados pelo público após a in-
tervenção opinativa de celebridades?

12. Durante a fase inicial do projeto, o Movimento Gota D’água produziu um vídeo em que
atores famosos apresentam argumentos contrários à construção da usina de Belo Monte.
a) Assista ao vídeo e identifique os principais argumentos apresentados para fundamentar
o posicionamento defendido. O vídeo está disponibilizado no YouTube no link a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=OjkjHMPxbNs

b) Já o vídeo Estudantes parodiam globais em vídeo pró-Belo Monte, também disponibi-


lizado no YouTube, adolescentes apresentam argumentos favoráveis à construção da
usina. Assista ao vídeo também avaliando os argumentos apresentados. O vídeo está
disponível no link:

https://www.youtube.com/watch?v=Cpm42ucptJk

c) Famoso pela produção de conteúdos bem embasados e críticos, o biólogo Pirula man-
tém o Canal do Pirula no YouTube, onde posta vídeos sobre divulgação científica e temas
relacionados à biologia, mas sempre com muita opinião. Em seu vídeo Belo Monte é a
gota d’água?, o youtuber argumenta sobre os principais pontos da polêmica construção
da usina. Assista ao vídeo atentando para as estratégias argumentativas que o youtuber
utiliza para defender seu ponto de vista. Confira o vídeo no link:

https://www.youtube.com/watch?v=xnitmB22JtQ

d) Como você certamente percebeu ao longo deste capítulo, para defender uma opinião
sobre qualquer tema, é fundamental reunir informações sobre ele a fim de embasar seu
posicionamento. Pensando nisso, escolha um problema que está afetando o local em
que você vive e procure reunir bastante informação sobre ele. Esse levantamento será
necessário para a produção do artigo de opinião que você fará na página 288.

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Ca 280

Análise linguística
Diálogo com
o professor
Objeto direto e objeto indireto
Como dissemos, o predicati- Na primeira parte deste capítulo, estudamos as relações de

vo é o adjetivo ou equivalente
regência. Vimos que, na estrutura da oração, alguns verbos
exigem, obrigatoriamente, um complemento, tradicionalmente
que, na oração, exerce predi- chamado de objeto. Os verbos intransitivos, como vimos, não
exigem objeto.
cação, delimitando o conteú- Na prática, o objeto pode se ligar ao verbo de duas maneiras
distintas: ou ele se liga diretamente ao verbo (objeto direto) ou
do e a classe do sujeito ou do se liga de maneira indireta, isto é, por meio de uma preposição
objeto. A relação entre sujei- (objeto indireto). Observe:

to ou o objeto e o predicativo verbo transitivo direto


acontece por meio dos verbos
de ligação. Interessante obser- Carlos arrecadou o dinheiro.

var que, embora não exerçam objeto direto


predicação, os verbos de liga-
ção desempenham duas fun- preposição
ções básicas: ligar esses ter-
Ela foi para a Europa.
mos e indicar a temporalidade
da oração. Como sabemos, verbo transitivo indireto objeto indireto

o conceito de oração está in-


timamente ligado à presença preposição

de um verbo. Isso porque so- A loja deu muito lucro ao dono.

mente os verbos veiculam, por objeto direto


objeto indireto

meio de suas desinências, as


verbo transitivo
direto e indireto

noções de tempo, modo e as-


(bitransitivo)

pecto. Assim, toda oração pre-


cisa, na verdade, ser situada 280

no tempo, indicar a posição


do falante em relação à ação LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 280 29/03/18 07:21

verbal e seu agente (modo)


e delimitar a duração dessa jeito (ela) ao predicativo (eufóri- assinala o tempo da oração.
ação (aspecto). ca). Note que o adjetivo se refere Por esse raciocínio, podemos
Vejamos um exemplo: exclusivamente ao pronome, de- concluir que o predicativo não
limitando-lhe o sentido. Por isso é um complemento verbal.
Ela estava eufórica. o predicador dessa oração é o
Nessa oração, o verbo estar adjetivo eufórica, não o verbo,
é responsável por ligar o su- que, além de ligar esses termos,

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280

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Manual do Educador

Artigo de opinião

281
Capítulo
7
É importante notar que, na prática, o emprego de um verbo
como transitivo direto, indireto ou bitransitivo depende do uso. Compartilhe
Verbos que frequentemente exigem complemento muitas ve- ideias Diálogo com
zes podem ser utilizados sem ele. Exemplo disso é o que ocor-
re com os verbos ler e rir nas frases abaixo:
o professor

verbo transitivo direto Duas particularidades for-


mais nos permitem dife-
Ele já leu muitos livros.
renciar o predicativo dos
complementos verbais. A
objeto direto

primeira é o fato de o pre-


Muitos alunos não leem.
dicativo, quando represen-
verbo intransitivo tado por adjetivo ou alguns
pronomes, concordar em
gênero e número com o su-
Quando me encontrou, ela riu.
jeito da oração. A segunda
verbo intransitivo
particularidade é a possi-
bilidade de substituição do
Ela riu uma gargalhada gostosa.
predicativo pelo pronome
invariável o, quando o ver-
objeto direto
verbo transitivo direto

bo é ser, estar, ficar ou pa-


Em todos esses casos, o objeto (seja direto, seja indireto) é
exigido pelo verbo, isto é, apresenta-se como termo necessário
recer.
Importante notar, também,
sintaticamente. Essa observação é importante para não con-
fundirmos termos acessórios à estrutura básica da oração com
objetos. Por exemplo: que:
Choveu ontem. 1. Os verbos de ligação
Nessa frase, o verbo chover é intransitivo, pois é um não admitem a voz pas-
verbo suficiente de sentido. O termo ontem apenas expressa
uma informação a mais, situando o fato no tempo passado,
siva e apresentam todas
mas é um termo acessório à estrutura da oração. as condições necessá-
281 rias à classe dos verbos,
incluindo-se aí os morfe-
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mas de número, pessoa,
tempo e modo.
BNCC – Habilidades gerais 2. O predicativo pode ocor-
Anotações
EF69LP55 rer com o verbo de liga-
EF69LP56 ção implícito:
Apesar de estudioso, ele não
BNCC – Habilidades específicas passou nos exames.

EF67LP33 EF07LP07 Apesar de ser estudioso


EF07LP05

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Ca 282
Compartilhe
Predicativo do sujeito e do objeto
ideias Como vimos na primeira parte deste capítulo, o verbo de li-
Sugestão de gação apenas liga dois termos. O que vem depois dele (um
adjetivo) é qualidade ou estado do que veio antes (um subs-
Abordagem tantivo). Na oração, o adjetivo recebe o nome de predicativo.
Como não se refere propriamente ao verbo, o predicativo não é

O texto É possível transfor-


um complemento verbal. Veja:

mar a água do mar em água verbo de ligação

potável? é uma importante A situação parece complicada.

fonte de informação que


pode contribuir para a ela-
sujeito predicativo

boração de um argumento. verbo de ligação

Chame a atenção dos alu-


A paciente continua nervosa.
nos para o fato de que uma
opinião sobre algo pode ser sujeito predicativo

construída a partir de outras verbo de ligação


opiniões, mas, sobretudo,
da análise de dados, que Carlos anda preocupado.

podem ser colhidos direta- sujeito predicativo

mente na realidade ou em
outros textos. Daí a impor- verbo de ligação

tância de buscar informa- O mar está muito calmo.


ções em textos expositivos.
Questione a turma: sujeito predicativo

•• Que argumento pode-


ríamos construir, a partir
desse texto, para enri-
quecer o debate sobre
282
a questão da água no
mundo? LPemC_2018_BNCC_7A_Cap7.indd 282 29/03/18 07:21

BNCC – Habilidades específicas Anotações


EF67LP33 EF08LP04
EF07LP05 EF09LP04
EF09LP06

282
282

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Manual do Educador

Artigo de opinião

283
Capítulo
7
Observe que, nesses exemplos, o predicativo qualifica o sujei-
to. Por essa razão, é classificado como predicativo do sujeito.
Em outros casos, o adjetivo pode se referir ao núcleo do obje-
to. Por esse motivo, recebe o nome de predicativo do objeto
Leitura Complementar
(veja mais sobre isso na página 279). Observe:

A fama tornou o jogador um atleta arrogante.


A voz do senso comum diz que
objeto predicativo do objeto o homem é um ser racional. Pes-
quisas recentes têm demonstrado
que isso não é verdade! Nós so-
Prática linguística mos seres principalmente emocio-
É possível transformar a água do mar nais! O que há de racional quando
em água potável? seres humanos da mesma fé são
É sim, isso já ocorre em vários países onde a água doce de
rios, lagos e represas é escassa. Hoje, mais de cem nações,
capazes de se matar por diferen-
principalmente no Oriente Médio e no norte da África, possuem ças milimétricas? As cruzadas, por
exemplo, foram criadas para defen-
usinas que retiram o cloreto de sódio — o popular sal de co-
zinha — da água salgada. A primeira usina de dessalinização
surgiu em 1928, na Ilha de Curaçao, no Caribe. der o cristianismo, mas, em 1204,
Surgiram depois métodos mais refinados, possibilitando a
instalação de miniusinas em navios que permanecem muito a quarta cruzada atacou a cidade
tempo em alto-mar. Entre as novas técnicas, a mais bem-suce-
cristã de Constantinopla, matan-
dida é a que separa o líquido por meio de um plástico poroso
que barra os sais. Na maioria dos processos, cerca de um terço do milhares de pessoas, somente
da água do mar vira água potável, enquanto os dois terços res-
tantes são descartados como salmoura, líquido com alta con-
porque se tratava de cristãos orto-
centração de sais. O descarte dos resíduos é um dos grandes doxos! O que há de racional, nos
dias de hoje, quando alguém pre-
problemas da dessalinização. No solo, a salmoura inibe o cres-
cimento das plantas e pode matar a vida aquática sensível ao
sal se a mistura cair na água doce. O ideal é despejar o resto fere viajar mil quilômetros em pe-
de volta no mar ou em lagoas de água salobra.
O Brasil, mesmo sendo um dos países mais ricos em água rigosas rodovias, apenas porque
Depositphotos | oriontrail

doce, também utiliza processos de dessalinização para purifi-


car a água de lençóis subterrâneos no Nordeste.
tem medo de avião? É por isso que
Revista Mundo estranho, outubro 2003, p. 22 (adaptado). vem ganhando cada vez mais des-
taque entre nós o conceito de Inte-
ligência Emocional.
Alegria, tristeza, raiva, medo e amor
283

são nossas cores emocionais bá-


sicas. Se as misturarmos, teremos
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outras emoções mais complexas.


BNCC – Habilidades gerais Se misturarmos amor e tristeza, te-
Anotações
remos saudade; amor e raiva, má-
EF69LP29 EF69LP32
EF69LP31 EF69LP42 goa; amor e medo, ciúme. O ciúme
é uma emoção tão complexa que
nela se misturam às vezes amor,
medo, tristeza e raiva.
ABREU, Antônio Suárez (2009). A arte de
argumentar: gerenciando razão e emoção. Cotia:
a: Ateliê Editorial, p. 77.

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1. O texto que você acabou de ler é predominantemente argu-

284 mentativo? Justifique.


Não, pois não há predomínio de argumentação, mas de exposi-
ção. Trata-se de um artigo de divulgação científica.

2. O que é o processo de dessalinização?

É a retirada do cloreto de sódio (sal de cozinha) da água do mar.

3. Conforme as informações presentes no texto, analise as


afirmações abaixo, assinalando V, para verdadeiro, ou F, para
falso.

a) ( F ) Os cientistas ainda não sabem dessalinizar a água do


mar.
b) ( F ) Em alguns países onde há escassez de água apropriada
para o consumo humano, a água do mar tem sido utiliza-
da sem tratamento.
c) ( F ) O cloreto de sódio só pode ser retirado da água do mar
por meio de um processo simples que pode ser feito em
casa.
d) ( F ) Hoje, é possível separar o cloreto de sódio da água do
mar com técnicas mais refinadas que permitem o aprovei-
tamento total da água sem gerar resíduos.
e) ( V ) Se dessalinizarmos 90 litros de água do mar, obteremos
aproximadamente 30 litros de água potável.
f) ( V ) O processo de dessalinização gera resíduos nocivos ao
meio ambiente.
g) ( F ) No Brasil, ainda não foram empregadas técnicas de des-
salinização.

4. O texto informa que o Brasil é um país onde:


a) Existe grande quantidade de água doce.
b) Foi descoberto um método de conseguir água doce.
c) Ainda não é feita a dessalinização da água.
d) Não é preciso transformar água salgada em água potável.
e) Falta água doce nos rios, nos lagos e nas represas.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

285
Capítulo
7
5. “[…] é a que separa o líquido por meio de um plástico po-
roso que barra os sais.” (segundo parágrafo). No plural, o seg- Compartilhe
mento sublinhado será, corretamente:
ideias
a) Uns plásticos poroso que barra os sais.
b) Um plástico porosos que barra os sais.
c) Um plástico poroso que barram os sais.
d) Uns plásticos porosos que barra os sais.
e) Uns plásticos porosos que barram os sais.

6. Percebe-se corretamente do texto, ainda, que:


a) O processo de dessalinização da água permite ao Brasil ser
o país mais rico em reservas de água doce.
b) O Nordeste recebe água potável processada em navios que
permanecem em alto-mar.
c) No Nordeste, há lençóis subterrâneos cuja água tem de ser
dessalinizada.
d) O Brasil não possui tecnologia avançada para transformar
água salgada em água doce.
e) O Oriente Médio e o norte da África são regiões naturalmen-
te bem servidas de água doce.

7. De acordo com o texto, o processo de dessalinização da


água teve início:
a) No norte da África.
b) Numa ilha do Caribe.
c) Em alto-mar.
d) No Brasil.
e) No Oriente Médio.

8. Um dos grandes problemas da dessalinização da água a


que o texto se refere está na:
a) Possibilidade de esse processo provocar o desequilíbrio do
meio ambiente.
b) Necessidade de serem descobertos métodos mais simples
de dessalinizar a água.
c) Falta de maior número de usinas instaladas em navios.
d) Existência de pequeno número de lagoas salobras.
e) Falta de estudo mais completo dos lençóis subterrâneos do
Nordeste.

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Ca 286
9. Analise os verbos destacados nas frases abaixo:

1. O chão é sujo.
2. O chão está sujo.
Sugestão de 3. O chão ficou sujo.
4. O chão continua sujo.
Abordagem
a) Como se classificam esses verbos?

O trabalho de avaliação da Verbos de ligação.

escola e produção de um b) Qual é a função do termo sujo nas quatro situações?

texto argumentativo dirigi- Predicativo.

c) Em qual dessas frases a qualidade de sujo é permanente?


do à comunidade escolar
pode, agora, ser estendi-
Na frase 1.

d) Em qual dessas frases a qualidade de sujo é persistente?


do para o bairro, a cidade. Na frase 4.
Seus alunos podem obser-
var, no caminho de ida e
10. Quanto à transitividade, como se classificam os verbos
transformar, no título, e retirar, no primeiro parágrafo do texto?
volta da escola, se há sis- Bitransitivos.
tema de coleta seletiva, se 11. Releia o trecho:
há desperdício de água, sa- O descarte dos resíduos é um dos grandes problemas da
neamento básico, etc. Após dessalinização. No solo, a salmoura inibe o crescimento
das plantas e pode matar a vida aquática sensível ao sal
o levantamento desses da- se a mistura cair na água doce. O ideal é despejar o resto
dos, que pode incluir do- de volta no mar ou em lagoas de água salobra.

cumentos comprobatórios, a) A palavra problemas exerce a função de núcleo do predica-


tivo. Explique.
como fotos e depoimentos, A palavra problemas qualifica o termo descarte dos resíduos
etc., promova uma discus- por meio de um verbo de ligação (ser).
são para que todos parti-
cipem. O artigo de opinião
b) Qual é a função sintática do termo destacado?
deverá ser escrito coletiva- Objeto direto.
mente no quadro e dirigido
ao prefeito da cidade. 286

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Anotações

286
286

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Manual do Educador

Artigo de opinião

287
Capítulo
7
Compartilhe
Diálogo com
É hora de produzir ideias o professor

Na abertura deste capítulo,


Antes de começar a escrever
comentamos sobre a im-
Como os artigos de opinião podem tratar dos mais va-
riados assuntos, é natural que, em alguns temas, existam portância de oferecer aos
opiniões divergentes. Exemplo disso é a polêmica e contro-
versa discussão sobre o aborto: existem pessoas que são
alunos a chance de, com
contra essa prática e pessoas que são a favor. O mesmo seu texto, mudar a sua rea-
acontece com a legalização das drogas. No final, o que vale
é a força dos argumentos apresentados na discussão. Esses lidade. Por isso, na propos-
argumentos podem ser apresentados seguindo uma estraté- ta de produção, sugerimos
gia. Conheça algumas estratégias que podem enriquecer os
seus argumentos: uma atividade que consiste
• Informações numéricas – Dados numéricos conferem maior em observar e avaliar o es-
paço escolar, com o intuito
credibilidade ao argumento, pois é difícil argumentar contra o
que mostram os números.

• Argumento de autoridade – Esse tipo de argumento con- de produzir um texto argu-


siste em reproduzir, com suas próprias palavras ou literal- mentativo coletivo, dirigido
à comunidade escolar.
mente (discurso direto), a fala de um especialista no tema
discutido.
• Exemplos – Os exemplos enriquecem o seu ponto de vista,
pois são baseados na realidade. Isso faz com que seu ponto
Estamos insistindo no exercí-
de vista ganhe mais respeitabilidade, pois está fundamenta- cio direto da cidadania como
pressuposto para o sentimen-
do em fatos concretos, não em suas impressões pessoais.
Os exemplos também ajudam o leitor a se identificar com o
texto. to de pertencimento à co-
• Primeira pessoa – O uso da primeira pessoa facilita a ar-
gumentação, pois contribui para aproximar autor e leitor.
munidade global. Em outras
No plural (nós), inclusive, o leitor é levado a perceber que palavras, para sentir-se mem-
bro autônomo na sociedade,
também faz parte do problema discutido ou que deve agir
também para solucioná-lo. No entanto, em textos formais,
tenha cuidado com expressões como eu acho, para mim, consciente de seus direitos e
deveres e dono de seu dis-
etc. Como são expressões extremamente particulares, elas
enfraquecem os argumentos.
curso, é preciso que o aluno,
287 desde já, atue como tal.

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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
EF69LP06 EF69LP08
EF69LP07 EF69LP18

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP07 EF67LP33
EF67LP32 EF07LP10

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Proposta
288 Aprenda
Nesta atividade, você escreverá um artigo de opinião para
mais! ser enviado à redação de um jornal de sua cidade. Seu artigo
deverá abordar algum problema que está afetando a sua comu-
Qualquer um de nós pode nidade, como falta de saneamento básico, violência, buracos
(e deve) agir socialmente, nas ruas, iluminação pública deficitária, etc. Você pode utilizar
isto é, realizar ações que
visem ao bem-estar de as informações coletadas na questão 12 da página 279. Esta
todos. A jovem estudante pode ser uma boa oportunidade para agir socialmente.
de Santa Catarina Isadora
Faber, por exemplo, ficou
conhecida após criar na Planejamento
sua rede social a página
Diário de Classe, dedicada 1. Na seção Antes de começar a escrever, vimos que algumas
a relatar as precariedades
de seu ambiente escolar estratégias podem nos ajudar a argumentar. Procure segui-las.
com o intuito de despertar a 2. Lembre-se de que seu artigo será dirigido a um jornal. Por
consciência crítica de seus
colegas e sugerir melhorias isso, procure utilizar uma linguagem adequada ao público-
para a situação da rede -alvo.
pública de educação.
3. Apresente argumentos relevantes para defender seu posi-
Com a repercussão de
cionamento. Por exemplo: se você for falar sobre buracos
suas postagens, Isadora
foi convidada a publicar um nas ruas, pode argumentar que eles são um perigo para
livro de título homônimo todos, pois oferecem sérios riscos de provocar acidentes.
ao da página que lhe
trouxe o reconhecimento,
4. Dê um título adequado ao seu texto.
ministra palestras pelo País

Avaliação
e planeja organizar um
endereço virtual que possa
servir de intermédio para
denúncias de precariedade 1. Releia o seu texto e avalie-o baseando-se nas seguintes
de escolas da rede pública questões:
nacional.

Aspectos analisados Sim Não


O tema está claro para o leitor?
Seu posicionamento está bem-apresentado?
As estratégias deram força aos seus argu-
mentos?
O seu posicionamento permite contra-argu-
mentos?
https://www.kobo.com/br/pt/ebook/
diario-de-classe-a-verdade-1 A linguagem está adequada aos leitores?
O título corresponde bem ao posicionamento
adotado?

2. Tendo em vista essas observações, reescreva seu texto,


agora na versão definitiva.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

289
Capítulo
7
A escrita em foco
Repensando o
Uso de mas e mais, a e há, mal e mau
Ensino da Gramática
A língua portuguesa nos oferece uma variedade muito grande de palavras para poder-
mos nos expressar. No entanto, apesar de serem pronunciadas da mesma forma, muitas Para expandir o emprego
palavras expressam sentidos completamente diferentes. Ao escrevê-las, é preciso ficar
muito atento. Nesta seção, vamos conhecer algumas delas. de mas e mais, seria inte-
ressante chamar a atenção
Leia a frase abaixo, procurando observar o uso das palavras mas e mais:
dos alunos para as situa-
Sei que preciso me dedicar mais, mas não tenho tempo.
ções em que mas marca
• Mais – Expressa quantidade ou intensidade. Neste caso, é o oposto de menos. um ponto de intensidade
• Mas – Expressa uma relação de oposição, adversidade. Seu uso equivale a porém,
contudo, no entanto, etc. que corrobora acentua-
Agora leia: damente uma informação,
Eu não o vejo há muitos anos. como em O jogador está
Há situações em que é preciso ter calma.
Daqui a dois meses, estaremos de férias.
machucado. Mas muito ma-
A cidade mais próxima fica a 20 quilômetros. chucado!
As palavras destacadas também costumam confundir bastante.
Mas é simples perceber a diferença entre elas. Observe:
• Há – Expressa tempo passado ou é aplicada como equivalente a BNCC – Habilidades gerais
existir. Nas duas situações, é uma das flexões do verbo haver.
EF69LP13 EF69LP31
Há dias venho trabalhando nisso (passado).
Há um problema aqui (existir). EF69LP29 EF69LP43
EF69LP30
• A – Expressa um tempo futuro ou é aplicada para indicar distância.

Daqui a pouco, estaremos juntos (futuro).


Minha casa fica a alguns metros da escola (distância).
BNCC – Habilidades específicas
Outro par de palavras que confunde bastante é mal e mau. Observe:
EF67LP16 EF67LP21
Ele pediu explicações num mau momento.
O amor sempre vence o mal. EF67LP17 EF67LP32
Ela mal chegou e já foi para a praia. EF67LP19
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Anotações

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o
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Ca
• Mau – É o oposto de bom.

290 Ele é um homem mau.

• Mal – É o oposto de bem.

Ele está muito mal hoje.

Pode indicar também que uma ação foi feita de modo rápido, quase imperceptível.

Ele mal tocou no assunto.

A escrita em questão

1. (Colégio Militar) Leia as frases que se seguem:

“Há pouco tempo…”


“Daqui a pouco…”

As palavras destacadas nas frases acima ilustram o fato de que, conforme a Gramática Nor-
mativa, podem existir diferenças na grafia das palavras, mas a pronúncia pode ser a mesma.
Assinale a opção em que a palavra sublinhada foi empregada de maneira incorreta.
a) Quero um pouco mais de sorvete.
b) Ele gosta muito de sorvete, mais não pode tomar frequentemente.
c) Eles saíram há pouco tempo.
d) Meu irmão retornará daqui a alguns meses.
e) Ela nunca falou mal de você.

2. (Consulplan) Compare as orações abaixo:

1. “[...] a aniversariante ficou mais dura na cadeira e mais alta.”


2. “Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante.”

Agora, use corretamente mais ou mas:


I. Ele estudou bastante, __________ não conseguiu passar.
II. Por _________ que ele se esforce, não alcançará seu objetivo.
III. Ainda uma vez __________ e não precisaremos passar por esta situação.
IV. __________ o homem foi-se embora quando mais precisávamos dele.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

291
Capítulo
7
Indique a opção que preenche corretamente as lacunas:
a) I-mas, II-mas, III-mais, IV-mais.
b) I-mas, II-mais, III-mais, IV-mas.
c) I-mais, II-mais, III-mas, IV-mas.
d) I-mais, II-mas, III-mais, IV-mais.
e) I-mais, II-mais, III-mais, IV-mas.

3. (Cesgranrio) Os visitantes ficam deslumbrados _____, _____ chegam aos barrancos,


presenciam um espetáculo inesquecível de beleza.
a) Por que/mal.
b) Por quê/mau.
c) Porquê/mau.
d) Porque/mal.
e) Porque/mau.

4. (Consulplan) “Longe se vai, sonhando demais, mas onde se chega assim.” A palavra
em destaque pode ser substituída sem alteração do sentido por:
a) Também.
b) Nem.
c) Como.
d) Entretanto.
e) Logo.

5. Complete as lacunas com mal ou mau, mas ou mais, a ou há.


a) Ele não é um mau aluno.
b) Ela está passando um pouco mal .
c) O turista fala muito mal nossa língua.
d) O nosso time jogou muito mal .
e) O personagem do conto não é tão mau .
f) Há alguns dias espero chegar notícias suas.
g) Daqui a alguns dias, deixarei de ser um mau motorista.
h) Há muitas formas de aprender mais conhecimentos.
i) Eu mal cheguei, tive de sair.
j) Há muitos dias saí de viagem, mas não me diverti.
k) Evite o mau comportamento.
l) Caiu de mau jeito.
m) Antes só do que mal acompanhado.
n) Coloque mais açúcar, mas não deixe o suco muito doce.
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o
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Ca
o) Gosto muito de dançar, mas não com qualquer música.

292 6. Indique o item em que a lacuna deve ser preenchida com mau.
a) Calção _____ feito.
b) Não disse isso para o seu _____.
c) Este menino é _____-educado.
d) Não vou lhe dar um _____ conselho!
e) Nunca devemos praticar o _____.

7. Em qual item há desvio da ortografia oficial?


a) Por que o caso está mal contado?
b) Tenha cuidado para não se dar mal, porque esse cão é perigoso.
c) Cada vez mas entendia o porque das coisas.
d) De vez em quando, há alguma dúvida, mas sempre conseguimos resolver.
e) É muito mais divertido brincar ao ar livre, mas só quando não está chovendo.

8. Em qual das alternativas abaixo a lacuna deve ser preenchida com a?


a) O livro chegou _____ um mês?
b) _____ dias ele está viajando?
c) Partirei daqui _____ uma semana.
d) Não tiro férias _____ muito tempo.
e) _____ muitas pessoas esperando na fila.

9. (UFPR) Complete as lacunas, usando adequadamente mas, mais, mal ou mau:


Pedro e João _____ entraram em casa, perceberam que as coisas não estavam bem, pois
sua irmã caçula escolhera um _____ momento para comunicar aos pais que iria viajar nas
férias; _____ seus dois irmãos deixaram os pais _____ sossegados quando disseram que
a jovem iria com as primas e a tia.
a) Mau, mal, mais, mas.
b) Mal, mal, mais, mais.
c) Mal, mau, mas, mais.
d) Mal, mau, mas, mas.
e) Mau, mau, mas, mais.

10. Indique a opção em que não há desvio da norma culta da língua.


a) Fazem muitos anos que mau posso esperar para resolver minha promossão.
b) Há dias venho me perguntando porque você está passando esse mal momento.
c) Choveu muitas horas seguidas, mas os bairros não apresentaram problemas com en-
chentes.
d) Por quê quanto mais você tem, mas você quer?
e) Sua saúde não está mal.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

293
NTO Capítulo
7
e
A m
r
C e r Texto
eN
Amazônia não está à venda

Lamentavelmente ausente do deba- Os bilhões de toneladas de CO2 (gás que


te político-eleitoral, a questão ambiental provoca o aquecimento global) estocados
finalmente conseguiu algum espaço na nas árvores amazônicas, se liberados para
mídia em meio às eleições. Foi preciso, a atmosfera podem colocar todo o Planeta
no entanto, que o tema viesse de fora do em risco. O desmatamento é responsável
País — e travestido de ameaça à sobera- por 75% das emissões brasileiras de gases
nia nacional. Pelo menos é assim que foi estufa e acabar com o desmatamento au-
recebida a proposta de “privatização” de menta a segurança global. Como o Brasil
grandes áreas da Amazônia para impedir (e outros países da bacia amazônica), ca-
que o desmatamento da região continue a rentes de recursos, não conseguem ou não
aumentar o risco de mudanças climáticas querem parar com a destruição da floresta,
em todo o mundo. O plano, que teria sido por que não criar um consórcio internacio-
apresentado pelo ministro de Meio Am- nal que compre grandes áreas para preser-
biente britânico, David Miliband, durante vação? CQD. A humanidade agradece [...].
reunião no México, segundo um jornal bri- Um pouco de aritmética ajuda a cla-
tânico, prevê a compra de grandes áreas rear a fumaça: cerca de 33% da Amazô-
da Amazônia para proteger a biodiversi- nia brasileira são terras indígenas e áreas
dade e o clima global. Essas áreas seriam de proteção integral e uso sustentável. Por
administradas por um consórcio interna- lei, essas áreas não podem ser comercia-
cional. A reação da imprensa brasileira foi lizadas. Há ainda uns 6% ocupados por
imediata, o governo brasileiro se mexeu, assentamentos. Disputar tais áreas é pro-
Miliband desmentiu a história e a honra blema na certa. Do restante, cerca de 24%
nacional foi salva. são de áreas privadas e 37% são públicas,
Foi mesmo? A ideia de recorrer à inicia- sob “controle” da União, estados e municí-
tiva internacional para impedir que a contí- pios. Boa parte das áreas privadas é grila-
nua destruição da Amazônia coloque todo da ou tem sérios problemas de documen-
o Planeta em risco não é nova. Andou cir- tação. São um mau negócio e certeza de
culando nos meios de comunicação lá pelo anos gastos em tribunais, enquanto a farra
final dos anos 1980, na boca da Eco-92, e da destruição corre solta na mata. Além
desde então volta e meia bate na trave da do mais, a grande maioria dessas áreas
mídia igual cobrança de falta do Ronaldi- “privadas” já está desmatada — logo, não
nho Gaúcho. serve para o tal comprador de florestas em
A ideia é baseada num teorema bem grande escala. De olho nas áreas públicas,
simples: a gigantesca cobertura florestal meu senhor? É absolutamente garantido
da Amazônia tem papel fundamental no que nenhum governante — presidente, go-
equilíbrio climático e no ciclo das chuvas. vernador ou prefeito — será capaz de colo-

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o
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Ca
car à venda esse patrimônio público sem ter que enfrentar uma

294 Dicionário gigantesca revolta popular [...].


Apesar disso, a área anual posta abaixo pela sanha das
Soberania – Poder político motosserras continua alarmante, e os fatores que levam ao
independente do Estado desmatamento (ênfase a um modelo econômico baseado em
em relação a outros países,
exportação de commodities para equilibrar as contas públi-
autoridade.
ECO-92 – Conferência cas, inexistência de verdadeira reforma agrária, injustiça social,
das Nações Unidas sobre fragilidade estrutural do estado, falta de estímulo a atividades
o Meio Ambiente e o
sustentáveis, etc.) continuam vivinhos da silva [...].
Desenvolvimento; uma
conferência de chefes de Se governos, instituições multilaterais e grandes empresá-
Estado organizada pela ONU rios querem realmente investir na Amazônia para ajudar o clima
no Rio de Janeiro, em 1992,
global e o meio ambiente, a melhor maneira é colocar mais
com o objetivo de debater
os problemas ambientais no recursos em programas como o PPG7, o programa dos países
mundo. ricos que carreia recursos para o governo brasileiro aplicar na
CQD – Abreviação da
Amazônia e Mata Atlântica; ou no Projeto Arpa, que promete
expressão latina quod
erat demonstrandum, que criar e implementar 50 milhões de hectares de áreas protegidas
significa “como se queria e de uso sustentável. Uma boa aplicação de vultosas somas
demonstrar”. É usada
de recursos seria no fortalecimento do Ibama, da Polícia Fe-
normalmente no final de uma
demonstração matemática. deral, da Funai, do Incra, já que preservação está diretamente
Grilada – Terra que possui ligada a governança. E também em projetos privados de recu-
título de propriedade falso.
peração e recomposição de reserva legal [...].
Sanha – Fúria; ira que
geralmente se manifesta em Aproveite-se o entusiasmo e se lance um movimento inter-
comportamento violento. nacional destinado a criar um fundo de financiamento para a
Commodities – Mercadorias
criação e implementação da rede global de áreas protegidas
em estado bruto ou
produtos básicos de grande e de uso sustentável prevista pela Convenção da Diversida-
importância no comércio de Biológica (CDB), que permita aos países da ONU cumprir
internacional, como café. O
com as chamadas Metas do Milênio, que incluem a reversão
preço dessas mercadorias
é controlado por bolsas da perda de biodiversidade. Segundo cientistas e especialistas,
internacionais. precisamos de pelo menos uns US$ 20 bilhões de dólares por
Carreia – Que transporta.
ano para isso. Mãos à obra, senhores.
Vultosas – Grandes,
volumosas. Paulo Adário. Disponível em:
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/artigo-a-amaz-nia-n-o-esta-a/.
Acesso em 19/02/2018.

1. No artigo de opinião que acabamos de ler, é possível notar recursos estilísticos que
aproximam o autor de seu leitor. Destaque palavras e expressões que fogem do rigor formal
e acentue os possíveis efeitos causados por elas na interpretação da mensagem do texto.
Tais características podem ser observadas por meio do uso de expressões de tom coloquial, como “vivinhos
da silva” e “de olho nas áreas públicas, meu senhor?”, além do trecho em que o autor compara a circulação
de notícias referentes ao tema do artigo com o mau desempenho de um jogador de futebol. Os efeitos vão
desde a adesão das ideias no texto por meio dessas simbólicas aproximações até a eficácia da ironia como
ferramenta de crítica à gravidade dos assuntos abordados.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

295
Capítulo
7
2. Diferentemente do autor de A internacionalização do mundo, o autor do artigo nos apre-
senta dados que refletem sua formação de jornalista e ambientalista. Quais elementos
usados no texto podem reforçar essa afirmação? Como essas especificações podem in-
fluenciar a recepção de seus leitores?
A presença de estatísticas voltadas para a área dos estudos ambientais e as diversas cita-
ções a órgãos e episódios de caráter político são exemplos de recursos que, além de dar
mais credibilidade ao texto, suscitam no leitor a sensação de estarem em contato com um
autor experiente, apto a discorrer sobre tais problemáticas.

3. Após a leitura dos textos de Paulo Adário e Cristovam Buarque, reflita e opine: quais
são as suas conclusões acerca das estratégias disponíveis para a construção de um artigo
de opinião? É possível a coexistência entre pontos de vista congruentes, mas não neces-
sariamente semelhantes? Como lidar com as noções de certo e errado com um gênero que
visa à reflexão transitória entre esses pilares?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno conclua que, por trás de cada discurso, além da pessoa-

lidade ideológica de cada autor, há diferenças entre o foco e a intenção. Aqui, apesar de ambos de-

fenderem a mesma alternativa em diferentes níveis, é perceptível como a distinção entre os modos

escolhidos para isso surte efeito na recepção do leitor, que pode ou não simpatizar com as noções

de internacionalização conforme o ceticismo (ou a sua ausência) com que filtra aquilo que lê. Para

um leitor desatento, a abordagem mais diplomática em A internacionalização do mundo pode soar

como uma adesão parcial às propostas problematizadas.

4. Releia o trecho a seguir, retirado da introdução do artigo.

A reação da imprensa brasileira foi imediata, o governo brasileiro se me-


xeu, Miliband desmentiu a história e a honra nacional foi salva.

a) Nesse período, a palavra destacada atua como complemento do verbo mexer, que ex-
pressa uma ação. Considerando o emprego do pronome se, qual é o alvo da ação?
O pronome se indica a voz reflexiva. Assim, o alvo da ação é o próprio sujeito (o governo
brasileiro).

b) Como vimos na questão 1, nesse artigo o autor opta por empregar certas palavras e ex-
pressões que contribuem para cativar o leitor, chamar sua atenção. Esse é um recurso tex-
tual que contribui, em certos contextos, para o fortalecimento da argumentação. Exemplo
disso é o emprego do verbo mexer, nesse contexto com sentido conotativo. Pensando

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o
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nisso, substitua esse verbo por outro transitivo direto que torne o período mais formal. Dica:
para ganhar mais força argumentativa, crie um objeto direto para o novo verbo que valorize
a ação do sujeito.
Resposta pessoal.
BNCC – Habilidades gerais c) O período do trecho é composto por três orações coordenadas, isto é, orações que se
apresentam sintaticamente independentes. No entanto, podemos perceber uma relação
de dependência semântica (de sentido) entre elas. A respeito disso, analise a importância
EF69LP01 EF69LP14 semântica da segunda oração. O que ela representa em relação à primeira e à terceira
EF69LP05 EF69LP15 orações?
EF69LP11 EF69LP18 A segunda oração é, simultaneamente, consequência do fato expresso na primeira oração
EF69LP13 e causa do fato expresso na terceira oração.

BNCC – Habilidades específicas Mídias em contexto

EF67LP07 1. Neste capítulo, vimos que uma forma muito comum atualmente de defender opiniões está
EF67LP08 na Internet. Seja por meio das redes sociais, seja por vídeos, essa liberdade de expressão
é bastante democrática, mas, por esse motivo, traz à tona uma questão importante:

Devemos respeitar qualquer opinião ou respeitar o direito de opinar?

Anotações Discuta com os seus colegas e o seu professor.

Os memes a seguir abordam, sob perspectivas diferentes, a postura de pessoas que sen-
tem necessidade de opinar sobre qualquer tema. Utilizem esses textos como base para a
discussão.

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Manual do Educador

Artigo de opinião

297
Capítulo
7
2. Na página 279, vimos que, por meio dos vídeos, várias pessoas (incluindo “celebri-
dades”!) expressaram opiniões diversas sobre um mesmo tema: a construção da usina
hidroelétrica de Belo Monte. Naquela atividade, observamos a argumentação apresentada
em cada um dos vídeos. Com base no que vimos neste capítulo sobre a argumentação,
discutam as questões abaixo.
a) O que é necessário para defender uma opinião com propriedade?
Espera-se que os alunos percebam que, para opinar com propriedade sobre um assunto, é
fundamental buscar informações, caso contrário a argumentação se torna frágil e, por esse
motivo, facilmente questionável.

b) Infelizmente, é comum vermos na Internet pessoas desrespeitando outras ao defender


suas opiniões. Muitas vezes, as pessoas não querem apenas defender o seu ponto de vis-
ta contrário, mas, sim, atacar aquele que publicou. Desse modo, ao que parece não basta
simplesmente discordar, há a necessidade de ofender, pessoalmente, o autor. Por que isso
acontece? Na defesa de opiniões, vale tudo?
Nesta questão, é importante apresentar aos alunos dados jurídicos. A liberdade de expres-
são é um direito protegido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela consti-
tuição de vários países democráticos, como o Brasil. O que está em jogo, portanto, são as
ideias, não as pessoas. Ideias podem ser atacadas, confrontadas; pessoas não. O ataque
a pessoas, salvo em casos muito específicos, pode ser tipificado como crime.

3. Uma das ferramentas mais comuns para divulgar pontos de vista atualmente é o You-
Tube, onde qualquer um de nós pode criar um canal e postar vídeos sobre os mais va-
riados temas. Essa facilidade de acesso e divulgação de conteúdo audiovisual criou uma
ocupação improvável alguns anos atrás: a de youtuber. Considerados webcelebridades, os
maiores astros do YouTube conseguem milhões de inscritos, têm bilhões de visualizações
e faturam muito alto com isso. Pensando nisso, reflita e opine:
a) Muito se fala sobre os youtubers como “formadores de opinião”, mas até onde o conteú-
do produzido por esses usuários pode ser consumido como um artigo de opinião virtual?
b) Que semelhanças podemos perceber entre o artigo de opinião e as formas de expressão
digitais contemporâneas, como os vídeos e os “textões do Facebook”?
c) Será que as opiniões que consumimos são a verdade absoluta sobre os fatos? Como
enxergar os outros lados da situação?
d) É possível identificar se um artigo de opinião (“tradicional” ou virtual) foi redigido sob a
influência direta de algum terceiro a ser favorecido com tal produção? Ainda é viável ex-
trair leituras produtivas em casos como esses?
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o
8
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Ca 298

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


deve ser capaz de:
Ca
pí tu
lo 8 Defendendo
opiniões
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas
funções sociais: o que é um 1. Muitas pessoas acreditam que o texto
editorial? Para quem é escrito?

Conhecimentos prévios
jornalístico é imparcial, isto é, adota um

Por quê? Para quê? E como é


posicionamento neutro sobre os fatos
que aborda. Você concorda com esse
feito? pensamento?
2. Você acha que os jornais devem apre-
•• Expressar-se de forma oral e sentar seu posicionamento sobre os te-
mas do momento de forma declarada?
escrita sobre os temas abor-
dados.
•• Planejar, produzir e avaliar um
editorial.
•• Demostrar habilidade linguís- Caracterizando o gênero

tica básica em concordância Neste capítulo, vamos estudar mais um gênero textual
nominal. caracterizado pela defesa de pontos de vista: o editorial.
Da mesma forma que o artigo de opinião, o editorial cir-
•• Utilizar adequadamente sc, sç cula no meio jornalístico. No entanto, diferentemente do
artigo, que apresenta a opinião do articulista, o editorial
e xc. traz a opinião do jornal ou da empresa jornalística. Por
representar, então, o ponto de vista de um grupo, normal-
mente o editorial não é assinado ou, caso seja, quem o
assina é o diretor de redação.

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Anotações

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298

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Manual do Educador

Editorial

299
Diálogo com
o professor

O editorial é um gênero que per-


meia o domínio jornalístico. Já
sugerimos, no capítulo 4, a cria-
ção de uma hemeroteca em sala
de aula, para aumentar o contato
dos alunos com jornais e revis-
tas, o que favorecerá a observa-
ção da estrutura e função social
dos gêneros comuns ao domínio.
Por ser um texto em que o jornal,
ou a revista, se põe à frente dos
conteúdos que veicula, tomando
como “verdade” as posições que
assume, esse gênero possui mui-
as

tas estratégias argumentativas.


as
rC
IJ
s
to
ho

Uma delas é a necessidade de


itp
os
ep
D

passar uma impressão de equilí-


O que estudaremos neste capítulo: brio e solidez em seus argumen-
• Características e função do editorial tos, para firmar uma relação de
• Tipos de predicado confiança com o leitor. Para tan-
• Introdução à concordância nominal
to, ele se vale de objetividade,
• Uso de sc, sç e xc
clareza, criatividade e, muitas ve-
zes, de certo trato amigável, para
se aproximar mais do seu leitor.

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Anotações

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o
8
ul
p ít
Ca 300
mOmENTO
O Editorial
E ir Inteligências
im
Sugestão de Pr Winston Churchill gaguejava, mas tornou-se um dos maiores
líderes e oradores do século passado. Albert Einstein era um
Abordagem sonhador. Repetiu em Matemática no início do Ensino Médio,
mas tornou-se o maior cientista de sua era. Thomas Alva Edi-
son fora considerado confuso pelo seu professor por fazer tan-
O texto defende que “todos tas perguntas. Sua mãe o tirou da escola após três meses de
Antes de
somos inteligentes, todos
educação formal. Mas tornou-se, provavelmente, o mais produ-
começar a ler tivo inventor de todos os tempos.
possuímos algum tipo de O texto que você vai ler
Churchill, Einstein e Edison tinham estilos de aprendizagem
inadequados aos métodos escolares convencionais. E essa
inteligência”. Isso pode ser
agora é o editorial da
revista Planeta, edição 458, mesma falta de sintonia continua hoje para milhões de outros

facilmente verificado na tur-


uma publicação voltada
alunos. Talvez seja uma das causas do fracasso escolar.
para leitores interessados
em divulgação científica. Todos somos inteligentes, todos possuímos algum tipo de
ma. Há alunos que têm fa- Nesse texto, assinado
pelo diretor de redação,
inteligência. Ela não é fixa, como presumiam os testes de

cilidade com a escrita, ou-


inteligência no passado. Nossa reportagem de capa fala das
não temos propriamente
a opinião da revista sobre nossas muitas “inteligências” ou características de inteligên-
tros são bons desenhistas, um tema polêmico. Sua
função é outra. Leia-o e,
cia diferentes. Inteligência linguística: habilidade de falar e
escrever bem. Inteligência lógica ou matemática: habilidade
outros têm habilidade com
a seguir, discuta com o
seu professor a respeito de pensar, calcular e manejar o raciocínio lógico. Inteligência

a música, etc. Seria inte-


das questões lançadas na
seção Para discutir.

ressante levar os alunos a


identificarem suas próprias
habilidades, para relacioná-
-las com as ideias apresen-
tadas no texto.

Anotações

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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas

EF69LP11 EF69LP16 EF67LP05 EF07LP01


EF69LP13 EF69LP17 EF67LP07 EF07LP14
EF69LP14 EF69LP18
EF69LP15

300
300

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Manual do Educador

Editorial

301
Capítulo
8
espacial e visual: habilidade de pintar, tirar ótimas fotos ou es-
culpir. Inteligência corpóreo-cinestética: habilidade de utilizar Diálogo com
as próprias mãos ou o corpo. Inteligência musical: habilidade
de compor canções, cantar e tocar instrumentos. Inteligência o professor
interpessoal: habilidade de se relacionar com os demais. In-
teligência intrapessoal ou intuitiva: habilidade de acessar os Dicionário
próprios sentimentos. Esse trabalho de autoco-
Como afirma Jeannette Voss, uma das grandes especialis-
nhecimento da turma é
Convencionais – Que são
tas em Psicologia Cognitiva na atualidade, todos somos poten- comuns, sem originalidade.

interessante para identifi-


Presumiam – Do verbo
cialmente talentosos, porém de maneiras diferentes. Cada um presumir; tirar conclusões

carmos informações que,


tem seu próprio estilo de aprendizagem, de trabalho e tempe- antecipadas.
Cognitiva – Relativa ao
ramento preferidos. Cada um de nós tem uma potencialidade
muitas vezes, sequer ima-
conhecimento; estuda os
dominante, além de uma secundária. E, numa sala de aula, se processos mentais que
nossa principal potencialidade perceptiva não combinar com o
ginamos. Seria interessan-
levam ao conhecimento.
Potencialidade –
método de ensino, talvez tenhamos dificuldades em aprender,
Conjunto de qualidades e
exceto os que podem compensar com as potencialidades per-
ceptivas secundárias. Todas essas descobertas sobre as inte-
habilidades que cada um
possui.
te compor um documento
ligências humanas estão na base de uma verdadeira revolução Perceptivas –
Capacidade de perceber
com esses dados para que
no ensino e no aprendizado. Confira.
Luis Pellegrini
ou compreender com
facilidade. sejam aproveitados no ano
seguinte, no trabalho com a
http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/458/artigo193088-1.htm (adaptado).
Acessado em 25/01/2011.

mesma turma, o que facili-


tará a aprendizagem conti-
nuada.

Anotações

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o
8
ul
p ít
Ca 302
Aprenda mais!
Sugestão de
Abordagem Winston Churchill foi primeiro-minis-

shutterstock
tro do Reino Unido durante a Segunda
Guerra Mundial, tendo se destacado,
Para as perguntas da seção entre outras coisas, por sua grande atua-

Para discutir, propomos es-


ção em busca da paz mundial. Era um
político extremamente atuante e, além
tas respostas: disso, tinha um talento excepcional para
falar e escrever, o que o levou a receber
1. Os vários tipos de inteli- Winston Churchil
l o Prêmio Nobel de Literatura, em 1953.

gências.
2. Há, sim. O editorial é, na Em 2009, os cem físicos mais reno-
mados do mundo elegeram Albert Eins-
verdade, um comentário

mutzer
tein o mais memorável físico de todos os

Ferdinand Sch
dessa reportagem. É inte-
tempos. Ele era simplesmente um gê-
nio. Como cientista, desenvolveu uma
ressante frisar que, além das mais importantes teorias da Física

de trazer a opinião do jor-


— a Teoria da Relatividade — e, entre
outros feitos, em 1905 escreveu quatro
nal sobre determinado fato artigos científicos fundamentais para a
Física Moderna. Einstein recebeu o Prê-
ou assunto, o editorial pode mio Nobel de Física em 1921. Albert Einste
in

também abordar a reporta-


gem de capa, tecendo co- Não por acaso, Thomas Edison é consi-
derado o maior inventor de todos os tempos:
mentários na intenção de
Louis Bachrach

ele é responsável por mais de mil invenções!

convencer o leitor de que


Entre as mais importantes, está o fonógrafo
— um aparelho bastante complexo com que
se trata de uma reporta- Edison conseguiu gravar, pela primeira vez,

gem de seu interesse.


a voz humana — e o cinematógrafo — a pri-
meira câmera cinematográfica bem-sucedi-
da. Ele dizia que o gênio criativo consiste em
3. Confira! 1% de inspiração e 99% de transpiração, ou
Thomas Edison seja, de nada vale ter uma boa ideia se não
4. A flexão do verbo no se trabalhar muito para torná-la realidade.

modo imperativo.
302

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Leitura
Complementar
Anotações
KOCH, Ingedore
G. Villaça (2002).
Argumentação e
linguagem.
São Paulo:
Cortez.

302
302

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Manual do Educador

Editorial

303
Capítulo
8
Para discutir

1. Em jornais e revistas, há sempre uma grande reportagem


que serve de capa. Sua função é atrair a atenção das pes- Aprenda
soas para a leitura. Qual foi a principal reportagem da edição
mais!
458 da revista Planeta? Jornais e revistas ainda
2. Há alguma relação entre essa reportagem e o editorial? resistem

3. Nesse editorial, há uma frase em que o autor convida o leitor Apesar de parecerem
produtos obsoletos devido
para ler a reportagem de capa. Transcreva essa frase.
ao excessivo consumo
4. Que mecanismo linguístico é responsável por despertar no diário de informações
leitor a compreensão de que se trata de um convite? por meio das mídias
digitais, jornais e revistas
impressos ainda ocupam
um importante espaço
no cenário de leitores
nacional.
Assim como o espaço
reservado para cartas
e sugestões, a seção
Desvendando os segredos do texto do editorial serve para
estabelecer um vínculo
com o leitor de modo
a buscar abordagens
1.No primeiro parágrafo do texto, como o autor iniciou a abor- mais personalizadas
para a experiência da
dagem do tema?
leitura. Dessa maneira,
Ele apresentou exemplos de grandes personalidades que, apesar os assinantes se sentem
contemplados pelo
de terem tido problemas na escola quando crianças, tornaram-se tratamento recebido e os
profissionais envolvidos
grandes exemplos de genialidade. encontram um modo
dinâmico de expor opiniões
e se dirigir ao seu público
de forma coletiva.

2. Quem assina o texto?


Luis Pellegrini, o diretor de redação da revista.

3. Em nome de quem ele escreve?


Em nome da revista Planeta.

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o
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ul
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Ca 304
4. Uma boa maneira de deixar claras as suas ideias em um
texto argumentativo consiste em fazer declarações e, em se-
guida, fazer um resumo delas. Esse procedimento ajuda o lei-
tor a acompanhar o seu raciocínio. Observe, na prática, como
Leitura essa técnica foi empregada entre o primeiro e o segundo pa-
rágrafos. O primeiro parágrafo foi construído inteiramente com
Complementar declarações. Essas declarações foram resumidas logo adiante.
Transcreva, do segundo parágrafo, a frase que funciona como

A silepse é um recurso de
um resumo do primeiro.

estilo cujo efeito de sentido


Churchill, Einstein e Edison tinham estilos de aprendizagem
inadequados aos métodos escolares convencionais.
está no proveito que o enun-
ciador pode tirar no jogo de
relações entre o que um re-
5. Segundo o texto, os problemas com os métodos convencio-
ferente tem no seu aspecto nais que afligiram Churchill, Einstein e Edison ainda persistem?
geral (explícito) e no que Explique.

ele tem de particular (im-


Sim. Os estilos de aprendizagem inadequados aos métodos es-

plícito). No exemplo Feito o


colares convencionais continuam hoje para milhares de alunos.

gol, a torcida levantou-se


como uma onda; em se-
6. Leia o trecho:
guida, foram sentando-se
aos poucos, a torcida é um Talvez seja uma das causas do fracasso escolar

elemento coletivo que forma


(segundo parágrafo).

um todo indiviso e, como tal, a) Qual é o sujeito da forma verbal seja?

reage ao gol do seu time. A


Essa mesma falta de sintonia.

euforia do gol vem a um só b) Para o autor, a falta de sintonia entre os alunos e os métodos

tempo para todos os mem-


escolares convencionais é realmente uma causa do fracasso
escolar?
bros da torcida, mas sua Não. Para ele, talvez seja.

dispersão depende da rea- c) Que palavra no trecho justifica a sua resposta ao item anterior?
ção particular de cada indi- Talvez.
víduo. A dicotomia entre o 304
sentimento coletivo e o sen-
timento individual é revelada LPemC_2018_BNCC_7A_Cap8.indd 304 29/03/18 07:23

no jogo que se faz entre a


concordância lógico-gra-
matical (a torcida levantou- Sugestão de Abordagem
-se) e seu desvio, em razão
da concordância ideológica Observando o trecho do texto um bom momento, então, para
(foram sentando-se), refor- reproduzido na questão 6, cer- retomar a função do subjuntivo.
çado pela expressão partiti- tamente o aluno identificará a Talvez insere uma noção hipoté-
va aos poucos (AZEREDO, palavra talvez como o termo tica, o que leva o verbo ao pre-
2008: 495). que não nos permite concluir sente do subjuntivo.
que o autor está convencido. É

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304

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Manual do Educador

Editorial

305
Capítulo
8
7. No terceiro parágrafo, observe as construções que seguem:
Compartilhe
ideias
Todos somos inteligentes, todos possuímos algum
tipo de inteligência […]

a) Qual é o sujeito das formas verbais destacadas?


O pronome todos.

b) Por que os verbos estão flexionados na primeira pessoa do


plural?
Porque o autor se incluiu na totalidade de pessoas, ele se colo-
cou como parte do todos.

c) A concordância verbal foi estabelecida entre o pronome to-


dos e o verbo ou entre o sentido (a ideia) expresso pelo prono-
me e o verbo?
A concordância deu-se entre a ideia expressa pelo pronome e
o verbo.

8. Analisando o terceiro parágrafo do texto, responda: qual é a


intenção comunicativa primordial do autor?
Demonstrar que a reportagem de capa da edição 458 da revis-
ta, intitulada Os vários tipos de inteligência, é relevante para o
leitor e, assim, despertar nele o interesse pela leitura da revista.

9. Transcreva, do último parágrafo do texto, a frase que justifi-


ca a sua resposta à questão anterior.
Confira.

10. Você consegue imaginar casos de editoriais em outras mí-


dias? Será possível, por exemplo, um telejornal reservar um
momento de sua edição para discorrer sobre determinado as-
sunto a fim de expressar uma opinião coletiva? Pesquise e con-
verse com seus amigos e professor sobre as possibilidades que
esse gênero abarca ao ser pensado fora da mídia impressa.

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Ca 306

Análise linguística
Sugestão de
Abordagem Tipos de predicado
Leia a tirinha a seguir:
CAFÉ/Eudson e Lécio
Para as questões da seção
Análise linguística, propomos
estas respostas:
1. Verde, nesse caso, signi-
fica não maduro.
2. a) Sugestão: manchar. / 1. Essa tirinha explora, de maneira muito inteligente, o signi-

b) Você. / c) Sujou a man- Aprenda


ficado das palavras. Qual é o sentido da palavra verde no
último quadrinho?
ga da camisa. / d) Transi- mais! 2. Analise a frase:

tivo direto. Polissemia: uma carta


na manga Pai, você sujou a manga da camisa.
A polissemia é um conceito
3. a) Ela. / b) Está amare- que designa elementos
a) Aponte um verbo que poderíamos utilizar no lugar de sujar
com vários significados.
la. / c) Não. O predicado No caso da tirinha, a
palavra manga teve seus
sem alterar o sentido.
b) Qual é o sujeito da forma verbal sujar?
Mas ela está amarela foi dois sentidos explorados
a fim de construir o efeito
c) Identifique o predicado nesse período.
d) Esse predicado é construído em torno do verbo sujar. Como
construído por meio de humorístico do gênero: ora
fala-se da fruta, ora da parte se classifica esse verbo quanto à transitividade?
um verbo de ligação e da camisa que recebe o
mesmo nome. Tal fenômeno
3. Agora, analise a seguinte frase:
de um predicativo.
costuma aparecer no
formato de trocadilhos
e jogos semânticos de
Mas ela está amarela…
natureza ambígua, seja
para promover situações
cômicas, seja para criar a) Qual é o sujeito da forma verbal está?
metáforas e frases de
b) Identifique o predicado nesse período.
efeito, como quando é
usada em textos literários e c) Esse predicado apresenta a mesma estrutura do que apare-
propagandas a fim de atrair ce em você sujou a manga da camisa?
o consumidor por meio de
artimanhas estéticas.

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Anotações

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Manual do Educador

Editorial

307
Capítulo
8
Nos dois períodos que você analisou, podemos identificar dois
tipos distintos de predicado. O primeiro deles está estruturado Compartilhe
em torno do verbo sujar, que é transitivo, isto é, exerce predica- ideias
ção. Como esse verbo é o termo mais importante do predicado
(núcleo), temos aí um exemplo de predicado verbal. Logica-
mente, o núcleo do predicado verbal é o próprio verbo.
Já na segunda situação, o adjetivo amarela é que desempe-
nha a predicação, ou seja, é ele quem exerce o papel de núcleo.
O verbo estar não exerce predicação, ou seja, é um verbo de
ligação. Assim, como o núcleo do predicado é um nome (o ad-
jetivo amarela), temos aí um exemplo de predicado nominal.
Para ficar mais fácil, podemos dizer que o predicado nominal é
construído por meio de um verbo de ligação e um predicativo.
Há períodos, porém, em que ocorrem os dois tipos de predi-
cado. Trata-se do predicado verbo-nominal. Esse tipo de pre-
dicado é formado por um verbo transitivo e por um predicativo.
Observe:

verbo transitivo direto predicativo do objeto

O juiz declarou o réu inocente.

como sendo verbo de ligação subentendido

Nesse caso, como qualifica o objeto direto, o adjetivo ino-


cente é classificado como predicativo do objeto.

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Prática linguística
Sugestão de
“Por que não pensei nisso antes?” Sempre que nos depara-
Abordagem mos com essa indagação, estamos diante de uma ideia criativa.
A espontaneidade para solucionar problemas é uma capacidade

Você pode organizar uma


sempre invejada. Há quem garanta que entrar nesse time seleto
é uma questão de treino e informação. Entre pesquisadores e
visita com seus alunos à re- pessoas reconhecidas pelo caráter inovador, existe um consen-
so: a criatividade é muito menos divina do que se imagina.
dação de jornal mais próxi- Grandes inovadores, como Leonardo da Vinci e Albert

ma da escola e realizar uma Einstein, parecem raros na atualidade, porque é normal, dentro
do processo criativo, que muitos só sejam reconhecidos depois
entrevista com o editor-che- de mortos.

fe, caso seja possível, ou


O processo criativo varia de pessoa a pessoa. Nas artes, por
exemplo, a capacidade de retratar o cotidiano dos fidalgos e
com os jornalistas. Será um plebeus de uma forma original fez de Molière um gênio da co-

bom momento para os alu-


média. Mozart se destacou pela ousadia de suas composições.
Os heterônimos de Fernando Pessoa renderam obras com
nos entenderem, na prática, diferentes nuanças: do sarcasmo ao lirismo. Todos souberam
trabalhar os elementos que tinham à disposição de uma forma
como funciona a elabora- que não havia sido pensada anteriormente.

ção de um editorial. Algu-


João Rafael Torres. Revista do Correio, 09/04/2006, pp. 23–24 (adaptado).

mas perguntas que não po-


dem faltar são:
•• Quem escreve o edito-
rial?
•• O editorial é anônimo ou
não? Por que razão?
•• O editorial representa
exatamente a opinião do
jornal?
•• Quem avalia o editorial
antes de ser publicado?
308
É importante redigir as per-
guntas com a turma, no LPemC_2018_BNCC_7A_Cap8.indd 308 29/03/18 07:23

quadro, discutindo a melhor


forma de elaborá-las. Para BNCC – Habilidades gerais
realizar essa atividade, é Anotações
necessário retomar com os EF69LP16
alunos, ainda que breve- EF69LP56
mente, aspectos relevantes
do gênero entrevista, traba- BNCC – Habilidades específicas
lhado no capítulo 8 do livro
do 6º ano. EF67LP05 EF07LP14
EF67LP07

308
308

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Manual do Educador

Editorial

309
Capítulo
8
1.Podemos enquadrar esse texto como um exemplo de que Aprenda
mais!
gênero textual?
Quando os vários tipos de
Artigo de opinião.
inteligência se encontram
Leonardo Da Vinci (1452–
1519) é também conhecido Leitura
por habitar o imaginário
2. Nesse texto, o autor segue uma tática muito parecida com cultural de várias gerações, Complementar
a que seguiu o autor do texto Inteligências. Explique. tendo sua vida usada como
referência em obras de

O Roda Viva, exemplo de


Para defender seu ponto de vista, o autor utiliza exemplos de diversas áreas: além do
famoso filme/livro O código
Da Vinci, há, por exemplo,
entrevistas mais formais, é
personalidades muito conhecidas por seus trabalhos.
uma história em quadrinhos
intitulada Chiaroscuro: The
Private Lives of Leonardo da
Vinci, publicada pela Vertigo.
um dos mais importantes
Em outras situações, o
inventor é retratado de forma
programas de entrevista da
3. Como vimos, o mais produtivo inventor de todos os tempos,
mais subjetiva, assumindo
facetas que vão além da
televisão brasileira. Desde
Thomas Edison, dizia que a criatividade consiste em 1% de ins-
verossimilhança, como
em um episódio da série 1986 segue a orientação da
TV Cultura de realizar jorna-
piração e 99% de transpiração. Transcreva, desse texto, uma Futurama dedicado a ele —
frase que confirme esse posicionamento. na ocasião ele é retratado

lismo público de qualidade


como um alienígena do
A criatividade é muito menos divina do que se imagina. Planeta Vinci — ou quando

ao oferecer aos telespec-


participa da série de jogos
eletrônicos Assassin’s
Creed.
Assim como as várias tadores a possibilidade de
conhecer o pensamento e o
formas encontradas para
retratar a sua persona, o
4. Segundo o texto, o que levou homens como Molière e

trabalho de personalidades
próprio Leonardo não se
Mozart a se tornarem tão célebres? restringia a uma modalidade
artística específica para
Eles souberam trabalhar os elementos que tinham à disposição exprimir suas visões de
mundo, sendo considerado
nacionais e estrangeiras
de uma forma que não havia sido pensada anteriormente. um dos polímatas (que
estuda diversas ciências)
com profundidade.
O programa realizou mais
mais famosos do Planeta.
Consequentemente,
suas obras continham
influências de várias áreas
de conhecimento além das
de mil entrevistas em seus
5. Segundo o texto, criatividade é:
modalidades artísticas que
dominava.
23 anos. Tem um acervo
a) Tudo o que se pensa. Conheça um pouco mais
sobre a vida e a obra de Da
precioso que revela muito
b) A produção dos grandes gênios do passado.
c) Fazer algo inusitado.
Vinci neste vídeo-ensaio do
canal Quadro em branco: além do que o perfil do en-
d) Um dom divino. https://www.youtube.com/
watch?v=3R8htiDy0rs trevistado. Retrata momen-
309 tos e fatos importantes das
mais diversas áreas do co-
LPemC_2018_BNCC_7A_Cap8.indd 309 29/03/18 07:23 nhecimento: artes, política,
economia, cultura, espor-
tes, educação e saúde. Os
Anotações convidados que participam
do programa colocam-se
diante de jornalistas e es-
pecialistas convidados para
expor suas opiniões e es-
clarecer questões relevan-
tes para a sociedade.

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o
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Ca
6. O autor do texto mostra que, para produzir algo criativo, não

310 há necessidade de que a pessoa tenha:


a) Genialidade.
b) Treinamento.
c) Informação.
d) Ousadia.

7. Assinale a opção que mostra uma forma diferente, mas tam-


bém correta, de se dizer Por que não pensei nisso antes?.
a) Não pensei nisso antes por que?
b) Não pensei nisso antes por quê?
c) Não pensei nisso antes porquê?
d) Por quê não pensei nisso antes?

8. Releia o segundo parágrafo do texto:

“Grandes inovadores, como Leonardo da Vinci e Albert


Einstein, parecem raros na atualidade, porque é normal,
dentro do processo criativo, que muitos só sejam reco-
nhecidos depois de mortos.”

É correto afirmar que, logo após a palavra muitos, poderia es-


tar inserido o substantivo:
a) Artistas.
b) Pesquisadores.
c) Inovadores.
d) Pintores.

9. A pergunta que inicia o texto — Por que não pensei nisso


antes? — revela que a pessoa:
a) Ficou admirada com uma ideia criativa.
b) Repreendeu-se por não ter criado algo antes.
c) Dirigiu uma pergunta a alguém para descobrir algo.
d) Descobriu algo tarde demais.

10. O período “A espontaneidade para solucionar problemas é


uma capacidade sempre invejada” (primeiro parágrafo) é um
exemplo de:
a) Predicado verbal.
b) Predicado nominal.
c) Predicado verbo-nominal.
d) Predicativo do objeto.
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Manual do Educador

Editorial

311
Capítulo
8
11. No segundo parágrafo do texto, qual é a função sintática do
adjetivo raros? Compartilhe
a) Predicativo do sujeito.
ideias Diálogo com
b) Predicativo do objeto. o professor
c) Objeto direto.
d) Objeto indireto.
O processo de escrita requer
12. O adjetivo raros, empregado no segundo parágrafo, poderia
ser substituído por qual outro adjetivo para acentuarmos a rari- a observação de uma sequên-
dade dos grandes inventores a que o autor se referiu?
a) Normais.
cia de etapas. Nas seções de
b) Extraordinários. produção de texto, seria inte-
c) Interessantes.
d) Anormais. ressante discutir essas etapas
como os seus alunos.
13. Todas as alternativas contêm predicado nominal, exceto:
a) Aquele amor não parava de crescer.
Acreditamos que o momento
b) Ultimamente andava muito nervoso.
c) Eu não sou você. de produção textual, seja em
d) O tempo está chuvoso, sombrio.
sala, seja em casa, é especial
14. Assinale a única frase com predicado nominal: e deve ser contínuo e muito
a) Os alunos voltaram para a escola.
b) O tempo voa. bem planejado. Se for realiza-
c) O menino continuou a leitura. do em sala de aula, reserve
d) Infelizmente, o professor continua doente.
um tempo adequado para que
eles possam trabalhar bem.
15. Indique a frase com predicado verbal:
a) Pedro acusou Marcos de covarde.
b) Gostei do passeio ciclístico. Reforce e valorize a ideia de
c) O professor entrou preocupado em sala.
d) Os amigos ficaram surpresos com sua reação. que são autores e, por isso,
16. Assinale a opção com predicado verbo-nominal:
responsáveis pelo que es-
a) Os alunos estudiosos normalmente são aprovados. crevem. Deixe-os à vontade
b) Todos ficaram estáticos diante da paisagem.
c) O espetáculo está anunciado há cerca de dois meses.
para consultar o dicionário e a
d) O médico julgou a cirurgia muito difícil. gramática. Por fim, considere
nossas propostas de trabalho
como um guia, e não um limi-
311
tador. Fique à vontade para fa-
zer as modificações que julgar
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Anotações

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Ca

É hora de produzir
312 Compartilhe
ideias

Antes de começar a escrever


Como vimos, além de apresentar opiniões de um jornal ou de
uma revista a respeito de um tema, o editorial pode, também,
ter o objetivo de despertar o interesse do leitor pela reportagem
de capa. Evidentemente, é preciso conhecer bem o conteúdo
desse gênero para expressar uma opinião a seu respeito e con-
vidar o público à sua leitura.
Para desenvolver esta atividade, convide mais dois colegas
para compor um grupo com você. Juntos, escolham uma repor-
tagem que chame a atenção de vocês. Ela servirá de base para
o editorial que vocês produzirão agora.

Proposta
Imagine que vocês são os jornalistas responsáveis pelo edi-
torial do jornal, da revista ou do site que publicou a reportagem
escolhida. Agora, a missão de vocês será escrever um editorial
que motive as pessoas a lerem essa reportagem.

Planejamento
1. Leiam com bastante atenção a reportagem que servirá de
base para o texto de vocês.
2. Selecionem as informações mais interessantes na reporta-
gem e utilizem-nas no seu texto para ajudar na sua argu-
mentação.
3. Vocês poderão acrescentar informações extras (dados es-
tatísticos, argumentos de autoridade, exemplos de fatos,
etc.) para embasar melhor seu posicionamento.
4. Uma tática que pode ajudá-los nesta produção é fazer com
que seu texto tente responder à seguinte pergunta: por que
as pessoas devem ler essa reportagem?
5. Procurem deixar claro para os leitores qual é o tema do edi-
torial.
6. Procurem adequar a sua linguagem ao seu público-alvo.
7. Produzam um título para o texto de vocês.

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Manual do Educador

Editorial

313
Capítulo
8
Avaliação
1. Para avaliar o editorial que vocês produziram, antes de
entregá-lo ao professor, façam uma releitura dele procurando
BNCC – Habilidades gerais
analisar estes aspectos:
EF69LP06 EF69LP08
Aspectos analisados Sim Não
Vocês acham que os leitores perceberão com
EF69LP07 EF69LP18
facilidade o objetivo do texto produzido?
O texto está apoiado na reportagem escolhida?
As ideias apresentadas estão ajudando na BNCC – Habilidades específicas
defesa de que a reportagem deve ser lida?
Suas ideias estão se repetindo ou fugindo do
assunto?
EF67LP07 EF07LP01
Há algum dado estatístico, argumento de au- EF67LP32 EF07LP10
toridade ou exemplo conferindo mais credibi- EF67LP33
lidade à argumentação?
A linguagem empregada está de acordo com
o público-alvo?
O título está adequado ao texto?

Anotações

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Ca 314
mOmENTO
DO
Editorial

u N
g A violência das torcidas
SE
Leitura Diante dos atos de vandalismo e de violência criminosa que
voltam a ser praticados por delinquentes que se fazem passar
Complementar por torcedores de futebol em São Paulo, o major da PM Mar-
cos Marinho de Moura, responsável pelo policiamento dos es-
Antes de tádios, lamenta a falta de legislação específica e rigorosa para
começar a ler
Segundo Vogt, todo enun- puni-los.

ciado diz algo, mas o diz de O texto que você vai ler Verdadeiras gangues de marginais estão, novamente, trans-
agora é um editorial do formando as imediações dos estádios e as vias que levam a eles
um certo modo. Ao dizer, o
jornal O Estado de S.
em campos de batalha nos dias de jogos importantes. Além de
Paulo. Esse texto traz

enunciado representa um
como tema um problema atirarem bombas, pedras e de se “animarem” graças ao consu-
social muito grave que, mo de drogas, esses bandidos passaram a usar armas de fogo.
estado de coisas do mun- Preparam-se para os confrontos levando o “material” bélico em
infelizmente, tem se
repetido no nosso país:
veículos de apoio que vão seguindo os ônibus que os trans-
do — tem-se aqui o que se
a violência entre torcidas
de times de futebol. Leia portam até que um grupo rival cruze seus caminhos. Descem,
agora e confira a opinião
pode chamar de significa-
então, dos ônibus, armam-se e partem para o “combate”.
do jornal a respeito desse
tema. Foi o que aconteceu no último sábado, no quilômetro 52 da
ção ou de sentido 1. Por Via Anchieta, no choque entre as gangues infiltradas nas tor-
cidas do São Paulo e do Santos. Pelo estado em que ficaram
outro lado, ele mostra (e o os veículos que levavam torcedores da capital para a Baixada
faz por meio de marcas lin- Santista, percebe-se que ali havia facínoras dispostos a tudo.
O resultado foi a morte do são-paulino Alan de Almeida, de 22
guísticas) o modo como o anos. O assassino continua foragido e, segundo testemunhas,

enunciado é dito, ou seja,


ele teria recebido a arma de alguém que dirigia um Gol e teria
fugido num Fiat branco, outro carro de apoio.
a maneira como se repre- Não é o caso de responsabilizar a polícia pela tragédia. Seria
impossível para a PM escoltar cada ônibus de torcedores. O
senta a si mesmo: é o sen- combate à ação dos delinquentes precisa envolver um conjunto
tido 2. É com base nestas de medidas a serem tomadas tanto pelo Poder Público quanto
pelos times de futebol e pelas entidades responsáveis pela rea-
afirmações que se pode lização dos jogos.

dizer que todo enunciado Os policiamentos preventivo e repressivo especialmente pla-


nejados para essas situações são fundamentais. Mas a apro-
é sui-referencial e que a vação de uma lei, como a reivindicada pelo major Marcos, para

linguagem é representa-
acabar com a impunidade das gangues é indispensável.
Hoje, quando a polícia consegue deter os participantes des-
ção 2 de representação 1, sas guerrilhas, as punições mais frequentemente impostas,
conforme a Lei nº 9.099, de 1995, são prestação de serviços à
representação 2 utilizada comunidade, multas, reparação de danos ou proibição de aces-

numa acepção teatral, para so aos estádios — raramente cumpridas, aliás, pela dificuldade

designar os diferentes pa- 314

péis distribuídos nas cenas


dramáticas que são os atos
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de fala e cujo desempenho


cabe aos interlocutores,
através de um mascara-
mento recíproco que é par- BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
te constitutiva essencial do
EF69LP11 EF69LP16 EF67LP05 EF07LP01
jogo argumentativo da lin- EF69LP13 EF69LP17 EF67LP07 EF07LP14
guagem. EF69LP14 EF69LP18
KOCH, Ingedore G. Villaça (2002). EF69LP15
Argumentação e linguagem. São Paulo:
Cortez, p. 22.

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Editorial

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Capítulo
8
que a Justiça tem de fiscalizar a execução dessas “penas”. As
diretorias dos times de futebol e as associações de clubes es-
portivos precisam também se integrar no combate a esse tipo de Aprenda
criminalidade, como já fizeram quando apoiaram o banimento
mais!
das violentas torcidas uniformizadas, que hoje ressurgem com Contra a impunidade,
outros nomes. Apesar de o presidente da Federação Paulista pela paz nos campos

de Futebol [...] ter declarado que “a Federação não tem nada a Em Futebol, violência
e impunidade, o jornal
ver com a morte do torcedor; estrada é assunto da PM”, acha- paranaense Gazeta
mos que ela poderia estimular e coordenar uma campanha, por do Povo aponta para
parte dos clubes, que levasse à identificação e expulsão dos um fator importante no
combate à violência
maus torcedores, pois é evidente que fatos como esse afastam no futebol: reverter os
dos estádios boa parte do público pagante, que comparece aos casos de impenitência
jogos para assistir a futebol, e não para dar vazão a instintos ocorridos diante de

vandálicos.
dirigentes esportivos que
ainda prestigiam torcidas
Enfim, além de lei e de punições rigorosas contra os maus organizadas, a fim de
elementos, é preciso voltar a orientar e educar os verdadeiros tornar mais rígidas as
punições estabelecidas
torcedores, para que eles também colaborem para a extinção pelo Estatuto do Torcedor,
desse tipo de crime, pelo bem do esporte e pela segurança da que já apresentam
população. soluções coerentes aos
atos de vandalismo, se
O Estado de S. Paulo. Editorial, 17/05/2000.
cumpridas com a devida
rigorosidade.
Depositphotos I katatonia82
A partir desse editorial,
poderemos notar as
possibilidades de defesa
de um mesmo ponto que
partem de diferentes
argumentos, um mais
enfocado na rivalidade
entre as torcidas
organizadas e a polícia
e outro tratando do
sentimento de impunidade
expandido a níveis
estruturais, expondo
problemas internos que
contribuem para tais
práticas. Leia o editorial no
link a seguir e reflita sobre
esses posicionamentos.
http://www.gazetadopovo.
com.br/opiniao/editoriais/
futebol-violencia-e-impunidade-
c7vqpk3ehd7pq6ihiww2n2nqu

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o
8
ul
p ít
Ca

316 Desvendando os segredos do texto

1. Cite três características do editorial que podemos identificar


Dicionário nesse texto.
Sugestões: Defesa de ponto de vista, assinatura do jornal, es-
Delinquentes – Pessoas
que cometem crimes.
trutura editorial (introdução, desenvolvimento e conclusão).
Bélico – Próprio da guerra.
Facínoras – Pessoas 2. Qual é o tema principal desse editorial?
cruéis, perversas.
Foragido – Fugitivo A violência entre torcidas de times de futebol.
da polícia ou de uma
perseguição.
Escoltar – Acompanhar 3. Como os demais textos argumentativos, o editorial normal-
com a intenção de mente segue uma estrutura definida: introdução (apresenta-
proteger, defender.
ção e delimitação do tema), desenvolvimento (argumentação
Guerrilhas – Bandos que
combatem sem obediência em defesa de um ponto de vista) e conclusão (fechamento da
à disciplina e às regras discussão). Como vimos no capítulo anterior, quando estuda-
militares.
mos o artigo de opinião, algumas estratégias argumentativas
Banimento – Expulsão.
Vandálicos – Próprios de podem auxiliar na defesa da opinião, como exemplos, dados
vândalo. estatísticos, comparações, etc. Já na conclusão, é muito co-
mum o editorial propor soluções para o problema abordado ou
cobrar dos responsáveis posturas sérias para resolver o proble-
ma. Pensando nisso, responda às questões que seguem:
a) Como em outros textos argumentativos, no editorial a in-
trodução, o desenvolvimento e a conclusão constituem pará-
grafos. Analisando os parágrafos desse texto, identifique cada
uma dessas partes.
A introdução corresponde ao primeiro parágrafo; o desenvol-
vimento corresponde aos segundo, terceiro, quarto, quinto e
sexto parágrafos; e a conclusão corresponde ao último.

b) Como o autor do texto introduziu o tema?


Ele citou o desabafo do major da PM, que lamentou a falta de
legislação específica e rigorosa para punir os delinquentes que
se passam por torcedores.

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Editorial

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Capítulo
8
c) Como o editorial classifica os torcedores que vão aos está-
dios apenas para tumultuar? Compartilhe
ideias
Segundo o editorial, eles nem sequer são torcedores. São vân-
dalos, delinquentes, marginais, facínoras que se fingem de tor-
cedores.

d) Para dar maior força aos nossos argumentos, uma boa es-
tratégia é utilizar exemplos que ilustrem o nosso posicionamen-
to. Nesse texto, para mostrar a gravidade do problema aborda-
do, o autor utilizou alguns fatos como exemplos e, no terceiro
parágrafo, citou o fato que desencadeou a opinião expressa no
texto. Que fato foi esse?
O choque entre as gangues infiltradas nas torcidas do São Paulo
e do Santos (terceiro parágrafo).

e) Qual é a solução sugerida pelo jornal na conclusão?


O jornal sugere a criação de uma lei específica e punições mais
rigorosas para os criminosos. Além disso, sugere que se volte
a orientar e educar os verdadeiros torcedores, para que eles
também ajudem a solucionar o problema.

4. No último parágrafo do texto, qual é o sentido da palavra


enfim?
a) Continuando.
b) Para concluir.
c) No entanto.
d) Portanto.
e) Para começar.

5. Para o jornal, a Polícia Militar é responsável pela morte do


torcedor são-paulino? Explique.
Não, pois, segundo o texto, seria impossível escoltar cada ôni-
bus de torcedores.

6. Segundo o editorial, como a Polícia Militar poderia contri-


buir para a solução do problema?
Por meio de ações preventivas e repressivas.

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7. Para o jornal, quem seriam os responsáveis por resolver o
Compartilhe problema?
ideias
Sugestão de O Poder Público, os times de futebol e as entidades responsá-

Abordagem veis pela realização dos jogos.

8. De acordo com as informações apresentadas no texto, os

Leve para sala de aula jor- delinquentes presos pela polícia em atos de vandalismo e vio-
lência são punidos por uma lei que não funciona. Por que essa
nais e revistas e explique aos lei não serve?

alunos que existem diversos Porque as punições impostas são leves — normalmente são

gêneros nesses periódicos. prestação de serviços à comunidade, multas, reparação de da-

Além de reportagens, notí-


nos ou proibição de acesso aos estádios. Além disso, essas pe-
nas quase nunca são cumpridas, pois a Justiça tem dificuldade
cias, crônicas, resenhas e
de fiscalizar a sua execução.
artigos de opinião, há um ou-
tro gênero de texto que todo
9. Como se trata de um texto de opinião, em que normalmente
jornal publica diariamente: o se discutem problemas que afligem a sociedade, o editorial tem
editorial. uma função social muito importante: ele serve de alerta para as
pessoas. Mas, se num caso como esse, de violência entre torci-
Com um jornal em mãos, das organizadas, o cidadão comum pouco ou nada pode fazer
para solucionar o problema, qual é a utilidade desse alerta?
aponte esses gêneros tex- Como normalmente expressa opiniões sobre problemas sociais,
tuais para os alunos, mos- o editorial influencia os seus leitores, que podem cobrar soluções
trando-lhes que cada um das autoridades. Professor, além disso, é interessante notar que

deles se localiza em uma esses textos não são destinados primeiramente aos leitores “co-

sessão do jornal. Por últi- muns”, mas aos poderosos (políticos, governantes, empresários,

mo, chame a atenção para etc.), que podem efetivamente interferir nesses problemas.

o editorial, que normalmente


não possui assinatura, mas 10. A violência entre torcidas organizadas é uma realidade ex-

expressa opinião do jornal


clusiva do Brasil? Você conhece exemplos de outros países?

ou revista. Explique que os


Não. Em vários países ocorre esse tipo de violência, a exemplo
dos hooligans, os violentos “torcedores” ingleses.
editoriais se voltam em geral
318
para fatos e temas que estão
sendo noticiados e discuti-
dos no momento.
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Na discussão das respos-


tas, leve sempre os alunos a Anotações
analisar sua interação com
o texto, buscando confron-
tar as respostas e procurar
explicações para as diferen-
ças de reação a um mesmo
texto.

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Capítulo
8
11. Após os primeiros contatos com as possibilidades do gênero editorial em outras plata-
formas para além da escrita, confira um vídeo do Band News sobre o tema da violência nas Leitura
torcidas de futebol e reflita sobre as diferenças entre o texto escrito e a matéria audiovisual.
O vídeo está disponível no link:
Complementar
http://videos.band.uol.com.br/bandnews/13037022/editorial-escalada-de-violen-
cia-transforma-futebol.html

Discuta com os seus colegas e o seu professor:

a) Qual das situações causou mais impacto no público?


b) A abordagem do tema é semelhante?
c) Quais aspectos de cada matéria vocês destacariam como contribuintes para a constru-
ção do sentimento de comoção no leitor/espectador?

12. Com a popularização das redes sociais, ocorreu em escala a inevitável saturação das
chamadas bolhas sociais. Se hoje grande parte das interações humanas acontece com
o intermédio da Internet, é por meio de algoritmos que esta conduz a nossa rotina na rede ABREU, Antônio Suarez. A arte
cruzando interesses em comum com outros usuários. Desse modo, é normal que os inter- de argumentar. São Paulo,
nautas se sintam imersos em uma espécie de zona de conforto em que o conteúdo consu- Ateliê Editorial, 2003.
mido é fruto dessa invisível ferramenta de manipulação, que também pode funcionar a favor
de empresas investidoras em propaganda virtual e seus respectivos aplicativos de suporte, Devido ao seu caráter altamen-
te didático e funcional, A arte de
como o Facebook e o Google, comuns na rotina virtual dos usuários mundiais.
Portanto, não só a propaganda que chega até nós é filtrada por meio desses artifícios,
mas também o conteúdo crítico e as ideologias vinculadas a eles: se compactuamos com argumentar: gerenciando razão
determinadas posições políticas, é provável que as timelines de nossas redes sociais es-
tejam sendo moldadas para se adequar àquilo que foi previamente estabelecido por nós e emoção é endereçado a todos
mesmos, criando uma realidade “filtrada” e livre de atritos. Em função disso, presenciamos
um momento social marcado por intolerância e discursos de ódio, não sobrando espaço
aqueles que desejam melhorar
para debates equilibrados e consensos. seu relacionamento profissional,
aumentando, criativamente, sua
O vídeo a seguir, do Canal Nostalgia, questiona: você está em uma bolha social?

https://www.youtube.com/watch?v=COgkI7GhFR0 capacidade para o trabalho em


Agora, reflita e opine: equipe e para a resolução de
a) Em algum momento experimentou a sensação de estar rodeado de pessoas cujas opi-
niões quase sempre se parecem com a sua?
conflitos. Extremante útil para
b) Depois de conhecer esse conceito, até onde você acha que é saudável manter esse tipo executivos, professores, psicólo-
gos, advogados, administradores
de fenômeno?

e pessoas de vendas, e para to-


dos que desejam uma mudança
positiva em seus relacionamentos
319

pessoais.
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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
EF69LP01 EF69LP14
EF69LP13 EF69LP15

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Ca 320

Análise linguística
Leitura
Complementar
Concordância nominal
Ao contrário da concordân-
Leia a tirinha:
PREÁ E CAFÉ/Eudson e Lécio
cia verbal, a concordância
nominal não parece ser re-
dutível a fatores semânticos,
principalmente porque o gê-
nero dos nominais não tem
correlato semântico coeren-
te: computador é masculi- 1. Onde a avó de Café esqueceu a agulha?
2. No último quadrinho, Preá faz uma pergunta a Café que se-
no, impressora é feminino, ria, na verdade, um pedido. Explique.
por razões idiossincráticas. 3. No primeiro quadrinho, observe o uso da palavra meio. O
que ela significa nesse contexto?
PERINI, Mário (2010). Gramática 4. Agora, explique: a palavra meio em meio esquecida tem
do português brasileiro. São Paulo: o mesmo sentido quando usada em Comi meio pacote de
Parábola, p. 279. biscoito?

Em capítulos anteriores, quando estudamos os verbos e a


noção de sujeito, vimos que, entre eles, se estabelece uma re-
lação de concordância. Vimos que o verbo concorda com o su-
jeito, e a essa relação damos o nome de concordância verbal.

Sugestão de Agora, vamos ver que os nomes também concordam entre


Abordagem si, uma relação que chamamos de concordância nominal.
A concordância nominal acontece, portanto, com adjetivos,
pronomes, artigos, numerais e formas de particípio em relação
Para as questões da seção aos substantivos a que se referem. Observe:

Análise linguística, propo-


mos estas respostas:
1. Em cima da cadeira. 320

2. Na verdade, ele não


queria apenas saber LPemC_2018_BNCC_7A_Cap8.indd 320 29/03/18 07:24

onde estava o Band-Aid.


Ele queria também pedir BNCC – Habilidades gerais
um, pois se furou com a Anotações
agulha esquecida na ca- EF69LP05 EF69LP56
EF69LP55
deira.
3. Um pouco.
4. Não. Em Comi meio pa- BNCC – Habilidades específicas
cote de biscoito, a palavra EF67LP32
meio significa metade. EF07LP06

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Manual do Educador

Editorial

321
Capítulo
8
substantivo
Compartilhe
ideias
Minha avó está meio esquecida.

Nesse exemplo, observe que o pronome possessivo minha


e o adjetivo esquecida concordam com avó, o substantivo ao
qual se referem. Ou seja, esses nomes concordam em gênero
e número com o substantivo. Essa é a regra básica do proces-
so de concordância nominal.
Alguns casos, entretanto, geram dúvida quanto à concordân-
cia em contextos de uso formal da língua. Agora, vamos conhe-
cer alguns deles.

Meio/meia
Quando você leu a tirinha da página anterior, certamente ob-
servou que nela meio equivale a um pouco (Minha avó está
um pouco esquecida), por isso é advérbio de intensidade. E
os advérbios, como vimos, não se flexionam. Já na frase Comi
meio pacote de biscoito, a palavra meio equivale a metade, ou
seja, é um numeral fracionário e, por essa razão, flexiona-se.
Por isso, dizemos: Comi meia maçã.
Como dissemos, nem sempre essa concordância se verifica
na prática. Principalmente em situações de conversação espon-
tânea, é muito comum ouvirmos Estou meia preocupada, Ela
está meia confusa. Mas, em situações formais, seria mais ade-
quado falar Estou meio preocupada, Ela está meio confusa.

Anexo/em anexo
A palavra anexo concorda em gênero e número com a pala-
vra determinada, isto é, com o que é anexado. Já a expressão
em anexo é invariável. Veja:

A mensagem já foi anexada.


Enviei as fotos anexadas ao e-mail.
Mandei os documentos anexados.
Os documentos estão em anexo.

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Ca 322
Mesmo/próprio
Compartilhe
ideias Essas palavras concordam naturalmente com a palavra de-
Leitura terminada em gênero e número.

Complementar Eles mesmos decidiram viajar para conhecer o Caribe.


As próprias alunas produziram as roupas que usaram na peça.
Ela mesma preparou o jantar.
Todo nominal usado referencial-
Menos
mente, isto é, para denotar uma
Como se trata de um advérbio, menos não varia. Mas, em
coisa, pertence a um gênero. situações informais, é comum ouvirmos Vem pra cá, porque
Assim, computador é masculi- tem menas gente. Em situações formais, o mais adequado é
utilizar menos: A empresa teve menos oportunidades este ano.
no, impressora é feminino. Os
termos masculino e feminino Desde aquele incidente, ela passou a ter menos confiança.
Estou com menos azar.
designam as duas classes em Desta vez, comprei menos farinha.

que se dividem todos os nomi- Obrigado


nais que têm potencial referen- Nas situações em que alguém agradece um favor, obriga-
cial, isto é, marcados [+R]. Dize- do concorda com o sexo da pessoa que agradece. Assim, em
situações de uso formal da língua, mulher diz obrigada, e ho-
mos que um nominal referencial mem diz obrigado.

tem gênero inerente — ele é Antes das refeições, Andreia sempre agradece a Deus:
masculino ou feminino. — Senhor, obrigada por esta comida.

Já um nominal usado qualifica- É proibido


tivamente mostra — em geral Essa expressão não admite flexão de gênero quando a coisa

— gênero governado, ou seja,


proibida não vem antecedida de um artigo.
Veja os exemplos:
precisa ficar no mesmo gênero
É proibido entrada de animais na loja.
que o núcleo de seu SN; o nú- É proibida a entrada de animais na loja.
cleo, naturalmente, é referencial É proibido permanência por mais de quinze minutos.
É proibida a permanência por mais de quinze minutos.
e tem gênero inerente. Assim,
em computador novo, a pala-
vra computador é masculina
— não está no masculino; note- 322

-se que não existe o feminino de


computador. Mas novo está no
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masculino — e tem uma forma


feminina, nova. Consequente- ferencialmente têm gênero ine- café é feminino. Isso vale, por
mente, os nominais que podem rente — são masculinos ou fe- exemplo, para efeitos de con-
ser qualificativos, marcados mininos, sem exceção; e o SN cordância: A minha xícara de
[+Q], geralmente vêm em pares, do qual são o núcleo “herda” café está vazia.
um masculino e um feminino: esse mesmo gênero, de modo PERINI, Mário (2010). Gramática do português
novo / nova, vermelho / verme- que podemos dizer não só que brasileiro. São Paulo: Parábola, p. 280.

lha, meu / minha, etc. xícara é feminino, mas também


Todos os nominais usados re- que o SN a minha xícara de

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Manual do Educador

Editorial

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Capítulo
8
Bastante/bastantes
Há situações em que a palavra bastante funciona como pronome indefinido e situações
em que funciona como advérbio de intensidade. Em ambos os casos, bastante pode ser
substituído por muito, mas, somente quando funciona como pronome equivale a muito,
muitos, muita, muitas. Assim, quando advérbio, bastante não tem plural, é invariável;
mas, quando pronome, tem plural (bastantes). Observe:

Ele está bastante feliz.


(advérbio = Ele está muito feliz.)
Comprei bastantes frutas.
Eles estão bastante felizes. (pronome indefinido = Comprei muitas
(advérbio = Eles estão muito felizes.) frutas.)

Ela parecia bastante calma. Ele leu bastantes livros.


(advérbio = Ela parecia muito (pronome indefinido = Ele leu muitos
calma.) livros.)

Elas pareciam bastante calmas. Ela gosta de comer bastantes frutas.


(advérbio = Elas pareciam muito (pronome indefinido = Ela gosta de
calmas.) comer muitas frutas).

Possível
Nas construções o mais possível, o menos possível, o melhor possível, etc., o adje-
tivo possível fica invariável.

Palavras o mais claras possível.


Palavras o menos possível claras.

Com o plural (os mais, os menos, os melhores, etc.), o adjetivo possível vai ao plural.

Obras as mais belas possíveis.


Estamos fazendo os melhores esforços possíveis.

Fora desses contextos, o adjetivo possível concorda normalmente com o substantivo a


que se liga.

Procuramos todas as opções possíveis.


Fizemos tudo que foi possível.

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Ca 324

Prática linguística
Sugestão de
Abordagem 1. Tente explicar a diferença de sentido que há entre estes
pares de frases:

A questão 3 foi retirada de uma a)


I. Os irmãos Pedro e João são grandes homens.
prova para admissão ao 6º ano do II. O irmão Pedro e João são grandes homens.

Colégio de Aplicação da UFPE. Se- Em 1, a palavra irmãos, por estar no plural, refere-se a Pedro

gue o texto completo: e a João. Nesse caso, os dois são irmãos. Já em 2, a palavra
irmão refere-se apenas a Pedro, funcionando como adjetivo.

Prezada autora:
b)
Li o texto Missão dos preda- I. Trazia a calça e a camisa suja.
dores, que você escreveu no II. Trazia a calça e a camisa sujas.

suplemento infantil da Folha de


Em 1, concluímos que apenas a camisa estava suja. Já em 2,

S. Paulo. Adorei. O pessoal da-


entendemos que tanto a calça quanto a camisa estavam sujas.

qui de casa também adorou.


Meu filho e minha filha ficaram 2. (Cesgranrio) Considere as frases:

tão animados que resolveram, I - Músicos e bandas ____________ tocavam no coreto. (co-

eles mesmos, fazer uma carta


nhecidos/conhecidas)
II - Uma trapezista e um palhaço ____________ divertiam o
de uma página e meia ao dono público. (desastrado/desastrados)
III - Entre reverências, gritava a trapezista: “Respeitável públi-
do supermercado daqui do bair- co, muito ___________!”. (obrigado/obrigada)
ro porque esse homem destruiu A(s) frase(s) que não admite(m) ambas as concordâncias, mas
o jardim para construir seu mer- apenas a segunda entre parênteses, é(são) a:
a) I, apenas.
cado. Depois disso, eu espero b) II, apenas.
que as pessoas do nosso bairro c) III, apenas.
d) I e a II, apenas.
fiquem interessadas em come- e) II e a III, apenas.
çar uma campanha de preserva-
ção da natureza. Muito obrigada 324

pela sua atenção.


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Anotações

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Manual do Educador

Editorial

325
Capítulo
8
3. (Colégio de Aplicação – UFPE) Uma leitora de um jornal escreveu uma carta para a
autora de um artigo intitulado Missão dos predadores. Mas, como estava em dúvida a res-
peito da concordância de algumas palavras, deixou alguns espaços em branco. Ajude-a,
completando as lacunas com as palavras fornecidas entre parênteses. Não se esqueça de
fazer a concordância adequada nem repita palavras.
Recife, 28 de setembro de 2011.

animado – adorar – destruir – esperar – ficar interessado


meio – mesmo – obrigado – prezado – resolver

Prezada autora:
Li o texto Missão dos predadores, que você escreveu no suplemento infantil da Folha de
S.Paulo. Adorei. O pessoal daqui de casa também adorou . Meu filho e minha
filha ficaram tão animados que resolveram , eles mesmos ,
fazer uma carta de uma página e meia ao dono do supermercado daqui do bairro,
porque esse homem destruiu o jardim para construir seu mercado.
Depois disso, eu espero que as pessoas do nosso bairro fiquem inte-
ressados em começar uma campanha de preservação da natureza.
Muito obrigada pela sua atenção.
Roseana

4. Você já sabe que a concordância nominal diz respeito à harmonia entre o substantivo e
seus modificadores: os artigos, adjetivos, numerais e pronomes. A regra geral, segundo a
norma-padrão, é a de que estes concordam em gênero e número com o substantivo, mas
existem os casos específicos de concordância. Relembre as leis de concordância nominal
que você estudou e marque a alternativa que reúne as frases em que há inadequações
quanto à norma-padrão.

I. Eu mesmo não sou a melhor da sala, mas sei que não sou das piores.
II. Ontem Marta estava meia tonta, mas hoje ela se sente melhor.
III. Minhas filhas próprias arrumam seu quarto.
IV. Comprei os tomates e o coentro fresquinho.
V. Os funcionários foram juntos comigo ao protesto.

a) II, IV e V.
b) II, III e IV.
c) I, II e III.
d) I, III e IV.
e) I, II e V.

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5. Leia as frases a seguir e corrija aquela(s) sentença(s) cujo uso esteja inadequado com

326 relação à concordância nominal.


a) Não é permitido a entrada de imigrantes naquele país.
Não é permitida a entrada de imigrantes naquele país.

b) Preciso de que faças todas as reivindicações por escrito.


Não há inadequações.
c) Vieram me perguntar se é proibido fazer festa na sala.
Não há inadequações.

d) Os alunos comentaram que naquele dia mesmo falaram com a professora sobre a nota,
mas ainda estavam bastantes preocupados.
Os alunos comentaram que naquele dia mesmo falaram com a professora sobre a nota,
mas ainda estavam bastante preocupados.

e) Procure cansar os seus músculos o menos possíveis.


Procure cansar os seus músculos o menos possível.

6. Observe os casos especiais de concordância nominal.


I. O editorial daquele jornal é o mais tendencioso possível. Sei que o editorial é um texto
argumentativo, mas fico meia desconfiada porque divulga bastante fake news.
II. As dificuldades que enfrentei foram as mais difíceis possível.
III. Dizem que aqui há bastantes vagas.
IV. Cláudio está esperando a sua resposta o quanto possível.

Segundo a norma-padrão, ocorrem inadequações nas frases:


a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) III e IV. e) I, II e IV.

7. “Muito _____”, disse ela. “Vocês explicaram as regras de maneira _____ clara. Eu _____
entendi tudo.”
a) obrigada, bastante, mesma.
b) obrigado, bastante, mesma.
c) obrigada, bastantes, mesmo.
d) obrigados, bastante, mesma.
e) obrigada, bastantes, mesmo.

8. Nós ___ providenciamos os papéis que enviamos ___ às procurações.


a) mesmos, anexos. b) mesmos, anexo.
c) mesmas, em anexa. d) mesmas, anexas.
e) mesmos, em anexos.

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Capítulo
8
É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Os textos jornalísticos em geral cumprem funções muito importantes para a sociedade:
eles informam as pessoas sobre fatos importantes, ajudam a construir opiniões, alertam so-
bre problemas que estão à sua volta. Exatamente como faz o texto que você vai ler agora,
antes de começar a escrever o seu. Depois da leitura, responda às questões e embarque
na proposta. Você será diretor de redação por um dia!

Carência e incerteza
Em Goiânia, dois garotos de 14 anos bri- e alta entrevistados revelaram esses dois
gam por causa de uma partida de futebol. componentes em suas histórias de vida.
Um bate tanto no outro que acaba por matá- “Antigamente, os filhos da classe média ti-
-lo. Os colegas que queriam apartar foram nham destino certo no mundo inteiro. Hoje,
contidos por outros meninos, todos de clas- a competição é maior, e os postos de tra-
se média, extasiados com a briga. No Rio, balho foram reduzidos. Seja em Londres,
adolescentes do subúrbio digladiam-se com Paris ou Nova York, o jovem é igual nesse
pedras e barras de ferro nas estações ferro- aspecto”, diz Júlio Jacobo, coordenador da
viárias. A violência, que até há pouco tem- pesquisa da ONU na capital federal.
po tinha os jovens apenas como vítimas, os Os membros do Judiciário que acompa-
tem agora como protagonistas. Por trás des- nham o caso dos jovens da classe média
sa realidade, que pela primeira vez começa brasiliense que atearam fogo no índio pata-
a ser desnudada em uma pesquisa mundial xó Galdino dos Santos tiveram uma prova
da Organização das Nações Unidas, está cabal de que o pouco caso dos pais contri-
a sensação de abandono. Atrás da cultura bui muito para o desajuste dos jovens. “To-
da violência, está, na maioria das vezes, um dos os envolvidos têm pais ausentes. Um,
pedido de socorro e de atenção. inclusive, quando o filho foi detido, estava
A ONU está entrevistando simultanea- de férias em outra cidade e, mesmo avisa-
mente adolescentes do Brasil, da Inglater- do, não retornou para estar ao lado do rapaz
ra, da França e dos Estados Unidos. Em em um momento tão doloroso”, revela um
todos esses lugares, a sensação de aban- participante do processo.
dono é relatada por adolescentes que rou- Pais separados e em permanente confli-
baram, mataram, se drogaram, traficaram. to, pais que moram sob mesmo teto, mas
Não importa a classe social. Em Brasília, vivem em desarmonia, ou simplesmente
por exemplo, cidade que abriga políticos, pais ausentes por imperativos profissionais
empresários, altos funcionários públicos e encabeçam as estatísticas das famílias que
profissionais liberais bem-sucedidos, muitos geram filhos com desajustes.
dos quatrocentos jovens de classes média Leila Magalhães, revista Manchete, Bloch Editores.

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1. Esse texto é um exemplo de:

328 a) Uma crônica.


b) Uma reportagem.
c) Um conto.
d) Um artigo de divulgação científica.
e) Um artigo de opinião.
2. Para Júlio Jacobo, coordenador da pesquisa da ONU em Bra-
sília, “antigamente, os filhos da classe média tinham destino certo
no mundo inteiro” (segundo parágrafo). Que destino era esse?
a) Vida cercada pela violência.
b) Vida desajustada.
c) Vida estável e tranquila.
d) Vida repleta de luxo.
e) Vida com menos conforto.
3. O assunto central da pesquisa apontada no texto é:
a) Violência urbana X violência rural.
b) As razões da violência nos grandes centros.
c) As razões do crescimento da violência entre adolescentes.
d) As razões da violência entre as torcidas organizadas.
e) As razões da violência nas diferentes classes sociais.
4. O título do texto:
a) Aponta a causa do desajuste familiar.
b) Mostra causas da delinquência dos jovens.
c) É contraditório em relação ao que se aborda no texto.
d) Expressa os sentimentos da autora do texto.
e) É incoerente e inconsistente.
5. Assinale a afirmativa correta em relação ao texto:
a) A violência está presente em todas as classes sociais.
b) A vida em sociedade embrutece os jovens.
c) Pais separados lidam melhor com seus filhos.
d) Ter bom nível social garante a paz e a harmonia familiar.
e) Quanto menos dinheiro, maior a violência entre os jovens.

Proposta
Agora, imagine que você trabalha como repórter em uma
revista cujos leitores são, prioritariamente, adolescentes. Você
sempre produz reportagens que abordam como tema a juven-
tude, seus conflitos, seus interesses, suas paixões. Mas, por

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Manual do Educador

Editorial

329
Capítulo
8
alguma razão, você foi convidado pelo diretor de redação para
escrever o editorial para uma edição da revista cujo tema será Compartilhe
a violência entre os jovens. Seu texto deverá responder à se-
ideias
guinte pergunta: de onde vem a violência? Antes de começar a
escrever, faça uma pesquisa sobre o tema para colher informa-
BNCC – Habilidades gerais
ções e exemplos que o ajudarão a defender sua opinião. O tex-
to Carência e incerteza também poderá ajudá-lo a criar ideias. EF69LP06 EF69LP08
EF69LP07 EF69LP18
Planejamento
1. Estruture seu editorial em introdução, desenvolvimento e
conclusão.
BNCC – Habilidades específicas
2. Na introdução, procure deixar claro qual é o tema do seu
texto.
EF67LP07 EF07LP01
3. No desenvolvimento, procure apresentar fatos, dados nu-
méricos, argumentos de autoridade. Eles são úteis para EF67LP32 EF07LP10
tornar forte o seu posicionamento e dificultam a contra-ar- EF67LP33
gumentação.
4. Na conclusão, procure propor soluções para o problema.
5. Como seus leitores serão adolescentes, é fundamental que
você utilize uma linguagem apropriada a eles.
6. Dê um título ao seu texto.

Avaliação

Anotações
1. Para avaliar seu texto, leia-o novamente, procurando iden-
tificar possíveis problemas. Pense nisto:

Aspectos analisados Sim Não


O texto está estruturado em introdução, desen-
volvimento e conclusão?
Essas partes estão bem definidas?
A linguagem está adequada ao público-alvo?
Seu posicionamento está claro?
Seu posicionamento está fundamentado em
exemplos, fatos, argumentos de autoridade?
O título está adequado ao texto?

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Compartilhe A escrita em foco
ideias
Leitura
Complementar Uso de sc, sç e xc
Os dígrafos, como você provavelmente se lembra, são pa-

Os ditongos são traiçoeiros.


res de letras que utilizamos na tentativa de representar um
som. Observe:
Aliás, Mattoso Câmara regis-
descer desço exceder
trou em texto clássico sobre
erros de escrita duas gra- Nesses exemplos, os pares de letras destacados são dígra-
fos, pois representam um único som. Além disso, observe que,
fias para traiçoeiro em uma nas três palavras, esse som é o mesmo: os dígrafos sc, sç e xc

prova de quinta série antiga:


representam um mesmo fonema.

traisueiro (efeito do alçamen-


to do o átono para u) e tras- A escrita em questão
çoeiro, (decorrente da queda 1. A principal diferença entre o encontro consonantal e o dí-
da semivogal; aliás, de duas grafo é que o primeiro está relacionado a uma sequência de

semivogais: o aluno deve ter


dois ou mais fonemas, enquanto o segundo é uma sequência
de duas letras para representar apenas um fonema. Sabendo
pensado que trais-, nesta pa- disso, indique a alternativa em que todas as palavras apresen-

lavra, é como traz ou atrás,


tam encontro consonantal.
a) Acessível – pacto – gentil.
que não têm i). O texto é Erros b) Passatempo – vistoria – hospitalidade.
c) Trator – ferro – exceção.
de escolares como tendências d) Manto – atender – fabricar.
e) Alegria – biblioteca – prato .
linguísticas no português do
Rio de Janeiro, publicado em 2. Agora, analise as palavras a seguir e, de acordo com as

Dispersos, agora com nova


informações que acabamos de ver, assinale a alternativa em
que todas as palavras possuem dígrafos e nenhum encontro
edição da Editora Lucerna, do consonantal.
a) Prateleira, aquilo, queixa.
Rio. b) Desça, pássaro, descendência.
c) Assassino, trator, correto.
As hipercorreções decor- d) Exceto, crescer, crença.
e) Queijo, compreenderam, exceder.
rem de tentativas de acertar.
Denunciam, portanto, luga-
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res de variação e de possível


mudança da língua. Assim,
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exigem do analista um cuida-


do pelo menos igual ao do contexto em que uma das semi-
falante que “erra”: este sabe vogais cai não necessariamente
que nem todos os ditongos cai também a outra. A consoante
são lugares de variação. Por seguinte deve ter um papel cru-
exemplo, quem diz caxa (cai- cial para o fenômeno.
xa) não diz bata (baita) ou ca- POSSENTI, Sírio. Associações. Terra Magazine.
-ca (cai-cai); quem diz otro 28 de junho de 2007.

(outro) não diz oto (oito). No

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Editorial

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Capítulo
8
3. Indique as palavras em que o par sc forma dígrafo:

crescente escada descendente máscara escova


escola ascensorista mesclado escrever escuro
escutar frescor discípulo consciente ascendente

Crescente, descendente, discípulo, ascendente, ascensorista, consciente.

4.Com base no que você viu na questão anterior, as letras sc formam dígrafo antes de
quais letras?
Antes de e ou i.

5. Agora, observe as palavras deste outro quadro:

nasça desça desço rejuvenesço

Antes de quais letras o par sç forma dígrafo?


Antes de a ou o.

6. Escreva exemplos de palavras em que as letras xc têm o som de sc em crescer.


Sugestões: excedente, excesso, exceção, excelente.

7. A lacuna deve ser preenchida com sc, formando um dígrafo, em:


a) de__a. b) flore__a. c) di__ar. d) de__ida. e) e__urecer.

8. Nos itens a seguir, a lacuna deve ser preenchida com sç em:


a) de__a. b) flore__er. c) de__rever. d) adorme__a. e) e__urecer.

9. Há desvio de ortografia em:


a) Ela já está bem crescida.
b) Mau a rosa floresceu já foi colhida.
c) Por que você não quer descer?
d) Seus ascendentes eram homens maus?
e) A sua consciência está pesada por quê?

10. Assinale o item que não apresenta desvio da norma culta.


a) Aquela onça é meia trasçoeira.
b) Elas estão bastantes preocupadas com o pouco crescimento das vendas.
c) Eles mesmo desceram para abrir a porta.
d) A própria psicóloga ficou meio preocupada com o subconsciente do homem que atendeu
pela manhã.
e) Faziam vários anos que ele planejava conquistar um cargo melhor, para acender social-
mente.
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C E 1. No dia 7 de janeiro de 2015, em Paris, como reação contra a publicação
EN de charges de caráter depreciativo relacionadas a líderes islâmicos, entre eles
BNCC – Habilidades gerais Maomé, dois árabes realizaram um massacre na sede do jornal satírico Char-
lie Hebdo, responsável pela publicação. Na ação, os extremistas mataram 12
EF69LP01 EF69LP13 pessoas, entre elas cartunistas responsáveis pelas diversas polêmicas gera-
das durante a trajetória desse periódico. O episódio, que ficou conhecido como
EF69LP05 EF69LP14 Massacre do Charlie Hebdo, teve repercussão mundial e trouxe à tona uma
EF69LP06 EF69LP15 polêmica ainda sem resposta: é possível estabelecer um limite entre o humor
e o desrespeito?
EF69LP07 EF69LP19

Wikipédia
EF69LP08 EF69LP33
EF69LP10 EF69LP37
EF69LP12

BNCC – Habilidades específicas

EF67LP33 EF07LP02
EF07LP01 EF07LP10

Jornalistas, policiais e serviços de emergência na rua do tiroteio, duas horas após o ataque.

Anotações
Caso a publicação das charges tivesse ocorrido no Brasil, você imagina a pos-
sibilidade de reações violentas semelhantes ao que ocorreu na França?

2. A tradição do uso de linguagem satírica e popular para denunciar os males


da sociedade no meio jornalístico vem de tempos remotos. Publicações como
O Mequetrefe (Rio de Janeiro, 1875), O papa-figo (Recife, 1984) e o célebre
O Pasquim (Rio de Janeiro, 1969) são exemplos de convergência entre a lin-
guagem irônica como ferramenta de engajamento e a força popular dos mo-
vimentos de contracultura, importantes agentes contra os regimes opressores
através dos séculos.

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Manual do Educador

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Capítulo
8
a) Pesquise na Internet esses jornais para conhecer um pouco mais sobre a nossa História
e sobre as estratégias comunicativas que utilizaram para atrair seus leitores.
b) A partir da sua pesquisa, tendo como base as características desses jornais antigos,
você conseguiria apontar jornais atuais que possuem uma proposta similar? É possível
estabelecer semelhanças entre a linha editorial do Charlie Hebdo e jornais nacionais de
contracultura que circulam hoje? Explique.

3.Repercutindo o Massacre do Charlie Hebdo, campanhas como Je suis Charlie (“Eu sou
Charlie”) e variadas manifestações de comoção mundial ocorreram tanto em eventos pre-
senciais quanto — principalmente — nas redes sociais.

Wikipédia

Homenagens aos cartunistas mortos em frente à sede do Charlie Hebdo, na rua Nicolas-Appert.

Os sobreviventes da equipe do jornal


deram continuidade à publicação se-
guindo sua polêmica linha editorial.
A edição seguinte à tragédia deixou
esse posicionamento bastante claro.
A capa traz como título a declaração
Tudo está perdoado e mostra Maomé
chorando e segurando um cartaz em
que se lê Eu sou Charlie. A edição seguinte ao massacre teve
uma tiragem de 7 milhões de cópias
traduzidas para seis idiomas. A tiragem
habitual era de 60 mil cópias semanais.

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Assim, muitos internautas passaram a questionar o posicionamento do jornal nas redes

334 sociais. Nesse contexto, foi comum a circulação de opiniões infundadas, que demonstra-
vam desconhecimento sobre o assunto. No capítulo anterior, na página 297, fizemos uma
reflexão interessante sobre a liberdade de expressão: devemos respeitar qualquer opinião
ou respeitar o direito de opinar?
Com seus colegas e o seu professor, reflita e opine:
a) O que leva usuários da Internet a aderirem a causas que não conhecem a fundo e com-
partilharem notícias lidas superficialmente?
b) Que consequências vocês percebem que interpretações distorcidas dos fatos nesse ce-
nário virtual podem causar?

4. No editorial da sua edição de número 1.178, assinado pelo editor-chefe, Gérard Biard,
o Charlie Hebdo comenta o atentado e agradece o apoio recebido, enfatizando a postura
laica com que o jornal é conduzido. A fim de esclarecer que as sátiras possuem um intuito
provocativo firmado nos princípios básicos da sátira, o editorial salienta que, independen-
temente, do conteúdo exposto em suas edições, não haveria argumento que justificasse o
assassinato de seus integrantes. A partir desse pensamento, pesquise matérias de jornais
nacionais que na época noticiaram o massacre e analise o modo como a postura editorial
de cada um contribuiu para o desenvolvimento da empatia tanto em seus leitores quanto na
mídia especializada.
Diante da delicadeza do assunto, é importante conduzir as reflexões de modo a não repro-
duzir leituras tendenciosas do ocorrido. Recomende que os alunos atentem para escolhas
de materiais diversos a fim de construir uma visão panorâmica sobre o tema.

o
mídias em context

1. Agora que você está familiarizado com o gênero editorial e suas possibilidades de abor-
dagem, vamos combinar os conhecimentos adquiridos e expandir nossas produções para
o meio virtual. Como vimos, o gênero trabalhado possui flexibilidade suficiente para ser
convertido em plataformas audiovisuais. A partir disso, produza com seus amigos um edi-
torial imaginando que será apresentado em um telejornal da sua cidade ou de abrangência
nacional. O tema do editorial será este:

A violência e o ódio como motores para práticas como cyberbullying e


linchamentos virtuais.

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Editorial

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Capítulo
8
Utilizem a reflexão proposta pela tirinha a seguir para enriquecer a produção e considerem
as informações colocadas no planejamento.

Planejamento
Antes de produzir o editorial, os grupos deverão considerar as seguintes orientações:
1. Definam qual será o telejornal que vocês gostariam que veiculasse o editorial pro-
duzido. Atentem para a sua linha editorial e seu público-alvo. O vídeo deverá ter, no
máximo, dois minutos de duração.
2. Sabendo das referências estruturais do gênero, organizem o editorial a partir de notícias
pesquisadas na Internet. Importante: o tema das notícias, logicamente, deverá con-
vergir para a temática da violência virtual. Assim, reúnam crimes de ódio e intolerância
cometidos na Internet e analisem como as plataformas virtuais viabilizam esses tipos de
discurso e quais as consequências dessas práticas para a perpetuação de nocividades.
3. É importante, primeiro, escrever o editorial, mas tenham em mente que esse texto
será falado. Assim, atentem para a colocação de palavras e expressões que contri-
buam para a fluência do texto ao ser falado. Na gravação, observem a gesticulação e
a entonação de que falará o texto.
4. Será necessário dispor de algum software de edição de vídeo. Caso não tenham, é
possível conseguir gratuitamente na Internet.
5. Formulem o editorial buscando reflexões concisas e impactantes sem recorrer a sen-
sacionalismos. Lembrem-se de se adequar ao seu público-alvo, transitando entre o
registro formal e o informal.

Pesquisa e reflexão
Para auxiliar na pesquisa das notícias e facilitar a reflexão, sugerimos alguns direciona-
mentos:

1. Avaliem os comentários
Como o anonimato virtual contribuiu para a naturalização dos discursos de ódio nas
seções dos comentários de matérias de jornais, postagens no Facebook, vídeos no
YouTube, etc.?

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2. Quem são os haters
Como agem? Onde se reúnem? O que os motiva e até que ponto podemos subestimar
suas ações?

3. Senso de justiça
Quando a denúncia/exposição virtual deixa de ser um instrumento legítimo de defesa e
se torna uma forma de linchamento? Há casos de morte que foram inicialmente motiva-
dos por linchamentos virtuais?

4. A zoeira
Como a “cultura do meme” está moldando o imaginário virtual em torno da ideia de que
tudo é permitido quando diz respeito a conteúdos humorísticos? O que costuma acon-
tecer com as pessoas que “viram meme” por acaso? Quais as consequências da fama
momentânea e como esse fenômeno pode ser manipulado de forma prejudicial por
pessoas mal intencionadas?

5. Vale tudo para conquistar likes?


Como o discurso de ódio é capaz de propagar preconceitos e fobias por meio da popu-
larização de youtubers cujo foco de “entretenimento” se baseia em expor comentários
pejorativos sobre variados assuntos a fim de conquistar inscritos a partir de argumenta-
ções tendenciosas e comportamentos agressivos.

Após a gravação do editorial, converse com a classe e o professor sobre possibilidades


de circulação dos vídeos: há estrutura multimídia para exibi-los para outras turmas? Assim
como as outras atividades sugeridas, o upload direto no YouTube seria uma boa opção?
Somado a isso, haveria o interesse coletivo de dar vida ao jornal na íntegra, isto é, orga-
nizar comentários sobre as matérias escolhidas usando como base o conhecimento dos
gêneros estudados nos capítulos anteriores?
Com essas sugestões, esperamos que você possa desenvolver tanto seu senso crítico
como uma escrita autoral mais segura e ousada, no sentido de sair da zona de conforto das
opiniões do senso comum e partir para situações mais específicas, que requerem posicio-
namentos mais responsáveis e, consequentemente, passíveis de críticas.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

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Gêneros, Leitura e Análise
Ensino Fundamental Lécio Cordeiro

o Ano
7
Licenciado em Letras pela UFPE e pós-graduado em Linguística e Ensino.
Autor de Contextualizando a Gramática e da coleção Língua Portuguesa em Contexto.
É editor do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio da Editora Construir.

Editor: Lécio Cordeiro.


Revisão de texto: Wanderson Hidayck.
Projeto gráfico: Hilka Fabielly.
Direção de arte: Elto Koltz.
Editoração eletrônica: Sophia Karla.
Ilustrações: Lourdes Saraiva e Rafael Silva

Coordenação editorial: www.editoraconstruir.com.br

Direitos reservados à Multi Marcas Editoriais Ltda.


Rua Neto Campelo Júnior, 37 – Mustardinha – CEP: 50760-330 – Recife/PE
Tel.: (81) 3447.1178 – Fax: (81) 3422.3638 – CNPJ: 00.726.498/0001-74 – IE: 0214538-37.

Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos


dos textos contidos neste livro.

A Editora Construir pede desculpas se houve alguma omissão e, em


edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro


sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico.

C794g Cordeiro, Lécio, 1984-


Gêneros, leitura e análise : 7o ano : ensino fundamental /
Lécio Cordeiro ; ilustrações: Lourdes Saraiva, Rafael Silva. –
2. ed. – Recife : Ed. Construir, 2015.
80p. : il.

1. PORTUGUÊS – GRAMÁTICA – ENSINO FUNDAMEN-


TAL. 2. GÊNEROS LITERÁRIOS – LEITURA E EXECUÇÃO.
3. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. 4. INTERNET NA EDU-
CAÇÃO. I. Saraiva, Lourdes. II. Silva, Rafael, 1989-. III. Título.

CDU 806.90-5
PeR – BPE 15- 338 CDD 469.5

ISBN professor: 978-85-403-0692-9


ISBN aluno: 978-85-403-0691-2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil
2a edição

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Apresentação
Os textos permeiam os mais diversos aspectos da nossa vida. No
enredo daquele filme, no noticiário, naquele blog ou em uma revista de
história em quadrinhos, ele está lá, a serviço da nossa comunicação e
facilitando a nossa vida para que possamos entender uns aos outros.
Se formos analisar a quantidade de gêneros textuais presentes desde
o livro didático até o smartphone, passando pela bula do remédio, encon-
traremos uma infinidade deles. Isso é um dificultador? De jeito nenhum!
Isso mostra o quanto dispomos de uma riqueza enorme de meios para
expressar opiniões, sentimentos, dúvidas, novidades...
A coleção Gênero, Leitura e Análise buscou disponibilizar um pouco
desse universo — um pouco mesmo, pois ele é imenso! — para que pos-
samos não só exercitar a nossa compreensão de textos como o nosso
conhecimento da Língua Portuguesa. Nada melhor do que exercitar com
exemplos práticos, com aquilo que vivenciamos. Para isso, cada texto foi
cuidadosamente selecionado para que você leia, compreenda e, sobre-
tudo, reflita. Para trazer novos conhecimentos e novos questionamentos
também. Porque, à medida que conhecemos mais, mais curiosidades e
dúvidas desenvolvemos e, portanto, maior torna-se a nossa vontade de
aprender.
E esse processo não acaba nunca, isso é apenas o começo. Portan-
to, esperamos que para você seja um bom começo.
Boa leitura, boa reflexão, boa análise e bom trabalho!

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IO
ÁR
M
SU

1
Conto ---------------------------------------------------------------------------- 6
Capítulo
Texto 1 – A árvore de Natal na casa de Cristo ------------------------ 6
Texto 2 – Da utilidade dos animais --------------------------------------- 10
É hora de produzir --------------------------------------------------------- 14

Capítulo
2 Mito e lenda ------------------------------------------------------------------ 16
Texto 1 – Perseu, o Argiano ------------------------------------------------ 16
Texto 2 – Como a noite apareceu ---------------------------------------- 21
É hora de produzir --------------------------------------------------------- 24

Crônica ------------------------------------------------------------------------- 26
Capítulo
3 Texto 1 – A última crônica -------------------------------------------------- 26
Texto 2 – O padeiro --------------------------------------------------------- 30
É hora de produzir --------------------------------------------------------- 34

4
Reportagem ------------------------------------------------------------------ 36
Capítulo
Texto 1 – Qual o motivo da ida de Marcos Pontes ao espaço?--- 36
Texto 2 – Como o aquecimento global vai afetar o Brasil ---------- 40
É hora de produzir ---------------------------------------------------------- 44

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Artigo expositivo e infográfico ------------------------------------- 46


Capítulo
5 Texto 1 – Mutação dá nova pista contra mal de Alzheimer ---- 46
Texto 2 – Por que existem gêmeos idênticos e
gêmeos diferentes? ------------------------------------------------------ 50
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 52

Capítulo
6 Poema ----------------------------------------------------------------------- 54
Texto 1 – Soneto ---------------------------------------------------------- 54
Texto 2 – Poesia cinética ---------------------------------------------- 56
Texto 3 – Dedicatória --------------------------------------------------- 58
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 60

Capítulo
7 Artigo de opinião -------------------------------------------------------- 62
Texto 1 – O preconceito linguístico deveria ser crime ----------- 62
Texto 2 – Tem que ter atitude ------------------------------------------ 64
Texto 3 – Geografia e sala de aula ---------------------------------- 66
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 70

8
Editorial--------------------------------------------------------------------- 72
Capítulo
Texto 1 – Próximos passos -------------------------------------------- 66
Texto 2 – Quem paga a conta dos acidentes de trânsito? ----- 74
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 78

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RO Texto 1
g ÊN E
N TO
CO
A árvore de Natal na casa de Cristo

Havia num porão uma criança, um ga- para se aproveitarem também da festa,
rotinho de seis anos de idade, ou menos e o único tapeceiro que tinha ficado cozi-
ainda. Esse garotinho despertou certa nhava a bebedeira há dois dias: esse nem
manhã no porão úmido e frio. Tremia, en- mesmo tinha esperado pela festa. No outro
volvido nas suas pobres roupas. Seu háli- canto do quarto, gemia uma velha doente
to formava, ao se exalar, uma espécie de que outrora tinha sido babá e que morria
vapor branco, e ele, sentado num canto agora sozinha, soltando suspiros, queixas
em cima de um baú, com fome, ocupava- e pragas contra o garoto, de maneira que
-se em soprar esse vapor da boca, pelo ele tinha medo de se aproximar da velha.
prazer de vê-lo no ar. Bem que gostaria No corredor, ele tinha encontrado al-
de comer alguma coisa. Diversas vezes, guma coisa para beber, mas nem a me-
durante a manhã, tinha se aproximado nor migalha para comer e mais de dez
da cama simples, onde num colchão de vezes tinha ido para junto da mãe para
palha, chato como um pastelão, com um despertá-la. Por fim, a obscuridade lhe
saco sob a cabeça, como uma almofada, causou uma espécie de angústia: há
vivia a mãe doente. Como se encontra- muito tempo tinha caído a noite e nin-
va ela nesse lugar? Provavelmente tinha guém acendia o fogo. Tendo apalpado o
vindo de outra cidade e subitamente caí- rosto de sua mãe, admirou-se muito: ela
ra doente. A patroa, que alugava o porão, não se mexia mais e estava tão fria como
tinha sido presa no dia anterior pela po- as paredes. “Faz muito frio aqui”, refletia
lícia; os locatários tinham se dispersado ele, com a mão pousada inconsciente-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
mente no ombro da morta; depois de um ins- to; põe-se a chorar, corre para mais longe, e eis
tante, soprou os dedos para esquentá-los, pe- que, através de uma vidraça, avista ainda um
gou o seu gorrinho abandonado no leito e, sem quarto, e neste outra árvore, mas sobre as me-
fazer ruído, saiu do cômodo, tateando. Por sua sas há bolos de todas as qualidades, bolos de
vontade, teria saído mais cedo, se não tivesse amêndoa, vermelhos, amarelos, e eis sentadas
medo de encontrar, no alto da escada, um cão quatro formosas damas que distribuem bolos a
enorme que latira o dia todo, nas soleiras das todos os que se apresentem. A cada instante,
casas vizinhas. Mas o animal não se encontra- a porta se abre para um senhor que entra. Na
va ali, e o menino já ganhava a rua. ponta dos pés, o menino se aproximou, abriu a
Senhor! Que grande cidade! Nunca tinha vis- porta e bruscamente entrou. Hu! Com que gritos
to nada parecido. De lá, de onde vinha, era tão e gestos o repeliram! Uma senhora se aproxi-
negra a noite! Uma única lanterna para iluminar mou logo, meteu-lhe furtivamente uma moeda
toda a rua. As casinhas de madeira são baixas e na mão, abrindo-lhe ela mesma a porta da rua.
fechadas. Desde o cair da noite, não se encontra Como ele teve medo! Mas a moeda rolou pelos
mais ninguém fora, toda gente permanece bem degraus com um tilintar sonoro: ele não tinha po-
dentro em casa, e só os cães, às centenas e aos dido fechar os dedinhos para segurá-la.
milhares, uivam, latem, durante a noite. Mas, em O menino apertou o passo para ir mais longe
compensação, lá era tão quente; davam-lhe de — nem ele mesmo sabe aonde. Tem vontade de
comer... ao passo que ali... Meu Deus! se ele ao chorar; mas, dessa vez tem medo e corre. Cor-
menos tivesse alguma coisa para comer! E que re soprando os dedos. Uma angústia o domina,
desordem, que grande algazarra ali, que clarida- por se sentir tão só e abandonado, quando, de
de, quanta gente, cavalos, carruagens... e o frio, repente: Senhor! Que poderá ser ainda? Uma
ah! Este frio! Meu Deus, como gostaria de comer multidão que se detém, que olha com curiosida-
qualquer coisa, e como de repente seus dedinhos de. Em uma janela, através da vidraça, há três
lhe doem! Um agente de polícia passa ao lado da grandes bonecos vestidos com roupas verme-
criança e se volta, para fingir que não vê. lhas e verdes e que parecem vivos! Um velho
Eis uma rua ainda: como é larga! Como sentado parece tocar violino, dois outros estão
todo mundo grita, vai, vem e corre, e como em pé junto dele e tocam violinos menores, e to-
está claro, como é claro! Que é aquilo ali? Ah! dos movimentam em cadência as delicadas ca-
uma grande vidraça, e atrás dessa vidraça um beças, olham uns para os outros, enquanto seus
quarto, com uma árvore que sobe até o teto; lábios se mexem; falam, devem falar — de ver-
é um pinheiro, uma árvore de Natal onde há dade — e, se não se ouve nada, é por causa da
muitas luzes, muitos objetos pequenos, frutas vidraça. O menino julgou, a princípio, que eram
douradas, e em torno bonecas e cavalinhos. No pessoas vivas, e, quando finalmente compreen-
quarto há crianças que correm; estão bem ves- deu que eram bonecos, pôs-se de súbito a rir.
tidas e muito limpas, riem e brincam, comem e Nunca tinha visto bonecos assim, nem mesmo
bebem alguma coisa. Eis ali uma menina que suspeitava que existissem! Certamente, deseja-
se pôs a dançar com um rapazinho. Que bonita ria chorar, mas era tão cômico, tão engraçado
menina! Ouve-se música através da vidraça. A ver esses bonecos! De repente pareceu-lhe que
criança olha, surpresa; logo sorri, enquanto os alguém o puxava por trás. Um moleque gran-
dedos dos seus pobres pezinhos doem e os das de, malvado, que estava ao lado dele, deu-lhe
mãos se tornaram tão roxos, que não podem se de repente um tapa na cabeça, derrubou o seu
dobrar nem mesmo se mover. De repente o me- gorrinho e passou-lhe uma rasteira. O menino
nino se lembrou de que seus dedos doem mui- rolou pelo chão, algumas pessoas se puseram

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RO
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N TO
CO a gritar: aterrorizado, ele se levantou para — Mamãe! Mamãe! Como é bom aqui,
fugir depressa e correu com quantas per- mamãe! — exclama a criança. De novo
nas tinha, sem saber para onde. Atraves- abraça seus companheiros e gostaria de
sou o portão de uma cocheira, penetrou lhes contar bem depressa a história dos
num pátio e sentou-se atrás de um monte bonecos da vidraça...
de lenha. “Aqui, pelo menos”, refletiu ele, — Quem são vocês, então, meninos?
“não me acharão, está muito escuro”. E vocês, meninas, quem são? — pergun-
Sentou-se e encolheu-se, sem poder ta ele, sorrindo-lhes e mandando-lhes
retomar fôlego, de tanto medo, e brus- beijos.
camente, pois foi muito rápido, sentiu — Isto... é a árvore de Natal de Cris-
um grande bem-estar, as mãos e os pés to — respondem-lhe. — Todos os anos,
tinham deixado de doer, e sentia calor, neste dia, há, na casa de Cristo, uma ár-
muito calor, como ao pé de uma estufa. vore de Natal, para os meninos que não
Subitamente se mexeu: um pouco mais e tiveram sua árvore na terra...
ia dormir! Como seria bom dormir nesse E soube assim que todos aqueles
lugar! “Mais um instante e irei ver outra meninos e meninas tinham sido outrora
vez os bonecos”, pensou o menino, que crianças como ele, mas alguns tinham
sorriu com sua lembrança: “Podia jurar morrido, gelados nos cestos, onde tinham
que eram vivos!”... E de repente pareceu- sido abandonados nos degraus das esca-
-lhe que sua mãe lhe cantava uma can- das dos palácios da cidade; outros tinham
ção. “Mamãe, vou dormir; ah! como é bom morrido junto às amas, em algum orfana-
dormir aqui!”. to. Mas todos estão ali nesse momento,
— Venha comigo, vamos ver a árvore todos são, agora, como anjos, todos jun-
de Natal, meu menino. — murmurou re- tos a Cristo, e Ele, no meio das crianças,
pentinamente uma voz cheia de doçura. estende as mãos para abençoá-las e às
Ele ainda pensava que era a mãe, mas pobres mães... E as mães dessas crian-
não, não era ela. Quem então acabava ças estão ali, todas, num lugar separa-
de chamá-lo? Não vê quem, mas alguém do, e choram; cada uma reconhece seu
está inclinado sobre ele e o abraça no filhinho ou filhinha que acorrem voando
escuro, estende-lhe os braços e... logo... para elas, abraçam-nas, e com suas mão-
Que claridade! A maravilhosa árvore de zinhas enxugam-lhes as lágrimas, reco-
Natal! E agora não é um pinheiro, nunca mendando-lhes que não chorem mais,
tinha visto árvores semelhantes! Onde se que eles estão muito bem ali...
encontra então nesse momento? Tudo E nesse lugar, pela manhã, os portei-
brilha, tudo resplandece, e em torno, por ros descobriram o cadaverzinho de uma
toda parte, bonecos — mas não, são criança gelada junto de um monte de le-
meninos e meninas, só que muito lumi- nha. Procurou-se a mãe... Estava morta
nosos! Todos o cercam, como nas brin- um pouco adiante; os dois se encontra-
cadeiras de roda, abraçam-no em seu ram no céu, junto ao bom Deus.
voo, tomam-no, levam-no com eles, e ele DOSTOIEVSkI, Fiodor. Noites brancas e a árvore
mesmo voa e vê: distingue sua mãe e lhe de Natal na casa de Cristo. Rio de Janeiro: Ediouro,
1996 (Adaptado).
sorri com ar feliz.
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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
1.O que ocorreu na passagem “Sentou-se e encolheu-se, sem poder retomar fôlego, de
tanto medo, e bruscamente, pois foi muito rápido, sentiu um grande bem-estar, as mãos
e os pés tinham deixado de doer, e sentia calor, muito calor, como ao pé de uma estufa”?
O menino acabara de morrer.

2. Reflita e escreva sobre as diferenças entre os natais descritos abaixo.


A: “[...] é um pinheiro, uma árvore de Natal onde há muitas luzes, muitos objetos pequenos,
frutas douradas, e em torno bonecas e cavalinhos. No quarto há crianças que correm; estão
bem vestidas e muito limpas, riem e brincam, comem e bebem alguma coisa.’’
B: ‘‘Que claridade! A maravilhosa árvore de Natal! E agora não é um pinheiro, nunca tinha
visto árvores semelhantes! Onde se encontra então nesse momento? Tudo brilha, tudo
resplandece, e em torno, por toda parte, bonecos — mas não, são meninos e meninas, só
que muito luminosos!’’
O Natal A acontece na terra, é excludente, apenas participam das festividades aquelas crianças

que têm família, alimento, higiene, etc., sendo inacessível às crianças carentes. O Natal B acon-

tece no céu, e lá as crianças que nunca puderam participar no Natal da terra têm sua árvore de

Natal, amigos para brincar e a companhia de Cristo.

3.
No trecho “[...] pegou o seu gorrinho abandonado no leito e, sem fazer ruído, saiu do
cômodo”, a palavra destacada é um substantivo ou adjetivo? Qual o significado? Ela tem
a mesma função na frase “Como é cômodo aqui!”? Por quê?
Substantivo; significa “aposento”, “acomodação”. Não, nessa frase é adjetivo e significa “confortável”.

4. No conto, uma criança passa sua curta existência privada de sua dignidade e seus di-
reitos fundamentais. A árvore de Natal da casa de Cristo foi construída por Ele para aqueles
que não tiveram a sua na terra. Você acha justo que, conforme o texto, somente após a
morte uma criança tenha direito à dignidade?
Resposta pessoal.

5. Que tipo de narrador identificamos nesse conto?


Narrador observador.

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RO Texto 2
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Da utilidade dos animais
Terceiro dia de aula. A professora é aí, produz... Produz é maneira de dizer,
um amor. Na sala, estampas coloridas ela fornece ou, por outra, com o pelo
mostram animais de todos os feitios. “É dela, preparamos ponchos, mantos, co-
preciso querer bem a eles”, diz a profes- bertores, etc.
sora, com um sorriso que envolve toda a — Depois, a gente come a vicunha,
fauna, protegendo-a. “Eles têm direito à né, fessora?
vida, como nós, e, além disso, são muito — Daniel, não é preciso comer todos
úteis. Quem não sabe que o cachorro é o os animais. Basta retirar a lã da vicunha,
maior amigo da gente? Cachorro faz mui- que torna a crescer...
ta falta. Mas não é só ele, não. A galinha, — E a gente torna a cortar? Ela não
o peixe, a vaca... Todos ajudam.” tem sossego, tadinha.
— Aquele cabeludo ali, professora, — Vejam, agora, como a zebra é ca-
também ajuda? marada. Trabalha no circo, e seu cou-
— Aquele? É o iaque, um boi da Ásia ro listrado serve para forro de cadeira,
Central. Aquele serve de montaria e de de almofada e para tapete. Também se
burro de carga. Do pelo, se fazem peru- aproveita a carne, sabem?
cas bacaninhas. E a carne, dizem que é — A carne também é listrada? — per-
gostosa. gunta que desencadeia riso geral.
— Mas, se serve de montaria, como é — Não riam da Betty, ela é uma garota
que a gente vai comer ele? que quer saber direito as coisas. Querida,
— Bem, primeiro serve para uma coi- eu nunca vi carne de zebra no açougue,
sa, depois para outra. Vamos adiante. mas posso garantir que não é listrada. Se
Este é o texugo. Se vocês quiserem pin- fosse, não deixaria de ser comestível por
tar a parede do quarto, escolham pincel causa disso. Ah, o pinguim? Este, vocês
de texugo. Parece que é ótimo. já conhecem da Praia do Leblon, onde
— Ele faz pincel, professora? costuma aparecer, trazido pela corrente-
— Quem, o texugo? Não, só fornece o za. Pensam que só serve para brincar?
pelo. Para pincel de barba, também, que Estão enganados. Vocês devem respeitar
o Arturzinho vai usar quando crescer. o bichinho. O excremento — não sabem
Arturzinho objetou que pretende usar o que é? O cocô do pinguim é um adu-
barbeador elétrico. Além do mais, não bo maravilhoso: guano, rico em nitrato. O
gostaria de pelar o texugo, uma vez que óleo feito com a gordura do pinguim...
devemos gostar dele, mas a professora — A senhora disse que a gente deve
já explicava a utilidade do canguru: respeitar.
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o — Claro. Mas o óleo é bom.
couro do canguru dá pra gente. Não fa- — Do javali, professora, duvido que a
lando na carne. Canguru é utilíssimo. gente lucre alguma coisa.
— Vivo, fessora? — Pois lucra. O pelo dá escovas de
— A vicunha, que vocês estão vendo ótima qualidade.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
— E o castor? — Apanha peixe pra gente.
— Pois quando voltar a moda do cha- — Apanha e entrega, professora?
péu para homens, o castor vai prestar — Não é bem assim. Você bota um
muito serviço. Aliás, já presta, com a pele anel no pescoço dele, e o biguá pega o
usada para agasalhos. É o que se pode peixe, mas não pode engolir. Então você
chamar um bom exemplo. tira o peixe da goela do biguá.
— Eu, hem? — Bobo que ele é.
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, — Não. É útil. Ai de nós se não fossem
você pode encomendar um vaso raro para os animais que nos ajudam de todas as
o living de sua casa. Do couro da girafa, maneiras. Por isso que eu digo: devemos
Luís Gabriel pode tirar um escudo de ver- amar os animais, e não maltratá-los de jei-
dade, deixando os pelos da cauda para to nenhum. Entendeu, Ricardo?
Teresa fazer um bracelete genial. A tarta- — Entendi. A gente deve amar, respei-
ruga marinha, meu Deus, é de uma utili- tar, pelar e comer os animais e aproveitar
dade que vocês não calculam. Comem-se bem o pelo, o couro e os ossos.
os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. Da utilidade dos animais. In: De Notícias &
não-notícias faz-se a crônica, de Carlos Drummond de
O casco serve para fabricar pentes, cigar-
Andrade. São Paulo: Companhia das Letras.
reiras, tanta coisa... O biguá é engraçado. Carlos Drummond de Andrade
© Graña Drummond. www.carlosdrummond.com.br
— Engraçado, como?

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1. Embora seja um texto predominantemente narrativo, o conto pode apresentar outros
tipos textuais, como o dissertativo, isto é, defesa de pontos de vista (argumentos) para con-
vencer alguém. Retire do primeiro parágrafo do texto o argumento utilizado pela professora
para convencer seus alunos de que devem proteger os animais.
Eles têm direito à vida, como nós, e, além disso, são muito úteis.

2. No conto, durante o desenrolar da cena, algumas falas expressas pelos alunos mos-
tram que a professora contradiz o argumento que você transcreveu na questão anterior.
Copie uma dessas falas.
Mas, se serve de montaria, como é que a gente vai comer ele? (quarto parágrafo); A senhora disse

que a gente deve respeitar. (18º parágrafo); Entendi. A gente deve amar, respeitar, pelar e comer

os animais e aproveitar bem o pelo, o couro e os ossos (último parágrafo).

3. No primeiro parágrafo do Texto 1, podemos perceber duas vozes diferentes. A quem


elas podem ser atribuídas, na ordem em que aparecem no texto?
a) A um aluno e à professora.
b) Ao narrador e ao autor.
c)
X Ao narrador e à professora.
d) À professora e ao autor.
e) Ao narrador e a um aluno.

4. Algumas obras literárias, como os poemas e até mesmo os contos, podem ser escri-
tas a partir de um mote. O mote é um provérbio, um pensamento, uma frase retirada de
algum livro, etc. que serve a um artista como ponto de partida para o desenvolvimento de
sua obra. Por essa razão, o mote muitas vezes resume toda a obra. Dentre as alternativas
a seguir, indique aquela que poderia ter servido de mote a Carlos Drummond de Andrade
para escrever o conto Da utilidade dos animais.
a) Os animais são muito úteis ao ser humano.
b) Como podemos amar os animais se os violentamos e matamos?
X
c) Muitos animais devem ser amados e respeitados.
d) As pessoas sempre protegem os animais.
e) Quando respeitamos os animais, eles não nos fazem mal.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
5. Analise o trecho:

“Se vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Parece que
é ótimo.” (quinto parágrafo)

a) Considerando esse trecho, podemos afirmar que a professora expressa um posiciona-


mento de certeza de que o pincel de texugo é bom?
Não.

b) Que elemento no trecho deixa claro esse posicionamento?


A forma verbal parece.

c) A ambiguidade é um fenômeno da linguagem que tanto pode enriquecer o texto quanto


gerar um problema de sentido, isto é, dois ou mais significados. É um problema desse tipo
que podemos identificar nesse trecho. Indique o termo ambíguo e explique as três leituras
possíveis.
Pincel de texugo. A ambiguidade ocorre porque esse termo permite compreender que o pincel é

feito de texugo, que ele é que produz o pincel ou que apenas fornece o pelo, interpretação que

prevalece.

d) Um dos alunos compreendeu o termo pincel de texugo da maneira não pretendida


pela professora. Transcreva a fala em que ele expressa a sua confusão.
Ele faz pincel, professora?

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Como você deve ter percebido, o texto Da utilidade dos animais foi escrito na 3ª pessoa,
pois o narrador não participa da história. Com base nisso, sua tarefa é reescrever o primeiro
parágrafo do conto na 1ª pessoa, tornando a professora uma narradora-personagem de sua
história. É claro que, para isso, você deverá as modificações necessárias.

Proposta
Agora você vai criar um conto com foco narrativo na 3ª pessoa, ou seja, o narrador não
participa da história. Para tanto, escreva seu conto baseado em uma das imagens abaixo.
Tenha em mente que seu texto será lido por colegas e professores de sua escola, por fami-
liares e amigos, pois você e seus colegas vão produzir, ao final do capítulo, um livro com a
reunião dos textos de todos da turma.

Imagem 1
Vasilyev Alexan
dr | Shutterstock

Imagem 2

l | Shutterstock
Dudarev Mikhai

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
Imagem 3

tock
Matt Jeppson | Shutters
Planejamento
Antes de começar a escrever, planeje seu texto. Leve em consideração os seguintes
aspectos:
1. Narrador-observador – Não participa da história, apenas observa o desenrolar dos
fatos narrados, mantendo certo distanciamento destes.
2. Fatos narrados – Selecione os fatos que você desenvolverá no conto, procurando
colocá-los em ordem crescente de tensão até atingir o clímax.
3. Espaço – Onde se passa o conto?
4. Personagens – Quais são os participantes do conto?

Avaliação
1.
Procurando desenvolver um trabalho de parceria, você e seu colega avaliarão o texto
um do outro. Para isso, preencham a tabela abaixo.

Aspectos analisados Sim Não


Há narrador-observador?
O enredo está estruturado?
Há descrição da cena?
Os personagens estão caracterizados?

Após a avaliação, discuta com seu colega sobre os comentários que ele fez do seu
2.
conto. Que sugestões ele tem para melhorar seu texto?
3. Agora, no seu caderno, reescreva os trechos que julgar necessários.

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ERO E N dA Texto 1
g ÊN El
ITO
M

Perseu, o Argiano
Desde o seu nascimento, Perseu foi exposto tervenção divina. Persuadido da cumplicidade
a perigos. O avô dele, o rei Acrísio, tentou impe- da babá, ordenou que a executassem. As lágri-
dir sua existência porque um oráculo lhe anun- mas da filha impediram que o rei eliminasse o
ciara que seria morto pelo filho da filha. E olhem menino, mas ele o trancou com a mãe num baú
que o rei fez tudo o que pôde para evitar o nas- de madeira e jogou o baú no mar.
cimento dessa criança maldita! O destino se mostrou mais clemente do
Mandou construir um quarto de bronze numa que Acrísio. O baú foi jogado pelas ondas no
alta torre do palácio de Argos e lá aprisionou a litoral da ilha de Serifo, onde, naquela tarde,
filha Dânae. Somente sua velha babá podia vê- Dicte recolhia suas redes. Como estavam pe-
-la para lhe levar comida. As paredes e as por- sadas! Também, pudera, com aquele baú de
tas eram intransponíveis para os homens, mas, madeira! Abriu-o imediatamente, pensando
para Zeus, aquilo era brincadeira. Ele entrou no que ali encontraria um tesouro, mas, em vez
quarto por uma fresta do telhado, sob a forma de moedas e joias, deu com uma linda moça
de uma chuva de ouro. A moça o recebeu e lhe e um bebê faminto. No mesmo instante lhes
ofereceu seu amor. ofereceu sua casa e sua proteção.
Dessa união clandestina nasceu um menino. Um dia, Polidectes, seu irmão, que reinava
Conseguiram esconder do rei a existência de na ilha, foi visitá-lo. Assim que viu Dânae, apai-
Perseu por algum tempo... mas, um dia, alerta- xonou-se loucamente por ela. Mas Perseu, que
do pelo choro da criança, Acrísio foi até a torre. crescera, agora tomava conta da mãe, e o rei
Sua surpresa e, depois, sua fúria foram compreendeu que, enquanto o filho estivesse
imensas! Ele se recusou a crer na fábula da in- junto dela, não poderia tentar nada. Para sorte

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2

de Polidectes, apresentou-se uma oportunida- ceira, Medusa. No entanto, a tarefa não era
de de afastar o rapaz. fácil: com um olhar, ela transformava qual-
O rei organizou em seu palácio uma gran- quer um em pedra.
de festa, para a qual convidou o filho de Dâ- O rapaz foi se aconselhar com as filhas
nae. Todos prometeram ao rei presentes sun- de Fórcis, que também eram feiíssimas, mas
tuosos. Perseu propôs lhe oferecer a cabeça pelo menos eram úteis. Perseu não obteve fa-
de uma górgona. Polidectes não disse nada cilmente as informações que queria, porque
no momento, mas no dia seguinte foi falar a princípio elas se recusaram a dá-las. Preci-
com ele: sou empregar muita esperteza. Como as três
“Parece-me que ontem o ouvi me prometer um velhas possuíam, juntas, um só olho e um só
presente excepcional. Quando vou recebê-lo?” dente, que usavam uma de cada vez, Perseu
Vítima de suas próprias palavras, Perseu os arrancou e ameaçou atirá-los ao mar. Elas
teve que cumprir a promessa. Despediu-se da logo lhe contaram:
mãe, que o beijou ternamente recomendando- “É com as ninfas que você vai encontrar os
-lhe prudência, e partiu em busca da górgona. instrumentos necessários à sua vitória. Elas
Esse nome causava arrepios. Designa- têm sandálias aladas que o farão correr mais
va três criaturas horrendas: Esteno, Euríale depressa, um saco para pôr a cabeça da gór-
e Medusa. Centenas de cobras infestavam gona e um capacete, oferecido por Hades, que
suas enormes cabeças, e uma careta pavoro- torna invisível quem o usa. Se você se compro-
sa lhes deformava o rosto. Duas delas eram meter a devolver esses objetos, elas vão lhe
imortais. Perseu decidiu então atacar a ter- emprestar todos.”

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M
Foi o que ocorreu. Além disso, de Medusa nasceu um cavalo alado que ime-
Hermes, Perseu recebeu uma espada diatamente saiu voando. Perseu nem teve
de lâmina dura e afiada e, de Atena, um tempo de admirar o voo de Pégaso, por-
grande escudo de bronze polido. Assim, que as outras duas górgonas acordaram.
equipado, calçou as sandálias, pegou o Procuraram ao redor o responsável
saco, o capacete e a foice e voou para pelo que viram, mas Perseu, que estava
o lugar onde as górgonas descansavam. invisível graças ao capacete de Hades, já
No caminho, pôde observar os vestí- escapava correndo dali.
gios da passagem delas: homens e ani- Com sua sandália alada, ele sobrevoou
mais de pedra ladeavam a estrada. De vários países. Seguia pelo litoral da Etió-
repente, uma grande concentração de pia, quando percebeu uma forma branca
estátuas chamou sua atenção. Elas for- contra um rochedo batido pelas ondas.
mavam um círculo em cujo centro se en- Aproximando-se, Perseu distinguiu a
contravam as górgonas adormecidas. silhueta de uma moça em trajes sumários.
Dirigiu-se pé ante pé até elas, toman- Ele a teria confundido com uma estátua,
do o cuidado de lhes dar as costas. Para não fossem as lágrimas que molhavam
se orientar, observava o reflexo de seus seu rosto desolado. Sua fisionomia como-
passos no escudo. Medusa se moveu. veu o herói: quanto mais Perseu olhava
Teria percebido a aproximação do herói? para ela, mais sentia crescer dentro de si
Perseu não hesitou nem um segundo. um sentimento desconhecido... Desceu
Apertando firme o cabo da foice, lançou junto dela e lhe perguntou:
o braço para trás e lhe cortou o pescoço “Qual a razão dessa sorte cruel? Por
com um golpe seco. Sem tirar os olhos do que deve suportar o assalto das ondas e
escudo, agarrou a cabeleira de serpentes do vento?”
e enfiou a cabeça da górgona no saco A moça, perturbada por ser vista na-
emprestado pelas ninfas. Produziu-se en- quelas roupas precárias, explicou-lhe ti-
tão um fato estranhíssimo: do sangue de midamente:

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2

“Estou pagando pelo orgulho da minha depois, casou-se com ele, e seus pais tive-
mãe. Ela se gabou de ser mais bonita do ram a alegria de celebrar ao mesmo tempo
que as ninfas marinhas, filhas de Posei- a libertação e o casamento da filha única.
don. O deus respondeu mandando um Após a cerimônia, o casal voltou para Seri-
monstro assolar a costa, e fui eu que os fo, onde a desordem tinha se instalado du-
habitantes do litoral ofereceram em sacri- rante a ausência do herói. Polidectes ten-
fício para aplacar sua cólera.” tara violentar Dânae, e Perseu quis puni-lo:
Perseu prometeu libertá-la se ela acei- pôs diante dele a horrível cabeça da Medu-
tasse casar com ele. sa, e o rei foi imediatamente transformado
Mal obteve seu consentimento, ouviu em pedra. Quando a calma se restabele-
uma onda gigantesca quebrar nos roche- ceu, o rapaz rumou para sua cidade natal
dos. O mar tinha se aberto ante o peito com a esposa.
enorme de um bicho monstruoso que avan- No trajeto, pararam numa cidade em
çava direto para sua vítima, com a bocarra festa, e como Perseu era um excelente
escancarada. Perseu se virou para intervir. atleta, participou dos jogos. Entre os es-
No mesmo momento, os raios do sol poen- pectadores estava Acrísio, que, sabendo
te projetaram sua sombra nos rochedos. O da volta do herói, saíra de Argos. Che-
monstro se distraiu com o novo agressor, gando sua vez, Perseu arremessou um
que tentou pegar em vão. Esgotava-se disco que foi acertar o ancião na cabeça,
perseguindo uma simples imagem, quando matando-o. A funesta profecia acabava de
Perseu o atacou e cravou a espada entre se realizar, apesar dos esforços do rei. O
as escamas do réptil. herói se entristeceu com o acidente e ofe-
Foi um golpe mortal, e o monstro de- receu esplêndidos funerais ao avô, antes
sapareceu nas profundezas, enquanto o de se instalar no trono de Argos.
herói vencedor libertava Andrômeda. Disponível em: www.botucatu.sp.gov.br/Even-
A pobre moça, que desmaiara, voltou tos/2007/contHistorias/bauhistorias/Contos%20e%20
Lendas%20da%20Mitologia%20Grega.pdf. Acessado em
a si nos braços de Perseu. Pouco tempo 17/12/2014 (Adaptado).

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1. O que levou o rei Acrísio a aprisionar sua filha Dânae?

O rei ficou sabendo por um oráculo que sua filha lhe daria um neto, pelo qual o rei seria morto.

Assim, para evitar a realização da profecia, Acrísio mandou prender Dânae num quarto de bronze

numa alta torre do palácio de Argos.

2. Por que o rei Polidectes fez questão de exigir de Perseu o presente que este prometera
ao governante durante a festa no palácio?
O rei Polidectes, sabendo que todos que se aproximavam das górgonas eram transformados em

pedra, esperava que Perseu tivesse o mesmo destino. Assim, poderia casar-se com Dânae.

3. Dos instrumentos necessários à sua vitória, qual permitiu a Perseu se aproximar da


Medusa sem que fosse transformado em pedra?
O escudo, por meio do qual Perseu observava o reflexo de seus passos, evitando, assim, olhar

diretamente nos olhos de Medusa.

4. O que indicava a Perseu que ele estava no caminho certo para chegar às górgonas?

Num primeiro momento, homens e animais de pedra ladeando a estrada, e, em seguida, uma grande

concentração de estátuas que formavam um círculo.

5. Que fato facilitou a vitória de Perseu sobre o monstro que procurava devorar Andrômeda?

A projeção da sombra de Perseu sobre os rochedos, provocada pelos raios do sol poente, fazendo

o monstro se cansar de tanto perseguir uma imagem apenas. Com isso, Perseu matou a criatura

cravando a espada entre suas escamas.

6. De que forma Perseu restabeleceu a paz em Serifo?


Matando o rei Polidectes, pondo diante dele a horrível cabeça da Medusa, o que fez o governante

ser imediatamente transformado em pedra.

7. A profecia revelada ao rei Acrísio está relacionada a uma vingança inevitável?

Não, pois a morte do rei se deu por acaso, quando Perseu participava dos jogos que estavam sendo

realizados numa cidade em festa. Ao arremessar o disco, Perseu acertou acidentalmente a cabeça

do seu avô, o que muito o entristeceu.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Texto 2
Capítulo
2

Como a noite apareceu


Lenda tupi

No princípio não havia noite — dia somente — Aqui está; levem-no. Mas cuidado: não
havia em todo tempo. A noite estava adorme- abram, senão todas as coisas se perderão.
cida no fundo das águas. Não havia animais; Os servos foram-se, e estavam ouvindo
todas as coisas falavam. barulho dentro do coco de tucumã, assim:
A filha da Cobra Grande — contam — casa- tem, tem, tem… xi… Era o barulho dos grilos
ra-se com um moço. Esse moço tinha três ser- e dos sapinhos que cantam de noite. Quan-
vos fiéis. Um dia, ele chamou os três servos e do já estavam longe, um dos servos disse a
disse-lhes: seus companheiros:
— Vão passear, porque minha mulher não — Vamos ver que barulho será este?
quer dormir comigo. O piloto disse:
Os servos foram-se, e então ele chamou sua — Não, do contrário nos perderemos. Va-
mulher para dormir com ele. A filha da Cobra mos embora, remem!
Grande respondeu-lhe: Eles foram e continuaram a ouvir aquele ba-
— Ainda não é noite. rulho dentro do coco de tucumã e não sabiam
O moço disse-lhe: que barulho era. Quando já estavam muito lon-
— Não há noite, somente há dia. ge, ajuntaram-se no meio da canoa, acenderam
A moça falou: fogo, derreteram o breu que fechava o coco e
— Meu pai tem noite. Se queres dormir comi- abriram-no. De repente, tudo escureceu.
go, manda buscá-la lá, pelo grande rio. O piloto então disse:
O moço chamou os três servos; a moça — Nós estamos perdidos; e a moça, em sua
mandou-os à casa de seu pai, para trazerem casa, já sabe que abrimos o coco de tucumã!
um caroço de tucumã. Os servos foram, che- Eles seguiram viagem. A moça, em sua
garam à casa da Cobra Grande, esta lhes en- casa, disse então a seu marido:
tregou um caroço de tucumã muito bem fecha- — Eles soltaram a noite; vamos esperar a
do e disse-lhes: manhã.

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ITO
M Então, todas as coisas que estavam Ela enrolou o fio, sacudiu cinza em
espalhadas pelo bosque se transforma- cima dele, e disse:
ram em animais e pássaros. As coisas — Este fio será o inhambu, para can-
que estavam espalhadas pelo rio se tar nos diversos tempos da noite e de
transformaram em patos e em peixes. madrugada.
Do cesto de cipó gerou-se a onça; o pes- De então pra cá, todos os pássaros
cador e sua canoa se transformaram em cantaram em seus tempos e de madru-
pato; de sua cabeça nasceram a cabe- gada para alegrar o princípio do dia.
ça e o bico do pato; da canoa, o corpo Quando os três servos chegaram, o
do pato; dos remos, as pernas do pato. moço disse-lhes:
A filha da Cobra Grande, quando viu a — Vocês não foram fiéis. Abriram o
estrela-d’alva, disse a seu marido: caroço de tucumã, soltaram a noite e
— A madrugada vem rompendo. Vou todas as coisas se perderam, e vocês
dividir o dia da noite. também, que se transformaram em ma-
Então, ela enrolou um fio e disse-lhe: cacos. Andarão para sempre pelos ga-
— Você será uma ave, o cujubim. lhos das árvores.
Assim ela fez o cujubim; pintou a ca- [...]
beça do cujubim de branco com taba- ABREU, Ana Rosa et. al. Alfabetização livro do
aluno. Brasília: FUNDESCOLA/SEFMEC, 2000. 3 v. :
tinga; pintou-lhe as pernas de vermelho
128 p. n. 2 (Adaptado).
com urucum e, então, disse-lhe:
— Cantarás para todo sempre, quan-
do a manhã vier raiando.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
1. O que caracteriza esse texto como uma lenda?
A utilização de uma narrativa fantástica para explicar um fenômeno natural (no caso, o surgimento

da noite) e a criação de vários animais, como a onça, o pato, o cujubim, etc.

2.No trecho abaixo, a quem se refere a palavra destacada?


“Eles soltaram a noite; vamos esperar a manhã”.
Aos três servos.

3. Por que o moço pediu que seus criados fossem buscar a noite?
Por que ele gostaria de dormir com a sua mulher e ela só aceitaria dormir com ele ao cair da noite.

Como somente havia dia, ele mandou buscá-la.

Qual foi a ordem descumprida pelos servos e de que forma eles foram punidos por
4.
descumpri-la?
A ordem era não abrir o coco de tucumã. Como punição, foram transformados em macacos.

5.Essa lenda tem algo em comum com um mito grego: um objeto fechado de conteúdo
desconhecido entregue a alguém que não pode abrir. Pesquise e escreva uma síntese des-
se mito com suas palavras. Em ambos os casos, o que moveu os personagens a ignorarem
a recomendação recebida?
A caixa de Pandora. Em ambos os personagens abriram o objeto movidos pela curiosidade.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


As lendas pertencem a uma tradição oral, ou seja, são passadas de geração para gera-
ção por meio da fala, sem registro escrito. Por isso, é comum encontrarmos várias lendas
que propõem explicações para os mesmos fenômenos. Logo abaixo, você vai ler a lenda
da Vitória-régia. Procure prestar bem atenção à história, porque, na próxima seção, você
fará sua própria lenda.

Vitória-régia
A lenda da vitória-régia é muito popular no Brasil, principalmente na Região Norte. Diz a
lenda que a Lua era um deus que namorava as mais lindas jovens índias e, sempre que se
escondia, escolhia e levava algumas moças consigo. Em uma aldeia indígena, havia uma
linda jovem, a guerreira Naiá, que sonhava com a Lua e mal podia esperar o dia em que o
deus iria chamá-la.
Os índios mais experientes alertavam Naiá dizendo que, quando a Lua levava uma moça,
essa jovem deixava a forma humana e virava uma estrela no céu. No entanto, a jovem não
se importava, já que era apaixonada pela Lua. Essa paixão virou obsessão no momento em
que Naiá não queria mais comer nem beber nada, só admirar a Lua.
Numa noite em que o luar estava muito bonito, a moça chegou à beira de um lago, viu a
lua refletida no meio das águas e acreditou que o deus havia descido do céu para se banhar
ali. Assim, a moça se atirou no lago em direção à imagem da Lua. Quando percebeu que
aquilo fora uma ilusão, tentou voltar, porém não conseguiu e morreu afogada.
Comovido pela situação, o deus Lua resolveu transformar a jovem em uma estrela dife-
rente de todas as outras: uma estrela das águas — Vitória-régia. Por esse motivo, as flores
perfumadas e brancas dessa planta só abrem no período da noite.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/folclore/vitoria-regia.htm. Acessado em 20/01/2015.

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
Proposta
Chegou o momento de você criar uma lenda para ser lida por seus colegas e pelo pro-
fessor. Baseie-se na história da Vitória-régia e produza um texto que envolva também uma
planta que, um dia, foi uma bela índia. Procure não copiar a história de Naiá, mas, sim,
inspirar-se nela para produzir uma narrativa que explique o surgimento de uma determinada
planta.

Planejamento
Para planejar o texto que você vai escrever, observe os seguintes aspectos:
1. Em que lugar mítico se desenvolverá sua lenda?
2. Qual será o conflito pelo qual passará o seu protagonista?
3. Se necessário, indique a passagem do tempo. Algumas expressões podem ajudá-lo
nesse propósito, como pouco depois, dias depois e muitos anos se passaram.
4. Algum deus terá participação na sua lenda, como acontece na história da Vitória-régia?
5. Quando a narrativa atingir o clímax, como se dará o desfecho?
6. Crie um título para a sua lenda.

Avaliação
1. O objetivo, neste momento, é avaliar seu texto. Para isso, preencha a tabela abaixo.

Aspectos analisados Sim Não


Você produziu seu texto com base na lenda da Vitória-régia?
Sua lenda procura explicar o surgimento de uma determinada planta?
A sequência narrativa está clara?
A narrativa apresenta as ideias expostas com clareza?
O espaço mítico está bem caracterizado?
O título é coerente com a narração?

2.Agora, baseado na sua avaliação, aperfeiçoe a sua lenda para apresentá-la ao seu
professor. Sua turma pode compor uma coletânea de lendas e disponibilizá-la aos outros
alunos na biblioteca da escola.

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N ER
O CA
I
Texto 1
g Ê
ÔN
CR
A última crônica
A caminho de casa, entro num bote- a noção do essencial. Sem mais nada
quim da Gávea para tomar um café junto para contar, curvo a cabeça e tomo meu
ao balcão. Na realidade estou adiando o café, enquanto o verso do poeta se re-
momento de escrever. pete na lembrança: “assim eu quereria
A perspectiva me assusta. Gostaria o meu último poema”. Não sou poeta
de estar inspirado, de coroar com êxito e estou sem assunto. Lanço então um
mais um ano nesta busca do pitoresco último olhar fora de mim, onde vivem
ou do irrisório no cotidiano de cada um. os assuntos que merecem uma crônica.
Eu pretendia apenas recolher da vida Ao fundo do botequim um casal de pre-
diária algo de seu disperso conteúdo tos acaba de sentar-se, numa das últimas
humano, fruto da convivência, que a faz mesas de mármore ao longo da parede de
mais digna de ser vivida. Visava ao cir- espelhos. A compostura da humildade, na
cunstancial, ao episódico. Nesta perse- contenção de gestos e palavras, deixa-se
guição do acidental, quer num flagrante acrescentar pela presença de uma negri-
de esquina, quer nas palavras de uma nha de seus três anos, laço na cabeça,
criança ou num acidente doméstico, toda arrumadinha no vestido pobre, que se
torno-me simples espectador e perco instalou também à mesa: mal ousa balan-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3

çar as perninhas curtas ou correr os olhos ralidade de sua presença ali. A meu lado o
grandes de curiosidade ao redor. Três seres garçom encaminha a ordem do freguês. O
esquivos que compõem em torno à mesa homem atrás do balcão apanha a porção
a instituição tradicional da família, célula da do bolo com a mão, larga-o no pratinho —
sociedade. Vejo, porém, que se preparam um bolo simples, amarelo-escuro, apenas
para algo mais que matar a fome. uma pequena fatia triangular.
Passo a observá-los. O pai, depois de A negrinha, contida na sua expectativa,
contar o dinheiro que discretamente retirou olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho
do bolso, aborda o garçom, inclinando-se que o garçom deixou à sua frente. Por
para trás na cadeira, e aponta no balcão que não começa a comer? Vejo que os
um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe três, pai, mãe e filha, obedecem em torno
limita-se a ficar olhando imóvel, vagamen- à mesa um discreto ritual. A mãe remexe
te ansiosa, como se aguardasse a apro- na bolsa de plástico preto e brilhante, reti-
vação do garçom. Este ouve, concentra- ra qualquer coisa. O pai se mune de uma
do, o pedido do homem e depois se afasta caixa de fósforos e espera. A filha aguar-
para atendê-lo. A mulher suspira, olhando da também, atenta como um animalzinho.
para os lados, a reassegurar-se da natu- Ninguém mais os observa além de mim.

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N ER
O CA
I
g Ê
ÔN
CR São três velinhas brancas, minúscu- A mulher está olhando para ela com ter-
las, que a mãe espeta caprichosamente nura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo cres-
na fatia do bolo. E enquanto ela serve a po, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao
Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acen- colo. O pai corre os olhos pelo botequim,
de as velas. Como a um gesto ensaiado, satisfeito, como a se convencer intima-
a menininha repousa o queixo no már- mente do sucesso da celebração. Dá
more e sopra com força, apagando as comigo de súbito, a observá-lo, nossos
chamas. Imediatamente põe-se a bater olhos se encontram, ele se perturba,
palmas, muito compenetrada, cantando constrangido — vacila, ameaça abaixar a
num balbucio, a que os pais se juntam, cabeça, mas acaba sustentando o olhar
discretos: “parabéns pra você, parabéns e enfim se abre num sorriso.
pra você...” Depois a mãe recolhe as ve- Assim eu quereria minha última crônica:
las, torna a guardá-las na bolsa. A ne- que fosse pura como esse sorriso.
grinha agarra finalmente o bolo com as SABINO, Fernando. A última crônica. In: A com-
duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. panheira de viagem. Rio de Janeiro: Editora do Autor,
1965, pág. 174.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
1. O narrador aponta os assuntos que costumam aparecer nas crônicas. Cite-os.
De acordo com o narrador, as crônicas tratam do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada

um, do circunstancial e do episódico, “quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma

criança ou num acidente doméstico”.

2. Que assunto desencadeou a crônica lida?


O assunto que desencadeou a crônica foi a presença de uma família pobre, composta por três

membros negros, o pai, a mãe e uma criança, que comemoravam, humildemente, o aniversário de

três anos da filhinha.

O que provavelmente levou o narrador a descrever a família de negros como “três seres
3.
esquivos”?
O narrador provavelmente faz uma crítica social, procurando mostrar ao leitor a exclusão social

sofrida pelo negro em nosso país, refletida na “compostura da humildade, na contenção de gestos

e palavras”.

4. Por que a mãe da criança suspira depois de o garçom ter se afastado de sua mesa?
Porque ela passou a ter certeza de que o dinheiro que o marido trazia daria para pagar a fatia de

bolo desejada.

5. No trecho “A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a
comê-lo”, a palavra destacada chama a atenção do leitor para que circunstância da criança?
O verbo agarra está indicando para o leitor que a criança está com fome, o que é reforçado pelo fato

de a menina pegar o bolo “com as duas mãos sôfregas”.

6. Por que a crônica apresentada, segundo o narrador, deveria ser sua última?
Já que a crônica se baseia em fatos do cotidiano, aspectos da vida de cada um de nós, o narrador

gostaria de que seu último texto retratasse apenas as coisas boas da vida, como o sorriso puro de

um pai por causa da felicidade da filha.

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N ER
O CA
I
Texto 2
g Ê
ÔN
CR

O padeiro

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer
café e abro a porta do apartamento — mas não encontro o pão costumeiro. No
mesmo instante, me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera
sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out,
greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigan-
do o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei
bem o quê do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim.
E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que co-
nheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento, ele
apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava
gritando:
— Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
“Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Mui-
tas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido
por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3

de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para
dentro: “Não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que
não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu
não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que me-
nos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho
noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre
depois de uma passagem pela oficina — e muitas vezes saía já levando na mão
um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina,
como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E, às vezes, me julgava impor-
tante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que
eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e
o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu
recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre;
“Não é ninguém, é o padeiro!”
E assobiava pelas escadas.
BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, Vol. 1., 5ª Edição. São Paulo: Ática, 1980. p. 63.

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1. Como você sabe, crônicas são textos criados a partir de fatos do cotidiano que muitas
vezes nos passam despercebidos, mas que o olhar atento do escritor capta, processa e nos
faz refletir sobre a vida partindo das coisas mais simples. Pensando nisso, responda: que
fato você acha que inspirou Rubem Braga a escrever a crônica O padeiro?
A quebra da rotina: o “pão costumeiro” não estava à porta.

2. Inicialmente, as crônicas eram feitas para serem veiculadas em jornais e revistas. Hoje,
são comuns na Internet também. Por isso, elas constantemente fazem alusões a ocorrên-
cias sociais e/ou políticas quase em tempo real. Rubem Braga escreveu O padeiro mais de
quarenta anos atrás, e nela cita a “greve do pão dormido”. Explique com suas palavras o
que você entendeu sobre isso.
Resposta pessoal.

3. Como você acha que o narrador se sente em relação ao padeiro? Mais ou menos im-
portante? Justifique sua resposta.
Nem mais, nem menos. O narrador entende que todas as pessoas são igualmente importantes.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
4. Em sua opinião, existem profissões mais importantes do que outras? Reflita e responda.
Resposta pessoal.

5. Pesquise e escreva o significado da palavra abluções.


Lavagem do corpo ou parte dele.

6. Antigamente era comum os padeiros deixarem o pão e o leite à porta das casas. Con-
verse sobre isso com um parente, um vizinho, alguém mais velho. Pergunte, anote e/ou
grave os relatos. É bom conhecermos as histórias das pessoas. Por trás de coisas simples
pode haver experiências e pontos de vista extraordinários. Compartilhe!
Resposta pessoal.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


A crônica é um gênero textual que oscila entre literatura e jornalismo e costuma ser
veiculada em jornal ou revista. Os assuntos abordados, como vimos, geralmente são fatos
circunstanciais, situações simples do nosso dia a dia, episódios dispersos e acidentais, por
exemplo, um flagrante nas ruas, o comportamento de uma criança ou de um adulto, um
incidente doméstico. Nesta atividade, você será um cronista. Antes de produzir seu texto,
leia, abaixo, o trecho de uma crônica de Luis Fernando Verissimo.

A aliança
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer
jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o
apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do ho-
mem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média.
Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mes-
ma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o
dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar
algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu.
Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o
macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de
infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria,
resignação e reticências...
Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando
o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele
deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu
na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos
seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no
carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena.
Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
Disponível em: www.releituras.com/lfverissimo_alianca. Acessado em 17/12/ 2014.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
Proposta
Crie uma crônica para ser lida por seus colegas e pelo professor. Para tanto, você terá
de dar continuidade ao texto de Luís Fernando Verissimo, apontando que história o marido
contou à esposa sobre o que aconteceu com a aliança e a reação dela diante do que es-
cutou. Depois disso, o professor lerá o desfecho original para que você entenda melhor a
preocupação do esposo com a perda de sua aliança.

Planejamento
É necessário planejar seu texto. Para tanto, dê atenção aos seguintes aspectos:
1. Quais elementos farão parte da sua história? Como serão os personagens, o espaço e
o tempo?
2. Observe que a continuação da crônica deverá trazer necessariamente um narrador-
-personagem.
3. Procure imprimir um tom pessoal, particular, ao seu texto.
4. Elabore um rascunho das suas ideias procurando estruturá-las.
5. Tenha em mente que a crônica geralmente é um texto breve.

Avaliação
1. Chegou a hora de avaliar seu texto. Assim, preencha a tabela seguinte.

Aspectos analisados Sim Não


A continuação que você produziu está coerente com o texto inicial de
Luis Fernando Verissimo?
A linguagem que você utilizou está simples e clara?
Os elementos da narrativa (personagens, espaço, tempo) estão bem ca-
racterizados?
Você conseguiu imprimir ao seu texto um tom pessoal, particular?
Você levou em consideração que a crônica é, geralmente, um texto breve?
Todas as partes do texto estão claras ou é necessário esclarecer alguma
ideia?

Com base em sua avaliação, aprimore a sua crônica para apresentá-la ao seu professor
2.
e aos seus colegas. Uma sugestão interessante é que vocês realizem o Festival de Jovens
Cronistas, no qual a escola poderá ter acesso aos textos produzidos.

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Qual o motivo da ida de
Marcos Pontes ao espaço?

O astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes, 43 anos, estará nos próximos


dias na órbita da Terra, oito dos quais a bordo da Estação Espacial Internacio-
nal, que se encontra a 350 km de altitude. Ele deixou o Centro de Lançamento
de Baikonur, no Cazaquistão, às 23h29 da quarta-feira, 29 de março de 2006,
pelo horário de Brasília (cerca de 7h da manhã de quinta-feira, de acordo com
o horário cazaque).
Partiu a bordo de uma nave Soyuz-TMA 8, em companhia do russo Pavel
Vinogradov e do americano Jeffrey Willians, e permanecerá na Estação,
mantida por 16 países, durante oito dias, nos quais deve realizar oito expe-
rimentos científicos brasileiros, originários de diversas instituições e esco-
las, que precisam ocorrer em ambiente de microgravidade.

Nuvens de Interação Proteica


Em geral, os experimentos brasileiros já foram realizados no âmbito dos
programas russos, europeus e americanos. No entanto, o oitavo experimento,
chamado Nuvens de Interação Proteica (NIP), desperta mais curiosidades e
é o que mais exigirá esforços de Pontes. O NIP foi criado pelo Centro de Pes-
quisas Renato Archer, em Campinas (SP), e envolve a observação, em uma
câmara fechada, de proteínas bioluminescentes — entre elas as responsáveis
pela luz que emana dos vaga-lumes.
Nem só por isso o NIP é o experimento menos convencional a ser conduzido
por Pontes, pois, além de sua natureza científica, o projeto também tem um lado
estético e foi desenvolvido em parceria por pesquisadores e artistas. Os russos ma-
nifestaram atenção e admiração pelo NIP, segundo relatou o jornalista Salvador
Nogueira, enviado especial da Folha de S.Paulo a Baikonur.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4

O custo da viagem
Para colocar Marcos Cesar Pontes em órbita, o governo (e nós, o povo)
brasileiro desembolsou 10 milhões de dólares, além de abrir espaço para que
a Rússia participe da construção de futuros satélites brasileiros. Por isso, in-
dependentemente de todo o aspecto pioneiro e aventuresco que a missão do
astronauta brasileiro evoca, a questão que se coloca é se ela vale realmente o
quanto pesa. Se saímos ganhando, na relação custo-benefício.
Não há dúvida de que o Brasil não pode ficar à margem do desenvolvimento
científico e tecnológico que ocorre no mundo. Nem que os investimentos em
alta tecnologia são, também, essenciais para garantir o bem-estar das futuras
gerações. Os experimentos de microgravidade, por exemplo, têm grande po-
tencial de auxílio à medicina. Mas não é exatamente essa a questão.

Vale a pena?
Embora dividida, as opiniões dos especialistas brasileiros em questões ae-
roespaciais apontam um pequeno saldo positivo a favor de Pontes, embora seja
quase uma unanimidade que a viagem do astronauta está longe de ser o prato forte
do programa espacial brasileiro. Para a Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), o dinheiro deveria ter sido gasto em pesquisa e desenvolvimento
espaciais dentro do País. Sem falar no fato de que os voos tripulados por brasileiros
estão longe de se transformar em algo frequente.
Já a Agência Espacial Brasileira (AEB) acha que o valor do investimento re-
side na visibilidade que ele traz para nosso programa espacial. É o que pensa
também José Monserrat Filho, advogado, jornalista e vice-presidente da As-
sociação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), que considera
secundários a viagem propriamente dita e os experimentos.

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Propaganda e marketing
Para Monserrat Filho, portanto, cabe a Marcos Cesar Pontes deixar claro ao
mundo e aos brasileiros “o que de mais relevante fazemos no espaço hoje: conhe-
cer nossos recursos naturais, graças ao acordo com a China, que já lançou dois
satélites de sensoriamento remoto (...)”.
Além disso, Monserrat considera a importância de introduzir a base de Al-
cântara, no Maranhão, no mercado mundial de lançamentos comerciais, con-
forme o acordo com a Ucrânia e com outros países interessados em lançar
foguetes dali; construir outros satélites, um dos quais geoestacionário, indis-
pensável às comunicações no Brasil; construir foguetes que nos abram novas
portas para o espaço e para nossa indústria aqui na Terra.

Gagarin e Santos Dumont


Depois de sua breve jornada no espaço, o astronauta Marcos Cesar Pontes
pode ser o grande divulgador de tudo isso. E não se deve desprezar o papel
publicitário dos astronautas: Yuri Gagarin, o pioneiro dos voos espaciais em
1961, desempenhou essa missão para a extinta União Soviética, assim como
o fez Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969, para os Es-
tados Unidos.
A propósito, estando a publicidade ligada ao aspecto simbólico da realidade
e ao imaginário das pessoas de um modo geral, não se pode deixar de men-
cionar o nome dado à missão de Pontes: Centenário, que lembra o voo de
Alberto Santos Dumont a bordo do 14-Bis, em 1906. O astronauta brasileiro,
aliás, leva consigo uma réplica do chapéu do inventor. Nada mais justo.
Disponível em: http://vestibular.uol.com.br/atualidades/ult1685u232.jhtm. Acessado em: 22/06/2011.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
1. Qual é o principal questionamento relacionado à missão do astronauta brasileiro?
Se a relação custo-benefício compensa o investimento, que é muito alto.

2. Por que, para José Montserrat Filho, a viagem e os experimentos são secundários?
Pois o valor da viagem reside na visibilidade que ela pode trazer para o programa espacial do Brasil,

no potencial de propaganda e marketing.

3. Por que a missão recebeu o nome de Centenário?


Em homenagem a Santos Dumont, porque ocorreu em 2006, cem anos depois do voo inaugural

dele a bordo do 14-Bis.

Por que, segundo o autor, não podemos desprezar o potencial publicitário dos astro-
4.
nautas?
Porque expedições pioneiras, como a de Gagarin e Armstrong, funcionam como uma espécie de

campanha publicitária de seus respectivos países.

5.Analisando as opiniões a favor e contra o investimento realizado na missão de Pontes


e responda: na sua opinião, vale a pena? Justifique.
Resposta pessoal.

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Como o aquecimento global
vai afetar o Brasil
E que medidas o país precisa adotar agora para amenizar
os impactos negativos das mudanças climáticas

As mudanças climáticas já se impõem convulsões. Pode até morrer. Com o pla-


como um dos principais desafios para o neta, acontece algo semelhante. Segun-
Brasil no século XXI. O recente consen- do os cientistas, se a temperatura sobe
so científico sobre o impacto do aqueci- 2 graus, sistemas de chuvas e secas já
mento global aponta obstáculos que o se alteram, mas as formas de vida que
país tem de começar a enfrentar desde conhecemos ainda conseguem se adap-
já. Caso contrário, as consequências po- tar. Com uma elevação de 5 graus, o cli-
dem ser devastadoras. Uma boa compa- ma da Terra entra em colapso. Isso ex-
ração é o estado febril em uma pessoa. terminaria a agricultura e a pecuária em
Um aumento de 2 graus Celsius provoca boa parte das zonas tropicais, inundaria
várias perturbações no funcionamento do cidades litorâneas e tornaria frequentes
organismo humano. Os batimentos car- os furacões em quase todos os oceanos,
díacos ficam mais lentos e a transpiração inclusive o nosso Atlântico Sul.
aumenta. Se a elevação for de 5 graus, Esse cenário preocupante é resultado
torna-se grave. Com uma febre de 42 de uma alteração na atmosfera da Terra.
graus, como na malária, a pessoa sofre Um conjunto de gases — principalmen-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
te o carbônico — regula a quantidade de calor cientistas divergem ao especular sobre seus
do Sol absorvida pela Terra. A queima de com- impactos. Apesar do grau de incerteza, essas
bustíveis fósseis e das florestas vem lançando pesquisas vão nortear as adaptações necessá-
quantidades inéditas desses gases na atmosfe- rias para sobrevivermos nesse novo mundo. A
ra. Hoje, sua concentração é duas vezes maior seguir, apresentamos as principais ameaças ao
que a dos últimos 650 mil anos. Nesse inter- Brasil e um levantamento inédito do que deve
valo de tempo, a Terra atravessou meia dúzia ser feito para reduzir seu impacto.
de eras glaciais e esquentou entre elas. Mas o
calor que virá agora pode ser maior que o de Meia Floresta Amazônica
qualquer desses períodos. O aquecimento já O desaparecimento completo da floresta está
começou. Em 1905, quando a atividade indus- entre as previsões mais pessimistas. Isso pode
trial era menor, a temperatura média do planeta acontecer se a temperatura média da região au-
era de 13,78 graus Celsius. Hoje, está em torno mentar mais de 5 graus. E essa elevação pode
de 14,50 graus. Até o fim do século, vai crescer chegar a 8 graus. “Seria um caminho sem retor-
para algo entre 16,50 e 19 graus — numa esti- no”, diz Carlos Nobre, climatologista do Instituto
mativa conservadora. Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A pre-
O prognóstico oficial sobre as consequências visão mais aceita para a região é um aumento
práticas de um mundo mais quente será divulga- de temperatura de cerca de 3 graus até 2100.
do na semana que vem por um painel de cien- Nobre afirma que, nessa simulação, a floresta
tistas, o IPCC. Coordenado pela Organização perderia mais da metade de sua cobertura origi-
nal. “Pode acontecer uma união entre a grande
das Nações Unidas (ONU), ele concentra uma
savana da Venezuela e a parte central do Bra-
elite de 2.500 dos principais pesquisadores de
sil”, diz. Seria um campo com algumas árvores,
mudanças climáticas. Esse comitê, formado em
mas dominado por arbustos e capim, bem me-
1988, atualiza as informações sobre o clima e
nos imponente que a floresta atual.
suas consequências. Ele avalia milhares de es- Um estudo realizado em dez anos pelo
tudos e deles extrai o que há de consenso cien- Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazô-
tífico. No início de fevereiro, o IPCC divulgou nia (Ipam) encontrou algumas pistas sobre
as previsões sobre aumento de temperatura da como a floresta desapareceria. Segundo o
Terra. Na semana que vem, um grupo de pes- biólogo Daniel Nepstad, coordenador do
quisadores representantes dos 130 países que estudo, a temperatura elevada aumenta os
integram o painel, reunido em Bruxelas, na Bél- períodos de estiagem. A queda na umidade
gica, vai descrever como essas mudanças cli- natural da floresta acaba com o vapor de
máticas afetam cada país. água da transpiração das plantas, que prote-
O Brasil deverá sofrer bastante. Estudos ge as árvores das queimadas. A vegetação fica
realizados por pesquisadores nos últimos me- mais exposta ao fogo. Como o fogo agrava a
seca, cria-se um ciclo de destruição. O baixo ní-
ses já revelam o que pode acontecer com nos-
vel dos cursos da água pode deixar grande parte
so país. Época ouviu 12 dos principais cientis-
da população local com problemas de transporte
tas que descrevem os impactos sobre nossa
e alimentação. O desaparecimento de metade
geração e a de nossos filhos. Não são previ-
da Floresta Amazônica também pode reduzir em
sões infalíveis. Se há praticamente consenso até 35% a umidade nas regiões Sul e Sudeste do
sobre a gravidade do aquecimento global, os País, afetando os ciclos de chuvas.

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O que fazer
Salvar a floresta depende de algumas ações preventivas. A pri-
meira delas é a criação de mais unidades de conservação, como
reservas e parques ecológicos, para conter o fluxo devastador. As
pesquisas do Ipam concluíram que a porção mais importante a ser
preservada é o sudeste da floresta, entre os Estados do Pará e do
Maranhão. “Essa região é fundamental para garantir a umidade,
responsável pelas chuvas em toda a Região Norte”, afirma Nepstad.
Uma segunda ação seria o reflorestamento, com espécies nativas,
das áreas já degradadas. “É uma forma de criar um mecanismo para
capturar carbono e ao mesmo tempo restabelecer a umidade na re-
gião”, diz ele. Essas árvores também podem ser utilizadas pela in-
dústria de celulose e nas siderúrgicas. O reflorestamento pode ser
intercalado com sistemas de exploração da madeira nativa, a partir
de práticas não predatórias. Mas a ação mais importante é a criação
de programas para acabar com a utilização do fogo para limpar o
solo. São essas queimadas que saem do controle e carbonizam flo-
restas já fragilizadas. “Sem o combate ao uso do fogo, não há como
conservar a Amazônia”, diz Nepstad.
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG76861-5990,00.html.
Acessado em 22/06/2011.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
A autora compara o aquecimento da Terra ao de um corpo humano febril. Em ambos os
1.
casos, o que pode acontecer se houver um aumento de 5°C?
O corpo humano pode convulsionar, e o indivíduo pode até morrer; já na Terra o clima pode entrar

em colapso, a agricultura e a pecuária das regiões tropicais podem ser exterminadas, cidades litorâ-

neas podem desaparecer devido às inundações e furacões podem se tornar frequentes em todos

os oceanos.

2.Embora não haja um consenso entre os pesquisadores a respeito das consequências


do aquecimento global, qual é a importância dessas pesquisas?
Elas vão apontar as adaptações necessárias para as espécies sobreviverem no novo clima.

3. O que pode acontecer com a Floresta Amazônica se houver um aumento na tempera-


tura média de 3°C e de 5°C?
Na hipótese de aumento de 3°C, a floresta perderia mais da metade de sua cobertura original

e, na hipótese de um aumento de 5°C, a floresta desapareceria.

4. De acordo com a reportagem, que ações preventivas podem salvar a Floresta Amazônica?
A criação de unidades de conservação para conter a devastação e o reflorestamento das áreas

já degradadas com espécies nativas.

5.Que impacto o desaparecimento de metade da Floresta Amazônica pode ter nas re-
giões Sul e Sudeste do País?
Pode reduzir a umidade dessas regiões em 35% e afetar o regime de chuvas.

6. Qual é o principal gás que está envolvido com o aquecimento global? Por que sua con-
centração na atmosfera tem aumentado?
O gás carbônico. Por causa da queima de combustíveis fósseis e das florestas.

7.Na reportagem, a frase Como o aquecimento global vai afetar o Brasil é o lide, isto é, o
subtítulo do texto. Sua função é fornecer ao leitor uma informação básica sobre o tema. A
autora usou esse artifício de forma clara? Justifique.
Sim, ela usou de forma clara, pois podemos perceber que o lide está conciso que prende a atenção

do leitor, inclusive o lide está colocado, de forma implícita, como um questionamento.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Geralmente, a reportagem é produzida para atender à solicitação do editor-chefe do veí-
culo de comunicação, que encaminha a pauta (tema) para o repórter. No entanto, muitas
vezes o próprio repórter escolhe o assunto e o sugere a seus superiores. Nesse caso, a
pauta sugerida normalmente é de interesse do repórter — algo que, além de ser prazeroso
ou desafiador para ele pesquisar, atende aos interesses do público leitor. Assim, um repór-
ter que se interessa pela cultura do estado onde ele mora provavelmente gostaria de fazer
uma reportagem sobre a música local, por exemplo. Por essa razão, em geral, a redação
dos jornais é dividida em setores que tratam de temas específicos, como esportes, cultura,
economia, política, etc.
Portanto, é comum um repórter atuar em um único setor, no qual se torna um especialis-
ta. Raramente um repórter de esportes escreverá sobre política, e vice-versa.
Como uma das maiores qualidades do texto jornalístico é a clareza, é fundamental que
o repórter conheça bem a área relacionada à pauta de sua reportagem.

Proposta
Para produzir esta reportagem, forme um grupo com mais dois colegas. Vocês serão os
repórteres; e o professor, o editor-chefe. Os grupos decidirão a pauta que levarão para o
editor, que, em reunião com cada um, orientará o trabalho para adequar o texto aos leitores
(os próprios alunos da escola, os pais, os professores, etc.). Se a escola já possui seu pró-
prio jornal, as reportagens podem ser publicadas nele. Se não, que tal elaborar o jornal de
sua turma ou de sua escola?
Para essa reportagem, a pauta deverá seguir dois critérios:
1. Ser relevante para a comunidade.
2. Estar inserida em um destes campos:
• Esportes
• Educação
• Cidades
• Lazer
• Cultura
• Saúde

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
Planejamento
Uma vez selecionada a pauta, sigam os seguintes passos:
1. Façam um levantamento dos pontos mais importantes da pauta. O que a reportagem
de vocês deve abordar?
2. Definam quem serão as pessoas que poderão dar depoimentos para aumentar a credi-
bilidade da reportagem e entrem em contato com elas para marcar um encontro.
3. Elaborem previamente um roteiro de perguntas a serem feitas aos seus entrevistados.
4. Façam uma pesquisa aprofundada em livros, revistas e na Internet para ficar por dentro
da pauta.
5. Realizem as entrevistas, para não perderem nenhuma informação relevante. É impor-
tante anotar (e, se possível, gravar) as respostas dos entrevistados.
6. Agora, mãos à obra. Comecem a escrever a reportagem. Nessa etapa:
• Procurem utilizar uma linguagem adequada a seus leitores.
• É importante seguir uma sequência de abordagem com começo, meio e fim, para
facilitar tanto a escrita quanto a leitura.
• Produzam uma manchete e um lide adequados aos seus objetivos.
• Apresentem a pauta já no lide, como uma abertura atraente para seus leitores.
• Selecionem os trechos mais importantes dos depoimentos e os encaixe no texto.
Nesse ponto, observem o uso das aspas e dos verbos dicendi.
• Pesquisem imagens ou tirem fotografias para enriquecer a sua reportagem. Não se
esqueçam das legendas e das fontes consultadas.
• Valorizem a diagramação do texto, isto é, a sua apresentação gráfica (imagens, bo-
xes explicativos, tabelas, cores, tipos de fonte, etc.). A diagramação contribui muito
para que uma reportagem se torne atraente.

Avaliação
1.Nessa etapa, os grupos trocarão as reportagens para que cada um seja avaliado pelo
outro. Na avaliação, analisem os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


A pauta da reportagem atendeu aos dois critérios apontados na proposta?
A reportagem traz informações interessantes?
A linguagem está adequada aos seus leitores?
Há depoimentos enriquecendo o texto?
O texto se configura visualmente como uma reportagem?

2.Feita a avaliação, os grupos devolverão os textos uns aos outros para que sejam feitas
as adaptações necessárias. Em seguida, o professor os recolherá.

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O
t iv
i
O s
ÊN ER E x pO cO Texto 1
g O R áf
i
t i g g
AR i NfO
E Mutação dá nova pista contra
mal de Alzheimer
(1) A descoberta de uma mutação descrevem como diferentes alterações
genética (alteração no DNA), que tem nesse gene originam versões distintas
o efeito de proteger contra o mal de de moléculas amiloides, umas mais no-
Alzheimer, pode ajudar cientistas na civas que outras. Aquelas envolvidas no
busca de uma droga contra a doença, mal de Alzheimer são as beta-amiloides.
que leva à perda de memória e à morte. Essas moléculas, quando se unem em
(2) A pesquisa foi liderada pela grandes quantidades, formam fibras que
empresa deCODE, da Islândia, que sobrecarregam e matam os neurônios
estudou as informações genéticas de diferentes áreas do cérebro, ocasio-
por meio de sequenciamento de nando a perda das capacidades de me-
DNA de 1.795 nativos do país-ilha. mória características do paciente com o
Observou-se que a incidência de Al- mal de Alzheimer. A mutação identifica-
zheimer era muito menor entre os da pelos cientistas faz com que o cére-
portadores de uma mutação específi- bro consiga digerir as moléculas forma-
ca, que funciona como uma proteção doras dessas fibras, impedindo que elas
dos neurônios. A alteração rara foi en- se agreguem. Com isso, a capacidade
contrada nesse gene (batizado pelos de memorização é mantida em níveis
pesquisadores de APP), que contém normais. Em outras palavras, essa pro-
a receita para a produção de uma pro- teína precisa ser produzida e destruída
teína de função ainda mal conhecida. de maneira adequada pelo organismo.
(3) No estudo da Nature, os autores (4) As células nervosas de pes-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5
soas sem a mutação benéfica apon- de memória em pessoas muito idosas.
tada pelo estudo quebram a proteína Antes, acreditava-se que a doença
de maneira “errada”, por meio de uma não tivesse relação com o declínio de
enzima (chamada Bace-1). É como se capacidades cognitivas no envelheci-
os pedaços da proteína ficassem indi- mento. Eram duas situações diferen-
gestos e acabassem se acumulando. tes e desconectadas. No entanto, os
cientistas viram que a mutação do
Mutação protetora
gene que protege contra o Alzheimer
(5) Quem tem a mutação protetora também ajuda as pessoas com pro-
é resistente a essa enzima. E é justa- blemas de memória em idade avan-
mente disso que a indústria farmacêuti- çada.
ca estava atrás. (8) “Nossos resultados sugerem
(6) “A busca de drogas contra a que a doença de Alzheimer com iní-
Bace-1 [a enzima que quebra de ma- cio tardio seria o lado extremo do de-
neira inadequada as fibras, causando clínio de funções cognitivas ligadas à
o Alzheimer] já vinha ocorrendo nos idade”, afirma Stefánsson. Segundo o
últimos 10 a 15 anos, mas de forma cientista, estudar portadores da muta-
lenta”, disse à Folha de S.Paulo kári ção também pode ajudar na criação de
Stefánsson, presidente da deCODE e tratamentos. “Podemos medir o nível
cientista coordenador do estudo. “Não de beta-amiloides – as moléculas que
havia uma prova de princípio mostran- podem se acumular nos neurônios –
do que essa estratégia iria funcionar. no sangue dessas pessoas para saber
Essa mutação fornece a prova que fal- quão longe é preciso ir em um trata-
tava”, conclui. mento antes de se verificar um efeito
(7) Outra descoberta embutida nes- terapêutico.”
se estudo é um mecanismo biológico Rafael Garcia. Disponível em: http://www1.folha.
que liga o mal de Alzheimer à demência uol.com.br/ciencia/1118787-mutacao-da-nova-pista-
-contra-mal-de-alzheimer.shtml. Acesso em 21/05/2015
senil generalizada, que provoca falhas (Adaptado).

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O EM
tiT iIvvO
O O sI
ÊNÊ ENRER Ex PpOOS cOO
g g OO iI C
Igi g g dR áÁfT
Tt I
AARR v ROfOd
DNA e demência
lIE i N
Como foi a descoberta do gene que influencia o mal de Alzheimer

1. Amostras
1.795 pessoas tiveram seus
genomas sequenciados na Islândia,
pela empresa deCODE Genetics.

2. Estudo
Cientistas compararam o DNA de
pacientes com o mal de Alzheimer
3. Proteção
com o de pessoas sem sintomas.
O estudo mostrou que, em
Pessoas idosas que apresentavam
um gene batizado de APP,
demência senil, sem possuir
uma mutação oferecia
Alzheimer, também foram
proteção contra a doença.
examinadas.

Resultado

Conhecendo a bioquímica desse 40%


fenômeno, cientistas esperam en- É o quanto a mutação reduz a for-
contrar uma droga que possa evi- mação da proteína amiloide que
tar a quebra da proteína APP em causa o Alzheimer; a alteração
beta-amiloide. também previne a demência senil.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5
Entenda o Alzheimer
Produção de Acúmulo de fibras
Gene APP Morte de neurônios
proteínas APP no cérebro

Acúmulo Perigo
Em pacientes de Alzheimer, a amiloide se acu- O cérebro não consegue processar a beta-
mula, porque a proteína APP se fragmenta em -amiloide, e ela se acumula em fibras que “en-
forma difícil de ser “digerida” pela célula beta- tulham” os neurônios e acabam por matá-los.
-amiloide.

1.O infográfico é um desenho ou uma imagem que procura informar, de modo didático, so-
bre um determinado assunto que, somente com o texto, não ficaria tão bem compreendido
pelos leitores. No caso do infográfico acima, que assunto está sendo informado?
O infográfico procura informar sobre uma pesquisa desenvolvida pela empresa deCODE, da Islândia,

que, ao estudar informações genéticas por meio de sequenciamento de DNA de 1.795 nativos do país-ilha,

descobriu uma mutação genética específica que protege os neurônios contra o mal de Alzheimer.

2. Qual a função dos números e das setas que aparecem no infográfico?


A função dos números e das setas é apresentar as diferentes etapas pelas quais passou a pesquisa.

3. Como se caracteriza a linguagem do infográfico em análise?


A linguagem do infográfico em análise se caracteriza pela utilização de aspectos verbais e não verbais,

por meio dos quais as informações são descritas passo a passo.

4. Segundo o infográfico, como se dá o mal de Alzheimer?


O mal de Alzheimer é causado pela dificuldade que o cérebro tem em processar a beta-amiloide,

que se acumula em “fibras que ‘entulham’ os neurônios e acabam por matá-los”.

5. Você acha que o infográfico conseguiu explicar o texto-base?


Resposta pessoal.

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O EM
tiT iIvvO
O O sI
ÊNÊ ENRER Ex PpOOS cOO Texto 2
g g OO iI C
Igi g g dR áÁfT
Tt I
AARR v ROfOd Por
que existem gêmeos idênticos
lIE i N
e gêmeos diferentes?
A explicação começa na fecundação, cerca de
nove meses antes do nascimento...
Irmãos gêmeos são aqueles que nasce- Mas e os gêmeos? — alguém deve
ram no mesmo dia, da mesma mãe e que estar perguntando. Muito bem, vamos en-
tanto podem ser iguaizinhos, a ponto de tender! Nem sempre o corpo da mulher
não se saber direito quem é quem, como libera apenas um óvulo para ser fertiliza-
podem ser diferentes até mesmo no sexo. do. Às vezes, ele libera dois óvulos. Aí, um
Até aqui nenhuma novidade. Curioso é sa- espermatozoide acaba por fecundar um
ber como se originam os gêmeos e por que óvulo enquanto um outro espermatozoi-
eles podem ser idênticos ou diferentes. de fecunda o outro óvulo. Resultado: em
A explicação começa, mais ou menos, vez de formar uma nova célula para se
nove meses antes do nascimento. Para ser multiplicar e dar origem a um único bebê,
mais claro, na fecundação. Pela natureza, duas novas células diferentes se formam,
os seres humanos começam a se formar originando dois seres diferentes entre si,
quando um óvulo — célula especializada porque dois óvulos diferentes foram fertili-
em reprodução só encontrada nas mulhe- zados por dois espermatozoides distintos.
res — é fertilizado por um espermatozoi- Com os gêmeos idênticos, a história é
de — outra célula especializada em repro- outra! Na maior parte das vezes, a mulher
dução encontrada apenas nos homens. libera mesmo um único óvulo por vez, e ele
Cada uma dessas células especializadas é fecundado por um único espermatozoi-
em reprodução, assim como qualquer ou- de. Quando essa célula com as duas ver-
tra célula do nosso corpo, traz uma receita sões da receita (uma do óvulo e outra do
chamada DNA. Apesar de essas receitas espermatozoide) está pronta, ela começa
serem completas, são necessárias duas a se multiplicar e forma um aglomerado
versões combinadas (a do óvulo e a do de células que, por um evento raro, pode
espermatozoide) para que uma nova cé- se separar em dois grupos diferentes que
lula tenha origem, multiplique-se e forme continuarão a se multiplicar. E, desses dois
um novo indivíduo. Logo, esse novo ser grupos de células, resultam dois novos
terá características da mãe, pelo óvulo, e seres que serão idênticos, porque se de-
do pai, pelo espermatozoide. senvolveram a partir de um mesmo par de

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5
receitas, ou melhor, de um único óvulo fecundado os seus filhos, não só fisicamente, mas também
por um único espermatozoide. pelo comportamento. Essas diferenças existem
Seres que têm a mesma receita, isto é, o mes- por que nem todas as nossas características es-
mo DNA, são considerados idênticos. E, na natu- tão nas receitas de nossas células. Há também as
reza, isso ocorre no caso de gêmeos que tiveram influências do meio em que vivemos.
como origem as mesmas células reprodutivas. Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira. Centro de Estudos do
Mas pergunte a qualquer mãe ou pai de gêmeos Genoma Humano, Instituto de Biociências, Universidade de São
Paulo. In: Revista CHC, edição 121.
idênticos se eles não conseguem diferenciar bem

1. Qual é a função do subtítulo do texto em questão?


O subtítulo procura antecipar a explicação sobre a existência de gêmeos idênticos e de gêmeos

diferentes, mas sem tecer comentários detalhados.

2. De acordo com o texto, como se dá a formação de um novo ser?


A formação de um novo ser acontece quando um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, o que

dá origem a uma nova célula que se multiplica, formando um novo indivíduo.

3. O que proporciona o nascimento de gêmeos?


Segundo o texto, os gêmeos se originam quando o corpo da mulher libera dois óvulos e cada um

desses óvulos é fecundado por um espermatozoide, surgindo, assim, duas novas células diferentes

que vão formar dois seres distintos.

4. Como se originam os chamados gêmeos idênticos?


Os gêmeos idênticos surgem quando um único óvulo, fecundado por um único espermatozoide,

multiplica-se e forma um aglomerado de células que se separam em dois grupos distintos que continuam

a se multiplicar, dando origem a dois novos seres que serão idênticos.

Por que, segundo o texto, embora os gêmeos sejam idênticos, podemos encontrar dife-
5.
renças não só físicas como comportamentais?
Apesar de os gêmeos serem idênticos, o meio onde vivem promove diferenças entre eles.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Os artigos expositivos em livros didáticos devem ser escritos com uma linguagem aces-
sível e passar as informações necessárias para se atingirem os objetivos propostos. Neste
capítulo, por exemplo, um dos objetivos foi mostrar a você como se estrutura o artigo ex-
positivo em um livro didático. Para isso, procuramos estudar com você, no texto sobre a
formação de gêmeos idênticos e de gêmeos diferentes, como se dá a articulação das infor-
mações necessárias dentro de um texto científico com proposta didática.

Proposta
Agora, você produzirá um artigo expositivo sobre a dengue, partindo da imagem apre-
sentada logo abaixo. Para tanto, faça uma pesquisa prévia em livros, revistas, em jornais ou
na Internet, procurando abordar contágio, prevenção, sintomas e controle. Seu texto pode
ser apresentado na Feira de Ciências da sua escola.

t
Shutterstock I nopphara

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5
Planejamento
1. Pesquise em livros, jornais, revistas, na Internet ou em qualquer material disponível
que possa ajudá-lo em seu texto.
2. Utilize uma linguagem acessível ao seu público-alvo.
3. Ilustre seu texto com exemplos esclarecedores.
4. Enfoque as formas de contágio, os sintomas, a prevenção e o controle da dengue.
5. Elabore um título adequado.

Avaliação
1. Peça a um colega para avaliar seu texto. Ele deverá analisar os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O texto está estruturado como um artigo expositivo?
As informações estão organizadas de maneira lógica?
Foram apresentados a prevenção, o contágio, os sintomas e o controle
da dengue?
Há exemplos ilustrando o texto?
O título está adequado ao texto?

2.Agora, a partir das observações feitas por seu colega, reescreva seu texto, se neces-
sário, empreendendo as modificações sugeridas. Depois, entregue seu texto ao professor.

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O
N ER A Texto 1
g Ê
E M
P O Soneto
Luís de Camões

Quem diz que amor é falso ou enganoso,


Ligeiro, ingrato, vão, desconhecido
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piedoso;


Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.

Se males faz amor, em mim se veem;


Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de amor;


Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Disponível em: www.releituras.com/luisdecamoes_soneto.asp
Acessado em 05/05/2011.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
1.O poema que você acabou de ler corresponde a uma forma livre ou fixa? O que o ca-
racteriza?
Corresponde a uma forma fixa, o soneto, caracterizado pelas duas primeiras estrofes contendo

quatro versos e pelas duas estrofes seguintes com apenas três versos.

2.No trecho “Se males faz amor, em mim se veem”, identifique o sujeito dos verbos des-
tacados. A concordância correta não seria “Se males fazem amor”? Justifique.
faz: amor.

veem: males.

Não, o sujeito de fazer não é males, é amor, que está no singular.

3. Todos os versos do poema contêm rima? Demonstre.


Sim.

Enganoso com rigoroso; desconhecido com merecido; piedoso com odioso; tido com crido; veem

com bem; rigor com amor; podia com trocaria.

4.Segundo o eu lírico, devemos acreditar que o amor não é brando, doce, nem piedoso?
Indique o verso que justifica sua resposta.
Não. “Quem o contrário diz não seja crido.”

5.De acordo com o poema, quem afirma que o amor é mau, enganoso e ingrato merece
algum tipo de punição? Justifique.
Sim. Essas pessoas merecem que o amor seja para com elas cruel ou rigoroso.

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O
N ER A Texto 2
g Ê
E M
P O
Poesia cinética

E ra um homem bem vestido


Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
saiu

e
d

á
l
ass
i
m.
As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando
Assim as
si
m

assim as
a ss

m
sim
assim assi

im assim
assim

assim

assim
as
im

s sim
assim as

Millôr Fernandes. Disponível em: http://lingua-


portuguesacems.blogspot.com.br/2013/06/poesia-
-visual-7-ano. Acessado em 29/12/2014.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
1. Explique o título do poema.
O título Poesia cinética está relacionado à disposição das palavras no texto, que passa a ideia de

movimento.

2. Que relação de sentido podemos perceber entre o terceiro e o quarto versos?


A relação é de causa e efeito, uma vez que, no terceiro verso, encontra-se o fato de alguém ter

bebido exageradamente, acarretando seu andar desarticulado, presente no quarto verso.

O fato de o poema ter apresentado “um homem bem vestido” pode ser interpretado de
3.
que forma quando lemos o texto todo?
A presença de “um homem bem vestido”, no início do poema, pode indicar que a bebida iguala as

classes sociais, isto é, provoca os mesmos inconvenientes em alguém que não é mais capaz de

conduzir a si mesmo.

4. Por que “As casas passavam em volta / Numa procissão sem fim”?
Os versos em questão criam a imagem de alguém demasiadamente tonto, o que está representado

na palavra “volta” e na expressão “procissão sem fim”.

5. Como se dá o processo de rima do poema em estudo?


A rima é desenvolvida com base no esquema B com D de cada estrofe, ou seja, a equivalência

sonora acontece entre o segundo e o quarto versos.

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O
N ER A Texto 3
g Ê
E M
P O Dedicatória
Euclides da Cunha

Se acaso uma alma fotografasse


de sorte que, nos mesmos negativos,
a mesma luz pusesse em traços vivos
o nosso coração e a nossa face,
e os nossos ideais, e os mais cativos
de nossos sonhos... Se a emoção que nasce
em nós, também nas chapas se gravasse,
mesmo em ligeiros traços fugitivos...
“Meu caro Doutor Praguer!”
Te assaltaria máxima surpresa,
notando — deste grupo, bem no meio —
que o mais forte, o mais belo e o mais ardente
destes sujeitos, é, precisamente,
o mais triste, o mais pálido e o mais feio...

CUNHA, Euclides da. Ondas e outros poemas esparsos. In: Obra completa.
Edição organizada por Afrânio Coutinho. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. 2 v.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
1. De acordo com o poema, a fotografia é capaz de captar a essência do indivíduo?
Não, pois ela não consegue captar os ideais, as emoções, os sonhos, etc., apenas a imagem do

indivíduo em sua forma física.

2.Se pudesse a fotografia captar a emoção e o coração dos indivíduos, que constatação
surpreenderia as pessoas?
Sugestão: A constatação de que aquelas pessoas mais dotadas fisicamente seriam justamente as

mais pobres de dons interiormente. / A de que nem sempre a aparência corresponde ao estado

emocional e/ou ao caráter das pessoas.

3. Nos versos “Se a emoção que nasce em nós, também nas chapas se gravasse”, o eu
lírico remete à técnica da fotografia, que se utiliza da luz para gravar imagens em chapas.
Essa é a mesma técnica utilizada hoje em dia?
Resposta pessoal. Mas é importante que o aluno perceba que, mesmo com a utilização da fotogra-

fia digital, a técnica tradicional não deixou de existir.

4.Você acha que as pessoas fisicamente bonitas são necessariamente desprovidas de


beleza interior?
Resposta pessoal.

5.Observe o seguinte verso, de Anos Dourados, obra de Chico Buarque e Tom Jobim: “Na
fotografia estamos felizes”. Agora responda: na sua opinião, a fotografia é capaz de captar
as emoções das pessoas? Justifique.
Resposta pessoal.

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pr oduzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Na linguagem poética, a seleção cuidadosa e a posição das palavras no verso com a in-
tenção de se transmitir uma ideia contribuem bastante para a beleza do poema. Diz-se que
a poesia está em tudo, em todos os lugares; basta, apenas, saber percebê-la e transformá-
-la em linguagem.

Proposta
O poema que você produzirá deve apresentar uma estrutura que una conteúdo e apelo
visual. Com esse objetivo, parta da construção sugerida no texto abaixo, de Millôr Fernandes.

Poesia cinética II

A pertados no balanço
Margarida e Serafim
Se beijam com tanto ardor
Que acabam ficando assim.

O moço entra apressado


Para ver a namorada
E é da seguinte forma
Escada.
a
sobe
ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada
Assim

ele
vem

embora.

Millôr Fernandes. Disponível em: http://linguaportu-


guesacems.blogspot.com.br/2013/06/poesia-visual-7-
-ano.Acessado em 29/12/2014.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
Planejamento
Para produzir seu texto, siga o planejamento:
1. Defina o tema do seu poema e, em seguida, anote todas as ideias que vierem à sua
mente a respeito dele. Algumas dessas ideias, se trabalhadas em linguagem poética,
poderão ser aproveitadas.
2. Você pode agrupar os versos em estrofes. Nesse caso, é necessário que os versos
agrupados mantenham uma unidade temática ao longo do texto.
3. Não se esqueça de que você deve trabalhar o conteúdo aliado ao efeito visual do texto.
4. Dê um título ao seu poema.

Avaliação
1. Para avaliar seu poema, releia-o, procurando analisá-lo com base nas seguintes questões:

Aspectos analisados Sim Não


O poema produzido está baseado na formatação do texto Poesia cinética
II, de Millôr Fernandes?
O poema apresenta musicalidade, ritmo, rimas, metrificação e figuras de
linguagem?
O poema apresenta harmonia entre conteúdo e efeito visual?
O título está adequado ao poema?

2. Que aspectos precisam ser melhorados?


Reescreva seu texto fazendo as alterações necessárias e entregue a versão final ao
3.
seu professor.
4. O próximo passo será a produção de um livro junto a seus colegas. Para isso, digitem os
trabalhos, produzam uma capa, organizem o sumário e reúnam tudo em uma encadernação.

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N E RO E Texto 1
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T IgO O
AR p I NI ã
O O preconceito linguístico deveria ser crime
Basta ser homem, estar em sociedade cara); ao “r” no lugar do “l” (Framengo);
e estar rodeado de pessoas falantes que à presença do gerúndio no lugar do infi-
a língua — esse sistema de comunica- nitivo (Eu vô tá verificano); ao “r” chama-
ção inigualável — emerge. Ela se instau- do de caipira, característico da fala de
ra e toma conta de todos nós, de nossos amplas áreas mineiras, paulistas, goia-
pensamentos, de nossos desejos e de nas, mato-grossenses e paranaenses
nossas ações. Falar faz parte do nosso — em franca expansão, embora sua ex-
cotidiano, de nossa vida. A troca por meio tinção tenha sido prevista por linguistas.
das formas linguísticas é a nossa dádiva Depreciando-se a língua, deprecia-se o
maior, nossa característica básica. É por indivíduo, sua identidade, sua forma de
meio de uma língua que o ser humano se ver o mundo.
individualiza, em um movimento contínuo O preconceito linguístico — o mais
de busca de identidade e de distinção. É sutil de todos eles — atinge um dos mais
isso, enfim, que nos torna humanos e nos nobres legados do homem, que é o do-
diferencia de todos os outros animais. mínio de uma língua. Exercer isso é re-
Não existe homem sem língua. Mes- tirar o direito de fala de milhares de pes-
mo as pessoas com deficiências diver- soas que se exprimem em formas sem
sas adotam um sistema de comunica- prestígio social. Não quero dizer com
ção. Quem é surdo, por exemplo, usa isso que não temos o direito de gostar
a linguagem de sinais. Sendo assim, mais, ou menos, do falar de uma região
não existe razão para que tenhamos ou de outra, do falar de um grupo social
preconceito com relação a qualquer va- ou de outro. O que afirmo e até enfatizo
riedade linguística diferente da nossa. é que ninguém tem o direito de humilhar
Preconceito linguístico é o julgamento o outro pela forma de falar. Ninguém tem
depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, o direito de exercer assédio linguístico.
consequentemente, humilhante da fala Ninguém tem o direito de causar cons-
do outro ou da própria fala. O problema trangimento ao seu semelhante pela for-
maior é que as variedades mais sujeitas ma de falar.
a esse tipo de preconceito são, normal- A Constituição brasileira estabelece
mente, as com características associa- que “ninguém será submetido a tortu-
das a grupos de menos prestígio na es- ra nem a tratamento desumano ou de-
cala social ou a comunidades da área gradante’’. Sendo assim, interpreto eu
rural ou do interior. Historicamente, isso que qualquer pessoa que for vítima de
ocorre pelo sentimento e pelo comporta- preconceito linguístico pode buscar a
mento de superioridade dos grupos vis- lei maior da nação para se defender.
tos como mais privilegiados, econômica Até porque, sob essa ótica, o precon-
e socialmente. ceito linguístico se configura como um
Então, há críticas negativas em rela- tratamento desumano e degradante —
ção, por exemplo, à falta de concordân- uma tortura moral. Se necessário for,
cia verbal ou nominal (As coisa tá muito poderíamos até propor uma lei especí-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
fica contra esse tipo de preconceito, apenas sar, sem constrangimento, na forma em que é
para ficar mais claro que qualquer pessoa tem senhor, em que tem fluência, em que é capaz
o direito de buscar a justiça quando for vítima de expressar seus sentimentos, de persuadir,
de qualquer iniciativa contra o seu modo de se de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de
expressar. falar a sua língua ou a sua variante dela.
Sei que muitos devem achar que isso é bo- Marta Scherre. Disponível em: http://revistagalileu.globo.
bagem, que todos devem deixar de falar erra- com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-O+PRECONCEI
TO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.
do. Mas todo mundo tem direito de se expres- Acessado em 29/12/2014.

1.O sistema de comunicação dos animais pode ser comparado ao nosso sistema linguís-
tico? Justifique.
Não, pois, segundo a autora, só a língua permite o diálogo (“troca por meio das formas linguísticas”),

a individualização do ser humano, num “movimento contínuo de busca de identidade e de distinção”.

Que argumento a autora utilizou para embasar sua ideia de que “Não existe homem
2.
sem língua”?
A ideia de que não há homem sem língua é respaldada pelo fato de que, a partir da necessidade de

comunicação que todos nós temos, acabamos criando sistemas de comunicação, por exemplo, a

linguagem de sinais dos surdos.

3. Por que existem variedades linguísticas que não sofrem preconceito?


Há variedades que não sofrem preconceito porque, historicamente, as pessoas pertencentes a

grupos que detêm o poder econômico e, consequentemente, social se consideram superiores às

pessoas desprivilegiadas econômica e socialmente.

4.Em que dispositivo legal a autora fundamentou sua ideia de pedir a criminalização do
preconceito linguístico? Por quê?
Na própria Constituição brasileira, que diz que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento

desumano ou degradante’’. Segundo a linguista, torturar moralmente uma pessoa por causa da

forma como esta fala é um tratamento desumano e degradante, o que seria um crime perante a

Constituição.

Segundo a autora, o preconceito linguístico não atinge apenas a forma como as pes-
5.
soas falam. Por quê?
Porque as formas linguísticas representam o indivíduo, sua identidade e sua forma de ver o mundo.

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AR RpTIINgI ã
AO
Tem que ter atitude
Mais do que faculdade de primeira linha,
o importante é o brilho nos olhos

O que é ser um talento? Quando comecei minha carreira, há mais de 20


anos, isso tinha muito a ver com a bagagem dos jovens candidatos. Ou seja,
quando alguém fazia parte de uma das três melhores universidades do Brasil
e falava inglês fluentemente, já era considerado um talento. E todo o resto
passava a ser um algo a mais. Lembro-me de quando participei do programa
para trainees da Unilever. Eu ainda não tinha inglês fluente e tampouco havia
feito uma das faculdades eleitas, mas tinha algo que continua fundamental nos
dias de hoje: o brilho nos olhos.
O tempo passou e hoje o conteúdo já não é diferente, mas uma obrigação.
Agora, vital é a atitude. E atitude, para quem está no começo da carreira, tem
a ver com disponibilidade e vontade. Quem não se encanta ao entrevistar um
jovem ou uma jovem que nos contagia ao contar o que fez em tão pouco tem-
po de vida profissional? Não importa se foi algo pontual e até pequeno quando
comparado ao tamanho da empresa. O que vale é ser protagonista de sua
vida. Hoje os profissionais estão muito preocupados com o que a empresa vai
dar em troca, e o termo “vestir a camisa” virou motivo de chacota. Esse com-
portamento faz parte daqueles que delegam a responsabilidade de seu futuro
à empresa. E que dificilmente chegarão lá.
Sou da antiga geração que valoriza o empenho e a força de vontade. Isso
não tem nada a ver com o conceito de workaholic, ao contrário. O tempo fora
da empresa é alimento para a criatividade. É quando a gente verdadeiramente
gosta do que faz e pensa em como aumentar nossa contribuição até quando
vai ao cinema, tirando ideias de, quem sabe, um filme de Woody Allen, de uma
exposição, de um bom livro.
Enfim, para definir um talento hoje é preciso relacionar muitos adjetivos.
Mas nada substitui o brilho nos olhos aliado aos frutos colhidos com uma traje-
tória baseada em valores. Isso alimenta qualquer alma que esteja começando
no mundo corporativo.
CHAIA, Anna. Você S/A. Edição 120. junho de 2008.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
1.De acordo com a autora, ter inglês fluente e uma boa formação universitária é garantia
de uma boa colocação no mercado de trabalho? Por quê?
Não, é importante ter atitude.

2. O que significa no texto a afirmação “O que vale é ser protagonista de sua vida”?
Significa que é importante o jovem fazer suas próprias escolhas e conduzir sua carreira, e não es-

perar que a empresa o faça por ele.

Na oração “[...] hoje o conteúdo já não é diferente”, podemos classificar o termo desta-
3.
cado como objeto direto? Por quê?
Não. Trata-se de um predicativo do sujeito, uma vez que “é” corresponde a um verbo de ligação e

“diferente” não é um complemento verbal, pois se refere ao sujeito, qualificando-o.

4. O que significa ter atitude para um jovem em início da carreira?


Significa ter disponibilidade e vontade de ser protagonista da sua vida.

5. A palavra workaholic é utilizada para se referir a profissionais que têm uma dedicação
exagerada a seu trabalho, chamados, muitas vezes, de “viciados em trabalho”. Você acha
que as empresas valorizam esse tipo de profissional? Vale a pena ser um workaholic? Pes-
quise sobre o assunto, reúna suas opiniões e escreva um pequeno artigo de opinião.
Resposta pessoal. Professor(a), a escrita do artigo pode ser antecedida de um pequeno debate;

pode-se discutir os riscos à saúde advindos da dedicação exagerada ao trabalho e pode-se enfatizar

a importância de encontrar um equilíbrio entre o trabalho e as outras dimensões da vida.

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AR RpTIINgI ã
AO

Geografia e sala de aula


Prof. Helio de Araujo Evangelista

Vivemos em um mundo que vem a informação é o grande diferencial na


superando fronteiras, seja de ordem relação entre as pessoas e até países.
ideológica, técnica ou econômica. A Por exemplo, se olharmos para um
divisão entre países tende a sofrer computador, veremos que seu preço
revisão em favor de uma moldura ins- não está propriamente apoiado no vo-
titucional que ainda não nos é possí- lume bruto de matéria-prima utilizada
vel vislumbrar. Porém, há um aspecto para fazer o aparelho, ou ainda, que o
fundamental neste processo, que é o preço não está calcado no tamanho de
papel estratégico desempenhado pela uma determinada linha de produção.
informação. Se, em outras épocas, o Não, um computador vale em função
acesso a bens naturais (carvão, ferro) de seus programas (conhecidos por
era o elemento diferencial entre luga- softwares) que nada mais são que in-
res pobres ou ricos, ou, em outras épo- formações conectadas e programadas
cas, a capacidade manufatureira de de tal forma que nos possibilitam es-
um país é que era o elemento primor- crever, elaborar desenhos, etc., atra-
dial; hoje, vivemos uma época em que vés do aparelho.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7

Destacado o papel da informação, à turma no sentido de que este(a) ado-


cabe, agora, frisarmos a importância te mecanismos de reflexão. Não vive-
da educação. Reparem que, nos dias mos mais a época dos especialistas,
de hoje, nos velozes dias atuais, as quando, por exemplo, um torneiro me-
informações são transmitidas rapida- cânico crescia e se aposentava numa
mente e até mesmo superadas por mesma profissão. Hoje, a versatilidade
novas informações. É como se exis- é a palavra-chave e boa educação é o
tisse uma avalanche informacional, que proporciona à turma o desenvol-
uma acima da outra. Nesse sentido, o vimento de sua curiosidade e de sua
papel da educação não está propria- autodisciplina.
mente em oferecer aos alunos “paco- Obviamente que este trabalho não
tes informativos”, pois estes tendem depende só do(a) professor(a). A dire-
a ter um prazo de validade cada vez ção da escola também desempenha
mais exíguo. O que importa, então, um importante papel e, fundamental-
numa sala de aula, é a capacidade de mente, a família tem um papel insubs-
indução dos(as) professores(as) junto tituível, pois a educação não deve ser

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R OD E OP I
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TI O O
AR RpTIINgI ã apenas entendida como um aspecto cialmente a sua casa; a seguir, a rua,
AO instrumental na vida da pessoa, vol- o bairro, a cidade... A Geografia pode
tada para uma melhor capacitação e deve ser um verdadeiro guia para
para resolver problemas cerebrinos. quem começa a palmilhar os seus
Quantas pessoas talentosas não vie- primeiros passos. Porém, a Geogra-
ram a perder oportunidades de traba- fia não tem um papel adstrito ao ensi-
lho porque “perderam a cabeça”, pois no básico. Ela é expressão de poder.
lhes faltou o devido equilíbrio em de- Afinal qual é a guerra ou campanha
terminada situação? Assim, cabe um política que podem prescindir de infor-
equilíbrio entre a educação formal e o mações que digam respeito à organi-
equilíbrio emocional. zação espacial (de um bairro, cidade,
Nesse sentido, a Geografia apre- região)? A Geografia é um saber de
senta um papel. E não é à toa, como caráter estratégico que não só serve
demonstrado em recente matéria di- para educar o cidadão, mas também
vulgada pelo Jornal Nacional da TV ajuda-o a mudar o seu meio. É impos-
Globo, que uma das matérias impres- sível ter alguém que queira mudar o
cindíveis no ensino básico é a Geo- mundo ou que tenha conseguido al-
grafia. Mas por quê? Porque ela reve- guma coisa positiva sem dispor de um
la o mundo! Isso mesmo, a Geografia bom conhecimento geográfico.
deve levar ao pequeno cidadão a com- FEUDUC, edição nº 20, ano V, agosto/setembro de
1998, pág. 4, Duque de Caxias (RJ).
preensão do lugar onde ele vive. Ini-

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
1.Por que a educação não pode mais se limitar a oferecer aos alunos “pacotes informa-
tivos”?
Porque as mudanças ocorrem numa velocidade muito grande, e esses conhecimentos terminam se

tornando obsoletos mais rapidamente.

De acordo com o texto, o talento está vinculado apenas ao especto racional? Justifique
2.
com uma passagem do artigo.
Não. “Quantas pessoas talentosas não vieram a perder oportunidades de trabalho porque ‘perderam

a cabeça’, pois lhes faltou o devido equilíbrio em determinada situação? Assim, cabe um equilíbrio

entre a educação formal e o equilíbrio emocional.”

No trecho “se olharmos para um computador, veremos que seu preço não está propria-
3.
mente apoiado no volume bruto de matéria-prima utilizada para fazer o aparelho”, o verbo
destacado requer complemento? Classifique o verbo e, caso haja, seu complemento.
Sim. O verbo é transitivo indireto e o complemento é objeto indireto.

4.De acordo com o autor, o que torna um computador valioso é a quantidade de matéria-
-prima empregada?
Não, são seus programas, a quantidade de informação que permite ao usuário ler, escrever,

calcular, desenhar, comunicar-se, entre outros.

5. Para ele, qual é a importância da Geografia no cenário descrito? Você concorda? Jus-
tifique.
Seu estudo permite ao estudante ter uma compreensão do mundo, partindo do lugar onde se

encontra e abrindo para horizontes mais amplos. Assim, ele dispõe de um guia para entender

organização espacial e relações de poder que pode orientar seus primeiros passos.

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O h o ra d e produzir
Ê N ER D EÉ
g gO O
TI
AR p I NI ã
O de começar a escrever
Antes
Na nossa sociedade, é muito importante termos uma postura crítica. Saber expressar
bem nossas opiniões, tendo em vista melhorias sociais, é fundamental. Faz parte do exer-
cício da cidadania. Nesse sentido, o artigo de opinião pode ser uma ferramenta muito útil,
pois pode ser uma forma de chamar a atenção das pessoas para um problema muito gra-
ve, como o preconceito linguístico. Além disso, devido ao seu caráter argumentativo, por
meio de um artigo de opinião podemos convencer as pessoas a mudarem suas atitudes e
a trabalharem, por exemplo, em defesa do direito que todos têm de se expressarem sem
constrangimentos.
Abaixo, reproduzimos uma parte de um artigo de opinião do linguista Sírio Possenti, inti-
tulado Preconceito linguístico. Leia-o com bastante atenção.

Voltemos ao Houaiss, que assim define preconceito linguístico: “qualquer crença


sem fundamento científico acerca das línguas e de seus usuários, por exemplo, a
crença de que existem línguas desenvolvidas e línguas primitivas, ou de que só a
língua das classes cultas possui gramática, ou de que os povos indígenas da África
e da América não possuem línguas, apenas dialetos”.
No fundo, o preconceito linguístico é um preconceito social. É uma discriminação
sem fundamento que atinge falantes inferiorizados por alguma razão e por algum
fato histórico. Nós o compreenderíamos melhor se nos déssemos conta de que “fa-
lar bem” é uma regra da mesma natureza das regras de etiqueta, das regras de
comportamento social. Os que dizemos que falam errado são apenas cidadãos que
seguem outras regras e que não têm poder para ditar quais são as elegantes.
Isso não significa dizer que a norma culta não é relevante ou que não precisa ser
ensinada. Significa apenas que as normas não cultas não são o que sempre se disse
delas. E elas mereceriam não ser objeto de preconceito.
A leitura de um ou dois capítulos de qualquer manual de linguística, poderia fazer
com que todos se convencessem de que estivemos equivocados durante séculos
em relação a conceitos como “falar errado”. Para combater esse preconceito, basta
um pouco de informação.
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/preconceito-linguistico. Acessado em 25/01/2015.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
Proposta
É a sua vez de produzir um artigo de opinião, expondo suas ideias sobre a questão do
preconceito linguístico. Para tanto, baseado no que disse o linguista Sírio Possenti, procure
responder à seguinte pergunta: Existe o erro linguístico?
Fazendo uso de seus conhecimentos e dos textos que você leu até aqui, enriqueça seu
artigo com informações importantes. Se necessário, faça uma pesquisa sobre o tema.

Planejamento
Antes de começar a produzir seu artigo de opinião, observe os seguintes aspectos:
1. Escolha as informações que você utilizará para convencer seu leitor de suas ideias.
Boas informações ajudam a fundamentar seu posicionamento a respeito do tema.
2. Observe os pontos levantados e a forma como Sírio Possenti discutiu o tema.
3. Apresente uma linguagem adequada ao seu público-alvo.
4. Seja claro e direto.
5. Evite frases muito longas. Elas podem deixar o seu texto confuso.
6. Crie um título interessante para o seu artigo.

Avaliação
Agora, para avaliar seu texto, faça uma releitura analisando os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O texto está estruturado como um artigo de opinião?
Os argumentos estão organizados de maneira lógica?
Há informações fundamentando a defesa do seu ponto de vista?
A linguagem empregada está adequada aos leitores?
Há clareza nas suas ideias?
O título do seu texto é apropriado?

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ER
O
I Al
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Texto 1
ÊN
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Ed Próximos passos
Todo mês, nossa equipe encara o de- do eixo Rio-São Paulo. O segundo es-
safio de identificar e esmiuçar os assuntos pecial, que publicamos pela primeira vez
mais relevantes para a gestão da sua car- este ano, é um levantamento exclusivo
reira e do seu dinheiro. Recorremos a fon- com as 50 carreiras mais quentes atual-
tes diversas — entre elas, você mesmo, mente. Depois de ouvir consultores, hea-
leitor. A cada edição recebemos mais de dhunters, diretores de RH e executivos de
500 cartas e e-mails comentando nossas grandes empresas, a repórter Fernanda
reportagens e sugerindo temas que po- Bottoni identificou os setores e os cargos
dem render tantas outras. Sua voz chega com maior possibilidade de crescimento
também por meio dos blogs ou em nosso e remuneração mais agressiva para ge-
site (vai lá: vocesa.com.br), especialmente rentes e diretores. Junte essas informa-
daquele que leva a assinatura de Regina ções ao ranking de cidades e você ganha
Yoon, do atendimento ao leitor da revis- perspectiva para planejar sua trajetória
ta. E, é claro, seu feedback vem por meio profissional a curto e médio prazos.
das vendas. Em maio, aliás, alcançamos Investir na carreira como um meio
a marca dos 100.200 exemplares em ban- para a realização pessoal é algo que
cas e no varejo, nosso melhor desempe- perseguimos também aqui na redação.
nho em avulsas nos últimos sete anos. No mês passado, após um ano estu-
Um baita reconhecimento de sua parte! dando na Universidade de Columbia,
De tudo o que temos “ouvido” de você em Nova York, recebemos de volta o jor-
ultimamente, entendemos que sua prio- nalista José Eduardo Costa. Ele chega
ridade é traçar uma trajetória de carreira com novas referências, pronto para as-
consistente, ganhando cada vez mais co- sumir mais responsabilidades: é o novo
nhecimento, visibilidade e reconhecimen- redator-chefe. Profissional competente,
to (financeiro inclusive) pelos seus esfor- daqueles que se encaixam na melhor
ços e resultados. Nesta edição, destaco definição de talento, Zé vai estar ao meu
duas reportagens que atendem a esse lado ajustando o rumo para uma equipe
objetivo: os especiais As melhores cida- comprometida com o propósito de pres-
des para fazer carreira e Mapa do suces- tar o melhor serviço para você. Estamos
so. O primeiro, publicado há sete anos, aqui para ouvir mais. Escreva pra gente:
mostra 100 cidades de Norte a Sul do redacao.vocesa@abril.com.br.
País onde estão as oportunidades para Juliana de Mari, diretora de redação
Você S/A edição 121 julho 2008.
quem quiser sair da zona de conforto.
Sim, nunca houve tanto movimento fora

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8
De acordo com o que você leu nesse editorial, é possível identificar o assunto que a
1.
Você S/A costuma explorar? Em caso positivo, qual é? Identifique um trecho que justifique
sua resposta.
Sim. Gestão da carreira e finanças pessoais. “Todo mês, nossa equipe encara o desafio de identifi-

car e esmiuçar os assuntos mais relevantes para a gestão da sua carreira e do seu dinheiro.”

Na intenção de atrair o seu leitor e criar um clima de mais intimidade, a jornalista que
2.
assinava esse editorial prefere utilizar uma linguagem formal ou informal?
Informal.

3. Que tipo de predicado encontramos nesta passagem? Justifique.

“[...] a repórter Fernanda Bottoni identificou os setores e os cargos com maior


possibilidade de crescimento e remuneração mais agressiva para gerentes e
diretores”.
Predicado verbal, pois o núcleo é o verbo “identificou”.

No segundo parágrafo, o adjetivo quentes poderia ser substituído, sem alterar o senti-
4.
do do texto, por:
a) rápidas.
b) responsáveis.
c) promissoras.
d) escolhidas.
e) novas.

5. De que forma o trabalho da revista vem sendo reconhecido?


Através de cartas dos leitores e pelo crescimento do número de exemplares vendidos.

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Texto 2
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Ed Quem paga a conta dos acidentes de trânsito?
O Brasil é um país complexo. Isso Restaurantes, Bares e Similares de
todos falam. Mas poucos lembram Brasília, provavelmente a primeira de
que é também um país injusto. Sur- muitas liminares que serão concedi-
preendentemente injusto, ainda mais das pelo Brasil afora.
quando o judiciário apoia a injustiça, Segundo a Agência Brasil, um dire-
coisa que acontece cada vez com tor do sindicato argumentou que “man-
mais frequência. dar a conta para o empresário dessa
No dia primeiro de fevereiro de relação entre acidente e consumo de
2008, foi noticiado na grande impren- bebida não é justo”. Dizem que são a
sa que uma juíza do TRF-DF suspen- favor de punir o motorista bêbado...
deu a proibição da venda de bebidas A lógica do argumento dos donos de
em bares, restaurantes e estabeleci- estabelecimentos de beira de estrada é
mentos comerciais na beira das es- estarrecedora. Indiretamente admitem
tradas do Distrito Federal. A liminar que a maior parte do lucro vem da ven-
foi concedida, às vésperas do Carna- da de bebidas alcoólicas e, pior, acre-
val, a pedido do Sindicato de Hotéis, ditam que é justo mandar a conta para

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8

o Sistema Único de Saúde (SUS), para no Brasil sabem muito bem disso.
as famílias, para os moradores das vilas Trata-se de moralismo dos que
e cidades a beira das estradas em troca apoiam a proibição? Autoritarismo de
de alguns centavos de lucro. um Estado que quer ser paternalista?
O cinismo destes empresários grita Nada disso. Trata-se da demanda de
ainda mais alto, pois estes mesmos uma sociedade que não aguenta mais
empresários sempre fazem compara- ver os seus morrendo nas estradas e
ções com os Estados Unidos ou com ruas. Trata-se da mais fria lógica eco-
a Europa em questões fiscais para re- nômica, pois resgates, enterros, trata-
duzir impostos (das bebidas), mas es- mento dos acidentados que sobrevi-
quecem os exemplos de controle le- vem (muitos dos quais ficam para ou
gal de venda de bebidas ou de saúde tetraplégicos) têm um custo alto e con-
de lá. Não existe um restaurante na tínuo. Estimativas colocam na casa de
beira de uma estrada americana ou R$ 20 bilhões anuais os custos da fal-
na Europa Ocidental que venda bebi- ta de autocontrole dos donos dos ba-
da alcoólica, e os nobres hospedeiros res de estradas e postos de gasolina.

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Ed É isso mesmo! Falta de autocon-
trole, pois se os donos dos estabeleci-
pior de tudo, foi dado o direito de con-
fundir a opinião pública com as cam-
mentos tivessem eles mesmos criado panhas publicitárias que serão con-
regras, o Estado talvez não teria que tratadas para justificar o injustificável.
intervir para não vermos mais jovens O que isto tem a ver com sustenta-
bebendo vodca com Coca-Cola ao bilidade?
lado do carro estacionado num posto Tudo. Sustentabilidade tem a ver
de gasolina, cena comum numa sexta- com responsabilidade e transparên-
-feira à noite chuvosa em São Paulo. cia. Responsabilidade individual, em-
Mas este não é o caso, e os repre- presarial e coletiva. Transparência
sentantes dos donos dos bares pre- para explicar as reais razões de um
feriram entrar na justiça a incentivar posicionamento. Neste caso, mais
os comerciantes a usarem a imagina- um setor resolveu passar a conta
ção para substituir a receita perdida para quem não pode reclamar, ao in-
pela lei seca. E o que mais estarrece vés de oferecer alternativas ao álcool
é que a justiça aceitou os argumentos nas estradas.
deles... Disponível em: www.revistasustentabilidade.com.br/
editorial/quem-paga-a-conta-dos-acidentes-de-transito
Mais uma vez foi confundido direito Acessado em 09/05/2011.
de liberdade com responsabilidade e,

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8
1.A que o autor se refere quando fala em mandar a conta dos acidentes para o SUS e para
as famílias vizinhas à estrada em troca de alguns centavos de lucro?
Os donos de bares em estradas admitem que a venda de bebida alcoólica é responsável por um

percentual maior do seu lucro. Por outro lado, não estão dispostos a abrir mão deste percentual,

mesmo sabendo da quantidade de acidentes causados pela combinação de bebida e direção que

ocorre. Quem arca com o prejuízo são as famílias, que sofrem transtornos, e o Sistema Único de

Saúde, que tem seus gastos aumentados substancialmente para prestar assistência ao grande

número de acidentes que ocorre devido à mistura de bebida com direção.

2.A que o autor se refere com “custos da falta de autocontrole dos donos de bares de es-
tradas e postos de gasolina”?
Aos custos advindos dos acidentes causados por bebida alcoólica combinada com direção.

3. Que tipo de predicado encontramos nesta oração? Justifique.


“A lógica do argumento dos donos de estabelecimentos de beira de estrada é estarrecedora.”
Predicado nominal. Seu núcleo é a palavra “estarrecedora”, e o verbo é de ligação.

Segundo o autor, é coerente os empresários compararem a legislação do Brasil com a


4.
dos Estados Unidos e da Europa? Por quê?
Não. Lá existem incentivos fiscais à venda de bebidas, mas, por outro lado, há um controle rígi-

do dos locais de consumo, faixa etária e questões relacionadas à saúde.

5.Para o autor, sustentabilidade tem a ver com responsabilidade. “Responsabilidade in-


dividual, empresarial e coletiva.” Você acha que a responsabilidade sobre a prevenção e
redução de acidentes causados pela mistura de álcool e direção é dos donos de bares e
postos? Ou do Estado? Ou dos motoristas? Justifique sua opinião.
Resposta pessoal. Professor(a), é importante promover um debate e orientar os alunos no sen-

tido da responsabilidade compartilhada, na qual cada um tem o dever de fazer sua parte.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Os textos jornalísticos, em geral, cumprem funções muito importantes para a sociedade:
eles informam as pessoas sobre fatos importantes, ajudam a construir opiniões, alertam
sobre problemas que estão à nossa volta. Exatamente como faz o editorial que você vai ler
agora, antes de começar a escrever o seu.

A sociedade do sedentarismo
A pesquisa inédita que apontou um pa- aliado a uma má alimentação, que são fa-
norama sobre como anda a saúde do brasi- tores de risco que ou desencadeiam ou pio-
leiro revelou um retrato que merece alerta: ram o quadro de doenças crônicas.
quase 40% dos brasileiros sofrem algum Outro problema, e não menos grave, é o
tipo de doença crônica. consumo de álcool, que está maior e se inicia
São doenças não transmissíveis, como cada vez mais cedo. Mais próximo ainda da
asma, insuficiência renal, câncer, depres- nossa realidade é que os gaúchos lideram os
são, colesterol, diabetes, problemas car- índices nacionais no consumo de álcool.
diovasculares e Acidente Vascular Cerebral Os dados são preocupantes na medida em
(AVC), que já são responsáveis por 70% que implicam diretamente na saúde pública,
das mortes no País. ou melhor, no Sistema Único de Saúde. A de-
Independentemente do tipo de patologia, manda cresce, aumentam as filas, os gastos
cresce a cada dia o número de brasileiros públicos assumem patamares de dívida, e os
que colaboram para ter a doença, ou seja, investimentos se tornam irrisórios diante das
através de um comportamento sedentário, necessidades reais da população.

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8

Sem consciência da gravidade da situa- nal, são eles que pagam a conta. Mas assu-
ção, os brasileiros estão cada vez mais aco- mir uma rotina com mais qualidade de vida
modados. A falta de atividade física deixa depende da conscientização de cada brasi-
sequelas e atinge quase a metade da popu- leiro, que precisa entender os limites físicos
lação. O conceito básico de que a preven- e psicológicos de sua saúde.
ção é o melhor remédio parece não estar Dar um ritmo equilibrado para aliar o
sendo levado a sério. Muitos acabam ade- trabalho e a vida pessoal é um tratamento
rindo a uma atividade física regular somente a longo prazo que pode garantir uma boa
depois de muita insistência médica. saúde. Os brasileiros precisam se dar conta
O governo até investe em campanhas de de que a cultura do consumismo de medica-
prevenção, mas o efeito não tem sido defini- mentos deve ser evitada. O remédio precisa
tivo para a solução do problema. voltar a ser a exceção, e a prevenção da
O sedentarismo é, hoje, uma questão de doença, sim, deve ocorrer todos os dias.
saúde pública. Estimular hábitos saudáveis Disponível em: http://www.jmijui.com.br/publicacao-16514-
-A_sociedade_do_sedentarismo. Acessado em 02/01/2015.
é um grande desafio para os governos, afi-

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produzir
É hora de

Proposta
Agora, imagine que você trabalha como editor-chefe em uma revista cujos leitores são,
em sua maioria, pessoas que trabalham sentadas a maior parte do tempo. Leia, com bas-
tante atenção, o editorial que aparece na seção Antes de começar a escrever, livros que
tratam do assunto, bem como reportagens e outros materiais que discutem a questão do
sedentarismo e suas consequências para a saúde dos indivíduos.

Planejamento
Para produzir seu texto, você deve estar atento aos seguintes passos:
1. Estruture seu editorial em introdução, desenvolvimento e conclusão.
2. Na introdução, deixe claro qual é o tema do seu texto.
3. No desenvolvimento, apresente fatos, dados numéricos, argumentos de autoridades.
Eles são úteis para tornar forte o seu posicionamento e dificultam a contra-argumentação.
4. Na conclusão, procure propor soluções para o problema.
5. Faça uma segunda leitura. Dessa vez, você grifará as principais informações do texto-
-base.
6. Garanta que a linguagem está apropriada para o público-alvo.
7. Dê um título adequado ao seu texto.

Avaliação
Para avaliar o editorial que você produziu, antes de entregá-lo ao professor, releia-o e
leve em conta os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O texto está estruturado em introdução, desenvolvimento e conclusão?
Essas partes estão bem definidas?
Seu posicionamento está claro?
Seu posicionamento está fundamentado em dados estatísticos, argumentos
de autoridades, exemplos?
O título está adequado ao texto?

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